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Preço 1$0C Ouinfe-fetra, 17 de Setembro de 1959 Ano V - N.* 234
proprietário, Ádminsírsdor s Edilor
y, S . M O T T A P í N T O
REDACÇÃO £ ADMINISTRAÇÃO • • AV. D. NUNO ÁLVARES PEREIRA, 18 • M O M f I J O ---------------------------------
• TELEF. 0504S7
OOÍCPOS1ÇÀO S nEPRBSSíO - ■ TIPOGRAFU. «G-HÁFSX» ~ TEtJEB’. 056 256— MONSSfO
D I R E C T O R M O T T A P I N T O
A propósito de turismoagegasasggMfcffiagBgsgBaegsasttaBeasffisaeaaggapciaEg^
Há mais de um decénio que, à luz do que vimos em muito larga permanência no estrangeiro, diligenciamos estimular com artigos e apontamentos o sentido e valorização do País com o objectivo de lhe dar atractivos turísticos. Dir-se-á-que lhe sobejam estes a começar pelo clima, de tão apreciada benignidade para a maioria dos que nos visitam, mas importa ponderar que nâo bastam as amenidades do tempo, nem as sugestões de encantamento tão prodigamente dispensadas pela paisagem, nem o pitoresco do nosso fol-
JF» o r J . J U S T I N O
clore, nem a imponência e a arte dos nossos monumentos, para criar as chamadas correntes turísticas e principalmente, para as manter.
Isto que já tem sido dito e redito, nunca demais o será, pois é ideia mestra de uma mentalidade turística, cuja formação tem sido lenta a respeito do notável esforço do Estado, através do competente departamento, bem patente nos diplomas publicados e no zelo posto na sua execução, bem evidente nas suas modelares iniciativas, como a das pousadas, tão ricas de ensinamentos para a indústria hoteleira.
A parte que ao Estado pertence nesta tarefa magna de fazer de Portugal um país de turismo, tem sido cumprida com o mesmo sentido de bem servir, que inspira a grandiosa obra do ressurgimento nacional efectuada nos últimos trinta anos.
Mas é indispensável a colaboração dos orgãos administrativos e dos industriais hoteleiros, e de todos, que dedicam a sua actividade ao turismo, para que seja eficaz a acção desenvolvida neste capítulo de florirem e alindarem os logradouros das suas vilas e c idades; de emoldurarem convenientemente os monumentos que pela sua ancianidade e arte são muito v isitados; de manter o mais rigoroso asseio nas ruas e nas instalações sanitárias de pública serventia ; de instalarem parques de estacionamento e de campismo, de estimularem os seus munícipes a florirem as janelas das suas habitações, de conservarem as estradas e caminhos de acesso aos santuários e parqueà existentes na área da sua administração.
Louvores sejam dados às Câmaras que tanto têm feito por este programa de realizações, suprindo com boa vontade e espírito bairrista as dificuldades inerentes à limitação Je receitas e outras. Que o seu exemplo seja estímulo e .. castigo para as administrações municipais, cuja falta de ini-
(Continua na p á g in a 2)
A V O Z D E D E U S(A Seisdedos Branco)
h'a voz de Deus, que a gente não entende,Há qualquer tom que ncs avisa ou cha m a:Ribombo no trovão, que ao longe b r a m a ,. .S ilvo no vento, quando os a r ts f e n d e . , ,
E esse arom a su b til que se desprende De cada f l o r e que os ares em balsam a N ão é a prova de que D eus nos am aE , p Jlos sentidos, nos cativa e prende ?
A tr ib u to divino, a N a tu re zaFoi criada por D eus, E le nos conduzN o cam inho da p ró x im a certeza , . .
N u m campo de batalha, ou num a cruz H á o sim bolism o dum a vela acesa Q ue vai m orrendo a d esfa zer se em luz,
^Qssio d o C e rv s ih a ! (Bombarral, 1 8-959)
J o s é F e r r e i r a V en tu ra
Notíciasdiversas(da ANI)
— Foi inaugurada no Museu de Bissau uma exposição de arte po* pular da Guiné, que compreende cem figuras de escultura, da autoria de indígenas das tribus dos Nalús, dos Papeia e dos Manjacos.
— O Espanol, de Barcelona, venceu o Futebol Clube do Porto, por 3-1, com 1-0 ao intervalo, num encontro amigável disputado naquela cidade espanhola.
— Mais de mil corridas — precisamente 1.190 — contou Simão da Veiga na sua vida de artista tauro- máquico.
Em Portugal metropolitano e ultramarino, foram 1.015; na Es panha, 125; na França, 2; em Marrocos, 4 ; no México, 29; e na Venezuela, 10.
Os toiros lidados, foram 2.350; matou a rojão, 32 toiros e a pé, 12.
Simão da Veiga, que principiou a tourar aos 12 anos, na praça de Montemor-o-Novo, tomou a alternativa, aos 18 anos, na do Campo Pequeno.
— O m aior transatlântico da Holanda e o quinto do mundo em tamanho, partiu de Roter-
(Continua na página 2)
O III FESTIVAL DE S I NTRA
Nos cenários deslumbrantes de S i n t r a e Q u e l u z , realizaram-se com grande êxito as jornadas do III Festival, que a Câmara Municipal daquela vila e o Secretariado Nacional de Informação promoveram mais uma vez. Iniciativa do mais rasgado sentido cultural, os F e s t i v a i s de Sintra são, igualmente, uma oportunidade de pôr em relevo as belezas naturais, cantadas pelos poetas, ,'que envolvem os sumptuosos palácios ali edificados com toda a pompa dos séculos XV a XVIII e proporcionar aos amantes das artes nobres momentos de indizível prazer espiritual. Tem-se em vista, além disso, criar desde já uma tradição que possa honrar pela sua classe e esplendor o nível intelectual que o País tem vindo a atingir nestes últimos anos, fruto de uma bem orientada política do espírito que está, aliás, na linha de rumo de Portugal de sempre.
Dividido em sete jornadas, que se estenderão de 18 de Agosto, até 8 de Setembro,
(Continua na página 2)
NOTAS À MARGEM (2) ;P o r - U M M O N T I J E N S E
Uma das coisas, que mais têm preocupado o meu espírito irrequieto de filho deste abençoado torrão, que ora se apelida de Montijo, é a da sua origem, ainda não desvendada, por mais que, a seu respeito, já algo se tenha escrito e com certo desenvolvimento.
Tenho por seguro, que nâo é fácil descortinar-se e por- -se a limpo tão interessante e valioso assunto, pela dispersão e diversidade de documentos atinentes e respeitantes à vida da nossa terra. E falo com conhecimento de causa.
Todos aqueles que se têm dedicado ao estudo das ori
gens da velha Aldeia Galega do Ribatejo, sabem, perfeitamente, que a nossa terra, mercê de constantes alterações da geografia administrativa, política e religiosa, sofreu influências várias e sujeições, que não podem deixar de ser tomadas em consideração, para a d-.s- coberta do seu princípio, como agregado populacional.
Não são estranhas a essas influências, especialmente, as vilas de Palmeia e de Alhos Vedros, em cujos arquivos municipais e eclesiásticos, muito haverá que rebuscar, para um exacto conhecimento da criação e do de*
(Continua na página 2)
Estampas V Setembro de 1959
A «Caliotíe» Polar continua a ser ansiosamente medida...P o r - Consig lieri S á P ere ira
Cuidedo com tu d o !
Nesse tempo, em que a extrema ingenuidade pública, nos obriga a ter cuidado com tudo, são na verdade exemplares. E então que a criação de abundantes valores em papel selado, vai até essa criação extrema dos intrujões que é o conto do vigário. Venceram-se as extremas desconfianças do pa- pel-moeda, tudo, tudo domina e meio mundo vive para intrujar o outro meio. Só depois de muitos e reiterados enganos, só depois de
autênticas tragédias familiares, sá ilepeis de tudo logrado e implantado o reino da intrujice e dos safardanas, só depois de tudo isso e algo mais, se adoptam, em cada casa, medidas extremas de polícia e. até, era cada empresa, medidas destinadas a salvaguardar o empreendedor que, a momento, vê, inexplicàvelmente, a sua liberdade de escolha e acção sobrepujada, inexplicàvelmente, pelo domínio dos que menos valiam e a tudo recorriam, fosse ou não lícito os
{Continua na página 2)
7)mtí(jens da n&na regiãa...R E C O R D A N D O :
t i *
O Rancho Folclórico de S. Francisco (Alcochete), em evoluções, na sua fa se inicial.
A PROVÍNCIA 17-9-95
VIDA A PROPÓSITO DE TURISMO( C o n t i n u a ç ã o d a p r i m e i r a p á g i n a )
ciativa e de bairrismo tanto tem prejudicado a fama de algumas terras portuguesas afugentando os que a visitam. E os industriais de restaurantes e hoteis e os demais a quem directamente beneficia o turismo, têm feito o melhor para atrairem turistas? Como os acolhem? Que fazem para que eles levem boas recordações da sua visita, para acrescentar a fama da terra que demandaram ?
Em outro apontamento, diremos das observações recolhidas neste Verão através de longa jornada em Portugal.
i . Ju slin o
0111 Festival de Sintra( C o n t i n u a ç ã o d a p r i m e i r a p á g i n a )
Notas à margem (2:( C o n t i n u a ç ã o d ajpROflSSIONfllj
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átgiiiia Marques Charneira P arte ira - Enferm eira
Diplomada pela Faculdade de Medicina de Coimbra
R, José Joaquim Marques, 231 Telef. 030S56 MONTJJO
leiefones de urgênc iaHospital, 030IÒ46
Serviços Médico Sociais, 030198 Bombeiros, 030048
Taxis, 030 025 e 030479 Ponte dos Vapores, 030 425
Polícia, 080441
foto Cine filmeTrabalfaot para anafares f e t o g r e f i i i s d’Arte S pa r c i l os fotográficas
Reportagem Fotográfica 9ha iíuílica Pato, 11 - MCNNJO
o III Festival de Sintra comporta este ano um programa aprimorado pela riqueza dos elementos que compõem os seus programas. Artistas dos mais disputados no mundo virão deliciar os auditórios, e com eles ombrearão os melhores valores portugueses. Saliente-se que o Festival, para além da valorização que, certamente, imprimirá àquela região, já de^si ião opulenta de maravilhas, servirá ainda para fomentar entre nós uma autêntica instrução artística do povo português, tendo-se
H O T Í C 1 AS D I V E P 5 AS
(da A N I )dão para Nova York em viagem inaugural, levando a bordo a Princesa Beatriz, que representará o Governo Holandês nas comemorações do350.° aniversário da descoberta do rio Hudson, pelo navegador holandês do m esm o nome.
— Só nos estabelecimentos oficiais de ensino secundário de Lisboa, haverá no próximo ano lectivo, 13.500 alunos.
— Contando 60 anos, faleceu o antigo actor teatral, Arm indo Coelho. Foi aos oito anõs, com outro garoto — Octávio de M atos, que A rm indo Coelho, se estreou no antigo Teatro In fa n til do Rossio, de Lisboa.
— Para a construção da sede da Casa de Trabalho e Protecção à Juventude Feminina do Nordeste (Ponta Oelgada-Açores), concedeu o Ministério das Obras Públicas uma nova comparticipação, esta de 26 contos.
— Segundo declarações recentes do novo consul da Venezuela, no Funchal, dr. Jesus Negron Dubuc, descendente de portugueses, naturais de S intra, a colónia portuguesa da Venezuela, conta 60.000 em igrantes, 40.000 dos quais m adeirenses.
— O Ministro das Obtas Públicas concedeu, pelo Fundo do Desemprego, as seguintes comparticipações destinadas à Ilha da Madeira: para construção da Casa dos Pescadores de Machico, 120 contos ; para a construção de Um bairro de casas para pescadores, também na mesma vila, 120 contos ; para a construção de um campo de jogos em Santa Cruz, 120 contos.
— Vão brevemente ser reorganizados o sistem a de crédito e a estrutura bancária. Um documento muito extenso, que comporta 102 artigos em 12 capitu los; vai ser publicado pelo Governo, nele se a m pliando a regulamentação que conbta do decreto que criou o Banco do Fomento Nacional.
para tanto determinado a gratuidade dos bilhetes, como regra geral, medida esta que marca uma posição de louvável espírito educativo, em relação a idênticos festivais estrangeiros de nomeada.
Figuras como a violinista Miriatn S o l o v i e f f , Eugéne lonesco, com a Companhia do «Studio des Champs- -Elisées», dirigida por Mau- rice Jacquem ont; as estrelas de bailado da Ópera de Paris, Liane Daydé e Michel Renault, com o maestro Daniel Stim, à frente de uma Orquestra de Concerto e num p r o g r a m a igual aos que apresentou no Teatro Bolchoi, de Moscovo e apresentará brevemente em Nova Iorque, formarão programas de elevado nível artístico, ao lado dos artistas e conjuntos nacionais, em que sobressaiem os nomes de Pedro de Freitas Branco, Marie Antoinette de Freitas Branco, Helena Moreira de Sá e Costa, M a d a l e n a Costa Gomes, Henri Mouton, Jo ly Braga Santos e Nella M aissa.
Nas jornadas já realizadas, nos jardins do Palácio de Queluz, na Sala de Música do mesmo Pálácio e na Sala dos Cisnes, do Palácio de Sintra, em ambiente de feéricas belezas naturais e ce- nográficas, falam por si as obras executadas, para encanto da numerossíssima assistência. D e s t a q u e - s e o programa raveliano em que avultavam os dois concertos e as duas «surtes» do bailado «Daphnis et Chloé», sendo intérpretes o maestro Pedro de Freitas Branco, à frente da Sinfónica Nacional, e a pianista Marie Lévèque de Freitas Branco. Depois, a violinista Miriam Solovieff, o Trio Portugália e, de novo, a Orquestra Sinfónica Nacional, dirigida pelo maestro-compositor Jo ly Braga Santos, com a colaboração de Nella M aissa, num interessante programa de música portuguesa contemporânea.
Obras dos maiores vultos, tanto clássicos como modernos, são assim proporcionadas aos apaixonados da música, como serão dadas aos apreciadores de «ballet» e de teatro as apresentações dos l . os bailarinos da ópera de Paris e as conferências e representações das peças de lonesco, numa afirmação de nítidas intenções de cultura que honram os organizadores dos Festivais e são testemunho da vivência artística da sociedade portuguesa contemporânea.
senvolvimento do nosso torrão natal. Os próprios arquivos da «Torre do Tombo» possuem, como fonte primacial da vida nacional, elementos indispensáveis ao assunto, a que me estou referindo.
Mas, além destas fontes de documentação oficial, sei, de conhecimento próprio, que alguns arquivos particulares existem, possuidores de elementos muito valiosos referentes a esta importante vila ribatejana.
E, para que os cépticos e zoilos — que os há sempre— não possam julgar que as afirmações feitas são gratuitas, vamos apontar, pelo menos, dois factos que se deram com a minha própria pessoa.
Assim, uma vez, já há bastantes anos, encontrando-me, casualmente, vá lá, na sede da Misericórdia da vetusta vila de Alhos Vedros, vieram-me às mãos, também por acaso, uns velhos livros, encadernados em carneira, como outrora muito se usava, e, esfolhando-os, com certa mas agradável surpresa, li neles, um pouco superficialmente, por a ocasião não se prestrar para mais, abundantes referências à nossa Aldeia Galega.
Imediatamente pedi licença, a quem de direito, para espiolhar o respectivo arquivo, em ocasião oportuna e com a devida atenção. Foi deferido o meu pedido, mas os tempos mudaram, os homens também se substituíram, e, a consulta ainda não foi feita.
Uma outra ocasião entrei, por necessidade, numa casa particular, aqui, em Montijo e, após várias diligências, chegámos, eu e os donos da
meios de que se serviam. Era a conquista geral, o reino do im- pudor e da desvergonha colectiva.
Só a partir desse momento, de um modo inexplicável, se teve como signo de um todo, criando, até, a designação de saloiece, termo que ficou e ainda prepondera na gíria como algo de inexplicável e que, ainda hoje, sobrenada como algo de ilícito e de incorrecto na vida e no espaço.
Evitem os com prom issos!
Quase todas as soluções, encerram, público ou não, um compromisso que tudo abrange, desde a honra até à dignidade pública e privada do respectivo contraente.
Não há parte que não tenha a sua meia laranja. E todos se sorriem, ao ver o universo de suspei- ções que essa meia laranja, dita com certa malícia encerra. Todos cobre e abrange, o novo, o velho e a criança. Ninguém escapa. Há, então, momentos em que tudo é abrangido nesses véus de suspeita.E, uma vez ele lançado, a dificuldade é o indivíduo ver-se livre deles. Por cada momento, mais se enrodilha e mai3 tentacular se torna esse movimento. Por cada círculo desenhado, mais se aperta o estreito sone e limitados os movimentos. Assim, não há minúcia porca que não seja atribuida e o sujeito, por cada movimento que esboça, mais apertado se sente. Assim, o melhor modo, ainda é,
p r i m e i r a p á g i n a )
casa, ao sótão correspon dente e, remexidos algum baús, deparei, surpreenden temente, nestes, com vários objectos e livros, que ped licença para examinar e com pulsar e que verifiquei seretr atributos de certo aspecto d; vida paroquiana local e, con comitanteinente, também, d( absoluto interesse monográ fico.
D e s t e s últimos, porém, apenas me foi possível exa’ minar, totalmente, um livri- nho, pois, por mais que me e s f o r ç a s s e , seguidamente para obter outros elementos ciosamente, mas talvez in conscientemente, me não foi dado fruir aquele prazer, poi evasivas repetidas dos seus possuidores.
Assim, e finalmente, nâo me apareceu oportunidade, ainda, para curnprir uma a* piração, que sempre tenho acalentado, como uma dívida sagrada, para com a minha Terra, e, como um devei inerente à minha qualidade de seu filho desvalioso, mas muito dedicado.
Quero, por isso, solenemente, afirmar a minha maior admiração e o meu reconhecimento de aldegalense a todos aqueles que já têm contribuído para o desvendar do denso véu que encobre as origens desta grande povoação, que, de progresso em progresso, mercê do esforço dos seus filhos e da boa vontade dos seus habitantes, se tem vindo a impor ao agregado nacional, como elemento valioso para o engrandecimento e prestígio pátrios.
Quero, ainda, fazer seníir, aos meus conterrâneos e a todos os meus concidadãos que Montijo possui, no seu
(Continua na página 3)
p r i m e i r a p á g i n a )
conforme a receita antiga, evitar os compromissos, reduzir mai*: ainda mais, cada vez mais, o raio de acção de cada qual, eximindo-o ao campo de luta social. Só assia> abdicando e muito, se livre um dos dolorosos e presos movimentos do campo de luta e, em lugar de intimidar é intimado, cada vez roais e amplamente. E assim, vemos quase todas as vidas de ho- meAs notáveis, assinaladas, na política ou nas artes, por dolorosa* e, por assim dizer, quase inúteis restrições. Só mais tarde se colhe o seu resultado e se sabe que, desse modo, ainda que torpemente < quase em vão, se desprezam e evitam lutas e dificuldades de outro modo pràticamente impossíveis « evitar. Sem essa magnanidade do* tolos, já teríamos avançado muito mais e em menos tempo e, tambéffli teríamos ganho o que de outro modo, é património de toleirões« perdição de idiotas. Eis porquê sem dúvida, triunfam as eong'e" gações onde o esforço individuaj falece, desesperado e impotente. & que, esses grandes esforços só tornam possíveis quando os indi' víduos se congregam e anulam s margem do risco de outro moy impossível de evitar. Sem ela, nad* é possível e, com ela, tudo se pos' sibilita e facilita. Assim, no terreno individual como no colectivo, J vida monástica ainda é a gr*n“e justificantel
Conssg lisr! S í Paro Sr*
A «Ca/lotte» Polar continua, a ser ansiosamente medida . . .
( C o n t i n u a ç ã o d a
9
17-9-959 INCIA
AGENDA ELEGANTE
m fâ sm m m m m m
A n i v e r s á r i o sSETEMBRO
fizeram a n o s ;_ No dia 13, perfez um ano, a
menina lida Maria Outeiro Manhoso, filhinha do gosso estimado assinante, sr. João Gomes d’Al- meida Manhoso.
— No dia 15, o nosso prezado assinante, sr. José Augusto Dourado da Silva.
_ N o dia 16, o menino António Manuel Correia Sousa Fortunato, filho do nosso dedicado assinante, Francisco da Mónica Fortunaío.
— No dia 16, o sr. Joaquim Manuel Tavares Ramos Cardeira, filho do nosso prezado assinante, sr. Carlos Ramos Cardeira.fa zem a n o s :
— No dia 17, o nosso estimado assinante, sr. António José Rod r ig u e s Maurício, c u n h a d o do nosso dedicado assinante, sr. Joaquim Rodrigues Carvalho Futre, residente no Brasi*.
— No dia 18, a menina Lui^a Natália Casas Tavares Areia, filha do nosso prezado assinante, sr- Luís Tavaros Areia Júnior.
— No mesmo dia, a menina Ma- >ía Jjsé Tormenta Tavares, so- brinbado nosso dedicado assinante sr. António Maria Tormenta.
— Ainda no mesmo dia peífaz um ano, a menina Júlia Maria Palita Ferreira Cabreiro, nètinha du no*;so estimado assinante sr. Francisco Gouveia Palpita.
— No dia 19, o nosso prezado assinante, sr. Fernando da Silva Manhoso.
— No dia 20, completa 57 anos, a sr.* D. Carolína Csria Rodrigues L-ão, residente nesta vila.
— No dia 20 perfaz 16 ano*, a menina Maria Elvira Rodrigues Palpita, filha do nosso estimado assinante, sr. Francisco Gouveia Palpita.
— No m esm o dia, completa 57 ano?, o sr. João de Oliveira Ferreira, residente nesta vila.
A todoa oa a n iversa ria n tes e nua» fa m ília s , apresen ta m o s <is nossas fe lic itações e votos de con tinu idade p o r longos anos.
M O N
Melhoramentos locoisÀbsstecimento de égua a
Sarilhos Grandss0 nosso Município obteve d->
Estado mais 75 contas, a juntar aos 25 já recebidos, para continuação dos trabalhos para abastecimento de água a Sarilhos Grandes, valiosa povoação deste concelho.
C o ló n ia B a l n e a r Infantil
«Q&ií da Siloa Jleite
Prossegue • urbanização de MonHjo
Para a urbanização em volta do novo Mercado Central, o Estado '-oncedeu à Câmara Municipal de Montijo, a um reforço de 40 contos em tempos dado, uma nova curn- pirtição de 20 contos.
Trespassa-se- CASA DE VINHOS E COMI
DAS. com habitação e adega. Trata-se na Rua Almirante Reis, 76 - Telef. 030134 - MONTIJO.
BASQUETEBOL(Continuação d a 4.* p á g in a )
de prosperidades e boas vitórias, para bein do Clube Desportivo de Montijo, e do desporto montijense.
A Tomás Pontes, desejamos-lhe igualmente um feliz regresso.
A ríu r Lucas
Encerrou no passado dia 22 de Agosto, a actividade desta Colónia Balnear Infantil, que nos três tu rnos da sua benfazeja acção, reuniu 330 crianças pobres do nosso concelho, na época finda.
Como seu testemunho de reconhecimento, re u n ira m -s e na tarde de quarta-feira, 9 do corrente, cetca da 18,30 horas, na Quinta do sr. José da Silva Leite, no Bairro dos Pescadores, algumas das mães desses colonos, que se faziam acompanhar de numerosas crianças, que foraas apresentar ao dedicado patrono da referida Colónia, o» seus melhores agradecimentos, pela obra prestigiosa já levada a efeito, na vigência de seis anos da sua actividade.
A esse acto, estiveram presentes o dedicado patrono da Colónia, bem como sua ex.m família; a Comissão Auxiliar, composta pelos srs. José Maria Mendes Costa, Ilomán Sanchez Alvarez, Jcão Fernandes Salinas, Amàndio José de Carvalho, e a sr.a D. Laura Bernardes; e as monitoras, sr.as Professora D. Joana Figueira, D. Maria José Gambita e D. Maria Beatriz Pinho Neto; e bem assim, representantes da imprensa loca!.
Nessa demonstração de carinho pelo protector da Colónia e sua cx.m* família, f j i lida uma alocução pelo colono, Victor Manuel dos S.-;ntos Baeta, de onze anos de idade, significando o agradecimento ao sr. José da Silva Leite e aua família, em nome das crianças beneficiadas; e usou igualmente da palavra, em nome das mães, a ex.'nasr.a D. Laurinda Rosa Palaré, em termos elogiosos pela obra levada a efeito em Montijo, graças ao estímulo e carinho do sr. Presidente da Câmara; pelo que, todos os seus habitantes lhe são gratcs.
A seguir, e em nome da Comissão Auxiliar, referiu-se ao acto presente, a incansável colaboradora desta Colónia, sr a D. Laura Bernardes, louvando o carinho do sr. José da Silva Leite, pelas crianças pobres deste Concelho, tal coroo o tem demonstrado e pedindo a continuação do seu esforço, a favor dos seus protegidos.
Por fim, usou da palavra o patrono da Colónia, fazendo afirma-
O Palácio da Justiça
00 MonHjo
sopí limrnÈ i OezeiãfDSob a presidência do sr. José
da Silva Leite, Presidente do Município, efectuou-se no dia 8 deste mês, o concurso de uma empreitada relativa à construção de aumentos no Parque Municipal, rede de esgotos e, ainda, da electrificação do mesmo Parque, onde, no dia 5 de Dezembro próximo, será inaugurado o novo Palácio da J ústiça.
É de 253 mil escudos a importância das obras que vão agora ser adjudicadas, constituindo estes melhoramentos uma justa aspiração da Montijo.
Câm ara Municipal de MonHjo
Vtnda de madeira»Faz-se público que, até às 17
horas, do dia 29 do corrente, se recebem propostas para a venda de seis lotes de madeiras (portas, janelas, caixilhos, e tc ...) . As condições estão patentee na Secretaria Municipal,nas horas de expediente.
Montijo, 9 de Setembro de 1959 O Presidente da Câmara, a) José d a S ilva Leite
ções de destaque, quanto ao seu amor por Montijo, e principalmente, pelas crianças pobres deste concelho.
No final, foi servido um fino beberete às crianças, suas famílias e às pessoas convidadas a assistirem a este penhorante geeto de gratidão das favorecidas por esta abençoada Cruzada de Bem, de que oportunamente daremos m*is desenvolvida reportagem, devidamente ilustrada.
J. M.
Câm ara Municipal de MonHjo
Resumo ds acía da reunião ordinária ds 8 de Setembro
de 1959P resen tes: Os srs. António João
Serra Júnior, vice-presidente, èm exercício; e os vereadores, Francisco Tobias da Silva Augusto, Tomás Manhoso Iça,Francisco Braz da Cruz, Joaquim Brito Saneho, Carlos Gouveia Dimas e Mário Miguel de Sousa Rama. Secretário : o sr. José Maria Mendes Costa, Chefe da Secretaria.
Foi deliberado deferir os seguintes requerimentos:— Concessão de terrenos na
C em itério : a Maria Jesus Légio e Olímpia Légio;
— Licenças g ra c iosas : a António Sampaio Martinho, José Ro- mão Miranda, Dr. Alcides Raimundo Cunha, Domingos Matias Francisco e Dr. Manuel Nepomuceno Cruz;
— Licenceam ento s a n itá r io : a José Pinto Jerónimo, Manuel Ferreira Lopes e Luís Moreira da Silva ;
— Licenças de o b r a s : a António José Argente de Sousa, Alfredo António Dias e União Eléctrica Portuguesa;
Foi ainda deliberado:— Adjudicar a obra de esgotos
na zona do Parque, ao empreiteiro Manuel Caetano Rapso;
— A g r a d e c e r ao sr. Manuel Amâncio da Silva e Companhia Industrial de Portugal e Colónia!*, a cedência de um armazém, para aulas e oficinas da Escola Industrial e Comerciai de Montijo;
— Adjudicar a José Marcelino da Silva, a venda de sucata de fe rro ;
— Abrir novo concurso, para venda de madeiras desnecessárias e para o muro e bancada do campo de jogos;
— Contratar para o lugar de Chefe da Secção Técnica, o eng.® sr. Jorge Araújo.
— Ordenar vistoria para efeitos de demolição, nos termos do Regulamento de Obras, de várias barracas de construção clandestina.
Rebentou o bomba! . . ,Não necessita V. Ex.* ir a Lis
boa, porque a casa Âm andino F. de M eio
vende com descontos de 20%, sobre os preços da tabela, Loiças e V idros, e 10° '0 L indas
P orcelanas Av. João de Deus, 63 , (junto ao Cabeleireiro Tobias) - MONTIJO.
Vende-se— A propriedade rústica o «Ca-
rodes». Recebe propostas por carta D. Justa Ventura Sarreira — TORRES VEDRAS,
SociedadeRecreativa
ProgressoAfonsoeirense
A Direcção desta colectividade leva a efeito, nos próximos domingos 20 e 21 do corrente, e 4 de Outubro próximo, as festas comemorativas do seu 10." aniversário de fundação, a qual teve lugar em 1 de Agosto de 1949.
O progiaoia do primeiro dia festivo, é o seguinte :
NO DIA 20, à s 8 hrs. — Uma salva de 21 morteiros, seguindo-se uma visita da Comissão Auxiliar, com o seu estandarte acompanhada de um grupo musical, que percorrerá as ruas do bairro, em eu;n- primentos aos seus sócios.
18 hrs. - Sessão solene, com assistência do sr. Presidente do Município e diversas entidades, na qual ente outros oradores, usará da palavra, o seu consócio e noss > correspondente 1 )cal, sr. Joaquim Carreira Tapadinhas.
A ’s 20 hrs. — Abertura da Quermesse,com inúmeras prendas, com a colaboração da Comissão Feminina.
A’s 21,30 hrs, «S o i i é e » dançan te , dedicada aos seus sócios e famílias, abrilhantada pelo pelo valioso Conjunto Mus cal «Os U nidos do Jazz», do Alto Estanqueiro.
A 's 0 ,30 hrs. — Uma interessante sessão de fogo de artifício, que fechai á a comemoração do primeiro dia deste aniversário.
Pela solenização deste acto festivo nos anais associativos da simpática agremiação recreativa do Afonsoeiro, dirigimos as nossas felicitações aos seui fundadores, dirigentes e respectivos sóci s, com os nossos desejos do seu mais auspicioso futuro.
txamÕQ a Yilo f. tle Xira, em 4 de Qyfubro próximo
O r g a n i z a d a p e i a
Mim liurmfy. de MnlijiA considerada agremiação «.Ter
tú lia Taurom áquica de Montijo», que, no dia 1 de Outubro próximo, compl, ta onze anos de honrosa existência, fiel às suas notáveis tradições, e, no propósito de mais estreitar as boas relações de amizade com o amigo povo vilafranquense, integrou no programa comemorativo deste aniversário, uma brilhante excursão à «notável V ila F ranca de Xira», no dia 4 do próximo mês de Outubro', por ocasião da muito concorrida feira anual, que ali se rea-
' liza, desde o dia 4, até ao dia 8, desse aludido mês.
Assim, a direcção da «Tertúlia Tauromáquica», que está empenhada em honrar novamente o seu nome, na próxima excursão àquela linda vila ribatejana e de proporcionar uma agradável visita aos seus sócios e famílias, aceita desde já as marcações de lugares para tal fim, na sua sede; ou pelo telefone 030260, da Casa das Vergas, (Cambolas), de^ta vila, onde se prestam todos os esclarecimentos.
Moradia— VENDE-SE na rua Serpa
Pinto, 34 MONTIJO,Informa-se nesta redacção.
AOENOAUTILITÁRIA
formadas Az Sem s5.® feira, 17 — M o n t e p6.a feira, 18 — M o d e r n aSábado, 19 — H i g i e.Domingo, 20 ~ D i o g2.6 feira, 21 — G i r a l d3.' feira, 22 — Aio a t e p
4.a feira, 23 — M o d e r :
B o í e t i m R e S ig io sVida Católica
HORÁRIO DAS MISSA5.* f ei ra, 17 —às 9 h.6 * -feira, 18 — às 9 h.Sábado, 19 — às 9 h. (ao SS D om ingo, 20— &s 7 h.,
11,Í0 h., e 19 h. (Terço e Bê na Igreja Paroquial; às 9 h Santuário da Atalaia (acçâo d ças); às 9 h., na Igreja Pari do Samouco; e às 10 h., na ( , - do Afonsoeiro.
ELs p e c t á e u I o sCINEMA TEATRO
JOAQUIM DE ALM5.* feira, 17; (Para 12 ano; ; Peia
l .a vez na tela um filme d e ' em metrocolor e cinema «Tarzan e a Tribu Magasu; Gordon Scott e a macaca Cl .
Domingo, 20; (Para 17 Um drama violento filmado j cr passo da cortina de ferro pusculo Vermelho» com Yul ner e Deboiah Kerr.CINE ESPLANADA
1.° DE DEZESábado, 19; (P*ra 17 ano
drama mexicano com Cc Domingues e Roberto ( «Um dia de vida», e o fil aventur s com Edee Consi «Vai haver sarilho».
Domingo, 20; (Para 17 auc arrebatador filine com a in cível actriz Sarita Monti Rebelde*.
3.a feira, 22; (Para 12 ano vãmente o melhor filme por dos últimos tempos, «A L<; do Alto». Com Maria Dulc berto Cama-rdiel, Beatriz meida e Fernando Curado R
) Ub?
i h
E m p r e s í a m -— 20 contos, sobre hipotNesta redacção se inform
F m p r e g a d (./
— PRECISA-SE, com prática balcão.
Trata-se, ua pastelaria í ,- MONTIJO.
Á d e g a— VENDE-SE, toneis de 4 a 6
pipas, quartolas, celhas e prensa, estado novo.
Informa Luís Moreira da Silva ~ MONTIJO.
«A ProvínciSemanário Regional
----------D E ----------í n f o r m a ç ã o
C u lt u r a ,B e c r
D elegação em List Avenida do Brasil, 178 -1.'
Telefone 72828
4 A PROVÍNCIA
D E S P O R T O SOuvindo o treinador do Clube Desp. de Montij*
No surgir da nova época, novas directrizes foram traçadas, na gerência e orientação técnica do CLUBE DESPORTIVO DE MONTIJO, pois tomaram posse novos Directores e foi contratado novo treinador, o já nosso con h ecid o , António Fábregas.
Por tudo isto, pensámos que não seria de todo descabido, consultarmos os elementos responsáveis e, assim resolvemos ouvirem primeiro lugar o treinador, seguindo- -se depois alguém da Direcção do Clube. É possível, que devêssemos começar ao contrário, mas não foi por m al; simplesmente entendemos que seria mais interessante, ouvir Fábregas exactamente na altura em que pràticamente está em princípios dos seus trabalhos.
Procurámo-lo e, ao dizer- -mos-lhe qual era a nossa missão, prontamente se pôs à nossa disposição. Não hesitámos e fizemos a 1 ." pergunta, como início à série de esclarecimentos que pretendíamos dar aos nossos leitores e simpatizantes do Clube, que desfralda o pendão glorioso da nossa terra.
Seguiu-se, assim, o nosso interrogatório e respectivas respostas do deligente treinador, António Fábregas:
r “ — Quais os planos estabelecidos, para a preparação das equipas ?
R . ~ Devido ao meu conhecimento de quase toda a « r a p a z i a d a » , antecipadamente estabeleci um plano de trabalhos.
Ao fazer-se o primeiro treino, constatei a forma física dos jogadores e tive que a modificar totalmente, de tal forma que me obrigou a improvisar, dentro do próprio treino as escalas de preparação.
2 * — Quais os motivos, que o levaram a proceder assim ? . . .
/?• — Como já disse antes, a precária condição física dos jogadores, náo resistia aos actuais métodos de preparação física aplicada, pois na época transacta, não haviam praticado nenhuma.
Como é natural, tudo isto atrasou os planos que eu trazia em mente realizar; espero que, depois disto, com a colaboração dos jogadores, que aceitaram da melhor maneira a minha volta a «casa», possa apresentar no primeiro jogo do campeonato, um conjunto apurado de preparação e genica, de maneira a impressionar favoràvelmente as características do povo montijense.
3 * — Quais as dificuldades encontradas ? . . .
R- — As habilitações literárias têm sido um «quebra- -cabeças», de tal modo que existem vinte jogadores, sem a quarta classe de instrução primária, — coisa que dificulta bastante a minha mis
A N T Ó N I O F Á B R E G A SEntreviste do nosso redector, A R T U R L U C A S
sã o ; os jogadores na vida militar, — tanto Romeu, como Pinto —, jogadores que podiam ocupar indistintamente qualquer lugar na equipa, e dada a distância em que se encontram a prestar serviço, dificilmente poderão dar a sua valiosa colaboração à equipa.
4-a — Com tudo isto, há-de encontrar bastante dificuldade na formação da equip a ! . . . Que me diz, sobre o assunto ?
R . —-Por e x e m p lo : Na linha defensiva, encontro três lugares, bem preenchidos, que são : Barrigana, Manuel Luís e Redol; portanto, falta-me o defesa direito, que tenho que procurar dentre os jogadores de outros sectores ; e, respectivos suplentes a estes lugares.
/.‘ — Mas na época anterior, esse lugar foi, e bem, preenchido por M ora! Qual a sua opinião ?
R. — Mora não foi uma descoberta, porquanto nos juniores, — dirigidos pormim, ocupara indistintamente os lugares de defesa central e lateral.
6 “ — Sendo assim, onde está a dificuldade ? . .
R. — Está só nisto: Tendo um jogador das características de Mora, que serve plenamente ao sector avançado, não vou colocá-lo a defesa, quando com os seus serviços na linha da frente, a equipa lucra muito m ais!
No entanto, se as dificuldades continuarem, ele será chamado a preencher esse lugar.
Depois de assentarmos, mais ou menos no que será a defensiva do Desportivo, durante a época prestes a iniciar-se, perguntámos a António Fábregas, qual seria o sector médio da turma ?
R. — Este sector é, afinal, o que menos preocupação me tem dado, porquanto encontra-se bem preenchido por Serralha e André, havendo em caso de afastamento de quaisquer dos titulares: rapazes, que depois de trab a lh a d o s , preencherão os lugares, com mais ou menos, as mesmas caraterísticas destes jogadores.
Falando da equipa—propriamente dita,—só nos faltava falar do sector avançado, e perguntámos:
<?.“ — Quais as dificuldades que encontra para formar este sector e quais os jogadores, que pensa utilizar? !...
R- -— . . . C o m o é já do domínio público, os jogadores para preencher este compartimento, criam dificuldades a todas as equipas do mundo. Por isso, se pagam fortunas fabulosas por avan
çados, como se tratasse de irmos a um café, ou cervejaria, para beber uma cerveja !
No entanto, não quero citar nomes de jogadores, por estar e s te sector em evolução. Percebemos que aqui
residia o calcanhar de Aquiles da equipa, e muito despo rtivam en te desistimos, porquanto F á b r e g a s , lembrando-se que havia sido um excelente jogador, fintou-nos hàbilmente.
<?.“ — Consta que Arsénio, vem dar a sua colaboração à equipa de Montijo. É verdade?
R. — Sim, Senhor, é verdade !
xo.“ — Acha-o bom reforço, para a equipa?
R - — Julgo que sim. No entanto, nada por enquanto posso dizer; porquanto elt faz parte da tal evolução, em que lhe falei: no sector avançado.
i i . a — No princípio falá- mo? sobre a forma física da equipa, o que nos diz sobre a parte técnica?!...
R — D epoiS do que li, durante toda a época passada sobre o Desportivo, no que diz respeito a entrevistas e comentários, pensava
encontrar uma equipa, «ti S. Lourenço de Almagrc de 1946 ou 1947; e afin encontrei as mesmas carac rísticas ou piores, de quan daqui parti. Parece mentii que se possa falar tanto fazer tão pouco!
E por agora, precisam é de sorte, porque conhei mentos e vontade, não ni faltam, tanto aos jogador como à Direcção, que n tem dado todo o seu apoi o qual muito penhoradamen agradeço.
Faço votos de que a mass associativa nos acompanl com carinho, não regateanc à equipa os seus valiosc aplausos e incitamentos,- sempre tão necessários,- para que possamos levar bom termo, a tarefa que, ei conjunto, nos impuzémos.
Agradecemos a Fábrega a gentileza que havia tid para connosco e para cor «A Província», desejando-lh as maiores venturas, na su difícil missão, para prestígii do CLUBE DESPORTIVC DE MONTIJO e da terra qut representa no campo da desportos.
O actual tre in a d o r d a s turm as do Clube D esportivo de M on
tijo , s r , A n tón io F ábregas Casais.
TIJO - Almada, Dia 22 de Novembro— MONTIJO-Bar- reirense; Cuf.-Vitória; Dia 6 de Dezembro — Almada - C u f . ; Dia 13 de Dezembro— Vitória - Barreirense; Dia 20 de Dezembro — Cuf. - Barreirense; D ia 3 de Janeiro de1960— M O N T I J O - C u f . ;
F U T E B O L
Campeonato Distrital de Reserves, da época de 1959/60Na sede da Associação de
Futebol de Setúbal, foi feito o sorteio dos jogos do Campeonato Distrital de Reservas, da época de 1959-1960, que principia no dia 20 do corrente, em que participam as equipas do Vitória Futebol Clube, Almada Atlético Clube, Clube Desportivo di Montijo, Futebol Clube Barreirense, Grupo Desportivo da C. U. F., na primeira série; e Clube Desportivo da Cova da Piedade, Seixal Futebol Clube, Grupo Desportivo de Sesimbra, Luso Futebol C lu b e (Barreiro), e Grupo Desportivo dos Pescadores, da Costa de Capa- rica, na segunda série.
Para os Clubes da primeira série, foi estabelecido o seguinte calendário; em que figura o grupo de Montijo:
Dia 20 de Setembr o — Cuf .- M O N TIJO ; Dia r j de S>. tem b t o—Vitória - MONTIJO; Barreirense-Cuf.; Dia n de Ou tu bro — V itó ria - C u f . ; Almada - Barreirense; Dia 18 de Outubro — Cuf. - Almada; Dia 2j de Outubro - Almada- Vitória; Barreirense-MON- T IJo ; t)ia / / de Novembro -Barreirense-Vitória; MON-
Vitória-Almada; Dia io de Janeiro— MONTIJO-Vitória; Barreirense -Almada; Dia 24 de Jandro — Almada -MONTIJO :
Campo das PalmeiraiA Direcção da Associação
de Futebol de Setúbal, em sua reunião de 2 do corrente mês, deliberou autorizar que o «GRUPO DESPORTIVO DA C. U. F.» utilize, no decurso da época de 1959/60, 0 seu campo de jogo®, denominado -DAS PALMEIRAS», para nele efectuar -todos os jogos oficiais das categorias de RESERVAS, JUN IO R E S e PRINCIPIANT ES, das provas da mesma Associação.
B A S Q U E T E B O L
Tal, como o futebol, também 0 basquetebol, vai iniciar a sua nova época.
Assim, 0 torneio de preparação, tem 0 seu início no próximo dia 22 do corrente.
O sorteio para este torneio, efectuou-se na Associação Distrital de Basquetebol, e deu o seguinte resultado:
Entram na competição, seis Clubes, divididos em séries de dois, com jogos disputa- tados em duas mãos, num e noutro campo, dos respectivos Clubes.
Após os dois jogos, 0 vencedor ficará imediatamente apurado, para a final.
Ao Clube Desportivo de Montijo, que novamente tem como treinador, 0 seu dedicado amigo e atleta, sr. Tomás P o n te s , coube como adversário o Futebol Clube
Barreirense. Desta maneira, defrontá-lo-á no dia 22 , no Barreiro; e no dia 28, no Mofr tijo.
Assim, serão apurados para a final, os três vencedores, e, mais um dos vencidos, que no decorrer da prova, tiver melhor quociente de pontos. A final, será disputada em campo, a designar pela Associação Distrital de Basquetebol,
Para 0 regional, também se efectuou 0 respectivo sorteio, desconhecendo-se ainda 0 seu calendário. Logo que chegue ao nosso conhecimento, daremos conta aos nossos estimados leitores.
Deste nosso modesto cantinho, saudamos a < rapaziada* da Básquete, apetecendo-lhes, uma época cheia
(■Coatia.ua na página 3)
17-9-959 A PROVÍNCIA 5
í l o M i n h o m G u a d i a n a
curso foi organizado pelo jornal «Festa», dirigido por Gentil Marques e teve o patrocínio da Câmara Mu* nicipal da Moita e da Comissão de Festas da Moita do Ribatejo.
ò t e - i d e S e t ú b a l M O I T A D O R I B A T E J O
( P o r - R u i O l i v e i r a )— Assumiu as funções de
Subdelegado do Instituto Nacional do Trabalho e Previdência, em Setúbal, o sr. dr, Iiídio Fernandes das Neves, a quem desejamos inúmeras felicidades, no desempenho do seu ca rg o .
— Comemorou no passado dia i, o 12.0 aniversário da sua fundação, a Delegação de Setúbal do Grupo «Os Josés», da qual é seu presidente — desde o seu início—-0 sr. José Ferreira Pena.
— Nos anos futuros, a freguesia de S. Sebastião de Setúbal, não se compromete peia realização dos festejos Inuais, em honra de NossaS,a do Rosário, na Caldeira da Tróia. Assim, no próximo ano, a organização dos referidos festejos, cabe ao rev.0 pároco de Grândola.
— Em prosseguimento das suas actividades de verão, o Centro Extra-Escolar n.®i, da Ala de Setúbal, da M.P., promoveu em 29 e 30 do mês findo, uma prova denominada por «quinas», que constou dum acampamento, na noite de sábado para domingo, dia 29, no parque da Delegação Dís trital, onde foi acesa a «Chama da Mocidade»; em redor da qual, os filiados cantaram e recitaram.
No decorrer da chama, usou da palavra o C. C. e Comandante do Centro interino, Américo Serafim.
No dia seguinte, os filiados d i r ig i r a m - s e para a Comenda, onde efectuaram várias provas com controle e h o rár io s estabelecidos,
Notas à Margem(■Continuação d a 2 .a p á g in a )
Prolífero seio, todos os meios ndispensáveis para se tornar uma povoação das mais prósperas e grandiosas de Por- !ugal. Não lhe falta, para lsso, a matéria prima individual e sobeja-lhe, também, a sua posição geográfica e uma especial idiosincrasia, íue a tornam invejável e invejada, aos olhos dos que a contemplam.
Abençoados aqueles que, monografias, e em opús-
Cu!os, têm já, desvelada- Nente, contribuído para 0 Seu bom nome e para a exPansão do seu conhecimento i A eles nos referirei s , oportunamente, como Preito de justiça e demons- !raçâo do seu auxílio ao prúgredimento local; e para Pr°va, também, do óptimo Material humano que pos- v^mos, em todos os ramos aa actividade social.
Mm Montijens»
tendo regressado ao Centro, à noite.
Nos passados dias 5 e 6, este Centro, promoveu um acampamento na Tróia, destinado aos seus filiados; estando outro previsto para 12 e 13 do corrente, era local a indicar.
— Por ocasião das festas a Nossa S„a da Boa Viagem, na Moita, o Grupo Desportivo «Os Celtas», de Setúbal, promoveu uma excursão àquela localidade no dia J 3 , com partida às 14 h.
inauguração de importa n te s m e lh oram en tos — Neste progressivo concelho, foram inaugurados no domingo, 6 do corrente, importantes melhoramentos.
Assim, foi inaugurado 0 Largo Comendador João Ferreira dos Santos; a AvenidaD. Inocência da Silva Cairel S im ão; além da instalação eléctrica e iluminação pública no Bairro do Cintrão, e 0 reforço da energia eléctrica que abastece a vila.
A todos estes actos presidiu 0 sr. Olímpio Duarte Alves, Governador Civil do Distrito de Leiria, que foi aguardado no limite do concelho, pelas entidades oficiais do Bombarral. — (C.)
Um poela de Lisboa, venceu o grande concurso de quadras p o p u la re s , sobre 0 Moira do Ribatejo e es tuas
[estas castiçasAlcançou um êxito ver
dadeiramente invulgar, o habitual Concurso Anual de Quadras Populares, sobre as Típicas Festas em Honra de N.» S.* da Boa Viagem, na Moita dó Ribatejo.
Inscreveram-se algumas centenas de quadras, enviadas dos mais variados pontos do país, desde Viana do Castelo, do Minho, até à Praia de Albufeira, no A l garve.
Como de costume, o Con-
Baixa da Banheira iWtt{— Rescaldo da tragédia de
P a io P ires— A partir do dia 4 do corrente, devido a êsta povoação, não obstante os 12.000 habitantes, ainda não ter cemitério próprio, repousam naquele do L a vradio, duas das vítimas do d o lo ro so a c o n te c im e n to ocorrido em Paio Pires, na m anhã de 3 1 de A g o s t o findo.
Das suas sepulturas surgiram duas negras cruzes, quais duas súplicas roudas, implorando a justiça dos homens!
Entrey as vítimas dessa tragédia, figuram as seguintes que, em vida, foram aqui residentes:
Viriato Francisco Pardal, de 34 anos, natural de Salvada (Beja), casado com Lu- ciana Ralha, d e ix a n d o -a cedo viúva, e duas filhinhas orfãs: — uma, de seis anos de idade; outra de quatro anos.
Um lar desfeito, que interroga o fu tu ro , . . e a família dessa .vítima, aguar dando a comiseração da so ciedade e a piedade dos seus semelhantes 1
José Vicente Bugio Lopes, de 15 anos, natural de Ba- leizâo, distrito de Beja, filho de Manuel António L o pes e de Pulquéria Emília Bugio, o qual era estudante da Escola Industrial,
Falto de recursos para satisfazer os seus próprios estudos e auxiliar seus pais, bastantes necessitados, dedicara-se nas suas férias escolares a trabalhar nas obras da Siderurgia Nacional, em Paio Pires, sem receio, num trabalho perigoso, e que era um desafio à morte, que o arrebatou ao seu sonho e ao carinho dos seus.
Quinze anos, um sonho determinando uma existência laboriosa, ficaram ali sepultos, nessas esperançosas primaveras, que não veremos mais.
Morreu José Vicente B u gio Lopes! Quinze anos! Um sonho, que se e s v a i ! , , , Me
ditem nisto meus senhores?! E decerto, a vossa alma re- vestir-se-á também de má- gua por estas; e, todas as outras vítimas.
A população da Baixa da Banheira está de luto, pois Viriato Francisco Pardal e José Vicente Bugio Lopes, morreram
Aos seus familiares, as nossas sentidas condolên cias. — (E.)
Alhos YedrosD E S P O R T O S
B O XRealizou-se no p a ssa d o
sábado, dia 5 do corrente, na esplanada da Sociedade Filarmónica Recreio e União Alhosvedrense, uma sessão de pugilismo amador, entre atletas do Lisboa Clube Rio de Janeiro, de Lisboa e G inásio Clube do Sul, de Ca- cilhas.
Os combates foram os seguintes;
1.° combate — José Anjos contra Horácio Metelo, saindo este, vencedor por pontos.
2 .» co m b a te — Fernando Pereira contra José de Oliveira terminando por combate nulo.
3.0 combate— Júlio Casimiro contra Jorge de Melo, saindo veucedor Júlio Casimiro, por d e s i s t ê n c ia do adversário ao i.° assalto.
— A'ovo Q u a rte l de B o m beiros — Em terreno cedido gratuitamente pelo Município locai, começou a construção do novo quartel dos Bombeiros Voluntários de Alcochete.
O edificio terá carácter provisório e será substituído quando a corporação puder empreender a construção de outro, que comporte o vário material motorizado recentemente adquirido.
Pavimentação das ruas da vila. - À importante verba de 198 contos, concedida no ano passado à nossa Câmara, para pavimentação das ruas da vila, mandou o Estado acrescentar agora mais a de 28 contos, para a continuação das referidas obras.
- ( E . )
4.* Joaquim Delgado contra Francisco M a d a le n o , saindo vencedor este último por pontos.
5 “ combate— José Duarte contra Júlio Fonseca (Tafoi), saindo este vencedor, por inferioridade física de José Duarte,
6.* combate — Júlio Correia contra António Loureiro, saindo vencedor o se- guudo, por desclassificação do primeiro.
Presidiu à mesa do Juri o Presidente da Associação de Pugilismo, Senhor Pierre Charles, e estes combates foram dirigidos pelos árbitros, Senhores António Fontes e José de Oliveira.— (E.)
S A N F E R , L. DAARMAZÉNS
OlOMIJO, Rui Ji Bela Vislaque resistiu
S E D ELiSIOfl, B« ít 5, Juli», 41-1.°
AERO M O TO R S A N F E R o moinho que resistiu ao ciclone — FE R R O S para construções, A RA M ES, A RCO S, etc.
CIMENTO PG R TLA N D , T R IT U R A Ç Ã O de alimentos para gados
KICINO B E L G A para adubo de batata, cebola, etc.C A R R IS , V A G Q N E T A S e todo o material para Ca
minho de FerroA RM A ZÉN S DE RECO VAGEM
wiiamrsk n im ianw i 1
Depois de demorados trabalhos de selecção, foi atribuído 0 i.* Prémio a um poeta de Lisboa, Ricardo Costa, com a seguinte quadra:*Oh Moita do Ribatejo, Como tu, não há igual; Esposa do nosso Tejo Es Filha de Portugal /»
Receberam menções honrosas os concorrentes D. Susete da Silva Flores, e os srs. Carlos Coutinho Martins e Epaminondas Sou- telo Gomes, todos de L isboa, e ainda, Francisco Eu- sébio Filipe, de Tinhalhas (Beira Baixa) e António Tiindade, da Moita do R ibatejo.
O vencedor recebeu, como prémio, um dia de estadia na Moita do Ribatejo, durante as Festas, com todas as despesas pagas. — (E.)
Noticias de PaviaCasamento
— Realizou-se na Igreja Matriz desta vila, o casamento da menina Umbelina Milheiras Charneca, com o sr. Joaquim Manuel Con- deço Ramalho, 2.* Sargento de Infantaria, 16 , ambos naturais de Pavia.
O casamento que teve grande relevo e numerosos convidados de to d a s as classes sociais, pois que ambos os noivos têm inúmeras pessoas de amizade e simpatia, neste meio, leva-nos por intermédio de «A Província*, a dar lhes os nossos parabéns, e desejai-lhes uma boa lua de mel.
Festes em honre do S. Sacramento, nos próximos dis*
20, 23 0 22 do corrente— Estas festas que costu
mavam ser sempre no 4.* domingo de Setembro, foram antecipadas para o terceiro, Por isso, avisamos dessa modificação por intermédio de «A Província», os nossos conterrâneos e as pessoas que vivem nas regiões de Barreiro, Baixa da Banheira, etc..
Como de costume, constam de missa cantada a grande instrumental, procissão, quermesse, fogo de artifício e lançamento dum vistoso balão, confeccionado pela casa Francisco Marques Amante, de Mouriscas.
A s festas, são abrilhantadas pela filarmónica «União Vimieirense», sob a regência do sr. Francisco Armando Cacheiro.
Nos dias 21 e 22, haverá a continuação de missas, divertimentos, várias corridas de bicicletas e um desafio de futebol entre as equipas do Grupo Paviense, contra um forte grupo do Vimiero; e à noite, a continuação do arraial, fogo de artifício e quermesse. — (C.)
A PROVÍNCIA 17-9.955
P ágina LITERÁRIAA máquina a dar 0 sinal de partida e eu a subir para a carruagem. Enfiei pelo corredor e entrei
num compartimento da l . a classe, onde ia só um passageiro, sentado junto da janela. Como não gosto de viajar de costas, sentei-me à sua ilharga ; pousando a maleta de mão no assento da frente. Depois, já com 0 comboio em andamento, tirei dela dois números da revista «Horizonte» e puz-me a ler uma antologia de poemas de Mário de Sá - Carneiro,
Pouco depois, 0 meu companheiro, mexendo-se, vi- rou-se um pouco para 0 meu lado, de maneira a poder ver, 0 que eu estaya lendo.
Breve pousei no banco este número para pegar noutro, com a biografia de Armando Cortes Rodrigues.
— Dá licença que eu leia ?— , disse-me ele, indicando a revista que eu largara.
— Da melhor vontade ! respondi.
I.
Pouco depois, mirando 0 sujeito pelo rabo do olho, vi-o estar lendo 0 mesmo artigo de Vasco Miranda,— <50 «nos de poesia».
Devia ter quarenta e tantos anos. U s a v a fato de boa qualidade; mas nâo parecia muito cuidadoso com ã sua pessoa. A barba, de três ou quatro dias, sombreava-lhe 0 rosto anguloso, O nó da gravata, torto, descaído, escondia-se entre uma das pontas torcidas do colarinho amarrotado. Um tique nervoso na mão esquerda fazia estremecer a revista, ao pegar-lhe para voltar a folha. De vez em quando, metia 0 indicador entre 0 pescoço e colarinho, como que a alargá-lo para poder respirar melhor.
Encetámos conversa a propósito da Poesia modernista.
Comparando Sá-Carneiro e Cortes Rodrigues com outros poetas, 0 meu companheiro de viagem falou dos grupos do « O rfe u » e da «Presença», dos dissidentes e dos críticos, mostrando-se conhecedor do assunto.
— Os críticos—disse—ai! os críticos.. , estimulando 0 mau gosto tanto cá, com lá fora, são os culpados de tanta palermice que aparece por aí escrita, em form a de poemas e de tantos borrõts que, passando por pintura abstrata, enchem as ttlas apresentadas ao público em certas exposições.
E, assim fizemos, sozinhos, quasi toda a viagem até Pampilhosa; ele, como se tivesse dentro de si um disco, a que 0 próprio movimento do combóio desse corda, sempre a falar de pintura e de poesia, comparando romantismo e naturalismo com simbolismo e modernismo e eu interessado em ouvi-lo, só abria a boca para
fazer qualquer observação, numa ou noutra pergunta.
Eis, algumas, das suas mais curiosas afirmações:
- - O s poetas de hoje, não são sinceros . . . 0 próprio Fernando Pessoa, ele mesmo 0 confessa na sua autopsi- c o g ra fia , era um f in g id o r , pois simplesmente sen tia com a im a g in a çã o . . e por isso a exteriorisava de várias maneiras, com nomes diferentes, para, em cada qual, aparentar fingida personalidade poética.
— E n tã o , F lo r bela, não fo i sin cera ? - interroguei.
— Foi, sem dúvida. For- bela desnudou a própria alma, (dizia ia lm a num sotaque acentuadamente minhoto.)
Há verdadeira sinceridade nos seus sonetos, tal como em Antero ou mesmo em C a milo. quando afirma «Amigos, cento e dez ou talvez mais. . . » e em tantos outros, que procurando exteriorisar na poesia as suas emoções e tomando 0 conselho de Goethe, fizeram da sua dor um poema. E um poema— acrescentou — é tanto mais digno de apreço quanto mais expontânea, mais sincera e mais simples, for a sua forma de expressão. Mas, hoje em dia, os gostos estão estragados: Põe-se uma batuta nas mãos de uma criança esperta e toda a gente corre a ouvir a mesma orquestra filarmónica no mesmo programa a que, na semana anterior dirigida por m aestro competente, não ligara importância. Se a outra criança lhe dá para escrever umas frases chochas, a que chama poemas, logo aparece um editor esperto a explorar 0 filão. Ensina-se um macaco a garatujar quadros e não falta quem pague com bom dinheiro, tais preciosidades!
Assim, dissertando e quasi sem reparar nas estações chegámos a Pombal onde outro passageiro com destino a Alfarelos, veio sentar-se ao pé de nós.
Foi a partir de Alfarelos, e outra vez sozinhos naquele compartimento de primeira classe, que 0 meu companheiro de viagem, calculando certamente que não voltaríamos a encontrar-nos, por eu ter dito que tomaria na Pampilhosa 0 combóio da Beira Alta, me contou como verdadeira a seguinte história:
— «Certa pessoa, aover-se a dois passos da falência, sem recurso económico de qualquer espécie e sem coragem para pôr termo à vida,
resolveu fazer-se passar por doido.
Ao aproximar-se o.dia em que, para evitar a penhora, teria de amortizar com cinco contos uma hipoteca, meteu- se no combóio para Lisboa e, uma vez ali, com pouco mais de uma centena de escudos no bolso, começou a pensar na maneira de chamar a atenção das outras pessoas, para 0 seu d esa rra n jo m enta l,
* **Por sorte viu num jornal,
anunciada para breve, uma exposição de pintura modernista. « A c h e i! — disse consigo. Vou encher de borrões uma tela e apresento-a lá. Logo vêem que não estou
em meu juízo... chamam a polícia para tomar providências... e sou internado.
«Tratou logo de adquirir 0 material n e c e ssá r io e pôs mãosà obra. Em pouco tempo tinha 0 trabalho pronto—borrões disformes, sem sentido, numa tela de quasi um metro quadrado.
«Numa loja de molduras comprou grossa baguette imponente, arrebicada. Armou o quadro e levou-o ao seu destino.
«Pasmou quando 0 empregado, sem mostrar extranhe- za,lhe deu a preencher os impressos indispensáveis à sua inclusão como expositor e lhe pediu para neles men- sionar 0 valor de venda do quadro. Isto fez, pondo no lugar do preço a importância do material empregado—setenta e cinco escudos.
— «Muito bem,—disse 0 contínuo lendo mal 0 número onde faltava 0 cifrão — sete mil e quinhentos escudos. Vou preencher a etiqueta. A exposição abre amanhã, às tantas horas.
«Voltou no dia seguinte para assistir à sua abertura.
«Entre quasi uma centena de quadros expostos, 0 seu, avultava quer pelas dimensões, quer pela bizarrice da moldura.
Postou-se junto dele, para melhor ouvir os comentários dos visitantes, parados a mirá-lo no propósito de compreenderem 0 significado de tais garatujas; e foi tomando nota de.algumas apreciações:
«— É fo r m id á v e l I disse um.
«— E b e s t ia l! —, disse outro.
«— A b s tr a t ís s im o ! . . . disse, extasiado, um terceiro, para alguém que 0 acompanhava.
«A um par de recem-casa- dos, em lua de mel a avaliar pela denguice como ela se
pendurava nele, parados defronte, ouviu ele dizer para ela :
«— H erm ético , não ach a s? ! E ela respondeu : — M u ito !
«Esteve, assim, horas assistindo, ao desfile de curiosos em frente do quadro e ouvindo comentários; ora tolos e pretenciosos duns, ora mordazes doutros, até que apareceu 0 casal que 0 adquiriu.
— P o r sete contos e q u i. nhentos ? — preguntei incré- dulamente.
— E x a c ta m en te! P o r sete contos e qu inhen tos. P o sso g a ra n ti- lo , porqu e a s s is t i à co m p ra ! E, em tom confirmativo :
« — Um casal interessante.
Ele, era um sexagenário gordo, simpático, bonacheirã o . . . Ela, bastante mais nova, toda emproada, afectava 0 ar superior de pessoa distinta. Pediu-lhe qualquer coisa em voz baixa insistindo depois e fazendo-lhe tagatés :
«— Compra . . . Chaninho !«— O jilh a , estás maluca /
Para que queres tu um quadro destes ? Nem se percebe, o que significa!
«— O Chaninho!... não vês que ê 0 mais importante de to d o s ! .. . O que dá mais nas vistas de toda a gente!...
«— E 0 mais caro de todos, filh in h a ! . . . Sete contos e quinhentos 1. . .
«— P or isso mesmo, Chaninho 1 . . . O mais impor - tante. . calcula 0 rèclame para 0 teu nome, amanhã, nos jornais ao publicar„• — O melhor quadro foi adquirido pelo senhor Fulano de tal, por sete m il e quinhentos escudos ! . . .
«— E com praram .n o 1«Logo no dia seguinte 0
seu autor embolsava 0 dinheiro que, descontada a p ercen tag e m , dava ainda para amortizar a hipotéca.
— Fez-se, então, pintor. , , observei.
— Nem pensou nisso I Continuou com a mesma ideia, de se fazer passar por doido. O dinheiro não chegara a nada. Logo voltaram as dificuldades. Como não logrou 0 seu intento com a pintura, voltou-se para a poesia. Compôs curtos poemas, género modernista, com meia dúzia de palavras a jogar disparates e encheu deles um caderno. Leu-os a toda a gente e por fim, enviou-os à redacção de um jornal que, logo por sorte, começou a publicá-los, gabando 0 mérito do seu autor.
— Nesse caso — objectei — os poemas não eram maus de todo, e 0 homem, pelo que
vejo não conseguiu fazer.Sl passar por doido.
— N ão , não conseguiu. ]V|6s os poemas eram de facto disparatados. Ainda me rç" cordo deste, por exemplo
— «S99 sol e írerao «ara {ri®,Sau neve « ftnko calor. . .Msr voltando pera 0 rie. . .Por amor. . .»
— E n t r e t a n t o — prosse. guiu — devem os coticordir que é d is to , que se gostt p resen tem en te ; Lê-se a meia voz à mesa do café ; simula-se um momento de con. centração e diz-se, depois para 0 amigo que nos encara:— P r o fu n d o ! E 0 amigo| que também nada percebe, mas que não quere passai por ignorante, acena afirmativamente com a cabeça. N ã o tenha d ú v id a s que i a s s i m m esm o / — acentuouao ver-me sorrir.
Entretanto 0 comboio pa- rava na estação e, enquanto eu me preparava para sair,
0 meu companheiro de viagem acrescentou, resumindo:
«E le, depois, enviou con nome su posto p a r a 0 jornai um a crítica severa à sua p r ó p r ia poesia e quando o jo r n a l a pu b licou , tra tou logo de respon der. Estabelecendo a ss im v iv a po lém ica , chamou a atenção do público para 0 seu nom s 0 que levou outros jo r n a is a so lic ita rem a sm colaboração . D esta jorna, conseguiu e q u ilib ra r a vido e to m a r g o s to p o r e la . ■ .
— E sto u a ver, que 0 b m ern acabou p o r fa z e r fortuna com a pena, disse eu, ironicamente, ao despedir-me emquanto me apeava.
— N ã o fo i tan to assiml M as, deve.lhe 0 te r siè a d m itid o em certos círculos, que lhe a r ra n ja ra m colocação num a em presa , p or conto da q u a l traba lh a . V ive agora d esa fo g a d a m en te e até viaji em p r im e ira classe /
Estas palavras foram f ditas, quando eu atravessava a plataforma da estação ; e' me dirigia para 0 combóio da Beira Alta, pronto a paf' tir.
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para que o nosso c o n ce lh seja apontado como símbw0 de civilidade 1 — O cuspir, 0 lançamento de inundicies e inutilidades para a via púbhca’ é sintoma de pouca educaçalj e desrespeito pelo próxi®0
V is ã d o pela . C ensU fl SlJULSLSUlSLSLMJlJiaJLSLSJ^
A história que ele me contou \= = = = = = = = = = = = = - = P O R — J O S É F E R R E I R A V E N T U R A -■ ---------
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