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ISEL
INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOArea Departamental de Engenharia Civil
Impermeabilizao e Isolamento Trmico deCoberturas em Terrao,
Sistemas Construtivos e Patologias
JOS ANTNIO RODRIGUES LAGES ALVES
Trabalho Final de Mestrado para obteno do grau de Mestre em Engenharia Civil
Orientador:Eng. Jorge Manuel Grando Lopes
Jri: Presidente: Eng. Filipe Manuel Vaz Pinto Almeida VasquesVogais:
Eng. M. Manuela da Silva Eliseu Ilharco GonalvesEng. Jorge Manuel Grando Lopes
Janeiro de 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
RESUMO
O texto desenvolvido nos captulos seguintes apresenta-se dividido em 6 partes:
O Captulo 1 contm a introduo ao tema do trabalho apresentado, bem como os seus
objectivos.
No Captulo 2 faz-se a apresentao dos tipos de coberturas em terrao, classificando-
as de acordo com a sua utilizao, os materiais utilizados e os mtodos de construo,
incluindo o posicionamento das camadas. So referidos ainda os requisitos funcionais da
cobertura e apresentadas as solues construtivas mais frequentes.
Seguidamente, no Captulo 3, descrevem-se as propriedades qumicas, fsicas e
mecnicas dos materiais utilizados como isolamento trmico, salientando-se ainda a natureza
e origem das matrias primas e os modos de produo e aplicao. So tambm referidas as
exigncias de qualidade, de acordo com os critrios da UEAtc (Union Europenne pour
l'Agrment technique dans la construction).
Faz-se ainda neste captulo uma anlise ao fenmeno da condensao resultante da
presena do vapor de gua no interior dos edifcios, sendo que este a principal causa do
aparecimento de variadas patologias nos edifcios. assim analisado um leque de solues
correntes de isolamento trmico e seu comportamento em presena da humidade, resultante
das actividades realizadas no interior dos compartimentos. Refere-se tambm a importncia
da inrcia higroscpica dos revestimentos, na reduo da humidade relativa interior.
No Captulo 4, procede-se descrio dos vrios mtodos de classificao de sistemas
de impermeabilizao, indicam-se os materiais mais vulgarmente usados na
impermeabilizao e referem-se as solues construtivas nos pontos singulares da cobertura.
Posteriormente, no Captulo 5 feita uma apresentao das causas e tipos de
anomalias que conduzem presena de humidade, provocada por infiltrao de gua ou por
condensao, em superfcie corrente e pontos singulares.
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 1/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
No Captulo 6, so apresentadas de uma forma sucinta os factores determinantes a um
bom funcionamento de uma cobertura em terrao, ao nvel do projecto, construo e
utilizao.
So, ainda, deixadas algumas sugestes que podero levar ao desenvolvimento de
trabalhos complementares do ora apresentado.
Palavras chave
- Coberturas planas ou em terrao;
- Isolamento Trmico;
- Impermeabilizao;
- Patologias;
- Condensao;
- Infiltrao.
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 2/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
ABSTRACT
WATERPROOFING AND THERMAL INSULATION ON FLAT ROOFS - SYSTEMS
AND PATHOLOGIES
The text developed in the following chapters is divided into 6 parts:
Chapter 1 contains the introduction to the theme of the work presented, as well as
their objectives.
Chapter 2 presents the flat roof types, its classification according to their use, the
materials used and the construction methods, including the positioning of the layers
concerned. Also references to roof functional requirements and more frequent constructive
solutions are mentioned.
Next, in Chapter 3, are described the chemical, physical and mechanical properties of
materials used in thermal insulation and references to nature and origin of raw materials,
and the methods of production and application. The quality requirements according to UEAtc
(Union Europenne pour l'Agrment technique dans la construction) are also refered.
An analysis of the phenomenon of condensation resulting from the existence of water
vapor inside the building, is also made in this chapter, as water vapour is the reason for
several pathologies. A range of standard solutions of thermal insulation and its behavior in
the presence of moisture resulting from the activities carried out within the compartments
are also included in the chapter 3. References are also made to the importance of hygroscopic
inertia of covering materials, in moderating the inside relative humidity variation.
In Chapter 4, proceeds to the description of the various classification methods of
waterproofing systems, are indicated materials most commonly used in sealing and refer to
the singular points in the constructive solutions of the flat roof.
Subsequently, in Chapter 5 a presentation is given of the causes and types of defects
that lead to the presence of moisture caused by water seepage or condensation, in normal
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 3/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
surface and at singular points.
In Chapter 6, are presented in a succinct way the determinants to a proper functioning
of a flat roof, including design, construction and use.
A few suggestions that may lead to the development of further work that could
complement the one presented here are also presented
KEYWORDS
- Flat roofs;
- Thermal insulation;
- Waterproofing;
- Pathologies;
- Condensation;
- Water infiltration.
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 4/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
NDICE
RESUMO .............................................................................................................. 1PALAVRAS-CHAVE ........................................................................................... 2ABSTRACT ........................................................................................................... 3KEYWORDS ......................................................................................................... 4
Cap. 1 INTRODUO
1.1 Consideraes preliminares .......................................................................... 111.2 - Objectivo da dissertao ............................................................................... 12
Cap. 2 CARACTERIZAO DAS COBERTURAS EM TERRAO
2.1 Exigncias funcionais ................................................................................... 132.2 Classificao ................................................................................................. 16
2.2.1 Pendente .............................................................................................. 162.2.2 Acessibilidade ..................................................................................... 172.2.3 Revestimentos de impermeabilizao ................................................. 202.2.4 Posicionamento do isolante trmico ................................................... 212.2.5 Tipo de proteco do revestimento de impermeabilizao ................. 252.2.6 Estrutura resistente .............................................................................. 28
2.3 Constituio e funo das camadas duma cobertura em terrao .................. 29
Cap. 3 ISOLAMENTOS TRMICOS EM COBERTURAS EM TERRAO
3.1 Consideraes preliminares .......................................................................... 353.2 Classificao dos materiais ........................................................................... 353.3 Regras de qualidade dos isolantes como suporte de impermeabilizao ..... 373.4 Principais caractersticas ............................................................................... 383.5 - A condensao em coberturas em terrao ...................................................... 43
3.5.1 Anlise dos fenmenos ........................................................................ 433.5.2 - Avaliao de solues correntes de coberturas em terrao .................. 443.5.3 Concluses ........................................................................................... 50
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 5/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
Cap. 4 - MATERIAIS E SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAO
4.1. - Classificao de sistemas ............................................................................. 524.2. - Materiais utilizados em sistemas de impermeabilizao .............................. 54
4.2.1 Sistemas tradicionais .......................................................................... 544.2.1.1 Aplicados in situ em camadas mltiplas deemulso betuminosa ................................................................................ 544.2.1.2 - Com produtos prefabricados em camadas mltiplas demembranas betuminosas ......................................................................... 54
4.2.2 - Sistemas no tradicionais ................................................................... 554.2.2.1 - Aplicados in situ .................................................................... 554.2.2.2 - Com produtos prefabricados ..................................................... 55
4.3. - Solues construtivas em pontos singulares da cobertura ........................... 564.3.1 Remate da impermeabilizao em platibandas eparedes emergentes ................................................................................. 58
4.3.1.1 Coroamento de platibandas .............................................. 594.3.2 Vedao do contorno de peas que atravessam a cobertura ........ 604.3.3 Remate em apoios de equipamentos ........................................... 614.3.4 Dispositivos de drenagem de guas pluviais ............................... 614.3.5 Juntas de dilatao ...................................................................... 624.3.6 Vedao sob soleiras de vos abrindo sobre a cobertura ............. 63
Cap. 5 ANOMALIAS EM IMPERMEABILIZAES DE COBERTURA EMTERRAO
5.1 Consideraes preliminares........................................................................... 675.2 Classificao dos principais casos de anomalia em coberturas em terrao... 685.3 Anlise das principais causas de anomalias em coberturas em terrao ........ 69
5.3.1 Anomalias em superfcie corrente ...................................................... 695.3.1.1 - Fissurao do revestimento de impermeabilizao ................... 695.3.1.2 - Perfurao do revestimento da impermeabilizao ................... 705.3.1.3 - Empolamentos ........................................................................... 715.3.1.4 - Aco de factores atmosfricos ................................................. 72
5.3.2 Anomalias em pontos singulares ....................................................... 775.3.2.1 Anomalias em platibandas e paredes emergentes ..................... 775.3.2.2 Anomalias em juntas de dilatao ............................................ 785.3.2.3 Anomalias em pontos de evacuao de guas pluviais ............. 795.3.2.4 - Outras anomalias ....................................................................... 82
Cap. 6 CONCLUSO
6.1 Concluses do TFM ..................................................................................... 836.2 Perspectivas para trabalhos futuros .............................................................. 83
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................. 85
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 6/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
NDICE DE FIGURAS
Fig. 1 - Cobertura no acessvel (ou de acessibilidade limitada) ................. 17Fig. 2 - Cobertura acessvel a veculos ........................................................ 18Fig. 3 - Cobertura acessvel a pessoas .......................................................... 18Fig. 4 - Exemplo de cobertura ajardinada, mtodo intensivo simples ......... 19Fig. 5 - Exemplo de cobertura ajardinada, mtodo intensivo complexo ...... 19Fig. 6 - Exemplo de cobertura ajardinada, mtodo intensivo extensivo ...... 20Fig. 7 - Isolante como suporte de impermeabilizao ................................. 22Fig. 8 - Isolante sob a camada de forma ...................................................... 22Fig. 9 - Isolamento sobre a impermeabilizao ........................................... 23Fig. 10 - Isolamento sobre o tecto falso ....................................................... 24Fig. 11 - Isolamento projectado (preparado in situ) ................................. 24Fig. 12 - Exemplo de impermeabilizao com proteco leve .................... 25Fig. 13 - Exemplo de impermeabilizao com proteco pesada em
seixo rolado ................................................................................... 26Fig. 14 - Exemplo de impermeabilizao com proteco pesada em
rguas de madeira ......................................................................... 26Fig. 15 - Exemplo de impermeabilizao com proteco pesada em
lajeta flutuante .............................................................................. 27Fig. 16 - Exemplo de impermeabilizao com proteco pesada em
ladrilho cermico .......................................................................... 27Fig. 17 - Exemplo de impermeabilizao com proteco pesada em
lajeta trmica ................................................................................. 27Fig. 18 - Exemplo de estrutura resistente rgida contnua ........................... 28Fig. 19 - Exemplo de estrutura resistente rgida descontnua ...................... 28Fig. 20 - Exemplo de estrutura resistente flexvel ....................................... 28Fig. 21 - Chamin de ventilao .................................................................. 32Fig. 22 - Vrias formas de apresentao de perlite ...................................... 39Fig. 23 - Argila expandida ............................................................................ 39Fig. 24 - Granulado de poliestireno expandido ............................................ 39Fig. 25 - Aglomerado de cortia expandida ................................................. 40Fig. 26 - L de rocha em manta e placa ....................................................... 41Fig. 27 - Placas de poliestireno expandido extrudido .................................. 41Fig. 28 - Acessrio de fixao (tap it) .......................................................... 42Fig. 29 - Cobertura plana tipo ...................................................................... 44Fig. 30 Influncia da espessura do isolante na temperatura superficial
interior ........................................................................................... 49Fig. 31 - Grfico psicromtrico .................................................................... 51Fig. 32 - Exemplo de remate em parede emergente ..................................... 58Fig. 33 - Exemplo de remate em parede emergente (2) ............................... 59Fig. 34 - Exemplo de remate de impermeabilizao em platibanda ............ 59Fig. 35 - Capeamento prefabricado em beto para remate em platibanda ... 60Fig. 36 - Capeamento metlico para remate em platibanda ......................... 60Fig. 37 - Exemplo de remate em tubo emergente ......................................... 60Fig. 38 - Exemplo de remate em apoio de equipamento com base
envolvida em beto ................................................................... 61
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 7/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
Fig. 39 - Exemplo de remate em dispositivo de drenagem vertical deguas pluviais ............................................................................ 62
Fig. 40 - Exemplo de remate em junta de dilatao ................................. 63Fig. 41 - Utilizao de capeamento na proteco de juntas de dilatao
sobreelevadas ............................................................................ 63Fig. 42 - Exemplo de remate de impermeabilizao em soleira (adaptado) 64Fig. 43 - Recomendaes para aplicao de impermeabilizao em
soleira de nvel .......................................................................... 65Fig. 44 - Utilizao de caleira com grelha superior em soleira de nvel .. 65Fig. 45 - Arrastamento dos elementos da proteco pesada, por aco
do vento ..................................................................................... 69Fig. 46 - Exemplo de fissurao ............................................................... 70Fig. 47 - Arrancamento da impermeabilizao ........................................ 73Fig. 48 - Deficiente escoamento resultante de m conformao da pendente 74Fig. 49 - Degradao da impermeabilizao resultante da presena
prolongada da gua ................................................................... 74Fig. 50 - Formao de pregas na impermeabilizao .............................. 76Fig. 51 - Descolamento da junta da impermeabilizao .......................... 76Fig. 52 - Deslizamento do remate em murete .......................................... 77Fig. 53 - Anomalias junto a embocaduras de tubos de queda .................. 80Fig. 54 - Deficiente manuteno (limpeza), originando acumulao de
detritos na zona de menor cota da cobertura ............................. 81
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 8/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
NDICE DE QUADROS
Quadro 1 Sntese das proprieades de alguns isolantes ............................. 42
Quadro 2 - Determinao de U para d = 30 mm ............................................. 46
Quadro 3 - Determinao de U para d = 40 mm ............................................. 46
Quadro 4 - Determinao de U para d = 60 mm ............................................. 47
Quadro 5 - Determinao de U para d = 80 mm ............................................. 47
Quadro 6 - Determinao de i e ws .............................................................. 48
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 9/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 10/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
CAPTULO 1 - INTRODUO
1.1 Consideraes preliminares
O consumo de energia para manter temperaturas de conforto nos edifcios (por
aquecimento ou arrefecimento) cerca de 25% do consumo total [19].
No entanto quando termicamente bem isolado, um edifcio energeticamente mais
eficiente e, portanto, mais econmico, garantindo uma maior uniformidade na temperatura e,
assim, um ambiente mais confortvel exigindo despesas de manuteno mnimas. Ao
contrrio, os equipamentos de aquecimento e refrigerao apresentam custos de manuteno
mais elevados.
Num edifcio, os factores que determinam o tipo e a quantidade de isolamento trmico
a utilizar incluem o clima a que est sujeito, as suas caractersticas arquitectnicas e as
solues e o tipo do processo construtivo utilizado. Isto porque na seleco do isolamento
trmico necessrio entrar em linha de conta com a relao custo-eficincia, que por sua vez,
est condicionada s suas propriedades e facilidade de instalao e manuteno.
Muitas vezes so utilizados vrios materiais para se alcanar uma soluo que
apresente os melhores resultados, e existem mesmo marcas que combinam diferentes tipos de
isolamento num nico produto.
As propriedades trmicas dos materiais isolantes utilizados actualmente em construo
so conhecidas e podem ser medidas com preciso. Por isso, a quantidade de calor transmitido
(fluxo) atravs da combinao de materiais pode facilmente ser calculada.
Um outro ponto relacionado com a qualidade de construo o projecto das solues
de cobertura onde est integrado o sistema de impermeabilizao.
E, se algumas dcadas atrs as opes disponveis para uma impermeabilizao eram
poucas, hoje existe uma grande variedade de produtos de diferentes origens e tcnicas
especficas de aplicao.
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 11/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
1.2 Objectivo da Dissertao
Tendo como referncia o caso particular das coberturas de baixa inclinao, ditas
planas ou em terrao, e a necessidade cada vez mais premente da reduo de consumos
energticos aliados a um maior conforto trmico e tambm a uma maior qualidade do ar
interior, pretende-se, com o presente trabalho, definir as principais solues construtivas que
integram isolamento trmico e sistema de impermeabilizao.
Como a inadequada escolha ou aplicao dessas solues pode conduzir ocorrncia
de anomalias, faz-se tambm um resumo das principais patologias (bem como as suas causas)
normalmente associadas a uma deficiente ou mesmo inexistente concepo (ou projecto), ou a
uma incorrecta utilizao ou manuteno das reas impermeabilizadas. Procura-se tambm
fazer uma anlise crtica dessas solues ou das anomalias a elas associadas.
Assim, objectivo deste trabalho reunir num nico documento a informao sobre as
diversas solues construtivas de uma cobertura em terrao, para facilitar a escolha da soluo
mais adequada utilizao e promover a pormenorizao do projecto e a sua correcta
construo para minimizar a ocorrncia de anomalias.
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 12/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
CAPTULO 2 CARACTERIZAO DAS COBERTURAS EM
TERRAO
2.1 Exigncias funcionais
A cobertura em terrao de um edifcio o conjunto de todos os elementos, no s os
estruturais, desde o tecto do espao subjacente superfcie exposta s intempries, dispostos
em camadas horizontais ou prximo desta posio que, pelas suas caractersticas, permitem
dar satisfao s principais exigncias a que devem satisfazer as coberturas.
As exigncias funcionais definem-se no s para as coberturas como um todo mas
tambm para os componentes que as constituem, nomeadamente as camadas de isolamento
trmico e impermeabilizao (de ora em diante, por simplificao, a camada de isolamento
trmico ser apenas referida como isolamento ou isolante).
As principais exigncias funcionais das coberturas so as que a seguir se indicam:
- exigncias de segurana;
- exigncias de habitabilidade;
- exigncias de durabilidade;
- exigncias de economia.
As exigncias de segurana devem ser satisfeitas pelas caractersticas da estrutura
resistente. J a qualidade das camadas de isolamento e impermeabilizao, bem como o seu
suporte, contribuem bastante para as de habitabilidade. Por fim, o tipo de proteco da
impermeabilizao importante para a satisfao das exigncias de durabilidade.
Quanto s exigncias funcionais dos revestimentos de impermeabilizao, esto
agrupadas de acordo com as Directivas Gerais UEAtc (Directivas da Unio Europeia para a
Apreciao Tcnica da Construo), para a homologao de revestimentos de
impermeabilizao de coberturas, em quatro classes:
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 13/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
- exigncias de segurana;
- exigncias de aptido de uso;
- exigncias relativas conservao das qualidades;
- exigncias relativas manuteno e reparao.
a) Exigncias de segurana
Para alm da verificao da segurana em relao s cargas permanentes e sobrecargas
de utilizao normal, dever em particular ser verificada a segurana em relao s seguintes
trs situaes distintas:
- Efeitos de suco do vento (exigncias relativas aco do vento);
- Comportamento em relao ao fogo (exigncias contra risco de incndio);
- Composio fsico-qumica e libertao de compostos txicos (exigncias de
sade).
b) Exigncias de aptido ao uso
Estas exigncias so consequncia da necessidade de resistncia dos materiais da
cobertura, nomeadamente os dos sistemas de impermeabilizao utilizao diria,
nomeadamente:
- Impermeabilidade s guas provenientes do exterior (garantia de estanquidade
gua);
- Qualidade no acabamento das superfcies (exigncias de aspecto);
- Composio qumica estvel, insolveis em gua ou lcalis (exigncias relativas
ocorrncia de manchas);
- Resistncia mecnica (exigncias relativas conservao da resistncia mecnica).
c) Exigncias relativas conservao das qualidades
A caracterstica mais importante numa impermeabilizao a estanquidade gua,
devendo esta manter-se (nos casos correntes) pelo menos durante dez anos. Para isso os
materiais que a compem devem satisfazer ainda os seguintes parmetros:
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 14/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
- Efeitos dos agentes do meio ambiente:
- Resistncia ao vento (perda de aderncia, arrancamento);
- Temperatura (deve manter as caractersticas para variaes de temperatura
significativas, sendo referido valores entre -20C e +80C);
- Radiao solar ( resistncia radiao ultra-violeta e infra-vermelha);
- gua (proveniente da chuva, gelo, humidade e condensao);
- Agentes qumicos (gases atmosfricos e leos em terraos de parques de
estacionamento automvel, e cidos em coberturas-jardim).
- Compatibilidade entre materiais (particularmente entre as camadas contguas);
- Aces microbiolgicas (resistncia a fungos, bolores, bactrias e criptogmicas);
- Aces macrobiolgicas (resistncia a plantas, insectos, pssaros e pequenos
animais, particularmente roedores);
- Deformaes da estrutura resistente (deformaes trmicas - alongamentos/
/encurvadura e carregamento da estrutura);
- Cargas de servio (resistncia ao punoamento esttico e dinmico);
- Circulao de pessoas e veculos (necessidade de proteco da impermeabilizao).
Sob a influncia dos factores mencionados, o revestimento de impermeabilizao deve
conservar o conjunto das suas propriedades, de forma satisfatria, durante um perodo
considerado pelo menos de 10 anos, claramente para revestimentos de impermeabilizao
com proteco ligeira, ou superior, para revestimentos com proteco pesada.
d) Exigncias relativas manuteno e reparao
Para se garantir a qualidade de uma impermeabilizao durante o tempo de vida
expectvel, necessrio que sejam garantidas as exigncias relativas a:
- Manuteno regular da cobertura, especialmente nos pontos crticos: caleiras,
remates e tubos de queda;
- Reparao sempre que ocorram materiais danificados ou degradados que possam
colocar em risco a estanquidade gua da cobertura, tanto na zona corrente como nos
seus pontos singulares.
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 15/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
2.2 Classificao
Existem vrios parmetros segundo os quais se podem agrupar as diferentes tipologias
de coberturas em terrao. Indicam-se, de seguida, os mais relevantes:
- Pendente;
- Acessibilidade;
- Revestimento de impermeabilizao;
- Posicionamento do isolamento trmico;
- Tipo de proteco do revestimento de impermeabilizao;
- Estrutura resistente (ou de suporte).
2.2.1 Pendente
A pendente influencia de vrias formas a concepo de coberturas em terrao, pois
dela depende a acessibilidade cobertura, o sistema de impermeabilizao a adoptar e o tipo
de proteco a utilizar.
Dizem-se em terrao, as coberturas com uma inclinao nula ou prxima desse valor.
Correntemente, o valor mnimo situa-se perto de 1%, podendo ir at cerca de 15%.
De acordo com um dos Guias da UEAtc (Union Europene pour l'Agrment
Technique dans la Construction), as coberturas esto organizadas em quatro classes:
Classe I
Coberturas cuja pendente origina estagnao da gua e permite a aplicao de
proteco pesada;
Classe II
Coberturas cuja pendente permite o escoamento de gua e a aplicao de proteco
pesada;
Classe III
Coberturas cuja pendente permite o escoamento fcil da gua mas no permite a
aplicao de proteco pesada;
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 16/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
Classe IV
Coberturas cuja pendente obriga a medidas especiais na aplicao das suas
camadas.
2.2.2 Acessibilidade
Quanto acessibilidade as coberturas em terrao so classificadas em:
a) Coberturas no acessveis (ou de acessibilidade limitada)
Nestas coberturas est prevista apenas a circulao de pessoas ligadas manuteno
ou reparao, aconselhando-se, mesmo assim, a criao de zonas de circulao por forma a
garantir-se a mxima proteco mecnica dos materiais de impermeabilizao e isolamento
trmico.
Na figura 1 apresenta-se um exemplo de cobertura no acessvel. No caso particular
representado, esta cobertura tambm designada por "cobertura invertida" (ver 2.2.4) por
apresentar a impermeabilizao por baixo do isolamento trmico.
Fig. 1 - Cobertura de acessibilidade limitada [34]
1 - Camada de suporte, regularizada (pendente)
2 - Impermeabilizao
3 - Camada de separao
4 - Isolamento trmico
5 Proteco pesada
b) Coberturas acessveis
A circulao poder ser apenas de pessoas, alargar-se a veculos ligeiros ou at a
veculos pesados, referindo-se como exemplo destas ltimas os parques de estacionamento
localizados sobre edifcios.
Duas representaes possveis para este tipo de cobertura esto definidas nas figuras 2
e 3.
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 17/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
Fig. 2 - Cobertura acessvel a veculos [24]
1 Laje de beto armado (com juntas de dilatao)
2 Feltro geotxtil
3 Camada de areia ou gravilha
4 Feltro geotxtil
5 Isolamento trmico
6 - Impermeabilizao
7 Camada de forma
8 Camada de suporte
Fig. 3 - Cobertura acessvel a pessoas [34]
1 - Camada de suporte, regularizada (pendente)
2 - Membrana impermeabilizante
3 - Geotxtil de separao
4 - Isolamento trmico
5 - Revestimento cermico sobre betonilha esquartelada
(com juntas de dilatao)
c) Coberturas especiais
Neste grupo incluem-se os terraos-jardim (figs. 4, 5 e 6), tambm designados por
coberturas ajardinadas e as coberturas que suportam equipamento tcnico.
Uma cobertura ajardinada pode considerar-se um complemento da cobertura plana
existente sobre a qual se realiza. Engloba uma impermeabilizao de alta qualidade e
repelente de razes, um sistema de drenagem, uma camada de terra vegetal para plantao e a
respectiva vegetao.
Os sistemas de cobertura ajardinada podem ser modulares com as vrias camadas
(drenagem, manta geotxtil, suportes de cultura e plantas) j preparadas em grelhas mveis
acoplveis, ou cada componente (camada) do sistema pode ser instalado separadamente.
Podem ainda ser divididos em dois tipos: Intensivo e extensivo.
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 18/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
No mtodo intensivo as coberturas so geralmente acessveis a pessoas de uma forma
semelhante a um vulgar jardim ou terrao e como tal necessitam de um nvel elevado de
manuteno.
Tendo usualmente uma maior espessura do solo necessrio a utilizao de rega
artificial, sendo a escolha das espcies a plantar bem como dos elementos que compem o
substrato bastante importante de forma a garantir a sustentabilidade da vegetao.
O mtodo intensivo engloba ainda duas subdivises, classificadas pela espessura do
solo:
intensivo simples, para espessuras de 20 cm (fig. 4);
intensivo complexo, quando a espessura est situada entre os 20 e os 60 cm (Fig. 5).Fig. 4 Exemplo de cbertura ajardinada, mtodo intensivo simples [29]
1 Camada de suporte
2 Suporte Base
3 Tratamento asfltico
5 Membrana de Impermeabilizao totalmente fixada ao tratamento asfltico devidamente
selada e soldada.
6 Membrana Impermeabilizante, devidamente fixada membrana anterior.
8 Perfil metlico selado
9 Reforo para escoamento de gua.
14 Membrana para reteno de gua.
Fig. 5 Exemplo de cobertura ajardinada, mtodo intensivo complexo [29]
1 Camada de suporte
2 Suporte Base
3 Tratamento asfltico
5 Membrana de Impermeabilizao (monocamada melhorada), totalmente
fixada ao tratamento asfltico devidamente selada e soldada.
6 Membrana Impermeabilizante devidamente fixada membrana anterior.
14 Membrana drenante composta por uma lmina drenante nodular de
polietileno de alta densidade com geotxtil termosoldado incorporado.
15 Acabamento com terra vegetal.
No mtodo extensivo as coberturas so geralmente no acessveis e por isso
necessitam de um menor nvel de manuteno. As plantas a seleccionar devero ser mais
naturais e auto-suficientes, facilmente adaptveis a pequenas camadas de solo (entre 10 e 20
centmetros) (Fig.6). Este mtodo quando comparado com o intensivo apresenta uma
diminuio no peso total do sistema e tido como uma soluo leve para coberturas
ajardinadas.
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 19/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
As coberturas dos edifcios quando revestidas com vegetao promovem um vasto
conjunto de funes, contribuindo significativamente para um aumento da rea verde por
habitante e a criao de reas privadas ou pblicas de socializao e recreio, melhoria das
redes pblicas de drenagem de guas pluviais, pela reteno de parte da gua das chuvas no
solo e desfazamento do pico de cheia, melhoria do clima urbano pela fixao de algum CO2,
maior durao dos materiais de impermeabilizao e isolamento e um maior isolamento
trmico e acstico dos edifcios. Esta ltima situao traduz-se numa diminuio da produo
de resduos (pelo prolongamento da vida dos materiais) que conduz a uma reduo de
consumo energtico e consequente preservao de recursos naturais (solo, fauna, flora e
combustveis fsseis).
1 Terra vegetal
2 Camada filtrante
3 Camada drenante
4 Isolamento trmico
5 - Impermeabilizao
6 Camada de forma
7 Camada de suporte
Fig. 6 Exemplo de cobertura ajardinada, mtodo extensivo [29]
2.2.3 Revestimento de impermeabilizao
A classificao das coberturas em terrao pode ser feita atravs do tipo de
revestimento de impermeabilizao que integram, normalmente designados por tradicional ou
no tradicional. Os revestimentos designados por tradicionais tm um longo perodo de
utilizao e, por isso, o seu desempenho perfeitamente conhecido.
J os no tradicionais so mais recentes e, por isso, naturalmente o seu desempenho,
especialmente em obra, ainda relativamente limitado. Para colmatar esse facto
desenvolvem-se estudos ou pareceres de viabilidade de utilizao que permitem verificar a
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 20/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
sua adequabilidade funo a que se destinam.
Tanto uns como outros podem ser:
Preparados e aplicados in situ ou elaborados em obra
Normalmente de aspecto pastoso ou lquido, so preparados a frio ou a quente no
local da obra, sendo mais frequente ser fornecidos j prontos a aplicar.
Prefabricados
Membranas comercializadas em pea, normalmente distribudas em rolo.
Como exemplo de revestimentos tradicionais prefabricados indicam-se as membranas
de betumes oxidados, vulgarmente designados por telas ou feltros betuminosos. Para os
revestimentos tradicionais elaborados em obra, so exemplo as emulses betuminosas, as
pinturas betuminosas e os ligantes de cimento vulcnico.
Quanto aos materiais no tradicionais prefabricados, estes incluem as membranas de
betume modificado com resinas e as membranas termoplsticas e elastomricas, enquanto que
para os materiais no tradicionais elaborados em obra podero ser exemplo as emulses
betuminosas modificadas.
2.2.4 Posicionamento do isolante trmico
A colocao do material isolante trmico possvel em cinco diferentes posies,
reflectindo-se nas propriedades e durabilidade de todo o sistema de impermeabilizao.
Das vrias escolhas de localizao possvel, resultam trs grupos principais:
a) Localizao intermdia
Quando o isolamento trmico colocado entre a camada de suporte, ou estrutura
resistente, e a impermeabilizao. Neste tipo de soluo a estrutura resistente fica protegida
termicamente, ficando contudo o revestimento de impermeabilizao sujeito a maiores
variaes das solicitaes trmicas, conforme esquematizado na figura seguinte para
estruturas resistentes em beto e em chapa nervurada.
Nestas condies, e dada a existncia quase obrigatria da camada de forma, o
isolamento pode ainda ser colocado:
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 21/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
- sobre a camada de forma, e servir de suporte directo impermeabilizao;
- sob a camada de forma, assente sobre a camada de suporte resistente, ou sobre uma
camada de regularizao desse suporte.
Fig. 7 - Isolante como suporte da impermeabilizao [02]
Fig. 8 - Isolante sob a camada de forma [02]
Este ltimo tipo de localizao (isolamento sob a camada de forma) no
recomendada dado o grande nmero de patologias a que deu origem, conduzindo muitas
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 22/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
vezes ao aparecimento de humidade nas camadas adjacentes impermeabilizao. Os ciclos
de retraco/dilatao introduzem nesta camada de forma esforos adicionais devido aos
maiores choques trmicos a que est sujeita, que provocam fissurao que pode afectar o
revestimento de impermeabilizao sobrejacente.
b) Cobertura invertida
Nesta situao, o isolamento trmico situa-se por cima da camada de
impermeabilizao. uma soluo muito utilizada actualmente por ser a que melhor garante a
proteco do material impermeabilizante, tanto em relao incidncia da radiao solar
como aos ciclos de aquecimento e arrefecimento, ficando ainda protegida contra aces
mecnicas que podem levar sua perfurao.
No entanto, porque o isolamento trmico pode ficar em contacto com a gua,
necessrio garantir o seu bom comportamento a este agente atmosfrico e a compatibilidade
qumica com os materiais das camadas adjacentes. Por isso o isolamento trmico a usar neste
tipo de cobertura deve ser pouco absorvente, como por exemplo, o poliestireno expandido
extrudido (XPS).
Fig. 9 - Isolamento sobre a impermeabilizao [02]
c) Sob a estrutura resistente
Nesta opo o isolamento trmico aplicado pelo interior do local a proteger podendo,
neste caso ser:
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 23/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
- aplicado sobre tecto falso, sob a forma de placas (fig. 10);
- fixado (ou projectado) directamente ao tecto (fig. 11).
A opo da colocao do
isolamento sob a estrutura resistente, a
opo menos recomendada, pois reduz a
inrcia trmica do conjunto, ao mesmo
tempo que no protege nem o material
impermeabilizante, nem a estrutura
resistente das dilataes e contraces
resultantes dos diferenciais trmicos
exteriores.
Fig. 10 - Isolamento sobre o tecto falso [21]
Fig. 11 - Isolamento projectado (preparado "in situ") [22]
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 24/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
2.2.5 Tipo de proteco do revestimento de impermeabilizao
Esta classificao de coberturas em terrao refere-se ao tipo de proteco do
revestimento de impermeabilizao bem como sua constituio fsica.
Qualquer dos 3 tipos que a seguir se indicam podem dizer respeito a membranas de
impermeabilizao que tm, por acabamento em ambas as faces, um filme de polietileno cuja
nica funo evitar a aderncia do material quando armazenado em rolo:
a) Sem proteco
O material de impermeabilizao no apresenta qualquer tipo de proteco.
b) Com proteco leve
Este tipo de proteco pode ser aplicado na fbrica, designando-se esse revestimento
de impermeabilizao de autoprotegido, ou aplicado em obra (in situ). Quando executada na
fbrica, a proteco leve toma a forma de materiais granulares de origem mineral (areia fina,
areo, gravilha ou lamelas de xisto), ou apresenta-se na forma de folha de alumnio, cobre ou
plstico aplicados na sua superfcie superior.
Quando realizada em obra, a proteco leve pode efectivar-se pela aplicao de tinta
de alumnio ou pintura com cal, ou ainda por aplicao de areo ou gravilha solta, ambas sem
ligantes.
Na fig. 12 apresenta-se um exemplo deste tipo de proteco. Neste caso particular, a
proteco foi realizada em fbrica, sendo composta de lamelas de xisto colorido (7). Um
pormenor importante que ainda se pode ver na figura a utilizao de fixao mecnica (5)
no isolamento trmico, de modo a evitar o arrancamento de todo o sistema em caso de ventos
fortes.
1 - Camada de suporte
2 - Primrio asfltico
3 - Barreira ao vapor
4 - Isolamento trmico
5 - Fixao mecnica
6 - Membrana de impermeabilizao
7 - Membrana de impermeabilizao, revestida
a lamelas de xisto
Fig. 12 Exemplo de impermeabilizao com proteco leve [20]
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 25/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
c) Com proteco pesada
A proteco pesada sempre aplicada em obra e pode ser constituda por materiais
soltos ou camadas rgidas.
Como material solto poder ser usado gdo (calhau ou seixo), ou material britado.
Deve ser tido em conta que este tipo de proteco poder provocar perfurao na
impermeabilizao, caso sobre ela se exera demasiada presso. Por este motivo, as
coberturas onde se aplique material solto no devero ser acessveis, e devem possuir
caminhos de circulao, utilizveis em situaes de manuteno ou reparao.
Nas camadas rgidas (mais propcias circulao) frequente a utilizao de
betonilha, ladrilhos sobre betonilha, placas prefabricadas em beto, material cermico ou
madeira.
1 Suporte resistente e pendentes
2 Feltro geotxtil
3 Membrana impermeabilizante
4 Isolante trmico
5 Feltro geotxtil
6 - Camada de godo
Fig. 13 Exemplo de impermeabilizao com proteco pesada em seixo rolado [35]
1 Camada de suporte
2 - impermeabilizao
3 feltro de separao
4 Isolamento trmico
5 Feltro de separao
6 Proteco pesada
Fig. 14 Exemplo de impermeabilizao com proteco pesada em rguas de madeira [20]
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 26/90 Janeiro 2013
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1 Camada de suporte
2 - Impermeabilizao
3 Feltro de separao
4 Isolamento trmico
5 Feltro de separao
6 Lajeta de sombreamento sobre apoios de plstico
Fig. 15 Exemplo de impermeabilizao com proteco pesada em lajeta de beto [20]
1 - Camada de suporte
2 Camada de forma (pendentes)
3 - Impermeabilizao
4 - Isolamento trmico
5 Feltro de separao
6 Betonilha armada e esquartelada
7 Revestimento com juntas de dilatao
Fig. 16 Exemplo de impermeabilizao com proteco pesada em ladrilho cermico [24]
1 Camada de suporte
2 Feltro de separao
3 Impermeabilizao
4 Feltro de separao
5 Lajeta compsita de beto+XPS (Proteco pesada +
Isolamento trmico)
Fig.17 Exemplo de impermeabilizao com proteco pesada em lajeta trmica [34]
Note-se que a soluo indicada na figura 16 no recomendvel, por ser contnua a
camada de proteco pesada, dificultando por um lado a evaporao da gua da camada de
isolamento e por outro por introduzir nessa camada rgida maiores tenses nos materiais dessa
proteco pesada por disporem por baixo uma camada isolante
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 27/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
2.2.6 Estrutura resistente
As coberturas so classificadas de rgidas ou flexveis, quando considerado o tipo de
estrutura resistente :
a) Rgidas
- Contnuas
Estas estruturas so executadas sem juntas
(excluindo as de dilatao). Encontram-se nesta
situao as lajes de beto armado, as lajes aligeiradas e
as prelajes. Fig. 18 Exemplo de estrutura resistente rgida contnua
(laje de beto armado) [34]
- Descontnuas
Neste grupo encontram-se as estruturas
resistentes com juntas de pequena dimenso,
espaadas regularmente, de acordo com as
dimenses das peas; como por exemplo, indicam-se
as lajes nervuradas para grandes vos ou as pranchas
vazadas prefabricadas de beto armado.
Fig. 19 Exemplo de estrutura resistente rgida descontnua (laje alveolar)[28]
b) Flexveis
As estruturas resistentes flexveis so compostas
por materiais leves e de pequena espessura, como por
exemplo as chapas metlicas nervuradas e pranchas de
madeira.
Fig. 20 Exemplo de strutura resistente flexvel
(chapa metlica)[34]
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 28/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
2.3 Constituio e funo das camadas duma cobertura em terrao
As camadas que constituem uma cobertura em terrao, apresentam naturalmente
caractersticas e funes diferenciadas.
Numa cobertura plana tradicional (ou convencional) em que o sistema de
impermeabilizao aplicado sobre o isolamento trmico, tornam-se evidentes alguns efeitos
que conduzem deteriorao do sistema de impermeabilizao. Destes, indicam-se de
seguida, os mais significativos:
- diferenciais trmicos, no s dirios como tambm aqueles que se verificam ao
longo do ano;
- danos mecnicos, como o risco de perfurao, nomeadamente durante a fase de
construo;
- degradao do material impermeabilizante por efeito da radiao UV, se a
impermeabilizao no for protegida;
- degradao (tambm do isolamento trmico convencional) provocada por
humidade que surge na face inferior do sistema impermeabilizante, com origem na
gua da chuva cada na fase de execuo ou na humidade presente nos materiais
utilizados na construo.
Na cobertura dita invertida, as posies relativas do isolamento e da
impermeabilizao alteram-se, conforme j referido, passando o isolamento trmico a estar
sobre a impermeabilizao. Deste modo a generalidade dos efeitos nefastos referidos
anteriormente deixam de se manifestar, aumentando a durao e eficcia da
impermeabilizao.
Conforme se tem vindo a referir, de um modo geral podem-se, considerar quatro as
camadas principais de uma cobertura em terrao:
- estrutura resistente;
- isolamento trmico;
- revestimento ou sistema de impermeabilizao;
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 29/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
- proteco do revestimento ou sistema de impermeabilizao.
Outras camadas podem existir, algumas das quais sendo elas prprias o suporte do
revestimento de impermeabilizao:
- camada de regularizao;
- camada de forma;
- barreira pra-vapor;
- camada de difuso de vapor de gua;
- camada de dessolidarizao.
Cada uma das camadas referidas, apresenta funes especficas podendo variar a sua
posio dentro do conjunto. As diversas solues devem ser adequadas s funcionalidades da
cobertura que constituem.
No caso particular das coberturas ajardinadas, existem ainda camadas destinadas
drenagem e filtragem e, claro, a camada de terra vegetal.
Apresentam-se de seguida as funcionalidades e caractersticas das possveis camadas
de uma cobertura em terrao.
a) Estrutura resistente
A estrutura resistente , como j referido anteriormente, constituda por uma estrutura
rgida, normalmente em beto, ou flexvel, no caso de coberturas metlicas ou de madeira
constitudas por chapas nervuradas ou onduladas.
b) Camada de regularizao
necessria a criao de uma camada de regularizao sempre que a estrutura
resistente apresente irregularidades significativas ou imperfeies que no permitam a
aplicao directa da impermeabilizao ou do isolante trmico.
Esta camada de regularizao pode ser constituda por qualquer tipo de beto.
Dependendo do nvel das irregularidades, assim a sua espessura ser mais ou menos
significativa devendo no entanto nunca ser demasiado reduzida, sendo usual valores entre 3,0
e 5,0 centmetros.
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 30/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
c) Camada de forma
A principal funo desta camada a criao da pendente. A sua existncia pode tornar
desnecessria a camada de regularizao, pois vai corrigir as irregularidades e imperfeies da
estrutura resistente.
Esta camada constituda normalmente por argamassas leves base de cimento mas,
se for realizada com recurso a materiais de baixa condutibilidade trmica tais como o
poliestireno expandido extrudido (XPS), pode, para alm de criar a pendente, assegurar a
funo de isolamento trmico.
d) Barreira pra-vapor
Quando a camada de impermeabilizao colocada por cima do isolamento trmico
(cobertura tradicional), dever, nalgumas situaes, ser criada uma barreira ao vapor de gua
proveniente dos compartimentos inferiores. Este vapor poder condensar em contacto com o
isolamento trmico, provocando um aumento da condutividade trmica, nos casos em que o
isolamento trmico tem a capacidade de absoro de grandes quantidades de vapor de gua,
como por exemplo o aglomerado de cortia.
Nas situaes em que o isolamento trmico se sobrepe camada de
impermeabilizao (coberturas invertidas), dispensada a utilizao desta camada.
A barreira pra-vapor deve ser, evidentemente, constituda por um material
impermevel ao vapor de gua, satisfazendo a estas condies, por exemplo, os filmes
plsticos ou uma emulso betuminosa.
e) Isolamento trmico
Dele depende a limitao das trocas de calor entre o interior e o exterior do local a
isolar, garantindo o conforto trmico esperado no interior do espao utilizado.
Para isolamento trmico utilizam-se materiais to diferenciados como a l de rocha ou
o aglomerado de cortia expandida, sendo no entanto o poliestireno expandido moldado (EPS)
e, principalmente, o poliestireno expandido extrudido (XPS), os materiais mais utilizados em
Portugal.
f) Camada de difuso de vapor de gua
Tem por funo canalizar para o exterior o vapor de gua existente sob a
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 31/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
impermeabilizao. Para tal, utilizam-se chamins de ventilao. Tambm so utilizadas
outras disposies construtivas, nomeadamente nas zonas de remate perifricas, como o
caso das platibandas.
Quando a camada de impermeabilizao se situar sob o isolamento trmico (cobertura
invertida), no necessria a colocao desta camada.
Note-se a este propsito que a condensao de vapor de gua oriundo do interior dos
locais uma das causas das patologias apresentadas pelas coberturas.
1 Camada de suporte
2 Camada pra-vapor
3 Isolante trmico
4 Camada de difuso de vapor de gua
5 - Impermeabilizante
6 Chamin de ventilao
Fig. 21 Chamin de ventilao [31]
g) Revestimento ou sistema de impermeabilizao
Com esta camada pretende-se garantir que a gua que atinja a superfcie exterior da
cobertura no passe para as camadas inferiores. Sendo esta a camada impermeabilizante por
excelncia, nela que esto as principais causas das infiltraes de gua pela cobertura. Por
isso, esta camada dever de ser convenientemente protegida de qualquer tipo de agresso
qumica, fsica ou mecnica.
Os materiais utilizados na impermeabilizao tm origens e caractersticas diversas,
podendo classificar-se em tradicionais e no-tradicionais, como anteriormente indicado em
2.2.3.
h) Camada de dessolidarizao
Por vezes torna-se necessrio separar a impermeabilizao da sua proteco,
nomeadamente quando as variaes dimensionais da camada de proteco no se coadunam
com a resposta dada pela impermeabilizao.
Essa separao pode ser efectuada pela aplicao de papel Kraft, folha de plstico ou
manta geotxtil.
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 32/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
i) Camada de proteco
Tem por funo evitar a degradao da camada de impermeabilizao ou de
isolamento trmico. Essa degradao resultante de aces externas provocadas pelo clima
(aces climticas) ou resultantes da circulao de pessoas e veculos (aces mecnicas).
Quando apenas se pretende uma proteco contra as aces climticas, podem ser
utilizados materiais aplicados na superfcie do prprio material impermeabilizante.
Encontram-se nesta situao a folha de alumnio gofrado ou o granulado de xisto, aplicados
sobre as membranas betuminosas (proteco leve).
No caso particular de se pretender proteger o revestimento de impermeabilizao da
degradao provocada por variaes elevadas da temperatura, so ento realizadas as
coberturas invertidas.
No caso de ser necessria uma proteco a aces mecnicas (proteco pesada), esta
depende do tipo de acessibilidade da cobertura. A proteco pode ser criada atravs da
execuo de uma betonilha (neste caso torna-se necessrio a colocao de uma camada de
dessolidarizao), da colocao de lajetas ou simplesmente atravs da colocao de godo.
j) Barreira de separao qumica
Utilizada quando se verifica a existncia de incompatibilidade qumica especialmente
entre os materiais do revestimento impermeabilizante e os que com ele confinam.
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 33/90 Janeiro 2013
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Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 34/90 Janeiro 2013
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CAPTULO 3 - ISOLAMENTOS TRMICOS EM COBERTURAS
EM TERRAO
3.1 Consideraes preliminares
A necessidade da reduo do consumo de energia nos edifcios levou utilizao de
isolamentos trmicos, nomeadamente nas coberturas, sejam elas em terrao ou inclinadas.
Estes materiais condicionam, em algumas situaes, o sistema de impermeabilizao a
utilizar. Embora tenham propriedades fsico-qumicas iguais s dos isolantes trmicos usados
noutras partes dos edifcios, devem ter caractersticas especficas, por forma a suportarem,
nomeadamente, cargas resultantes da circulao de pessoas e manterem a estabilidade das
suas dimenses.
Desta forma seguem-se algumas consideraes sobre estes materiais, tendo em vista a
sua constituio, regras de qualidade e principais caractersticas.
3.2. - Classificao dos materiais
O facto do isolamento trmico poder estar por cima da impermeabilizao (cobertura
invertida), determina a necessidade de ter em conta a sua composio, pois dela resulta o seu
comportamento, particularmente o seu comportamento na presena da gua.
Mas, associado composio, est tambm o seu mtodo de fabrico (produo). Deste
modo, os isolamentos trmicos podem ser agrupados quanto natureza das matrias primas e
quanto ao modo de produo.
a) Natureza das matrias primas
Este factor revela-se muito importante, nomeadamente no respeitante
compatibilidade qumica entre os materiais do isolamento e as camadas adjacentes. Estes
materiais tm normalmente origem mineral, vegetal, sinttica ou mista.
A classificao dos materiais segundo este parmetro pode ser apresentada da seguinte
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 35/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
forma:
a.1) Isolantes minerais
- Fibras minerais (l de rocha);
- Perlite expandida;
- Vermiculite expandida;
- Betes leves (celular e com agregados leves).
a.2) Isolantes vegetais
- Aglomerado de cortia expandida;
- Aglomerado de fibras ou partculas de madeira;
- Aglomerado de aparas de madeira mineralizada;
- Aglomerado de fibras de linho.
a.3) Isolantes sintticos
- Poliestireno expandido;
- Espumas rgidas de poliuretano;
- Espumas fenlicas.
a.4) Isolantes mistos
- Perlite expandida e poliuretano;
- Perlite expandida e l de rocha.
b) Modo de produo ou execuo
Os produtos de isolamento trmico podem ser prefabricados ou confeccionados no
local. Se prefabricados, podem ser aplicados aderentes ou soltos, podendo ainda recorrer-se
fixao mecnica.
No caso dos produtos confeccionados no local, podem a ser moldados como o caso
vulgar dos betes celulares, ser aplicados soltos (colocao livre) ou ser aplicados por
projeco. Sintetizando:
b.1) Produtos prefabricados
- Placas (de l de rocha; aglomerado de cortia expandida; de poliestireno; de
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 36/90 Janeiro 2013
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poliuretano expandido), etc.;
- Mantas (de l de rocha).
b.2) Produtos produzidos In situ
- Em pasta ou espuma:
- Moldados (betes leves);
- Projectados (poliuretano, betes leves).
- Granulares:
- Colocao livre (argila expandida; perlite);
- Aglomerados por ligante (betes leves).
3.3. - Regras de qualidade dos isolantes como suporte de impermeabilizao
As regras em questo, transpostas de Directivas da UEAtc (Union Europenne pour
l'Agrment technique dans la construction), referem-se particularmente a materiais isolantes
em placa e tm em conta o seu comportamento s aces trmicas e mecnicas. Estas regras
podem ser resumidas da seguinte forma:
a) Comportamento das placas a aces trmicas
- Variao dimensional com a temperatura
As placas devem obedecer a limites de variao dimensional, variando estes com o
tipo de fixao utilizado, ou o facto de existir proteco pesada ou no.
- Comportamento aos movimentos do suporte
Sem importncia significativa no caso de sistemas no-aderentes, semi-aderentes ou,
para qualquer forma de ligao da impermeabilizao ao suporte, no caso deste ter um
coeficiente de dilatao trmica muito baixo (inferior a 0.5 mm para uma variao de 50C).
- Deslizamento da impermeabilizao
Situao a ter em conta apenas para impermeabilizaes de classe IV (ver 2.2.1).
Neste caso o deslocamento da impermeabilizao sobre o isolamento no deve ser superior a
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 37/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
2 mm, quando o sistema sujeito aco da temperatura de 80C durante 2 horas.
b) Comportamento das placas a aces mecnicas
Os materiais isolantes, enquanto suportes, sustentam de forma diversa as cargas que
sobre eles so aplicadas. As cargas aplicadas podem ser:
- Uniformemente distribudas ou concentradas;
- Dinmicas (Choque) ou estticas.
A compressibilidade dos isolantes uma caracterstica importante e pode ser
classificada em quatro classes, da A D, sendo a classe D a menos compressvel; coberturas
com isolantes desta classe podem ser utilizadas para a circulao de veculos ligeiros.
3.4. Principais caractersticas
Embora hoje em dia se verifique um cada vez maior uso de placas de poliestireno
expandido extrudido como isolante trmico, outros materiais como a l mineral, aglomerado
de cortia expandida, beto celular ou argamassa de granulado de argila expandida so
tambm utilizados.
No entanto, a maior utilizao do poliestireno expandido extrudido deve-se, por um
lado, facilidade da sua aplicao e consequente reduo do custo de mo-de-obra, e por
outro lado, ao efeito j referido sobre o sistema de impermeabilizao subjacente (vide 2.2.4).
a) Perlite expandida
A perlite um tipo de vidro vulcnico que se expande e se torna poroso quando
aquecido. Essa expanso o resultado do aquecimento das molculas de gua retidas no seu
interior.
Devido s suas propriedades isolantes e baixa densidade, amplamente utilizada a
granel no isolamento de paredes de alvenaria. Alm de proporcionar isolamento trmico,
aumenta a resistncia ao fogo, reduz a transmisso de rudo e ainda resistente a insectos
(quando essa propriedade for importante).
Quando a perlite usada como agregado em argamassas, resulta um produto leve e
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
resistente ao fogo, com caractersticas isolantes, que assim uma soluo apropriada para
terraos, particularmente na execuo da camada de forma (pendente).
Fig. 23 - Argila expandida [29] Fig. 24 - Granulado de poliestireno expandido [25]
aumentando o ndice de vazios e reduzindo assim a condutibilidade trmica.
Estes betes tm retraco elevada, pelo que se aconselha a utilizao de sistemas de
impermeabilizao independentes ou semi-aderentes.
c) Isolantes vegetais ( Aglomerado de cortia expandida)
Do ponto de vista do seu comportamento aco da gua, este material apresenta um
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pior comportamento, por exemplo, em relao l de rocha e ao poliestireno expandido
extrudido, resultante da maior absoro de gua por imerso, que pode ser superior a 4,5 e 17
vezes mais, respectivamente.
A absoro de gua por este material
leva a alteraes dimensionais significativas,
pelo que a sua aplicao vista pode levar ao
seu desprendimento do suporte.
Uma outra desvantagem resultante da
referida absoro de gua a correspondente
diminuio das propriedades isolantes.
Em termos mecnicos, a sua
compressibilidade aceitvel. Fig. 25 - Aglomerado de cortia expandida [26]
d) Isolantes minerais ( L de rocha )
Este tipo de material apresentado em placas ou mantas de l de rocha. As placas
apresentam-se simples ou revestidas por uma membrana betuminosa. As placas enquadram-se
em geral nas classes de compressibilidade B ou C. A sua classe de reaco ao fogo A1 ou
A2, definidas no DL 220/2008, de 12 de Novembro. Este material bastante resistente a
agentes qumicos e biolgicos e imputrescvel.
A l de rocha provm de fibras minerais de rochas vulcnicas, entre elas o basalto e o
calcreo, esta ltima uma rocha sedimentar. Esta fibra era j utilizada pelos nativos das ilhas
havaianas na cobertura das habitaes para as proteger do frio e do calor.
A l de rocha produzida a partir de l mineral. Depois de aquecer as rochas baslticas
e outros minerais a cerca de 1500C, estes so transformados em filamentos que, aglomerados
com solues de resinas orgnicas, permitem a fabricao de produtos leves e flexveis ou at
muito rgidos, dependendo do grau de compactao, resultando num produto practicamente
imune aco do fogo e com excelentes propriedades de isolamento trmico e acstico.
Em termos comerciais, este material apresentado em forma de placa ou manta (fig.
26).
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Fig. 26 - L de rocha em manta e placa [27]
e) Isolantes sintticos
Quando apresentados em placas (de poliestireno ou poliuretano expandido), so em
geral revestidas por membrana betuminosa, necessria sua fixao ao suporte ou para
fixao da impermeabilizao em sistemas aderidos. No entanto, a sua sensibilidade s
temperaturas envolvidas no processo de colagem, podem desaconselhar este tipo de
procedimento.
Nos ltimos anos vem sendo cada vez mais utilizado o poliestireno expandido
extrudido, em placas simples, aplicado sobre a impermeabilizao, nas chamadas coberturas
invertidas. Neste sistema o isolamento no aderente. A sua boa resistncia aos efeitos da
gua, nomeadamente a sua baixa absoro de gua e ainda a sua alta resistncia mecnica a
esforos de compresso tornaram-no um dos materiais de eleio para isolamento trmico.
Apesar destas caractersticas, necessria a colocao de uma proteco pesada, sob a
forma de materiais soltos (godo ou brita) ou sob a forma de lajetas prefabricadas Desta forma
garante-se no s o seu
posicionamento, como garantida a
proteco contra a radiao
ultravioleta.
Fig. 27 - Placas de poliestireno expandido extrudido (XPS) [32]
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Fig. 28 - Acessrio de fixao (Tap It) [29]
f) Isolantes mistos
Estes isolantes resultam da associao de alguns dos materiais indicados nos pontos
anteriores, nomeadamente perlite expandida com poliuretano ou com l de rocha.
Nestas associaes, a camada de perlite colocada para cima, pois suporta em
melhores condies a aplicao do calor para ligao da impermeabilizao, quando se
recorre a esta tcnica para essa ligao. As classes de compressibilidade conhecidas, so a B
para perlite e l-de-rocha e classe C para perlite e poliuretano.
Quadro 1 Sntese das proprieades de alguns isolantes
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L de rocha Beto leve Poliuretano
Apresentao Granel Placa / Manta Beto Placa Placa Projectado
Densidade (Kg/m3) 32-400 30-300 05-20 105-125 30-45 30-80
Compressibilidade --- Baixa Alta Alta Varivel Baixa
0.04-0.06 0.03-0.041 0,12-0,90 0.5-1.0 0,029 0,023-0,035
Reaco ao fogo A0 A1 / A2 A1 / A2 E E E
Ponto de fuso (C ) 1260-1343 1200-1500 --- --- --- ---
Comportamento gua --- Absorvente Absorvente
Alteraes dimensionais --- Significativas Significativas Significativas Pequenas Pequenas
Imputrescvel Alta
Perlite expandida
(granel)
Aglomerado de cortia
expandida
Poliestireno espandido extrudido
Condutibilidade trmica (W/mK)
Muito absorvente
Pouco absorvente
Pouco absorvente
Resitncia a agentes qumicos e biolgicos
Resitente a insectos
Atacado por cidos
Atacado por solventes
Atacado por solventes
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3.5 - A condensao em coberturas em terrao3.5.1. - Anlise do fenmeno
Conforme se referiu, a condensao um dos fenmenos mais vulgares em Portugal,
nomeadamente por insuficincia de isolamento trmico nas coberturas (ou noutros elementos
da construo).
A quantidade de vapor de gua existente por unidade de volume de ar designa-se por
humidade absoluta (Ha), sendo vulgarmente expressa em g/m3 ou kg/kg. O limite de
saturao (Ws) a mxima quantidade de vapor que, para uma determinada temperatura, o ar
consegue absorver. Acima desse valor d-se a condensao.
Por outro lado, a existncia de vapor de gua em suspenso no ar, cria uma certa
presso, maior ou menor consoante a quantidade de vapor existente. Esta presso designa-se
por presso parcial do vapor (Pp) e pode ser expressa em Pa.
A humidade relativa (Hr) no mais que a relao entre a quantidade de vapor de gua
por unidade de volume e o valor do limite de saturao. A cada limite de saturao
corresponde uma presso de saturao (Ps):
Hr =HaWs 100 =
PpPs 100
A insuficincia de isolamentos trmicos pode, em certas condies, favorecer o
aparecimento de condensaes nos elementos construtivos, para quantidades de vapor de gua
maiores ou menores, consoante as respetivas temperaturas. Esta condensao pode ser
superficial ou interna.
As condensaes superficiais surgem nas superfcies interiores dos elementos opacos
dos edifcios (paredes e tectos), mais frias que o ar ambiente, quando a humidade absoluta
atinge o limite de saturao, para essa temperatura. O fenmeno pode ocorrer no interior das
paredes e tectos, dependendo neste caso, tambm, da porosidade dos elementos construtivos.
Sempre que existam diferenas de presso de vapor de gua entre as duas faces de uma
cobertura, ocorrero fenmenos de difuso de vapor de gua atravs desse elemento da
envolvente. Deste modo, existindo temperaturas diferentes superfcie, existiro tambm
diferentes temperaturas nas zonas intermdias entre as duas faces dessa cobertura. Se, numa
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dada zona, a presso parcial existente superar o limite de saturao (presso de saturao),
ocorrer a condensao nessa zona.
3.5.2. - Avaliao de solues correntes em coberturas planas
Na execuo do isolamento trmico possvel a utilizao de vrias espessuras de
material isolante. Mas qual ser o mais econmico, garantindo que o fenmeno de
condensao no ocorrer na superfcie inferior (tecto) da cobertura plana?
Esta questo pode ser analisada por um processo analtico simples, bastando para tal
considerar um tipo de cobertura plana, para a qual se faz variar a espessura do isolamento
aplicado.
Um tipo possvel de cobertura plana o definido na figura apresentada a seguir:
Fig. 29 - Cobertura plana tipo
No caso em estudo considerou-se que as camadas apresentavam as seguintes
espessuras:
- laje: 15 cm;
- camada de forma: 5 cm;
- membranas betuminosas: 2 x 4 mm;
- poliestireno expandido extrudido (XPS): varivel de 30 mm a 80 mm;
- betonilha: 5 cm;
- revestimento cermico: 8 mm.
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Se fixarmos a temperatura interior nos 20C (aquela que o RCCTE preconiza como
referncia no perodo de aquecimento) e considerarmos que as temperaturas exteriores variam
entre -5 C e 20 C, iremos determinar as temperaturas superficiais no tecto do ltimo piso,
como adiante se ver.
Os valores de condutibilidade trmica () so os indicados numa publicao do LNEC
referida no prprio RCCTE [07].
O clculo do coeficiente de transmisso trmica (U) resulta da soma do inverso das
resistncias trmicas das diversas camadas do elemento da envolvente, bem como das
resistncias superficiais interior e exterior. A resistncia trmica total (R) o inverso de U.
U = 1 / Rt = 1 / (Ri + R1 + R2 + ... + Rn + Re) [W / m C]
O clculo da resistncia trmica (R) duma camada homognea dum elemento da
envolvente resulta do quociente entre a espessura dessa camada (d) e o coeficiente de
condutibilidade trmica () do material que compe essa camada.
R = d/ [m C / W]
Os valores das resistncias trmicas superficiais e de uma camada de ar esto
tabelados (quadro VI.1 do Regulamento das Caractersticas do Comportamento Trmico dos
Edifcios, RCCTE), sendo Ri = 1/hi e Re = 1/he.
Assim, para calcular o coeficiente de transmisso trmica (U), obtm-se:
U = 1/(1/hi + d1/1 + d2/2 + d3/3 + ... + dn/n + 1/he)
Deste modo e para cada uma das quatro espessuras de isolamento trmico
consideradas, determinaram-se, ento, os valores do coeficiente de transmisso trmica (U),
de acordo com os quadros seguintes (para fluxo ascendente):
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
Quadro 2 - Determinao de U para d = 30 mm
Quadro 3 - Determinao de U para d = 40 mm
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
Quadro 4 - Determinao de U para d = 60 mm
Quadro 5 - Determinao de U para d = 80 mm
A partir dos valores do coeficiente de transmisso trmica (U) e dos valores da
temperatura exterior, calcularam-se os correspondentes valores de temperatura superficial
interior (i), atravs da expresso:
i = ti - 0,12 U . (ti-te)
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
Aps a obteno dos valores de temperatura interior superficial, foram determinados
ainda os valores de humidade de saturao (ws) e humidade relativa (Hr) do ar nos espaos
sob a cobertura, atravs de um programa de clculo automtico [36].
Ordenando os valores obtidos, organizando-os de acordo com a espessura do
isolamento e combinando-os com as temperaturas exteriores consideradas, os resultados so
apresentados no quadro seguinte:
Quadro 6 - Determinao de i e ws
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Graficamente, a influncia da espessura do isolamento na variao das temperaturas
superficiais interiores e, consequentemente, na maior ou menor probabilidade de condensao
superficial, est representada no grfico da figura 30.
Fig. 30 - Influncia da espessura do isolamento trmico na
temperatura superficial interior
No caso da cobertura no ser isolada termicamente, que corresponde tambm
existncia de alguma ponte trmica plana (por exemplo, uma viga invertida no isolada), as
temperaturas superficiais interiores seriam naturalmente mais baixas. O coeficiente de
transmisso trmica U seria neste caso aproximadamente igual a 1,83 W/m2.C e, a ttulo de
exemplo, para a temperatura do ar exterior de 0 C teramos = 15,6 C, claramente inferior
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 49/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
aos valores encontrados e registados no quadro 5. O ponto de orvalho para esta temperatura
seria cerca de 13 g/m3, valor mais facilmente atingvel do que qualquer dos apresentados
nesse mesmo quadro.
3.5.3. - Concluses
No estudo efectuado so vrias as concluses a retirar, sendo desde logo perceptvel
que a uma maior espessura de isolamento trmico, corresponde (para a mesma temperatura
exterior) uma temperatura de ponto de orvalho superior.
Ora, pela anlise do grfico psicromtrico (fig. 31), verifica-se que para uma maior
temperatura superficial interior necessrio um grau de saturao do ar de valor mais elevado
para que se verifique condensao nas superfcies interiores. Na situao limite em que a
temperatura exterior seja a mesma da temperatura superficial interior (e como tal iguais
temperatura ambiente interior, ou seja 20 C), seria necessria naturalmente uma maior
quantidade de vapor de gua para que surgissem condensaes. claro que nesta anlise no
se est a ter em conta o efeito da ventilao, sempre necessrio na minimizao da ocorrncia
das humidades em questo. Ao ventilar os espaos sob a cobertura, reduzir-se-o os teores de
humidade absoluta no ar, e consequentemente baixar a humidade relativa para uma mesma
temperatura (continuando a considerar o valor de referncia de 20C), afastando-se ainda mais
a possibilidade de haver condensaes nas superfcies analisadas.
Por ltimo deixa-se uma nota sobre o j conhecido efeito negativo da existncia de
pontes trmicas planas nas coberturas (e, claro, nos outros elementos da envolvente das
edificaes), traduzido no exemplo apresentado pelas diferenas de temperaturas superficiais
interiores encontradas relativamente aos casos em que exista isolamento trmico. claro que
de acordo com o RCCTE [08] no seria aprovada a adopo de uma cobertura em terrao com
um U=1,83 W/m2.C, mas valores superiores a este podem encontrar-se nos casos das
referidas pontes trmicas planas; por essa razo que o actual regulamento de trmica obriga
tambm ao tratamento trmico dessas zonas singulares da envolvente dos edifcios,
exactamente para minimizar a ocorrncia de condensaes e da patologia que em geral lhe
est associada (formao de bolores e fungos).
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Fig. 31 - Grfico psicromtrico
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CAPTULO 4 - MATERIAIS E SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAO
4.1. Classificao de sistemas
Os sistemas de impermeabilizao so passveis de vrias classificaes, de modo
semelhante ao definido para as coberturas. As mais frequentes tm como base os tipos de
materiais e tcnicas utilizados ou o tipo de ligao ao suporte. Deste modo, os sistemas podem
classificar-se:
a) Quanto constituio
- Sistemas tradicionais;
- Sistemas no tradicionais.
De notar que cada um destes sistemas pode ser executado in situ ou recorrer a
produtos prefabricados. Outro ponto a reter o facto de os materiais que integram um sistema
poderem integrar um outro.
b) Quanto ao modo de ligao ao suporte
Os sistemas de impermeabilizao podem ainda ser classificados quanto forma da
sua ligao ao suporte em:
- sistemas aderentes;
- sistemas semi-aderentes (ou semi-independentes).
- sistemas independentes;
- sistemas de fixao mecnica.
b.1) Sistemas aderentes
Os sistemas aderentes podem ser realizados utilizando processos distintos:
- produtos de ligao, aplicados a quente ou a frio, que podem ser betumes e colas
adequadas;
- fuso, por aco do calor, do material superficial do revestimento (obtida com
maarico no caso de membranas betuminosas ou pistola de ar quente no caso de
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 53/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
membranas termoplsticas e ainda, nalguns casos, de membranas betuminosas), sendo
de seguida pressionado esse material contra o suporte.
Deve notar-se que este tipo de ligao pode conduzir mais facilmente que os outros
tipos fissurao do revestimento de impermeabilizao devido a deformao do suporte no
seu plano, a qual conduza formao de fendas, ou variao da abertura das juntas de
painis isolantes que constituam esse suporte.
b.2) Sistemas semi-independentes (semi-aderentes)
Os sistemas semi-independentes (ou semi-aderentes) utilizam tcnicas que dependem
do tipo de produtos usados na ligao (aplicados a quente ou a frio), e do tipo de material
auxiliar utilizado (feltros simples ou betuminosos, perfurados em percentagem definida - 15%
a 50% - cujas perfuraes apresentam um dimetro fixo e espaamento constante,
determinando deste modo a percentagem de aderncia da membrana ao suporte).
Este sistema de impermeabilizao resiste melhor s deformaes do suporte referidas
em b.1).
b.3) Sistemas independentes (no-aderentes)
Os sistemas independentes (ou no aderentes) so executados directamente sobre o
suporte, separados deste por uma camada de separao (feltros de fibra de vidro, papel kraft,
feltros betuminosos acabados inferiormente com grnulos de cortia ou de poliestireno
expandido, etc).
De todos os mtodos indicados, este aquele que melhor resiste ao aparecimento de
fissuras.
b.4) Sistemas fixados mecanicamente
A fixao mecnica um processo que utiliza peas especficas, fabricadas em ao
galvanizado, ao inox ou temperado, alumnio ou plstico, para fixar o revestimento de
impermeabilizao ao suporte. especialmente utilizado em estruturas resistentes
constitudas por chapas metlicas nervuradas ou elementos de madeira ou seus derivados.
Uma particularidade dos sistemas de fixao mecnica, o facto de fixarem tambm as
camadas subjacentes impermeabilizao, caso existam.
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 54/90 Janeiro 2013
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IMPERMEABILIZAO E ISOLAMENTO TRMICO DE COBERTURAS EM TERRAO SISTEMAS CONSTRUTIVOS E PATOLOGIAS
Dependendo da forma como transmitido impermeabilizao o aperto dos parafusos
ou rebites, a fixao mecnica pode ser designada por pontual ou linear.
Na fixao pontual, cada pea de fixao dispe de um elemento de distribuio da
fora de aperto (geralmente uma anilha).
Na fixao linear, o elemento de distribuio das foras de aperto desenvolve-se
predominantemente numa direco, recebendo as foras de aperto de vrios parafusos ou
rebites colineares, as quais se pretende que sejam transmitidas o mais uniformemente possvel
sobre a impermeabilizao.
4.2. - Materiais usados em sistemas de impermeabilizao 4.2.1 - Sistemas tradicionais
4.2.1.1 - Aplicados in situ em camadas mltiplas de emulses betuminosas
As emulses betuminosas so uma disperso de pequenas partculas betuminosas, num
lquido. Estas emulses podem ser aninicas (alcalinas) ou catinicas. Como agente
emulsionante, temos o sabo nas aninicas e a argila nas emulses catinicas.
Estes sistemas so constitudos por vrias camadas de emulso, trs a cinco,
intercaladas ou no por armaduras, das quais a mais corrente a armadura de fibra de vidro. A
massa total dos sistemas est entre os 3 kg/m2 e os 6 kg/m2, esta ltima no caso de cinco
camadas.
4.2.1.2 - Com produtos prefabricados em camadas mltiplas de membranas betuminosas
As membranas betuminosas so a designao geral dada a produtos prefabricados,
comercializados em peas geralmente integrando uma armadura recoberta por uma mistura
betuminosa.
O seu fabrico inicia-se pela secagem das armaduras, impregnao e recobrimento de
mistura betuminosa e, por fim, a colocao de material de proteco, na sua superfcie ainda
quente. Estas membranas so comercializadas em rolos geralmente de 1,0 m de largura e
comprimentos vrios, consoante a sua espessura.
Jos Antnio Rodrigues Lages Alves 55/90 Janeiro 2013
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4.2.2 - Sistemas no tradicionais
4.2.2.1 - Aplicados in situ
Estes sistemas integram materiais formados por um ou dois componentes, sendo
aplicados sob a forma lquida ou pastosa. A cura obtida por evaporao dos solventes ou
reaco qumica, no caso de produtos de um s componente, e apenas por reaco qumica
nos de dois componentes.
Os sistemas podero integrar, ou no, armaduras de origem diversa, com a funo de
aumentar a
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