manejo de plantas daninhas

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Plantas daninhas: Biologia, importância e controle

Prof. Ednei PiresEspecialista em Educação Ambiental

Engenheiro agrônomo

MIP – Prof. Ednei Pires. Contato: (77) 9103-3807

Conceitos

- Planta que ocorre onde não é desejada (SHOW, 1956);

- Plantas cujas vantagens ainda não foram descobertas;

- Interferem com os objetivos do homem ,em determinada situação,

(FISHER, 1973).

Conceito geral

Plantas que interferem no desenvolvimento e manejo de outras

plantas desejáveis, num determinado período, reduzindo a

produção e qualidade de seus produtos.

Nomenclaturas- Plantas silvestres ? - Espontâneas ? - Ervas daninhas ? – 20% não são herbáceas

(LORENZI,1991) - Plantas invasoras ? - Mato

Foto: UESB, 2012 (Cyperus rotundus) Foto: KISSMANN, 1997 (Cynodon dactiylon)

MatologiaNenhuma espécie de planta, “isolada”, pode ser

considerada daninha

Conhecimento da flora infestante

Aproveitamento de características desejáveis das plantas daninhas

Manejo de um banco de sementes

Origem das plantas daninhasO homem é, provavelmente, o responsável pela

evolução das plantas daninhas, assim como é também

pelas plantas cultivadas (MUSICK, 1970).

Plantas daninhas comuns não possuem habilidade de

sobreviver em condições adversas.

Verdadeiras apresentam características especiais de

reprodução, além de uma ampla diversidade genética.

Importância das plantas espontâneas

Proteção e enriquecimento do solo

Reduz a germinação de novas espécies daninhas

Fixação de N através de bactérias em simbiose

Espécies que apresentam valor culinário -Beldroega (Portulaca oleracea),

serralha (Sanchus oleracea) e o carurú (Amaranthus retroflexus).

Fotos: Escola Superior Agrícola de Coimbra

• Espécies que produzem óleos essenciais - patchouli (Pogostemon pacthouli) e a lavanda (Lavandula spp).

• Espécies de valores cosméticos ou farmacêuticos- quebra-pedra (Phyllanthus niruri).

• Plantas de uso forrageiro etc.

Importância das plantas espontâneas

Espécies indicadoras de fertilidade

Amendoim bravo ou leiteiro (Euphorbia heterophylla)

Desequilíbrio entre nitrogênio (N) e micronutrientes, sobretudo molibdênio (Mo) e cobre (Cu).

Azedinha (Oxalis oxyptera)

Solo argiloso, pH baixo, falta de cálcio (Ca), falta de molibdênio

Barba de bode (Aristilla pallens)

Terra de queimadas, pobre em fósforo (P), cálcio e potássio (K), solos com pouca água

MIP – Prof. Ednei Pires. Contato: (77) 9103-3807

Picão branco (Galinsoga parviflora)

Solo com excesso de nitrogênio e deficiente em micronutrientes. É beneficiado pela deficiência de cobre

Tiririca (Cyperus rotundus)

Solo ácido, com carência de magnésio

Urtiga (Urtica urens)

Carência em cobre

Carrapicho-de-carneiro (Acanthosperum hispidum)

Deficiência em cálcio

Guanxuma (Sida spp.)

• Quando tem um bom crescimento, indica que o solo é fértil

Beldroega (Portulaca oleracea)

• Solo fértil

Chirca (Euppatorium sp)

Solo Fértil

Dente-de-leão (Taraxum oficialis)

Solo Fértil

Prejuízos causados pelas plantas daninhas

• Competição com a cultura • Redução de 30 a 40% na produção agrícola mundial

(LORENZI, 1991)

• Causam danos às plantas cultivadas, muito maiores que as pragas e doenças (MUZIK, 1970)

KISSMANN, 1997 (Cyperus rotundus) - tiririca

Alergias – grama-seda (Cynodon dactylon) e capim-gordura (Melinis minutiflora).

Dermatites e irritações da pele - urtiga (Jathopha urens).

Prejuízos causados pelas plantas daninhas

Aumento do custo de controle ou inviabilização da atividade agrícola - grama-seda (Cynodon dactylon), tiririca (Cyperus rotundus).

Na pecuária - competem com o pasto, provocam danos aos animais, conferem gosto ao leite e podem provocar a morte de animais.

Prejuízos causados pelas plantas daninhas

Plantas de duplo aspecto Mamona (Ricinus communis)

Intoxicações alimentares

Produção de biodisel

Classificação das plantas daninhas

Quanto ao hábito de crescimentoHerbáceas – plantas tenras de baixo porte Arbustivas – ramificações desde a base Arbóreas – ramificações bem definidas Trepadeiras – utilizam outras plantas como

suporte

Blainvillea acmela (L.) canela-de-urubu, erva-palha

Quanto ao desenvolvimento Hemieptífitas – inicia seu desenvolvimento como trepadeira e,

posteriormente emite sistema radicular. Ex: Philodendron sp.

Epífitas - crescem sobre outras sem a utilização de fotoassimilados da

hospedeira. Ex: Bromélias e orquídeas

Parasitas – cresce sobre outra, beneficiando-se dos fotoassimilados.

Classificação das plantas daninhas

Philodendron sp

Características que conferem agressividade às plantas daninhas

Elevada capacidade de produção de disséminulos

Amaranthus retroflexus 117.400 sementes por planta.

Cyperus rotundus – um tubérculo em 60 dias produz 126,

e cada possui em média 10 gemas. Produz centenas de

sementes viáveis (SILVA et al., 2009).

Manutenção da viabilidade - mesmo em condições desfavoráveis

Capacidade de emergir a grandes profundidades

- Avena fatua (Aveia branca), até 17 cm de profundidade

- Ipomea sp. (Corda de viola), até 12 cm

- Euphorbia heterophylla (Amendoin bravo), até 20 cm

Características que conferem agressividade às plantas daninhas

Desuniformidade no processo germinativo e grande longevidade dos

dissemínulos

Sementes de 107 espécies daninhas foram enterradas em cápsulas porosas, de

20 a 100 cm de profundidade.

- Um ano depois observou-se que 71 estavam viáveis;

- após 10 anos 68;

- após 20 anos 57;

- 30 anos 44

- 38 anos 36 espécies. (KLINGMAN et al.,1982).

Características que conferem agressividade às plantas daninhas

1- Capim-arroz, 2 – Raspa-saias 3- Capim-colchão, 4- Carrapicho-bravo 5- Trombeta, 6- Carurú, 7- Língua-de-vaca, 8- Dente-de-leão

Mecanismos alternativos de reprodução – além das sementes,

rizomas, estolões, tubérculos etc.

Características que conferem agressividade às plantas daninhas

MIP – Prof. Ednei Pires. Contato: (77) 9103-3807

Rápido crescimento inicial –

muitas crescem e se desenvolvem

mais rápido que as culturas

Facilidade de dispersão de

propágulos a grandes distâncias -

água, vento, animais, máquinas etc.

Características que conferem agressividade às plantas daninhas

ALELOPATIA

Alelopatia• Fenômeno de produção de compostos químicos em

comunidades vegetais (aleloquímicos).

– Liberados diretamente para o ambiente:

• Por lixiviação,

• Exsudação radicular,

• Volatilização e

• Decomposição dos resíduos vegetais;

– Indiretamente – por meio da decomposição da microbiota. (PIRES

et al., 2001)

Efeito dos aleloquímicos Compostos secundários que, lançados no ambiente, afetam:

o crescimento, o estado sanitário, o comportamento ou a biologia da

produção de organismos de outras espécies (SILVA et al.,2009)

Os aleloquímicos atuam contra a ação de microorganismos,

vírus, insetos e predadores;

Inibindo as suas atividades, seja estimulando o crescimento e

desenvolvimento das plantas (WALLER, 1999).

Alelopatia das plantas daninhas sobre as culturas

O extrato de plantas verdes

do capim-marmelada

(Brachiaria plantaginea),

afeta o desenvolvimento da

soja tanto no crescimento,

quanto na capacidade de

nodulação (ALMEIDA, 1988).

Soluções da parte subterrânea de grama-seda (Cynodon dactylon), tiririca (Cyperus

rotundus) e (Sorghum halepense), inibiram a germinação e o desenvolvimento do

tomateiro (CASTRO et al., 1983) e o desenvolvimento inicial de plântulas de arroz

(CASTRO et al.,1984).

Alelopatia das plantas daninhas sobre as culturas

• Café – produz a xantina cafeína (substância com mecanismo de

defesa contra plantas daninhas).

(FERREIRA e ÁQUILA, 2000)

Alelopatia das plantas daninhas sobre as culturas

Extratos de casca de café (Coffea arabica L.) inibe a germinação e crescimento de pepino (Cucumis sativus L.)

• Na silvicultura, o gênero Eucalyptus, tem várias espécies consideradas alelopáticas.

(FERREIRA e ÁQUILA, 2000)

Alelopatia das plantas daninhas sobre as culturas

Alelopatia entre culturas

Importante na consorciação e rotação de culturas.

– A colza reduz estande da cultura da soja plantada em sucessão.

– O exsudado radicular de sorgo, reduziu a área foliar de alface em 68,4%

(BARBOSA, 1996) MIP – Prof. Ednei Pires. Contato: (77) 9103-3807

Alelopatia das coberturas mortas No plantio direto (cobertura morta):

-pode reduzir a germinação,

-reduzir o vigor vegetativo,

-provocar o amarelecimento e clorose das folhas,

-redução do perfilhamento,

-morte de plantas daninhas na fase inicial de

desenvolvimento

Competição entre plantas daninhas e culturas

• Locatelly e Doll (1977), definem competição como a

luta que se estabelece entre cultura e plantas daninhas

por água, luz, nutrientes e dióxido de carbono.

Terminologias para períodos de convivência entre plantas

daninhas e culturas

(PITELLI e DURIGAN, 1984)

PAI – período anterior à interferência – espaço de tempo, após a

semeadura ou plantio, em que a cultura pode conviver com a comunidade

de plantas daninhas.

PCPI – período crítico de prevenção da interferência – período em que a

cultura deve ser mantida livre de plantas daninhas, até o momento em

que elas não mais interfiram na produtividade da cultura.

PTPI – período total de prevenção da interferência – este deve ser o

período de capinas.

Fonte: Silva e Silva, 2009

Cultivo de repolho em cobertura de adubos verdes (aveia)

Cultivo mínimo de tomate em cobertura de aveia + ervilhaca + nabo forrageiro

Métodos de controle de plantas daninhas

Métodos de controle de plantas daninhas

Desde o arranque manual de plantas até o uso de

equipamentos de microondas para exterminar as sementes

no solo (DEUBER, 1992)

Contrlole – deve ser feito até o nível, em que, o incremento

de produtividade justifique a operação (SILVA et al.,2009)

Controle preventivo de plantas daninhas Práticas que evitam a introdução, o estabelecimento e a

disseminação de plantas daninhas:

Utilizar sementes de elevada pureza

Limpar cuidadosamente máquinas, grades e colheitadeiras

Inspecionar mudas adquiridas com torrão, estercos e

compostos de outras áreas

Limpeza de canais de irrigação

Colocar animais comprados em quarentena

Exemplos de disseminação de plantas daninhas

• Tiririca (Cyperus rotundus) – estercos, mudas de torrões, ferramentas, implementos agrícolas etc.

Picão-preto (Bidens pilosa) e o capim-carrapicho (Cenchrus echimatus), por meio de roupas e sapatos de operadores, pêlos de animais etc.

Exemplos de disseminação de plantas daninhas

Controle cultural

Rotação de culturas – cada cultura geralmente é infestada por espécies

daninhas que apresentam exigências ou hábito de crescimento idênticos aos

seus.

Variação no espaçamento – entre linhas ou na densidade de plantas na linha.

Cobertura verde – promove a redução do banco de sementes e melhoria das

condições fisico-químicas do solo.

Cobertura morta – favorece a microbiota do solo, responsável pela eliminação

de sementes, por meio da deterioração e perda de viabilidade.

Controle mecânico • Arranque manual ou monda

• Capina manual

• Roçagem

• Cultivo mecanizado

- Dificuldade de limpa nas linhas das culturas

- Baixa eficiência sob chuva

- Ineficiente no controle de plantas que se desenvolve por

partes vegetativas

Controle físico

• Inundação

• Cobertura do solo com palhada espessa

• Solarização (filme de polietileno)

• Queima das plantas daninhas jovens com lança-chamas

• Queima da vegetação infestante

Controle biológico

Uso de inimigos naturais (fungos, bactérias, vírus,

insetos, aves etc.), capazes de reduzir a população de

plantas daninhas.

O parasita deve ser específico, pois, uma vez eliminado

o hospedeiro, ele não deve parasitar outras espécies.

Nos EUA, o fungo Coletrotrichum gloeosporeoides pode ser

usado para controlar o anjiquinho (Aeschynomene virginica) em

soja e milho, o herbicida natural recebe o nome de Collego.

Em pomares de citros, para controlar Morremia odorata, tem

sido usado o Phythophthora palmívora, com o nome de Devine.

Carneiros tem sido usados para controlar ervas em cafezais e

pomares. (SILVA et al., 2009)

Manejo de Plantas espontâneas em Hortaliças

Técnicas de redução no inicio do cultivo

Manejo em pré- semeadura ou transplante da mudas.

Planejar o uso de glebas associado a um programa de

solarização dos talhões no período de altas temperaturas;

Antecipado aos plantios.

Uso de papel em canteiros de mudas de cebola

• O sistema é capaz de reduzir a infestação de

daninhas nos canteiros em 95%;

• Reduzindo, consequentemente, a mão de obra

para arranque manual das espontâneas;

Disponível em: http://cultivehortaorganica.blogspot.com.br/2013/01/uso-de-papel-em-canteiros-de-mudas-de.html

Com gramatura de 80g/m², que é colocado sobre o canteiro.

Em seguida é feita a aplicação do composto, um tipo de adubo

orgânico com cerca de 15 kg/m² que deve ser espalhado

uniformemente sobre o papel, formando uma camada de 3 a 4

cm de altura.

Só depois é feita a semeadura da cebola, e para isto são utilizados

2,5 g/m² de sementes viáveis cobertas com uma camada de 1 cm

de serragem e irrigadas

É utilizado um papel kraft pardo

Colocação do papel nos canteiros e posteriormente o composto orgânico

Canteiros com mudas prontas para o transplante

Recomendações no preparo do solo

Fazer o preparo do solo três semanas antes do plantio;

Permitir a germinação, o crescimento inicial das plantas

espontâneas;

Realizar o controle pós-emergente por meio de capina

manual, gradagem ou encanteiramento, todos de forma

superficial;

MIP – Prof. Ednei Pires. Contato: (77) 9103-3807

Controle pelo fogo

Usa se bicos aplicadores a gás;

Reduz a presença das plantas espontâneas

emergidas ou em processo de germinação;

Link: Uso_de_fogo_no_controle_de_plantas_invasoras.mp4

Capina seletiva

Arrancar aquelas plantas espontâneas que vêm

amadurecendo;

Manter apenas as plantas jovens.

Eliminar somente as espécies mais agressivas e/ou que

estejam interferindo biologicamente.

A matéria orgânica capinada é deixada sobre o solo.

A análise do período crítico de interferência

Fontes de sementes de plantas espontâneas

• Esterco de gado

Em 1 kg de esterco foram contadas 42 sementes viáveis.

Ançarinha-branca (Chenopodium album)

O uso de compostagem pode aliviar esse problema, pois, as temperaturas normalmente alcançadas durante o processo são suficientes para matar a maioria das sementes.

• Água da irrigação

Fontes de sementes de plantas espontâneas

• Implementos, ferramentas e entrada de pessoas

Fontes de sementes de plantas espontâneas

Banco de Sementes do Solo (BSS)• Reserva de sementes e propágulos presentes no solo;

• É influenciado pelas práticas culturais;

• É um fator potencial da infestação no futuro;

• Apenas 1 a 9% das sementes germinam no mesmo ano;

– Depende do nível de dormência

– Distribuição no perfil do solo

– Estímulos para germinar

IN nº 007 do MAPA, de 17 de maio de 1999

• Recomenda adotar mais de uma medida: – Emprego de cobertura vegetal, viva ou morta, no solo; – Meios mecânicos de controle;– Rotação de culturas;– Alelopatia;– Controle biológico;– Cobertura inerte, que não cause contaminação e

poluição, a critério da certificadora;– Solarização;– Sementes e mudas isentas de plantas invasoras.

Considerações finais A necessidade do manejo sustentável em sistemas agrícolas, impõe

restrições ao uso exclusivo dos modelos convencionais de controle de

plantas daninhas;

Neste contexto, o conhecimento da biologia e da importância das

plantas daninhas, permite a elaboração de um plano de manejo

racional;

Ao uso de herbicidas, podem ser associados, com sucesso, métodos

que proporcionem à cultura, máxima vantagem sobre a espécie

daninha e com menor impacto ambiental.

MIP – Prof. Ednei Pires. Contato: (77) 9103-3807

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