manual clínico de alimentação e nutrição...a, anemia ferropriva, osteoporose - e o excesso -...
Post on 16-Aug-2021
8 Views
Preview:
TRANSCRIPT
9 7 9 8 5 3 3 4 1 1 5 3 0
ISBN 85 - 334 - 1153- 7
Manual Clínico de Alimentação e NutriçãoNa Assistência a Adultos Infectados pelo HIV
20
06
20
06
Co
leç
ão
DS
T . a
ids
- S
éri
e M
an
ua
is 7
1
Co
leç
ão
DS
T . a
ids
- S
éri
e M
an
ua
is 7
1
da SaúdeMinistério
Manual Clínico de Alimentação e NutriçãoNa Assistência a Adultos Infectados pelo HIV
Ministério da SaúdeSecretaria de Vigilância em SaúdeSecretaria de Atenção à Saúde
Programa Nacional de DST e Aids
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição Na Assistência a Adultos Infectados pelo HIV
Série Manuais nº 71
Brasília, DF2006
© 2006. Ministério da SaúdeÉ permitida a reprodução parcial ou total desta obra,desde que citada a fonte.Tiragem: 40.000 exemplares
Presidente da rePública
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro de estado da saúde
Agenor Álvares
secretário de assistência à saúde
Carlos Temporão
secretário de Vigilância eM saúde
Jarbas Barbosa
diretora do PrograMa nacional de dst e aids
Mariângela Simão
diretor-adjunto do PrograMa nacional de dst e aids
Carlos Passarelli
diretor do dePartaMento de atenção básica
Luis Fernando Rolim Sampaio
coordenadora geral da Política de aliMentação e nutrição
Ana Beatriz Vasconcelos
Produção, distribuição e inforMações
MinistÉrio da saúdeSecretaria de Vigilância em SaúdePrograma Nacional de DST e Aids
Av. W3 Norte, SEPN 511, Bloco CCEP 70750-543 – Brasília, DFDisque Saúde / Pergunte aids: 0800 61 1997Home page: www.aids.gov.brSérie Manuais nº 71 – PN-DST/AIDS
Publicação financiada coM recursos do Projeto unesco bra 914/11/01
resPonsáVel Pela unidade de PreVenção
Ivo Brito
resPonsáVel Pela unidade de assistência, diagnóstico e trataMento
Orival Silveira
assessor de coMunicação/Pn-dst/aidsAlexandre Magno de A. Amorim
editor
Dario Noleto
Projeto gráfico, e diagraMação
Alexsandro de Brito Almeida
caPa
Lúcia Helena Saldanha Gomes
FICHA CATALOGRÁFICA
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST/AIDS. Manual clínico de alimentação e nutrição na assistência a adultos infectados pelo HIV / Ministério da
Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Programa Nacional de DST/Aids. – Brasília : Ministério da Saúde, 2006.
88 p. il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos)
ISBN 85-334-1153-7
1. Síndrome de Imunodeficiência Adquirida. 2. Programas e políticas de nutrição e alimentação. I. Título.
II. Série.NLM QW 168.5.H6
Catalogação na fonte – Editora MS – OS 2006/0546
Apresentação
O presente documento, elaborado pelo Programa Nacional de DST e Aids e Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, contou com a colaboração de profissionais da área de Nutrição e HIV/Aids de serviços e redes de apoio do país. O objetivo é trazer informação aos profissionais de saúde do Sistema Único de Saúde, envolvidos no aconselhamento e tratamento das pessoas vivendo com HIV e aids (PVHA). O objetivo deste material é servir de base na avaliação e aconselhamento nutricional.
A importância da alimentação / nutrição para pessoas vivendo com HIV e aids (PVHA) é tão relevante, que muitos autores defendem que deveria ser tratada com a mesma atenção que as análises laboratoriais e carga viral, seja pela característica hipermetabólica da infecção pelo HIV, seja pelos efeitos adversos das medicações.
Profissionais da área têm defendido que o controle e acompanhamento nutricional deveriam ser utilizados sistematicamente como estratégia de tratamento, acompanhamento e prevenção. Se para as pessoas assintomáticas, fora de terapêutica específica, a alimentação deve ser cuidada e balanceada, para as pessoas em tratamento com medicação anti-retroviral, esses cuidados devem ser redobrados.
A expectativa é que este Manual possa ser utilizado e auxilie os profissionais de saúde no seu dia a dia, no atendimento às PVHA. O Anexo 1 traz informações técnicas sobre os Métodos de Avaliação Nutricional.
Luis Fernando Rolim SampaioDiretor do Departamento de Atenção Básica
Secretaria de Atenção à Saúde
Mariângela SimãoDiretora do Programa Nacional de DST e Aids
Secretaria de Vigilância em Saúde
Sumário
APRESENTAÇÃO .................................................................................................................... 5
Introdução ..............................................................................................................................9
Segurança Alimentar e Nutricional ............................................................................... 9
Política Nacional de Alimentação e Nutrição .............................................................. 10
Promoção da Alimentação Saudável ................................................................................. 11
Características de uma Alimentação Saudável ............................................................ 14
Importância da Alimentação Saudável para as Pessoas Vivendo com HIV e Aids (PVHA) ...............................................................................................................................................17
Tipos de Nutrientes ....................................................................................................... 20
Padrões Alimentares ..................................................................................................... 21
Modismos ...................................................................................................................... 23
Principais aspectos da Avaliação e Diagnóstico Nutricional ............................................ 25
Métodos de Avaliação Nutricional ............................................................................... 29
Parâmetros para orientar o Cuidado Nutricional das PVHA ............................................ 31
Alimento Seguro ........................................................................................................... 33
Doenças Veiculadas por água e alimentos .................................................................. 34
Carências nutricionais ................................................................................................... 36
Interação entre drogas e nutrientes ............................................................................ 37
Interação entre ARV e medicamentos fitoterápicos ................................................... 43
Efeitos Adversos da medicação anti-retroviral e manejo nutricional ........................ 43
Suplementos Vitamínicos e/ou minerais ...................................................................... 46
Aconselhamento Alimentar e Nutricional ......................................................................... 47
Aspectos comportamentais da promoção da alimentação saudável ......................... 50
Dez Passos para melhorar a Qualidade de Vida da PVHA .......................................... 52
Recomendações nutricionais para atenuar sintomas clínicos dos efeitos colaterais da medicação anti-retroviral ............................................................................................. 53
ANEXO 1
Métodos de Avaliação Nutricional..................................................................................... 59
Avaliação e Exame Físico .............................................................................................. 59
Avaliação Antropométrica e da Composição Corpórea .............................................. 61
Avaliação Bioquímica .................................................................................................... 66
Micronutrientes ................................................................................................................... 69
Tabelas de Alimentos de Época ......................................................................................... 72
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 77
9
Introdução
A Nutrição tem alcançado nos últimos anos o reconhecimento mundial por enfatizar a importância da alimentação saudável na promoção da saúde das populações. Ela vem fornecer subsídios para o planejamento estratégico da alimentação e a utilização adequada do alimento como promotor da saúde, reduzindo o risco de agravos e buscando a melhoria do estado nutricional. Alimentar-se bem e de forma constante é um direito humano.
Quando a pessoa vivendo com HIV e aids (PVHA) procura um serviço especializado, é importante considerar a possibilidade dela não compreender a relação da alimentação/nutrição/imunidade/saúde. Esta procura, pode representar um momento oportuno para se enfatizar os cuidados com a sua saúde e com isso alcançar a eficácia desejada, favorecendo a adesão ao seu tratamento.
O sofrimento gerado pelo impacto de se perceber portador de uma doença crônica que ainda não tem cura pode, paradoxalmente, contribuir para que a pessoa encare os diversos aspectos da vida positivamente, e dentro do que lhe compete promover mudanças em seu estilo de vida, inclusive nos hábitos alimentares, caso seja necessário.
Segurança Alimentar e Nutricional: a construção do direito à alimentação adequada
O direito à vida passa pela garantia de um direito humano que consiste em uma alimentação adequada que respeite a cultura e preserve a dignidade. Isto significa alcançar e satisfazer, além da dimensão orgânica, a intelectual, a psicológica e a espiritual do ser humano.
No Brasil, a evolução do conceito de segurança alimentar acompanhou todo o esforço de democratização da sociedade e a luta por um país com mais justiça econômica e social. Atualmente, este conceito amplia-se, e a segurança alimentar e nutricional, “consiste em garantir, a todos, condições de acesso a alimentos básicos seguros e de qualidade, em quantidade suficiente, de modo permanente e sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, com base em práticas alimentares saudáveis, contribuindo assim para uma existência digna em um contexto de desenvolvimento integral da pessoa humana” (Valente, 2002).
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids10
Os dados epidemiológicos atuais demonstram que nossa sociedade convive com os dois lados desta questão: a carência - desnutrição, deficiência de iodo, hipovitaminose A, anemia ferropriva, osteoporose - e o excesso - sobrepeso e obesidade, hipertensão arterial, intolerância à glicose e Diabetes Mellitus, dislipidemias, diferentes tipos de câncer e doenças cardiovasculares. Portanto, para o enfrentamento destes problemas, não há como desvincular a segurança alimentar e nutricional da busca pelo direito à alimentação adequada.
A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN)
No âmbito do SUS (Sistema Único de Saúde), compõe o conjunto das políticas de governo voltadas para a segurança alimentar e nutricional e a concretização do direito humano universal à alimentação e nutrição adequadas.
As ações voltadas para a garantia da segurança alimentar e nutricional propiciam, assim, conseqüência prática ao direito humano à alimentação e nutrição adequadas, extrapolando, portanto, o setor saúde e alcançando também um caráter intersetorial.
Para o alcance dos propósitos desta Política são definidas como diretrizes: o estímulo às ações intersetoriais com vistas ao acesso universal aos alimentos; a garantia da segurança e da qualidade dos alimentos e da prestação de serviços neste contexto; o monitoramento da situação alimentar e nutricional; a promoção de práticas alimentares e estilos de vida saudáveis; a prevenção e controle dos distúrbios nutricionais e de doenças associadas à alimentação e nutrição; a promoção do desenvolvimento de linhas de investigação; e o desenvolvimento e capacitação de recursos humanos.
No contexto da epidemia de HIV/Aids, o tema segurança alimentar e nutricional adquire ainda maior relevância. É um dos aspectos que devem ser considerados pelos profissionais que prestam atendimento às pessoas vivendo com HIV/Aids, na perspectiva de ampliar a percepção do conjunto de vulnerabilidades a que possam estar expostas, e assim aprimorar a qualidade da atenção à saúde.
1Promoção da
Alimentação Saudável: pincípios, características
e considerações
13
Promoção da Alimentação Saudável: princípios, características e considerações
A história da alimentação humana se confunde com a própria história da humanidade. Isso implica em reconhecer que ela vem sendo historicamente construída, evoluindo e diferenciando-se ao longo do tempo. Portanto, a alimentação do ser humano não se delineia como uma “receita” pré-concebida e universal para todas as pessoas, pois deve respeitar atributos coletivos – inclusive culturais - e individuais, impossíveis de serem estabelecidos de maneira prescritiva. Contudo, identificam-se alguns princípios básicos que devem reger a relação entre as práticas alimentares, a promoção da saúde e a prevenção de doenças.
Uma alimentação saudável deve estar baseada em práticas alimentares que assumam a significação social e cultural dos alimentos como fundamento conceitual. Para nós, indivíduos e coletivo humano, a alimentação significa, e tem sentido, em função do consumo de alimentos (e não de nutrientes): os alimentos têm gosto, cor, forma, aroma e textura. Todos estes componentes precisam ser considerados na abordagem e no cuidado nutricional.
Os nutrientes – que compõem os alimentos e são por estes veiculados com vistas à nutrição humana - são muito importantes. Contudo, os alimentos não podem ser resumidos e tratados – em nível coletivo ou individual - apenas como veículos de nutrientes. Os alimentos trazem significações culturais, comportamentais e afetivas singulares que jamais podem ser desprezadas. Esse entendimento implica em considerar o alimento como fonte de prazer, uma abordagem necessária para a promoção da saúde.
É fundamental resgatar as práticas e valores alimentares culturalmente referenciados, bem como estimular a produção e o consumo de alimentos saudáveis regionais (como legumes, verduras e frutas), sempre levando em consideração os aspectos sociais, culturais, comportamentais e afetivos relacionados às práticas alimentares.
O estado nutricional e o consumo alimentar interagem estreitamente de maneira multifatorial e sinérgica com os outros fatores de risco para doenças crônicas não-transmissíveis. Os diferentes fatores de risco, como alimentação inadequada, inatividade física, uso de tabaco, precisam ser abordados de maneira integrada, no decorrer do desenvolvimento e evolução do ciclo de vida, a fim de reduzir danos e não a proibir escolhas e opções. O estilo de vida, que engloba o conjunto das ações, reações e comportamentos adotados pelas pessoas é que produzem um perfil de saúde mais ou menos adequado.
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids14
É de responsabilidade do Estado, através de suas políticas, fomentar mudanças sócio–ambientais, em nível coletivo, para favorecer as escolhas saudáveis em nível individual ou familiar. A responsabilidade compartilhada entre sociedade, setor produtivo privado e setor público é o caminho para a construção de modos de vida que tenham como objetivo central a promoção da saúde e a prevenção das doenças. Assim, é pressuposto da promoção da alimentação saudável, ampliar e fomentar a autonomia decisória, através do acesso à informação para a escolha e adoção de práticas alimentares e de vida saudáveis.
A alimentação saudável deve favorecer o deslocamento do consumo de alimentos pouco saudáveis para alimentos mais saudáveis, respeitando a identidade cultural-alimentar das populações ou comunidades. As proibições ou limitações impostas devem ser evitadas, a não ser que façam parte de orientações individualizadas e particularizadas do aconselhamento nutricional de pessoas portadoras de doenças ou distúrbios nutricionais específicos, devidamente fundamentadas e esclarecidas.
Por outro lado, mistificar determinado alimento ou grupo de alimentos, em função de suas características nutricionais ou funcionais, também não deve ser prática da promoção da alimentação saudável. Alimentos nutricionalmente ricos ou funcionais devem ser valorizados e entrarão naturalmente na alimentação adotada, sem que se precise mistificar uma ou mais de suas características, tendência esta muito explorada pela propaganda e publicidade de alimentos funcionais e complementos nutricionais.
Características de uma alimentação saudável
1. Acessível – física e financeiramente: ao contrário do que tem sido construído socialmente (principalmente pela mídia), uma alimentação saudável não é cara, pois se baseia em alimentos in natura ou minimamente processados, acessíveis e produzidos regionalmente. O apoio e o fomento a agricultores familiares e cooperativas para a produção e a comercialização de produtos saudáveis, como legumes, verduras e frutas, é uma importante alternativa para que, além da melhoria da qualidade da alimentação, se estimule geração de renda em pequenas comunidades, fomentando políticas públicas de produção de alimentos.
2. Saborosa: a ausência de sabor é outro tabu a ser desmistificado, pois uma alimentação saudável é, e precisa ser saborosa. O resgate do sabor como um atributo fundamental é um investimento necessário à promoção da alimentação saudável. As práticas de marketing muitas vezes vinculam a alimentação saudável ao consumo de alimentos industrializados especiais e não privilegiam os alimentos não processados e menos refinados como, por exemplo, os tubérculos, legumes, verduras, frutas e grãos variados – alimentos saudáveis, saborosos, muito nutritivos, típicos e de produção factível em várias regiões brasileiras, inclusive e principalmente por pequenos agricultores e pela agricultura familiar.
3. Variada: implica em estimular e orientar o consumo de vários tipos de alimentos que forneçam os diferentes nutrientes, evitando a monotonia alimentar que limita o acesso aos nutrientes necessários para atender às necessidades do organismo, de forma a garantir uma alimentação adequada.
4. Colorida: visa garantir a variedade de grupos de alimentos que irão compor a alimentação, principalmente em termos de vitaminas e minerais, e também a apresentação atrativa das refeições, que agrade aos sentidos e estimule o consumo de alimentos saudáveis como legumes, verduras e frutas, grãos e tubérculos em geral.
5. Harmoniosa: refere-se especificamente à garantia do equilíbrio em quantidade e qualidade, dos alimentos consumidos. Para o alcance de uma nutrição adequada considerando que tais fatores variam de acordo com a fase do ciclo de vida, com o
15
estado nutricional, estado de saúde, idade, sexo, grau de atividade física e estado fisiológico. Vale aqui ressaltar ainda que entre os vários nutrientes orgânicos, ocorrem interações que podem ser benéficas e outras que podem ser prejudiciais ao estado nutricional, o que implica na necessidade de harmonia e equilíbrio entre os alimentos consumidos.
6. Segura: os alimentos que compõem a alimentação devem ser seguros, livres de contaminação físico-química, biológica ou genética, evitando possíveis riscos que podem causar à saúde das pessoas e das coletividades. Neste sentido, práticas adequadas de produção, processamento e manipulação dos alimentos, desde a sua origem até o preparo para consumo, em nível domiciliar ou em restaurantes e comércio de alimentos, devem ser observadas com o objetivo da redução de riscos à saúde e, conseqüentemente, ao estado nutricional. Portanto, a atuação da vigilância sanitária e a orientação de práticas adequadas de seleção e preparo de alimentos devem ser asseguradas pelas políticas públicas de promoção da alimentação saudável.
Por fim, cabe destacar que a alimentação e nutrição adequadas constituem requisitos básicos para o crescimento e desenvolvimento humano ideal, mas devem estar inseridas em um contexto de ações integradas de promoção de modos de vida saudáveis, lembrando que os direitos humanos (paz, alimentação, moradia, renda, educação, ecossistema estável, justiça social e equidade) são indivisíveis e inter-dependentes.
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids16
2Importância da
Alimentação Saudável para a Pessoa Vivendo
com HIV e aids
19
Importância da alimentação saudável para a pessoa vivendo com HIV e aids (PVHA)
Uma alimentação saudável, adequada às necessidades individuais, contribui para o aumento dos níveis dos linfócitos T CD4, melhora a absorção intestinal, diminui os agravos provocados pela diarréia, perda de massa muscular, Síndrome da Lipodistrofia e todos os outros sintomas que, de uma maneira ou de outra, podem ser minimizados ou revertidos por meio de uma alimentação balanceada. Orientar uma alimentação saudável é colaborar para promover melhoria da qualidade de vida das PVHA.
Os sintomas gastrointestinais são comuns no contexto do HIV e da aids. As diarréias, em seus diferentes graus de comprometimento, muitas vezes estão associadas a parasitas entéricos. A má absorção intestinal decorrente das patologias gastrointestinais deve ter terapia nutricional adequada, minimizando os agravos à saúde dela decorrentes.
Para obter uma alimentação saudável, a pessoa deve buscar ingerir todos os grupos de alimentos diariamente, vide quadro 1. A alimentação saudável deve fornecer carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas e minerais, que são nutrientes necessários ao bom funcionamento do organismo. A diversidade dietética que fundamenta o conceito de alimentação saudável pressupõe que nenhum alimento específico – ou grupo deles - é suficiente para atender a todos os nutrientes requeridos à uma boa nutrição e conseqüente garantia e manutenção da saúde. As características de uma alimentação saudável devem sempre ser consideradas no contexto da saúde e da doença.
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids20
Quadro 1 - Tipos de nutrientes, características/funções e alimentos que os contém
Nutrientes Características/funções Alimentos que os contém
PROTEÍNAS
Molécula complexa compostas por aminoácidos, unidos por ligações
peptídicas.Envolvidas na formação e manutenção
das células e dos tecidos do corpo e órgãos.
Leite, queijos, iogurtes, carnes (aves, peixes, suína,
bovina), miúdos, frutos do mar, ovos, leguminosas
(feijões, soja, grão-de-bico, ervilha, lentilha).
Castanhas (castanha-do-Pará, avelã, castanha-de-
caju, nozes).
GORDURAS
Grupo de compostos químicos orgânicos que compreendem os triglicerídios,
fosfolipídios e esteróides.São fontes alternativas de energia;
Influem na manutenção da temperatura corporal.
Transportam vitaminas lipossolúveis.Dão sabor às preparações e sensação de
saciedade.
Azeite, óleos, margarina (insaturadas).
Manteiga, banha de porco, creme de leite, maionese, toucinho
(saturadas).Sorvetes industrializados,
gordura vegetal hidrogenda.
CARBOIDRATOS
Grupo de compostos formados por carbono, hidrogênio e oxigênio.Uma das fontes de energia mais
econômicas.Asseguram a utilização eficiente de
proteínas e lipídios.
Cereais (arroz, milho, trigo, aveia), farinhas,
massas, pães, tubérculos (batata, batata-doce, cará,
mandioca, inhame).Açúcares simples.
VITAMINAS
Substâncias orgânicas necessárias em pequenas quantidades para crescimento
e manutenção da vida.Segundo sua solubilidade, classificam-
se em hidrossolúveis: vitaminas do complexo B (B1,B2,B6,B12), ácido fólico
e vitamina C; lipossolúveis: vitaminas A,D,E, e K .
Essenciais na transformação de energia, ainda que não sejam fontes.
Intervêm na regulação do metabolismo.Favorecem respostas imunológicas,
dando proteção ao organismo.
Verduras, legumes e frutas como espinafre,
vinagreira, acelga, rúcula, alface, capeba, almeirão,
gueroba, tomate, beterraba, cenoura,
jerimum ou abóbora, jatobá, caju, cajá, maçã,
mamão, laranja.
MINERAIS
Compostos químicos inorgânicos necessários em pequenas quantidades
para crescimento, conservação e reprodução do ser humano, sendo os mais conhecidos: cálcio, ferro,
magnésio, zinco, iodo.Contribuem na formação dos tecidos;Intervêm na regulação dos processos
corporais.Favorecem a transmissão dos impulsos
nervosos e a contração muscular.Participam da manutenção do equilíbrio
ácido-básico.
Frutas, verduras, legumes e alguns alimentos de origem animal
(leite, carnes, frutos do mar como fontes
principalmente de cálcio, fósforo, ferro e zinco)
castanhas.
Adaptação de: Nutrição Clínica no Adulto, Lilian Cuppari, 2002.
21
Outros nutrientes importantes para uma alimentação saudável são:
Água - é a fonte de manutenção da vida, necessária para a regulação das funções vitais do organismo, tais como na digestão, na eliminação de metabólitos, no funcionamento dos rins e intestinos, controla a temperatura corporal, entre outras funções. A ingestão de água deve estar entre 2 a 3 litros por dia.
Fibras alimentares - são geralmente compostas de carboidratos não digeríveis pelo organismo humano, tendo, no entanto, uma função reguladora por aumentar o volume das fezes, reduzir o tempo de trânsito intestinal e atuar favoravelmente sobre a microflora intestinal. São distinguidas pela sua capacidade de solubilização em água, sendo classificadas em insolúveis e solúveis. O consumo adequado de fibras na alimentação diária tem sido associado à prevenção e/ou tratamento de doenças como câncer de cólon, diverticulite, obesidade, diabetes e dislipidemias.
Conheça a publicação do Ministério da Saúde que apresenta um pouco da diversidade brasileira de alimentos in natura e seus principais nutrientes. Fonte: Alimentos Regionais Brasileiros (arquivo disponível para impressão no site www.saude.gov.br/alimentacao).
Padrões de Alimentação
A utilização de dietas não usuais deve passar por avaliações profissionais críticas, pois qualquer padrão alimentar que contiver numerosas restrições ou seja inadequado ao planejamento das refeições, pode resultar em danos à saúde.
A baixa ingestão de calorias e proteínas pode ocasionar um déficit de crescimento em crianças ou adolescentes, a deficiência de vitaminas e minerais pode interferir nas principais funções do organismo, a restrição hídrica ou o excesso de metabólitos pode vir a favorecer disfunções renais ou hepáticas, em qualquer fase do ciclo da vida.
Vale ressaltar que o nutricionista tem o papel fundamental de orientar as pessoas quanto à escolha apropriada dos alimentos, bem como de enfatizar as conseqüências da exclusão ou supervalorização de determinados alimentos. Apesar da atribuição técnica, o profissional deve considerar todos os fatores relacionados, inclusive os valores religiosos e simbólicos atribuídos pelas pessoas aos alimentos, e sugerir, de forma não prescritiva, adaptações quanto ao planejamento da dieta visando uma adequação desta às necessidades nutricionais específicas da pessoa.
O quadro 2 apresenta algumas práticas de alimentação sob um aspecto técnico nutricional, visando favorecer a avaliação e monitoramento do estado nutricional e possíveis agravos à saúde, provenientes da adesão das pessoas vivendo com HIV e aids a diferentes práticas alimentares não usuais. O quadro 3 apresenta alguns tipos de modismos alimentares, com os respectivos comentários e aspectos a serem monitorados.
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids22
Quadro 2 - Padrões alimentares - características/benefícios/deficiências
Padrões de alimentação
Características Benefícios Deficiências
Vegetariana estrita
(Vegan)
Isenta de alimentos de origem animal.
Rica em fibras.Isenta de gorduras
animais.Rica em elementos
antioxidantes.
Vitaminas: B12 e DMinerais: cálcio,
ferro e zinco.Pobre em proteínas
de alto valor biológico.
Hipocalórica.Contra indicada para gestantes,
lactentes e crianças.
Lacto-vegetariana
Alimentos vegetais e laticínios.
Rica em fibras.Rica em elementos
antioxidantes.
Minerais: ferro e zinco.
Em caso de excessos de fibras,
há prejuízo na absorção de
minerais.
Ovo-lacto- vegetariana
Alimentos vegetais, laticínios e ovos.
Rica em fibras.Rica em elementos
antioxidantes.
Minerais: ferro e zinco.
Em caso de excessos de fibras,
há prejuízo na absorção de
minerais.
Kasher(leis dietéticas
judaicas)
Carnes e laticínios não são usados na mesma refeição.
Carnes são lavadas e tratadas com sal antes de
seu consumo.Não são consumidos
animais como o porco, crustáceos e peixes que se
alimentam de materiais em decomposição.
Estipula regras sanitárias no abate de animais.
Favorece a biodisponibilidade dos minerais cálcio
e ferro.Protege seus adeptos de
algumas toxinfecções e parasitoses, em
função do rigoroso controle sanitário
no abate de animais.
Tendência a conter teores mais altos de colesterol, gorduras saturadas e sódio.
Macrobiótica
Atribui propriedades metafísicas aos alimentos.
Seu nível mais restrito é isento de produtos de
origem animal e alimentos crus, sendo composta
basicamente de cereais e vegetais cozidos.
Recomenda que os alimentos sejam muito
mastigados.Restrição hídrica.
Rica em fibrasIsenta de gorduras
animais.Favorece a
digestibilidade uma vez que os alimentos são
muito triturados.
Minerais: cálcio, ferro e zinco.
Vitaminas: B (12), D, C, riboflavina.
Pobre em proteínas de alto valor
biológico.Hipocalórica.
23
Quadro 3 - Modismos alimentares - características/comentários
Padrões de alimentação Características Comentários
Dieta das proteínas (Atkins)
Isenta de alimentos fonte de carboidratos.
Desequilibrada nutricionalmente.
Teor muito alto de colesterol, gorduras saturadas e sódio.Sobrecarga renal e hepática.
Baixo teor de fibras.Cetose metabólica devido ao uso de proteínas e gorduras
como fronte de energia.Prováveis sintomas como
astenia, náusea, irritabilidade, cefaléia e insônia.
Prováveis perdas de cálcio pela urina - risco de osteoporose.
Alto custo.Contra-indicada para
gestantes.
Dietas hipocalóricas para emagrecimento
Ingestão de alimentos de baixo valor energético.
Em geral não se baseiam no equilíbrio dos nutrientes, nem nas necessidades individuais, podendo levar a vários tipos de deficiências de vitaminas,
minerais e proteínas, se seguidas por um longo
período.
Suplementos como “Shakes” para
emagrecimento
Suplementos fortificados usados como substitutos de
refeições.
Diverge da alimentação usual.Promove monotonia
alimentar.Alto custo.
Suplementos para ganho de massa
muscularSuplementos hiperproteicos.
Promove sobrecarga renal e hepática.
Alto custo.
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids24
3Principais Aspectos da
Avaliação e Diagnóstico Nutricional
27
Principais aspectos da Avaliação e Diagnóstico Nutricional
A avaliação nutricional, quando bem realizada, fornece elementos para a elaboração do diagnóstico nutricional, que poderá ser mais ou menos preciso na dependência dos recursos disponíveis e da experiência acumulada. O conhecimento do estado nutricional permite ao profissional de saúde compreender algumas condições físicas do organismo para o enfrentamento da doença e possibilita uma intervenção nutricional mais apropriada, visando à recuperação e a manutenção da saúde.
Vários fatores estão direta ou indiretamente relacionados ao estado nutricional da PVHA, desta forma o atendimento deve ser efetuado preferencialmente por abordagem interdisciplinar. Anemia, desnutrição, diarréia, estados emocionais alterados, hipovitaminoses, isolamento social, bem como aspectos da vida pessoal, econômicos, psico-sociais e clínicos, podem modificar o quadro de expectativa da evolução clínica do HIV/Aids. Ver quadro 4.
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids28
Quadro 4 - Fatores de risco que influenciam as condições de alimentação/nutrição da PVHA
Categorias de risco Fatores de risco
Social
Escolaridade.Condições de habitação: número de moradores do
domicílio.Preparo e local da alimentação.
EconômicoTrabalho.
Renda.Acesso a alimentos.
CulturalReligião.
Hábitos / Tabus.
Antecedentes familiares Patologias.
Patologias prevalentes
Tuberculose.Infecções Oportunistas.
Doenças Sexualmente Transmissíveis.Doenças Crônicas não Transmissíveis.
Medicamentos em uso
ARV.Anti-tuberculostáticos.
Medicamentos para infecções oportunistas.Suplementos e/ou Vitaminas.
Outros medicamentos.Interações drogas x nutrientes.
Interação com outros medicamentos.Adesão.
Capacidade Funcional
Locomoção.Visão.
Audição.Necessidade e disponibilidade de cuidador.
Uso de drogasÁlcool.Fumo.
Não lícitas.
Condição emocional
Distúrbios emocionais (depressão, ansiedade, compulsão, anorexia).
Aceitação da soropositividade.Abertura do diagnóstico no ambiente social e familiar.
Condições do aparelho digestivo
Boca.Mastigação.Deglutição.
Náuseas / vômitos.Diarréia.
Obstipação.
Atividade física e prática de esporte
Ocupação.Tipo de exercício físico.
Freqüência e quantidade.Medidas antropométricas Peso e composição corpórea (variações).
Baseado em Hammond, KA, in Mahan, LK; Escott-Stump, S.
29
Métodos de Avaliação Nutricional
Existem diversos métodos disponíveis para avaliação nutricional como a antropometria e composição corporal; exames bioquímicos e físicos; avaliação do consumo alimentar, que estão detalhados no ANEXO 1. Estes métodos de avaliação são complementares entre si e não há um único que possa ser considerado completo por si só, por isso devem ser interpretados conjuntamente. No entanto, independente do acesso aos recursos necessários e das condições de trabalho para a realização de cada um, o fundamental para que se obtenha um diagnóstico nutricional o mais próximo possível da realidade é estar sensibilizado para a importância da alimentação e nutrição na saúde em geral e das PVHA.
No entanto, algumas questões pertinentes à própria infecção pelo HIV merecem atenção, como as mudanças significativas no estado nutricional desde a “Síndrome de Wasting” ou Síndrome do Desperdício, caracterizada por perda ponderal involuntária, enfraquecimento, febre e diarréia, com quadro de desnutrição, até uma série de alterações metabólicas e corpóreas como alterações do metabolismo da glicose e dos lipídios, alterações da distribuição da gordura corpórea, acidose lática, osteopenia, entre outros.
Os mecanismos fisiopatogênicos destas alterações ainda não são bem conhecidos e as principais hipóteses são a própria ação do HIV no organismo humano e/ou os efeitos colaterais dos anti-retrovirais. No entanto, mesmo que se comprove que estas alterações são decorrentes TARV (Terapia Anti-Retroviral), os benefícios, para alguns, como a diminuição da incidência de infecções oportunistas, da carga viral e da “síndrome do desperdício”, tem justificado o seu uso.
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids30
4Parâmetros para orientar
o Cuidado Nutricional
33
Parâmetros para orientar o Cuidado Nutricional das PVHA
Alimento Seguro
As pessoas vivendo com HIV/Aids, por sua condição de imunodeficiência, encontram-se mais vulneráveis aos agravos à saúde, caso consumam alimentos contaminados. Deve-se dar atenção às condições higiênico-sanitárias que envolvem o cotidiano destas pessoas, orientado-os sobre os cuidados necessários com a escolha, higiene, manipulação, preparo e conservação dos alimentos.
Várias doenças oportunistas têm a boca como porta de entrada, tanto através do alimento contaminado, quanto do contato com as mãos e utensílios não higienizados.
Os cuidados com a manipulação e segurança dos alimentos devem ser considerados:
A. Em relação ao ambiente doméstico:
• Condições de higiene da cozinha adequadas.• Realizar as refeições em local bem iluminado e com boa ventilação.• Manter o ambiente de moradia limpo, seco e arejado.• Cuidar das condições de higiene peri-domiciliar, que também são importantes.
B. Em relação a pessoa que manipula o alimento:
• Cuidar da higiene pessoal (banho regular, uso de roupas limpas, higienização adequada dos dentes).
• Lavar as mãos, antes e durante a manipulação dos alimentos, com água e sabão.• Usar avental limpo, cabelos presos com rede ou lenço.• Não usar esmaltes e manter unhas bem aparadas e limpas.
C. Em relação aos alimentos:
• Os alimentos cozidos e crus não devem ser misturados. Alimentos crus podem conter microrganismos que contaminam os alimentos cozidos (contaminação cruzada).
• As frutas e legumes devem ser lavados em água corrente.• A melhor forma de proteger os alimentos é através do cozimento, pois os
microorganismos patogênicos não resistem a altas temperaturas.• Alimentos que são consumidos crus (frutas e hortaliças) devem ser deixados
para desinfecção em uma solução de: 1 litro de água + 1 colher de sopa de água
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids34
sanitária (ou 2 gotas de hipoclorito de sódio) por 30 minutos. Enxaguar. Estas são maneiras muito eficientes para a desinfecção e consumo de alimentos crus.
• O alimento deve ser preparado e consumido o mais rapidamente possível. O alimento pronto para consumo não deverá ficar sem refrigeração por mais de 2 horas. Na temperatura ambiente os microrganismos patogênicos se multiplicam com muita facilidade, gerando as toxinfecções alimentares.
• Os alimentos com a data de validade vencida, não devem ser consumidos.
D.Noslocaisdevendadosalimentos:
• Em restaurantes, lanchonetes ou locais que vendem alimentos prontos para o consumo:• O local de comercialização deverá apresentar-se limpo, em perfeitas condições
de higiene. Os funcionários, especialmente os que manipulam alimentos, devem estar com a roupa limpa, avental, touca no cabelo, máscara e luvas.
• Os locais onde é exposto o alimento frio, como saladas, devem ser mantidos em condições próprias de refrigeração.
• Os talheres devem estar acondicionados em sacos plásticos individuais, para que se preserve a sua higienização. Os pratos e bandejas devem estar limpos, dispostos em área adequada.
• Em caso de dúvida sobre a preparação do alimento, é direito do consumidor pedir uma visita à cozinha e suas dependências.
• Em açougues, supermercados, padarias e similares:• Os alimentos devem estar perfeitamente congelados, duros ao toque, sem que
as embalagens mostrem sinais de estarem amolecidas ou molhadas. Água, gelo em excesso ou embalagens amolecidas indicam que os aparelhos elétricos foram desligados por um determinado período, principalmente à noite, comprometendo a conservação dos alimentos.
• Cortadores de frios, facas, geladeiras, balcões refrigerados, prateleiras, gôndolas ou locais de exposição dos produtos não podem conter sinais de ferrugem ou qualquer outro sinal de má conservação.
• Pisos e paredes devem estar limpos e bem conservados.• Funcionários devem estar com uniformes limpos, adequados a função, e nos
casos de manipulação dos alimentos, devem estar de acordo com as regras descritas acima.
Doenças que podem ser veiculadas por água e alimentos -DVAs
As doenças de origem alimentar são um problema que afligem muitas partes do mundo. No Brasil, a incidência de diarréias, febres, contaminações bacterianas, viroses e intoxicações causadas por alimentos ainda são bastante elevadas. Condições deficientes de saneamento básico, associado a hábitos de higiene precários e deficiências no controle da segurança do alimento (produção, transporte, armazenamento e comercialização), geram contaminações que são as responsáveis por morbidade e mesmo óbito.
Nem sempre os alimentos contaminados se mostram alterados em sua cor, aroma, gosto e textura. Porém, mudanças na característica natural dos alimentos podem indicar que os mesmos se encontram impróprios para o consumo. Não comprar alimentos
35
com embalagens alteradas, fora dos seus prazos de validade ou que mostrarem alguns sinais visíveis de alterações. Não comprar legumes ou frutas que estejam manchados, mofados, com partes moles ou danificadas. Vegetais folhosos devem apresentar a sua cor característica, sem manchas amarelas ou sinais de envelhecimento. Carnes devem apresentar sua cor, odor e aspectos característicos. Cereais e leguminosas não devem apresentar mofo, bolor ou carunchos. Quadro 5.
Quadro 5 – Esquema Básico dos Tipos de alimentos e como conservá-los
Alimentos Perecíveis Semi-perecíveis Duráveis
Tipos
Frangos, carnes, peixes, verduras,
frutas, ovos, queijo fresco, iogurte, pratos prontos (macarronada,
arroz, feijão etc).
Geléias, doce em pasta, doce em calda,
leite condensado, queijo semi-curado
etc.
Arroz, feijão fubá, açúcar, grãos em geral,
latarias.
Cuidados
Estragam com facilidade. Devem ser guardados em
geladeira ou freezer.
Devem ser conservados em geladeira, porém duram mais tempo.
Duram mais tempo. Devem ficar em
local seco, ventilado, protegidos do calor e da umidade. Depois
de aberto, fechar a embalagem com cuidado para evitar
umidade.
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids36
Carências nutricionais das Pessoas Vivendo com HIV e aids
A subnutrição e desnutrição que acomete a PVHA são basicamente marasmáticas (desnutrição protéico-energética – DPE), caracterizadas por deficiência de carboidratos e proteínas. Isso ocorre por ingestão inadequada, pela própria característica hipermetabólica da doença ou ambos. Nestes casos, observa-se perda acentuada na gordura corporal, com certa preservação da massa muscular. A perda de massa muscular pode se acentuar com o agravamento da subnutrição para o quadro de desnutrição. Geralmente observa-se perda de peso na aids, superior a 10% do peso habitual em breve período de tempo, o que indica progressão da doença. Mesmo em pacientes assintomáticos tem-se observado a prevalência da perda de peso, porém com progressão mais lenta.
Hipovitaminose A - está diretamente relacionada com o sistema imune, tendo como conseqüência maior susceptibilidade a infecções, com possíveis indicadores de queda de linfócitos T-CD4. Níveis séricos baixos de retinol plasmático (vitamina A) nas PVHA, sintomáticas ou não, tem sido relatados de forma constante em diversos estudos sobre a doença, mesmo em populações com ingestão adequada. Estudos têm demonstrado um prognóstico negativo nos dois primeiros anos de manifestação da Aids em caso de hipovitaminose A grave.
Vários são os determinantes dos níveis séricos de vitamina A: ingestão de carotenóides e de vitamina A pré-formada, absorção intestinal, reserva hepática e perdas anormais por diversos fatores. Diarréias constantes dificultam a absorção dos carotenóides e da vitamina A, sendo um agravo ao problema. Sarampo e pneumonias também estão associados a hipovitaminose A, bem como comprometimento dos aparelhos respiratório e digestivo, além de superfícies mucosas.
Este tema ainda é controverso, apesar da correlação, ainda não foi possível determinar se a imunossupressão provoca a hipovitaminose A diretamente ou se a hipovitaminose A é um fator desencadeante da imunossupressão. Portanto, esta nova abordagem, ainda que preliminar, demonstra que o estado nutricional de vitamina A na infecção por HIV é muito importante e que a suplementação pode ser uma estratégia de intervenção nesses casos. Uma vez que a vitamina A está associada aos fatores imunológicos orgânicos, mesmo não havendo consenso internacional sobre o processo desencadeador da hipovitaminose A, recomenda-se aumento do consumo de alimentos ricos em vitamina A, como uma conduta preventiva adequada.
Anemia - é um quadro clínico relativamente comum nas PVHA, sintomáticas ou não, e se relaciona a subnutrição protéico-energética. Estudos mostram que a anemia parece não estar diretamente relacionada à baixa ingestão de ferro. Estas alterações no estado nutricional relacionam-se a anorexia, má absorção associada à diarréia, alterações metabólicas provocadas por infecções oportunistas, com aumento acentuado do gasto energético do organismo, associado ou não à febre, e pela própria característica hipermetabólica da infecção pelo HIV. Além de sua ação na medula óssea, levando a redução de glóbulos vermelhos e brancos, bem como das plaquetas.
Deficiência de Zinco - esta carência nutricional afeta diretamente o paladar e a percepção sensorial dos alimentos. Apesar de não existirem estudos que relacionem diretamente a deficiência de zinco com a anorexia das PVHA, a suplementação por meio de uma alimentação rica em zinco (ex: peixe, carnes em geral, gérmen de trigo,
37
levedura de cerveja, semente de abóbora, ovo e outros) pode ser um coadjuvante na melhoria da percepção do alimento e no estimulo a alimentação.
Deficiência de Vitamina B12 - Perkins et al (1995) relataram que a deficiência desta vitamina pode ser um potencial desencadeador da depressão. A cianocobalamina (vitamina B12) é encontrada em produtos de origem animal. Ao observar o perfil epidemiológico das PVHA, encontramos a pauperização como um fator que tem se expandido com o correr dos tempos. Nesta população, de baixo poder aquisitivo, a ingestão de produtos de origem animal é geralmente deficiente. Monitorar a ingestão de vitamina B12 é um parâmetro significativo, na medida em que a sua deficiência pode agravar os estados de depressão orgânica.
Interação entre drogas e nutrientes
A Terapia Anti-retroviral (TARV) é recomendada para todas as pessoas infectadas pelo HIV que sejam sintomáticos, independentemente da contagem de linfócitos T-CD4+, e para aqueles assintomáticos com contagem de linfócitos T-CD4+ abaixo de 200/mm3
e considerar a terapia quando CD4 estiver entre 350 e 200/mm3. O objetivo da TARV é retardar a progressão da imunodeficiência e/ou restaurar, tanto quanto possível, a imunidade, aumentando o tempo e a qualidade de vida da pessoa infectada (Ministério da Saúde, 2004). Podem ocorrer, no entanto, alguns efeitos adversos deste uso como: alterações do metabolismo da glicose, dislipidemia, lipodistrofia, acidose láctica, alterações do metabolismo ósseo (Rodriguez, 2002).
Alguns dos ARV e drogas para tratamento das doenças oportunistas podem provocar efeitos colaterais que interferem na ingestão, digestão e absorção dos nutrientes, com possível prejuízo ao estado nutricional do indivíduo (Mahan, 2002). Em contrapartida, os nutrientes ao interagir com estas drogas, podem comprometer a eficácia da terapêutica. (Moura, 2002).
Em função das possíveis reações adversas ao organismo humano, resultantes dos diferentes medicamentos como ARV, anti-tuberculostáticos, medicamentos para doenças oportunistas e a interação destes com os alimentos, existem recomendações específicas a serem observadas. Os quadros 6, 7 e 8 foram elaborados com o objetivo de facilitar a visualização destes processos, recomendar a administração mais adequada dos medicamentos e sugerir condutas dietéticas, caso necessário.
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids38
Qu
adro
6 -
Des
criç
ão d
os
anti
-ret
rovi
rais
/ In
tera
ções
co
m o
s al
imen
tos/
Rec
om
end
açõ
es
Dro
ga
Inte
raçã
o c
om
Alim
ento
Poss
ívei
s R
eaçõ
es A
dve
rsas
Rec
om
end
açõ
es
Ad
min
istr
ação
Die
téti
cas/
Sup
lem
ento
I T R N
Zid
ovu
din
a (A
ZT)
Die
ta r
ica
em g
ord
ura
dim
inu
i ab
sorç
ão d
o f
árm
aco
.
An
emia
.D
eple
ção
de
Zin
co e
Co
bre
.D
/N/V
/A/A
L/EH
Co
m o
u s
em a
limen
to, e
vita
nd
o o
s m
uit
o
go
rdu
roso
s.Po
de
nec
essi
tar
de
sup
lem
enta
ção
de
Zin
co.
Ab
acav
ir (
AB
C)
Leve
hip
erg
licem
ia.
D/N
/V/A
/EH
AL:
mai
or
em m
ulh
eres
e o
bes
os.
Co
m o
u s
em a
limen
to.
Co
m a
limen
to p
od
e d
imin
uir
irri
taçã
o G
I.
Did
ano
sin
a (D
DI)
Alim
ento
dim
inu
i ab
sorç
ão d
o
fárm
aco
.
Dia
rréi
a.A
um
ento
do
áci
do
úri
co.
Au
men
to d
os
trig
licér
ides
.A
um
ento
da
glic
emia
.N
euro
pat
ia P
erif
éric
a.A
um
ento
da
PA.
D/N
/V/A
L/EH
/LA
/NP
30m
in a
nte
s o
u 2
h a
pó
s re
feiç
ão.
Mas
tig
ar o
co
mp
rim
ido
co
mp
leta
men
te, o
u d
iluir
em
ág
ua.
Não
usa
r co
m a
nti
ácid
os
de
Al o
u M
g.
Evit
ar á
lco
ol (
aum
enta
inci
dên
cia
de
pan
crea
tite
).
Ten
ofo
vir
AL;
EHC
om
alim
ento
go
rdu
roso
.
Esta
vud
ina
(D4T
)
Neu
rop
atia
Per
ifér
ica.
Dis
lipid
emia
.Li
po
dis
tro
fia.
NP;
EH;A
L;LA
;A;D
Co
m o
u s
em a
limen
to.
Lam
ivu
din
a (3
TC)
+ A
ZT
D/N
/V/A
AL/
EH: p
od
e ca
usa
r, m
as e
stá
entr
e o
s m
ais
seg
uro
s q
uan
to a
est
e ef
eito
.
Co
m o
u s
em a
limen
to.
39
I T R N N
Efav
iren
z (E
VF)
Alim
ento
go
rdu
roso
au
men
ta
abso
rção
do
fár
mac
o.
Dis
lipid
emia
.D
/NLi
po
dis
tro
fia.
Co
m o
u s
em a
limen
to.
Evit
ar a
limen
to g
ord
uro
so.
Não
co
-ad
min
istr
ar c
om
erv
a d
e Sã
o J
oão
(H
yper
icu
m),
cáp
sula
de
alh
o, G
inse
ng
, G
inkg
o-b
ilob
a, E
qu
inác
ea.
Nev
irap
ina
(NV
P)C
om
ou
sem
alim
ento
.N
ão c
o-a
dm
inis
trar
co
m e
rva
de
São
Jo
ão
(Hyp
eric
um
) , c
ápsu
la d
e al
ho
, Gin
sen
g,
Gin
kgo
-bilo
ba,
Eq
uin
ácea
.
Rit
on
avir
(R
TV)
Dis
lipid
emia
.A
um
ento
de
glic
emia
.A
um
ento
de
ácid
o ú
rico
.D
iab
etes
.Li
po
dis
tro
fia.
D/N
/V/A
Co
m a
limen
to.
Co
nsu
mo
de
álco
ol é
co
ntr
a-in
dic
ado
.D
imin
uir
pu
rin
a.N
ão c
o-a
dm
inis
trar
co
m e
rva
de
São
Jo
ão
(Hyp
eric
um
), c
ápsu
la d
e al
ho
, Gin
sen
g,
Gin
kgo
- b
ilob
a, E
qu
inác
ea.
Ind
inav
ir (
IDN
)A
limen
tos
dim
inu
i ab
sorç
ão d
o
fárm
aco
.
Nef
rolit
íase
.A
um
enta
glic
emia
.D
iab
etes
.Li
po
dis
tro
fia.
D/N
/VD
islip
idem
ia.
1h a
nte
s o
u 2
h a
pó
s re
feiç
ão c
om
ág
ua
e/o
u c
há.
Ing
erir
no
mín
imo
1,5
litr
o d
e ág
ua
po
r d
ia,
de
pre
ferê
nci
a ju
nto
co
m a
dro
ga.
Não
co
-ad
min
istr
ar c
om
erv
a d
e Sã
o J
oão
(H
yper
icu
m),
cáp
sula
de
alh
o, G
inse
ng
, G
inkg
o-b
ilob
a, E
qu
inác
ea.
IP
Nel
fin
avir
(N
FN)
Alim
ento
mel
ho
ra a
bso
rção
do
fá
rmac
o.
Dis
lipid
emia
.Li
po
dis
tro
fia.
Dia
rréi
a.C
om
alim
ento
s.N
ão c
o-a
dm
inis
trar
co
m e
rva
de
São
Jo
ão
(Hyp
eric
um
), c
ápsu
la d
e al
ho
,Gin
sen
g,
Gin
kgo
-bilo
ba,
Eq
uin
ácea
.
Saq
uin
avir
(S
QV
)Se
m a
limen
to h
á p
equ
ena
abso
rção
do
fár
mac
o.
Dis
lipid
emia
.Li
po
dis
tro
fia.
Co
m r
efei
ção
co
mp
leta
.G
eral
men
te c
o-a
dm
inis
trad
o c
om
RTV
ou
LPV
.N
ão c
o-a
dm
inis
trar
co
m e
rva
de
São
Jo
ão
(Hyp
eric
um
), c
ápsu
la d
e al
ho
, Gin
sen
g,
Gin
kgo
-bilo
ba,
Eq
uin
ácea
.
Lop
inav
ir
(LPV
) +
A
limen
to m
elh
ora
ab
sorç
ão d
o
fárm
aco
.
Dis
lipid
emia
.Li
po
dis
tro
fia.
Dia
rréi
a.C
om
alim
ento
.N
ão c
o-a
dm
inis
trar
co
m e
rva
de
São
Jo
ão
(Hyp
eric
um
), c
ápsu
la d
e al
ho
, Gin
sen
g,
Gin
kgo
-bilo
ba,
Eq
uin
ácea
.
Am
pre
nav
ir(A
PV)
Alim
ento
go
rdu
roso
au
men
ta
abso
rção
do
fár
mac
o.
Dis
lipid
emia
.Li
po
dis
tro
fia.
Co
m a
limen
to g
ord
uro
so.
Não
co
-ad
min
istr
ar c
om
erv
a d
e Sã
o J
oão
(H
yper
icu
m),
cáp
sula
de
alh
o, G
inse
ng
, G
inkg
o-b
ilob
a, E
qu
inác
ea.
Ata
zan
avir
(ATV
)Pe
qu
ena
into
lerâ
nci
a G
I.C
om
alim
ento
.N
ão c
o-a
dm
inis
trar
co
m e
rva
de
São
Jo
ão
(Hyp
eric
um
), c
ápsu
la d
e al
ho
, Gin
sen
g,
Gin
kgo
-bilo
ba,
Eq
uin
ácea
.
ITR
N –
Inib
ido
res
de
Tran
scri
pta
se R
ever
sa N
ucl
eosí
dio
IT
RN
N –
Inib
ido
res
de
Tran
scri
pta
se R
ever
sa N
ão N
ucl
eosí
dio
IP
– In
ibid
ore
s d
e Pr
ote
ase
D –
dia
rréi
a
N –
náu
seas
V –
vô
mit
os
A –
an
ore
xia
GI –
gas
trin
test
inal
AL
– ac
ido
se lá
ctic
a
EH –
est
eato
se h
epát
ica
LA –
lip
oat
rofi
a N
P –
neu
rop
atia
per
ifér
ica
PA
– p
ress
ão a
rter
ial
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids40
Qu
adro
7 -
Des
criç
ão d
as d
rog
as a
nti
-tu
ber
culo
stát
ico
s/ In
tera
ção
co
m a
limen
tos/
Rec
om
end
açõ
es
Dro
ga
Inte
raçã
o c
om
Alim
ento
Poss
ívei
s R
eaçõ
es
Ad
vers
as
Rec
om
end
açõ
es
Ad
min
istr
ação
Die
téti
ca/S
up
lem
ento
Rif
amp
icin
a
(RM
P)A
limen
tos
dim
inu
em a
bso
rção
.
Au
men
ta á
cid
o
úri
co.
Hep
ato
toxi
cid
ade
Dim
inu
i vit
amin
a D
.D
iab
étic
os
em u
so
de
Sulf
on
iluré
ia:
aum
enta
glic
emia
.
1h a
nte
s o
u 2
h a
pó
s re
feiç
ão, c
om
1 c
op
o
de
águ
a.
Pod
e se
r co
m p
equ
ena
qu
anti
dad
e d
e al
imen
to s
e o
corr
er ir
rita
ção
GI.
Dim
inu
ir P
uri
nas
.Po
de
nec
essi
tar
sup
lem
enta
ção
de
vita
min
a D
.Ev
itar
álc
oo
l par
a d
imin
uir
to
xici
dad
e.
Iso
nia
zid
a
(IN
H)
Alim
ento
s d
imin
uem
ab
sorç
ãoIn
terf
ere
no
met
abo
lism
o d
as
vit.
D e
B6.
Au
men
ta g
licem
ia.
Neu
rop
atia
p
erif
éric
a.Pe
lag
ra.
Hep
ato
toxi
cid
ade.
Into
lerâ
nci
a g
astr
inte
stin
al.
1h a
nte
s o
u 2
h a
pó
s re
feiç
ão.
Pod
e se
r co
m p
equ
ena
qu
anti
dad
e d
e al
imen
to s
e o
corr
er ir
rita
ção
GI.
Sup
lem
enta
r Pi
rid
oxi
na
(25-
50m
g/d
ia).
Evit
ar a
limen
tos
rico
s em
tir
amin
a e
his
tam
ina:
q
uei
jos
enve
lhec
ido
s e
pre
par
açõ
es c
om
ele
s (e
x. p
izza
), c
arn
es e
pei
xes
def
um
ado
s, li
ng
üiç
a d
efu
mad
a, s
alam
e, m
ort
adel
a, e
xtra
to d
e ca
rne,
so
ja,
mo
lho
de
soja
, to
fu, v
inh
o.
Pira
zin
amid
a
(PZA
)
Au
men
ta á
cid
o
úri
co.
Hep
ato
toxi
cid
ade.
Não
usa
r n
a G
ota
ag
ud
a.
Do
se ú
nic
a d
iári
a se
mp
re n
o m
esm
o
ho
rári
o, g
eral
men
te e
m c
om
bin
ação
co
m
ou
tro
s an
ti-t
ub
ercu
loso
s.D
imin
uir
pu
rin
as.
Estr
epto
mic
ina
(SM
)R
isco
de
nef
roto
xici
dad
e.IM
ou
IVIn
ger
ir d
e 1,
5 a
2 lit
ros
de
águ
a p
or
dia
.
Etam
bu
tol
(ETB
)
Au
men
ta á
cid
o
úri
co.
Into
lerâ
nci
a g
rast
rin
test
inal
. H
epat
oto
xici
dad
e.
Ad
min
istr
ar c
om
leit
e o
u a
limen
to p
ara
dim
inu
ir in
tole
rân
cia
gas
trin
test
inal
.Ev
itar
an
tiác
ido
s.D
imin
uir
pu
rin
as.
Etio
nam
ida
(E
TH)
Difi
culd
ade
de
con
tro
le d
o
dia
bet
es.
Neu
rite
per
ifér
ica.
Ad
min
istr
ar c
om
alim
ento
par
a d
imin
uir
in
tole
rân
cia
GI.
Sup
lem
enta
r Pi
rid
oxi
cin
a (5
0-10
0 m
g/d
ia)
par
a ev
itar
N
euri
te P
erif
éric
a.
41
Qu
adro
8 -
Des
criç
ão d
as p
rin
cip
ais
dro
gas
par
a p
rofi
laxi
a e/
ou
tra
tam
ento
de
infe
cçõ
es o
po
rtu
nis
tas/
Inte
raçã
o c
om
Alim
ento
s/R
eco
men
daç
ões
Dro
ga
Inte
raçã
o c
om
Alim
ento
Poss
ívei
s R
eaçõ
es A
dve
rsas
Rec
om
end
açõ
es
Ad
min
istr
ação
Die
téti
ca/S
up
lem
ento
An
fote
rici
na
BPe
rda
de
po
táss
io.
An
emia
.In
sufi
ciên
cia
Ren
al.
IVA
um
enta
r p
otá
ssio
.A
sseg
ura
r in
ges
tão
híd
rica
.D
ieta
ric
a em
fer
ro, s
e an
emia
fer
rop
riva
.
Azi
tro
mic
ina
Alim
ento
s m
elh
ora
m a
to
lera
bili
dad
e.
Into
lerâ
nci
a g
astr
inte
stin
al.
Do
r ab
do
min
al.
Dia
rréi
a.
Cáp
sula
ou
su
spen
são
: 1h
an
tes
ou
2h
ap
ós
refe
ição
.N
ão t
om
ar c
om
an
ti-á
cid
os
ou
su
ple
men
tos
de
Al e
Mg
.
Cet
oco
naz
ol
Alim
ento
au
men
ta a
bso
rção
.R
efri
ger
ante
co
la a
um
enta
ab
sorç
ão e
m 6
5%.
Tom
ar c
om
alim
ento
par
a au
men
tar
abso
rção
.
Co
nsu
mo
de
álco
ol é
co
ntr
a-in
dic
ado
.Su
ple
men
tar
Ca,
Mg
ou
an
tiác
ido
se
par
adam
ente
po
r 2h
.
Cla
ritr
om
icin
aA
limen
to r
etar
da,
mas
não
d
imin
ui a
bso
rção
.In
tole
rân
cia
med
icam
ento
sa.
Ad
min
istr
ar c
om
ou
sem
alim
ento
.
Dap
son
a
Não
usa
r n
a A
nem
ia s
ever
a.
An
emia
Hem
olít
ica.
An
emia
e N
eutr
op
enia
.In
tole
rân
cia
Gra
stri
nte
stin
al.
Au
men
ta g
licem
ia.
Ad
min
istr
ação
co
m a
limen
to d
imin
ui
irri
taçã
o g
ástr
ica.
Sup
lem
enta
r co
m d
ose
s p
rofi
láti
cas
de
Fe,
vita
min
a C
e á
cid
o f
ólic
o.
Flu
con
azo
l
Prec
auçõ
es: O
bse
rvar
pro
váve
l h
ipo
glic
emia
em
pac
ien
tes
com
dia
bet
es
qu
e fa
zem
uso
de
Sulf
on
iloré
ia.
Into
lerâ
nci
a G
rast
rin
test
inal
.H
epat
oto
xici
dad
e.H
ipo
cale
mia
.
Ad
min
istr
ar s
em c
on
sid
erar
alim
enta
ção
.C
om
alim
ento
se
oco
rrer
irri
taçã
o
gas
trin
test
inal
.
Itra
con
azo
lA
limen
tos
aum
enta
m a
ab
sorç
ão.
No
dia
bet
es: a
um
enta
efe
ito
do
s h
ipo
glic
emia
nte
s o
rais
.H
epat
oto
xici
dad
e.In
tole
rân
cia
Gas
trin
test
inal
.
Co
m r
efei
ção
co
mp
leta
par
a au
men
tar
abso
rção
, aco
mp
anh
ado
de
beb
ida
ácid
a (s
uco
de
lara
nja
, ref
rig
eran
te c
ola
).
Sup
lem
enta
r C
a, M
g o
u a
nti
ácid
o
sep
arad
amen
te p
or
pel
o m
eno
s 2h
.
Qu
adro
7 -
Des
criç
ão d
as d
rog
as a
nti
-tu
ber
culo
stát
ico
s/ In
tera
ção
co
m a
limen
tos/
Rec
om
end
açõ
es
Dro
ga
Inte
raçã
o c
om
Alim
ento
Poss
ívei
s R
eaçõ
es
Ad
vers
as
Rec
om
end
açõ
es
Ad
min
istr
ação
Die
téti
ca/S
up
lem
ento
Rif
amp
icin
a
(RM
P)A
limen
tos
dim
inu
em a
bso
rção
.
Au
men
ta á
cid
o
úri
co.
Hep
ato
toxi
cid
ade
Dim
inu
i vit
amin
a D
.D
iab
étic
os
em u
so
de
Sulf
on
iluré
ia:
aum
enta
glic
emia
.
1h a
nte
s o
u 2
h a
pó
s re
feiç
ão, c
om
1 c
op
o
de
águ
a.
Pod
e se
r co
m p
equ
ena
qu
anti
dad
e d
e al
imen
to s
e o
corr
er ir
rita
ção
GI.
Dim
inu
ir P
uri
nas
.Po
de
nec
essi
tar
sup
lem
enta
ção
de
vita
min
a D
.Ev
itar
álc
oo
l par
a d
imin
uir
to
xici
dad
e.
Iso
nia
zid
a
(IN
H)
Alim
ento
s d
imin
uem
ab
sorç
ãoIn
terf
ere
no
met
abo
lism
o d
as
vit.
D e
B6.
Au
men
ta g
licem
ia.
Neu
rop
atia
p
erif
éric
a.Pe
lag
ra.
Hep
ato
toxi
cid
ade.
Into
lerâ
nci
a g
astr
inte
stin
al.
1h a
nte
s o
u 2
h a
pó
s re
feiç
ão.
Pod
e se
r co
m p
equ
ena
qu
anti
dad
e d
e al
imen
to s
e o
corr
er ir
rita
ção
GI.
Sup
lem
enta
r Pi
rid
oxi
na
(25-
50m
g/d
ia).
Evit
ar a
limen
tos
rico
s em
tir
amin
a e
his
tam
ina:
q
uei
jos
enve
lhec
ido
s e
pre
par
açõ
es c
om
ele
s (e
x. p
izza
), c
arn
es e
pei
xes
def
um
ado
s, li
ng
üiç
a d
efu
mad
a, s
alam
e, m
ort
adel
a, e
xtra
to d
e ca
rne,
so
ja,
mo
lho
de
soja
, to
fu, v
inh
o.
Pira
zin
amid
a
(PZA
)
Au
men
ta á
cid
o
úri
co.
Hep
ato
toxi
cid
ade.
Não
usa
r n
a G
ota
ag
ud
a.
Do
se ú
nic
a d
iári
a se
mp
re n
o m
esm
o
ho
rári
o, g
eral
men
te e
m c
om
bin
ação
co
m
ou
tro
s an
ti-t
ub
ercu
loso
s.D
imin
uir
pu
rin
as.
Estr
epto
mic
ina
(SM
)R
isco
de
nef
roto
xici
dad
e.IM
ou
IVIn
ger
ir d
e 1,
5 a
2 lit
ros
de
águ
a p
or
dia
.
Etam
bu
tol
(ETB
)
Au
men
ta á
cid
o
úri
co.
Into
lerâ
nci
a g
rast
rin
test
inal
. H
epat
oto
xici
dad
e.
Ad
min
istr
ar c
om
leit
e o
u a
limen
to p
ara
dim
inu
ir in
tole
rân
cia
gas
trin
test
inal
.Ev
itar
an
tiác
ido
s.D
imin
uir
pu
rin
as.
Etio
nam
ida
(E
TH)
Difi
culd
ade
de
con
tro
le d
o
dia
bet
es.
Neu
rite
per
ifér
ica.
Ad
min
istr
ar c
om
alim
ento
par
a d
imin
uir
in
tole
rân
cia
GI.
Sup
lem
enta
r Pi
rid
oxi
cin
a (5
0-10
0 m
g/d
ia)
par
a ev
itar
N
euri
te P
erif
éric
a.
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids42
Sulf
adia
zin
aSe
m in
tera
ção
imp
ort
ante
.
Red
uz
a aç
ão d
e H
ipo
glic
emia
nte
s o
rais
.A
nem
ia.
Leu
cop
enia
.Pl
aqu
eto
pen
ia.
Pen
tam
idin
aEn
do
ven
osa
Hip
og
licem
ia.
Dia
bet
es e
m a
lgu
ns
caso
s.N
efro
toxi
cid
ade.
Pod
e ca
usa
r o
u a
gra
var
Dia
bet
es.
Hip
ote
nsã
o.
Hip
oca
lem
ia.
Into
lerâ
nci
a G
astr
inte
stin
al.
IM, I
V o
u a
ero
sol.
Ass
egu
rar
ing
estã
o h
ídri
ca a
deq
uad
a.D
ieta
ric
a em
fer
ro e
m A
nem
ia
Ferr
op
riva
.
Sulf
amet
oxa
zol
+ T
rim
eto
pri
ma
Sem
inte
raçã
o im
po
rtan
te.
Inte
rfer
e n
o m
etab
olis
mo
do
Fo
lato
.A
nem
ia H
emo
lític
a.N
ão u
sar
em A
nem
ia M
egal
ob
lást
ica
po
r d
efici
ênci
a d
e fo
lato
.D
iab
etes
em
uso
de
Sulf
on
iluré
ia:
ano
rexi
a, d
or
abd
om
inal
, náu
sea,
vô
mit
os,
neu
tro
pen
ia, a
nem
ia,
tro
mb
oci
top
enia
, in
tole
rân
cia
gas
trin
test
inal
, hip
erca
lem
ia, h
epat
ite
e h
ipo
glic
emia
.
1h a
nte
s o
u 2
h a
pó
s re
feiç
ão c
om
1 c
op
o d
e ág
ua.
Co
m a
limen
to s
e h
ou
ver
irri
taçã
o
gas
trin
test
inal
.
Ass
egu
rar
ing
estã
o h
ídri
ca m
aio
r q
ue
1,5
litro
po
r d
ia p
ara
evit
ar c
rist
alú
ria.
Pod
e n
eces
sita
r d
e su
ple
men
tos
de
fola
to.
Nis
tati
na
Sem
inte
raçã
o im
po
rtan
te.
Co
mp
rim
ido
: co
m a
limen
tos.
Susp
ensã
o o
ral:
man
ter
na
bo
ca p
or
min
uto
s,
gar
gar
ejar
e e
ng
olir
.
Gan
cicl
ovi
rA
nem
ia.
Hip
og
licem
ia.
IV e
VO
Ass
egu
rar
ing
estã
o h
ídri
ca.
Aci
clo
vir
Nef
roto
xici
dad
e.N
áuse
as, v
ôm
ito
s, a
nem
ia, n
eutr
op
enia
e
tro
mb
oci
top
enia
.
Ora
l: co
m a
limen
to e
1 c
op
o d
e ág
ua.
IM /
IVIn
ger
ir d
e 1,
5 a
2,5
litro
s d
e ág
ua
po
r d
ia.
VO
- v
ia o
ral
IM -
via
intr
amu
scu
lar
IV -
via
intr
aven
osa
Dro
ga
Inte
raçã
o c
om
Alim
ento
Poss
ívei
s R
eaçõ
es A
dve
rsas
Rec
om
end
açõ
es
Ad
min
istr
ação
Die
téti
ca/S
up
lem
ento
43
Interações entre ARV e medicamentos fitoterápicos
O alho é usado na medicina há pelo menos 5.000 anos. Possui propriedades antibióticas, antivirais e antifúngicas, efeitos anticarcinogênicos, anti-hipertensivo, anti-colesterolêmico, além de fortalecer a atividade imunológica, por estimular a proliferação de células T. Pesquisadores de vários países demonstraram que o uso de suplementos de óleo de alho, compromete a absorção principalmente dos Inibidores da Protease (Indinavir, Nelfinavir, Ritonavir, Saquinavir), diminuindo a concentração dos medicamentos no sangue. As pesquisas comprovaram que a ingestão de 2 cápsulas de 5mg de suplemento de óleo de alho puro, 2 vezes ao dia, por 3 semanas, diminui a concentração do medicamento entre 51 e 54%. Após 10 dias sem o uso do alho (wash-out), a concentração plasmática ainda era inferior a 35%.
A Erva de São João ou Hipérico (Hypericum perforato) é indicada para estados depressivos leves, distúrbios do sono, exaustão, cefaléia, dores musculares, melancolia, angústia e ansiedade, sendo largamente utilizada. Estudos americanos do NIH (National Institutes of Health), demonstram que a erva reduz a concentração plasmática de inibidores da protease em média 57% e em 81% no pico de 8h, em voluntários não infectados pelo HIV.
Isto ocorre porque o alho, o hipérico, os medicamentos ARV e outras drogas utilizam a mesma via de metabolismo no fígado, o Sistema Enzimático do Citocromo P450 (CYP3A4), responsável por mais de 90% do metabolismo hepático. Esta interação raramente é considerados como causa de efeitos colaterais e/ou falha terapêutica, e geralmente não são incluídos na história medicamentosa dos pacientes. Estes estudos demonstram que as interações podem ocorrer, causando profundas conseqüências do ponto de vista clínico, especialmente pela resistência medicamentosa que pode se desenvolver rapidamente na presença de níveis séricos sub-ótimos de anti-retrovirais.
Portanto, o uso concomitante de Erva de São João, óleo de alho, medicamentos ARV (inibidores da protease e inibidores da transcriptase reversa não nucleosídeos) e outras drogas (ciclosporina, digoxina, metadona, teofilina e warfarin), não deve ser recomendado até que mais dados estejam disponíveis. Entretanto, o uso do alho in natura na alimentação, cru,cozido ou frito, deve ser mantido normalmente
Efeitos adversos do uso da TARV e manejo nutricional
A expectativa e a qualidade de vida das PVHA, aumentaram após a introdução da TARV. No entanto, com a TARV, efeitos secundários indesejáveis e recentes, como a síndrome da lipodistrofia, tem desafiado os profissionais de saúde envolvidos no atendimento a essa população.
Síndrome da Lipodistrofia
Esta síndrome é caracterizada por alterações na distribuição da gordura corporal, onde se observa Lipoatrofia na face e membros (inferiores e superiores), acompanhada de acúmulo de gordura central (abdome, mamas e giba). Sua etiopatogenia é ainda obscura, não apresenta método diagnóstico padronizado e sua prevalência exata é desconhecida. A importância deste quadro se deve à sua repercussão e impacto (físico, psicológico e clínico), podendo estar associada aos fenômenos de arterioesclerose precoce, diabetes mellitus e outras patologias. O início deste quadro é bastante variável. A clínica tem demonstrado sintomas entre sete meses a dois anos, após o início do tratamento com ARV relacionados a essa
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids44
síndrome, como a Estavudina e os inibidores de protease – IP. Entretanto, este tempo pode ser mais longo ou a lipodistrofia pode não se manifestar. Ainda que o quadro não seja completo, grande parte dos pacientes em uso de anti-retrovirais apresenta alguma forma de lipodistrofia, podendo ser mais grave ou mais branda.
As principais alterações da distribuição de gordura corporal relacionadas com esta síndrome são:
• acúmulo de gordura - obesidade abdominal, aumento do perímetro torácico, hipertrofia mamária, aumento da gordura lateral do pescoço, giba de búfalo e lipoma generalizado ou localizado;
• perda de gordura na face, nádegas e extremidades; e• alterações mistas.
Podem ainda coexistir outros transtornos metabólicos, implicados ou não com esta síndrome, tais como: alterações do metabolismo da glicose (resistência periférica à insulina, hiperglicemia, intolerância à glicose e diabetes mellitus); alterações do metabolismo dos lipídeos (hipertrigliceridemia, hipercolesterolemia - aumento do Low density lipoprotein - LDL-c e diminuição do high density lipoprotein – HDL-c) e aumento da apoliproteína B.
Ainda não se conhece se existe relação entre a redistribuição de gordura corporal e as alterações metabólicas da glicose e dos lipídeos, isto é, se são fenômenos ligados entre si ou se coexistem em alguns indivíduos. O controle nutricional, com exames periódicos e indicações das melhores e mais adequadas formas de alimentação, ajudam no controle das perdas de massas de gordura e formação de massa muscular.
Como a Síndrome da Lipodistrofia é um evento recente, ainda não há manejo clínico padronizado. Entretanto, várias recomendações gerais para a manutenção da saúde, parecem ter efeito bastante positivo, são elas: alimentação saudável, adesão ao tratamento como um todo, prática de exercícios físicos regulares, além de cuidados com a saúde emocional, em especial, os estados de desânimo e depressão.
A manutenção de práticas alimentares saudáveis deve ser ainda mais enfatizada. Evitar alimentos gordurosos, frituras, alimentos que contenham gordura saturada e hidrogenada e ovos (gemas), ajudam no controle do colesterol e manutenção da saúde. Os doces e massas em excesso aumentam os níveis de triglicérides e a glicose sanguínea circulante.
Manejo das alterações do metabolismo da glicose
Diabetes e resistência insulínica devem ser monitoradas através de dietas específicas, com a redução da ingestão de carboidratos simples (açúcares), dando preferência a carboidratos complexos integrais (como pães, massas, batata, mandioca) de maneira controlada e planejada. Em casos de comprometimento renal ou hepático, o controle rigoroso do consumo protéico alimentar deve ser realizado.
São vários os exemplos onde as intervenções nutricionais são importantes no controle de morbidades, estejam ou não associadas à infecção do HIV. Para uma atuação efetiva, é necessário que o acompanhamento dietético seja feito por profissional da área, adequando a dieta às necessidades individuais de cada paciente.
45
Manejo das alterações do metabolismo dos lipídeos
O controle nutricional, com exames períodos e indicações das melhores e mais adequadas formas de alimentação, ajudam no controle das perdas de massas de gordura e formação de massa muscular. A alimentação saudável tem um papel importante na manutenção da saúde.
O colesterol e triglicérides elevados indicam que os hábitos alimentares deverão ser modificados. Alguns cuidados nutricionais específicos, aliados ao controle médico e medicamentoso (se necessário), deverão ser tomados para a reversão do quadro de dislipidemia e melhora da saúde geral do paciente. Alimentação saudável, o aumento do consumo de alimentos ricos em fibras na alimentação e a restrição de alguns tipos de alimentos são necessários na recuperação do quadro clínico/laboratorial.
Como recomendação específica temos a redução da ingestão de carboidratos simples (açúcares) no caso dos triglicérides e glicose elevados, e a diminuição de alimentos ricos em gorduras saturadas e hidrogenadas (como carnes de boi gordas, salgadinhos, sorvetes, chocolates...) como uma estratégia no controle do colesterol. Para o controle do excesso de peso, a adoção de uma alimentação saudável também deverá ser estimulada.
Alteração do metabolismo ósseoAlterações no processo de remodelação óssea têm sido descritas, podendo contribuir com a perda de massa óssea, levando à osteopenia, osteoporose e osteonecrose. Não existe uma relação clara entre o uso da TARV e o aparecimento da osteopenia/osteoporose.
Atualmente, o manejo desta alteração está focado na prevenção com recomendação de prática regular de exercícios físicos, ingestão adequada de cálcio e vitamina D, estímulo à alimentação saudável e exposição ao sol, além do tratamento medicamentoso tradicional da osteoporose, se necessário.
Hiperlactatemia e Acidose láctica
Resulta da toxidade mitocondrial determinada pelo uso de inibidores de transcriptase reversa análogos de nuclesídeos (ITRN). Refere-se a uma síndrome clínica, caracterizada pelo aumento da produção de lactato, com ou sem acidose metabólica. Os sinais e sintomas podem variar desde hiperlactatemia assintomática até cansaço extremo, perda repentina do peso, náuseas, vômitos, dores abdominais, dispnéia de esforço, insuficiência hepática e arritmias. A intervenção terapêutica consiste em considerar a interrupção do uso do ITRN e manejo metabólico.
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids46
Suplementos vitamínicos e/ou minerais
Vários manuais dirigidos à orientação nutricional das PVHA, especialmente em nível internacional, aconselham e até recomendam a ingestão diária de vitaminas e minerais em cápsulas ou comprimidos. Partem do princípio que a suplementação é necessária por ser a aids uma doença hipercatabólica, que depleta muitas vitaminas, minerais e proteínas orgânicas. Este pode ser um procedimento perigoso. Hiperdosagens de vitaminas e minerais apresentam, na maioria dos casos, efeitos tóxicos ao organismo, também podendo dificultar a absorção dos ARV.
O profissional de saúde deve observar se o paciente está apresentando algum problema de absorção dos nutrientes fornecidos na alimentação. Quadros de diarréia, crônica ou aguda, impedem e atrapalham a absorção de grande parte dos nutrientes do alimento e nesta situação é fundamental equilibrar o funcionamento orgânico do paciente, revertendo os quadros de morbidade. O uso de suplementos vitamínicos e/ou minerais deve ser recomendado com critério, caso a recuperação física do paciente ainda se encontre comprometida.
As indústrias farmacêuticas, que fornecem produtos alimentares e de suplementação, disponibilizam no mercado várias opções que visam recuperar o paciente, nos mais diferentes estágios de comprometimento físico. Quando o agravo nutricional à saúde do paciente se torna de difícil reversão, por diferentes razões, o uso destes suplementos é de vital importância. Cabe ao profissional de saúde, nutricionista ou médico, não recomendar seu uso aleatório, avaliar a necessidade da suplementação alimentar e orientar a forma mais adequada de sua utilização.
5Aconselhamento
Alimentar e Nutricional
49
Aconselhamento Alimentar e Nutricional
O hábito alimentar é algo muito complexo, podendo sofrer influências de valores de ordem pessoal, psicológica, cultural, social, familiar e religiosa. Deve-se, portanto, estar atento a isso e ser o mais flexível possível no aconselhamento, ouvindo a pessoa com sensibilidade e direcionando, com clareza, as orientações dietéticas prestadas.
Atualmente, o aconselhamento nutricional é entendido como um processo gradual de adesão, pelo qual a PVHA adere às mudanças alimentares e de estilo de vida quando se conscientiza da relação entre alimentação e saúde, assumindo co-responsabilidade no seu tratamento.
O aconselhador deverá respeitar o usuário como ele é, considerando seus sentimentos, dúvidas, potencialidades e limitações, antes de propor alterações em seu comportamento alimentar. Esta etapa inicial é preponderante para o sucesso do aconselhamento, pois fortalece a confiança e favorece a conscientização quando houver necessidade de mudanças de hábitos. Há que se concentrar em um pequeno número de informações para possibilitar melhor compreensão e adesão ao tratamento dietético.
As pessoas em geral se beneficiam ao se tornarem sujeitos de suas próprias experiências de aprendizado e resistem quando sentem uma postura de imposição por parte do profissional de saúde. Respondem melhor aos seus motivadores internos: auto-estima, realização no trabalho e qualidade de vida.
No aconselhamento nutricional deve-se estabelecer conjuntamente as metas a serem seguidas, sejam elas pontuais ou de longo prazo, começando por uma entrevista planejada e com o foco bem definido. O tom da voz e a expressão das idéias revelam, às vezes, a clareza ou não de compreensão diante das propostas oferecidas. Os sentimentos e os intervalos de silêncio presentes na conversa podem ser utilizados para reorganizar os pensamentos e expressá-los cuidadosamente, de forma a não intimidar o usuário. Observar, perguntar, ouvir as preocupações do indivíduo, propor questões que facilitem a reflexão e a superação das dificuldades, prover informação, apoio emocional e auxiliar na tomada de decisão para adoção de medidas na busca de uma melhor qualidade de vida são aspectos fundamentais deste diálogo. Logo após o término da consulta, deverão ser registrados os principais aspectos abordados, com a preocupação de traduzir para a equipe multidisciplinar os pontos-chave desenvolvidos.
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids50
O julgamento do aconselhador, com idéias pré-concebidas e a falta de empatia, constituem obstáculos na progressão da relação de ajuda. A inclusão da família ou de outros cuidadores durante o processo de aconselhamento nutricional pode, eventualmente, ser um facilitador da adesão ao tratamento. O alimento, além de ser um fator de recuperação do bem estar físico, é antes de tudo uma fonte de prazer, primordial na manutenção da qualidade de vida. Sempre que possível deve-se utilizar material educativo e demonstrações, citando exemplos relacionados às práticas habituais do indivíduo para ilustrar e facilitar sua compreensão tais como cartazes, fotos e gravuras sobre os grupos de alimentos e sua composição em nutrientes, adequando individualmente a necessidade de cada usuário.
Na pessoa vivendo com HIV/Aids, um episódio de toxinfecção alimentar pode comprometer ainda mais a sua imunidade, portanto orientar sobre os cuidados de escolha, higiene, preparo e conservação adequada dos alimentos auxilia na obtenção de um cardápio equilibrado e, também, na prevenção de doenças infecciosas veiculadas por agentes transmissíveis presentes no alimento ou meio ambiente.
Deve-se observar a possibilidade de surgirem efeitos adversos decorrentes do uso da terapia anti-retroviral, como mudanças morfológicas (depleção da massa corpórea, lipodistrofia, obesidade) que podem aumentar o grau de ansiedade, reduzir a auto-estima ou causar depressão, prejudicando ainda mais a adesão ao tratamento.
Finalmente, para obter sucesso no Aconselhamento Nutricional, a estratégia adotada pelo profissional de saúde deve enfatizar motivação constante, encorajando e elogiando cada pequeno progresso feito.
Aspectos comportamentais da promoção da alimentação saudável
Um hábito desenvolvido na prática diária
Alimentar-se corretamente é uma forma de “exercício”, onde a PVHA precisa ser estimulada a ver a necessidade de se alimentar, as vantagens de uma nutrição saudável, a importância da manutenção dos horários e da regularidade como um indutor comportamental. Motivar a pessoa é o primeiro passo. Estimulá-lo a manter hábitos regulares em sua alimentação é o próximo caminho a ser tomado. Ao perceber a importância do alimento na manutenção da saúde, o paciente adaptará seus hábitos às suas necessidades alimentares.
É freqüente encontrar PVHA em uso de TARV que se recusam a comer nas primeiras horas do dia, devido ao mal-estar associado à medicação. Períodos prolongados de jejum agravam a sensação de mal-estar, além de inibirem a sensação de “fome”, aumentando com isto o hábito do jejum. Isso compromete a saúde do paciente, que deve ser motivado a se alimentar. Pequenas mudanças no hábito alimentar, como maior fracionamento das refeições podem estimular o apetite, necessário para que o paciente se alimente com regularidade.
Algumas atitudes que o profissional de saúde pode adotar em nível ambulatorial visando estimular a mudança de hábitos:
• Mostrar à pessoa como uma alimentação adequada pode ajudar a mudar o quadro atual.
• Estimular a adesão à mudança de hábitos alimentares.
51
• Estimular a ingestão, promovendo um aumento gradativo do aporte calórico, quando necessário. Não esperar que a PVHA consiga aumentar sua ingestão calórica rapidamente, pois ela necessita de um tempo de adaptação.
• Usar sempre palavras de incentivo que valorizem o esforço da pessoa.• Estimular pequenas refeições várias vezes ao dia. O ideal é fazer 3 refeições
principais e 3 pequenos lanches intermediários ao dia.• A hora da alimentação deve ser sentida como um momento de prazer e não
de sofrimento. Não forçar a pessoa a se alimentar, ao contrário, ela deve ser estimulada com gestos e palavras solidárias. Recomendar aos familiares que evitem brigas, discussões ou assuntos mais tensos durante as refeições.
• Estimular a família e amigos a participarem da refeição com a PVHA. Reforçar a importância da reinserção social como um coadjuvante no tratamento.
• Desestimular a pessoa a se alimentar vendo TV ou fazendo qualquer atividade dispersiva. A alimentação deve ser feita buscando o prazer de se alimentar e sentindo o sabor dos alimentos.
• Escutar a pessoa. Muitas vezes a dificuldade de se alimentar esconde outros problemas que devem ser abordados pelo profissional de saúde.
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids52
Dez Passos para melhorar a Qualidade de Vida da PVHA
Estimular que a pessoa faça da alimentação uma atividade prazerosa, em companhia da família ou amigos, evitando fazer refeições sozinho. O ideal é que a pessoa procure evitar ao máximo o estresse, depressão, solidão e isolamento. Estimular a participação em atividades sociais, buscando grupos de apoio.
Estimular que a pessoa se alimente em períodos regulares, várias vezes ao dia, mesmo que se encontre sem apetite. O ideal é fazer 3 refeições principais e 3 pequenos lanches nos intervalos, ao dia. Deve optar por fazer uma alimentação saudável, variada e saborosa.
Estimular o consumo de frutas, legumes e verduras todos os dias. A pessoa deve preferir as que estejam em seu período de safra, aproveitando estes alimentos de maneira racional, buscando o máximo aproveitamento das vitaminas e minerais.
O ideal é que a pessoa procure incluir alimentos fonte de proteínas, animal ou vegetal, pelo menos uma vez por dia, quatro vezes por semana. As proteínas são importantes na manutenção da saúde da PVHA.
Estimular o consumo de fibras e alimentos integrais, pois são ricos em vitaminas do complexo B e minerais. O ideal é substituir as farinhas refinadas e arroz polido por produtos integrais, pois preservam melhor os nutrientes. Assim como arroz e pães integrais, os grãos como feijões, grão de bico, frutas, verduras e legumes são ótimas fontes de fibras.
Incentivar a redução de açúcar refinado na alimentação, assim como refrigerantes e guloseimas em geral.
Indicar a redução do sal. O ideal é usar ervas e temperos para realçar o sabor dos alimentos.
O ideal é evitar gorduras animais. Fazer uso de azeite ou óleo vegetal na alimentação e para temperar salada.
Incentivar o paciente a beber pelo menos 2 litros de água por dia, evitando líquidos nas refeições principais.
Incentivar o paciente a não fazer uso de bebidas alcoólicas, fumo ou drogas de qualquer tipo, pois podem prejudicar a saúde como um todo e dificultar a ação da TARV.
53
Recomendações Nutricionais para atenuar sintomas clínicos dos efeitos colaterais da medicação anti-retroviral
O uso da TARV pode provocar efeitos colaterais que penalizam o paciente de HIV/Aids, pois são sintomas constantes, diários, que podem muitas vezes causar o abandono ao tratamento. Além disso, infecções oportunistas na cavidade oral dificultam a alimentação regular, provocando dor e dificuldades na deglutição. Estratégias nutricionais podem ser usadas para minimizar tais desconfortos.
Em caso do aparecimento de alguns destes sintomas, veja abaixo algumas recomendações alimentares para as PVHA
Náuseas
• Náusea pela manhã pode ser combatida com a ingestão de biscoitos secos, tipo cream cracker ou água e sal, ingeridos assim que acordar, sem o acompanhamento de líquidos. Comer uma ou mais unidades, de acordo com a tolerância.
• Chupar pedras de gelo pode reduzir o sintoma.• Fazer pequenas refeições, várias vezes ao dia. Comer grandes quantidades de
alimento pode piorar o sintoma da náusea.• Não ingerir líquidos durante a refeição. O mais indicado é uma hora antes ou
duas horas após a refeição.• Evitar alimentos quentes; dar preferência aos alimentos frios ou a temperatura
ambiente.• Evitar alimentos gordurosos, bebidas gasosas (tipo refrigerante), leite, café e
excesso de condimentos.• Evitar ingerir alimentos muito doces. Uma alimentação mais suave é mais bem
suportada pelo paciente.
Vômitos
• Ao primeiro sinal de vômito, a pessoa deve tomar pequenas quantidades de soro caseiro ou soro de reidratação oral (1 colher de sopa a cada 5 / 10 minutos aproximadamente). Também pode tomar pequenos goles de bebidas isotônicas. Utilizar a bebida gelada. Receita de soro caseiro: 1 colher de sopa de açúcar + 1 pitada de sal em um copo de água filtrada ou preferencialmente fervida.
• O ideal é fazer pequenas refeições, várias vezes ao dia.• Não deitar após a refeição, isso pode facilitar o vômito. Se a pessoa quiser
descansar, que o faça sentado ou recostado.• Nesta situação a pessoa deve evitar se alimentar com as comidas consideradas
“preferidas”, uma vez que terminado o sintoma, o mal estar ficará associado ao alimento predileto, sendo então causa de repulsa.
• Indicar chupar pedrinhas de gelo e beber líquidos gelados, em pequenos goles e pouca quantidade, várias vezes ao dia.
• Evitar alimentos em temperaturas muito quentes e dar preferência aos alimentos frios ou a temperatura ambiente.
• Evitar alimentos gordurosos, bebidas gasosas (tipo refrigerante), leite, café e excesso de condimentos. Evitar consumir alimentos muito doces.
• Mesmo com vômito, estimule a alimentação regular, procurando dar prioridade a alimentos mais cozidos, de sabor mais brando, pois uma alimentação mais suave é mais bem suportada.
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids54
• Não ingerir líquidos durante a refeição. Os líquidos podem ser tomados 1 hora antes ou 2 horas após a refeição.
• Orientar que a pessoa busque atenção médica, para ser medicado corretamente.
Empachamento (dificuldade de digestão)
• Alguns alimentos são de difícil digestão, como as gorduras, portanto a pessoa deve evitar alimentos gordurosos, especialmente os de origem animal.
• Orientar a pessoa a preferir carnes brancas (aves ou peixes). As carnes vermelhas podem ser consumidas com moderação.
• O ideal é procurar manter a alimentação balanceada. É importante ingerir vários tipos de alimento, em pequenas porções, várias vezes ao dia.
• Não ingerir líquidos durante a refeição. Os líquidos podem ser tomados 1 hora antes ou 2 horas após a refeição.
• Não deitar após a refeição. Se a pessoa quiser descansar, deve ficar sentada ou recostada.
• Indicar uso de chás digestivos após a refeição, como por exemplo o chá verde, usado tradicionalmente como digestivo pelos povos orientais.
Pirose (azia ou queimação estomacal)
• Indicar uso de chás digestivos após a refeição, como por exemplo o chá verde.• Evitar condimentos, pimenta de todos os tipos e alimentos gordurosos.• A pessoa pode tomar pequenos goles de água gelada, pois ajudam a diluir o suco
gástrico.• Não deitar após a refeição. Se a pessoa quiser descansar, deve ficar sentada ou
recostada.
Diarréia
• Alguns alimentos podem provocar diarréia em pessoas sensíveis. Entre eles: leite, doces em grande quantidade, feijão, comidas gordurosas como frituras ou gorduras de origem animal. Procurar investigar se algum alimento está relacionado à diarréia apresentada.
• Orientar o consumo de alimentos cozidos, evitando os alimentos crus e fibras. Frutas e hortaliças devem estar cozidas. Evitar o consumo de doces e gorduras.
• Indicar pequenas refeições, aumentando a freqüência gradativamente.• Indicar o consumo de alimentos ricos em potássio, como a banana, batata e carnes
brancas. Há perda de potássio em grandes proporções nos casos de diarréia. Em diarréias crônicas é necessário fazer o monitoramento laboratorial.
• Indicar soro caseiro, soro de reidratação oral ou bebidas isotônicas para manter o equilíbrio hidroeletrolítico do organismo. A água de coco pode ser usada e é bastante eficaz.
• Contra-indicar o consumo de leite, até o desaparecimento dos sintomas. Coalhadas, iogurtes e queijos podem ser consumidos.
• Aumentar a ingestão de líquidos, evitando assim a desidratação.• Alimentos probióticos, especialmente os leites fermentados com lactobacilos,
auxiliam na recuperação da flora intestinal.
55
Constipação Intestinal
• Indicar o aumento do consumo de fibras na dieta. Utilizar alimentos crus e folhas nas saladas. Farelos de trigo, farelo de arroz ou outra fibra integral natural, podem ser adicionadas às refeições para aumentar o aporte de fibras totais da dieta.
• Aumentar a ingestão de água para, pelo menos, 3 litros de água por dia. A baixa ingesta de líquidos pode aumentar a constipação intestinal.
• Recomendar atividade física. O movimento estimula a musculatura intestinal.• Orientar o uso de azeite ou óleo vegetal nas verduras cruas.
Gases intestinais
• Evitar a ingestão de alimentos que causem gases, tais como: bebidas gasosas, cervejas, doces, brócolis, couve-flor, couve, feijão, batata-doce etc.
• A pessoa não deve pular nenhuma refeição, o ideal é seguir os horários com regularidade.
• Orientar a pessoa a mastigar a comida com a boca bem fechada, não falar enquanto mastiga os alimentos, pois pode engolir ar demais, aumentando os gases intestinais.
• Reduzir o consumo de alimentos ricos em fibras insolúveis, como grãos e cereais (milho e grão de bico), casca de frutas e verduras como alface, couve etc.
Febre
• Aumentar a ingestão de líquidos, como água, sucos de frutas frescas, sucos de vegetais ou água de coco.
• Orientar a manutenção de uma alimentação variada, mantendo os horários habituais. Não deve pular refeições.
Suores noturnos
• É necessário tomar líquidos com freqüência para evitar desidratação pelo suor.• Consumir pelo menos 3 litros de líquidos ao dia. Pode abusar de sucos de frutas
frescas, água de coco e sucos de vegetais, para repor os minerais perdidos durante a sudorese intensa.
Dificuldade de deglutição, inflamação na boca e/ou esôfago por Candida Albicans (candidíase) ou outras infecções
• Indicar o consumo de alimentos líquidos, pastosos ou de consistência macia.• Indicar os alimentos preferidos para estimular o apetite, amassados ou batidos.
Contra-indicar a ingestão de alimentos crus.• Indicar alimentos como purê de batatas, sopas, caldos, iogurte, ricota, massas
com queijo, ovos mexidos, cremes, mingau.• Ingerir os alimentos frios ou a temperatura ambiente. Evitar temperaturas
quentes.• Evitar alimentos ácidos, condimentados e picantes. Evitar o uso de muito sal
e pimenta. Evitar sucos de frutas cítricas ou alimentos ácidos; laranja e tomate podem ser irritantes.
• Evitar gorduras.
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids56
• Não deve ingerir chocolate, álcool e bebidas com cafeína (cafés, chás e refrigerantes tipo cola).
• Realizar pequenas refeições, várias vezes ao dia.• A pessoa pode utilizar canudinhos plásticos para líquidos, a fim de evitar dor na
cavidade oral.• Se houver dificuldade de deglutição, dar preferência a uma alimentação bem
cozida, evitar líquidos e alimentos em pastas. A comida mais sólida, porém macia, é útil para auxiliar na passagem pela glote.
• No caso de boca seca, pode ser indicado o consumo de chicletes para aumentar a produção de saliva.
• A pessoa deve promover a higienização regularmente e enxaguar a boca com mais delicadeza.
Mudança na sensação do gosto• Orientar a utilização de produtos mais condimentados com ervas e temperos,
sem aumentar a quantidade de sal habitual.• Caso a pessoa sinta “gosto metálico” durante as refeições, indicar a substituição
de carnes vermelhas por aves, peixes ou ovos.• Suco de laranja, limonada, picles, vinagre, limão podem intensificar o sabor dos
alimentos.• Usar cebolas no cozimento dos alimentos.• Muitos alimentos têm melhor sabor frio ou à temperatura ambiente
Anexo 1
59
Métodos de avaliação nutricional
1. Avaliação e Exames físicos
O exame físico consta da observação clínica da presença de sinais e sintomas associados à desnutrição, os quais surgem em estágios avançados de deficiência nutricional. Por não serem específicos, a história clínica bem coletada é fundamental para distinguí-los daqueles com etiologia não nutricional. O quadro 9 apresenta os principais sinais físicos indicativos de déficit nutricional.
As mudanças corpóreas que ocorrem nas pessoas vivendo com HIV/Aids podem contribuir para uma análise equivocada do diagnóstico nutricional e em função disso, há necessidade de se avaliar e monitorar periodicamente essas mudanças, utilizando como referência as medidas da própria pessoa, coletadas anteriormente. Atente para a perda da gordura periférica dos membros superiores e inferiores; a diminuição da circunferência das coxas; o aumento das mamas, em mulheres; o aumento da região dorsocervical devido ao depósito de gordura, as alterações na face (perda de gordura nas laterais, nas dobras nasolabial e nas têmporas) e o aumento da circunferência da cintura, por serem características da síndrome de lipodistrofia.
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids60
Qu
adro
9 –
Sin
ais
físi
cos
sug
esti
vos
de
defi
ciên
cia
nu
tric
ion
al
Pon
tos
de
o
bse
rvaç
ãoA
par
ênci
a n
orm
alSi
nai
s as
soci
ado
s a
des
nu
triç
ãoD
efici
ênci
a n
utr
icio
nal
ou
d
oen
ça p
oss
ível
Pro
ble
ma
não
nu
tric
ion
al
po
ssív
el
Cab
elo
Firm
e; b
rilh
ante
; dif
ícil
de
arra
nca
r.Pe
rda
do
bri
lho
; sec
o e
fei
o; fi
no
e e
spar
so. D
esp
igm
enta
do
sin
al d
e b
and
eira
. Fác
il d
e ar
ran
car
(sem
do
r).
Kw
ash
ioko
r e,
men
os
com
um
, mar
asm
o.
Lava
gem
exc
essi
va d
o
cab
elo
.A
lop
ecia
.
Face
Co
r d
a p
ele
un
ifo
rme;
lisa
; ró
sea,
ap
arên
cia
sau
dáv
el; s
em e
dem
a.Se
bo
rréi
a n
aso
lab
ial (
pel
e es
trat
ifica
da
em v
olt
a d
as n
arin
as).
Rib
ofl
avin
a. K
was
hio
kor.
Acn
e vu
lgar
.
Olh
os
Bri
lhan
tes,
cla
ros,
sem
fer
idas
no
s ep
ican
tos;
mem
bra
nas
úm
idas
e
róse
as; s
em v
aso
s sa
ng
uin
eos
pro
emin
ente
s o
u a
cúm
ulo
de
teci
do
ou
esc
lera
.
Co
nju
nti
vite
pál
ida.
Man
chas
de
Bit
ot.
Xer
ose
co
nju
nti
va (
secu
ra),
Xer
ose
có
rnea
(fa
lta
de
vid
a).
Cer
ato
mal
acia
(có
rnea
ad
elg
açad
a).
Ver
mel
hão
e fi
ssu
ras
no
s ep
ican
tos.
Arc
os
córn
eos
(an
el b
ran
co a
o r
edo
r d
o o
lho
).X
ante
lasm
a (p
equ
enas
bo
lsas
am
arel
adas
ao
red
or
do
s o
lho
s).
An
emia
(p
or
exem
plo
, fe
rro
).V
itam
ina
A.
Rib
ofl
avin
a e
pir
ido
xin
a.H
iper
lipid
emia
.
Olh
os
aver
mel
had
os
po
r ex
po
siçã
o a
o t
emp
o, f
alta
d
e so
no
, fu
mo
ou
álc
oo
l.
Láb
ios
Liso
s, s
em e
dem
as o
u ra
chad
uras
.Es
tom
atit
e an
gu
lar
(les
ões
ró
seas
ou
bra
nca
s n
os
can
tos
da
bo
ca).
Rib
ofl
avin
a.Sa
livaç
ão e
xces
siva
po
r co
loca
ção
err
ada
da
pró
tese
.
Lín
gu
aA
par
ênci
a ve
rmel
ha
pro
fun
da;
n
ão e
dem
acia
da
ou
lisa
.Lí
ng
ua
mag
enta
(p
úrp
ura
).Pa
pila
filif
orm
e at
rofi
ada
ou
hip
ertr
ofi
ada-
líng
ua
verm
elh
a.R
ibo
flav
ina.
Aci
do
fó
lico
. Nia
cin
a.Le
uco
pla
qu
ia.
Den
tes
Sem
cav
idad
es; s
em d
or;
b
rilh
ante
s.Es
mal
te m
anch
ado
.C
árie
s (c
avid
ades
) ,d
ente
s fa
ltan
do
.Fl
uo
rose
.A
çúca
r em
exc
esso
.
Má
ocl
usã
o.
Do
ença
per
iod
on
tal.
Háb
ito
s d
e h
igie
ne.
Gen
giv
asSa
ud
ávei
s ve
rmel
has
não
sa
ng
ran
tes
e se
m e
dem
a.Es
po
njo
sas,
san
gra
nd
o.
Gen
giv
as v
azan
tes.
Vit
amin
a C
.D
oen
ça p
erio
do
nta
l.
Glâ
nd
ula
sFa
ce n
ão e
dem
acia
da.
Au
men
to d
a ti
reó
ide
(ed
ema
da
fren
te d
o p
esco
ço).
Au
men
to d
a p
arat
ireó
ide
(man
díb
ula
s fi
cam
ed
emac
iad
as).
Iod
o.
Inan
ição
. Bu
lem
ia.
Au
men
to d
a ti
reó
ide
po
r al
erg
ia o
u in
flam
ação
.
Sist
ema
n
ervo
soEs
tab
ilid
ade
psi
coló
gic
a re
flex
os
no
rmai
s.
Alt
eraç
ões
psi
com
oto
ras.
Co
nfu
são
men
tal.
Perd
a se
nso
rial
.Fr
aqu
eza
mo
tora
.Pe
rda
do
sen
so d
e p
osi
ção
.Pe
rda
de
sen
sib
ilid
ade
vib
rató
ria.
Perd
a d
e co
ntr
ação
de
pu
nh
o e
to
rno
zelo
.Fo
rmig
amen
to d
e m
ãos
e p
és (
par
este
sias
).D
emên
cia.
Kw
ash
ioko
r.Ti
amin
a.N
iaci
na,
Vit
B12
.
Fon
te: H
amm
on
d, K
A -
Cap
ítu
lo 1
6, p
g. 3
62, i
n M
ahan
, LK
; Esc
ott
-Stu
mp
, S. A
limen
tos,
Nu
triç
ão &
Die
tote
rap
ia. e
d.1
0ª, 2
002.
61
2. Avaliação antropométrica e da composição corpórea
A avaliação antropométrica é um recurso essencial utilizado na determinação periódica do estado nutricional, como possíveis alterações de peso e de massa magra. Deve ser realizada no momento do diagnóstico de infecção pelo HIV, com seguimento anual ou semestral nos assintomáticos e em torno de duas a seis vezes ao ano nos sintomáticos ou mais frequentemente em alguns casos.
As medidas mais utilizadas são: peso, altura, prega cutânea do tríceps, e as circunferências do braço, cintura, quadril e mamas e são aplicadas em equações para determinar indicadores do estado nutricional e suas respectivas classificações.
2.1. Índice de Massa Corpórea (IMC)
IMC = P/A2
Classificação do IMC
Estado Nutricional IMC
Desnutrição G.III (grave) ≤ 16
Desnutrição G. II (moderada) 16 - 16,9
Desnutrição G. I (leve) 17 - 18,49
Eutrófico 18,5 - 24,9
Pré-Obeso 25 - 29,9
Obesidade G.I 30 - 34,9
Obesidade G.II 35 – 39,9
Obesidade G.III ≥ 40,0
Fonte: Organização Mundial de Saúde (OMS),1998.
Em caso de perda de peso significativa, há necessidade de se investigar o grau do comprometimento do risco nutricional, por meio da análise destes indicadores:
A. Desvio Atual do Peso em Relação ao Ideal (% PI)
%PI = PA/PH x 100
Classificação da Porcentagem de Peso Ideal
%PI Grau de depleção
80 a 90% Desnutrição leve
70 a 80% Desnutrição moderada
<70% Desnutrição grave
Fonte: Grant, 1981
As alterações no peso corporal em relação ao ideal representam inadequação da ingestão calórica. A perda de peso reflete a imediata incapacidade do indivíduo de atender suas necessidades nutricionais e pode significar risco nutricional (BERNARD, 1988).
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids62
B. Desvio do Peso Atual em Relação ao Habitual (%PH)
Classificação da Porcentagem de Peso Habitual
%PH Grau de depleção
85 a 90% Desnutrição leve
75 a 84% Desnutrição moderada
<75% Desnutrição grave
Fonte: Grant,1981
A relação entre o peso atual e o habitual, como apreciação do estado nutricional, constitui índice ponderal bastante interessante, pois permite um acompanhamento a longo prazo da evolução do peso em um mesmo indivíduo. Contudo, a perda de peso não permite precisar ao nível de que compartimento se efetuou tal variação (lipídico, hídrico ou protídico). Somente exames clínicos complementares poderão informar este dado (BERNARD,1988).
C. Perda Ponderal Recente ou Perda de Peso (%PP)
%PP = PH - PA/PH x 100
Classificação da Porcentagem de Perda de Peso
Leve Moderada Intensa
< 5% / 1 mês < 2% / 1 semana > 2% / 1 semana
< 7,5% / 3 meses > 5% / 1 mês > 20% / 6 meses
< 10% / 6 meses > 7,5% / 3 meses
> 10% / 6 meses
Fonte: Carvalho, 1992
A determinação da porcentagem de perda de peso reflete diretamente a extensão da doença, sendo mais grave quando se perde mais de 20% do peso em 6 meses (CARVALHO, 1992).
2.2. Medida da Espessura das Dobras Cutâneas
A medida do tecido adiposo subcutâneo é obtida através do uso de um compasso de dobras cutâneas (adipômetro). É a técnica que estima indiretamente a reserva de tecido adiposo corporal, e conseqüentemente, as reservas corporais de calorias. Como estes estoques se alteram lentamente na desnutrição, ele reflete a ingestão nutricional inadequada crônica (CARVALHO, 1992). É atualmente um dos métodos mais simples, fácil e preciso para se avaliar a composição corporal, correlacionando-se satisfatoriamente com outros métodos (pesagem hidrostática, bioimpedância, densitometria óssea). A principal dobra utilizada é a triciptal, que podem ser obtida por meio da técnica descritas em TBW (1999) e pode ser analisada isoladamente aplicando tabela de percentis (FRISANCHO, 1981) com a seguinte classificação:
63
Classificação da Prega Cutânea do Tríceps (PCT)
Percentil Classificação
< 5º Desnutrição
5º - 15º Risco para desnutrição
15º - 85º Eutrofia
> 85º Obesidade
Fonte: Frisancho, 1990
A. Circunferência do Braço (CB)
Essa medida corresponde ao compartimento adiposo somado ao muscular mais o osso do braço do indivíduo. Utiliza-se como referência a tabela de percentis de Frisancho (1981). Em nossa rotina este dado só é utilizado para determinação da circunferência muscular do braço e para classificação:
Classificação da Circunferência do Braço
Percentil Classificação
< 5º Desnutrição
5 – 15º Risco para desnutrição
15 – 85º Eutrofia
> 85º Obesidade
Fonte: Frisancho, 1990
B. Circunferência Muscular do Braço (CMB)
Utilizada para avaliar a reserva muscular ou massa corpórea magra (massa muscular e osso), tendo como referência a tabela de Frisancho (1981). Pode ser obtida através da fórmula:
CMB = CB - (0,314 x PCT)
Com os seguintes pontos de corte:Classificação da Circunferência Muscular do Braço (CMB)
Percentil Classificação
< 10 Desnutrição
10 – 90º Eutrofia
> 90º Obesidade
Fonte: Frisancho, 1981
Em pacientes com aids, a CMB usualmente encontra-se diminuída, indicando degradação da proteína muscular (especialmente de aminoácidos de cadeia ramificada), que ocorre juntamente com a depleção de potássio.
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids64
2.3. Circunferência da Cintura e Quadril
A circunferência da cintura pode ser interpretada isoladamente, porque parece predizer melhor o tecido adiposo visceral e tem-se observado sua utilização na prática clínica atual, merecendo, no entanto, ainda maiores investigações devido à falta de referências em diferentes populações (CUPPARI, 2002). O quadro abaixo apresenta valores de referência de circunferência da cintura associados ao desenvolvimento das complicações da obesidade.
Risco de Complicações Metabólicas Associadas à Obesidade
Elevado Muito elevado
Homem ≥ 94 cm ≥ 102 cm
Mulher ≥ 80 cm ≥ 88 cm
Fonte: OMS, 1998
Esta medida pode, também, ser utilizada para o cálculo da razão cintura/quadril.
2.4. Razão Cintura/ Quadril
É o índice mais utilizado para averiguar o tipo de distribuição de gordura, que é parcialmente independente da adiposidade total. A circunferência da cintura se determina na área mais estreita, acima do umbigo, e a do quadril, sobre a protusão máxima dos glúteos e tem como classificação:
Classificação da Relação Cintura/Quadril (RC/Q)
Sexo Valores Normais Valores de Risco
Masculino < 0,9 ≥ 0,9
Feminino < 0,85 ≥ 0,85
Fonte: FLASO (1998)
Os valores superiores são considerados fatores de risco para doenças cardiovasculares, apresentando correlação positiva com a mortalidade cardiovascular, em homens e mulheres (ASSIS,1997).
2.5. Circunferência do Busto
Um dos principais sintomas da lipodistrofia, em mulheres, é o acúmulo de gordura na região do busto. Essas medidas devem ser feitas a cada consulta e comparadas com os resultados das anteriores, conhecendo assim a sua evolução. Outra forma de saber se esta alteração está ocorrendo é perguntando à paciente se houve alteração no tamanho de seu sutiã (CONFRANCESCO, 2000).
2.6. Bioimpedância
Baseia-se em um princípio elétrico, isto é, na passagem de uma corrente elétrica de baixa intensidade e freqüência fixa pelo corpo do indivíduo, determinando-se a resistência (impedância) oferecida pelos diversos tecidos do organismo. Sendo, portanto, um método muito sensível às variações do estado hídrico do paciente avaliado, uma vez que 75% da musculatura é formada por água e o índice de
65
hidratação da gordura é praticamente zero (menor 10%), resultando na condução da corrente elétrica mais facilmente no músculo do que na gordura. Desta forma, estima-se a porcentagem de gordura, massa magra, água corporal total e metabolismo energético basal diário do indivíduo.
A OMS estabeleceu, para a população geral, como padrão de obesidade os valores de gordura percentual acima de 25% para homens e 30% para mulheres.
2.7. Avaliação da composição corporal de pacientes que não deambulam
Várias medidas alternativas podem oferecer valores para a estimativa de altura e peso de indivíduos sem possibilidade de ficar em pé, para que com estes dados seja possível a mínima avaliação da composição corporal destes pacientes. O método para obtenção desses dados é:
Estimativa de altura e peso para pacientes que não deambulam
Para a estimativa de estatura utiliza-se a altura do joelho (AJ), que com o paciente sentado com os pés apoiados no chão, mede-se a altura do joelho em relação a altura do chão, a partir do ponto ósseo externo logo abaixo da rótula (cabeça da tíbia) até a superfície do chão. A partir da AJ calcula-se o equivalente de estatura:
Mulheres
Altura = (1,83 x AJ) – (0,24 x idade) + 84,88
Homens
Altura = (2,02 x AJ) – (0,04 x idade) + 64,19
E para estimar o peso de indivíduos confinados ao leito, utiliza-se a circunferência da panturrilha, que com o indivíduo deitado, posição supina, joelho esquerdo dobrado, formando um ângulo de 90º, mede-se a circunferência da panturrilha (CP) no ponto mais volumoso. Essa medida é utilizada com 3 outros valores (AJ, CB, prega cutânea subescapular - PCSE) para chegar-se ao peso estimado, através da equação (WILLIANS, 1994):
Mulheres
Peso = (1,27 x CP) + (0,87 x AJ) + (0,98 x CB) + (0,4 x PCSE) – 62,35
Homens
Peso = (0,98 x CP) + (1,16 x AJ) + ( 1,73 x CB) + (0,37 x PCSE) – 81,69
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids66
3. Avaliação bioquímica
Os exames bioquímicos são as medidas mais objetivas do estado nutricional, entretanto a precisão e exatidão dos resultados sofrem várias interferências que afetam a validade dessas medidas. Das opções de exames existentes elege-se os que são preditivos e confirmatórios de um estado nutricional inadequado.
3.1. Hemoglobina e Hematócrito
Estão normalmente diminuídos como resultado do processo viral, do efeito colateral da terapia pelo AZT e do estado de anemia crônica. Suplementação de ferro não é indicada, a menos que exista carência deste elemento.
Valores Normais de Hemoglobina e Hematócrito
Mulheres Homens
Hemoglobina 12 - 16 g/dL 13,5 - 18,0 g/dL
Hematócrito 38 - 47% 40 - 54%
3.2. Perfil Lipídico
Triglicérides estão freqüentemente elevados, pelas razões anteriormente expostas, e seus valores de referência são:
Valores de Triglicérides
Valores (mg/dL) Classificação
< 150 Normal
150 – 199 Limítrofe
200 – 499 Alto
≥ 500 Muito alto
NCEP, 2001
Colesterol está freqüentemente elevado, na maioria das vezes devido ao hábito alimentar do paciente, mas pode ser causado também por efeito colateral dos medicamentos no tratamento da infecção do HIV. Seus níveis devem ser controlados devido ao alto risco cardiovascular. Seus valores de referência são:
Classificação do Colesterol Total
Valores (mg/dL) Classificação
< 200 Desejável
200 – 239 Limítrofe
≥ 240 Alto
NCEP, 2001
67
Classificação do LDL - Colesterol
Valores (mg/dL) CLASSIFICAÇÃO
< 100 Ótimo
100 – 129 Bom
130 – 159 Limítrofe
160 – 189 Alto
≥ 190 Muito Alto
NCEP, 2001
Classificação do HDL – Colesterol
Valores (mg/dL) Classificação
< 40 Alto risco
≥ 60 Baixo risco
NCEP, 2001
3.3. Albumina, Pré-albumina, Transferrina e Proteínas Totais
Definem os estoques protéicos do organismo, por isso podem ser utilizados para monitorar alterações no estado protéico visceral. Estão geralmente diminuídos como uma indicação de má nutrição e secundariamente a processos infecciosos oportunistas.
A albumina é um indicador pouco sensível de desnutrição, pois a reserva corporal é grande e essa proteína possui uma meia-vida longa (20 dias); assim, seus níveis tanto podem cair vagarosamente, quanto recuperar-se também lentamente, com as alterações nutricionais. É importante observar que outros fatores não nutricionais podem afetar os níveis de albumina sérica, tais como estresse, traumatismos, cirurgias e aumento do líquido extra-celular.
A pré-albumina é uma proteína depletada precocemente em qualquer estado hipermetabólico bruscamente estabelecido uma vez que tem uma vida média de dois dias e uma reserva corporal bem pequena.
A transferrina é o parâmetro nutricional mais sensível, pois sua vida média é menor que a albumina (8 dias), bem como suas reservas orgânicas.
A proteína ligada ao retinol é outro marcador bastante sensível do estado nutricional porque possui uma meia-vida de 12 horas.
Pelo exposto, percebe-se que os melhores parâmetros para análise da massa protéica visceral são a pré-albumina, a transferrina e a proteína ligada ao retinol. Todavia, esses exames não são realizados rotineiramente na avaliação bioquímica do estado nutricional.
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids68
Interpretação dos Resultados de Depleção de Proteínas Viscerais
Grau Albumina Pré-Albumina Transferrina Prot. Totais
Normal >3,5 mg/dL15,7 - 29,6
mg/dL250 - 300 mg/dL 6,5 - 8,0 g%
Leve 3,0 - 3,5 10 – 15 180 - 200 6,0 - 6,5
Moderado 2,1 - 3,0 5 – 10 100 - 150 5,3 - 6,0
Grave < 2,1 <5 <100 <5,3
(ANTUNES, 1994)
Estes dados devem ser considerados em conjunto com a medida da CMB, para confirmar ou não a existência de depleção protéica.
3.4. Glicose
Tanto hiper quanto hipoglicemia podem ocorrer. Os pacientes que estão sendo tratados com pentamidina para Pneumonia por Pneumocystis carinii (PCP) podem apresentar hipoglicemia. A hiperglicemia pode também ocorrer por resistência secundária a insulina que é normalmente associada com dislipidemias, obesidade abdominal e diminuição da gordura subcutânea (DUBE, 2000); por efeito colateral de outras medicações, tais como os esteróides anabólicos e secundária ao diabetes.
Classificação da Glicemia
Valores (mg/dL) Classificação
70 – 110 Normal
110 – 125 Limítrofe
> 125 Alto
3.5. Uréia nitrogenada no sangue e creatinina
Tanto o comprometimento renal quanto o hepático podem ocorrer nos pacientes com aids. Ambos podem ocorrer secundariamente à infecção pelo HIV; nefrite ou hepatite; drogas nefrotóxicas ou hepatotóxicas; e insuficiência renal e/ou hepática previamente existentes.
Valores Normais de Uréia e de Creatinina
Valores normais
Uréia nitrogenada no sangue 8 - 25 mg/dL
Creatinina 0,6 - 1,2 mg/dL
(ANTUNES, 1994)
69
MICRONUTRIENTES
Vitamina/ Mineral Fontes Função
A (Retinol)
Brócolis, espinafre, abóbora, batata-doce, folhas de beterraba,
tomate, melancia, couve, repolho,couve-flor. Fígado,
rins, óleo de fígado de bacalhau, manteiga,
margarina, queijo, ovos, cenouras, vegetais amarelos
e verde-escuros.
Essencial para o crescimento, olhos
saudáveis e para manter a pele macia.
B1 (Tiamina)
Cereais, gérmen de trigo, aveia, brotos de feijão, arroz integral, carne,
batatas, grãos, vegetais e legumes.
Essencial para a liberação de energia.
B12 (Cianocobalamina)
Carne, fígado, rim, ovos, cereais, brotos, grãos, leite
e queijo.
Proporciona energia e mantém o sistema nervoso
saudável. Essencial para a formação das células vermelhas do sangue.
B2 (Riboflavina)
Leite e derivados, fígado, rim, brotos e grãos, queijo, ovos, brócolis e espinafre.
Essencial para a liberação de energia.
B5 (Ácido
Pantotênico)
Vegetais, fígado, rim, ovos, arroz integral, cereais
integrais.
Essencial para a liberação de energia de gorduras e
carboidratos.
B6 (Piridoxina)
Brotos, grãos, aveia, fígado.
Utilizada no metabolismo de proteínas e
aminoácidos ajuda a manter sistema nervoso
e células do sangue saudáveis.
B9 (Ácido Fólico)
Verduras, cenoura, fígado, ovos, soja, abacate, laranja,
feijão, trigo integral.
Necessária para o crescimento normal e
reprodução das células do organismo.
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids70
MICRONUTRIENTES (cont.)
Vitamina/ Mineral Fontes Função
C
Frutas especialmente laranjas (frutas cítricas), hortaliças brócolis, couve-flor, maçã
repolho, batatas.
Age como antioxidante para
controlar a formação de radicais livres.
D
Óleo de fígado de peixes, peixes gordurosos,
margarina, ovos, exposição ao sol e algumas frutas como
a banana.
Necessária para absorção de cálcio da dieta para a corrente sanguínea e para o depósito de cálcio
nos ossos.
KVegetais de folhas verdes,
couve-flor.Usada na formação
das células do sangue
B3 (Niacina)
Folhas verdes, brotos e grãos, leite e derivados. Levedo de cerveja, farelo de trigo, rim,
frango, soja.
Essencial para a liberação de energia.
E
Principalmente no gérmen de trigo. Também encontrada
nos cereais, nas folhas verdes. Óleo de gérmen de trigo,
óleo de girassol, sementes, amêndoas, amendoim, gema
de ovo, espinafre (folhas verdes), grãos de soja, cereais,
beterraba e salsão.
Age como antioxidante
protegendo as células de danos e mantendo os
vasos sanguíneos saudáveis. É a maior
defesa contra o envelhecimento.
BetacarotenoCenoura, batata doce, pimentas, abóbora e
espinafre.
É transformado em vitamina A pelo
organismo quando necessário. Age no controle da
formação de radicais livres, que podem
danificar as células, é antioxidante (contra o envelhecimento).
BiotinaOvos, laticínios, cereais,
peixes.
Participa como co-enzima em várias reações
metabólicas. Ajuda no metabolismo das
gorduras.
71
MICRONUTRIENTES (cont.)
Vitamina/ Mineral Fontes Função
Cálcio
Leite, queijo, couve, sardinha, vegetais de folhas verdes e
sementes, salsinha, gergelim, sementes de girassol e as
algas marinhas.
Essencial para o crescimento e manutenção dos
ossos, contração dos músculos, e coagulação
sanguínea.
CobreVegetais verdes, peixe,
fígado, cereais integrais, cenoura, levedo de cerveja.
Necessário para um sistema nervoso e
sanguíneo saudável.
Ferro
Carnes, vísceras, vegetais de folhas verde-escuras,
leguminosas, gema-de-ovo, fígado e espinafre.
Ferro no organismo participa na formação de hemoglobina que
carrega o oxigênio pelo organismo e também é necessário para a proteína muscular.
Fósforo
Levedura de cerveja, leguminosas, centeio, grãos, frutas cítricas. Presente na
maioria dos alimentos.
Essencial para ossos e dentes saudáveis e
para o fornecimento de energia.
IodoAgrião, rabanete, gérmen de trigo,leite, vegetais e óleos de
peixes.
Ingrediente essencial para o funcionamento
normal da tiróide.
Magnésio
Peixes, vegetais de folhas verdes, gérmen de
trigo,grãos, cereais, cenoura, maçã, beterraba, cenoura,
brócolis.
Ajuda na função de músculos e nervos.
Mantém o metabolismo estável. Contra doenças
cardíacas.
NiacinaLevedo de cerveja, farelo de
trigo, rim, frango, soja.Essencial para a
liberação de energia.
Selênio Castanha-do-pará.Agente anticâncer e
protetor do coração.
Zinco Carne, cogumelos, ovos, levedo de cerveja.
Necessário para a produção de enzimas
e manutenção das células.
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids72
TABELAS DE ALIMENTOS DE ÉPOCA
1. VERDURAS E LEGUMES
Mês
Alimentos
jan
eiro
feve
reir
o
mar
ço
abri
l
mai
o
jun
ho
julh
o
ago
sto
sete
mb
ro
ou
tub
ro
no
vem
bro
dez
emb
ro
Abóbora
Abobrinha
Acelga
Agrião
Alface
Alho Porró
Almeirão
Aspargo
Batata Doce
Berinjela
Beterraba
Brócolis
Cará
Cebolinha
Cenoura
Chicória
Chuchu
Cogumelo
Couve
Couve-Flor
73
Mês
Alimentosja
nei
ro
feve
reir
o
mar
ço
abri
l
mai
o
jun
ho
julh
o
ago
sto
sete
mb
ro
ou
tub
ro
no
vem
bro
dez
emb
ro
Erva-Doce
Ervilha
Escarola
Espinafre
Feijão
Gengibre
Inhame
Jiló
Mandioca
Mandioqui-nha
Maxixe
Milho Verde
Mostarda
Nabo
Palmito
Pepino
Pimenta
Pimentão
Quiabo
Rabanete
Repolho
Rúcula
Salsa
Salsão
Tomate
Vagem
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids74
2. FRUTAS
Mês
Alimentos
jan
eiro
feve
reir
o
mar
ço
abri
l
mai
o
jun
ho
julh
o
ago
sto
sete
mb
ro
ou
tub
ro
no
vem
bro
dez
emb
ro
Abacate Abacaxi Ameixa Banana Maçã
Banana-Nanica
Banana-Prata
Cajú Cáqui Figo
Fruta-do-Conde
Goiaba Jabuticaba
Jaca Laranja Laranja-
Lima
Laranja-Pêra
Limão Limão Galego
Limão Taiti Maçã
Mamão
75
Mês
Alimentos
jan
eiro
feve
reir
o
mar
ço
abri
l
mai
o
jun
ho
julh
o
ago
sto
sete
mb
ro
ou
tub
ro
no
vem
bro
dez
emb
ro
Mamão Hawaii
Manga Macarujá
Doce
Melancia Melão
Amarelo
Morango Nectarina Néspera
Pêra Pêssego
Tangerina Tangerina-
Ponkan
Uva-Itália Uva-
Niágara
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids76
77
Bibliografia
American Academy of Pediatrics Manual de nutrição pediátrica. São Paulo: Pharmapress Edições Ltda, 1992.
Antunes, MC; Silva, MA; Lima, MBC. Determinantes do estado nutricional em pacientes com AIDS. JBM, 67:209-20, 1994.
Barbosa, Rosana Mendes Reis e Fornes, Nélida Schmid. Avaliação nutricional em pacientes infectados pelo Vírus da Imunodeficiência Adquirida. Rev. Nutr., out./dez. 2003, vol.16, no.4, p.461-470. ISSN 1415-5273.
Barlett JG. Guia de bolso do tratamento clínico da infecção pelo HIV. Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins; 2002.
Bassichetto, KC; Piloto, HF. Roteiro de Atendimento Ambulatorial de Nutrição para Adultos Vivendo com HIV/Aids. JBA; 3(1):7-31, 2002.
Carvalho, EB. Manual de Suporte Nutricional. São Paulo: Medsi, 1992.
Cozzolino SMF. Biodisponibilidade de minerais. Revista Nutrição PUCCAMP. Campinas 10(2):87-98; 1997.
Cuppari, L. Nutrição clínica no adulto. São Paulo: Manole, 2000.
Coutsoudis, A. The relationships between Vitamin A deficiency and HIV infection: review scientifics studies. Food and Nutrition Bulletin, 22(3): 235-247.2001.
de Angelis, RC. Fome Oculta - Impacto para a população do Brasil. São Paulo: Ed. Atheneu, 1999.
de Angelis, RC. Importância de Alimentos Vegetais na Proteção da Saúde: fisiologia da nutrição protetora e preventiva de enfermidades degenerativas. São Paulo: Editora Atheneu, 2001.
de Angelis, RC; Ctenas, MLB. Boletim Sadia de recomendações nutricionais, 1994.
Diniz,A. S. Combate à deficiência de Vitamina A: linhas de ação e perspectivas. Revista Brasileira Materno Infantil. Recife, 1(1): 31-36, jan-abr, 2001.
Dwyer, J. Convergence of plant-rich and plant-only diets. Am J Clin Nutr 70 (suppl):620S-2S, 1999.
Editora de Publicações Biomédicas Dicionário de administração de medicamentos na enfermagem (DAME) 2003-2004. Rio de Janeiro: EPUB; 2002, 3 ed.
Escott- Stump, S. Nutrição relacionada ao diagnóstico e tratamento. São Paulo: Manole,1999, 4.ed.
Federación Latinoamericana de Sociedades de Obesidad (FLASO) Consenso Latinoamericano de Obesidade – Documento Final, Rio de Janeiro, 1998.
Figueiredo, José Fernando de Castro, Lorenzato, Mário Müller, Silveira, Suzana Aparecida et al. Sobrevida e processos infecciosos em pacientes com AIDS: análise de acordo com os níveis séricos iniciais de vitamina A. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., set./out. 2001, vol.34, no.5, p.429-435. ISSN 0037-8682.
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids78
Figueiredo, Rosely Moralez de, Sinkoc, Verônica Maria, Tomazim, Cybele Cristina et al. Adesão de pacientes com AIDS ao tratamento com antiretrovirais: dificuldades relatadas e proposição de medidas atenuantes em um hospital escola. Rev. Latino-Am. Enfermagem, 2001, vol.9, no.4, p.50-55. ISSN 0104-1169.
Fett, Carlos, Ciência da Suplementação Alimentar, Rio de Janeiro, 2° edição, Sprint, 2002 (livro todo)
Flandrin, JL e Montanari, M. História da Alimentação. São Paulo: Estação Liberdade, 1998.
Fonseca. M. Cristina S., Barros, Eunice, Saúde Alternativa, Belo Horizonte: Editora Fumarc, 2001
Franco, Guilherme, Tabela de Composição Química dos Alimentos, 9° edição, São Paulo, 1999 (livro todo)
Franco, B.D.G.M e Landgraf, M., Microbiologia Dos Alimentos, SP, Atheneu, 1996 (livro todo)
Frisancho, AR. Anthropometric standards for the assessment of growth and nutritional status The University of Michigan Press, 1990.
Frisancho, AR. New norms of upper limb fat and muscle areas for assessment of nutritional status. Amer. J. Clin. Nutr.; 34:2540, 1981.
Gadelha, Ângela J., Accacio, Náurea, Costa, Regina L.B. et al. Morbidade e sobrevida em AIDS avançada no Rio de Janeiro, Brasil. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo, jul./ago. 2002, vol.44, no.4, p.179-186. ISSN 0036-4665.
Gallicano K et al. Effect of short-term administration of garlic supplements on single-dose ritonavir pharmacokinetics in healthy volunteers. Clinical Investigation Unit, Ottawa, Canada. BR J Clin Pharmacol. 2003 Feb;55(2):199-202.
Galvão, Marli Teresinha Gimeniz. Avaliação do comportamento e das atitudes dos portadores de HIV, doentes ou não: comparação entre indivíduos adultos do sexo masculino e feminino. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., jul./ago. 1999, vol.32, no.4, p.453-454. ISSN 0037-8682.
Garcia, EM. Atendimento Sistematizado em Nutrição. Rio de Janeiro: Atheneu, 2002.
Grant, JP, et al. Técnicas atuais para avaliação nutricional. In: MULLEN, JP, et al. Clínica Cirúrgica da América do Norte. Rio de Janeiro: Interamericana, 1981. p.448-50.
Grupo de Estudos de Nutrição e Aids (GENA) Proposta de distribuição de porções por grupos alimentares para pacientes com HIV/AIDS. Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, 1999 (mimeo).
Haddad, EH et al. Dietary intake and biochemical, hematologic, and immune status of vegans compared with nonvegetarians. Am J Clin Nutr 70(suppl):586S-93S. 1999.
In: Shils ME, Olson JA, Shike M, Ross AM Tratado de nutrição moderna na saúde e na doença. Barueri: Manole; 2003.
Jenkins DJA, Wolever TMS, Jenkins AL. Fibra e outros fatores dietéticos que afetam absorção e o metabolismo dos nutrientes.
Kachani, AT; Fisberg, M. Kashrut: Uma Revisão Bibliográfica. Disponível em http://www.nutrociencia.com.br
Korolkovas A, França FFAC de. DICIONÁRIO TERAPÊUTICO GUANABARA. Guanabara Koogan, 2000/2001. Claritromicina diminui o tempo para atingir a concentração máxima de AZT.
Lignani Junior, Luiz, Greco, Dirceu Bartolomeu e Carneiro, Mariangela. Avaliação da aderência aos anti-retrovirais em pacientes com infecção pelo HIV/Aids. Rev. Saúde Pública, dez. 2001, vol.35, no.6, p.495-501. ISSN 0034-8910.
Longo, Elsa N. , Manual Dietoterápico, 2° edição, Porto Alegre: Artmed, 2002.
Louwman, M.W.J et al Signs of impaired cognitive function in adolescents with marginal cobalamin status Am J Clin Nutr; 72:762-9, 2000.
79
Maclaren,D.S.;Frigg,M. Manual de ver y vivir sobre los transtornos por deficiência de Vitamina A (VADD). OPAS,1999.143 p.
Mahan, LK; Escott-Stump, S. Alimentos, Nutrição & Dietoterapia. São Paulo: Ed. Rocca, 2002 10 ed..
Mahan, L. Kathlen, Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia, 9° edição, São Paulo: Roca, 1998; 63-74, 847-848
Malbergier, André e Schoffel, Adriana C. Tratamento de depressão em indivíduos infectados pelo HIV. Rev. Bras. Psiquiatr., set. 2001, vol.23, no.3, p.160-167. ISSN 1516-4446.
Martins C, Moreira SM, Pierosan SM. Interações droga e nutriente. Curitiba: Nutroclínica; 2003. 2 ed.
Martins, C; Abreu, SS. Pirâmide de Alimentos – manual do educador, Curitiba: Nutroclínica, 1997.
Ministério da Saúde - Programa Nacional de DST e Aids. Aconselhamento em DST/HIV/Aids para a Atenção Básica. Brasília: MS, 2003
Ministério da Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Recomendações para terapia anti-retroviral em adultos e adolescentes infectados pelo HIV. Brasília, 2004.
Monteiro, Jacqueline Pontes, Cunha, Daniel Ferreira da, Cunha, Selma Freire de Carvalho da et al. Resposta de fase aguda, subnutrição e estado nutricional do ferro em adultos com AIDS. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., mar./abr. 2000, vol.33, no.2, p.175-180. ISSN 0037-8682
NAM Nutrition. Information series for HIV-positive people. London: NAM, 2003. (disponível em http://www.aidsmap.com/publications/infoseries/nutrition.pdf)
National Cholesterol Education Program Third report of the NCEP Expert Panel on Detection, Evaluation and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults – executive summary, National Institutes of Health Publication No. 01-3670, 2001.
Pau, AK. Toxicidades sérias e potencialmente letais associadas à terapia anti-retroviral. São Paulo: Science Press Brasil-Latin American Ltda. 2003.
Perin, Nilza Medeiros, Pires, Maria Marlene de Souza e Nassar, Sílvia Modesto. Absorção intestinal de D-xilose em crianças infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana. Arq. Gastroenterol., out./dez. 2001, vol.38, no.4, p.261-268. ISSN 0004-2803.
Perkins DO, Leserman J, Stern RA, Baum SF, Liao D, Golden RN, et al., Somatic symptoms and HIV infection: relationship to depressive symptoms and indicators of HIV disease. Am J Psychiatry 1995;152:1776-81.
Philippi, ST et al Pirâmide alimentar adaptada In: De Angelis, RC. Fome Oculta: impacto para a população do Brasil, São Paulo, Atheneu, 1999.
Piscitelli SC et al. Indinavir concentrations and St. John´s Wort – NIH- National Instututes of Health and HIAID-National Institute of Allergy and Intectious Diseases. Lancet, vol. 355, nº 9203, 12 fev. 2000.
Piscitelli SC et al. The effect of garlic supplements on the pharmacokinetics of saquinavir. Clinical Infectious Diseases. 2002 Jan 15;34(2):234-8. Epub 201 Dec 05.
Rachid, M; Schechter, M. Manual de HIV/AIDS. Rio de Janeiro: Revinter, 2001.
Refsum, H; Staveren, WAV. Signs of impaired cognitive function in adolescents with marginal cobalamin status. Am J Clin Nutr 72:762-9, 2000.
Rodriguez, RP. Manual de Nutrición Y SIDA. Madrid: Nilo, 2002, 3ª Ed.
Salgado, JM. Pharmácia de Alimentos: Recomendações para prevenir e controlar doenças. São Paulo: Madras Editora Ltda, 2001.
Salgado, JM. Previna doenças - Faça do alimento o seu medicamento. São Paulo: Madras Ed. Ltda, 1999.
Sawaya, AL; Solymos, GMB. Abordagem Clínica e Preventiva - Vencendo a Desnutrição, São Paulo: Salus Paulista, 2002.
Manual Clínico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIVMinistério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Programa Nacional de DST/ Aids80
Silveira, Suzana Aparecida, Figueiredo, José Fernando de Castro, Jordao Junior, Alceu et al. Subnutrição e hipovitaminose A em pacientes com AIDS. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., mar./abr. 1999, vol.32, no.2, p.119-124. ISSN 0037-8682.
Sociedade Brasileira de Cardiologia - Departamento de Aterosclerose III Diretrizes Brasileiras sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose. Arquivos Brasileiros de Cardiologia 77 (suplementoIII), 2001.
Souza, Terezinha Coelho, Alimentos: propriedades físico-químicas, 2° edição, Rio de Janeiro: Cultura Médica, 2001.
Stump, SE. Nutrição Relacionada ao Diagnóstico e Tratamento. São Paulo: Manole, 1997, p.565-69
TBW. Avaliação da Composição Corporal por Bioimpedância: uma nova perspectiva. 2000.
TBW. Manual de Instruções do Compasso de Dobras Cutâneas LANGE. São Paulo: TBW, 1999.
Torres, EAFS. Alimentos do Milênio – A importância dos transgênicos, funcionais e fitoterápicos para a saúde. São Paulo: Editora Signus. 2002.
Tunala, Leticia Gaspar. Fontes cotidianas de estresse entre mulheres portadoras de HIV. Rev. Saúde Pública, ago. 2002, vol.36, no.4, supl, p.24-31. ISSN 0034-8910.
Ulla, Sara e Remor, Eduardo Augusto. Psiconeuroimunologia e infecção por HIV: realidade ou ficção?. Psicol. Reflex. Crit., 2002, vol.15, no.1, p.113-119. ISSN 0102-7972.
Valente, FLS. Direito Humano à Alimentação - desafios e conquistas. São Paulo: Ed.Cortez, 2002.
Vasconcellos, Doris, Picard, Odile e Ichai, Sarah Cohen. Condições psicológicas para a observação das terapias antiretrovirais altamente ativas (HAART). Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul, ago. 2003, vol.25, no.2, p.335-344. ISSN 0101-8108.
Zhou S, Chan E, Pan SQ Huang M, Lee EJ – Pharmacokinetic interactions of drugs with St John´s wort – Department of Pharmacy, Faculty of Science, National University of Singapore. J.Psychpharmacol. 2004 Jun; 18 (2): 262-76
Equipe de Elaboração:
Anelise Rízzolo de Oliveira Pinheiro – CGPAN/DAB/SAS/MS
Cristina Santiago – Clínica Nossa Sra da Conceição – Belo Horizonte/MG
Kátia Carvalho Abreu – PN DST/Aids/SVS/MS
Kátia Cristina Bassichetto – DST/AIDS Cidade de São Paulo -SMS/PMSP
Maria de Fátima Cruz Correia de Carvalho - CGPAN/DAB/SAS/MS
Colaboradores:
Denise Arakaki Sanchez – PN DST/Aids/SVS/MS
Edina Tramarin Trovões - DST/AIDS Cidade de São Paulo - SMS/PMSP
Elenice Maria Morales - DST/AIDS Cidade de São Paulo - SMS/PMSP
Helga Fuchs Piloto - DST/AIDS Cidade de São Paulo - SMS/PMSP
Janice Chencinski - DST/AIDS Cidade de São Paulo - SMS/PMSP
Kelva Karina Nogueira de Carvalho de Aquino – CGPAN/DAB/SAS/MS
Manja Henriette Ahrens -PN DST/Aids/SVS/MS
Nacle Nabak Purcino – DST/AIDS Campinas/SP
Ronaldo Hallal - PN DST/Aids/SVS/MS
Roseane do Socorro Gonçalves Viana – CGPAN/DAB/SAS/MS
Revisão Final
Dillian Goulart – CGPAN/DAB/SAS/MS
Liliana Pittaluga -PN DST/Aids/SVS/MS
Michele Lessa Oliveira – CGPAN/DAB/SAS/MS
Patricia Chaves Gentil – CGPAN/DAB/SAS/MS
Tais Oliveira Porto – CGPAN/DAB/SAS/MS
Anotações
Anotações
Anotações
Anotações
Anotações
Anotações
top related