limiares planetÁrios: os impactos das atividades humanas
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE DIREITO
ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO AGROAMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
LIMIARES PLANETÁRIOS: os impactos das atividades humanas no Meio Ambiente
KARINA MARTINS
Cuiabá - MT
2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE DIREITO
ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO AGROAMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
LIMIARES PLANETÁRIOS: os impactos das atividades humanas no Meio Ambiente
KARINA MARTINS
Projeto de monografia submetido à Universidade Federal de Mato Grosso - Faculdade de Direito, para conclusão do curso de Especialização em Direito Agroambiental e Sustentabilidade.
Orientador: Dr. Carlos Teodoro José Hugueney Irigaray
Cuiabá - MT
2016
KARINA MARTINS
LIMIARES PLANETÁRIOS: os impactos das atividades humanas no Meio Ambiente
Projeto de monografia submetido à Universidade Federal de Mato Grosso - Faculdade de Direito, para conclusão do curso de Especialização em Direito Agroambiental e Sustentabilidade.
Orientador: Dr. Carlos Teodoro José Hugueney Irigaray
Cuiabá, 01 de abril de 2016.
Banca Examinadora
_____________________ Prof. Dr. Nome completo
_____________________ Prof. Dr. Nome completo
“Partindo do pressuposto, compartilhado por vários autores, de que a problemática da degradação ambiental reside no
modelo econômico, cultural e antropocêntrico adotado na modernidade, que caminhos poderemos trilhar
para um novo modelo de desenvolvimento? Como conscientizar a humanidade para a necessidade da mudança nos
hábitos de produção e de consumo? A complexidade da problemática ambiental poderá conduzir
o ser humano a uma nova forma de ver e compreender as relações estabelecidas entre sociedade
e natureza?” (VILAS-BOAS, 2002, p.6).
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 7 CAPITULO I 11 1. ERAS GEOLÓGICAS E O USO DOS RECURSOS NATURAIS NO
PLANETA 11 1.1.Holoceno 12
1.2.Antropoceno 13
1.3.Aceleração no uso dos recursos naturais 15 CAPITULO II 20 2. LIMITES PLANETÁRIOS 20 2.1.Mudanças climáticas 23
2.2.Perda de ozônio estratosférico 26
2.3.Outros impactos decorrentes da ação humana 28
2.3.1.Acidificação dos oceanos 28 2.3.2.Perda de biodiversidade 31 2.3.3.Mudança no uso do solo e dos recursos hídricos 32 CAPITULO III 35 3. DESAFIOS E PERSPECTIVAS 35 3.1.Onde estamos? 35
3.2.O que precisa ser feito 38
CAPITULO IV 44 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 44 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 47
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Estimativa da posição atual dos limites planetários desde a
época pré-industrial até a atualidade. A área verde é considerada segura, no espaço
operacional terrestre; a área em amarelo indica a entrada na zona de incerteza; e a
área em vermelho é a região de alto risco. As variáveis de controle foram
normalizadas para comparação. Três processos que ainda não é possível quantificar
adequadamente são mostrados em cinza: carga de aerossóis atmosféricos, perda
de biodiversidade funcional e novos riscos, tais como poluição química.
Fonte: STEFFEN et al. (2015a). Disponível em: https://agenda.weforum.org/wp-
content/uploads/2015/01/slika2.jpg. Discutido em ROCKSTRÖM et al. (2009) e
STEFFEN et al. (2015a, 2015b)
INTRODUÇÃO
O presente trabalho aborda os limiares planetários e os impactos das
atividades humanas no Meio Ambiente. Mostra-se relevante diante do notório
conhecimento de que o planeta Terra está sob sérias ameaças decorrentes do
crescimento da população humana e do desenvolvimento industrial e tecnológico.
Com o término da última glaciação e o início da nova era geológica, o
Holoceno, o clima tornou-se mais ameno e estável. Propiciou-se as condições
climáticas ideais para o desenvolvimento do ser humano. Neste período a
humanidade começou e expandiu as atividades agrícolas, a domestificação dos
animais e a construção das cidades. O homem passou de caçador, coletor e
nômade para estágios de intervenção cada vez mais agressivos ao meio ambiente.
Desde, então, o crescimento da influência humana no ambiente foi
intenso. identifica-se que a humanidade tem afetado não só o clima da Terra, mas
também a química dos oceanos, os habitats terrestres e marinhos, a qualidade do ar
e da água, os ciclos de água, nitrogênio e fósforo, alterando os diversos
componentes essenciais que sustentam a vida do planeta.
Há quem afirma que avaliando o grau de impacto ambientalmente
destruidor das atividades humanas, o mundo entrou em uma nova era, a do
Antropoceno. Identificando seu início com a ultrapassagem das fronteiras
planetárias, limites geobiofísicos para a existência segura da espécie humana sobre
a Terra.
Em 2009, um grupo de cientistas liderado pelo Stockholm Resilience
Centre (SRC) identificou nove dos chamados “limites planetários” - eles são limites
ambientais seguros dentro dos quais a humanidade pode se desenvolver sem que
os impactos causados ao meio ambiente sejam irreversíveis. Esses limites levam em
conta a taxa de resiliência do planeta, ou seja, a capacidade do planeta retornar ao
seu estado natural após uma perturbação.
Os estudiosos alhures mencionados, concluíram que três, dos nove
identificados, limites já foram ultrapassados, sendo eles a perda de biodiversidade,
as mudanças climáticas e as alterações do ciclo do nitrogênio (que é uma subdivisão
do limite planetário "ciclos biogeoquímicos”).
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Em janeiro de 2015, a revista Science publicou um estudo que mostra o
quarto limite: os abusos no uso da terra. Em seguida, há a acidificação dos oceanos,
o ciclo do fósforo (segunda subdivisão dos "ciclos biogeoquímicos"), as mudanças
no uso da água e a degradação da camada de ozônio.
Tratar de limites ambientais e tentar minimizar os impactos da ação
humana sobre eles é desafiador, principalmente quando uma das fronteiras é
extrapolada. Isto se deve ao fato de que tudo é inter-relacionado no ecossistema
terrestre. Impactos significativos em uma fronteira podem, por consequência, causar
danos a uma outra.
A preservação dos recursos naturais é a única forma de se garantir e
conservar o potencial evolutivo da humanidade. Nas ultimas décadas, felizmente,
muitas pessoas vem percebendo a necessidade de empenhar-se em um uso mais
racional dos recursos naturais.
A análise do tema aborda, portanto, o estudo dos limiares planetários, os
limites ambientais seguros dentro dos quais a humanidade pode se desenvolver sem
que os impactos causados ao meio ambiente sejam irreversíveis.
O estudo visa aprofundar os principais limites ambientais identificados
pelo grupo de cientistas liderado pelo Stockholm Resilience Centre (SRC), levando
em conta a taxa de resiliência do planeta, ou seja, a capacidade do planeta retornar
ao seu estado natural após uma perturbação.
A problema mais geral, de natureza exploratória-descritiva, que orienta
esta pesquisa é quais os impactos das atividades humanas nas fronteiras
planetárias?
A principal finalidade deste trabalho é de identificar e descrever os
limiares planetários e os impactos das atividades humanas no Meio Ambiente
correlacionados ao enfrentamento dos desafios ambientais positivos do
Antropoceno. E, tem como objetivos específicos o de identificar as fronteiras
planetárias que podem levar à extinção do Planeta e de descrever as atividades
humanas que impactam na sustentabilidade da espécie humana e do Meio
Ambiente.
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A importância do trabalho pode ser considerada de irrefutável
indispensabilidade, pois sua relevância prática é a sustentabilidade do Planeta. O
desenvolvimento sustentável é de certa forma a mais recente tentativa de resolver
democraticamente os dilemas das sociedades modernas.
A relevância teórica baseia-se, sobretudo, nas mais complexas relações
entre povos e agentes da sociedade abrangente, sendo a interdisciplinaridade tema
de grande relevância.
A interdisciplinaridade equivale à necessidade de superar a visão
fragmentada da produção de conhecimento e de articular as inúmeras partes que
compõem os conhecimentos da humanidade. Busca-se estabelecer o sentido de
unidade, de um todo na diversidade, mediante uma visão de conjunto, permitindo ao
homem tornar significativas as informações desarticuladas que vem recebendo.
Para a concretização deste estudo buscou-se adaptar o problema e os
objetivos de estudo ao método científico mais adequado.
Levou-se em consideração que método é o conjunto das atividades
sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o
objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros – traçando o caminho a ser seguido,
detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.
Realizou-se uma pesquisa bibliográfica,ou seja, a que se efetiva tentando-
se resolver um problema ou adquirir conhecimentos a partir do emprego
predominante de informações provenientes de material gráfico, sonoro ou
informativo. Com finalidade precípua de colocar o pesquisador em contato direto
com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive
conferências seguidas de debates que tenham sido transcritos por alguma forma,
quer publicadas, quer gravadas, e que serviu como contextualização da
fundamentação teórica do estudo.
Após a pesquisa bibliográfica, foram feitas as análises e discussão das
informações, constituindo-se ambas no núcleo central da pesquisa. Representando
a aplicação lógica dedutiva e indutiva do processo de investigação.
Esta monografia está estruturada em 5 capítulos, começando com as
considerações iniciais, em que foram apresentadas a introdução do trabalho, a
definição do problema, a justificativa e os objetivos, seguindo abaixo a estrutura dos
outros 4 capítulos.
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No Capítulo 1, é direcionado as eras geológicas, no qual são discutidos
os seguintes temas: eras geológicas, holoceno e a nova época Antropoceno, entre
outros assuntos, os quais foram baseadas em pesquisas bibliográficas sobre a
temática, por meio de consultas em livros, revistas e sites especializados sobre o
tema, que serviram de base para o desenvolvimento da pesquisa.
No Capítulo 2, estão os limites planetários, em que discorre sobre as
mudanças climáticas, perda do ozônio atmosférico, acidificação dos oceanos, perda
da biodiversidade, mudança do uso dos solos e recursos hídricos, mostrando a
metodologia da pesquisa por meio análises, interpretação e discussão das
pesquisas bibliográficas.
No Capítulo 3, são apresentadas as análises, interpretação e discussões
da pesquisa bibliográfica, mostrando a importância do tema escolhido localizando
onde estamos e o que precisa ser feito para superarmos os desafios da nova época
geológica, qual seja: o antropoceno.
No capitulo 4, são apresentadas as conclusões e as recomendações da
pesquisa. Completando a monografia seguem as referências bibliográficas.
CAPITULO I
1. ERAS GEOLÓGICAS E O USO DOS RECURSOS NATURAIS NO PLANETA
A Terra surgiu há aproximadamente 4,5 bilhões de anos, resultando da
agregação de poeira cósmica e do bombardeamento de material rochoso atraídos
pela força gravitacional. De sua origem até o estágio atual, o planeta passou por
diversas transformações, em termos geológicos e biológicos. Essas transformações
são compreendidas a partir da disposição das camadas rochosas e dos fósseis
nelas encontrados. Essas camadas representam registros dos acontecimentos
passados e permitem compreender a evolução do planeta (LUCCI, 2014).
Enquanto a vida se transformou e se desenvolveu, a crosta terrestre
também se modificou. Para organizar e melhor compreender como o processo de
formação e transformação do Planeta Terra ocorreu, dividiu-se essa cadeia de
acontecimentos nas chamadas eras geológicas (ARTAXO, 2014).
As eras geológicas são divisões da escala de tempo geológico que
podem ser subdivididos em períodos a fim de se conhecer a longa vida do planeta.
As eras são caracterizadas pelas formas em que os continentes e os oceanos se
distribuíam e pelos seres viventes que neles se encontravam (ADAS, 2006).
Essa periodização do tempo geológico foi realizada – e é ocasionalmente
alterada – em função dos achados fósseis e da análise de rochas antigas, que foram
marcados a partir dos métodos de datação relativos e radiométricos. Desse modo,
além dos dois principais éons que compõem a história da Terra, temos as cinco eras
geológicas que, respectivamente, foram: Arqueozóica, Proterozóica, Paleozóica,
Mesozóica e Cenozóica (ADAS, 2006).
A Era Cenozóica se iniciou há 65 milhões de anos e se estende até os
dias atuais. Dividida em dois períodos distintos, o terciário e o quaternário (ADAS,
2006).
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A sua principal característica é o surgimento de novas espécies depois do
grande cataclismo (meteoro) que se abateu sobre a terra no final da Era Mesozóica
e que teria sido o responsável pela extinção dos dinossauros que até então
predominavam sobre a terra (FARIA, 2016).
Entretanto, alguns seres sobreviveram ao período de escassez de comida
que se estendeu até o início da Era Cenozóica, e foram evoluindo ao longo do
tempo até ficar como os conhecemos hoje. A principal espécie a evoluir foi a dos
mamíferos. Tanto é, que a Era Cenozóica às vezes é chamada de “Era dos
mamíferos”, tal qual a Era Mesozóica com relação aos dinossauros. Mas a
diversidade biológica deste período e a rápida evolução das espécies tornam injusta
tal denominação (FARIA, 2016).
O nome atribuído ao Período “Terciário” é um nome informal utilizado para
denominar os Períodos oficiais denominados Paleogeno e Neogeno, excluindo-se
deste último as Épocas do Pleistoceno e Holoceno, que segundo a correspondência
com a denominação informal, são conhecidos como Quaternário, indicando as
Épocas mais recentes da cronologia geológica (FARIA, 2016).
1.1.Holoceno
Aproximadamente há onze mil anos terminou a última glaciação. Iniciou-
se uma nova era geológica, chamada de Holoceno. O clima tornou-se mais ameno e
estável (VIOLA, 2002). Propiciou-se as condições climáticas para o desenvolvimento
do ser humano. Neste período a humanidade começou e expandiu as atividades
agrícolas, a domestificação dos animais e a construção das cidades. O homem
passou de caçador, coletor e nômade para estágios de intervenção cada vez mais
agressivos ao meio ambiente (CAIXETA ANDRADE, 2014).
Assim, durante os últimos 10 mil anos a Terra se manteve no domínio do
Holoceno: era de estabilidade geológica em que os mecanismos naturais do planeta
Terra eram capazes de absorver os impactos endógenos e exógenos sofridos pela
ecosfera terrestre (CAIXETA ANDRADE, 2014).
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O domínio do fogo pelos nossos antepassados desde a humanidade
como uma ferramenta poderosa monopolista, indisponíveis para outras espécies,
nos colocou firmemente no caminho longo para o Antropoceno. O uso de fogo
acompanhou o desenvolvimento anterior do instrumento de pedra e uma arma
tomada, outro passo importante na trajetória do ser humano em empreendimento
(STEFFEN et al., 2007).
Os primeiros seres humanos usaram o poder considerável de fogo para a
sua vantagem. O fogo mantinha animais perigosos em uma respeitosa distância,
especialmente durante a noite, e ajudou na caça, rica em proteínas, alimento mais
facilmente digerível. A dieta dos nossos antepassados mudou de, principalmente,
vegetariana para onívora, uma mudança que a levou às capacidades físicas e
mentais melhoradas (STEFFEN et al., 2007).
As sociedades humanas pré-industriais, de fato influenciaram o seu
ambiente, em muitos aspectos, do local às escalas continentais. A maioria das
mudanças foram baseadas no conhecimento, provavelmente adquiridos a partir de
observação e de tentativa e erro, de dinâmica dos ecossistemas naturais e sua
modificação para aliviar a tarefas de caça, coleta, e, eventualmente, da agricultura
(STEFFEN, 2007).
A marca humana no ambiente pode ter sido visível a nível local, regional e
até mesmo escalas continentais, mas os seres humanos pré-industriais não tiveram
a capacidade tecnológica ou organizacional para igualar ou dominarem as grandes
forças da natureza (STEFFEN, 2007).
1.2.Antropoceno
Apesar de sermos uma única espécie entre os estimados 10 a 14 milhões
de espécies atuais, e de estarmos habitando a Terra muito recentemente, nos
últimos séculos estamos alterando profundamente a face de nosso planeta.
Durante o Holoceno, e acelerando no período industrial, as atividades
humanas tornaram-se uma crescente força geológica e morfológica (STEFFEN et
al., 2007).
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O crescimento da influência humana no ambiente foi reconhecido por
vários estudiosos no decorrer dos tempos, já em 1873, pelo geólogo italiano Antônio
Stoppani (1824-1891), que falou sobre uma “nova força telúrica cujo poder e
universalidade podem ser comparados às grandes forças da Terra”, batizando essa
era de ‘antropozóica’. Outro geólogo, o norte-americano Joseph Le Conte
(1823-1901), sugeriu o nome ‘psicozóico' em 1879, no livro Elementos de geologia.
Em 1926, o jesuíta e antropólogo francês Teilhard de Chardin (1881-1955)
e o geoquímico russo Vladmir Vernadsky (1863-1945) chamaram de ‘nossa era’ (o
mundo do pensamento), período em que o poder intelectual humano gerou efeitos
suficientes para ser considerado uma força geológica.
Em 2002 o holandês Paul Crutzen, prêmio Nobel de Química (em 1995),
publicou um artigo chamado Geologia da Humanidade (CRUTZEN, 2002), avaliando
o grau de impacto ambientalmente destruidor das atividades humanas. Afirmou-se
que o mundo entrou em uma nova era geológica: a do Antropoceno.
O termo antropoceno, raízes etimológicas gregas, significa “época de
dominação humana”. Representando um novo período da história na Terra. O ser
humano tornou-se a causa da escalada global da mudança ambiental. Vive-se, hoje,
o Antropoceno, uma nova época geológica em que a estabilidade climática não é
mais realidade (CRUTZEN e STOEMER, 2000).
O termo Antropoceno sugere que a Terra já deixou a sua natural época
geológica, o estado presente interglacial chamado o Holoceno. Atividades humanas
tornaram-se tão penetrante e profunda que elas rivalizaram as grandes forças da
natureza e estão empurrando a Terra para uma incógnita planetária. A Terra está a
evoluir rapidamente para um meio biologicamente menos diversificados, menos
arborizada, muito mais quente, e provavelmente um estado úmido e tempestuoso
(STEFFEN et al., 2007).
O fenômeno da mudança global representa uma profunda mudança na
relação entre os seres humanos e o resto da natureza.
Alguns pesquisadores defendem o estabelecimento do Antropoceno a
partir da Revolução Industrial, impulsionada pela máquina a vapor, aperfeiçoada na
segunda metade do século 18 pelo escocês James Watt (1736-1819).
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Outros argumentam que o Antropoceno teve origem mais tarde, com os
primeiros testes e o uso, em 1945, de armas nucleares, seguidos pela forte
intensificação de testes nas décadas de 1950 e 1960, durante a chamada Guerra
Fria.
Estudos sugerem que o início do Antropoceno seja o dia da primeira
explosão de uma bomba nuclear (ROCKSTROM et al, 2009).
Também há quem apoie uma definição técnica, baseada em uma
‘fronteira’ estratigráfica específica, que evidencie mudanças causadas pela
tecnologia humana e possa ser reconhecida em nível global.
O início do Antropoceno coincide com a ultrapassagem das fronteiras
planetárias, limites geobiofísicos para a existência segura da espécie humana sobre
a Terra (ROCKSTROM et al, 2009).
No entanto, para que essa nova época não traga, em si, a destruição da
espécie que lhe dá o nome, os seres humanos precisam utilizar sua capacidade
intelectual para a harmonização de suas sociedades com os limites ambientais do
planeta que as sustenta (MARTINI, 2011).
1.3.Aceleração no uso dos recursos naturais
Ao descobrir o fogo, o homem conquistou uma vantagem sobre as outras
espécies, que consolidou com a agricultura, e possibilitou o surgimento das cidades,
liberando tempo para o aprimoramento das demais áreas, como das artes e da
tecnologia. Desde então, tem modificado o planeta, desmatando, domesticando e
extinguindo animais e devastando territórios conquistados.
Até recentemente, essas atividades eram localizadas, afetando uma
superfície pequena. Incapazes de mudar perceptivelmente o sistema de forças
físicas e biológicas, como os fluxos atmosféricos, os movimentos tectônicos, a
circulação dos oceanos e a dispersão de novas espécies, que determinam o
macroambiente no planeta (CRUTZEN, 2007).
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Assim como as populações indígenas da Amazônia, que desmatam
pequenas áreas, fazem roças, pescam e caçam, mas não afetam o equilíbrio da
floresta, os cientistas creem que a atividade humana até a Revolução Industrial
tampouco teria afetado o destino do planeta (REINACH, 2011).
A revolução industrial, em meados do século XVIII, iniciou um período
notável da história das civilizações em que uma parte crescente da humanidade
melhorou muito as condições e a qualidade de vida (SANTOS, 2009).
A mais fácil acessibilidade à energia, à água, à medicina e aos cuidados
de saúde, à segurança alimentar, a melhores condições de habitação, ensino e
formação profissional e a múltiplas aplicações da ciência moderna contribuíram para
a aceleração do crescimento da população humana global que aumentou por um
fator de dez nos últimos três séculos. Esta aceleração intensificou-se no século XX
durante o qual a população mundial cresceu por um fator de quatro (SANTOS,
2009).
A partir do final da Segunda Guerra Mundial registou-se um crescimento
muito acentuado da atividade económica, do comércio internacional, da produção e
do consumo de bens, do uso de recursos renováveis e não-renováveis, da
mobilidade e dos transportes, dos fluxos de comunicação e informação, do
conhecimento científico e das aplicações tecnológicas (SANTOS, 2009).
Nas três décadas anteriores a 1945, a economia mundial lutou como
resultado de duas guerras mundiais (e uma série de outras menores ) e da Grande
Depressão (1929-1939), que fora desviado ou bloqueado investimento na mudança
tecnológica. O crescimento econômico 1914-1945 ocorreu mais lentamente do que
tinha durante 1874 a 1914. A guerra aumentou as taxas de mortalidade nos países
combatentes e, embora estes efeitos foram de curta duração, tanto a guerra e
depressão econômica evidenciaram grande baixa em muitas populações (HIBBARD,
2006).
Esta “grande aceleração” do pós-guerra provocou uma aceleração dos
ritmos de alteração das interações entre o homem e o ambiente (HIBBARD, 2006).
Nos últimos 60 anos a humanidade explorou os recursos naturais
renováveis e não-renováveis com uma intensidade e extensão incomparáveis com
os de qualquer outro período da história.
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Os ecossistemas estão a ser perturbados, alterados ou destruídos a um
ritmo jamais atingido para satisfazer uma procura crescente de produtos
alimentares, água potável, madeira, fibra e energia (SANTOS, 2009).
Nos 100 anos desde 1890 a 1990 o uso da água potável aumentou por
um fator de nove, o volume de pescado por um fator de trinta e cinco, a área
agrícola por um fator de dois, a área agrícola irrigada por um fator de cinco e a
população pecuária por um fator de quatro (MCNEILL, 2005).
Entretanto, a área global de floresta diminuiu de 20% e as emissões de
CO2 para a atmosfera aumentaram por um fator de dezessete (MCNEILL, 2005).
A revolução industrial e sobretudo a “grande aceleração” do pós-guerra
melhoraram imensamente a qualidade de vida de uma grande parte da humanidade,
mas criaram um conjunto de desafios ambientais potencialmente muito gravosos, no
presente e principalmente no futuro (SANTOS, 2011).
Importa salientar que o desenvolvimento social e econômico resultantes
da “grande aceleração” têm agravado as iniquidades de desenvolvimento entre
países e no interior dos países. Por outras palavras, o atual modelo de
desenvolvimento tem sido incapaz de distribuir, de forma equitativa, os benefícios do
crescimento económico (UNDP, 1999).
A razão entre o PIB per capita dos países mais ricos e dos mais pobres
está a aumentar assustadoramente: em 1820 era cerca de sete, aumentou para
onze em 1910, trinta em 1960 e em 1974 tinha o valor de setenta e quatro (UNDP,
1999).
A razão entre os vencimentos acumulados pelos 10% mais ricos da
população humana e os 10% mais pobres aumentou do valor 30 em 1960, para 45
em 1980 e para 74 em 2000. (UNDP, 2000).
Quanto maiores forem as iniquidades de desenvolvimento, mais difícil se
torna a resolução dos atuais desafios ambientais, especialmente porque muitos
deles têm cada vez mais uma expressão global. Nos países mais pobres a
problemática prioritária da maior parte da população é assegurar condições mínimas
de sobrevivência pelo que as questões ambientais têm naturalmente uma relevância
muito marginal (STEFFEN et al., 2007).
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As sociedades industriais como regra usam quatro ou cinco vezes mais
energia como fizeram os agrárias, que por sua vez utilizava três ou quatro vezes
mais do que fez nas sociedades com predomínio da caça e coleta (MCNEILL, 2001).
Sem essa transição para uma sociedade de alta energia jamais a
população mundial teria aumentado a partir de um bilhão por volta de 1820 para
mais de seis bilhões de hoje, ou que talvez um bilhão dos mais afortunados entre
nós poderia levar uma vida de conforto desconhecido a quaisquer reis e cortesãos
no séculos passado.
Antes do uso generalizado de combustíveis fósseis, a colheita de energia
disponível para a humanidade foi fortemente restringida. E água e a energia eólica
estavam disponíveis apenas em locais favorecidos, e só em sociedades onde as
tecnologias relevantes de moinhos de água, navios a vela, e moinhos de vento
foram desenvolvidos ou importados (STEFFEN et al., 2007).
Energia muscular proveniente de animais, e através deles a partir de
plantas, foi limitado pela área de terra adequada para as culturas e forrageiras, em
muitos lugares, por escassez de água, e em todos os lugares por ineficiências
biológicos inevitável: plantas fotossíntese menos do que um por cento da energia
solar que incide sobre a terra, e animais que comem as plantas retêm apenas um
décimo do produto químico energia armazenada nas plantas (STEFFEN et al.,
2007).
Tudo isso elevou-se a um gargalo acima do número de seres humanos, a
economia global, bem como a capacidade de humanidade para moldar o resto da
biosfera e para influenciar o funcionamento do sistema terrestre (STEFFEN et al.,
2007).
A invenção (alguns diriam refinamento) do vapor motor por James Watt na
década de 1770 e 1780 e a vez de combustíveis fósseis quebrou esse gargalo,
abrindo uma era de longe restrições mais brandas sobre o fornecimento de energia,
mediante números de humanos, e sobre a economia global (STEFFEN et al., 2007).
Entre 1800 e 2000 a população cresceu mais de seis vezes, a economia global
sobre 50 vezes, e o consumo de energia cerca de 40 vezes (MCNEILL, 2001). Ele
também abriu uma era de intensificar e sempre crescente influência humana sobre o
Sistema Terra.
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Os combustíveis fósseis e seus associados em tecnologias de vapor
Ginés, motores de combustão interna, fez muitas novas atividades possíveis e
antigas mais eficiente.
Por exemplo, com energia abundante revelou-se possível sintetizar
amônia do nitrogênio atmosférico, com efeito para fazer fertilizantes fora do ar, um
processo iniciado pelo químico alemão Fritz Haber no início o século 20.
A síntese de Haber-Bosch, como seria conhecido (Carl Bosch era um
industrial) revolucionou a agricultura e acentuado aumento do rendimento das
culturas em todo o mundo, que, juntamente com bastante melhorada disposições
médicas, possibilitando o aumento no crescimento da população humana (STEFFEN
et al., 2007).
Desmatamento e conversão para a agricultura foram grandes nas
latitudes médias, particularmente no hemisfério norte. Apenas cerca de 10% da
superfície terrestre mundial tinha sido ''domesticados'' no início da era industrial por
volta de 1800, mas este número aumentou de forma significativa para cerca de
25-30% em 1950 (MCNEILL, 2001).
Nos últimos 50 anos, o homem modificou os ecossistemas do mundo
mais rápido e extensivamente que em qualquer outro período comparável de história
humana (PIMM, 1995). A Terra está em sua sexta grande extinção, com taxas de
perda de espécies de crescimento rápido, ecossistemas terrestres e marinhos
(IPCC, 2007).
A notável explosão do empreendimento humano a partir de meados do
século 20, e os impactos em escala global associado a muitos aspectos do
funcionamento do sistema da terra, marcam a Grande Aceleração (STEFFEN et al.,
2007).
Cidades tinham sido há muito tempo os lugares de gestão e inovação
tecnológica e motores do crescimento económico e na Grande Aceleração esse
papel foi desempenhado ainda com maior efeito.
Nesse sentir se faz necessário o conhecimento dos limiares planetários,
limites que levam em conta a taxa de resiliência do planeta, ou seja, a capacidade
do planeta retornar ao seu estado natural após uma perturbação, com o escopo de
tentar minimizar os impactos da ação humana sobre eles, principalmente quando
uma das fronteiras é extrapolada.
CAPITULO II
2. LIMITES PLANETÁRIOS
O início da era industrial sinalizou o alvorecer de um novo período – o
Antropoceno –, no qual a estabilidade característica do Holoceno deixou de ser o
traço marcante. A centralidade das intervenções antrópicas nos desequilíbrios dos
sistemas naturais terrestres e a ameaça à resiliência do ecossistema global marcam
a nova era (STEFFEN et al., 2007, ROCKSTRÖM et al., 2009a, ROCKSTRÖM et al.,
2009b).
Elevaram-se os riscos de perdas irreversíveis e potencialmente
catastróficas e são cada vez mais claros os sinais de mudanças globais,
entendendo-se estas como alterações biofísicas e socioeconômicas que modificam
a estrutura e o modo de funcionamento do sistema terrestre (CAIXETA ANDRADE,
2011).
A magnitude dos impactos do Antropoceno e seus desdobramentos sobre
a capacidade de resiliência dos ecossistemas vêm aumentando, enormemente,
desde o fim da Segunda Guerra Mundial (CAIXETA ANDRADE, 2011).
A elevação da escala das atividades humanas tem provocado extensivas
e rápidas mudanças nos ecossistemas da Terra. As alterações sofridas pelos
ecossistemas do planeta não são comparáveis a nenhum outro período da história
humana e, embora tais mudanças tenham contribuído significativamente para
ganhos líquidos no desenvolvimento e crescimento econômico, tais ganhos foram
alcançados às expensas de custos crescentes na forma de degradação de serviços
ecossistêmicos (MEA, 2005).
Embora haja uma crescente adesão à ideia de que a escala do sistema
econômico e os padrões de consumo decorrentes do estilo de desenvolvimento em
curso são insustentáveis do ponto de vista ecológico, percebe-se que ainda existem
sérias lacunas no que diz respeito à mensuração das escalas atuais do sistema
econômico, bem como à escala ótima que este deveria assumir.
!21
Avaliações biofísicas e econômicas dos impactos humanos sobre os
ecossistemas e sua resiliência são condição sine qua non para elaboração e
implementação de políticas que visem ao desenvolvimento sustentável. Mesmo que
incertezas e a falta de uma completa compreensão dos processos ecológicos
difluem ou mesmo inviabilizem análises sobre a magnitude da escala humana, é
preciso a integração transdisciplinar para a construção de referenciais que elucidem
limiares seguros até os quais a atividade econômica pode avançar (CAIXETA
ANDRADE, 2011).
Uma primeira tentativa na direção de se enfrentar o desafio acima
colocado foi publicado estudo que apresenta de maneira explícita, o que os autores
chamam de “fronteiras planetárias”.
Por limites planetários entende-se o trabalho desenvolvido pelo Centro de
Resiliência de Estocolmo, sob a coordenação de Rockström (2009), junto com
diversos cientistas proeminentes. No estudo foi definido um padrão de risco para o
planeta e a humanidade, e foram estabelecidas nove fronteiras planetárias que
formam o chamado “espaço de operação seguro para a humanidade” (MOYA, 2012).
São elas, além da Mudança climática, Erosão da biodiversidade e Ciclo
do Nitrogênio e Fósforo (três fronteiras já cruzadas), Depleção da camada de
ozônio, Acidificação oceânica, Uso global de água doce, Mudanças no uso da terra,
Concentração de aerossóis atmosféricos, e Poluição química (MOYA, 2012).
Figura 1. As fronteiras planetárias
O eneágono que limita a mancha verde evidência os níveis tidos como seguros para a existência humana na Terra, as manchas vermelhas, o atual grau de impacto humano nas nove variáveis. “Planetary Boundaries: Exploring the Safe Operating Space for Humanity”
!22
Nessa esteira de ideias há que se identificar que a humanidade tem
afetado não só o clima da Terra, mas também química dos oceanos, os habitats
terrestres e marinhos, a qualidade do ar e da água, os ciclos de água, nitrogênio e
fósforo, alterando os diversos componentes essenciais que sustentam a vida no
planeta.
Essas nove fronteiras referem-se a processos do sistema-Terra, e são
avaliadas no estudo segundo as causas humanas de pressão sobre esse sistema e
as consequências resultantes no caso dessas fronteiras serem cruzadas.
Cruzar essas fronteiras, segundo os autores, poderia causar resultados
irreversíveis. A transgressão (overshooting) de uma ou mais fronteiras pode
desencadear mudanças abruptas e não lineares em escalas continentais ou mesmo
em escala global (CAIXETA ANDRADE, 2011).
O estudo aponta para um novo conceito de sustentabilidade baseado na
capacidade de resiliência global. Segundo o documento três fronteiras de limite de
carga planetária já foram ultrapassadas: perda de biodiversidade; ciclo bioquímico
de nitrogênio e alterações climáticas (CORNILS, 2013).
A figura 1 acima sistematiza os resultados sobre as mensurações feitas,
indicando quais são as escalas para cada um dos sistemas considerados, bem
como o estado atual e os valores pré-industriais.
Pelos resultados encontrados, percebe-se que a escala humana vem
transgredindo três fronteiras planetárias (taxa de perda de biodiversidade, ciclo do
nitrogênio e mudança climática). Isto significa que os valores seguros para operação
da atividade humana foram ultrapassados nestes sistemas, indicando uma
possibilidade (ainda desconhecida) de mudanças ambientais potencialmente
catastróficas. Tais resultados são ainda mais alarmantes quando se constata que as
várias fronteiras são inter-relacionadas, o que faz com que o overshooting de
algumas delas possa levar à disrupção de outros sistemas (CAIXETA ANDRADE,
2011).
A perda de biodiversidade é a mais extrapolada (ROCKSTROM, 2009).
Se vive contemporaneamente a sexta extinção em massa de espécies da história do
planeta, esta com uma particularidade: a ação antrópica é a principal causa.
!23
Segundo dados de 2012 da International Union for Conservation of Nature
– IUCN, a perda da biodiversidade é a consequência da ação do homem no mundo
natural mais devastadora. O que fez com que a instituição iniciasse uma
metodologia para uma lista que pretende analisar o nível de degradação e perda de
ecossistemas.
Não é possível afirmar com certeza quais as consequências dessa perda
gradativa para o funcionamento saudável dos ecossistemas. O que já se sabe é que
a Terra é um sistema em que a própria vida ajuda na regulação. Os processos
biológicos interagem fortemente com processos físicos e químicos para criar o meio
ambiente planetário, mas a biologia desempenha um papel muito mais forte do que
se pensava em manter o ambiente da Terra dentro de limites habitáveis (STEFFEN
et al.2006).
2.1.Mudanças climáticas
As condições atmosféricas mudam constantemente: a temperatura
aumenta durante o dia e diminui à noite; um dia chove e no outro faz sol,
determinadas épocas do ano são mais quentes e úmidas, outras mais frias e secas.
A meteorologia chama estas condições instantâneas e variáveis da atmosfera de
“tempo” (CORTIZO, 2008).
Por outro lado, as variações do tempo não são totalmente caóticas: elas
seguem um padrão mais ou menos regular, característico de cada região do Planeta.
Em São Paulo, por exemplo, todos os anos chove mais no verão do que no inverno,
em outros pontos da Terra os invernos são chuvosos e os verões são secos
(CORTIZO, 2008).
Esse padrão regional de variação do tempo de acordo com a época do
ano é chamado de “clima” da região.
O clima de cada região depende de diversos fatores, como sua latitude,
seu relevo, sua vegetação, a proximidade do mar e a ocorrência de correntes
marítimas próximas à costa. Estes fatores em geral, no entanto, não variam
rapidamente, de forma que o clima de cada região tende a permanecer constante ao
longo dos anos.
!24
No decorrer dos séculos e milênios, o clima das diversas regiões da Terra
se altera, tanto devido à ação humana (como o desmatamento) quanto em
decorrência de causas naturais (como variações na órbita do Planeta) (CORTIZO,
2008).
Atualmente, não há mais dúvidas de que a composição da atmosfera está
mudando devido às emissões de gases e aerossóis causadas pelas atividades
antrópicas (ARTAXO, 2014).
Entende-se por mudança climática qualquer mudança do clima que ocorra
ao longo do tempo em decorrência da variabilidade natural ou da atividade humana.
Esse uso difere da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do
Clima, em que “mudança do clima” se refere a uma mudança do clima que possa ser
atribuída direta ou indiretamente à atividade humana e que altere a composição da
atmosfera global, sendo adicional à variabilidade climática natural observada ao
longo de períodos comparáveis de tempo (NOBRE, 2010).
Considera-se, também, como sendo as condições do clima da Terra pelo
acúmulo de seis tipos de gases – como o dióxido de carbono (CO2) e o metano
(CH4) – na atmosfera, emitidos em quantidade excessiva há pelo menos 150 anos,
desde a Revolução Industrial, através da queima de combustíveis fósseis, como o
petróleo e o carvão, e do uso inadequado da terra com a conversão das florestas e
da vegetação natural em pastagens, plantações, áreas urbanas ou degradadas
(SANTILLI, 2008).
Estes gases – também chamados gases de efeito estufa – formam uma
espécie de cobertor na atmosfera, que impede que os raios solares que incidem
sobre a Terra sejam emitidos de volta ao espaço, acumulando calor e provocando o
aumento da temperatura na sua superfície, assim como ocorre numa estufa de
plantas.
São gases que sempre estiveram presentes na composição da atmosfera,
mas estima-se que há atualmente acúmulo de cerca de 30% a mais do que havia
antes da Revolução Industrial, e a sua emissão continua crescendo, o que altera as
condições climáticas naturais anteriores (SANTILLI, 2008).
!25
Estima-se, também, que a temperatura da Terra aumentou 0,7 grau
centígrado no último século e que os últimos dez anos foram os mais quentes da
história. Parece pouco, mas a provável intensificação desse processo deverá
provocar o degelo nos pólos e em outras regiões geladas do planeta, com o
conseqüente aumento do nível dos oceanos. Assim, ficarão afetados os
ecossistemas marinhos,as correntes e as ilhas oceânicas, as praias, os mangues e
as áreas urbanas mais baixas das cidades litorâneas (SANTILLI, 2008).
O efeito estufa já vem afetando o regime de chuvas em várias partes do
mundo, provocando secas e enchentes mais intensas, com sérias consequências
para a agricultura. O fenômeno El Nino – provocado pelo aquecimento das águas do
Oceano Pacífico nas proximidades da costa peruana – está associado ao efeito
estufa, que aumenta a sua frequência e intensidade, e tem afetado o clima sul-
americano – e brasileiro – além de outras regiões. Também se atribui ao efeito estufa
o aumento em número e intensidade de ocorrências catastróficas como ciclones e
furacões (SANTILLI, 2008).
Segundo previsões da maior parte dos cientistas, o mundo todo sofrerá
com o impacto da mudança climática já no decorrer deste século. Além de ameaçar
a sobrevivência de inúmeras espécies, que não terão tempo de se adaptar a elas,
sofrerão, em particular, as populações humanas cuja sobrevivência dependa da
pesca ou da agricultura.
Embora os países desenvolvido sejam os principais responsáveis
históricos pelo acúmulo de gases estufa na atmosfera, estima-se que os países
pobres serão mais duramente afetados pela mudança climática. O caso mais grave
é dos países insulares da Oceania que, com o aumento do nível do oceano – e em
vista da sua baixa altitude – correm o risco de submersão (SANTILLI, 2008).
Para estudos mais pormenorizados sobre a mudança climática, a ONU
criou em 1988, o IPCC (Painel Inter-governamental sobre Mudança Climática
Globais, em português).
O papel do IPCC é avaliar as informações cientificas, técnicas e
socioeconômicas relevantes para o entendimento do risco das mudanças climáticas
induzidas pelo homem, seus impactos potenciais e as opções de adaptação e
mitigação.
!26
Ademais o IPCC tem como principal atividade a de avaliar em intervalos
regulares o conhecimento a respeito das mudanças climáticas. E, ainda, elabora
Relatórios Especiais e Artigos Técnicos que fornecem subsídios adicionais para as
decisões políticas no âmbito da Convenção Quadro da ONU sobre Mudanças
Climáticas.
Diante do consenso na comunidade cientifica, reunida no IPCC, quanto
ao aumento da temperatura na Terra, a ONU aprovou a Convenção Quadro sobre as
Mudanças Climáticas Globais, subscrita pelos chefes de estados reunidos no Rio de
Janeiro durante a Rio-92 (SANTILLI, 2008).
Sete anos depois, em 1997, como recomendação da Convenção para que
os países desenvolvidos reduzissem as suas emissões não estava sendo cumprida,
foi aprovado, dentro do seu marco jurídico, um novo instrumento - o Protocolo de
Quioto - para estabelecer prazos e metas obrigatórias. Estas metas - redução média
de 5,2% em relação ao nível de emissões dos países industrializados em 1990 - são
insuficientes para reverter a gravidade do clima, mas seriam um começo (SANTILLI,
2008).
2.2.Perda de ozônio estratosférico
Em meados do século XIX, o químico suíço Christian Friedrich Schönbein
observou que o odor notado quando se produziam descargas elétricas na atmosfera
era similar àquele notado quando a água era decomposta por uma corrente voltaica.
Schönbein acreditou que esse odor poderia ser atribuído à existência de um gás
atmosférico de odor peculiar. A esse gás atribuiu o nome ozônio, da palavra grega
para cheiro – “ozein” (INPE, 2006).
O ozônio é um gás produzido naturalmente na atmosfera terrestre, reativo
e capaz de oxidar metais como ferro, chumbo e arsênico. A descoberta de que o
ozônio pode despolarizar eletrodos de platina foi a principal motivação para que o
mesmo começasse a ser estudado e medido com maior atenção. Em seguida,
Schönbein concluiu que o ozônio tinha um papel ainda mais importante, utilizando-o
como um eficaz desinfetante durante epidemias infecciosas (INPE, 2006).
!27
A distribuição vertical de ozônio é praticamente constante na troposfera e
aumenta com a altura na estratosfera, até uma região de concentração máxima que
depende da latitude e estação do ano.
A descoberta do buraco de ozônio na Antártida, em meados dos anos 80,
causou surpresa à comunidade científica que, até então, pensava compreender os
processos físicos e fotoquímicos que controlam a produção e extinção de ozônio na
atmosfera (FARMAN et al., 1985).
Os primeiros estudos sobre a depleção do ozônio na Antártica mostraram
duas características principais. A primeira indicava grandes perdas no ozônio
estratosférico observadas, durante a primavera, entre os anos 1974 e 1985; a
segunda, mostrou comparações com medidas realizadas entre os anos 1950 e
1960, que indicavam uma atenuação média de 300 para 200 unidades Dobson (DU)
de ozônio (INPE, 2006)
O ozônio naturalmente presente na estratosfera filtra a radiação
ultravioleta solar que incide sobre a superfície terrestre. Uma combinação de
aumento na concentração de substâncias feitas pelo homem, os clorofluorcarbonos
(CFCs) com cristais de gelo em nuvens estratosféricas, destrói parcialmente as
moléculas protetoras de ozônio na estratosfera (ARTAXO, 2014).
Os CFCs compreendem uma vasta gama de produtos que são utilizados
na refrigeração comercial e industrial, sistemas de ar condicionado fixo e móvel,
fabricação de espumas, aerossóis de uso médico, outros aerossóis e dissolventes,
sistemas de proteção contra incêndio, entre outros usos (TOMAZONI, 2009).
Essa radiação ultravioleta em excesso causa danos no DNA de todos os
seres vivos expostos a ela. É difícil estimar o dano de DNA aceitável, pois seus
efeitos dependem dos organismos, da cobertura de nuvens e de outros aspectos.
Valores limites da ordem de 5% de decréscimo na coluna de ozônio estratosférico
com relação aos valores de 1964-80 foram considerados como limite possível em
Rockstrom et al. (2009), enquanto Steffen et al. (2007) recomendam um limite de
concentração de coluna de O3 de 275 DU (Dobson Units).
Observa-se que ações tomadas pela implementação do Protocolo de
Montreal estão limitando a redução do ozônio estratosférico, e até uma certa
recuperação da camada de ozônio tem sido observada em algumas regiões
(ARTAXO, 2014).
!28
2.3.Outros impactos decorrentes da ação humana
2.3.1. Acidificação dos oceanos
Os oceanos são um dos recursos mundiais fundamentais e apresentam-
se como um dos mais importantes componentes da natureza tendo em conta o seu
papel vital no planeta, como suporte de bens e serviços. Ocupam 71% da superfície
terrestre (GARCIA, 2004) e estendem-se numa superfície de 362 milhões de km2
(MASSOUD, 1992). Com um volume de 1,37x106 km3 constituem o maior repositório
de organismos do planeta, representativos de 31 filos (NYBAKKEN, 2001).
Terra, rios, mar aberto, atmosfera, sedimentos e biota interagem com
zonas costeiras e plataformas continentais, levando a uma heterogeneidade
temporal e espacial substancial dos fluxos de carbono (CHEN e BORGES, 2009).
Nos últimos 250 anos, as actividades humanas têm vindo a acelerar as
emissões de gases de efeito de estufa (GEE), particularmente as emissões de
dióxido de carbono (CO2) contabilizando-se cerca de 7,7±0,5 Gt de carbono por ano,
entre 2000 e 2009, sobretudo pelo consumo de combustíveis fósseis (ASSMANN et
al., 2010). Os níveis de CO2 na atmosfera passaram de 280 ppmv (partes por milhão
em volume), ao nível pré-industrial, para 384 ppmv em 2007 (SOLOMON et al.,
2007; DONEY et al., 2009b).
Isoladamente, os oceanos absorvem cerca de 25% do CO2 atmosférico
de origem antropogénica (FEELY, 2008) correspondendo a cerca de um-terço do
CO2 antropogénico produzido nos últimos 200 anos (SABINE et al., 2004).
As trocas gasosas do sistema ar-água vão acompanhando este aumento
de carbono atmosférico mas a um custo. À medida que o CO2 aumenta, a pressão
parcial do CO2 (pCO2) também vai aumentando (fenómeno conhecido como
hipercapnia) na água do mar, a concentração de iões hidrogénio cresce, a
concentração de iões carbonato diminui e a capacidade de absorção adicional de
CO2 fica limitada (BARROS, 2011).
!29
A absorção de carbono antropogénico desde 1750 tem sido responsável
pela diminuição média do pH em 0,1 unidades (BERNSTEIN et al., 2007),
atualmente o pH médio dos oceanos é de 8,1. Apesar do decréscimo de pH ser
apenas de 0,1 unidades é importante lembrar que a escala de pH baseia-se numa
escala logarítimica e portanto um decréscimo de décimas pode ter elevadas
ramificações fisiológicas (RINGWOOD e KEEPPLER, 2002).
Ainda que a absorção de CO2 pelos oceanos venha a atenuar a dimensão
do aquecimento global, este desequilíbrio no pH dos oceanos tende a afetar
profundamente o biota marinho. Estas alterações podem acontecer ao nível do
decréscimo de saturação do carbonato de cálcio (CaCO3) (FABRY et al., 2008) ou
por via de distúrbios ácido-base (metabólicos) afetando a reprodução e o
crescimento de populações e até mesmo espécies (PORTER et al., 2004).
Em particular, é esperado que a acidificação progressiva tenha impactos
negativos sobre o processo de calcificação utilizado por vários organismos na
produção de conchas ou placas a partir de carbonato de cálcio (CaCO3) (e.g. corais,
pterópodes, bivalves, crustáceos) e sobre as espécies que deles dependem
(BERNSTEIN et al., 2007). São estes consumidores primários que estão na base da
cadeia alimentar marinha e sustentam os restantes níveis tróficos. O seu
desaparecimento ou redução poderá condicionar em grande escala a existência de
outras espécies (e.g. mais de 60% da dieta do salmão juvenil é composta por
pterópodes (FABRY, et al., 2009)) e em última instância contribuir para um futuro
desequilíbrio sócio-económico, uma vez que os moluscos, por exemplo, formam uma
parte significativa da produção mundial de pesca e aquacultura (CSIRKE, 2005).
A acidificação dos oceanos não é uma consequência direta das
alterações climáticas mas sim uma consequência das excedentes emissões
antropogénicas de carbono atmosférico (DENMAN et al., 2007) que têm ocorrido nas
últimas décadas. É necessário agir agora para evitar o risco de danos irreversíveis
nos oceanos (CALDEIRA et al., 2005).
O aumento da concentração atmosférica de CO2 e sua parcial
solubilidade na alcalina água do mar levam a uma absorção de CO2 atmosférico
pelos oceanos (ARTAXO, 2014).
!30
Cerca de 33% das emissões atmosféricas humanas de CO2 atualmente
são absorvidas pelos oceanos através da sua dissolução na água do mar e
absorção de carbono pela biota marinha. A pressão parcial de CO2 na coluna de
água do mar aumentou significativamente nas últimas décadas e esse composto
químico, combinado com a água do mar, forma compostos ácidos que aumentam a
acidez dos oceanos (ARTAXO, 2014).
Nos últimos 200 anos , a acidez dos oceanos (medida pela concentração
de íons H+) aumentou cerca de 30%, em média, enquanto a concentração de
carbonatos caiu 16% desde a era pré-industrial (ARTAXO, 2014).
Muitos animais marinhos são sensíveis a alterações da acidez oceânica,
pois eles secretam carbonato de cálcio na forma de aragonita e calcita, que se
dissolvem em meio mais ácido. Os corais e o plâncton marinho também são
particularmente sensíveis ao aumento da acidez (ARTAXO, 2014).
Como a cadeia alimentar oceânica é muito complexa e interdependente,
essas alterações afetam toda a biota marinha. Além do aquecimento oceânico, a
eutroficação (excesso de nutrientes causados por uso excessivo de fertilizantes)
coloca uma grande pressão nos ecossistemas marinhos (ARTAXO, 2014).
A definição dos limites, nesse caso, é particularmente difícil, mas definida
como sendo uma diminuição no estado de saturação de aragonita de 80% do valor
pré-industrial (ARTAXO, 2014).
A exploração não sustentável dos recursos marinhos tem provocado
danos possivelmente irreversíveis em algumas zonas dos oceanos. A pesca
excessiva e ilegal, as descargas de poluentes, a formação da “ilha de lixo” no giro do
Pacífico Norte e a contaminação com micro-plásticos são vários exemplos de
exploração e destruição de um dos recursos mais ricos e diversificados do planeta. A
acidificação dos oceanos é mais um exemplo e a juntar aos restantes poderá
contribuir para um desequilíbrio físico-químico que conduzirá estes recursos a um
estado de desgaste extremo, de difícil recuperação (BARROS, 2011).
!31
2.3.2.Perda de biodiversidade
A biodiversidade é a base de toda a vida na Terra, e determina as funções
ecossistêmicas essenciais para a vida no planeta. Biodiversidade e ecossistemas
funcionais propiciam resiliência à biosfera. Com a perda e a degradação da
biodiversidade, a sociedade humana e as comunidades tornam-se mais vulneráveis,
pois as opções para mudanças ficam mais restritas (WEHAB, 2002).
A conservação e o uso sustentável da biodiversidade são pré-condições
para o desenvolvimento. Atividades que reduzem a biodiversidade ameaçam o
desenvolvimento econômico e a saúde humana, devido à perda de materiais úteis,
estoques genéticos e serviços ambientais fornecidos por ecossistemas intactos
(SCARIOT, 2010).
Os produtos da natureza são a base para indústrias tão diversas como as
de agricultura, medicamentos, cosméticos, polpa e papel, horticultura, construção e
tratamento de resíduos. Os genes presentes nas espécies selvagens são
fundamentais para salvar as colheitas que nos alimentam. É impossível substituir os
serviços que a biodiversidade fornece, tais como a controle de pragas feito por
várias espécies que depredam umas às outras, ou a polinização feita por insetos e
aves. A perda da biodiversidade afetará o fornecimento de alimentos, reduzirá as
opções de lazer e turismo e as fontes de medicamentos, energia e madeira
(SCARIOT, 2010).
A diversidade genética fornece a capacidade em longo prazo de a vida no
planeta se adaptar a mudanças abióticas tais como temperatura, salinidade,
radiação e outros fatores.
A perda da biodiversidade afeta negativamente o sistema terrestre,
aumentando a vulnerabilidade de ecossistemas terrestres e marinhos a mudanças
no clima e na acidez oceânica, entre outros efeitos.
Ao longo dos últimos séculos, muitas espécies foram extintas devido ao
impacto humano tanto nos ecossistemas terrestres como nos oceanos. É possível a
construção de um índice de integridade biológica que indique mudanças na
população de espécies como resultado da ação humana. Uma possível medida é a
perda de variabilidade de espécies genéticas (MACE et al., 2014).
!32
Em princípio, o limite às mudanças na integridade da biosfera deveria ser
colocado a um valor próximo da razão de perda da biodiversidade ao longo do
Holoceno, mas essa razão não é conhecida. Estima-se que esse limite possa ser
definido como a extinção de 10 espécies por milhão de espécies por ano. Outra
possível abordagem seria definir um índice tal como o Biodiversity Intactness Index
(BII), que indica a mudança na biodiversidade advinda de impactos humanos, tais
como mudanças de uso de solo, acidez oceânica, etc. (ARTAXO, 2014).
Entretanto, as incertezas na área são significativas, já que as interações
entre as espécies e os ecossistemas são enormes. Também existem fortes efeitos
não lineares entre a extinção de espécies e as mudanças ambientais globais, que
ainda não são completamente compreendidos. Algumas espécies tem maior
capacidade de adaptação do que outras (ARTAXO, 2014).
2.3.3.Mudança no uso do solo e dos recursos hídricos
Todos os biomas terrestres sofreram importantes mudanças no uso do
solo, incluindo florestas, savanas, tundras, etc. Os avanços na agricultura nos
últimos séculos fazem com que se tenha, atualmente, cerca de 12% da área do
planeta dedicada a cultivos (FOLEY et al., 2005).
O caso de mudanças no uso de solo é importante, pois está fortemente
associado à produção de alimentos e influência outros limites, tais como
biodiversidade, uso de água, clima e outras variáveis (ARTAXO, 2014).
Mudanças no uso do solo alteram o albedo da superfície terrestre,
através, por exemplo, da retirada de florestas e da implementação de pastagens ou
cultivos, e as estimativas são de uma forçante radiativa de -0,15 w/m2 de 1750 a
2011. Esse efeito é de resfriamento do planeta, pois uma floresta absorve mais
radiação solar do que uma área de pastagem, que é mais escura (STEFFEN et al.,
2007).
Na pastagem, uma fração maior da radiação solar é refletida ao espaço.
O limite para o uso do solo pode ser estruturado lembrando-se que sua ligação com
a produção de alimentos é forte, e que a eficiência de produção de alimentos por
hectare é muito grande no Planeta Terra (ARTAXO, 2014).
!33
Esforços são feitos para aumentar a produtividade agrícola, intensificando
sistemas agropecuários nas áreas mais férteis, mantendo florestas essenciais para o
funcionamento do ecossistema terrestre preservadas, e mantendo solos que são
ricos em carbono em sua condição a menos perturbada possível.
É proposto um limite de 15% da área global sem gelo para uso da
humanidade. Chegou-se a 12%, e isso permite uma ampliação de 3% da área
agricultável no planeta, que deve ser realizada em conjunto com o aumento da
produtividade agrícola global (ARTAXO, 2014).
Água é um recurso natural essencial para os seres humanos, a biota e os
ecossistemas. Mesmo sendo um bem essencial, a água não é distribuída
equitativamente em nosso planeta, com fortes variações sazonais e decadais, e em
várias regiões se tornou um bem precioso e escasso.
A questão do uso da água tem aspectos regionais e locais que a faz difícil
de ser caracterizada globalmente. Cada bacia hidrográfica tem os seus próprios
limites de exploração e suas características, que variam sazonalmente e com fortes
alterações decadais (ARTAXO, 2014).
O uso de água para a agricultura visando à produção de alimentos é uma
das maiores pressões na maior parte das bacias hidrográficas afetadas, mas a água
é também essencial para a manutenção de florestas, manutenção de florestas,
manutenção da biodiversidade e sequestro de carbono, entre outras questões.
Em muitas áreas densamente ocupadas, o uso de água excedeu a
capacidade de recarga, comprometendo a qualidade e o fluxo necessários. Em
outras áreas, onde se tem muita água, como na Amazônia, aspectos climáticos e
logísticos limitam o seu uso para a agricultura e outras atividades. A manipulação
global de recursos aquáticos afeta a produção de alimentos, a biodiversidade, o
clima e o funcionamento ecológico, a segurança hídrica, etc. (ARTAXO, 2014).
Em, geral, separa-se a água em três componentes: 1) a chamada “água
azul”, que consiste em rios, lagos e água subterrânea; 2) a “água verde”, que é
armazenada no solo como umidade; 3) os chamados “fluxos de água verde”, que
são o transporte de umidade pela atmosfera (FALKENMARK et al., 2001).
Estimativas indicam que 90% dos fluxos de água verde são necessários
para manter os serviços dos ecossistemas, enquanto de 20% a 50% da água azul é
necessária para manter o sistema hídrico de lagos e rios em funcionamento.
!34
O fluxo de água verde influencia a quantidade de água azul através do
transporte umidade de chuva. É estimado que o uso de aproximadamente 4.000 km3
por ano de água seja um limite para a humanidade, para que se possa evitar o
colapso de bacias hidrográficas importantes (FALKENMARK et al., 2001).
Atualmente, a humanidade usa cerca de 2.600 km3 por ano, o que indica
que se tem um certo espaço de crescimento, mas a pressão por recursos aquáticos
está aumentando significativamente, principalmente no setor da agricultura e no
fornecimento à população urbana global (ARTAXO, 2014).
Estima-se que o uso de água verde na agricultura seja hoje de 5.000 km3
por ano, e tenha que aumentar 50% em 2030 para fornecer segurança alimentar ao
nosso planeta (VIOLA, 2008).
Diante do cenário ora apresentado onde, realmente, estamos e o que
precisará ser feito para conseguirmos mitigar os efeitos desastrosos das atividades
humanos no meio ambiente?
CAPITULO III
3. DESAFIOS E PERSPECTIVAS
3.1.Onde estamos?
Vivemos em um mundo no qual a humanidade pode ter se tornado uma
força geológica, ou seja, um fenômeno capaz de transformar a paisagem planetária.
Essa questão da definição dos limites planetários e a nossa atual
colocação foram discutidas em várias publicações, como, por exemplo, em Running
(2012) e Steffen et al. (2015). Uma dificuldade na quantificação está no fato de que
os limites nas nove fronteiras planetárias globais são interconectadas
(ROCKSTROM, 2009).
O planeta atua como entidade integrada e única, com inter-conexões em
praticamente todas as áreas de risco. A Figura 1 ilustra um diagrama dos limites
planetários com uma qualificação de onde estamos atualmente em cada aspecto
discutido.
Já ultrapassamos os limites na perda de biodiversidade, adição de
nitrogênio e fósforo, e estamos nos aproximando dos limites nas áreas de mudanças
climáticas e mudança de uso do solo. A carga de aerossóis atmosféricos, perda de
biodiversidade funcional e novos riscos, tais como poluição química, ainda,
permanecem em estudos pormenorizados para a devida quantificação.
Esses limites e a avaliação de sua posição atual são uma primeira
indicação, e deverão ser aprimorados conforme a ciência avança.
A discussão dos limites seguros do planeta mostra que existe a
possibilidade de que, ultrapassando os limites físicos do planeta, pode-se
desestabilizar o relativamente estável clima que tivemos no Holoceno.
Dois dos limites, mudanças climáticas e integridade da biosfera, estão em
situação tão crítica que necessitam de medidas urgentes para a estabilização das
condições de sustentabilidade na Terra.
!36
As pressões sociais, econômicas e ambientais vão aumentar nas
próximas décadas, e precisamos urgentemente de um sistema de governança global
para superar esses desafios. Essa tarefa pode demorar muitas décadas, por isso
precisamos iniciar esse processo o mais rápido possível. O tempo corre contra a
humanidade.
Não obstante, ameaças e incertezas pertencem às condições gerais de
existência humana; a semântica do risco está relacionada especificamente com o
processo de modernização, no qual adquirem maior significado as decisões, as
incertezas e a probabilidade. Está relacionada à tematização no presente de perigos
futuros, percebidos como resultado da civilização (MOTTA, 2009).
A ambiguidade do risco reside na necessidade de decisão que ele implica:
pesar oportunidades e perdas. Toda uma ciência do risco se desenvolveu e nasceu o
cálculo probabilístico, a primeira tentativa de controlar o incontrolável. O risco tem
uma dimensão de experimentação: não se pode teorizar sobre ele, é da ordem da
probabilidade (MOTTA, 2009).
A categoria de risco gera um mundo que ultrapassa a clara separação
entre conhecimento e desconhecimento, verdadeiro e falso, bom e ruim. Não quer
dizer que saia do horizonte do conhecimento, mas se trata de um conhecimento
probabilístico, que envolve o trato com incertezas, que atualmente não pode ser
resolvido com mais saber, pelo contrário, é resultado do maior conhecimento. “Risco
é um tema mediador que demanda uma nova divisão de trabalho entre a ciência, a
política e a economia” (BECK, 2007).
A sociedade moderna se tornou uma sociedade de risco à medida que se
ocupa, cada vez mais, em debater, prevenir e administrar os riscos que ela mesma
produziu (BECK, 2008).
Nas sociedades de risco as consequências do sucesso da modernização
são tematizadas: os riscos se tornam mais arriscados, pois as condições para seu
cálculo e sua gestão fracassam em parte, e, correlativamente, altera-se o papel da
ciência e da técnica (MOTTA, 2009).
Risco não significa catástrofe. Risco significa a antecipação da catástrofe.
Os riscos existem em um estado permanente de virtualidade, e transformam-se
“atuais" somente até o ponto em que são antecipados. Riscos não são "reais", eles
estão se tornando “reais" (BECK, 2008).
!37
Neste momento em que os riscos se tornam reais – por exemplo, na
forma de um ataque terrorista – eles deixam de ser riscos e tornam-se catástrofes.
Os riscos já estão em outras partes: na antecipação de novos ataques, nas
mudanças climáticas ou em uma crise financeira potencial (BECK, 2008).
Riscos são sempre eventos ameaçadores. Sem técnicas de visualização,
sem formas simbólicas, sem suportes, sem meios de comunicação de massa, etc.,
os riscos não são nada. Em outras palavras, é irrelevante se vivemos em um mundo
que esteja de fato, ou em alguma medida, "objectivamente" mais seguro do que
qualquer outro mundo; se a destruição e os desastres são antecipados, então isso
produz uma compulsão para a ação (BECK, 2008).
A história da sociedade moderna dos séculos XIX e XX pode ser
entendida como a criação conflituosa de um sistema legal para lidar com as
incertezas e riscos industriais fabricados, isto é, fruto de decisões. O cálculo de
risco, o princípio do seguro, o Estado de Bem estar social possibilitam contratos de
risco, sancionados pelo Estado, isto é, institucionalizam promessas de segurança
frente a um futuro desconhecido (BECK, 2008).
A categoria da sociedade de risco tematiza o processo de questionamento
das idéias centrais para o contrato de risco, a possibilidade de controle e a
possibilidade de compensação de incertezas e perigos fabricados industrialmente
(BECK, 2007). Sua dinâmica está no sucesso da modernidade, cujos efeitos não
mais são passíveis de controle, daí a incerteza auto-fabricada.
A sociedade de risco é uma sociedade revolucionária latente em que o
estado de normalidade e o estado de emergência se sobrepõem. Isso pode explicar
o poder histórico do risco global, que é negligenciado pela teoria social convencional
e pela sociologia do risco: ao tratar de riscos catastróficos o presente de um estado
de emergência futuro está em negociação. O estado de emergência antecipado não
é mais nacional, mas cosmopolita (BECK, 2008).
A crença de que os riscos que a humanidade enfrenta podem ser evitados
pela ação política tomada em nome da humanidade ameaçada torna-se um recurso
sem precedentes para o consenso e a legitimação, nacional e internacionalmente
(BECK, 2008).
!38
Neste sentido, os princípios fundamentais da modernidade, incluindo o
princípio do livre mercado e a ordem própria da Estado-nação, tornam-se sujeitos à
mudança, à existência das alternativas, e à contingência (BECK, 2008).
3.2.O que precisa ser feito
A humanidade continuará a ser uma grande força geológica por muitos
milênios, talvez milhões de anos, por vir. Desenvolver uma estratégia universalmente
aceita para garantir a sustentabilidade do sistema de suporte de vida da Terra contra
tensões induzidas pelo homem é um dos maiores desafios de investigação e política
(STEFFEN, et al., 2006).
Sinais sugerem que o contexto intelectual, cultural, político e legal que
permitiu a grande aceleração depois de 1945 mudou de maneiras que poderiam
levar a isso.
Não surpreendentemente, algumas pessoas observaram impactos
humano sobre o meio ambiente por séculos e até milênios atrás. No entanto, como
uma grande preocupação social que data de 1960, com a ascensão do
ambientalismo moderno, observações mostraram que a concentração de CO2 na
atmosfera estava subindo acentuadamente.
Na década de 1980 medições de temperatura mostrou que o aquecimento
global era uma realidade, um fato que encontrou oposição política por causa de suas
implicações, mas dentro de 20 anos já não manifestavam dúvidas. Este processo
representa o início do reconhecimento de que as atividades humanas estão, de fato
a afetar a estrutura e funcionamento da Sistema Terra como um todo.
A crescente consciência da influência humana sobre o Sistema Terra,
segundo Steffen et al. (2007), foi auxiliado pelo(a):
i) os rápidos avanços em pesquisa e compreensão;
ii) o enorme poder da internet como uma informação global, de auto-
organização;
iii) a disseminação de sociedades mais livres e abertas, com meios de
comunicação independentes; e
!39
iv) o crescimento de sistemas políticos democráticos, estreitando o
espaço para o exercício do poder do Estado e reforço do papel da sociedade civil.
A humanidade está, de uma forma ou de outra, tornando-se uma auto-
consciente, agente ativo no funcionamento do seu próprio sistema de suporte de
vida (LOMBORG, 2003).
Este processo ainda está em curso, e onde ele pode levar, resta bastante
incerto. No entanto, três teorias filosóficas aproximam-se no crescente debate sobre
como lidar com o alterar do ambiente global (STEFFEN et al., 2004).
Business-as-usual. Neste sentir, as instituições e sistema económico que
têm impulsionado a grande aceleração continuam a dominar assuntos humanos.
Esta abordagem é baseada em várias suposições.
Em primeiro lugar, a mudança global não será grave ou rápida o suficiente
para causar importantes rupturas do sistema económico global ou a outros aspectos
importantes das sociedades, tais como a saúde humana.
Segundo, o sistema econômico orientado para o mercado existente pode
lidar normalmente com quaisquer adaptações que são necessárias. Este
pressuposto baseia-se no fato de que as sociedades têm tratado eficazmente, local
e regional, problemas de poluição (RAHMSTORF, 2007). Exemplos incluem a
limpeza de grandes rios europeus e a melhoria da chuva ácida na Europa Ocidental
e Oriental e América do Norte.
Terceiro, os recursos necessários para mitigar a mudança global
proativamente seria melhor gasto em necessidades humanas mais prementes.
A abordagem de negócios como de costume parece, na superfície, para
ser uma maneira segura e conservadora para a frente. No entanto, isso implica
riscos consideráveis.
O Sistema Terra muda em resposta às atividades humanas, que opera a
uma escala de tempo que é incompatível com a tomada de decisão humana ou com
o funcionamento do sistema econômico (STEFFEN et al., 2004).
A longo prazo o mundo se compromete a mudanças ambientais durante
as próximas décadas ou mesmo séculos. Um colapso da sociedade moderna e
globalizada sob mudança ambiental incontrolável é um resultado possível.
!40
Um exemplo disso, é a estabilidade da criosfera, o gelo na terra e no mar
e no solo. Dependendo do cenário e o modelo, o Painel-intergovernamental sobre as
Alterações Climáticas (IPCC) projetado o aquecimento global médio de 1.1-6.48C
para 2094-2099 em relação a 1980-1999, acompanhado por um aumento do nível
do mar projetado de 0,18-0,59 m (Excluindo as contribuições das dinâmica do
grande manto polar de gelo).
No entanto, o aquecimento é projetado para ser mais do que duas vezes
a média global nas regiões polares, aumentando a instabilidade e derretimento de
geleiras. Recente observações da dinâmica glacial sugerem um grau mais elevado
da instabilidade do que o estimado pelos modelos atuais, que a criosfera levaria a
um maior aumento do nível do mar através deste século do que estimado pelo IPCC
em 2001 (PACHAURI, 2006).
É concebível que agora um limiar irreversível poderia ser atravessado nas
próximas décadas, eventualmente (mais de séculos ou um milênio) que conduzem a
perda de gelo da Groenlândia e consequente aumento do nível do mar de cerca de
5m (STEFFEN, et al. 2004).
Mitigação. Uma via alternativa para o futuro baseia-se no reconhecimento
de que a ameaça de nova mudança global é suficientemente grave que deve ser
tratada de forma proativa.
A via de mitigação tenta tirar a pressão humana do Sistema Terra
melhorando a tecnologia e gestão, a utilização racional dos recursos naturais, o
controle do ser humano e população de animais domésticos, e uso cuidadoso em
geral e restauração do ambiente natural.
O objetivo final é para reduzir a modificação humana do ambiente global
de evitar níveis e taxas de perigosas ou difíceis de controlar ou mudar (STEFFEN,
2007), e, finalmente, para permitir que o sistema terrestre retorne aos níveis
anteriores ao Antropoceno (STEFFEN et al., 2004).
A tecnologia deve desempenhar um papel importante na redução da
pressão sobre o Sistema Terra (STEFFEN et al., 2004). Ao longo das últimas
décadas rápidos avanços em transportes, energia, agricultura e outros setores
levaram a uma tendência de desmaterialização em várias economias avançadas.
A quantidade e o valor da atividade económica continuará a crescer, mas
a quantidade de material físico que flui através da economia não.
!41
Existem novas oportunidades tecnológicas. No mundo todo o consumo de
energia é equivalente a apenas 0,05% da radiação solar que atinge os continentes.
Há muitas oportunidades para a conservação de energia, inúmeras
tecnologias de energia solar térmica e fotovoltaica através da fissão nuclear e da
fusão, a energia eólica e biocombustíveis a partir de florestas e culturas já estão
disponíveis ou em desenvolvimento para substituir os combustíveis fósseis.
Embora a melhoria da tecnologia é essencial para mitigar mudança
global, pode não ser suficiente por si só. Alterações dos valores sociais e
comportamentos individuais provavelmente serão necessários (RAHMSTORF,
2007).
Alguns sinais dessas mudanças são agora evidentes, mas a Grande
Aceleração tem um impulso considerável e parece ser intensificando (STEFFEN et
al., 2004). A questão crítica é se as tendências de desmaterialização e alterações
nos valores sociais tornam-se forte o suficiente para desencadear uma transição da
nossa sociedade globalizante a uma direção de um meio ambiente muito mais
sustentável (STEFFEN et al., 2004).
Opções de geo-engenharia. A gravidade da mudança global,
particularmente, mudar para o sistema climático, pode forçar sociedades a
considerar as opções mais drásticas.
Por exemplo, a emissão de partículas de aerossol (por exemplo, fumo,
sulfato, poeira, etc.) para a atmosfera leva a um efeito de arrefecimento líquido
porque estas partículas influenciam na radiação solar recebida.
Assim, aerossóis agiriam em oposição ao efeito de estufa, mascarando
alguns dos aquecimento que, caso contrário, vê agora (STEFFEN et al., 2004).
Paradoxalmente, uma limpeza da poluição do ar pode, assim, aumentar o efeito
estufa, talvez levando a temperatura a 18ºC adicional de aquecimento e trazendo a
Terra mais perto de níveis 'perigosos' do ciclo de carbono e outros efeitos das
mudanças climáticas (IPCC, 2005), que pode tornar os esforços de mitigação em
grande parte ineficazes.
Só para estabilizar a concentração atmosférica de CO2, sem levar em
conta estes efeitos, requer uma redução das emissões antrópicas por mais de 60% -
qual será uma tarefa árdua, considerando que a maioria das pessoas na Terra, a fim
de aumentar seu padrão de vida, estão em necessidade de energia adicional.
!42
Uma abordagem de engenharia para reduzir a quantidade de CO2 na
atmosfera é o seu sequestro em reservatórios subterrâneos (The Royal Society
(2005). Este ''geo-sequestro'' não só aliviaria as pressões sobre clima, mas também
diminuiria a acidificação dos oceano e águas de superfície, o que leva a dissolução
do calcário e organismos marinhos (STEFFEN et al., 2004).
Nesta situação alguns defendem as soluções da geo-engenharia, um
tópico altamente controverso. Geo-engenharia envolve propositalmente a
manipulação por seres humanos de escala global de processos do Sistema Terrestre
com a intenção de contrariar antropogenicamente impulsionado as alterações
ambientais como o aquecimento do efeito estufa (CRUTZEN, 2006).
Um proposta baseia-se no efeito de arrefecimento de aerossóis
observado na parágrafo anterior (STEFFEN et al., 2004). A ideia é aumentar
artificialmente o albedo da Terra, liberando material de luz solar-reflexivo, tal como
de partículas de sulfato, na estratosfera, onde permanecem por 1-2 anos antes de
se estabelecer na troposfera.
As partículas de sulfato seriam produzidas pela oxidação do SO2, tal
como acontece durante as erupções vulcânicas. A fim de compensar uma duplicação
de CO2. Se isso vier a acontecer, a entrada de enxofre teria de ser cerca de 1-2 Tg S
yA1 (Em comparação com uma entrada de cerca de 10 Tg S pelo Monte Pinatubo
em 1991). As injecções de enxofre teriam que ocorrer durante o tempo que CO2
permanecem em elevados níveis.
Olhando mais profundamente na evolução do Antropoceno, as futuras
gerações de H. sapiens provavelmente farão tudo para evitar uma nova era glacial
adicionando artificialmente poderosos gases de efeito estufa para a atmosfera
(STEFFEN et al., 2004).
Da mesma forma, qualquer queda na CO2 em níveis para baixas
concentrações, causando fortes reduções das fotossíntese e produtividade agrícola,
podendo ser combatido por versões artificiais de CO2. E da mesma forma, em um
futuro distante, H. sapiens desviariam meteoritos e asteróides antes que eles
pudessem acertar a Terra (STEFFEN et al., 2004).
!43
Para o presente, no entanto, apenas a sugestão de geo-engenharia
podem levantar sérias questões éticas e intenso debate. Além das preocupações
éticas fundamentais, a questão crítica é a possibilidade de não intencional e não
antecipado efeitos secundários que pode ter consequências graves (STEFFEN et
al., 2004).
A cura poderá ser pior que a doença.
Enormes desafios imediatos confrontam a humanidade sobre as próximas
décadas, uma vez que tenta passar por um gargalo de continuação do crescimento
populacional, uso excessivo de recursos e deterioração ambiental (STEFFEN et al.,
2004).
Em muitas partes do mundo demanda por combustíveis fósseis supera o
desejo de reduzir de forma significativa as emissões de gases de efeito estufa.
Cerca de 60% do ecossistema serviços já estão degradados e continuará a se
degradar ainda mais, a menos que significativas mudanças sociais nos valores e
gestão ocorrer (PIMM, 1995).
Também há evidência para direções radicalmente diferentes construídas
em torno de soluções inovadora, baseada no conhecimento. O que quer que se
desenrolar nas próximas décadas será certamente um ponto de inflexão na evolução
da Antropoceno (STEFFEN et al., 2004)
No entanto, para que essa nova época não traga, em si, a destruição da
espécie que lhe dá o nome, os seres humanos precisam utilizar sua capacidade
intelectual para a harmonização de suas sociedades com os limites ambientais do
planeta que as sustenta.
CAPITULO IV
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Segundo Steffen et al. (2015), a única realidade previsível é que já
adentramos no território do imprevisível. A humanidade, terá de correr contra o
tempo para achar diversas soluções que minimizem os impactos do aquecimento
global.
A grande questão é se a humanidade será suficientemente altruísta e
abrirá mão do consumo presente para beneficiar as gerações vindouras. Dilema
extremamente complicado e que nunca antes foi vivenciado na história da Terra.
Quanto maior a postergação da tentativa de diminuição dos impactos
antropogênicos sob o meio ambiente, mais oneroso será tentar minorar o efeito das
mudanças climáticas vigentes.
No melhor cenário possível, caso tomada a decisão de enfrentar o
enorme problema existente, será necessário o alinhamento de muitos governos
promovendo a criação de uma governança global pró ativa que regule todas as
facetas que geram a crise do meio ambiente.
Os limites físicos do planeta precisam ser respeitados. Necessitarão ser
impostos limites para a poluição, aquecimento e desmatamento de cima para baixo,
criando incentivos de forma que limitem, e acabem com desvios. A humanidade
deveria abrir os olhos e enxergar que o único sistema demasiadamente grandioso
para fracassar é o Planeta Terra, e deveriam fazer de tudo para evitar que isso
ocorresse, pois caso isso ocorra o maior prejudicado será o próprio ser humano.
Atualmente os gases que geram o efeito estufa já são precificados e
regulados. A internalização mandatória destes são a melhor sinalização que poderia
ser dada ao mercado, para que ocorra a correção das falhas mercadológicas
existentes. Esquentar mais o planeta deixará de ser algo sem custo e se tornará
extremamente oneroso.
!45
Presidentes das diversas empresas espalhadas pelo globo terão de
aumentar as taxas de desconto vigentes que medem a viabilidade do ramp up de
seus novos projetos. Muitos destes por serem extremamente dependentes de fontes
de energia não renováveis, assim como por poluírem demasiadamente o meio
ambiente, causando gigantescas externalidades, serão financeiramente inviáveis.
Nesse cenário, diversas fontes de energias renováveis serão
economicamente mais atrativas. Alguns conglomerados com uma visão ponderada
de risco e um bom planejamento estratégico já vem investindo no setor a alguns
anos.
Países desenvolvidos como a Dinamarca e a Alemanha já tem como meta
ter diversas fontes de energia limpa e renovável como pilares da sua base
energética (STOFFAES, 2015). Vale ressaltar que 40% da energia consumida na
Dinamarca advém de fontes renováveis, e até 2050 o país pretende ter 100% da sua
energia produzida proveniente da mesma fonte, acabando com a queima de
combustíveis fósseis (GILLIS, 2014).
Cabe lembrar que as energias renováveis também tem aspectos
negativos. O principal é a intermitência, que gera uma maior imprevisibilidade na
produção de energia. Dessa forma, é recomendável que os países recorram a um
pooling de fontes energéticas diferentes diminuindo o impacto gerado por cada uma
delas.
Empiricamente, em períodos de seca há menor concentração de chuvas,
porém há maior incidência de ventos fazendo com que a geração de energia eólica
seja inversamente correlacionada com a geração de energia hídrica, tornando a
produção de ambas complementar.
Nenhuma fonte de energia é perfeita, mas uma das diversas soluções
necessárias para mitigar os efeitos que causam o aquecimento global pode ser
alcançado através da diversificação da matriz energética global.
Com tantos fracassos consecutivos dentro das rodadas climáticas
organizadas pela ONU, aparenta ser ilusório a possibilidade da criação de um
alinhamento entre os diversos países do mundo.
Apesar de parecer utópico, uma coordenação mundial é cada vez mais
concebível dado o cenário contemporâneo.
!46
Atualmente existe uma tendência crescente de uma maior
conscientização quanto a valoração da necessidade de se preservar a natureza.
Portanto, apenas com a criação de uma governança global plena será
possível acabar com as falhas mercadológicas existentes, fazendo a correção
necessária nos preços relativos, nos planos de risco, assim como no investimento,
para que a humanidade consiga fazer com que o crescimento mundial ocorra de
uma forma sólida, mas também sustentável.
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