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HOMEOPATIA
Elaborado para qualificação profissional
GUIA COMPLETO DE
Marcelo Rigotti – Projeto Biociência, 2016
HOMEOPATIA
GUIA COMPLETO DE
HOMEOPATIA
Elaborado para qualificação profissional
GUIA COMPLETO DE
Marcelo Rigotti – Projeto Biociência, 2016
GUIA COMPLETO DE
HOMEOPATIA ELABORADO PARA QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL E PARA A FAMÍLIA
Marcelo Rigotti
Sumário Unidade 1. Introdução à Homeopatia. .............................................................................................. 6
1.1. Definição de Homeopatia. ............................................................................................................. 7
1.2. Como funciona a homeopatia. ....................................................................................................... 8
1.2.1. A estrutura da água. ..................................................................................................... 10
1.3. A Homeopatia é segura? .............................................................................................................. 10
1.3.1. Para quais problemas a homeopatia pode ser utilizada. ............................................... 11
1.4. O remédio homeopático. .............................................................................................................. 11
1.5. Princípios da homeopatia. ............................................................................................................ 12
Unidade 2. As evidências clínicas da Homeopatia.......................................................................... 14
2.1. Principais definições. ................................................................................................................... 15
2.2. Pesquisas clínicas. ........................................................................................................................ 15
Unidade 3. História da Homeopatia. ............................................................................................... 19
3.1. Samuel Hahnemann. .................................................................................................................... 20
3.2. Homeopatia no mundo. ................................................................................................................ 21
3.2.1. Histórico. ..................................................................................................................... 21
3.2.2. Renascimento no século XX. ....................................................................................... 23
3.3. Homeopatia no Brasil. ................................................................................................................. 24
Unidade 4. Como os remédios homeopáticos são feitos. ................................................................ 26
4.1. Matérias primas. ........................................................................................................................... 27
4.1.1. Fontes vegetais. ........................................................................................................... 27
4.1.2. Fontes animais. ............................................................................................................ 29
4.1.3. Fontes minerais. ........................................................................................................... 30
4.1.4. Sarcódios. .................................................................................................................... 31
4.1.5. Nosódios. ..................................................................................................................... 31
4.1.6. Energéticos. ................................................................................................................. 32
4.1.7. Diluição e dinamização. .............................................................................................. 32
4.2. Tintura mãe .................................................................................................................................. 34
4.2.1. O estoque homeopático. .............................................................................................. 34
4.2.2. Remédios feitos a partir de fontes vegetais. ................................................................ 35
4.3. Potenciação através da sucussão. ................................................................................................. 36
4.4. A potenciação por trituração. ....................................................................................................... 38
4.5. Qualidade ..................................................................................................................................... 40
Unidade 5. Métodos de dinamização .................................................... Erro! Indicador não definido.
5.1. Diluição. ........................................................................................ Erro! Indicador não definido.
5.1.1. A diluição centesimal de Hahnemann- CH. ................. Erro! Indicador não definido.
5.1.2. A diluição decimal de Hahnemann- DH. ...................... Erro! Indicador não definido.
5.1.3. As Diluições Korsakovianas - K. ................................. Erro! Indicador não definido.
5.2. Dinamização. ................................................................................ Erro! Indicador não definido.
5.3. Prova homeopática. ....................................................................... Erro! Indicador não definido.
Unidade 6. Tipos de remédios Homeopáticos ...................................... Erro! Indicador não definido.
6.1. Medicamentos clássicos ou constitucionais. ................................. Erro! Indicador não definido.
6.2. Policrestos. .................................................................................... Erro! Indicador não definido.
6.3. Isopáticos. ..................................................................................... Erro! Indicador não definido.
6.3.1. Alérgenos ...................................................................... Erro! Indicador não definido.
6.3.2. Nosódios ....................................................................... Erro! Indicador não definido.
6.3.3. Sarcódios ...................................................................... Erro! Indicador não definido.
6.3.4. Nosódios e sarcodios usados como “vacinas” .............. Erro! Indicador não definido.
6.3.5. Tautopatia ..................................................................... Erro! Indicador não definido.
6.4. Maximizando os efeitos. ............................................................... Erro! Indicador não definido.
Unidade 7. A consulta a um Homeopata. ............................................. Erro! Indicador não definido.
7.1. Consulta. ....................................................................................... Erro! Indicador não definido.
7.1.1. Perfil dos pacientes. ...................................................... Erro! Indicador não definido.
7.1.2. Busca de informações. .................................................. Erro! Indicador não definido.
7.1.3. Descrevendo a personalidade do paciente. ................... Erro! Indicador não definido.
7.2. Avaliando o paciente..................................................................... Erro! Indicador não definido.
7.2.1. O corpo. ........................................................................ Erro! Indicador não definido.
7.2.2. Ambiente. ..................................................................... Erro! Indicador não definido.
7.2.3. A mente. ....................................................................... Erro! Indicador não definido.
7.2.4. Eventos da vida............................................................. Erro! Indicador não definido.
7.2.5. Organização da vida. .................................................... Erro! Indicador não definido.
Unidade 8. Princípios homeopáticos na assistência ao paciente. ....... Erro! Indicador não definido.
8.1. O paciente. .................................................................................... Erro! Indicador não definido.
8.1.1. Abordagem ao paciente. ............................................... Erro! Indicador não definido.
8.1.2. Contato inicial. ............................................................. Erro! Indicador não definido.
8.1.3. A consulta homeopática. .............................................. Erro! Indicador não definido.
8.1.4. Estilo de entrevista. ...................................................... Erro! Indicador não definido.
8.1.5. Análise de caso e seleção de remédios. ........................ Erro! Indicador não definido.
8.2. Indicações para os principais problemas de saúde. ....................... Erro! Indicador não definido.
8.2.1. O sistema nervoso. ........................................................ Erro! Indicador não definido.
8.2.2. Sistema respiratório ...................................................... Erro! Indicador não definido.
8.2.3. Sistema circulatório. ..................................................... Erro! Indicador não definido.
8.2.4. Sistema digestivo. ......................................................... Erro! Indicador não definido.
8.2.5. Sistema tegurmentar. .................................................... Erro! Indicador não definido.
8.2.6. Sistema esquelético. ..................................................... Erro! Indicador não definido.
8.2.7. Sistema reprodutivo. ..................................................... Erro! Indicador não definido.
8.2.8. Sistema imunológico. ................................................... Erro! Indicador não definido.
8.2.9. Sistema endócrino. ....................................................... Erro! Indicador não definido.
8.2.10. Sistema linfático. ........................................................ Erro! Indicador não definido.
8.2.11. Sistema muscular. ....................................................... Erro! Indicador não definido.
8.2.12. Sistema urinário. ......................................................... Erro! Indicador não definido.
8.2.13. Sentimentos e emoções. .............................................. Erro! Indicador não definido.
Unidade 9. Materia medica. .................................................................. Erro! Indicador não definido.
9.1. Nomenclatura homeopática .......................................................... Erro! Indicador não definido.
9.2. Abreviaturas dos remédios homeopáticos ..................................... Erro! Indicador não definido.
9.3. Principais remédios homeopáticos ................................................ Erro! Indicador não definido.
Unidade 10. Remédios homeopáticos para os principais sintomas. ... Erro! Indicador não definido.
10.1. Cabeça e cérebro. ........................................................................ Erro! Indicador não definido.
10.2. Boca, garganta e língua. .............................................................. Erro! Indicador não definido.
10.3. Estômago e sintomas gástricos. .................................................. Erro! Indicador não definido.
10.4. Trato intestinal. ........................................................................... Erro! Indicador não definido.
10.5. Abdome e fígado. ........................................................................ Erro! Indicador não definido.
10.6. Órgãos respiratórios. ................................................................... Erro! Indicador não definido.
10.7. Circulação. .................................................................................. Erro! Indicador não definido.
10.8. Órgãos reprodutivos. ................................................................... Erro! Indicador não definido.
10.9. Tronco, coluna e costas. .............................................................. Erro! Indicador não definido.
10.10. Olhos, orelhas e nariz. ............................................................... Erro! Indicador não definido.
10.11. Pele e glândulas......................................................................... Erro! Indicador não definido.
10.12. Mente, disposição e sensibilidade. ............................................ Erro! Indicador não definido.
10.13. Dor e sensações dolorosas. ....................................................... Erro! Indicador não definido.
10.14. Sono. ......................................................................................... Erro! Indicador não definido.
10.15. Aversões. ................................................................................... Erro! Indicador não definido.
10.16. Força vital. ................................................................................ Erro! Indicador não definido.
Glossário de Homeopatia ...................................................................... Erro! Indicador não definido.
Referências Bibliográficas ..................................................................... Erro! Indicador não definido.
Anexo 1 - Formulário de consetimento............................................................................................298
Anexo 2 - Histórico do cliente..........................................................................................................300
Anexo 3 - Questionário Homeopático..............................................................................................307
6
Unidade 1. Introdução à
Homeopatia
7
1.1. Definição de
Homeopatia.
Homeopatia, também conhecida como
medicina homeopática, é um tratamento
que se desenvolveu na Alemanha e tem
sido praticada em todo mundo desde o
início do século 19. É um sistema
alternativo, na homeopatia os
medicamentos são administrados com
fins preventivos e terapêuticos.
Distingue-se da medicina ocidental
moderna em seu sistema de diagnóstico
e de intervenção terapêutica.
Este método foi desenvolvido pelo
médico alemão Samuel Christian
Hahnemann no final do século 18 e era
uma forma predominante de medicina na
Europa e Estados Unidos até o início de
1900.
O tratamento homeopático procura
estimular a capacidade do corpo em
curar-se, dando doses extremamente
pequenas de substâncias altamente
diluídas, que produzem sintomas
característicos da doença em pessoas
saudáveis, quando administrado em
doses maiores. O princípio básico da
homeopatia, conhecida como a "lei dos
semelhantes", é "semelhante cura
semelhante".
Na homeopatia, uma premissa
fundamental é que cada pessoa tem uma
energia chamada de força de auto cura ou
resposta vital. Quando essa energia é
interrompida ou desequilibrada os
problemas de saúde começam a se
desenvolver. A homeopatia visa
estimular respostas próprias de cura pelo
organismo.
O termo homeopatia vem das palavras
gregas homeo, ou seja, semelhante e
pathos, que quer dizer doença. A
homeopatia tem uma abordagem
diferente da medicina convencional no
diagnóstico, classificação e tratamento
de problemas de saúde. A homeopatia
estimula os mecanismos e processos de
defesa do organismo de modo a prevenir
ou tratar a doença.
O tratamento em homeopatia é
individualizado (adaptado para cada
pessoa). Os homeopatas selecionam os
remédios de acordo com uma visão geral
do paciente, incluindo não só os
8
sintomas, mas estilo de vida, estados
emocionais e mentais, e outros fatores.
Muitos médicos e leigos ainda fazem
muita confusão sobre o que a homeopatia
realmente é. Embora muitos dos dogmas
filosoficos homeopáticos estejam
abertos ao debate, o antagonismo em
relação a homeopatia é principalmente
devido a falta de informação.
Ironicamente, o julgamento sumário da
medicina convencional contra a
homeopatia deriva de um mal-entendido
sobre os princípios homeopáticos.
Cuidadosa consideração de um sistema
de cura requer que se entenda o seu
método, incluindo os seus princípios e
práticas clinicas. O sistema da
homeopatia é tão complexo e diferente
da medicina convencional que requer
uma reflexão cuidadosa para
inteligentemente aceitar ou rejeitar seus
princípios.
O equívoco mais comum tem sido a de
que a medicina homeopática é sinônimo
de medicamentos naturais. Embora isso
pareça bom, é impreciso. Mesmo que
seja verdade, essa definição não ajuda a
esckarecer o que exatamente é a
medicina natural.
Embora a medicação homeopática ou
remédios, como são muitas vezes
chamados, sejam frequentemente
fabricados a partir de materiais naturais,
este não é um requisito da farmacopéia
homeopática. Defensores da teoria
homeopática usam remédios para curar o
paciente, estimulando o seu próprio
poder de cura. Embora esta teoria,
pudesse ser chamado de uma cura
natural, tal cura significaria comparação
com outras formas de medicina natural.
Essa imprecisão pode fazer parecer a
homeopatia como "Natural".
1.2. Como funciona a
homeopatia.
A homeopatia se distingue de outros
sistemas terapêuticos na forma de tratar
o paciente, no tipo e na preparação do
remédio utilizado. O sistema
homeopático tem como fundamento a
integralização holística do paciente e de
sua realidade, tanto no adoecer, quanto
no tratamento. Dessa forma, a doença é
um desequilíbrio no todo que se
manifesta de múltiplas formas.
Para Hahnemann, esse todo dinâmico
responsável pelo equilíbrio é a força ou
energia vital: o atributo imaterial,
automático, inerente ao homem, que
9
coordena as funções orgânicas e psico-
emocionais integralizando-as, tornando
o homem uma unidade.
A homeopatia é baseada em diluições
extremas seguidas de mistura em outra
solução, chamadas sucessões. O nível de
diluição é impresso no frasco do
medicamento. Na dinamização, é usado
uma solução hidro alcoólica para diluir
(frequentemente álcool a 30%) e
movimentos de - batida - contra um
anteparo semirrígido para agitação.
Chamamos este processo de agitação de
sucussão. Se uma substância é solúvel
em água ou álcool etílico, puro ou
combinado, ela será dissolvida, na
proporção de 1%, e agitada 100 vezes.
Em seguida, nova diluição e 100
agitações.
Homeopatas hoje entendem o conceito
de constante de Avogadro. Eles atribuem
poderes de cura da homeopatia para a
"memória da água" - o conceito de que a
água tem a capacidade de se lembrar da
substancia original.
O aspecto da homeopatia pode ser
inexplicável para muitas pessoas, e que
os medicamentos são muitas vezes,
diluídos ao ponto em que não haverá
nenhum resquício das moléculas da
substância original. Uma das principais
propostas atuais de como essas diluições
“ultra moleculares” trabalham é que a
água é capaz de armazenar informações
relativas a substâncias com as quais
tenha estado previamente em contato.
Em primeiro lugar, este conceito de
memória da água é além do reino da
física conhecida. Ainda não se sabe se a
água consegue manter a memória da
molécula por muito mais tempo do que
um bilionésimo de segundos.
Em segundo lugar, se a água pode se
lembrar da forma do que está nela, então,
toda a água tem o potencial para ser
homeopática. A água da torneira se
movimentando através de tubos, com
seus traços de substâncias naturais
conhecidos por causar câncer e outras
doenças, seriam terapêuticos contra estas
doenças.
10
1.2.1. A estrutura da
água.
Pesquisas recentes sobre ligações de
hidrogênio em água fornecem suporte
para esta teoria da “memória”. O
químico suíço, Louis Rey, constatou que
a estrutura das ligações de hidrogênio em
diluições homeopáticas de soluções
salinas é muito diferente do que em água
pura. Ele chegou à conclusão de que esse
fenômeno resulta da agitação vigorosa
de soluções que ocorre durante a
sucussão.
Além disso, usando uma técnica de
laboratório chamada espectroscopia,
outros investigadores verificaram que
diferentes medicamentos homeopáticos
e diluições diferentes do mesmo
medicamento podem ser diferenciadas
umas das outras, apesar de tudo conter
apenas água.
1.3. A Homeopatia é
segura?
A homeopatia é perfeitamente segura,
isto é porque os medicamentos
homeopáticos são feitos a partir de uma
quantidade muito pequena do
ingrediente ativo. Duzentos anos de
prática, pesquisa e ensaios comprovaram
a segurança deste sistema de saúde para
pessoas e animais. Os remédios
homeopáticos foram regulamentados nos
Estados Unidos no ano de 1938 e são
considerados seguros.
Ao contrário de alguns medicamentos
convencionais, os medicamentos
homeopáticos não causam dependência e
não tem efeitos colaterais perigosos.
Homeopatia é segura para uso em bebês,
crianças e mulheres grávidas ou
lactantes, que estão sob a supervisão de
um profissional homeopata.
11
Alguns críticos da homeopatia acreditam
que há tão pouca substância ativa numa
solução que os benefícios do tratamento
são, provavelmente, não por causa da
substância, mas porque a pessoa está
pensando que é eficaz, ou seja, efeito
placebo.
1.3.1. Para quais
problemas a
homeopatia pode ser
utilizada.
Historicamente, as pessoas têm usado
homeopatia para melhorar a saúde e
tratar um grande número de doenças, tais
como alergias, dermatite atópica, artrite
reumatóide e síndrome do intestino
irritável. Também tem sido utilizada para
tratar ferimentos leves, como cortes,
arranhões e tensões musculares ou
entorses. O tratamento Homeopático não
é considerado adequado para doenças,
tais como câncer, doenças do coração,
infecções importantes ou emergências.
1.4. O remédio
homeopático.
As prescrições homeopáticas são
produzidas baseadas na Matéria Médica
e repertórios. A matéria médica
homeopática é uma coleção de sintomas
e sinais relatados em experimentos que
foram causados por substancias antes da
transformação em remédio homeopático.
Essas características descrevem os
padrões dos sintomas associados com os
remédios. Um repertório homeopático é
um índice de sintomas da doença que
lista os remédios associados a sintomas
específicos. Simplificando é um catálogo
completo das manifestações obtidas
através da experimentação das
substancias em indivíduos
aparentemente sadios e sensíveis.
A homeopatia pode utilizar fontes
animal, vegetal, mineral e substâncias
sintéticas em seus remédios, se referindo
a eles com nomes latinos. Exemplos
como Arsenicum album (óxido de
arsênico), Natrum muriaticum (cloreto
de sódio ou sal de mesa), Lachesis muta
(o veneno da cobra surucucu) e
Thyroidinum (hormônio da tireóide).
Mais de 4.000 substâncias de plantas,
animais, e substancias minerais foram
12
testados desde que Hahnemann
desenvolveu suas teorias, resultando em
uma matéria médica que contém mais de
2.000 remédios.
Alguns homeopatas também utilizam os
chamados "nosódios" (do grego nosos,
doença) feitos a partir de produtos
doentes ou patológicos como fezes,
urina, descargas respiratórias, sangue e
tecido. Os remédios homeopáticos
preparados a partir de espécimes
saudáveis são chamados "sarcódios".
1.5. Princípios da
homeopatia.
Existem quatro princípios importantes
associados com a prática da homeopatia:
- Semelhante cura o semelhante.
Hahnemann acreditava que, a fim de
curar a doença, devem-se procurar
medicamentos que provoquem sintomas
similares no corpo humano saudável.
Esta ideia é resumida na frase latina
Similia similibus curentur,
frequentemente traduzido como
“semelhante cura semelhante”. Assim,
um medicamento como Coffea tosta,
feita a partir de café torrado, pode ser
utilizado para tratar insônia.
- Dose mínima. Quando Hahnemann
realizou sua principal pesquisa ele deu
doses de medicamentos para seus
pacientes, baseado na prática médica da
época. Isso muitas vezes resultou em
grandes reações tóxicas e as mortes não
eram incomuns. Então ele diluiu até que
a substancia deixasse de ser tóxica,
enquanto que, ao mesmo tempo o efeito
terapêutico era mantido. Hahnemann
descobriu que, como os medicamentos
foram diluídos em série, com agitação
vigorosa a cada etapa, eles pareciam se
tornar cada vez mais potentes
terapeuticamente. Ele chamou esse
efeito de processo de dinamização.
- Tratamento individual. Hahnemann
acreditava que cada paciente devia usar
um único medicamento para tratar um
13
problema de saúde. Há uma tendência
crescente dos grandes fabricantes
combinarem misturas de medicamentos
e potências em um único produto. Estes
são conhecidos como complexos.
- Visão geral do paciente. A abordagem
holística do tratamento, no qual todos os
aspectos do bem-estar do paciente são
considerados, não apenas sintomas
locais isoladamente.
14
Unidade 2. As evidências
clínicas da Homeopatia
15
2.1. Principais
definições.
- Estudos duplo-cegos referem-se a
experiências em que nem o
experimentador nem os sujeitos sabem
se um tratamento específico foi receitado
ou foi um placebo (um medicamento
falso que parece e tem gosto de
medicamento homeopático verdadeiro).
- Ensaios clínicos randomizados são
aqueles em que os sujeitos de uma
experiência são colocados
aleatoriamente em grupos de tratamento
ou em grupos tratados com placebo. Os
investigadores tentam colocar as pessoas
com características semelhantes em
igual número nos grupos de tratamento e
placebo.
- Estudos Crossover referem-se a
experiências em que metade dos
indivíduos de um estudo é dada um
placebo, durante uma fase de um estudo
e, em seguida, dado o remédio
homeopático durante a segunda fase,
enquanto a outra metade começa com o
tratamento ativo e em seguida recebem o
placebo durante a segunda fase.
2.2. Pesquisas clínicas.
Antes de discutir os recentes ensaios
clínicos controlados e duplo-cegos, é
importante fazer referência à história das
pesquisas homeopáticas, a fim de
fornecer evidências adicionais para
comprovar a eficácia clínica da nano
farmacologia homeopática.
A homeopatia se tornou popular na
Europa e nos Estados Unidos,
principalmente por causa dos sucessos
surpreendentes através de experiências
no tratamento de pessoas que sofreram
com várias epidemias de doenças
infecciosas no século 19. As taxas de
mortalidade nos hospitais homeopáticos
por doenças como cólera, escarlatina,
febre tifóide, febre amarela, pneumonia
e outros foi de 50 a 12% menor que de
hospitais médicos convencionais
(Bradford, 1900; Coulter, 1973). Estes
resultados consistentes e significativos
não podiam ser atribuídos a um efeito
placebo.
Um grupo independente de médicos e
cientistas avaliou pesquisa clínica
homeopática antes de outubro de 1995
(Linde, 1997). Eles revisaram 186
estudos, 89 dos quais cumpriam critérios
pré-definidos para a meta-análise. Eles
descobriram que em média os doentes
16
que receberam um medicamento
Homeopático tiveram 2,45 vezes mais
chances de ter experimentado um efeito
clinicamente benéfico. Ao analisar
apenas os estudos de alta qualidade, os
pesquisadores descobriram que
indivíduos que tomaram o medicamento
homeopático ainda eram 1,86 vezes mais
propensos a ter melhoria da saúde, em
comparação com aqueles que receberam
um placebo.
Quatro trabalhos científicos individuais
utilizaram ensaios clínicos de um
medicamento homeopático
(Oscillococcinum 200C) no tratamento
de doença gripal (Papp, 1998). Cada um
destes ensaios foi relativamente grande
no número de indivíduos (487, 300, 100
e 372), e todos tiveram a mesma
metodologia, placebo-controlado e
duplo-cego (dois dos três ensaios
também foram randomizados). Cada um
destes estudos mostraram resultados
1 A febre do feno é um tipo de rinite alérgica, trata-se de uma alergia ao pólen de certas plantas, especialmente as gramíneas (componentes do feno) e árvores (como bétula e aveleira).
estatisticamente significativos (Vickers,
2007).
Outro grupo de pesquisa sobre o uso de
Galphimia glauca no tratamento da febre
do feno1 foi replicado com sucesso sete
vezes, mas esta pesquisa foi realizada
pelo mesmo grupo de pesquisadores
(Wiesenauer e Ludtke, 1996), e, até
agora, este trabalho não foi realizado por
outros pesquisadores.
Um corpo de pesquisa clínica em
Homeopatia que tem sido
consistentemente reconhecido como
produtores da mais alta qualidade em
pesquisas científicas é um grupo de
pesquisadores da Universidade de
Glasgow e Hospital Homeopático de
Glasgow. Eles realizaram estudos sobre
pessoas que sofreram de várias alergias
respiratórias (asma e rinite alérgica)
(Taylor, et al., 2000). No total, eles
trataram 253 pacientes e observaram
uma melhora em 28% naqueles que
receberam um medicamento
homeopático, em comparação com uma
melhoria de 3% em pacientes que
receberam um placebo. Neste estudo,
houve uma alta probabilidade de que o
tratamento tenha sido eficaz porque
17
havia apenas sete chances em 10.000 que
esse resultado acontecesse por acaso.
Na Universidade do Hospital de Viena
um estudo foi realizado para avaliar a
influência da administração via
sublingual de Kali bichromicum
(dicromato de potássio), na quantidade
de 30C, na secreção traqueal fibrosa em
pacientes críticos com histórico de
tabagismo (Frass, et al., 2005). A
quantidade de secreção traqueal foi
significativamente reduzida em
pacientes que receberam o medicamento
homeopático.
Figura 1 - Kali bichromicum
Três estudos em crianças com diarreia
também foram realizados e publicados
em revistas científicas (Jacobs, et al.,
2003). Uma meta-análise das 242
crianças que estavam envolvidas nestes
três estudos mostrou que as crianças para
as quais foram prescritas um
medicamento homeopático
experimentaram uma redução altamente
significativa na duração da diarreia, em
comparação com as crianças que
receberam um placebo.
Outro estudo em 53 pacientes com
fibromialgia (Bell, et al., 2004), que
receberam doses homeopáticas, em
comparação com aqueles que receberam
um placebo foi muito significativo. O
que também é extremamente
interessante sobre este estudo é que os
pesquisadores descobriram que pessoas
em tratamento homeopático também
obtiveram melhoras nesta doença. Esta
evidência de benefícios clínicos e ação
fisiológica dos medicamentos
homeopáticos em pessoas com sintomas
crônicos é uma evidência muito forte de
que estas nano doses podem ter efeitos
notáveis.
Um importante estudo foi conduzido por
uma professora de química que
antigamente era cética da homeopatia
(Dr. Madeleine Ennis), mas que agora
18
reconhece que estes medicamentos têm
efeitos significativos (Belon, et al.,
2004). Quatro laboratórios
independentes, cada um associado a uma
universidade, realizou uma série de
3.674 experimentos utilizando diluições
de histamina além do número de
Avogadro, o que queremos dizer é que
nesta dose, não há moléculas restantes da
substância original. Os pesquisadores
descobriram efeitos inibitórios de
diluições de histamina em um tipo de
glóbulos brancos chamados basófilos.
As soluções foram feitas em laboratórios
independentes, os participantes não
tinham conhecimento do conteúdo das
soluções do teste e a análise dos dados
foi realizada por um bioestatístico que
não estava envolvido em qualquer outra
parte do experimento.
19
Unidade 3. História da
Homeopatia
20
3.1. Samuel
Hahnemann.
A história da homeopatia começa com as
descobertas de seu fundador Samuel
Hahnemann (1755-1843). Hahnemann
primeiro criou a palavra "homeopatia"
("homoios" em grego significa
semelhante e "pathos" significa doença)
para se referir ao princípio
farmacológico, a lei dos semelhantes,
que é a sua base. Na verdade, a lei dos
semelhantes anteriormente foi descrita
por Hipócrates e Paracelso e foi utilizado
por muitas culturas, incluindo os maias,
chineses, gregos, índios americanos,
asiáticos e indianos, mas foi Hahnemann
que codificou a lei dos semelhantes em
uma ciência médica sistemática.
Primeiros comentários de Hahnemann
sobre a aplicabilidade geral da lei dos
semelhantes foram em 1789, quando ele
traduziu um livro de William Cullen, um
dos principais médicos da época. Em um
ponto no livro Cullen atribuiu a utilidade
da quina (Cinchona) no tratamento da
malária, devido às suas propriedades
amargo e adstringente. Hahnemann
escreveu uma nota em negrito em sua
tradução, questionando a explicação de
Cullen. Hahnemann afirmou que a
eficácia da quina deve ser por outro fator,
uma vez que ele notou que havia outras
substâncias e misturas de substâncias
decididamente mais amargas e mais
adstringentes do que a casca da quina
que não foram eficazes no tratamento da
malária. Em seguida, ele descreveu a sua
própria experiência, tomando repetidas
doses desta erva até que seu corpo
respondesse à dose tóxica com febre,
calafrios e outros sintomas semelhantes
aos da malária. Hahnemann concluiu que
a razão desta erva ser benéfica no
tratamento era porque causava sintomas
semelhantes aos da doença.
Figura 2 - Samuel Hahnemann
Hahnemann sabia ler e escrever em pelo
menos sete idiomas, ele traduziu mais de
20 grandes textos médicos e científicos.
Ele tinha sido o autor de um conjunto de
quatro volumes de livros chamado The
Pharmaceutical Lexicon, que foi
considerado um dos textos de referência
padrão para boticários e farmacêuticos
de sua época. Ele não tinha medo de
dizer o que pensava, mesmo que isso
21
significasse corrigir o diagnóstico de um
médico muito respeitado. Ele não tinha
medo de questionar as verdades
comumente aceitas. E tinha iniciativa
suficiente para buscar suas próprias
explicações alternativas.
Depois de traduzir a obra de Cullen,
Hahnemann passou os próximos seis
anos experimentando ativamente em si
mesmo, em sua família e em um grupo
pequeno mas crescente de seguidores.
Em 1796, ele escreveu sobre suas
experiências com a lei dos semelhantes
no Jornal Hufeland, uma revista médica
respeitada na Alemanha.
Coincidentemente, em 1798, Edward
Jenner descobriu o valor de dar pequenas
doses de varíola bovina para as pessoas
em um esforço para imunizá-los contra a
varíola. Enquanto o trabalho de Jenner
era geralmente aceito na medicina
convencional, a obra de Hahnemann não
era.
Hahnemann não foi muito aceito pelos
boticários, porque ele recomendava o
uso de apenas um medicamento a cada
vez e prescrevia apenas doses pequenas
de remédios. Por isso, os boticários não
poderiam cobrar muito por esses
remédios. Para cada medicamento era
necessário uma preparação cuidadosa,
Hahnemann descobriu que os boticários
nem sempre faziam de forma correta ou
estavam dando intencionalmente a seus
pacientes diferentes medicamentos. À
medida que crescia a desconfiança dos
boticários, ele optou por fazer seus
próprios medicamentos, um ato ilegal,
no momento, na Alemanha. Os
boticários então acusaram Hahnemann
de descumprir a lei por fazer os
medicamentos, foi preso em Leipzig em
1820, foi considerado culpado e forçado
a se mudar.
Ele se mudou para Kothen, onde foi
delegada permissão especial para a
prática e produção de seus próprios
medicamentos pelo Grão-Duque
Ferdinand, um dos muitos da realeza
europeia que apoiaram a homeopatia.
3.2. Homeopatia no
mundo.
3.2.1. Histórico.
É uma opção de tratamento recomendada
pela Organização Mundial de Saúde
(OMS), que divulgou documento
incentivando a integração dessa e outras
Medicinas Tradicionais aos sistemas
nacionais de saúde. Apesar da
perseguição, a homeopatia continuou a
crescer. Não cresceu apenas porque
oferecia uma abordagem sistemática
para o tratamento de pessoas doentes,
22
mas também porque a medicina ortodoxa
foi ineficaz e até mesmo perigosa. Há um
consenso geral entre os historiadores
médicos hoje que a medicina ortodoxa
dos anos 1700 e 1800, em especial,
causaram mais mal do que bem.
A aplicação de sanguessugas era prática
comum até meados de 1800. Benjamin
Rush, considerado o pai da medicina
norte-americana, afirmou que a sangria
foi útil em todas as doenças em geral e
crônicas. Em torno de 41 milhões de
sanguessugas foram importadas para a
França em 1833. Nos Estados Unidos,
uma empresa importou 500.000
sanguessugas em 1856; seu concorrente
importou 300.000. Além de
derramamento de sangue e
sanguessugas, os médicos ortodoxos
usavam medicamentos feitos a partir de
mercúrio, chumbo, arsênico e várias
ervas fortes para ajudar a limpar o corpo
da matéria que causava a doença
estranha.
Figura 3 - Sanguessugas
Homeopatia alcançou sua maior
popularidade no século XIX. Foi
introduzido nos Estados Unidos em 1825
por Hans Gram Birch, um aluno de
Hahnemann. A primeira escola na
homeopatia país foi inaugurada em 1835
e a primeira Associação Médica
Nacional dos EUA foi estabelecida. Ao
longo do século XIX, dezenas de
instituições homeopáticas foram criadas
na Europa e nos Estados Unidos. Em
1900, havia 22 escolas homeopáticas e
15.000 profissionais nos Estados
Unidos. O relativo sucesso da
homeopatia no século XIX pode ter
levado ao abandono dos tratamentos
ineficazes e nocivos da sangria e purga,
e passaram a ser tendência em direção a
um medicamento mais eficaz e
científico. Uma das razões para o
aumento foi o seu aparente sucesso no
tratamento de pacientes de epidemias
infecciosas. Durante as epidemias do
século XIX, como a cólera, as taxas de
23
mortalidade eram muitas vezes mais
baixas no hospital homeopático do que
em hospitais convencionais, onde o
tratamento atual era prejudicial e muitas
vezes tinham pouco ou nenhum efeito no
combate à doença.
Desde a sua criação, no entanto, a
Homeopatia foi criticada pela
comunidade científica. Sir John Forbes,
médico da rainha Victoria, disse em
1843 que doses homeopáticas
extremamente pequenas eram
consideradas como inútil, um ataque à
razão humana. Oliver Wendell Holmes,
médico e escritor americano do século
XIX foi também um crítico público da
homeopatia e escreveu um ensaio em
1842 chamado Homeopatia e Enganos
Semelhantes. Em 1867, os membros da
Sociedade Francesa de Homeopatia
observaram que alguns dos principais
homeopatas europeus não só
abandonaram a prática de administrar
doses infinitesimais, mas já não mais a
defendiam. A última escola americana
dedicada ao ensino da homeopatia foi
fechada em 1920.
3.2.2. Renascimento no
século XX.
De acordo com Paul Ulrich Unschuld, o
regime nazista na Alemanha ficou
fascinado com a Homeopatia e gastou
grandes somas de dinheiro para
investigar seus mecanismos, mas sem
alcançar um resultado positivo.
Unschuld acrescentou que a homeopatia
nunca mais iria se consolidar nos Estados
Unidos, mas continuaria profundamente
enraizada no pensamento europeu.
Nos Estados Unidos, a Food, Drug, and
Cosmetic Act (Lei de alimentos,
medicamentos e cosméticos), 1938
(proposto por Royal Copeland, senador
por Nova York e Homeopata)
reconheceu os remédios homeopáticos
como medicamentos. Na década de
1950, havia apenas 75 profissionais
exclusivamente Homeopáticos no país.
No entanto, na segunda metade da
década de 1970, a homeopatia reviveu e
a venda de remédios homeopáticos
aumentou dez vezes. Alguns homeopatas
creditam ao grego George Vithoulkas o
seu renascimento, que fez um "grande
esforço de investigação para atualizar o
cenário da Homeopatia e selecionar
teorias e práticas Homeopáticas" a partir
dessa década, mas Ernst e Singh
24
acreditavam que estava associado com o
aparecimento do movimento da Nova
Era. Qualquer que seja a razão, a
indústria farmacêutica reconheceu o
potencial comercial de venda dos
remédios Homeopáticos.
A Homeopatia é hoje generalizada na
Europa. Na Inglaterra, a Homeopatia foi
formalizada pelo parlamento em 1950,
embora a família real tenha usado desde
a década de 1830. Existem vários
hospitais Homeopáticos, sendo o maior
deles o Hospital Homeopático Real de
Londres. A Alemanha tem atualmente
sete laboratórios, 15 hospitais
homeopáticos e 8 associações. Na França
6 escolas médicas oferecem cursos de
graduação orientada para a Homeopatia,
ministrados em todas as escolas de
farmácia e veterinária. Na Itália, há cerca
de 2.000 médicos Homeopatas e cerca de
20 escolas, há dois laboratórios e pelo
menos 84 farmácias e cinco revistas são
publicadas. Mas se a Homeopatia é
muito popular na Europa, é também na
Ásia, especialmente na Índia, Paquistão
e Sri Lanka. Na Índia, há mais de 120
escolas de medicina Homeopática e mais
de 100.000 profissionais, e isso em parte
pelo forte apoio dado por Mahatma
Gandhi.
A Homeopatia é menos comum na
América do Sul e Central do que na
Europa ou na Ásia, mas ainda bastante
empregado em países como Argentina,
Brasil, México, Equador e Colômbia, e
está passando por um ressurgimento nos
Estados Unidos. No México existem
duas universidades e dois hospitais de
Homeopatia. Em 2000, na Argentina
existiam médicos que praticam a
homeopatia e cerca de 3 milhões de
pessoas usavam remédios homeopáticos.
Na Colômbia existem atualmente quatro
instituições que ensinam Homeopatia
Unicista e cerca de 1000 médicos que
praticam a homeopatia.
3.3. Homeopatia no
Brasil.
No Brasil também cerca de 2.000
médicos usam medicamentos
homeopáticos e há pelo menos 10
escolas homeopáticas. É atualmente uma
das áreas médicas e farmacêuticas que
mais crescem no Brasil, devido, em
particular, às políticas de saúde que
exigem a sua inclusão no Sistema Único
de Saúde (Brasil, 2006, 2010).
A homeopatia chegou ao Brasil em 1840,
coube ao médico francês Benoit Jules
Mure, a prioridade de divulgar a
25
homeopatia em nosso país. Porém, foi
relatado que em 1820, imigrantes
alemães, que se situaram em colônias no
Sul do Brasil, já a empregavam como
uma medicina caseira.
A expansão da homeopatia no Brasil
começou com a sua utilização pelos
espíritas, que ajudou a disseminar o
tratamento junto aos médicos. A partir
do século seguinte passou a ser utilizado
também por agricultores que compravam
os remédios através dos mascates. Outra
forma de disseminação nesta época foi
através dos terreiros de umbanda, onde
os médiuns receitavam os remédios junto
com o tratamento tradicional.
A partir deste ponto passou a ser
disseminada por meio de práticas
beneficentes de farmacêuticos, que
dispensavam medicamentos
gratuitamente, e de médicos que
prestavam assistência filantrópica nos
hospitais de ordens religiosas, militares
ou nos consultórios particulares.
Esta prática foi reconhecida entre as
especialidades médicas regulamentadas
em 1979, pela Associação Médica
Brasileira, em 1980 pelo Conselho
Federal de Medicina. Em 1981, foi
criada a Associação Médica
Homeopática Brasileira (AMHB). Em
1990 foi fundada a Associação Brasileira
de Farmacêuticos Homeopatas (ABFH).
Em maio de 2006 foi publicada a portaria
nº 971 do Ministério da Saúde, que
estabelece a Política Nacional de
Práticas Integrativas e Complementares
(PNPIC) para o SUS. Atualmente, a
Homeopatia é uma opção para os
usuários do SUS, uma vez que é
oferecida pela rede ambulatorial de cerca
de 113 do total de 5.560 municípios do
país (dados apresentados pela
Coordenação Nacional da PNPIC em
outubro de 2011), que contam com 631
homeopatas, sobretudo nas regiões
Sudeste, Centro-Oeste e Sul.
26
Unidade 4. Como os
remédios homeopáticos são
feitos
27
4.1. Matérias primas.
Cerca de 80% dos remédios
homeopáticos são feitos a partir do
material bruto de algumas plantas: planta
inteira, cascas, folhas, raízes, frutos,
sementes, flores. Mineral: natural ou
industrial. Animal: animal inteiro ou
sarcódios (secreções de animais).
Bioterápicos (bactérias e suas toxinas) e
substâncias manufaturadas. Muito pouco
são feitos de animais ou material de
doenças. São empregados nos remédios
homeopáticos milhares de substâncias,
tais como: cebola, calêndula, maravilha,
coca, café, sabugueiro, ouro, cobre,
chumbo, ferro, mercúrio, sal do mar,
óleo, abelha, formiga vermelha, veneno
de cobra, sépia, leite.
Figura 4 - Fontes homeopáticas
Algumas em seu estado natural são
extremamente perigosas para o
organismo. Porém, perdem toda a sua
toxicidade em doses para uso em
homeopatia.
4.1.1. Fontes vegetais.
Abrange fungos, cogumelos, ervas
daninhas, ervas, folhas, flores, caules,
cascas, raízes, sementes e também a
planta inteira.
Figura 5 - Fontes vegetais
Para a preparação de tinturas-mãe e
matéria em pós, diferentes partes da
planta são usadas para diferentes
medicamentos. Por exemplo, alguns
medicamentos são preparados a partir da
planta inteira; alguns são preparados a
partir de raízes, algumas das folhas, das
flores, etc.
a) Medicamentos preparados a partir da
planta inteira: Acalypha indica, Aconite
napelus, Arnica montana, Atropha
belladonna, Chamomilla, Chelidonium
majus, Drosera rotundifolia, Dulcamara,
Euphratia officinalis, Hyoscyamus niger,
Hypericum nigra, Ledum palustre,
28
Pulsatilla, Tribulus, Ruta graveolens,
Alfalfa, Lobelia inflate, Ocimum
sanctum, etc.
b) Raízes: Artemisia vulgaris, Arum
triphyllum, Bryonia alba, Calotropis
gigantia, Aralia, Ipecacuanha, Paeonia
officinalis, Rauwolfia serpentina,
Senega, etc (somente das raízes). Aletris
farinose, Apocynum androsaemifolium,
Gentiana lutea, Helonias dioica,
Leptendra viginica, Salsaparrilha, etc (a
partir de raízes e rizomas). Tinospora
cordifolia (a partir de raízes e caules).
c) Haste: Rhus venenata, Sabina,
Saccharum officinarum.
d) Caules modificados (rizomas):
Caulophyllum, Cimicifuga racemosa,
Dioscorea villosa, Filix mas, Gelsimium,
Helliborus niger, Hydrastis, Valeriana
officinale, etc.
e) Bulbo: Allium cepa, Allium sativum,
Colchicum autumnale, etc.
f) Troncos: Ostrya virginiana, Quassia
amara, Santalum album, etc.
g) Casca: Alstonia scholaris,
Azadirachta indica, Chinchona
officinalis, Marsdenia cundurango,
Jonesia ashoka, Daphne mezereum,
Rhamnus frangula, Cinnamomum,
Prunus virginiana, Baptisia tinctoria,
Berberis vulgaris, Punica granatum,
Hamamelis virginica, Gossypium
herbaceum, etc.
h) Folhas: Abroma augusta, Abrotanum,
Cannabis indica, Ceanothus americanus,
Coca, Digitalis purpurea, Kalmia
latifolia, Laurocerasus, Oleander, Rhus
toxicodendron, Tabacum, Thuja
occidentalis, etc.
i) Flores: Cina, Calendula officinalis,
Eupatorium perfoliatum, Grindelia
robusta, Absinthium, Sambucus nigra,
Rodhodendron, Lupulus, Cytisus
scoparius, Syringa vulgaris, Crocus
sativa, etc.
j) Esporos: Lycopodium clavatum.
k) Frutos: Agnus cactus, Crataegus
oxyacantha, Viscum album (bagas).
Aesculus hippocastaneum, Aesculus
glabra (castanha). Terminalia chebula,
Apium graveolens, Capsicum, Carica
papaya, Colocynthis (frutos semi
maduros). Cubeba, Sabal serrulata
(frutas secas). Ignatia amara (feijões).
l) Sementes: Avena sativa, Carduus
marianus, Hydnocarpus wightiana,
Cocculus indica, Coffea, Nux vomica,
Psoralia corylifolia, Schoenocaulon
officinale, etc.
29
m) Ervas: Ledum palustre, Verbascum
thapsus, etc.
n) Algas: Fucus vesiculosus,
Helminthochortos officinatrum, etc.
o) Fungos: Agaricus muscarius, Bovista
etc.
p) A partir de sucos: Aloe socotrina
(folhas), Anacardium orientale
(sementes), Ecballium elaterium,
Myristica sebifera (casca vermelha),
Opium, Euphrobium (latex resinoso
seco), curare (Strychnos toxifera),
Copaiva officinalis (goma resina), etc.
q) Óleo: Croton tiglium (sementes),
Ricinus communis (sementes) etc.
Melaleuca leucadendra (folhas e ramos),
Calophyllum inophyllum (sementes),
Cinnamomum zeylanicum, Eucalyptus,
Santalum álbum (madeira), etc.
4.1.2. Fontes animais.
São derivados de animais ou suas
secreções ou produtos; abrangendo os
diferentes tipos de vermes, piolhos,
insetos, moscas, caranguejos, sapos,
cobras.
Figura 6 - Apis mellifica
a) Animais inteiros: Medusa (medusa
vivo), Pediculus (piolho de cabeça),
Periplaneta americana (barata), Blatta
orientalis (barata indiana), Culex
(Mosquito), Apis melifica (abelha),
Cimex (percevejo), Formica (formiga),
Vespa, etc. Aranhas - Aranea avicularis,
Avicularia avicularia (tarântula), Aranea
diadema, Latrodectus hassati,
Lactrodectus kalipo, Mactans
lactrodectus, Tarentula cubensis,
Tarantula hispana, Theridion,
escorpiões, etc. Caracóis - Helix
pomatia, Helix tosta, Asterias rubens,
etc. Animais inteiros (seco) - Armadillo
officinarum, Cantharis (mosca), Coccus
cacti (cochonilha), Lacerta viridis
(lagarto verde), etc.
b) Diferentes partes, etc secreção de
animais: Diferentes partes – Spongia,
Corallium rubrum, badiaga (Spongilla
fluviatilis); Calcarea calcinata, Ova
tosta, Ova gallinae pellicula (conchas);
Gadus lota (a partir de espinha dorsal do
30
peixe); Gadus morrhua (a partir de
vértebra cervical do peixe); Carbo
animalis (pedaço de um couro de boi);
Ingluvin (a partir da moela da galinha);
Sepia (sumo de tinta), Fel tauri (vesícula
biliar do boi); Lecithin (a partir de
cérebro animal ou de gema de ovo).
c) Secreções: Orchitinum (testículo do
homem); Ophorinum (a partir de extrato
de ovário de vaca); Hippomanes (fluido
aminiotico de cavalo recem-nascidos);
Moschus (a partir de secreções secas do
almíscar do veado masculino); Morrhuae
Oleum (a partir de óleo de fígado de
bacalhau).
d) Leite e produtos lácteos - Colostrum
(a primeira parte do leite humano);
Caninum Lac (leite da cadela); Lac
defloratum (leite de vaca desnatado);
Felinum Lac (leite do gato); Lac
caccinum coagulatum (a partir da
coalhada de leite de vaca).
e) Veneno de animais peçonhentos -
Escorpiões, Vírus apis, Lattrodectus
mactans, Bufo vulgaris; Ampnisboena
vermicularis (venenos de serpente
lagarto); Crotalus, Crotalus cascavella,
Bungarus krait, Bungarus fascicatus,
Elaps corallinus, Lachesis, Vipera berus,
Lachesis vipera (venenos de cobras
venenosas).
4.1.3. Fontes minerais.
a) Metais: Alumina (Alumínio),
Argentum nit (prata), Aurum met (ouro),
Cádmio (Cd), Cobaltum (Co), Cuprum
met (cobre), Ferrum met (ferro), irídio
(Ir), Mercurius vivus (Hg), Paládio (Pd),
Platina (Pt), Plumbum met (chumbo),
Stanum met (estanho), Telúrio (semi-
metal), Zincum met (zinco), Tálio (Th),
Vanádio (Vd), etc.
Figura 7 - Mercurius vivus
b) Não metais: Bromo (Br), Iodium
(Iodum), Phosphorus (P), Sulphur (S),
etc.
c) Ácido inorgânico: Ácido bórico,
Ácido bromídrico, Ácido muriático,
Ácido nítrico, Ácido fosfórico, Ácido
sulfúrico, etc.
d) Sais inorgânicos: Baryta carb, Baryta
mur, Phos calc, Calc carb, Lithium carb,
Natrum sulph, Kali phos, Ammon mur,
Ammon carb, etc.
31
e) Minerais: Anthracinum, Grafites,
Hecla lava, Mica, Silicea, etc.
f) Ácidos orgânicos: Ácido acético,
Ácido benzóico, Ácido salicílico, Ácido
carbólico, Ácido cítrico, Ácido fórmico,
Ácido láctico, Ácido oxálico, etc.
g) Óleos minerais: Querosene, Parafina,
Petróleo, etc.
h) Destilação de alcatrão de hulha:
Naftaleno.
i) Destilação seca da madeira: Cânfora,
Creosoto, etc.
4.1.4. Sarcódios.
São produtos de glândulas animais e as
glândulas endócrinas e pertencem ao
reino animal. Os medicamentos são
preparados a partir de glândulas
endócrinas saudáveis ou secreções
normais de órgãos humanos e de animais
inferiores, as secreções são
principalmente hormônios. Exemplos:
Adrenalinum (secreção saudável
produzido pelas glândulas supra-renais),
Cholesterinum, Fel Tauri, Insulina
(hormonios pancreáticos), Pancreatinum
(pâncreas de bovino), Pepsinum (enzima
digestiva pepsina, do estômago de
porco), Pituitária (parte posterior da
glândula pituitária de ovelhas),
Thyroidinum (glândulas endócrinas
inteiras de ovelhas ou bezerro), Vulpis
fel, Orchitinum (testicular), Oophorinum
(a partir de ovários de vaca, ovelha), etc.
4.1.5. Nosódios.
Os remédios que são preparados a partir
de agentes de doenças produzir (como
bactérias ou vírus) ou partes doentes dos
seres humanos, animais inferiores ou
plantas.
a) Doença dos seres humanos:
Baccilinum (escarro tuberculoso),
Carcinosine (tecidos cancerosos);
Medorrhinum (vírus da gonorrea),
Psorinum (vírus da psoriase),
Syphilinum (germes sifilíticos),
Tuberculinum (pus de abscesso
tuberculoso), Variolinum (pústulas da
varíola), etc.
32
b) Doença de outros animais: Ambra
grisea (produtos mórbidos de baleia),
Anthracinum (antraz do baço de ovinos
ou bovinos afetados), Aviare (vírus da
tuberculina de frango), Hydrophobinum
(saliva de um cão raivoso),
Mallandrinum (gorduras do cavalo), etc.
c) Produtos vegetais doentes: Secale
cornutum Ergot (Claviceps purpurea),
um fungo que causa doença em cereais,
Ustilago maydis (fungo no milho).
4.1.6. Energéticos.
Medicamentos preparados a base de
energia, disponível a partir de reações
naturais e físicas. Eles são fonte de
energia imaterial; podem ser naturais ou
artificiais. Os exemplos são:
a) A partir de recursos naturais: Luna
(lua cheia), Magnetis poli ambão (ímã),
Magnetis polus Austrália (sul-pólo do
ímã), Magnetis polus Arcticus (pólo
norte de um ímã), Radium, Sol (raios
solares).
Figura 8 - Magnetis polus Arcticus
b) A partir de recursos artificiais:
Magnetis artificialis; Raio X;
Electricitus.
4.1.7. Diluição e
dinamização.
Estas substâncias sofrem dois processos
próprios da homeopatia: diluição e
dinamização. Os medicamentos
homeopáticos são apresentados em
soluções diluídas em água destilada,
álcool, sacarose ou lactose. A quantidade
de medicamento pode ser expressa em
peso, volume ou unidade. Por exemplo:
tabletes, glóbulos, solução
hidroalcóolica e papéis.
33
Figura 9 - Glóbulos de sacarose
O pó individual é feito a partir de lactose
impregnada com o remédio líquido e são
úteis quando for utilizar um pequeno
número de doses. Comprimidos e
grânulos são pequenas esferas,
usualmente sacarose, que se assemelham
àquelas usadas em decorações de bolo.
Os primeiros são de aproximadamente 3-
4 mm de diâmetro, enquanto que os
últimos são muito pequenos, cerca de 0,9
milímetros de diâmetro. Os cristais são
sacarose e têm a aparência de açúcar
granulado. Comprimidos moles são
comprimidos de lactose que derretem na
boca.
As substâncias são diluídas ou
potencializadas pela sucussão ou
triturações sucessivas, que representa o
processo de dinamização.
Figura 10 - Sucussão
Estes medicamentos, quando utilizado
internamente, podem ser usados na
forma líquida, como gotas e dose
individual, ou na forma de dosagem
sólida, tais como glóbulos, comprimidos
compactados e triturados de pastilhas.
Estas formas de dosagem, através da sua
impregnação, são utilizadas como um
veículo para as substâncias derivadas a
partir do material fonte.
Glóbulos são esferas pequenas, brancos,
ligeiramente porosos, homogêneos e
regulares, quase inodoro e com sabor
adocicado. São obtidos industrialmente a
partir de açúcar (sacarose) ou grãos que
são mistura de sacarose e de lactose
(açúcar de leite), através de múltiplos
34
revestimentos, com pesos médios de 30
mg, 50 mg e 70 mg. Os comprimidos
inertes tem uma forma discóide e são
obtidas por compressão de lactose, ou
uma mistura de lactose e sacarose. Os
triturados de pastilhas são menores do
que os comprimidos compactados e são
de forma cilíndrica, sendo preparado por
moldagem num molde de lactose
comprimido. Ambos são branco,
inodoros e com um sabor ligeiramente
doce (Farmacopéia Homeopática
Brasileira, 1997).
4.2. Tintura mãe
Para entendermos melhor devemos
conhecer o conceito de dinamização, que
é a preparação de uma droga pelo
procedimento de diluição + sucussão (no
caso de substâncias solúveis) ou diluição
+ trituração (no caso de substâncias
insolúveis).
Figura 11 - Tintura mãe
A tintura mãe em sua definição estrita é
uma extração hidro-alcoólica de
princípios ativos de plantas, este
procedimento pode ser usado para
produção de preparados homeopáticos. É
mais correto se afirmar que a preparação
de produtos (mineral, animal, vegetal ou
químicos), que serão utilizados em
homeopatia, devam ser chamados
preparações ou dinamizações e deixar o
conceito de tintura-mãe para ser usado
apenas em fitoterápicos (produtos de
tratamento vegetais que têm ingredientes
ativos).
A homeopatia não usa ingredientes
ativos para curar, mas formas de energia
obtida por diluição e sucussão.
4.2.1. O estoque
homeopático.
O estoque homeopático é definido como
uma forma de dosagem que é feita a
partir de matérias-primas de origem
vegetal, animal, mineral ou química. Por
exemplo: Calcarea carbônica é uma
droga derivada da concreção calcária de
uma espécie de ostra chamada Ostrea
edulis, que contém carbonato de cálcio e
outros componentes, sendo inteiramente
diferente se fosse obtida a partir de
carbonato de cálcio fornecido pela
indústria farmacêutica. Assim, um
medicamento obtido a partir de ostras
35
terá características diferentes para o
Calcarea carbônica descrito na Matéria
Médica Homeopática e portanto, o
resultado será diferente para uma pessoa
que espera o efeito homeopático.
Portanto, este produto de origem animal
não pode ser diluído para atingir a sua
preparação homeopática deve primeiro
ser esmagado com os procedimentos
homeopáticos, antes de ser diluído e
sucussionado, o que chamamos de
dinamização. Neste caso, para o
processamento de remédios a partir de
animais, minerais ou químicos, por
vezes, tem que ser feito a trituração
homeopática. Se começarmos a partir de
um vegetal, ai sim podemos energizar
em soluções de álcool ou outro solvente.
Figura 12 - Ostrea edulis
4.2.2. Remédios feitos a
partir de fontes
vegetais.
O método recomendado para a colheita
das plantas é artesanal, dando prioridade
ao aspecto qualitativo sobre o
quantitativo. Considerando os princípios
homeopáticos cada coisa viva que
carrega uma energia vital, deve ser
coletada da maneira menos danosa
possível, para que essa energia possa ser
transmitida sem sofrer alterações. A
colheita é feita geralmente durante o
período de floração, quando as plantas
estão na sua força máxima. A porção
cortada deve ser colocada em contato o
mais rápido possível com uma mistura de
água e álcool, para evitar desidratação.
O primeiro passo é criar o que é chamado
tintura-mãe do material bruto coletado a
partir de uma planta específica. A tintura
feita a partir de uma planta é processada
por maceração da planta inteira ou da
parte específica da planta. Em seguida,
deixa-se a tintura de molho em uma
solução de água e álcool por algum
tempo.
Esta planta macerada com mistura de
álcool 70% (70% de álcool etílico e 30%
de água) é armazenada em um local
36
escuro para evitar que a luz cause
alteração nas propriedades químicas.
Esta maceração deve durar o tempo
suficiente para extrair completamente as
propriedades da planta para a solução de
água e álcool. A água absorve as
propriedades químicas do material
vegetal triturado ao longo do tempo. O
álcool é usado principalmente como um
adstringente para ajudar a retirar as
substâncias da planta e como
conservante de modo que o material
vegetal não apodreça, ou seja atacada por
bactérias.
Figura 13 - Maceração
Quando pronto esta mistura é filtrada do
material vegetal residual (celulose),
deixando uma solução saturada tingida
com as propriedades químicas da planta
de origem. Esta solução é agora chamada
de tintura mãe. Em seguida essa solução
está pronta para ser processada ou
potencializada.
4.3. Potenciação através
da sucussão.
Uma gota da tintura-mãe é colocada num
frasco e, em seguida, nove gotas de um
material diluente são adicionadas (mais
uma vez em uma solução de álcool e
água). Esta mistura é agitada por impacto
(sucussão). Apenas a diluição do
material é ineficaz para fazer os
remédios homeopáticos. Cada diluição
deve ser agitada cem vezes
violentamente com impacto a fim de se
tornar um remédio eficaz. A sucussão
pode ser tão simples como segurar o
vidro contendo a solução e bate-lo contra
um livro sobre uma mesa. Esta é a
primeira diluição ou primeira potência
(CH1). Para fazer uma potência (CH2)
deve-se usar uma parte da potência
(CH1) novamente adicionando uma
parte a nove partes da solução de
diluição (álcool e água) em um novo
frasco de vidro com uma tampa e em
seguida, agitar novamente. Sucussão é
feita com um mínimo de 100 vezes para
cada nível de diluição desde o início.
Este processo continua até que a potência
desejada (resistência) do remédio seja
atingida.
A diluição principal é de 1 parte do
soluto para 99 partes do solvente. Logo a
37
concentração do soluto na solução, será
de 1:100 ou 0,01 ou 10−2. Na
homeopatia, é conhecido por 1C, C1,
1CH ou CH1, que se lê 1ª concentração
(diluição ou potência) centesimal
hahnemanniana.
Figura 14 - Dinamização ou sucussão
Quando é utilizada diluição na forma X
ou M, estas são feitas usando o mesmo
método, apenas o número de gotas é
alterado.
X = 1: 9
C = 1: 99
M = 1: 999
4.3.1. Potências comuns
e sua falta de
toxicidade.
Potências comuns usados em remédios
homeopáticos geralmente começam em
torno de 10-6. A razão de diluição de 10-
6 é uma parte da tintura-mãe original para
um milhão de partes do material de
diluição. Assim, apenas uma parte da
tintura-mãe original está em cada milhão
de partes do material de diluição. Isto é o
que faz com que esse remédio seja
extremamente seguro. Essa solução não
pode toxicologicamente prejudicar
ninguém. No entanto, é eficaz, por vezes
agindo mais forte e mais rápido que as
drogas comuns. O que está acontecendo,
no entanto, não é o efeito do remédio, é
o sistema imunológico e seus processos
de energia do corpo que estão
respondendo.
A diluição é tão pequena que não pode
ajudar o organismo a fazer qualquer
coisa. Ela só pode indicar ao seu corpo a
opção de mudar ou não. Está provado
que os nossos organismos produzem e se
comunicam com quantidades
infinitesimais de produtos químicos e
compostos orgânicos.
38
4.4. A potenciação por
trituração.
A trituração é utilizada para as
substâncias sólidas, insolúveis, que não
podem ser maceradas. A trituração é uma
moagem junto com a substância que está
diluindo o material (açúcar em pó) em
um almofariz ou pilão. Este processo de
trituração é feito para substâncias duras
com diluição 9C.
Hahnemann em 1989 colocou 1 gota do
suco com a mesma quantidade de
lactose, triturando até a milionésima.
Assim 1 grão foi dissolvido em partes
iguais de água e álcool, e dinamizado em
27 frascos, com 2 sucussões. A
experiência mostrou que o suco parece
adquirir mais dinamização quando
triturado.
Figura 15 - Potenciação por trituração
Coletar uma parte da substância que você
deseja triturar, 99 partes de açúcar do
leite (lactose), um almofariz e pilão de
porcelana, raspador, recipiente de
armazenamento e um saco plástico.
1º Passo: Comece por moagem de uma
parte da substância com 33 partes do
açúcar do leite (lactose) no tempo de 6 -
7 minutos com o almofariz e pilão. Raspe
o pó que fica aderido nos lados do
almofariz e pilão durante 3 - 4 minutos
de modo que este seja devolvido à
mistura e, em seguida, repita o processo
de moagem mais 6 - 7 minutos.
Novamente raspe o pó aderido nos lados
do almofariz e pilão durante 3 - 4
minutos de modo que seja devolvido à
mistura.
2º Passo: Adicione outras 33 partes do
açúcar do leite (lactose) e repita o
processo de moagem durante mais 6 - 7
minutos. Raspe o pó que fica aderido nos
lados do almofariz e pilão durante 3 - 4
minutos de modo que este seja devolvido
à mistura e, em seguida, repita o
processo de moagem por mais 6 - 7
minutos. Novamente raspe o pó aderido
nos lados do almofariz e pilão durante 3
- 4 minutos de modo que seja devolvido
à mistura.
3º Passo: Adicionar as 33 partes finais do
açúcar do leite (lactose) para a mistura
do almofariz e repetir o processo de
moagem durante mais 6 - 7 minutos.
Raspe o pó que fica aderido nos lados do
39
almofariz e pilão durante 3 - 4 minutos
de modo que este seja devolvido à
mistura e, em seguida, repita o processo
de moagem por mais 6 - 7 minutos.
Novamente raspe o pó dos lados do
almofariz e pilão durante 3 - 4 minutos
de modo que seja devolvido à mistura.
Estes passos 3 demoram
aproximadamente 1 hora, após o que a
substância deverá ter sido triturada a uma
potência 1C.
4º Passo: Repita os passos acima mais 2
vezes, utilizando uma parte do pó
previamente triturado como sua
"substância", para produzir uma primeira
2C e, em seguida, uma potência 3C. A
substância insolúvel original agora vai se
tornar solúvel e se dissolverá, se
colocado em um líquido. Coloque o pó
em um recipiente rotulado 3C e
armazene afastado da luz solar direta.
Potências mais elevadas.
Para fazer potências superior a 3C, basta
adicionar uma parte do pó 3C a 99 partes
de uma mistura de água e álcool e
sucussionar 10 vezes para produzir uma
potência 4C. Este processo de
dinamização pode ser repetido várias
vezes para produzir potências maiores.
Limpando os materiais.
Limpe o almofariz, o pilão, e o raspador
para eliminar quaisquer resíduos
energéticos antes de outra trituração, em
seguida lavar com água morna e, fervê-
los por meia hora. Como precaução
extra, a ebulição pode ser acompanhada
da colocação dos materais em um forno
muito quente por 30 minutos. É preciso
um total de 3 horas para transformar uma
substância insolúvel bruta em forma de
um pó solúvel 3C por trituração. Fonte:
http://homeopathyplus.com
Quando partimos de um vegetal ou
animal, podemos triturá-lo, porém
usualmente preparamos uma tintura, isto
é, uma extração alcoólica da substância.
Como esta tintura será diluída e dará
origem às dinamizações (seus - filhotes -
), ela é chamada de tintura-mãe. A
tintura-mãe é feita colocando-se a
substância em contato com solução
alcoólica de graduação adequada para
que os princípios ativos da planta sejam
retirados, passando para a solução. É o
mesmo princípio das populares -
garrafadas -. Chama-se - tintura - porque
extrai também princípios ativos
coloridos, formando um líquido
colorido. As tinturas são usadas de forma
pura, porém para Homeopatia, são
diluídas em soluções hidroalcoólicas e
agitadas, isto é, dinamizadas.
40
Os líquidos, cremes, géis, pellets, ou
comprimidos.
Os remédios homeopáticos em seus
produtos finais podem vir em líquidos,
cremes, géis, pellets ou na forma de
comprimido. O remédio já se encontra na
sua forma líquida, quando processados.
Para cremes e géis o remédio pode ser
facilmente adicionado a qualquer creme
ou gel base. Pellets são feitos de sacarose
cristalizada que é o açúcar. O açúcar faz
com que o remédio homeopático fique
doce e desejável. A solução na sua forma
líquida tem de ter pelo menos 87% de
álcool, a fim de ser pulverizada sobre o
açúcar dissolvendo-o. A forma de
comprimido é mais suave e feita de
lactose (açúcar do leite) e o remédio é
compactado na forma de tablet.
4.5. Qualidade
O controle de qualidade é um
procedimento normal para fornecer os
medicamentos convencionais para os
pacientes. Não é apenas um
procedimento de laboratório, mas
também os processos através dos quais
uma matéria-prima é transformada em
uma droga e o produto acabado até que
seja utilizado pelo paciente. Uma das
funções mais importantes do controle de
qualidae é estabelecer as especificações
para as matérias-primas, materiais de
embalagem, produtos intermediários e
produtos acabados para garantir a
qualidade.
A qualidade depende dos materiais
inertes e as técnicas empregadas para a
sua preparação. Existem duas referências
oficiais para o preparo de medicamentos
homeopáticos, no nível industrial ou
farmacêutico. Um dos documentos é a
Farmacopeia Homeopática Brasileira,
1997, outro é o Manual de Normas
Técnicas para Farmácia Homeopática.
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