introdução a mente
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A Mente e suas Funções
Introdução a Epistemologia e Psicologia Budista
Material de estudo
Sumário Tradução do Livro a Mente e Suas Funções 5 Estudo Comparativo dos livros sobre a Mente 133 Caderno de Meditação e Estudo 159
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A Mente
e suas Funções
Geshe Rabten
Traduzido e editado por Stephen Batchelor
Editions Rabten Choeling
Índice
Prefácio 8 Prefácio do Autor 9 Prefácio do Tradutor 10 Introdução 11
Parte Um
Um Modelo Epistemológico da Mente Capítulo Um Sujeitos 17 Capítulo Dois Percepção e Concepção 25 Capítulo Três Mente Válida 37 Capítulo Quatro Mente Não Válida 50 Capítulo Cinco Objetos 61
Parte Dois
Um Modelo de Mente Psicológica Capítulo Seis Mentes Primárias e Fatores Mentais 68 Capítulo Sete Fatores mentais onipresentes,
determinadores de objeto e variáveis 75 Capítulo Oito Os Fatores Mentais Virtuosos 85 Capítulo Nove Os Fatores mentais Não Virtuosos 95 Glossário dos Termos 111 Glossário das Definições 121 Bibliografia 131
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Prefácio Preenchido de contentamento por ter encontrado a reencarnação do nosso
venerável mestre Geshe Rabten Rinpoche, é particularmente oportuno, eu sinto, apresentar ao leitor deste livro iluminado originado de seus ensinamentos.
Ele contem os pontos essenciais da psicologia Budista; explanado de modo claro e compreensivo, característico do Geshe. Com esta precisa e habilidosa análise da mente e de suas funções, Geshe nos prove com uma pura sabedoria ancestral com a qual todos podem se beneficiar. Este livro é como um espelho precioso no qual, claramente, reflete nossa composição mental com todas as suas qualidades e faltas. Qualquer pessoa aberta a estes ensinamentos pode se beneficiar imensamente deles, aprender os segredos escondidos nas suas mentes, e produzir uma transformação interna válida.
Somente deste modo uma transformação pode o verdadeiro propósito da vida de alguém, assim como para todos os outros, ser atingido.
Com as bênçãos do Geshe Rinpoche.
Gonsar Tulku Diretor Espiritual do Rabten Choeling Suíça, Dezembro 1991
CH‐1801 Le Mont‐Peçerin/Suíça.
Prefácio do Autor
Homenagem ao Glorioso Conquistador Shakyamuni, o insuperável professor, um Buda completo e perfeito. Com sua grande compaixão, por favor ajude, tome conta de a mim e de todos
seres sencientes. Através da análise devemos constatar que, por muitas razões sólidas, a raiz de todo
o prazer e dor dentro do samsara e do Nirvana é a mente. A própria mente tem muitos aspectos positivos e negativos. Na dependência da mudança e do movimento destes aspectos, prazeres superficiais e duradouros e a dor são produzidos como ondulações de água, uma sucedendo a outra. Primeiramente, precisamos compreender exatamente que tipo de natureza a mente tem. Então, devemos, precisamente, aprender como diferentes elementos mentais, positivos e negativos, surgem dela e como eles condicionam a qualidade das nossas ações de mente, de fala e de corpo. Se fizermos um estudo, é certo que devemos atingir uma inequívoca capacidade de estabelecer felicidade e dispersar o sofrimento. Portanto, existem razões definitivas para ler este livro, no qual, uma apresentação clara e precisa da mente é empreendida.
Geshe Rabten Tharpa Choeling 1978
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Prefácio do Tradutor
O propósito deste texto A mente e suas Funções é apresentar um quadro geral da concepção da mente no Budismo Mahayana. O trabalho está divido em duas partes. A Parte Um apresenta, fundamentalmente, um modelo epistemológico da mente baseado na literatura Pramana.1. Na Parte Dois, é dada ênfase ao modelo psicológico da mente como apresentado na literatura Abhidharma 2.
Mais especificamente, o material original da primeira parte do livro é um conjunto de três fitas que Geshe Rabten gravou pessoalmente em 1976 em Rikon, Suíça. Além deste material, foi adicionado os ensinamentos orais do Ven. Geshe sobre a obra de Purchog Yondzin Jhampla Rinpoche (Yul.can.dang.blo.rigs.kyi.rnam.par.bshad.pa) e da obra de Akya Yondzin (Blo.rigs.kyi.sdom.tshig.blang.dor.gsal.bai.me.long) no período de 1976 a 1977, também em Rikon. Os conteúdos da Parte Dois são baseados, principalmente, na apresentação das mentes primárias e fatores mentais encontrados na obra de Ven. Losang Gyatso (Rigs.lam.che.ba.blo.rigs.kyi.rnam.gzhag.mye.mkho.kun.btus). Em adição, anotações dos ensinamentos orais do Geshe Rabten em Zollikon, Zurique, em julho de 1976, foram incorporados dentro do texto.
A tradução e a edição do material original foram conduzidas sob direção do Geshe Rabten com a ajuda das discussões e dos debates entre os estudantes, monges e leigos, que vivem em torno do Geshe em Rikon e que, no presente momento este lugar se chama Tharpa Choeling . Especial reconhecimento a Alan Wallace pela suas sugestões úteis na apresentação do manuscrito.
Stephen Batchelor Tharpa Choeling 1978
1 O corpo da literatura referida aqui é os Sete Tratados da Mente Válida de Dharmakirt (Tshad.ma.sde.bdun) e especificamente seu Comentário para uma Mente Válida 2 Existem dois conjuntos da Literatura Abhidharma, o conjunto menor baseado no Treasury of Abhidharma de Vasabhandu e o conjunto maior baseado no Compendium of Abhidharma de Asanga. Aqui estamos seguindo a apresentação da mente como encontrado no Compendium of Abhidharma.
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Introdução
O papel chave da Mente no Budismo Para ilustrar a posição central da mente no Budismo, uma das mais conhecidas
escrituras Budistas , o Dhammapada, abre com o seguinte verso.
“Mente é o precursor de (todas más) condições. Mente é o comandante; e elas são mentes produzidas. Se, com uma Mente impura, alguém fala ou age, então dor segue alguém exatamente como uma roda, (segue) o casco do boi. Mente é o precursor de (todas as boas) condições. Mente é comandante; e elas são mentes produzidas. Se, com uma mente pura, alguém fala ou age, então felicidade segue alguém exatamente como a sombra que jamais se retira.” 3
Nestas linhas, está claro que a existência e a experiência no Budismo não são
consideradas nem como eventos intencionalmente criados por um deus nem como acontecimentos ocasionais em um universo caótico, mas são resultados de ações mentais, de fala e físicas de seres individuais dentro da existência. A mente não é um fenômeno estático, mas um contínuo dinâmico dentro de cada indivíduo que forma atividades dentro dele mesmo e desencadeia, mais adiante, atividade através da fala e do corpo. Quando a mente é influenciada por fatores nocivos, ela age de tal maneira que tendências prejudiciais e impressões são deixadas no seu contínuo, as quais, mais tarde, inevitavelmente, amadurecerão como sofrimento e infelicidade. . Se ela age de forma benéfica e positiva, então as tendências deixadas são igualmente positivas e, subseqüentemente, provocam formas prazerosas de existência. Além do mais, criando
3 Dhammanpada, I, 1-2. Os mesmos versos são encontrados também no Cânone tibetano e são mencionados na introdução para Losang Gyatso (Rigs.lam.che.ba.blo.rigs.kyi.rnam.gzhag.mye.mkho.kun.btus)
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uma experiência particular dentro de cada vida, a mente é responsável, também, por determinar a forma e o estado da sua própria existência.
Cada estado de nascimento, humano, animal, divino ou de outra maneira, é provocado pelas tendências predominantes e impressões que se manifestam na hora da morte na existência prévia de alguém. Conseqüentemente, não existe uma forma de existência que não é, no final das contas, originada na mente e nas suas atividades.
A mente não tem início, e a sua continuidade não tem fim. fim. O contínuo da consciência manifesta em nós, agora, tem uma história que se estende ao passado, o qual não possui um ponto único a ser identificado como seu primeiro momento. Do mesmo modo, ela continuará, indefinidamente no futuro, até que, através da prática e esforço, é transformada na mente de um Buda. Desde um tempo sem início, até o presente, nossa mente e suas atividades têm , continuamente, produzido estados de existência de descontentamento, mantendo‐nos presos no ciclo de nascimento e de morte. Mas agora que encontramos um nascimento humano completamente dotado, temos a oportunidade de mudar a direção da nossa existência de sofrimento e de escravidão para uma existência de felicidade e de liberação. Este processo de transformação é fundamentalmente de transformação da consciência, envolvendo a erradicação das qualidades mentais negativas e o cultivo das qualidades positivas e benéficas. Este mesmo processo, pelo qual a mente desenvolve as qualidades de cognição válida, tanto quanto as virtudes morais, é o caminho por meio do qual todas as várias metas espirituais são alcançadas. Tais metas são os estados mais elevados de existência dentro do samsara, a completa liberação do samsara, i.e. Nirvana, e finalmente a Budeidade, o estado no qual o benefício último, para nós mesmos e para os outros, é alcançado.
A Base Filosófica Dentro do Budismo existem quatro principais tendências de pensamento
filosóficos representadas pelas escolas Hinayana dos Vibasikas e dos Sautrantikas, e pelas escolas Mahayana dos Cittamatrins e dos Madhyamikas. Esta obra, em particular o conteúdo dos primeiros cinco capítulos, é baseada na filosofia Sautrantika. Embora as tradições do Budismo no Tibete sejam consideradas como uma prática Mahayana, esta filosofia, clara e relativamente simples, da escola Hinayana Sautrantikas, é usada no contexto dentro do qual as estruturas fundamentais da lógica e da epistemologia são inicialmente formuladas. É dito que as quatro escolas da filosofia Budista não são sistemas independentes com pouca ou nenhuma relação uma com a outra; mas são para ser entendidas como um desenvolvimento progressivo de insights, o qual é como passos numa escada na direção daquela que é o ápice do pensamento Budista, a visão Madhyamika‐Prasangika. Por essa razão, ter um quadro claro da posição Sautrantika funciona como uma boa base na qual move‐se para a mais complexa, intricada e desenvolvida das escolas Mahayanas. Em particular, a tradição Sautrantika seguida aqui é aquela elucidada por Dharmakirt no seu sete tratados da Mente
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Válida, e mais especificamente no seu Comentário para a Mente Válida (Pramanavarartikka).
A Sautrantika é definida como uma proposição Hinayana da doutrina filosófica que afirma a verdadeira existência de ambos, objetos externos e a apercepção. Em comparação com a Cittamatrins, que afirma que a mente e seus objetos são da mesma substância, elas são Realistas, já que afirmam que fenômenos externos existem verdadeiramente e são as causas, na dependência das quais a consciência é produzida. Mas, diferentemente, a escola Vaibasika atribui uma realidade substancial para todos os fenômenos, seu realismo é temperado pela divisão dos fenômenos em entidades concretas e abstratas. Fenômenos Concretos* são aqueles que, pela virtude das suas próprias características, existem independentemente de qualquer imputação de palavras e concepções. Eles são impermanentes, entidades momentâneas que mantém sua própria continuidade causal, surgida de causas e condições e produzindo seus próprios efeitos. Todas entidades material e mental, tanto quanto certos fenômenos condicionados, tais como a pessoa, tempo, vida, etc., que não integram nenhuma destas categorias são considerados fenômenos concretos. Fenômenos Abstratos* por outro lado, são não momentâneos, entidades permanentes que são imputadas por palavras e concepções. Eles são elementos não concretos que designamos para o mundo concreto. Um exemplo seria o espaço incondicionado, i.e., a mera falta de contato obstrutivo. Esta existência – permite o deslocamento e o movimento de formas – mas não exclusivamente pela suas próprias características. Sua existência é estabelecida através de uma concepção, um julgamento subjetivo sobre o mundo, não através de uma apresentação dele próprio para a cognição imediata da percepção.
É desta distinção que a escola Sautrantika estabelece sua posição em relação às verdades última e convencional. Fenômenos concretos são considerados como verdades últimas enquanto que fenômenos abstratos são considerados como verdades convencionais. Um fenômeno concreto é uma verdade última porque ele é verdadeiro para uma percepção válida – em última análise o constituinte válido da mente. Um fenômeno abstrato é uma verdade convencional porque ele é verdadeiro por concepção – o constituinte da mente convencional ou deludido. Deste modo, a função da cognição em definir as categorias da existência tanto quanto a existência dela própria é de importância primaria no sistema Sautrantika. É dito que um objeto existe se ele é certificado por uma mente válida, é dito ser concreto e último se ele aparece para uma percepção válida; e é considerado abstrato e convencional se ele é estabelecido através de uma concepção. Para ganhar alguma compreensão deste ponto de vista filosófico é, por essa razão,
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essencial desenvolver uma compreensão clara das suas asserções a respeito da mente.4
Portanto, na seqüência do texto, a natureza da mente, suas categorias e suas funções serão explanadas, provendo uma base necessária para avançar no estudo com relação ao seu desenvolvimento e transformação através da prática do Darma. Visto que a mente é o fenômeno com o qual estamos fundamentalmente envolvidos na prática do Budismo, é importante obter uma compreensão clara da sua estrutura e composição. Auspiciosamente, este livro nos ajudará em adquirir tal compreensão.
4 Para uma discussão mais detalhada dos princípios da escola Sautrantikas veja Practice and Theory of Tibetan Buddhism, p. 92 seq.
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Parte Um
Um Modelo Epistemológico da Mente
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Conteúdos do Capítulo Um
I MENTE 13 II PESSOAS 15 III SONS ARTICULADOS 17 A. Termos 17 B. Frases 18 C. Letras 19
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Capítulo Um
Sujeitos
Sujeito e objeto são entidades mutuamente dependentes; não podemos considerar um sem referir‐se ao outro. Devido a esta natureza dependente, um sujeito* (lit.: objeto‐possuidor) é definido como uma entidade efetiva dotada com seu próprio objeto de qualquer tipo. Mas, embora sujeito e objeto serem mutuamente dependentes, isto não significa que eles sejam, mutuamente, entidades exclusivas. Todos os sujeitos, em virtude deles serem fenômenos existentes, são necessariamente objetos de outro sujeito. Além do que, o Budismo atribui características subjetivas para uma entidade material tanto quanto para uma entidade não material. Um sujeito material é um som articulado. Desta maneira um som, seja ele um termo ou uma frase, é subjetivo no sentido dele denotar um objeto particular, designar sujeitos não materiais, tais como cognições e pessoas, são subjetivos na sua apreensão de um objeto através das faculdades mentais.
Devemos agora proceder uma explicação mais detalhada sobre qual o significado de mente, pessoa e um som articulado. Neste capítulo devemos considerar as características gerais de todos os três e no resto do trabalho daremos especial atenção para o fenômeno da mente.
I MENTE Todos os estados da mente, seja ele intelectual, tal como discriminação e
reconhecimento, ou emocional, tal como um desejo e aversão, são necessariamente sujeitos; eles não podem existir sem apreender um objeto particular. A definição das características da mente* são claridade e cognição. Aqui claridade refere‐se a não materialidade, como espaço natural da consciência, i.e. completamente destituída de cor, forma ou dimensão material. Mas apesar da ausência destas características físicas, ela não é meramente uma entidade abstrata como o espaço, por exemplo. Diferentemente do espaço ela carrega a característica definida de cognição. Cognição é a faculdade de apreensão da consciência que funciona ao ver formas e ouvir sons, tanto quanto em todos
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os tipos de reflexão, inferência e compreensão. Apesar da sua natureza sutil, cognição é, todavia, um fenômeno substancial momentâneo que mantem seu próprio contínuo causal.
É muito difícil reconhecer esta natureza da mente e, conseqüentemente, muitas teorias conflitantes têm surgido sobre o que a mente é. É muito comum identificar, nos dias de hoje, o cérebro com a mente . Parece natural fazer esta suposição visto que facilmente observamos sensações e atividades na região do cérebro quando estamos absortos em pensamentos e cogitações. Do mesmo modo os órgãos do sentido da visão, audição, olfato e paladar estão localizados na cabeça e parecem funcionar intimamente com o cérebro, relatando imediatamente suas impressões sensoriais para ele. Além disso, existe muita pesquisa sendo feita no presente momento para correlacionar estados de consciência com várias funções neurológicas . De fato, é uma verdade que uma grande parte das atividades relatadas para a consciência ocorrem no cérebro, mas isto não prova que o cérebro é equivalente à consciência. Dentro do corpo existe uma vasta rede de canais de energia que convergem em certos pontos e um dos pontos mais importantes destas junções está situado no cérebro. Através destes canais fluem muitas energias rápidas e sutis nas quais a mente cavalga e é suportada. Visto que a mente tem uma íntima dependência com estas energias, toda vez que acontece alguma atividade mental um movimento fisiológico correspondente ocorre dentro do canal de energia e dos seus pontos de junção. É por esta razão, que reações no cérebro são detectadas em relação às atividades mentais. Por essa razão, embora este indicativo que a mente é capaz de causar um movimento de energia que freqüentemente leva a lugares no cérebro, esta não é uma indicação real que o cérebro é a mente.
Do mesmo modo, podemos considerar que as forças vitais contidas dentro dos elementos do corpo são a mente. Apesar destas forças serem a base para todas as funções internas do organismo físico e serem capazes de causar‐nos prazer e dor, eles não são, todavia, a mente. Através dos seus movimentos e interações elas produzem várias sensações no corpo que imediatamente fazem surgir atividade mental, mas elas não devem ser confundidas com as próprias atividades mentais.
Similarmente, algumas pessoas sentem que os órgãos sensoriais são a mente. Este ponto de vista surge porque se assume que os olhos vêem formas, os ouvidos escutam sons e assim por diante; mas de fato estes órgãos sensoriais são somente a base na qual a mente depende a fim de perceber os objetos externos. É necessário, por essa razão, fazer uma cuidadosa distinção entre o que a mente depende para sua atividade, i.e o cérebro, as energias, os órgãos sensoriais, e o não material estado de lucidez da própria cognição.
De qualquer modo, muitas pessoas no mundo hoje identificam a mente com algo físico dentro do corpo e por meio disso consideram seu tempo de vida igual ao do corpo. Apesar da falta de uma base de raciocínio convincente à estas suposições, todavia, elas são facilmente difundidas para outros e por meio disso a convicção em vidas passadas e futuras é prontamente rejeitada. Esta é a concepção errônea mais inauspiciosa devido a sua atitude hedonista e materialista que são freqüentemente adotadas, pois os problemas de alguém se tornam limitados à curta duração desta única vida. Não são feitas preparações para assegurar felicidade em alguma existência futura e, conseqüentemente, por causa destas atitudes errôneas para com a vida, experienciará muitas dificuldades e
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pesar na hora morte tanto quanto nas vidas futuras. A Raiz de todas estas concepções errôneas e problemas pode, por essa razão, ser delineada pela falsa apreensão da natureza da mente. Mas, se de outro modo, identificarmos corretamente esta natureza, então será vantajoso para este momento e para o futuro. Por ele ser na dependência do reconhecimento verdadeiro da natureza da consciência, esse raciocínio comprovando a existência de vidas passadas e futuras pode ser estabelecido. Daqui mais adiante a análise lógica provará para nós que houve uma sucessão sem início de nascimentos prévios e que este processo continuará, ininterruptamente, até que um esforço seja feito para afetar seu curso. Conseqüentemente, com tal compreensão, a maneira pela qual nós, presentemente, concebemos a nossa auto‐existência e o nosso estado de existência será drasticamente alterado e uma nova e mais expansiva visão da vida se tornará acessível para nós.
Além disso, por ser meramente um estado de claridade e cognição, o mental contínuo é constantemente alternado entre estados de prazer, dor e indiferença. Esta é a completa evidência da nossa própria experiência, visto que passamos o curso inteiro de nossas vidas tentando manter um sentimento de felicidade e tentando eliminar sentimentos de infelicidade. Quando estamos felizes, basta ouvir algumas poucas palavras infelizes para mudar nosso estado de mente para um de sofrimento e, do mesmo modo, estes sentimentos de sofrimento podem também ser aliviados por coisas como encontrar um amigo ou por recordar um momento prazeroso passado. Porém, enquanto continuarmos acumulando tendências nocivas na mente por pensar e agir de maneira auto destrutiva e prejudicial para outros, nesta e nas vidas futuras a mente permanecerá numa condição predominantemente pesarosa. Reciprocamente, se a mente é bem familiarizada com o Darma e seguimos um modo de vida saudável, então sentimentos de contentamento e bem estar predominarão e enfim deveremos ser levados a um desenvolvimento espiritual maior.
Por essa razão, a mente tem um grande potencial, visto que na dependência do seu desenvolvimento e de certas condições nosso estado de existência é, por meio disto, determinado.
II PESSOAS Aqui, o termo pessoa, não se refere meramente a uma existência humana mas a
muitas formas de existência individual: humano, animal, seres divinos. Em um sentido geral, é assumido que reconhecemos uma pessoa ou uma existência individual, visto que, em nossas vidas, constantemente nos referimos a nós próprios e outras formas de existência de vida animada como tendo uma certa auto‐identidade. Especialmente com referência a nós próprios, temos sempre consciência de um senso dominante de “eu” e “meu”, e não necessitamos de um insight especial afim de que sejamos hábeis para discernir sua existência. Mas, devemos considerar seriamente a matéria e começar a analisar a natureza deste fenômeno, devemos encontrar, particularmente, dificuldade para definir exatamente o que queremos dizer por “eu”, a pessoa.
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Por exemplo, quando vem um grupo com uma vaca, um cavalo e um homem subtraímos a vaca e o cavalo, o homem será claramente identificado como o objeto remanescente. Mas, diferentemente deste exemplo, não devemos encontrar um resíduo da subtração do corpo e da mente de um grupo de corpos, mentes e pessoas. Uma possível reação para esta redução pode ser para contestar que a pessoa não existe sob qualquer condição, mas isto é claramente insustentável. Apesar da pessoa não poder existir como uma entidade isolada como tal, ela, todavia, existe, de outro modo não existiria alguém lendo estas palavras, ou alguém para falar, para trabalhar, para sentir ou para viver. Então, alguém pode perguntar: a pessoa é considerada existente? A pessoa* ou a personalidade é simplesmente o “eu” imputado sobre qualquer dos cinco agregados psicológicos.5 Ela é um fenômeno transitório que não é incluído em nenhuma das categorias de mente nem matéria (sentido físico ou conteúdo?). Sua existência, por essa razão, é estabelecida através do relacionamento interdependente entre a mente imputada e os agregados psicofísicos nos quais ela é imputada. Pensando sobre esta definição deveríamos ser capazes de atingir algum insight sobre o modo no qual a pessoa existe. De qualquer modo, na seqüência para discernir sua natureza última é necessário referir‐se aos ensinamentos relativos a falta de existência inerente da pessoa apresentada pela filosofia Madhyamika da vacuidade. De acordo com esta filosofia as visões que identificam a pessoa como uma entidade independente diferente da mente e do corpo, tanto quanto aquelas que consideram‐na como ambos o corpo, a mente ou como uma coleção das duas são sistematicamente refutadas pelo método da análise lógica. Mas considerações como esta, além do mais, requerem muita explanação e investigação, e por isso estão fora do propósito deste trabalho.6
Visto que vivemos em um mundo habitado por criaturas corporificadas desenvolvemos a tendência de identificar a pessoa com um corpo, mas existem indivíduos que não possuem uma forma física. No Budismo classificamos a existência senciente em três distintos reinos: aqueles do desejo, forma e sem forma. No reino dos desejos estão os seres humanos, animais, fantasmas, habitantes dos infernos e certas divindades abide. (Nathan revisou até aqui.) O reino da forma é a morada de divindades que são absorvidas nos primeiros quatro níveis da concentração meditativa e o reino da não forma é onde outras divindades permanecem em um estado inalterável de absorção sutil. Todos os seres residentes nos dois primeiros destes reinos, aqueles do desejo e da forma, são dotados de corpo físico, mas os seres do reino da não forma faltam um aspecto corpóreo. Suas existências como uma pessoa, por essa razão, é estabelecido somente na dependência dos seus agregados mentais das sensações, discriminação, elementos formativos e consciência primária. Por essa razão é que definimos a pessoa como um “eu” imputado por um dos agregados psicofísicos.
A pessoa é dita para ser um sujeito porque todos os seres individuais, sem exceção, constantemente apreendem um objeto. Até o menor dos insetos é consciente de alguma coisa; ele apreende o alimento que come e quando se deparar com um problema desvia‐se
5 A saber: forma física, sensações, discriminação, elementos formativos e consciência primária. 6 Para maiores explicações veja Tenzin Gyatso, S.S. o XIV Dalai Lama, The Key to the Middle Way; também Geshe Rabten, Echoes of Voidness.
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dele. Do mesmo modo, alguém absorvido em um profundo estado de meditação estará sempre se referindo a algum objeto, seja qual for o tipo de objeto.
III SONS ARTICULADOS Dentre todos os variados sons e barulhos que ouvimos, alguns, tais como sentenças
coerentes, são ditas para ser articuladas* , enquanto outras, tais como o som da chuva caindo, são ditas ser inarticulados. O autor, além do mais, por ser meramente um barulho, tem a função de denotar objetos particulares com os quais não tem uma relação natural. Por esta razão eles são chamados de sujeitos. Sons articulados é, deste modo, definido como audível que denota que ele articula por meio de um sinal. Por exemplo, quando articulamos o barulho de um “gorjear” então pelos meios de nosso acordo que este som se refere a um objeto com o qual a flat base., em torno do abdômen e a capacidade para ser impermeável, o som denota um objeto particular. (o sentido desta frase está confuso). Mas, apesar de classificarmos sons articulados como objeto, isto não significa que eles têm o mesmo relacionamento com um objeto como fazem pessoas e mentes. Eles são sujeitos no sentido das suas denotações com um objeto, designa‐se mentes como sujeito devido a sua apreensão de um objeto por meio dos sentidos sensoriais e faculdades mentais.
Além disso existem três tipos de sons articulados: termos, frases e letras. A. Termos Termos* são unidades simples de fala que usamos para denotar os objetos no qual
pensamos e falamos. Definido como audíveis que revelam o mero fato de um objeto, eles são como os tijolos da construção de uma língua, com os quais formamos frases e sentenças para descrever como experienciamos mutuamente a nós próprios e o mundo. Por exemplo, o termo “casa” revela o fato de uma casa sem qualificá‐la pelo lugar ou relacioná‐la a algo mais. Do mesmo modo o nome “João” simplesmente denota a presença de uma pessoa particular chamada João e nada mais.
Existem dois tipos de termos: termo‐padrão e termo‐comum. Um termo‐padrão* é o principal termo pelo qual um objeto particular ou evento é compreendido. É definido como um termo que é ambos, o termo principal de um objeto bem como o termo dado para ele originalmente por meio da vontade. O termo principal de um objeto é aquele pelo qual este objeto, de forma particular, é denotado. Por exemplo, visto que o termo “gorjear” refere‐se exclusivamente a alguma coisa com uma flat base., em torno do abdômen e a capacidade para ser impermeável, é chamado de um termo principal para este objeto. (o sentido desta frase está confuso) para ser “dado por meio da vontade”, a definição aponta que termos são designados para objetos devido a um desejo que alguém teve em algum momento, e não por alguma outra razão profunda ou misteriosa. “Dado originalmente” significa que um termo‐padrão para alguma coisa é inicialmente cunhado e aceito com uma linguagem particular.
O termo‐comum* para um objeto é definido como um termo que é ambos: algo vulgar e mais tarde o termo para um objeto. É chamado de termo vulgar por não denotar, precisa e exclusivamente o objeto a que ele se refere, e “mais tarde como termo” visto que
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ele é cunhado, em um momento subseqüente a aceitação do termo‐padrão. Tais termos são designados para seus objetos por ambos , por razões de similaridade ou relacionamento com outro objeto. Termos‐comuns designados por causa de uma similaridade são, por exemplo, o apelido dado para pessoas ou animais por que eles possuem uma certa característica na qual lembram‐nos de algo também. Por exemplo, alguns gatos são chamados de “tigre” por causa da sua coloração e leões são, freqüentemente, chamados de “rei dos animais” por causa dos seus semblantes nobres e majestosos.
Como o termo‐comum é dado pelo seu relacionamento, ele será necessariamente descrito resumidamente que pelo significado do termo “relacionado”. Nos Collected Topic A é determinado por ter um relacionamento com B se através da eliminação de B, A deveria, necessariamente, cessar sua existência. Visto que todas as formas destes relacionamentos serão igualmente naturais , i.e. A sendo a mesma natureza de B, ou causal, i.e. A sendo causado por B, dois tipos de relacionamento entre objetos são aceitos. Estas são chamadas e um relacionamento natural* e um relacionamento causal*. Quando um termo é imputado para um objeto porque estes objetos suportam também estes dois relacionamentos com outro objeto, este termo é, então chamado “um termo comum, dado por causa de um relacionamento”.
Um exemplo de um termo‐comum por causa de um relacionamento natural, seria antão, quando dizemos: “o rolo de tecido está queimando”, embora de fato somente uma pequena parte do rolo esteja no fogo. Aqui estamos imputando o termo “rolo de tecido” para uma parte somente do rolo porque esta pequena parte relaciona‐se naturalmente com o rolo inteiro. Termos‐comuns são designados por causa de uma relação causal em duas maneiras: através da designação do termo da causa para seus resultados e através da designação do termo do resultado para sua causa. Um exemplo de designação do termo da causa para seu resultado seria quando chamamos a luz do sol brilhando na terra de “o sol”. Freqüentemente, vemos um lugar repentinamente iluminado pela luz do sol e exclamamos, “olhe, o sol está lá adiante!”, enquanto neste fato ele é a luz solar, um resultado do sol, que estamos nos referindo. Atribuindo o termo do resultado para sua causa, por outro lado, seria como a chamada inferência‐de‐outros como “uma inferência”. Uma inferência‐de‐outros é de fato uma evidência verbal que quando declarada causa uma inferência que ocorre na mente de outra pessoa. Visto que ela é uma fala e uma não cognição, ela não é uma inferência real mas é meramente chamada assim por causa do seu resultado7. Um exemplo simples seria nossa denominação do equipamento elétrico como “luz” sempre quando ela está desligada. O equipamento é chamado uma “luz” somente porque ele é um instrumento que causa o efeito da luz.
B. Frases
7 Quando inferência é classificada de acordo com a sua etimologia, dois tipos são enumeradas inferência pessoal (rang.don.rjes.dpag) e inferência-para-outros (gzhan.don.rjes.dpag). Uma inferência pessoal é uma cognição inferente que ocorre na base de uma razão perfeita, uma inferência-por-outros é uma evidência verbal (sgrub.ngag) que quando oralmente declarada causa uma inferência pessoal para ser gerada na mente de outras pessoas.
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Uma frase* é definida como um audível expressivo que conecta uma qualidade para sua base. Por essa razão frases são compostas de palavras que promovem informações sobre um objeto particular por meio da descrição. Um termo denota o mero fato do objeto enquanto uma frase especifica a qualidade e atributos com o qual este objeto é dotado. Por isso quando dizemos “o jarro é vermelho”, ou, “som é impermanente”, estamos usando frases visto que estas manifestam conectar as qualidades da coloração e impermanência par suas respectivas bases, o jarro e o som.
C. Letras A definição de uma letra* é um som claro que age como a base para uma
composição de termos e frases. Todas as consoantes e vogais são letras e elas estão na dependência desses sons que os termos e frases compõem para articular a fala que é formada. Todas as bases sonoras expressam vários alfabetos no mundo que seriam exemplos de letras.
Além disso, o termo em Sanskrito para “letra” é aksara o qual significa literalmente “aquilo que é imutável”. Este termo era originalmente cunhado pelos seguidores das tradições Védicas antigas que sustentavam que visto que os sons dos hinos védicos eram eternos e imutáveis, por essa razão as letras que formam estes sons devem também ostentar esta natureza imutável. Mas, no budismo todos sons, visto que eles são criados por fenômenos físicos, são considerados mutáveis e impermanentes. Por essa razão os budistas interpretam o significado literal de aksara de diferente modo. Letras, então, são chamadas por ser imutáveis no sentido que elas serão ouvidas da mesma maneira por quem for que elas sejam proferidas. Então, o modo no qual elas são ouvidas, não as letras por elas próprias, é que são consideradas como sendo imutáveis.
Todos os termos, frases e letras são sons articulados e por essa razão sujeitos. Seus caracteres subjetivos é que denotam alguma coisa. Deste modo, qualquer que seja denotado ou expressado por algum destes sons articulados é considerado como o objeto daquele som. Além do mais, visto que termos e frases, além de expressar explicitamente alguma coisa, são também capazes para implicitamente sugerir alguma coisa de acordo com a disposição individual e perspectivas de deferentes ouvintes, eles possuem objetos diretos e indiretos.8 Parece claro designar palavras e frases como sujeitos, mas deveríamos nos espantar como letras são incluídas nesta categoria. Apesar delas não denotarem coisas da mesma maneira como palavras e frases, todavia, visto que elas são elementos pelos quais a fala é formada, elas são chamadas para compartilhar seu sujeito natural.
8 Para uma descrição do objetos diretos e indiretos veja páginas 60 e 61.
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Conteúdos do Capítulo Dois
I PERCEPÇÃO 21 A. Percepção sensorial e Percepção mental 21 B. Percepção verdadeira e falsa 23 1. Percepção sensorial verdadeira 23 2. Cognição perceptiva e não‐perceptiva (Aperceptiva e não aperceptiva) 24 3. Percepção mental verdadeira 25 4. Cognição perceptiva verdadeira 25 5. Percepção contemplativa verdadeira 26 II CONCEPÇÃO 27 A. Imagens Mentais 28 B. Concepção baseada em uma imagem
nominal e experimental 29 C. Concepções de termos‐conectados
e fatos‐conectados 30 D. Concepções verdadeiras e falsas 31 E. Imaginação recordada e futuro‐orientada 31
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Capítulo Dois
Percepção e Concepção Agora que discutimos as características fundamentais de todos os estados
de mente, i.e. claridade e cognição, devemos agora proceder a classificação destes estados em vários tipos diferentes. A primeira distinção a ser feita será a básica entre percepção e concepção. Então, continuaremos nos capítulos três e quatro, para explanar quais destas percepções e concepções são corretas e quais são incorretas.
O que é entendido por “percepção” aqui é um estado não‐conceitual de mente, que pode ser um sentido cognitivo visual, auditivo, olfativo, gustativo ou tátil tanto quanto certas cognições mentais imediatas. “Concepção”, por outro lado, refere‐se a um estado da mente conceitual, i.e. uma cognição mental que não nota seus objetos imediatamente ou apenas como uma percepção mas conhece‐os através de uma imagem mental.
I. PERCEPÇÃO A. Percepção Sensorial e Percepção Mental Na classificação das diferentes percepções que temos, a primeira distinção a
ser feita será entre percepção sensorial e percepção mental. “Percepção sensorial” refere‐se a todas cognições não‐conceituais que são dependentes do originado em um órgão dos sentidos físicos, uma forma externa e um estado prévio de cognição. Por essa razão, uma percepção visual, por exemplo, surge na dependência do órgão olho, uma forma visual e qualquer estado de cognição que ocorra imediatamente anterior a ela. Estas três condições de uma percepção sensorial
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visual são respectivamente chamadas de “a condição dominante”9 o “condição objeto” e a “condição imediata”. O órgão olho é chamado de condição dominante* para uma percepção visual visto que além de uma causa principal e direta para ela, ele é também a condição que é o responsável principal por ela. Isto é porque o órgão olho é a base exclusiva na qual a percepção visual ocorre e é por meio desta base que reconhecemos a existência de uma percepção visual. Uma cor poderia ser um exemplo de uma condição objeto* para uma percepção visual na qual ela é a causa principal e direta para sua sustentação no aspecto de uma cor. O terceiro, a condição imediata* para uma percepção visual é a causa principal e direta por ser uma mera experiência clara e cognisante. i.e. o momento imediatamente precedente da cognição. Da mesma maneira, todos as percepções sensoriais surgem na dependência das suas respectivas condições dominantes, objeto e imediata.
Percepção Sensorial Condição dominante Condição objeto Condição imediata visual órgão‐olho forma‐visual o momento auditiva órgão‐ouvido som imediatamente olfativa órgão‐nariz odor precedente à gustativa órgão‐língua gosto cognição. tátil órgão‐corpo sensação‐tátil Percepções mentais são similares em relação à percepção sensorial, exceto
que elas não dependem de um órgão físico sensorial com suas condições dominantes. Suas condições dominantes são o órgão mental. Este não é um órgão físico, mas qualquer estado cognitivo que imediatamente precede a percepção mental. Este estado imediatamente anterior à cognição, sensorial ou mental, é a condição dominante para uma percepção mental, visto que é, principalmente, através da sua força que a percepção mental formou‐se. Para uma percepção mental, então, a condição dominante e a condição imediata são as mesmas. Para sua condição objeto, percepção mental pode surgir na dependência de formas físicas tanto quanto objetos sutis tais como as mentes de outras pessoas embora este último exemplo seria percebido somente em estado de elevada consciência.
9 A condição dominante é de dois tipos: a condição dominante comum (thum-mong.ba.i.bdag.rkyen) e a condição dominante exclusiva (thun.mong. ma.yin.pa.i.bdag.rken). A condição dominante comum em uma percepção visual, por exemplo, seria o órgão visual i.e. o momento imediatamente precedente da consciência mental. É chamado de “comum” visto que ele é uma condição dominante para todos os cinco sensos de percepção. A condição dominante exclusiva nesta percepção seria o órgão olho. Esta é chamada “exclusiva” visto que somente ela é uma condição para a percepção visual. Neste texto, quando nos referimos a condição dominante estamos sempre nos referindo a condição dominante exclusiva.
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B. Percepção verdadeira e falsa Dentre todas estas várias percepções algumas são consideradas como
“verdadeiras” e outras referidas são consideradas como “falsa”. Uma percepção verdadeira* é definida como uma cognição não‐enganosa que é livre de conceitualidade. Qualquer objeto que aparece para uma percepção verdadeira necessariamente existe de uma maneira na qual ele aparece. Uma percepção falsa, embora seja uma cognição livre de conceitualidade, é enganosa com relação ao que aparece para ela. Seus objetos não existem do modo no qual eles aparecem.
A maioria das percepções que ocorre no dia a dia em nossas vidas é verdadeira e apreende seus objetos do modo no qual eles existem, mas às vezes, devido a certas coisas como um defeito no órgão do sentido, um objeto aparece de maneira no qual ele não existe. Por exemplo, quando temos uma icterícia o órgão olho é afetado pelo aumento de bile no organismo, e conseqüentemente vemos todas as coisas manchadas de amarelo. Na realidade estas coisas podem não ser de cor amarela, mas agora parecem ser, tal percepção visual é considerada como falsa. Similarmente a percepção mental da cor azul em um sonho é errônea porque não existe externamente a cor azul que corresponda a uma observada no sonho. Estes são exemplos de percepções falsas. De qualquer modo, deixe‐nos primeiro considerar os vários tipos de percepção verdadeira. Elas são divididas em quatro categorias: percepção sensorial verdadeira, percepção mental verdadeira, cognição aperceptiva verdadeira e percepção contemplativa verdadeira.
Percepção falsa será discutida separadamente no Capítulo Quatro, seção V. A, abaixo do tópico “Percepções Errôneas”.
1. Percepção sensorial verdadeira Percepção sensorial verdadeira * é definida como uma cognição não‐enganosa,
livre de conceitualidade, que surge na dependência de um órgão sensorial físico com sua condição dominante. Uma cognição não‐enganosa é não errônea com relação ao que aparece para ela. Todas as percepções verdadeiras possuem as características desta definição enquanto todas as falsas percepções e cognições conceituais são enganosas com relação ao que aparece para elas. “Sendo livre de conceitualidade” significa ser uma percepção clara e imediata. Isto significa que o objeto aparece para a mente sem a mistura de alguma subjetividade por imagens mentais projetadas e é claramente observada de uma forma objetivamente existente. Visto que existem cinco órgãos sensoriais, cinco tipos de percepções sensoriais correspondentes podem surgir na dependência deles, nomeadamente visual, olfativa, auditiva, gustativa e tátil como percepções sensoriais verdadeiras.
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Antes da discussão das três categorias restantes, será necessário introduzir a classificação da mente em cognições perceptiva e não perceptiva. (aperceptiva)
2. Cognição perceptiva e não perceptiva (revisar = aperceptiva) Todas as experiências cognitivas existem por elas mesmas. Elas possuem
uma qualidade de autoconsciência inerente. Esta qualidade de consciência é chamada de cognição perceptiva*. Cognição perceptiva são exclusivamente percepções. Elas são, somente, estados da mente com seus objetos e, além do mais, elas são, substancialmente identificadas com estes estados mentais. Eles jamais observam algum fenômeno externo. Cognição não perceptiva, por outro lado, são todas as cognições que apreendem, seja conceitualmente ou não conceitualmente, objetos externos, tanto quanto cognições que não são substancialmente identificados com elas próprias. Esta categoria inclui todos as percepções sensoriais e estados conceituais de mente tanto quanto percepções mentais que percebem objetos externos. Cognição não perceptiva tem a definição característica de suportar o aspecto de um objeto perceptível, enquanto que cognição perceptiva tem a definição característica de suportar o aspecto de uma percepção. Para ilustrar estas características daremos um exemplo da percepção visual de um remendo de cor azul. O objeto desta percepção é algo apreendido como oposto para uma percepção e por essa razão a percepção observada é chamada por possuir o aspecto de um objeto percebido. Cognição ou apreensão é freqüentemente comparada com um pedaço de cristal claro. Pela mesma razão que a cor de um objeto é refletida no pedaço de cristal que é colocado diante dele, do mesmo modo a mente reflete ou sustenta o aspecto de qualquer objeto apreendido por ela. Desta maneira a percepção visual de um remendo de cor azul é atribuído por suportar o aspecto de um objeto perceptível, um remendo de cor azul, é por essa razão uma cognição não perceptível.. Mas, ocorrendo simultaneamente com esta apreensão de um remendo de cor azul externo, uma cognição perceptiva experiencia a percepção visual como ela própria e é assim chamado suportar o aspecto de uma apreensão Esta cognição perceptiva não surge em uma dependência causal da apreensão que ela experiencia, mas é substancialmente identificada com ela. Em outras palavras ela é naturalmente como oposto causal relacionado com ela. Por essa razão, toda a cognição não perceptiva, sem exceção, são experienciadas da mesma maneira por uma percepção em duplicata (counterpart contraparte), i.e. uma qualidade inerente de consciência presente em todos os estados de cognição.
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3. Percepção mental verdadeira É necessário fazer uma distinção do acima mencionado com o objetivo de
compreender o que queremos dizer por uma percepção mental verdadeira como oposto a uma cognição perceptiva verdadeira. Uma percepção mental verdadeira* é definida como uma não enganosa, cognição não aperceptiva, livre de conceitualidade, que surge na dependência do órgão mental com sua condição dominante. Como exemplo de uma percepção mental verdadeira seria a consciência elevada do estado mental de uma outra pessoa. Tal percepção, entretanto, é somente possível para alguém que atingiu uma tranqüilidade mental e então procede para desenvolver o principio fundamental desta habilidade. Nas mentes de pessoas ordinárias como nós próprios as percepções mentais verdadeiras são somente aquelas que ocorrem por um momento extremamente curto em um momento imediatamente após uma percepção sensorial verdadeira e imediatamente anterior a uma concepção. Para nós, percepção e concepção sensorial são as funções cognitivas predominantes. Todavia, quando uma percepção sensorial estimula uma atividade mental, inicialmente, uma percepção mental brevemente vislumbra o objeto antes que qualquer reação conceitual tome lugar. Esta percepção mental verdadeira é de curta duração e ela não faz um registro forte na memória e é, por essa razão, chamada de uma percepção desatenta.
Além do mais, a divisão sêxtupla de percepção mental pode ser feita de acordo com os seis diferentes tipos de objetos apreendidos, nomeadamente: percepção mental verdadeira da forma visual, sonora, olfativa, tátil e simplesmente objetos mentais. Além disso, ela deveria ser suportada na mente que quando falando de percepção mental verdadeira estamos nos referindo somente a uma percepção mental verdadeira não perceptiva. (revisar esta frase)
4. Cognição perceptiva verdadeira Cognição aperceptiva verdadeira* é definida como uma cognição não enganosa,
livre de conceitualidade, que suporta o aspecto de uma apreensão. Na verdade toda cognição aperceptiva são não enganosa e não conceitual e, conseqüentemente, estas características são aplicáveis a qualquer estado aperceptivo da mente.
Existem muitas discussões entre os vários sistemas filosóficos Budistas se cognição perceptiva realmente existe. Sua existência é defendida pelos Sautrantikas, os Cittamatrins e a Yogacarya‐Svatantrika Madhyamikas, mas é negada pelos Vaibasikas, Sautrantika‐Svatantrika Madhyamikas e os Prasangika‐
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Madhyamikas. Especialmente no sistema Prasangika mais ênfase é dada na sua refutação onde procurando desprover de validade certos princípios defendidos pelos Cittamatrins10. Todavia, visto que o trabalho é escrito de acordo com a escola Sautrantika, aqui ela é assumida como existente.
5. Percepção contemplativa verdadeira Em quarto lugar, a percepção contemplativa verdadeira* é definida como uma
cognição não aperceptiva na mente de um Arya que é não enganosa e livre de conceitualidade, e na qual surge na dependência de uma concentração unifocada de uma mente tranqüila e um insight penetrativo como sua condição dominante. Tal percepção é exclusivamente verdadeira, não enganosa e não conceitual e somente ocorre no mental contínuo de um Arya, i.e alguém que tenha imediatamente compreendido a vacuidade. Além do mais, para atingir a sua condição dominante, a concentração unifocada de tranqüilidade mental e insigth penetrativo , é necessário, primeiro, conduzir a mente para um estado de concentração tranqüila tanto quanto cultivar um estado de inteligência penetrativo que compreende o significado de tais coisas como a vacuidade da pessoa. Mas é somente quando estes dois estados de consciência são unificados em um fluxo concentrado que são capazes de fazer surgir uma percepção contemplativa verdadeira. Exemplos de tais percepções contemplativas seriam aquelas que percebem a impermanência grosseira e sutil, aquelas que percebem a vacuidade da pessoa e aquelas que percebem a vacuidade dos fenômenos.
Isto conclui a apresentação geral de percepção na qual temos procurado
descrever as características básicas dos estados perceptivos da mente que diferencia então dos processos discursivos de concepção. Nos próximos capítulos continuaremos a discussão dos vários tipos de percepção que foram introduzidas aqui do ponto de vista da validade das cognições. i.e. as características que determinam, então, como válidas, subseqüente, cognições desatentas ou errôneas.
10 Veja Shantideva, A Guide to the Bodhisattva´s Way of Life, IX: 19-24, e Candrakirti, A Guide to the Middle Way, VI: 45-97.
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II CONCEPÇÃO É por meio de pensamentos e concepções que, conscientemente,
respondemos aos objetos que são percebidos pelos sentidos. Constantemente, temos esta tendência de pensar sobre o mundo de cores e formas, sons e odores, sensações gustativas e corporais que constituem nossa experiência do dia a dia. É através dos processos conceituais que o homem tem construído sistemas filosóficos e psicológicos. Em um esforço para explicar o mundo para si próprio. É o desenvolvimento destes mesmos processos que tem conduzido o surgimento da ciência e da era tecnológica na qual estamos vivendo agora. Do mesmo modo ela é uma concepção, de um tipo de falácia, que é responsável por todos os pensamentos, distúrbios metais e emoções que seguem a motivar atividade física, verbal e mental que conduzem a uma condição cíclica de existência (samsara) em que sofrimento e descontentamento são inevitavelmente experienciados.
Percepção é, essencialmente, uma forma de cognição receptiva e não refletiva enquanto concepção é responsiva e refletiva. Como vimos nas seções anteriores, percepção conta com três causas primárias para o seu surgimento: a dominante, objeto e condições imediatas. Concepção, no entanto, necessita somente de duas delas, as condições dominante e imediata. Sua origem, por essa razão, não é primariamente dependente da condição de um objeto, mas somente de um estado de cognição previamente ocorrido, no qual para ele, visto que ela é uma cognição mental, são ambas as condições dominante e imediata. Diferentemente de percepção, ela não apreende um objeto pela força da sua aparência, preferivelmente, ela apreende o objeto primariamente devido à força de uma disposição subjetiva. Por exemplo, uma cor, o órgão olho e um estado de cognição são as condições que automaticamente produzem uma percepção visual da cor. Mas, diferentemente desta, a concepção, “esta é uma cor”, é um reflexo intencional de um objeto já apresentado para mente pelo sentido de percepção visual. Este é um exemplo de um tipo comum de concepção formulada sem o fluxo interno de pensamento que constantemente acompanha nossas experiências sensoriais do mundo. Também, além deste tipo, todas as respostas emocionais internas de nossas experiências, se benéfica ou prejudicial, também são consideradas como formas conceituais de cognição. Tais respostas subjetivas ocorrem devido a nossas predisposições que são estabelecidas através dos hábitos adquiridos. Algumas pessoas, por exemplo, tem uma tendência forte para responder com raiva ao passo que outras faltam esta tendência e, ao contrário, são capazes de pacientemente aceitam seja qual for a situação confrontada por ela. Tais reações como estas são ambas devido ao modo no qual a mente tem sido condicionada e treinada no passado. Por essa razão, visto que estas predisposições não são propriedades intrínsecas da mente, é possível superar algumas tendências
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prejudiciais e distúrbios através do conhecimento e familiarização com seus correspondentes antídotos benéficos.
A. Imagens Mentais O elemento mais característico dentro de uma cognição conceitual é a sua
apreensão de um objeto por meio da “mistura” dele com uma imagem mental. Para qualquer concepção o objeto concebido aparece indistintamente misturado junto com uma imagem subjetivamente projetada do objeto. A cognição conceitual, porém, é incapaz de distinguir entre o objeto com sua objetividade existente e a sua própria imagem subjetiva projetada que aparece misturada junto com o objeto. Por essa razão, ela é chamada de um estado enganoso de cognição. Mas para chamar uma concepção de “enganosa” não é necessariamente uma negação da validade de alguma cognição. O engano aqui se relaciona somente com o modo como aparece, mas não o modo da existência do objeto. Naturalmente, certas concepções são enganosas com o modo de existência dos seus objetos tanto quanto o seu modo de aparecimento. Deste modo, elas caem numa categoria de cognição errônea. Mas muitas concepções fazem apreender corretamente seu modo de existência do objeto apesar do objeto aparecer de uma maneira falaciosa.
Este processo pode ser ilustrado de forma mais simples por meio da seguinte analogia: supomos que um homem tem visão curta. Sem seus óculos tudo a distância aparece obscuro e de forma borrada para ele, mas assim que ele coloca seus óculos, as imagens previamente indistintas voltam claramente para o foco. Do mesmo modo, similar para a maneira na qual este homem percebe formas visuais por meio do fator intermediário dos seus óculos, uma cognição conceitual apreende seu objeto por meio de um fator intermediário de uma imagem mental. Uma similaridade adicional é que pelo homem usar óculos, ele é incapaz de distinguir entre os objetos que ele vê e as lentes nos seus óculos, uma concepção de que algo é incapaz para distinguir entre as características do seu objeto e a características subjetivamente impostas da imagem mental. Contudo, ele não sugere que uma imagem mental é não apreensível. Apesar dela não ser apreendida por uma mente conceitual que mistura‐se com o objeto, todavia ela pode ser apreendida por outra mente conceitual. Especialmente durante a lembrança, podemos, separadamente, conhecer a imagem mental do objeto por meio de outras concepções. Mas, esta concepção da imagem mental é sempre uma concepção a não ser que a lembrança na qual usamos a imagem refira‐se ao seu objeto.
Cada estado conceitual da mente, desde um simples pensamento ou memória de um objeto ou de um apego instintivo pela noção de um “eu” auto‐existente, seria compreendido por apreender seu objeto desta forma.
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B. Concepção Baseada em uma Imagem Experimental e Nominal Uma concepção* é definida como uma cognição concebida que apreende seu objeto
através de uma média de imagens experimental e nominal que são ajustadas para serem misturadas. Geralmente falando, definimos uma imagem mental* de um objeto como uma entidade mentalmente projetada que , embora não sendo o objeto, aparece como se ele fosse. Aqui, apesar de fazer uma distinção entre imagem experimental e imagem nominal, ambas, todavia, possuem estas características definidas. Deste modo, imagens nominais e experimentais são, ambas, consideradas tipos de imagem mental. Suas diferenças encontram‐se no modo no qual o objeto em questão foi ou está sendo apreendido. Se tivermos ou estamos tendo uma cognição direta de um objeto, então é possível para nós concebê‐lo através da média de uma imagem experimental, mas sem tal experiência, seria possível, somente, concebê‐la por meio de uma imagem nominal. A concepção de alguma coisa somente através de uma imagem nominal não depende de uma experiência direta de um objeto, mas, meramente de uma descrição verbal dela. Somente quando estamos familiarizados com o objeto através de uma apreensão direta tanto quanto uma descrição verbal é possível concebê‐lo de ambas as maneiras. Em tal caso as imagens experimental e nominal do objeto aparecem juntas. Por isso quando a definição: estado “ajustado por ser misturado”, é para indicar que a concepção de um objeto pode ocorrer através de uma imagem experimental ou uma imagem nominal sozinha, ou por meio das duas juntas..
Isso nos leva a fazer uma divisão tripla dentro de cognição conceitual, uma chamada concepção do objeto somente através de uma imagem experimental, a segunda somente através de uma imagem nominal e a terceira por meio de ambas. Um exemplo do primeiro tipo, a concepção de um objeto somente por meio de uma imagem experimental, seria de uma jovem criança concebendo um objeto que ela vê diretamente e apreende, mas para o qual ela não conhece o nome pelo qual descrevê‐lo ou identificá‐lo. Após esta experiência a criança é capaz de conceber o que ela vê, mas esta concepção ocorre para ela meramente através da aparência de uma imagem experimental sem qualquer imagem baseada em uma descrição verbal. Um exemplo de uma concepção de algo somente por meio de uma imagem nominal seria a concepção da cidade de Roma na mente de uma pessoa que jamais esteve lá e ouviu apenas uma descrição da cidade. Mais uma vez a pessoa será capaz de formar uma concepção na sua mente de Roma. Mas neste caso ela ocorrerá para ela meramente através de uma aparência nominal da imagem sem nenhuma imagem baseada na sua própria experiência. Na terceira situação, uma concepção de um objeto por meio de ambas, imagens experimental e nominal seria a concepção de um objeto na mente de uma pessoa, tal como a sua casa ou o seu carro, no qual ele tem ambas diretamente apreendidas e na qual ele reconhece pelo nome e descrição. Neste caso a concepção do objeto pela pessoa ocorre por meio de ambas, uma imagem experimental tanto quanto uma imagem nominal aparecendo para sua mente.
Em todos os três exemplos seria apontado que apesar das imagens experimental e nominal aparecerem para a mente, elas não são apreendidas pela mente que tem nelas como seus objetos apreendidos. Em qualquer cognição conceitual as imagens
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experimental e nominal simplesmente agem como a média – como as lentes de um óculos em nosso exemplo – por meio no qual os objetos primários – o que foi visto pela criança – Roma, ou o carro e a casa do homem são apreendidos. Em todos os três exemplos as imagens experimental e nominal são similares no que são projeções subjetivas que duplicam a imagem do objeto por meio de uma aparência na qual a concepção é capaz de ocorrer. A diferença entre uma imagem experimental e uma imagem nominal é realizada de acordo com a base na qual a duplicação foi feita. Se a imagem é formada da experiência direta de uma pessoa, então ela é chamada de uma imagem experimental. Mas se uma imagem é formada de uma rotulagem e descrição do objeto. Visto que muitas imagens são duplicatas de ambas experiências diretas tanto quanto rotulações e descrições (sem a dependência exclusiva de uma ou outra destas bases) também falamos de concepções ocorrendo por meio de imagens experimental, nominal, ou ambas juntas. Todas as concepções , por essa razão, ocorrem em uma destas três maneiras, e através da amplificação de cada exemplo dado acima devemos ser capaz para ver como isto é então.
C. Concepções Termo‐conectadas e Fato‐conetadas Outra distinção que pode ser feita dentre cognições conceituais é a divisão de
acordo com a sua função cognitiva, divisão esta em concepções termo‐conectada e fato‐conectada . A maioria das concepções funcionam em uma destas duas maneiras: elas simplesmente são um nome a um objeto ou elas atribuem certas qualidades para um objeto. Uma concepção termo‐conectada* é definida como uma concepção que apreende seu objeto conectando um termo a ela.
Como exemplo deste caso seriam as seguintes citações, “isto é chamado de um jarro” ou “aquilo é chamado de uma mesa”. Nestes casos a apreensão conceitual é conduzida através da designação simples de um termo “jarro” e “mesa” para objetos que possuem as características necessárias para uma identificação de tais objetos.
A definição de uma concepção fato‐conectada* é uma concepção que apreende seu objeto através da conexão de uma qualidade para sua base. Como exemplo temos a seguinte afirmação, “sons são impermanentes”. Aqui o objeto não é meramente identificado com um termo, mas é referido por uma frase a qual atribui para ela a característica de impermanência. Contudo, todas as concepções termo‐conectados são necessariamente concepções fato‐conectados. O pensamento “isto é chamado de jarro”, por exemplo, além de uma simples designação do objeto com o rótulo “jarro” é também conectada com a qualidade da função “jarro” para a sua base, o objeto com round belly (em torno da barriga) e a capacidade para ser à prova de água. Concepções fato‐conectadas, porém, não são necessariamente termo‐conectadas. O pensamento “som é impermanente”, somente imputa uma qualidade específica, impermanência, para o objeto som, mas não rotula som com um termo pelo qual ele é, exclusivamente, entendido.
Todas as concepções, contudo, não necessariamente caem nestas duas categorias. Por exemplo, a simples concepção de um “jarro”, embora ela apreenda seu objeto ´por meio de uma mistura dele com a sua própria imagem subjetivamente projetada, não é
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considerado termo‐conectada nem fato‐conectada, mas meramente uma apreensão conceitual da presença fundamental de uma jarra.
D. Concepções verdadeira e falsa Além disso, concepções podem ser classificadas em verdadeiras ou falsas. Uma
concepção verdadeira é aquela na qual o objeto apreendido é existente, enquanto uma concepção falsa é aquela na qual o objeto apreendido é não existente. Por esta razão, a concepção que som é impermanente, por exemplo, está de acordo com a realidade e deste modo é verdadeira, mas a concepção que som é permanente é falsa, visto que ela não está de acordo com a realidade. No caso de percepção, a distinção entre verdadeira e falsa foi determinada na condição do objeto aparecer de um modo enganoso ou não. Mas para concepções, visto que objetos sempre aparecem de uma maneira enganosa, i.e inseparavelmente misturada com uma imagem mental, elas , somente, são verdadeiras ou falsas na base em que são apreendidas, não na base do que aparece a elas.
E. Lembrança e Imaginação Futuro‐Orientada Finalmente, outro dois tipos de concepções devem ser mencionadas aqui por causa
das suas freqüentes ocorrências, nomeadamente lembrança e imaginação futuro‐orientada. Percepções são relacionadas com objetos presentemente existentes que somos capazes de experienciar imediatamente. A mente conceitual, de qualquer modo, além de ser considerada uma experiência presente, é também capaz de relembrar experiências passadas e planejar eventos que ocorrerão no futuro. Uma grande parte do nosso tempo, a cada dia, é gasto nestas duas atividades conceituais. Constantemente estamos nos referindo ao passado para coletar eventos acontecidos tanto quanto planejando o curso do nosso futuro, seja ele amanhã, ou o próximo ano ou mesmo a próxima vida. De um ponto de vista positivo podemos usar a nossa memória para ajudar‐nos a adquirir compreensão das características de insatisfatoriedade e transitoriedade de nossas vidas pela recordação e investigação da natureza das nossas experiências anteriores. Do mesmo modo, podemos construtivamente planejar o futuro contemplando os vários estágios do caminho para iluminação e pela geração do desejo de atingir estes estágios e progressos ao longo do caminho. Ao contrário, tendemos a indulgir na memória prazeres sensuais e planejamos progredir somente por limitadas gratificações em um futuro imediato. Por meio disso, desperdiçamos o grande potencial da vida humana e perpetuamos o ciclo da existência de descontentamento.
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Conteúdos do Capítulo Três I ETMOLOGIA E DEFINIÇÃO 33 A. Frescor 34 B. Infalibilidade (Compreensão) 34 C. Cognição 35 II PERCEPÇÃO VÁLIDA 35 III CONCEPÇÃO VÁLIDA (INFERENCIA) 36 A. Um Raciocínio Perfeito 37 B. Cognições Estabelecidas 37 C.Três Tipos de Inferências Válidas 38
1. Inferência Direta 39 2. Inferência Convencional 39 3. Inferência de Crença 39
D. A Necessidade da Inferência 40 IV MENTES VÁLIDAS AUTO‐DETERMINADORAS E
NÃO AUTO‐DETERMINADORAS 40 A. Mentes Válidas Auto‐Determinadoras 41 B. Mentes Válidas Não Auto‐Determinadoras 42 V DIVISÃO ETMOLÓGICA DE VÁLIDA 43
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Capítulo Três
Mente Válida
Vimos nos capítulos anteriores que uma cognição pode ser tanto uma percepção quanto uma concepção. No entanto, dentre todas as várias percepções e concepções temos algumas chamadas de válidas, i.e. perfeitas e algumas de não válidas, i.e. estados mentais imperfeitos. Neste e no próximo capítulo discutiremos os fatores que constituem uma mente válida. Além disso, veremos em quais cognições faltam estes fatores e por isso são consideradas não válidas. Mais especificamente, diferentes mentes, válidas e não válidas, serão descritas abaixo em sete tópicos referindo‐se àqueles que são conhecidos por “sete tipos de mente”. Dois destes tipos serão abordados neste capítulo. Os cinco tipos remanescentes, cognição subseqüente, crença correta, percepção desatenta, indecisão e cognição errônea, são mentes não válidas e serão abordadas no próximo capítulo.
1. ETMOLOGIA E DEFINIÇÃO Em Sânscrito o termo para mente válida é pramana. Pra significa inicial, recente
(fresca), principal ou melhor e mana significa consciência ou cognição. Todas as escolas filosóficas Budistas, exceto a Prasangika‐Madhyamikas, entendem pra pelo significado que mente válida é uma cognição inicial, fresca, i.e. somente no primeiro momento de uma cognição, portanto, sem um fluxo particular de compreensão. A escola Prasangika‐Madhyamikas, entretanto, explica o prefixo pra como o objeto principal conhecido e por isso interpreta pramana como uma cognição que compreende seu objeto principal. Para eles mentes válidas não são somente os primeiros momentos de cognição que compreendem o objeto. Neste trabalho, no entanto, visto que utilizamos o sistema Sautrantika, a interpretação desta escola é aceita.
Toda mente válida possui três definições características: frescor, infalibilidade e cognição.
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A. Frescor A Característica de frescor indica que um estado válido de mente somente ocorre
como um ato cognitivo inicial sem qualquer série de cognições co‐relacionadas. Por exemplo, podemos compreender o som como impermanente na dependência de uma verificação lógica. O momento inicial de compreensão, onde, imediatamente, pegamos o significado deste ponto pela primeira vez, é conhecido por ser um estado mental válido. Mas, quando, subseqüentemente, nos referimos novamente a este ponto, posto que retemos a nossa compreensão, ela será sempre induzida pela força da compreensão original (e carece do seu momento inicial). Deste modo, todas as mentes válidas, seja percepção ou concepção, suportam esta qualidade de frescor e originalidade através da força na qual qualquer cognição subseqüente é induzida. Por afirmar frescor como uma definição característica de uma mente válida, elimina a possibilidade de qualquer cognição subseqüente ser considerada como válida como é defendida pela tradição Prasangika‐Madhyamikas.
B Infalibilidade (Compreensão) A segunda definição característica de uma mente válida é da infalibilidade. Isto
significa que uma mente válida é uma mente que compreende seu objeto. Mas o que significa por uma mente que compreende seu objeto? Significa que ela é capaz de indicar uma determinação correta do objeto e eliminar concepções errôneas em relação a ele. Compreensão* , como ela é entendida aqui, pode pertencer para ambas as cognições, percepção e concepção. Um exemplo de uma percepção que compreende seu objeto seria uma percepção visual de uma rosa que cria uma impressão suficiente na mente para ser capaz de induzir a uma correta determinação conceitual que o objeto visto era uma rosa. Além disso, visto que a base desta percepção existe não possibilita conceber a rosa por qualquer outra coisa que não seja uma rosa, por isso é capaz de eliminar erro sobre o objeto. Do mesmo modo, em termos de concepção, a correta cognição inferente que som é impermanente é capaz de provocar a completa certeza do fato e não deixa nenhuma dúvida ou erro a respeito dele. Por essa razão, ele é também considerado como sendo uma compreensão do seu objeto. Por isso, esses dois critérios estabelecem se uma cognição compreende seu objeto ou não, por meio disso pode ser considerada por ser infalível.
Anteriormente, falamos de percepção e concepção verdadeiras . Porém, por ser uma cognição verdadeira não significa que seja identificada como sendo infalível. O que caracteriza uma cognição como verdadeira ou falsa não é pela sua capacidade de induzir convicção e certeza sobre o objeto ou não, mas se a apreensão do seu objeto está de acordo com uma realidade ou não. No caso da nossa crença correta na impermanência do som, por exemplo, a apreensão está de acordo com a realidade e deste modo a crença é uma concepção correta. Mas não é considerado por compreendido que som é impermanente, porque sendo meramente uma crença falta a ela uma base de raciocínio e é, deste modo, incapaz de fazer surgir alguma certeza real e convicção sobre o fato. Portanto, uma crença
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correta é verdadeira, mas não é uma cognição infalível. Deste modo ela não pode ser considerada como uma mente válida, ainda que ela possua as outras duas definições características de frescor e cognição. Similarmente, uma percepção desatenta de um som, por exemplo, é considerado, também, como uma percepção verdadeira. No entanto, ela não é uma cognição infalível porque a impressão que ela deixou na mente não é forte o suficiente para induzir a uma certeza sobre como o som era ou se alguém realmente ouviu o som ou não.
B. Cognição A terceira definição característica de uma mente válida é que a cognição na qual
está incluída tem como objetivo eliminar a noção que uma forma de mente válida não consciente possa existir. Especificamente, nos referimos à crença Vaibasikas que os órgãos físicos dos sentidos, visto que eles agem como a base para uma mente válida, são também válidos (pramana). Na realidade eles são meramente objetos materiais incapazes de alguma atividade consciente.
II PERCEPÇÃO VÁLIDA Já discutimos o tópico percepção de modo geral tanto quanto os meios para serem
consideradas percepções verdadeiras ou falsas.Agora, faremos outra distinção dentre as consideradas percepções verdadeiras naquelas as quais são estados mentais válidos e não válidos.
Uma percepção válida é, necessariamente, uma percepção verdadeira. Mas uma percepção verdadeira não é, necessariamente uma percepção válida. Uma percepção válida* é definida como uma cognição recente e infalível que é livre de conceitualidade. Por essa razão, a todas as percepções verdadeiras faltam ambas as características definidoras, a de frescor e a de infalibilidade, por isso, são considerados estados mentais não válidos. Toda as cognições perceptivas subseqüentes , portanto, são inválidas, visto que a elas faltam a qualidade de frescor e infalibilidade, e todas as percepções desatentas são inválidas visto que a elas faltam a qualidade de infalibilidade. Para estados válidos de percepção podemos distinguir quatro tipos distintos de acordo com a divisão quádrupla de percepção verdadeira em percepção sensorial verdadeira, percepção mental verdadeira, percepção aperceptiva e percepção contemplativa.
Uma percepção sensorial válida* é definida como uma cognição recente e infalível, livre de conceitualidade, que surge na dependência de um órgão físico com a sua condição dominante. De acordo com o órgão sensorial, ocorre numa divisão quíntupla que pode ser feita em percepções sensoriais válidas visual, auditiva, gustativa, tátil, olfativa. Um exemplo seria a compreensão visual inicial de uma flor. Somente a ação inicial de cognição é considerada como válida, visto que todas as cognições subseqüentes pertencem ao
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mesmo contínuo da percepção visual tanto quanto qualquer compreensão conceitual resultante são induzidas pela força desta percepção inicial.11
Uma percepção mental válida* é definida como uma cognição não aperceptiva fresca e infalível, livre de coneitualidade que surge na dependência do órgão mental com sua condição dominante. Como com a percepção sensorial válida a definição característica de percepção mental válida são similares com aquelas correspondentes percepções verdadeiras com a adição das qualidades de frescor e infalibilidade. Do mesmo modo existe a divisão sêxtupla em percepção mental válida de formas visuais, sonoras, olfativas, gustativas, táteis e objetos mentais puramente. Exemplos destas mentes, todavia, são encontradas, somente, nas mentes dos Aryas. Para seres ordinários percepções mentais verdadeiras serão sempre desatentas. Um exemplo seria o momento inicial de consciência elevada de um Arya sobre a mente de outra pessoa.
Uma cognição aperceptiva válida* é definida como uma percepção fresca e infalível possuindo o aspecto de uma apreensão e sendo livre de conceitualidade. Podemos distinguir duas formas: experiência aperceptiva válida de cognição sensorial e experiência aperceptiva válida de cognição mental. Como anteriormente, um exemplo seria a experiência aperceptiva inicial de algum estágio de cognição, a qual é capaz de induzir a uma certeza subseqüente e convicção sobre o seu objeto.
Finalmente, uma percepção contemplativa* é definida como uma cognição não
aperceptiva , fresca e infalível na mente de um Arya que é livre de conceitualidade e surge na dependência da concentração unificada da tranqüilidade mental e do insight penetrativo com sua condição dominante. As várias divisões são feitas, como com a percepção contemplativa verdadeira, de acordo com os diferentes objetos percebidos. Um exemplo seria uma compreensão inicial da vacuidade da pessoa em um Arya.
No caso de percepções sensorial, mental e aperceptiva existem estados mentais subseqüentes e desatentos, em adição aos estados mentais válidos que temos descritos aqui. Mas para percepções contemplativas, embora existam estados subseqüentes, é impossível um estado desatento porque todas as percepções contemplativas necessariamente compreendem qualquer coisa que apareça para ela. A natureza das percepções subseqüentes e desatentas não será detalhada aqui mas no capítulo seguinte.
II. CONCEPÇÃO VÁLIDA (INFERENCIA) Em contraste com uma compreensão perceptiva válida de um objeto que ocorre em
uma experiência imediata, uma compreensão conceitual válida realiza diretamente a base lógica e raciocínio corretos para sua ocorrência. Dentre todas as concepções, somente um estado inicial de compreensão inferencial gerada com uma base de raciocínio perfeito é considerada uma concepção válida. Este estado mental conhecido como inferência válida* é definido como uma concepção cognitiva recente e infalível que surge na dependência
11 Este se refere ao fato que qualquer percepção inicial de uma rosa particular pode fazer surgir a sua própria série de percepções subseqüentes e concepções de algo particular. Temos de uma rosa esta vida como base para todas as percepções e concepções de rosas.
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direta do raciocínio perfeito como sua base. Em Sânscrito o termo para inferência é anumãna. Anu significa subseqüente e mãna significa cognição. Então uma inferência é uma compreensão de algo que ocorre após um soma de certezas de um interrogatório lógico. Nesta tradição, porém, o termo “inferência” refere‐se, somente, a uma inferência válida e não apenas alguma cognição que ocorre após pensamento e investigação.
A. Um Raciocínio Perfeito Inferência é, especialmente, importante na compreensão de coisas as quais não são
evidentes à percepção. Muitos tópicos, tais como impermanência, a vacuidade da pessoa e a vacuidade dos fenômenos são no momento obscuros da nossa experiência imediata e podem somente ser compreendidos através de uma mente conceitual. A fim de fazer algum progresso ao longo do caminho para iluminação ela é essencial na compreensão destas coisas. Mas, antes de se atingir um insight percptivo sobre estes tópicos, é necessário verificá‐los, corretamente, por meio de inferência. Contudo, uma compreensão inferente destes tópicos não surgirá nas nossas mentes devido, simplesmente, à preces ou por suportar certas privações físicas. Ele tem que ser cultivado através de um processo de raciocínio exato.Afim de que uma compreensão inferencial que som é impermanente, por exemplo, um raciocínio perfeito seja encontrado, exposto para e estabelecido com a mente. No caso de um raciocínio perfeito para prover som como impermanente seria a qualidade de ter sido criado (na dependência de causas e condições). Mas, não é suficiente, simplesmente, afirmar este raciocínio para que uma compreensão ocorra. O raciocínio deve primeiro estabelecer , ambos, aplicável para o sujeito e congruente com o predicado. Neste caso o sujeito é som, o predicado ou fator a ser estabelecido é impermanência, e o raciocínio é a qualidade de ser criado. Primeiramente, a qualidade de ser criado está mostrando a aplicabilidade para o sujeito, som, visto que ele é uma propriedade natural do som. Como segunda razão, a qualidade de ser criado é congruente com o predicado, impermanência. Por essa razão, a qualidade de ser criado é um raciocínio perfeito para estabelecer que som é impermanente. A compreensão inferente que som pode surgir somente quando estas condições de aplicabilidade para o sujeito e congruência com o predicado são estabelecidos com a mente de uma pessoa desejosa de tal conhecimento.12
B. Cognições Estabelecidas Devemos saber como o processo cognitivo faz o estabelecimento da aplicabilidade
para o sujeito e a congruência com o predicado assumirem uma posição. Antes da geração de uma compreensão inferencial válida, duas outras compreensões ‐ conhecidas como cognições estabelecidas* ‐ devem, primeiro, ser realizadas. Estas agem como condições 12 Aqui, com o objetivo de simplificar, temos mencionado somente o raciocínio estabelecido de aplicabilidade para o sujeito (phyogs.chos) e congruência com o predicado (rjes.khyab) como necessário para qualificá-la como um raciocínio perfeito (rtags.yang.dag). Na realidade é necessário também estabelecer o terceiro fator, nomeadamente o raciocínio incongruente com os elementos contrários ao predicado (idog.khyab). Estes três fatores são chamados “os três modos” (tshul.gsum) e eles são as características definidoras de um raciocínio perfeito*.
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contributivas que transformam uma mera crença correta que som é impermanente em uma compreensão verdadeira. Uma destas cognições estabelecidas tem a tarefa de determinar a aplicabilidade do raciocínio para o sujeito e outra a tarefa de determinar a congruência do raciocínio com o predicado. Então, em termos do nosso exemplo, duas cognições, uma estabelecendo que a qualidade de ser criado é aplicável para som e outra estabelecendo que qualquer coisa que é criada é necessariamente impermanente, devem ser geradas antes de uma inferirmos a validade que som é impermanente possa ocorrer. A primeira destas, uma cognição compreensiva estabelecendo que som é criado (no contexto de provar que som é impermanente pelo raciocínio de que ele é criado) é definida como segue: ela é uma cognição na mente de um recipiente apropriado para comprovar que (a) uma apreensão infalível que som é criado e (b) a causa para a inferência que compreende som como impermanente pelo raciocínio de ser criado. É por meio desta compreensão que a aplicabilidade do raciocínio para esta comprovação compreende que qualquer objeto que é criado é, necessariamente, impermanente. É definido como uma cognição na mente de um recipiente adequado para a comprovação, que é (a) uma compreensão infalível o fato que qualquer objeto criado é, necessariamente, impermanente e (b) uma causa para a inferência que compreende som como impermanente pelo raciocínio da sua criação. Esta compreensão é, necessariamente, a fim de que estabeleça a congruência do raciocínio com o predicado. Além disso, ambas as cognições estabelecidas podem ser compreensões tanto perceptivas quanto conceituais, i.e. uma percepção válida, uma inferência válida ou uma cognição subseqüente induzida por qualquer uma delas. Deste modo uma cognição estabelecida pode ser uma compreensão criada na experiência imediata ou baseada, ainda, em outro raciocínio. Por essa razão, em certos casos, uma compreensão inferencial de uma coisa pode agir como uma cognição estabelecida que produz uma compreensão inferencial de alguma outra coisa. Na definição também mencionamos que uma cognição estabelecida é uma cognição na mente de um recipiente adequado. Um recipiente adequado para a comprovação é uma pessoa de quem a mente comprova tem, ainda, que ser estabelecida. Alguém que já compreende som por ser impermanente seria, por essa razão, .um recipiente adequado para sua comprovação.
C. Três Tipos de Inferências Válidas A compreensão conceitual inicial que surge na dependência de um raciocínio no
qual é estabelecido como aplicável para o sujeito e congruente como o predicado são para serem compreendidas como inferências válidas. Além do mais, uma inferência válida é gerada na dependência de um dos três tipos de raciocínio: um raciocínio direto, um raciocínio convencional ou um raciocínio de crença. Um raciocínio direto estabelece o fato sobre o objeto através da força direta de uma marca lógica que sustenta o objeto. Um raciocínio convencional, além de ser um raciocínio direto, estabelece o fato sobre o sujeito que é verdadeiro meramente pela força de uma convenção popular. Um raciocínio de crença não é um raciocínio direto mas um que estabelece a validade de uma citação escritural baseada numa crença de infalibilidade da pessoa que a proferiu. Deste modo, uma compreensão inferencial que ocorre na dependência destes três tipos de raciocínios
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são, respectivamente, chamadas “uma inferência direta”, “uma inferência convencional”, e “uma inferência de crença”.
1. Inferência Direta Um exemplo de inferência direta seria a compreensão inferencial que som é
impermanente, baseado no raciocínio de ser criado. A qualidade de ser criado é um raciocínio que comprova que som é impermanente. Deste modo, a compreensão inferencial decorrente que som é impermanente é chamada de “uma inferência direta”. A maior parte das inferências que compreende fenômenos ocultos, tais como a existência das vidas passadas e futuras, liberação, onisciência, vacuidade, e assim por diante são também inferências diretas.
2. Inferência Convencional Como exemplo de uma inferência convencional seria a compreensão inferencial
que o termo “o carregador de coelho” é adaptado para denotar a lua, baseado no raciocínio que ele é um objeto de concepção. O “carregador de coelho” é um termo comum usado na Índia e no Tibete para referir‐se a lua, visto que destes paises a face de um coelho é comumente formada pelas marcas na lua. Por essa razão, esta é uma inferência convencional, porque o que está sendo estabelecido é verdadeiro somente para certas pessoas que estão de acordo com esta convenção particular.
3. Inferência por Crenças Finalmente, um exemplo de uma inferência por crença seria um compreensão
inferente que a declaração de Nagarjuna, “A riqueza surge da generosidade e felicidade da disciplina moral”13 é infalível por que ela é uma declaração certificada pelos três tipos de investigações. O ponto a ser compreendido, neste estabelecimento, é a infalibilidade, i.e , realmente verdadeira, baseada no raciocínio que ela é uma citação de uma escritura certificada, ou validada pelas três formas de investigação. Estes meios que estabeleceram é apoiado por ser não contraditória, com percepções válidas e inferências diretas ou crenças inferentes. Deste modo, se uma citação, a qual estabelece alguma coisa que é oculta de nossas faculdades sensoriais e do raciocínio direto, pode resistir a um exame crítico baseado nestas faculdades e não serem apoiados em contradições, então, é certificada pelos três tipos de investigação. Qualquer inferência que compreenda o significado, de modo que, uma citação, por ser verdadeira, por causa de tal raciocínio é que chamamos de uma crença inferente.
13 Veja Nagarjuna, The Precious Garland v. 438
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D. A Necessidade da Inferência Inferência Válida é extremamente importante, pois ela nos habilita a compreender
aquelas coisas que são ocultas da nossa consciência perceptiva. Ambas, em termos mundiais, a investigação científica, tanto quanto um seguidor do caminho do Darma, a compreensão inicial de qualquer coisa deve ser primeira atingida através de uma pesquisa analítica baseada em um raciocínio perfeito. Tais compreensões inferentes, de qualquer modo, são chamadas de “uma inferência direta” ou “uma inferência de crença” são , todavia, estados de mentes válidas capazes de clarificar nossa concepção da realidade e conduzir‐nos para estados ainda maiores de compreensão.
Se pensarmos sobre isto, devemos descobrir que o que não compreendemos é muito maior do que aquilo que fazemos. Todavia, muitas pessoas assumem que o que elas compreendem é idêntico ao que existe e o que elas não compreendem é identificado com o que não existe. Conseqüentemente, eles afirmam muitas coisas existentes por não existentes, enquanto, de fato, sua existência é simplesmente oculta de uma cognição imediata. A base desta atitude confusa para com o que não é perceptivamente evidente, alguns pensamentos e ações tornam‐se desfavoravelmente afetados e o modo de vida nocivo, que trazem somente sofrimento e descontentamento para você próprio e para os outros, é perseguido. Ela é, por essa razão, essencial para alcançar uma compreensão clara de todos os aspectos da realidade que estão, no presente momento, ocultos e obscurecidos para nós, afim de que sejamos capazes de conduzir nossa vida de uma maneira benéfica e significativa.. Além do mais, a forma de atingir tal compreensão é através de uma investigação conceitual, baseada nas próprias experiências imediatas e nas dos outros , que conduza para uma compreensão inferencial válida. Visto que tal insight não está disponível no momento presente para as faculdades sensoriais, deste modo, é necessário reconhecer a importância da inferência.
IV.MENTES VÁLIDAS AUTODETERMINADORAS E NÃO
AUTODETERMINADORAS Tendo discutido a constituição de um estado mental válido, devemos fazer agora
mais uma distinção dentro de mentes válidas, naquelas que são autodeterminadoras. Uma mente válida autodeterminadora* significa que, além de possuir as características de uma mente válida, ela é capaz, pela sua própria força, de conduzir para uma certeza que não ocorreria se o componente essencial para a sua compreensão fosse removido do seu campo objetivo de referência. Em outras palavras, ela é uma mente válida que claramente compreende qual é o componente essencial do seu campo objetivo de referência. Por exemplo, quando vemos uma figura muito familiar, tal como nosso pai ou mãe, reconhecemos, imediatamente, o componente essencial do que estamos vendo, nomeadamente nosso pai ou mãe. Por meio disso, somos capazes de induzir, através da força da nossa percepção visual, a certeza que se fosse removido o componente essencial do campo objetivo de referência , tal percepção visual, possivelmente não ocorreria. Este estado mental válido é , desta maneira, chamado de “autodeterminador” visto que através
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da sua própria força podemos determinar se ele ocorreria ou não caso o componente essencial fosse removido do campo objetivo de referência. Uma mente válida não autodeterminadora , é aquela que não tem a habilidade para conduzir para esta certeza pela sua própria força. Como substituto, ele tem que realizar força ainda maior na compreensão a fim de saber qual é o componente essencial do campo objetivo de referência. Podemos estar dirigindo nosso carro e ouvir um ruído vindo do motor. Compreendemos que é um ruído mas não sabemos que ele é um ruído de uma vareta do pistão frouxa. Neste caso a percepção auditiva é uma cognição válida de um ruído. Mas visto que ela é incapaz de conduzir para uma certeza que ela não ocorreria se o componente essencial – o ruído da vareta frouxa do pistão ‐ fosse removido do campo objetivo de referência, ele é uma mente válida não auto determinadora. A fim de ganhar tal certeza seria necessário realizar mais investigação e compreensão, pelo próprio motorista ou por um mecânico, a fim de descobrir qual é o componente essencial do campo objetivo de referência. Por essa razão, uma mente válida não auto determinadora*, é definida como uma mente válida que necessita depender da força de uma outra cognição a fim de conduzir para a certeza que ele não ocorreria se o componente essencial do qual ela compreende fosse removido do seu campo objetivo de referência.
A. Mente Válida Auto Determinadora Existem cinco tipos de mentes válidas autodeterminadoras, todas conforme as
características definidoras explicadas abaixo: i percepção sensorial válida de uma função evidente. Um exemplo de tal percepção
seria a apreensão sensorial que fogo tem a função de queimar madeira. Quando observamos o fogo consumindo a madeira, a sua função evidente está claramente compreendida e deste modo o componente essencial com o campo objetivo de referência é identificável.
ii Percepção sensorial de um objeto familiar. Através da força da familiaridade
com um objeto, certeza de como o que ele é corre rápido e facilmente. Um exemplo seria a percepção sensorial de uma criança da forma do seu pai.
iii., iv, v Estas são a cognição perceptiva válida, percepção contemplativa válida,
e respectivamente uma inferência válida. A natureza destas estão explanadas abaixo. Além do mais, devemos compreender, agora, que elas são exclusivamente estados mentais autodeterminadores. Por isso uma mente válida autodeterminadora é uma na qual o objeto compreendido é o mesmo do componente essencial do qual é compreendido. Visto que ele compreende este componente essencial, compreende qual objeto é responsável pela sua ocorrência e por meio disso é capaz de provocar a certeza que sem a presença do objeto não teria ocorrido.
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C. Mentes Válidas Não Autodeterminadoras Quando classificamos de acordo com a etimologia temos seis tipos de mentes
válidas não autodeterminadoras. Uma classificação etimológica é aquela na qual são feitas primeiramente do ponto de vista do termo, deste modo possibilitando certas coisas serem classificadas não realmente como a coisa em questão mas meramente por ter semelhança com ela.
i Uma mente válida para qual o que aparece é autodeterminador mas a real
natureza do objeto é não autodeterminadora. Um exemplo disto seria uma percepção verdadeira que apreende uma mancha longínqua de aparência vermelha, pela distância está incerto se é ou não a aparência de um fogo, quando de fato é. Neste caso existe uma cognição válida autodeterminadora do que aparece, nomeadamente com relação a real natureza do objeto, sua aparência vermelha de fogo. Deste modo, falta compreender qual é o componente essencial do seu objeto. Por essa razão, ela é incapaz de conduzir, pela sua própria força, para a certeza sobre se o objeto observado era fogo ou não ela não teria surgido.(revisar) Para esta certeza ser gerada é necessário contar com outra pessoa ou além disso alguém que compreenda o componente essencial do objeto como um de cor de fogo.
ii Uma mente válida para qual a característica universal do objeto é autodeterminador mas a característica particular é não autodeterminadora. Um exemplo seria a percepção sensorial verdadeira que apreende a árvore enquanto é incerto se ele é ou não uma árvore de sândalo, quando de fato ela é. Aqui a característica universal, como sendo uma árvore, é compreendida, mas sua característica particular, de ser uma árvore de sândalo, não é. Deste modo, no caso do componente essencial do objeto, uma árvore de sândalo, não é compreendido. Por essa razão, esta cognição é considerada como uma mente válida não autodeterminadora. Com este e o próximo exemplo seria claro que o componente essencial do que é compreendido e o objeto compreendido são diferentes para uma mente não autodeterminadora enquanto que para uma mente válida autodeterminadora elas são as mesmas.
iii Uma cognição que torna‐se uma mente válida não autodeterminadora apesar
do objeto ter aparecido. Um exemplo deste seria a percepção sensorial verdadeira de uma mancha de aparência azul que conduz para uma dúvida se foi vista tal mancha de aparência azul ou não. Neste caso, alguém, realmente percebeu a mancha de aparência azul mas a força da percepção falhou para conduzir a alguma certeza deste fato. Mas apesar da necessidade de contar com outras cognições ou outras pessoas para chegar a esta certeza, visto que a percepção original não foi válida mas desatenta, este exemplo não pode ser considerado como uma mente válida não auto‐determinadora genuína, ainda que seja chamada de tal.
iv Percepção verdadeira inicial. Um exemplo seria a percepção sensorial da cor
vermelha de uma rosa na mente de alguém que jamais tenha visto uma rosa antes. Este é
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uma percepção verdadeira inicial visto que é a primeira vez que ela ocorreu para a pessoa. Ela é uma mente válida não autodeterminadora visto que o componente essencial do objeto, a rosa de cor vermelha, não é compreendida. A pessoa compreende, somente, que o objeto é a aparência de uma flor. Esta percepção é, dessa forma, incapaz, pela sua própria força, de conduzir a certeza que ela não teria surgido, tinha o componente essencial, a cor de uma rosa, pelo qual foi compreendido, não estando presente no objeto, a cor de uma flor.
v Percepção verdadeira indireta. Um exemplo deste seria uma percepção sensorial de um som na mente de uma pessoa que é fortemente atraída por uma forma visual maravilhosa. Aqui, visto que a mente está completamente envolvida na apreensão da forma visual, apesar dos sons das pessoas falando pudessem ser ouvidos, não presta atenção neles. Mas, este estado de percepção é de fato uma percepção desatenta, uma mente não válida, e por esta razão, não pode, realmente, ser considerada como uma mente válida não auto determinada. É incluída aqui somente por causa de certas similaridades que ela possui com as mentes válidas não autodeterminadora que podem conduzi‐las a ser consideradas como tal.
vi Percepção verdadeira que é uma fonte de engano.Um exemplo disto seria uma
apreensão sensorial verdadeira do aspecto de uma miragem que diretamente provoca o erro que a miragem é água. Este é um exemplo de uma mente válida não auto determinada. No caso, o objeto compreendido é um vislumbre de uma aparição mas o componente essencial do objeto é uma miragem e esta não é compreendida. Deste modo, em vez de trazer a certeza que a natureza da aparição vislumbrada é uma miragem, ela conduz a uma concepção errônea que a aparição vislumbrada é água. Além do mais, compreender que a aparição vislumbrada é na realidade uma miragem e não água , outras pessoas ou mais cognições tem que ser realizadas. Por isso esta percepção visual válida é considerada como uma mente válida não autodeterminadora.
V. A DIVISÃO ETMOLÓGICA DE VÁLIDA. Além do mais, para denotar todos os estados válidos de cognição, o termo “válido”
(pramana) é usado também para expressar pessoas válidas e formas de fala válidas. Uma pessoa válida é aquela que não se engana, aquelas que estão se esforçando pela liberação do samsara. Um exemplo de tal pessoa seria Buda Shakyamuni. Um Buda é considerado como não enganoso e infalível, ele delineia, precisamente, para os seus discípulos individuais os meios pelos quais liberação e iluminação podem ser vencidos. O fato da infalibilidade de um Buda é extensivamente e diretamente provado no segundo capítulo do Comentário de uma Mente Válida de Dharmakirti. Na seção que trata com o modo no qual um Buda surge, sua infalibilidade é, principalmente, explanada através de uma apresentação Mahayana. Enquanto que a seção que trata do seu surgimento no mundo e a difusão dos ensinamentos é, primeiramente, explanada através da apresentação para os seres intermediários e de menor capacidade espiritual. Por estes raciocínios o segundo
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capítulo do Comentário para uma Mente Válida é considerado como a substância de um trabalho completo, visto que ele trata este ponto mais essencial.
Do mesmo modo fala válida é aquela na qual o sentido comunicado é não enganoso e de benefício para outros que estão se esforçando para encontrar a liberação do samsara. Quando Buda ensinou seus discursos sobre as quatro nobres verdades, por exemplo, este se constituiu de fala válida, porque ele instruiu pessoas no qual tem sido rejeitado, nomeadamente as verdades sobre o sofrimento e sua origem, e o que tem de ser aceito, nomeadamente as verdades da cessação do sofrimento e a verdade do caminho que conduz a tal cessação.
Deste modo, o termo “mente válida” (pramana) é aplicável aos três tipos de estados válidos de cognições, tais como aquelas discutidas acima; pessoa válida, tal como um Buda; uma fala válida, o discurso de uma pessoa válida. Por essa razão, ele não denota, exclusivamente, estados mentais.
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Conteúdos do Capítulo Quatro I COGNIÇÃO SUBSEQÜENTE 46 A. Percepção Subseqüente 47 B. Concepção Subseqüente 47 II CRENÇA CORRETA 48 A. Crença Correta Irracional 49 B. Crença Correta Baseada em um Raciocínio Contraditório 49 C.Crença Correta Baseada em um Raciocínio Inconcluso 49 D.Crença Correta Baseada em um Raciocínio Inaplicável 49 E.Crença Correta Baseada em um Raciocínio Perfeito
mas não Estabelecido 49 III PERCEPÇÃO DESATENTA 50 IV INDECISÃO (DÚVIDA) 51 A. Indecisão que Tende para uma Conclusão Correta 51 B. Indecisão que Tende Para uma Conclusão Incorreta 51 C.Indecisão Equilibrada 52 IV COGNIÇÕES ERRÔNEAS 52 A. Percepções Errôneas 53
1. Percepções Sensoriais Errôneas 53 2. Percepções Mentais Errôneas 54 B. Concepções Errôneas 54
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Capítulo Quatro
Mentes Não‐Válidas
Neste Capítulo consideraremos ao vários estados mentais que não são considerados como válidos. Uma mente não‐válida* é definida como uma cognição que não é recente nem infalível. Existem cinco tipos distintos nos quais todas as instâncias serão classificadas, nomeadamente: cognição subseqüente, crença correta, percepção desatenta, indecisão e cognições errôneas.
I. COGNIÇÃO SUBSEQÜENTE A definição característica de uma cognição subseqüente* é a de uma cognição de um
objeto que já foi compreendido. Isto significa que ela é uma cognição que compreende seu objeto somente através da força de uma compreensão anterior válida do mesmo objeto. Por essa razão, uma cognição subseqüente é sempre induzida por uma mente válida, considerando que uma mente válida compreende o objeto através da sua própria força independente de ser induzido por uma cognição anterior. Por este raciocínio uma mente válida é sempre recente, ação inicial da mente com uma série de cognições, considerando os momentos de compreensão que seguem elas são chamadas de cognições subseqüentes. Este processo é algo similar para um carro que está socorrendo outro carro quebrado rebocando‐o ao longo da rodovia. Ambos os carros estão circulando pela mesma rodovia, na mesma direção e com suas próprias rodas, mas somente o carro da frente tem potência e capacidade de ser dirigido. Do mesmo modo, uma mente válida e uma cognição subseqüente com o mesmo fluxo mental têm o mesmo objeto e o compreendem da mesma forma, mas somente a cognição válida compreende o objeto pela sua própria força. A cognição subseqüente é meramente induzida ou trazida pela sua força.
Existem dois tipos de cognições subseqüentes: percepção subseqüente e concepção subseqüente.
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A. Percepção Subseqüente Todas as percepções subseqüentes são percepções verdadeiras que são induzidas
por uma percepção válida. Existem quatro tipos correspondendo a quatro espécies de percepção válida que foram discutidas nos capítulos anteriores, nomeadamente: percepções sensoriais subseqüentes, percepções mentais subseqüentes, apercepções subseqüentes e percepções contemplativas subseqüentes. Percepções sensoriais subseqüentes, por exemplo, seria a segunda e seguinte ação da percepção que sucede a percepção inicial válida. O mesmo pode ser entendido para uma percepção mental, apercepção e percepções contemplativas. Embora as segundas e seguintes ações de percepções induzidas por uma percepção válida sejam geralmente verdadeiras elas são percepções subseqüentes, existe, de qualquer modo, uma exceção para esta regra. A mente onisciente de um Buda é sempre um estado válido de percepção visto que é dito que qualquer o que existe acarreta uma compreensão recente e imediata na mente onisciente. Deste modo, todas as instâncias de uma percepção Búdica, sejam elas iniciais ou ações seguintes de percepção, são sempre percepções válidas e jamais subseqüentes. A razão para isto é porque apesar de um segundo momento na percepção onisciente possa seguir a uma inicial ela jamais é induzida pela sua força. Sem depender de uma cognição precedente inicial cada momento de uma mente onisciente é capaz de compreender seu objeto através da sua própria força. Se não fosse este o caso, então, uma mente onisciente seria ainda dotada de deficiências e não teria atingido um estado último de habilidade cognitiva. Mas visto que uma mente onisciente é livre de todas as imperfeições e realizou sua condição máxima de habilidade cognitiva, cada momento único em seu contínuo tem as características de uma percepção válida.
B. Concepção Subseqüente Uma concepção subseqüente de um objeto pode ser induzida de duas diferentes
maneiras: por uma percepção válida e por uma inferência válida. Uma concepção subseqüente induzida por uma percepção válida é uma determinação ou firme lembrança de um objeto inicialmente percebido por um dos quatros tipos de percepções válidas. Por exemplo, podemos olhar para uma pintura um dia e o dia seguinte ser capaz de claramente recordar o objeto e corretamente descrever seus detalhes. Então aqui podemos ver como uma concepção subseqüente de uma pintura é conduzida por uma percepção visual válida dela.
Uma concepção subseqüente induzida por uma inferência válida é uma compreensão conceitual de alguma coisa que foi compreendida inicialmente por uma inferência válida. Podemos inferir na dependência direta de um raciocínio perfeito que som é impermanente. Embora a compreensão inicial seja uma mente válida, todos os momentos seguintes de cognições que concebem som por impermanente seriam concepções subseqüentes induzidas através da força de uma inferência inicial.
Deve ser observado, também que existem diferentes visões em relação a cognições válidas e subseqüentes defendidas entre as várias escolas filosóficas do Budismo. Por
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exemplo, a Madhyamika‐Prasangikas afirma que todas as cognições subseqüentes são válidas (veja pg. 46).
II. CRENÇA CORRETA Uma crença correta* é definida como uma cognição concebida em conformidade
com a realidade que concebe seu objeto de uma maneira falível. Ela é uma cognição falível uma vez que é incapaz de induzir acertadamente ou eliminar qualquer concepção errônea sobre seu objeto. Mas ela é uma cognição conceitual verdadeira uma vez que seu principal objeto é existente. Por isso, é uma concepção falível que apreende um objeto verdadeiro e, todavia, não é nem uma cognição válida ou subseqüente de um lado, nem uma cognição errônea de outro. Apesar de uma crença correta não ser uma compreensão genuína do seu objeto, contudo é dito “compreender” seu objeto meramente por meio de uma imagem mental nominal ou experimental. Imagine que alguém diz para você que as vidas passadas e futuras existem. Por causa da sua fé na pessoa, você pode, conseqüentemente, acreditar nisto. Este seria então um exemplo de uma crença correta que compreende o objeto meramente por meios de uma imagem nominal. O estabelecimento proferido é verdadeiro, mas para a compreensão da entidade oculta referida falta algum raciocínio perfeito ou uma experiência direta como sua base. Por essa razão, esta compreensão ficou restrita ao estado de uma crença correta. Esta crença foi baseada em uma imagem nominal, porque a concepção do objeto foi baseada somente em um rótulo e descrição.
Similarmente, crença correta pode surgir independentemente de rótulo e descrição por outros, mas na base de uma experiência própria. Em tais casos, ela seria uma crença correta de alguma coisa por meio de uma imagem experimental. Deste modo, crença correta não é uma compreensão genuína como é uma cognição válida, mas visto que ela apreende um objeto existente, ela é dita “compreendê‐lo”. É importante estar ciente desta distinção.
Crença correta é importante porque ela nos dá uma base firme na qual estabelecemos um raciocínio perfeito para o que acreditamos e para, então, produzir uma compreensão inferencial dela. Ela é a causa substancial para inferências enquanto que as cognições que estabelecem aplicabilidade do raciocínio para o sujeito e sua congruência com o predicado são meramente condições contributivas. A presente crença correta é, para muitos de nós, a natureza de nossa fé na existência de vidas passadas e futuras, liberação, onisciência e vacuidade. Então, apesar delas serem cognições “falíveis”, elas são, ainda, um estado mental benéfico que deve ser desenvolvido.
Existem cinco tipos de crenças corretas de acordo com as cinco maneiras possíveis nas quais elas podem ser formuladas. A primeira das cinco não é baseada em qualquer raciocínio, enquanto que as quatro demais são baseadas nos vários tipos de raciocínios incorretos tanto quanto em raciocínios corretos que não são totalmente identificados.
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A. Crença Correta Irracional Esta é qualquer crença que é baseada meramente na proposição injustificável de
outra pessoa. Se alguém diz para você, “som é impermanente”, e você aceita o que foi estabelecido, então isto é uma crença correta irracional.
B. Crença Correta Baseada em um Raciocínio Contraditório Este seria como acreditar que som é impermanente porque ele é um fenômeno não
efetivo. Este raciocínio é completamente contraditório porque, por um lado, som não é um fenômeno não efetivo e, por outro lado, não efetividade e impermanência, são propriedades mutuamente exclusivas. Um fenômeno não efetivo é aquele incapaz de produzir qualquer resultado e é, deste modo, o mesmo que um fenômeno permanente. Por essa razão, não é uma maneira que pode ser usada como uma indicação para provar que alguma coisa é impermanente. Neste exemplo, nem a aplicabilidade do raciocínio para o sujeito nem a sua congruência com o predicado podem ser estabelecidos.
C. Crença Correta Baseada em um Raciocínio Inconcluso Um exemplo deste seria acreditar que som é impermanente porque ele é um
fenômeno existente. Apesar deste raciocínio ser aplicável para o sujeito, ele é, ainda, inconcluso. Por ser impermanente, um fenômeno existente não é um critério suficiente. Deste modo, a congruência com o predicado não pode ser estabelecida
D. Crença Correta Baseada em um Raciocínio Inaplicável Este seria como acreditar que som é impermanente por que é um objeto da
percepção visual. Aqui a congruência com o predicado é estabelecida: qualquer objeto de percepção visual é, necessariamente, impermanente. Mas o raciocínio é inaplicável, por que ele não é aplicável para o sujeito, visto que som não pode ser um objeto de percepção visual.
E. Crença Correta Baseada em um Raciocínio Perfeito mas não Estabelecido Um exemplo deste seria a crença que som é impermanente porque ele é algo
criado, que ocorre na mente de alguém que ainda não estabeleceu a aplicabilidade para o sujeito – que som é criado – ou a congruência com o predicado – que se é criado é necessariamente impermanente. Neste caso o raciocínio, por si próprio, é correto e válido. Mas visto que a pessoa não entendeu ainda isto, sua compreensão de som por ser impermanente é somente uma crença correta e não uma compreensão inferencial válida.
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III. PERCEPÇÃO DESATENTA Uma percepção desatenta* é uma percepção verdadeira que não compreende seu
objeto por não ter prestado suficiente atenção nele. É definido como uma percepção pela qual o fenômeno concreto, que é seu objeto principal, claramente aparece mas é incapaz de induzir a uma certeza dele. Por exemplo, podemos nos encontrar completamente envolvido em um objeto visual maravilhoso e apesar de alguém falar conosco, não podemos ouvir o que ela está dizendo. Neste momento, a mente está devotando grande parte da sua atenção para a forma visual e por isso falhou em ouvir o que está sendo dito. A percepção auditiva, neste momento, é deste modo desatenta. O objeto – o som de alguém falando – aparece claramente, sem a mistura de uma imagem mental, mas a incerteza de ter ouvido a fala ou seu conteúdo pode, mais tarde, ser induzida pela percepção. Por essa razão, a sua falha na compreensão do objeto não foi por causa de uma compreensão errônea, mas porque não prestou atenção suficiente nele. Qualquer percepção verdadeira que mais tarde cause somente incerteza e dúvida sobre o que foi inicialmente percebido é, por essa razão, uma percepção desatenta.
Além do mais, toda a percepção mental de objetos sensoriais na mente de um ser ordinário são percepções desatentas. Estas ocorrem imediatamente após a percepção sensorial e imediatamente anterior à resposta conceitual a um objeto sensorial particular. Apesar delas serem percepções verdadeiras, suas durações são tão curtas – mais rápido que um estalar de dedos14 ‐ incapazes de induzir alguma recordação ou certeza do objeto e são, deste modo, classificados como percepções desatentas. Do mesmo modo, a cognição aperceptiva que experiencia tais percepções mentais são também desatentas.
Também, para um ser ordinário todos estes momentos menores medidos em estalos de dedos que fazem o fluxo de cognição são considerados como percepções desatentas. Cognição válida e os outros cinco tipos de mentes são ações cognitivas completas requerendo para sua duração um número variável de minúsculos momentos dependendo da agudez das faculdades perceptivas individuais. Pessoas com sentidos atentos e mentes inteligentes podem compreender seus objetos mais rápido que outros. Para estas pessoas o número destes minúsculos momentos de cognições necessário para formar uma ação cognitiva é, conseqüentemente, menores que para pessoas com faculdades menos aguda. Cada momento minúsculo destes, é incapaz de compreender completamente o objeto em uma ação cognitiva e, deste modo, apesar de claramente observar o objeto, é incapaz de induzir alguma certeza dele. Por essa razão, eles são classificados como percepções desatentas. Todavia para Aryas, cada um dos menores momentos de percepção é uma ação de compreensão completa, por causa das suas capacidades mentais elevadas.
Além do mais, algumas cognições aperceptivas podem tornar‐se desatentas devido a concepções errôneas sobre a natureza de um estado mental particular. Por exemplo, os adeptos da escola não Budista Sãmkhya acreditam que sentimentos prazerosos possuem a natureza do tema, ou seja, percepção desatenta. Deste modo, devido à força desta concepção errônea, apesar da natureza mental dos sentimentos prazerosos aparecer para a 14 Um termo comum indiano para medir um momento muito curto.
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cognição aperceptiva que o experiência, pode não induzir a uma certeza ou compreensão sobre esta percepção desatenta. Similarmente, os seguidores da escola Cãrvãka sustentam que não existem tais coisas como uma inferência válida. Para eles somente percepções válidas podem existir. De qualquer modo, a validade de uma inferência dentro da mente de um seguidor Cãrvãka é experienciada pelas apercepções acompanhantes. Mas devido ao poder das concepções errôneas das pessoas em relação à natureza da inferência ela não pode ser considerada correta como tal. Apesar da inferência válida ser considerada como não existente pelos defensores deste sistema, todavia ela é consuderada existente nas mentes quando a compreensão de algo tenha acontecido de forma recente na dependência direta de um raciocínio perfeito.
Além do mais, dentro dos quatro tipos de percepção verdadeira, percepções sensoriais verdadeiras, percepção mental e apercepção verdadeiras podem, às vezes, ser consideradas desatentas. Mas visto que percepções contemplativas verdadeiras sempre acertam qualquer objeto que aparecem para elas, elas jamais podem ser desatentas.
IV. INDECISÃO Indecisão* é definida como um fator mental que por usa própria força vacila entre
duas alternativas em relação ao seu objeto. Apesar das mentes primárias e outros fatores mentais associados com indecisão também vacilarem através da sua força controladora, elas não são consideradas estados de indecisão. Somente o fator mental de indecisão, tem na sua própria natureza a função de vacilar, é o que estamos discutindo aqui. Por essa razão, para eliminar a possibilidade de uma mente primária associada com indecisão ser incluída como tal, a definição estabelece que indecisão é um fator mental. Além do mais, para eliminar a inclusão de outros fatores mentais associados de ser incluído como indecisão, a definição estabelece que ela vacila por sua própria força entre duas alternativas. Existem três maneiras nas quais indecisão pode vacilar ou tender: para uma conclusão correta, uma conclusão incorreta ou de uma forma equilibrada.
A. Indecisão que Tende para uma Conclusão Correta Este estado mental, apesar de ser dividido e indeciso, tende para uma conclusão
correta como oposição a uma conclusão incorreta. Quando apoiadas por promover pensamentos realísticos e contemplação, será, eventualmente possível, descartar suas características oscilativas e atingir uma crença correta. Um exemplo seria o pensamento: “talvez som seja impermanente, é mais provável que sim”.
B. Indecisão que Tende Para uma Conclusão Incorreta Esta forma de indecisão tende a uma direção oposta ao tópico discutido
anteriormente, i.e. distanciado‐se de uma crença correta, acaba conduzindo a uma concepção errônea. Um exemplo seria o pensamento: “talvez som seja impermamente, mas provavelmente ele seja permanente”.
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C. Indecisão Equilibrada Aqui a mente vacila, mas não tem preferência por ambas as alternativas. Deste
modo ela é, genuinamente, indecisa. Um exemplo seria o pensamento: “Talvez som seja impermanente, mas ele pode, igualmente, ser permanente”.
Geralmente consideramos indecisão como um impedimento para firmar uma certeza ou uma compreensão de um objeto oculto. De qualquer modo, em muitos casos, indecisão age alternadamente entre visão errônea, concepção não realística, crenças realísticas e inferências. Podemos sustentar, firmemente, que vidas passadas e futuras não existem, e deste modo desenvolver uma concepção errônea sobre este ponto. Se, em vez disso, refletirmos e considerarmos certos argumentos, nossa concepção unilateral pode iniciar uma oscilação e fazer surgir o pensamento: “elas provavelmente não existam, mas talvez elas existam”. Daquela decisão que tendia para uma conclusão incorreta pode, desse modo, iniciar a transformação para um estado genuíno de indecisão e, subseqüentemente, começar a tender para uma conclusão correta que, provavelmente, tornar‐se‐á existente. Com mais reflexão e investigação a oscilação pode cessar e um firme estado de uma crença correta ser desenvolvido. A base desta crença correta será, então uma boa posição para compreender sua existência na dependência de um raciocínio perfeito, deste modo atingir uma inferência válida capaz de induzir a mais concepções subseqüentes. Apesar da nossa indecisão inicial que ainda tendia para uma conclusão incorreta fosse danosa, tão logo começou a tender para verdade, ela tornou‐se benéfica e positiva e foi capaz de conduzir para uma seqüência de cognições realísticas. Para ilustrar mais este aspecto positivo da indecisão, Ãryadeva, em seu trabalho “The four Hundred”, estabelece; “Quando alguém de pouco mérito é, meramente, indeciso se (fenômenos são) vazios (de existência inerente) ou não, esta dúvida minará a existência condicionada”.
Isto significa que se alguém estivesse, meramente, em um estado de indecisão tendendo para uma conclusão correta que fenômenos são vazios de existência inerente, então, esta dúvida terá força para reduzir a ignorância, aflições e ações contaminadas que são as causas para o samsara. Além do mais, deveríamos entender que indecisão , tal como esta, é benéfica enquanto que indecisão que tende para aquelas crenças que fortalecem as concepções errôneas que nos prendem no samsara são maléficas. Certos estados de indecisão, tal como o pensamento, “que a mancha preta distante é um homem ou não?” não são benéficas sem maléficas, mas fenômenos não especificados.
V. COGNIÇÕES ERRÔNEAS Uma cognição que aprende seu objeto de uma maneira errônea é a definição de
uma cognição errônea*. Este tipo de cognição é enganosa sobre seu objeto principal e a sua percepção ou concepção é realizada de uma maneira na qual ela não existe. Existem, deste modo, duas divisões: percepções e concepções errôneas.
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A. Percepções Errôneas Percepção errônea é a mesma percepção falsa. Ela é definida como uma cognição
não conceitual que aprende seu objeto de uma maneira errônea. Qualquer percepção que observe um objeto não existente, tal como um azul em uma montanha nevada ou em uma concha amarela, é um erro ou uma percepção falsa. Existem dois tipos: percepção errônea mental ou sensorial.
1. Percepção sensorial errônea De acordo com o lugar que o engano encontra sua fonte podemos distinguir quatro
tipos de percepções sensoriais errôneas. i. Percepção Sensorial para qual a fonte de engano existe com o objeto. Isto seria
como quando rapidamente giramos uma vara de incenso em um quarto escuro e vimos um círculo formado de fogo. Na realidade não existe tal círculo de fogo, mas a sua percepção surge porque o objeto foi movido de uma maneira particular.
ii. Percepção sensorial para qual a fonte de engano existe na base da percepção, o
órgão sensorial. Quando temos icterícia, o órgão olho é afetado pelo aumento de bile e conseqüentemente vemos tudo com uma forma amarelada. Similarmente, se o olho é acometido por cataratas, podemos enxergar, freqüentemente, fios de cabelo caindo em frente dos nossos olhos. Tais distorções sensoriais como estas são causadas por um defeito com a condição dominante da percepção sensorial particular.
iii. Percepção sensorial para a qual a fonte de engano existe na situação. Tais
percepções como estas ocorrem quando nos encontramos em uma situação particular tal como um veículo em movimento. Quando estamos viajando em um trem, freqüentemente, parece que a paisagem está passando por nós ou que nosso trem está se movendo quando de fato o trem da plataforma adjacente é que está dando a partida da estação. Nestes casos o engano não é causado nem pelo objeto nem pelo órgão sensorial mas pela justaposição de certas condições em uma situação particular.
iv. Percepção sensorial para a qual a fonte do engano existe como condição
imediata. Estas ocorrem quando a mente é perturbada por certos pensamentos ou emoções. Quando alguém é muito raivoso tudo que ele vê, muitas vezes, aparece colorido de vermelho. Isto que surge com a raiva perturba a nossa mente de tal maneira que as energias do corpo são afetadas também e elas começam a surgir. Em seguida isto estimula a circulação do sangue que então causa aumento de pressão no pescoço e ombros tanto quanto encurta a respiração e assim por diante. Finalmente, quando a raiva é muito forte o sangue se propaga violentamente nas veias e nos olhos e isto afeta a visão de tal maneira que tudo aparece tingido de vermelho. Ao contrário, quando a mente está sob influência
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de apego e desejo, objetos aparecem especialmente atrativos e prazerosos quando de fato eles não são.
Além do mais, estudando estes exemplos, toda vez que uma percepção sensorial
errônea ocorrer em nossa mente deveríamos reconhecer como o objeto está sendo percebido, o que está causando o engano e como este engano pode ser eliminado. É de grande benefício constatar, nestes momentos, que o que está aparecendo para nós não é real e não é para acreditarmos.
2. Percepção mental errônea Um exemplo deste é uma percepção de um amigo em um sonho. Todas as
cognições que ocorrem em um sonho são mentais e não conceituais. Além do mais, são errôneos porque apreendem seus objetos como realmente existente. Quando vemos um amigo em um sonho o que de fato existe é apenas uma aparência ocorrendo através da força de uma excitação mental impressa, mas não reconhecemos isto e em vez disso apreendemos o objeto como real, uma pessoa viva. Também, embora apareça como se uma faculdade sensorial estivessem funcionando em um sonho, de fato elas não estão. Este processo inteiro é puramente uma percepção mental.
B. Concepção Errônea Qualquer cognição conceitual que aprende seu objeto de uma maneira errônea é
uma concepção errônea. Isto é o mesmo que uma concepção falsa ou uma concepção que não está de acordo com a realidade. Exemplos seriam a concepção que som é permanente, a concepção de um chifre na cabeça de uma lebre e a concepção de uma pessoa auto‐ existente com o conjunto corpo‐mente.
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Percepção
Válida Inferência Válida
Cognição Subseqüente
Crença Correta
Percepção Desatenta
Indecisão Cognições Errôneas
Percepção x x x x Concepção x x x x x Cognição sensorial
x x x x
Cognição mental
x x x x x x x
Cognição aperceptiva
x x x
Cognição não aperceptiva
x x x x x x x
Cognição válida
x x
Cognição não válida
x x x x x
Compreensão x x x Cognição verdadeira
x x x x x x
Cognição falsa
x x
Neste diagrama, cada marcação (x) indica que a existência de uma ou mais instâncias de um dos sete tipos de mente (percepção válida, etc.) pertencente para as categorias gerais de percepção, concepção e assim por diante.
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Conteúdos do Capítulo Cinco I A CLASSIFICAÇÃO QUADRUPLA DE OBJETOS 58
A. O Objeto Aparecido 58 B. O Objeto Principal 58 C. O Objeto Concebido 59 D. O Objeto Referente 59
II OBJETOS DIRETOS E INDIRETOS 60 III OBJETOS EVIDENTES, LEVEMENTE OCULTOS
E EXTREMAMENTE OCULTOS 61
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Capítulo Cinco
Objetos
Nos quatro capítulos anteriores examinamos a natureza do sujeito e em particular a mente. Agora, devemos, resumidamente, discutir os vários tipos de objetos que os diferentes tipos de mente apreendem.
Aqui, o termo objeto* denota somente objetos da mente. Apesar de falarmos de um chifre na cabeça de uma lebre ou um som permanente como sendo objetos de pensamentos particulares que os concebem, ou de duas luas como sendo objetos de uma percepção visual errônea, estas coisas não são objetos no estrito senso da palavra. Do mesmo modo, quando falamos da ignorância que apreende uma pessoa como auto‐ existente, apesar da auto‐existência da pessoa ser o objeto que a mente ignora, não é realmente um objeto, visto que ele é totalmente não existente. Além do mais, o que queremos dizer por um objeto é alguma coisa de natureza na qual torna‐se mais claro quanto mais ele for analisado, alguma coisa que possa ser corretamente conhecida e compreendida pela mente. Devemos notar que os termos “objeto”, “existente”, “entidade conhecível*” e “fenômeno” são sinônimos.
Existem três diferentes modos nos quais objetos são classificados: em classificação quádruplo de objeto aparecido, objeto principal, objeto concebido e objeto referente15; a classificação dupla de objetos diretos e indiretos; e a classificação tripla em evidente, oculto e extremamente oculto. Devemos, agora, examinar cada uma destas categorias.
Além do mais, é importante compreender que as distinções acima não são feitas do lado dos objetos por eles próprios, mas das suas posições em determinada situação cognitiva. Isto quer dizer que apesar de alguma coisa possa ser o objeto aparecido de uma cognição particular, ele poder ser o objeto oculto de outra, o objeto principal ainda de outra e assim por diante. Do mesmo modo, sendo o objeto aparecido de uma cognição particular não necessariamente exclui a possibilidade de também ser de algum dos outros tipos de objetos para a mesma cognição. Mantendo isto na mente, o relacionamento
15 O objeto Observado (bzung.yul) também é mencionado nos textos Tibetanos. Aqui ele não será detalhado separadamente visto que ele é identificado com objeto aparecido (snang.yul) . Não deveria ser assumido que objeto observado é necessariamente apreendido como a silaba bzung no termo bzung.ul pode sugerir. No caso de concepções, como objeto aparecido, ele somente aparece para a mente mas não é apreendido.
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particular que estes objetos possuem com cada outro seria clarificada pelas seguintes considerações das suas distinções individuais.
I. A CLASSIFICAÇÃO QUADRUPLA DE OBJETOS A. O Objeto Aparecido Geralmente falando, como o nome sugere, o objeto aparecido para uma cognição é
o objeto que aparece para uma concepção ou percepção particular. Mas, isto não é sempre assim, porque apesar de que certos objetos possam aparecer para uma cognição particular, não terá que ser, necessariamente, o seu objeto aparecido. Isto é particularmente verdadeiro no caso de concepções. Por exemplo, alguém pode estar procurando por um jarro e pensando nele ao mesmo tempo. Mas, apesar do jarro estar aparecendo para a cognição conceitual de alguém não é considerado como sendo seu objeto aparecido. Para concepções somente a imagem mental do objeto é considerado como sendo o objeto aparecido e nada mais. Deste modo, em nosso exemplo a imagem mental do jarro é o objeto aparecido considerando que o jarro é somente objeto principal e oculto. Por essa razão devemos entender que dentre os objetos aparecidos para uma concepção somente imagens mentais permanentes são consideradas como sendo o objeto aparecido. Mas no caso de estados mentais não conceituais, tal como uma distinção de não ser produzido. Por ela ser a natureza da percepção, sensorial ou mental, para apreender seus objetos diretamente, sem a projeção de qualquer imagem mental. Por essa razão, qualquer objeto que aparece para a percepção é chamado de seu objeto aparecido. Quando olhamos pela janela e vemos casas, árvores, montanhas e assim por diante, cada aspecto do nosso campo visual, se apreendido ou não, é um objeto aparecido para a percepção visual. Do mesmo modo todos os sons que ouvimos são objetos aparecidos para a percepção auditiva e assim por diante.
B. O Objeto Principal Além de ser dotadas com um objeto aparecido, todas as cognições são também
caracterizadas por ter um objeto principal. Este é o principal objeto da cognição, o objeto com o qual a mente é primeiramente interessada e envolvida. Então, quando olhamos a vista por nossa janela, apesar da ampla variedade de impressões que são recebidas, a mente tem a tendência de se interessar por um aspecto particular do campo inteiro. Este aspecto particular seriam ambos, o objeto aparecido e o objeto principal da percepção visual, enquanto que as impressões para quais a não é dada atenção, seria o seu objeto aparecido mas não seu objeto principal.16 No caso de concepção o objeto sobre o qual alguém está pensando seria o objeto principal e a imagem mental do mesmo objeto seria o objeto aparecido. Mas para qualquer mente conceitual, o objeto aparecido jamais poderia ser o objeto principal visto que ele jamais poderia ser apreendido como uma entidade
16 No caso de uma percepção desatenta, o objeto aparecido e o objeto principal seriam o mesmo visto que não atenção é dada para qualquer aspecto do campo objetivo.
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identificável pela mente. Por meio disso segue que os objetos aparecido e principal de uma mente conceitual são fenômenos mutuamente exclusivos. Resumidamente, qualquer objeto apreendido por uma mente particular é chamado por ser seu objeto principal. Desse modo os termos “objeto principal” e “objeto apreendido” são sinônimos.
C. Objeto Concebido Explicando de forma simples, o objeto concebido é o mesmo que o objeto principal
de uma concepção. Somente uma mente conceitual é dotada com um objeto concebido, porque somente com uma estrutura conceitual a mente á capaz de conceber seu objeto. Concepção, então, é a maneira exclusiva na qual concepções17 apreendem seus objetos. Mas como a mente concebe seu objeto? Conceber significa apreender o objeto por meio do aparecimento de uma imagem mental. Isto poderia ser feito, claramente, pensando que a imagem mental do objeto não é o objeto concebido mas meramente um auxiliar no processo da sua concepção.18 Então, quando alguém está pensando sobre um jarro, por exemplo, o jarro é tanto o objeto principal quanto o objeto concebido de uma concepção particular. A imagem mental de um jarro é meramente o objeto aparecido da concepção que age como um auxiliar no processo que verdadeiramente concebe o jarro com a mente.
No caso de uma percepção visual de um jarro, de qualquer modo, o objeto principal é apreendido mas não concebido. A razão para isto é que percepção, sendo não conceitual, apreende seu objeto sem misturá‐lo com qualquer imagem mental.
D. Objeto Referente O objeto referente para qualquer cognição é o objeto base na qual a mente refere‐se
ou foca‐se enquanto apreende certos aspectos do objeto. Supõe‐se, por exemplo, que um jarro de cerâmica seria o objeto principal. Neste caso um jarro seria o objeto referente ao passo que o jarro de cerâmica seria o objeto principal. Do mesmo modo, podemos estar concebendo erroneamente som como permanente. Neste caso som seria o objeto referente e som permanente o objeto principal. Neste último exemplo, a mente está meramente focada no som enquanto apreende erroneamente como sendo permanente. Deste modo som não é o objeto principal visto que som não está sendo apreendido. Deveríamos notar que apesar de estarmos falando de som permanente como sendo o objeto principal desta concepção, ele está sendo considerado somente como um objeto principal em termos da mente que o aprende. Mas som permanente por si não pode ser o objeto principal, visto que, sendo não existente, ele não pode ser considerado como um objeto.
Quando aplicado na prática é importante para nós realizar a distinção entre o objeto referente e o objeto principal da ignorância que apreende a auto‐existência da pessoa. Enquanto focamos na pessoa, esta concepção errônea fundamental concebe‐a por 17 Nota de tradução para o Português: Conceiving e conception são duas palavras que siginifiam concepção em português. 18 A imagem mental age como um auxiliar no processo de concepção (zhen.sa) visto que ela é um fator indispensável para qualquer concepção, mas ela jamais é o objeto concebido (zhen.yul) desta mesma concepção porque ela jamais é apreendida por ela.
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ser algo permanente, autonomamente e sem partes. Todavia, seu objeto referente, a pessoa, existente como uma entidade impermanente, mas seu objeto principal, como permanente, pessoa autônoma e sem partes não existe sob qualquer condição. Então, quando investigamos a falta de existência inerente da pessoa é um erro sério considerar estes dois objetos como idênticos. Ao fazer isso, eliminará qualquer possibilidade de compreensão deste ponto crucial.
II. OBJETOS DIRETOS E INDIRETOS Na discussão de objetos diretos e indiretos estamos primeiramente fazendo uma
distinção em relação ao que significa ser um objeto de compreensão principal. Uma compreensão de um objeto pode ser tanto de forma direta quanto indireta. Por essa razão o objeto compreendido e chamado de compreensão direta e indireta.
Qualquer objeto que aparece para uma cognição que o compreende é considerado como o objeto de cognição direta. Em outras palavras, ele é o objeto compreendido diretamente pela mente. As características que distinguem um objeto direto de um objeto indireto é que, além do objeto direto ser um objeto principal, seu aspecto principal aparece para a mente que o apreende. Um objeto indireto de uma compreensão, por outro lado, também é um objeto principal de compreensão mas ele é um objeto de quem o aspecto realmente não aparece para a mente. Tomando por exemplo uma percepção visual válida de um jarro. Aqui o vaso, é considerado um objeto direto porque ele realmente aparece para a percepção. De qualquer modo, a existência do jarro, apesar de poder ser compreendida pela percepção visual, ela não é um objeto direto visto que não aparece realmente para a percepção. Apesar da existência do jarro ser um fenômeno permanente e não temporal, ela é compreendida indiretamente pela percepção sensorial visual porque, ainda que não apareça para ela, a percepção visual é capaz de induzir subseqüentemente a uma certeza conceitual sobre a existência do jarro.
A existência do jarro é deste modo considerada como um objeto indireto desta percepção.
Neste ponto devemos clarificar a distinção entre um objeto sendo compreendido diretamente como oposto por ser imediatamente compreendido. A característica diferenciadora aqui é que compreensão direta pode ser tanto conceitual quanto não conceitual, enquanto compreensão imediata é exclusivamente não conceitual. A impermanência do som o qual aparece para uma cognição conceitual pode ser diretamente compreendida por esta cognição. Mas, visto que sua aparição seria, então misturada com uma imagem mental, ela não pode se chamada de imediatamente compreendido pela cognição. Compreensão imediata, então, é uma percepção verdadeira que compreende o objeto sem a mistura do seu próprio conteúdo subjetivo.
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III. OBJETOS EVIDENTES, LEVEMENTE OCULTOS E EXTREMAMENTE OCULTOS
Esta divisão dos objetos de cognição é feita de acordo com o grau no qual um
objeto está acessível para nossa compreensão. Deste modo um objeto evidente é aquele que pode ser percebido imediatamente pelos sentidos; um objeto levemente oculto, é aquele que pode ser inferido através de pensamento; um objeto extremamente oculto, é aquele que tem que aceito por meio de crença e fé.
O mundo externo de casas, árvores, montanhas, rios e assim por diante, outras pessoas e nossos próprios sentimentos são todos objetos que são experienciados diretamente pelos nossos sentidos. A fim de conhecê‐los não necessitamos realizar da intermediação de um pensamento conceitual baseado no raciocínio. Por essa razão eles são conhecidos por objetos “manifestos” ou “evidentes” para nossa cognição.
Apesar da nossa experiência imediata como ser senciente estar limitada por estes objetos dos sentidos, por meio de raciocínio direto podemos, contudo, ser capaz de inferir a existência de outros objetos que estão, no momento, fora do alcance da nossa percepção. Por exemplo, através da compreensão que um jarro é um fenômeno criado e que sendo criado, necessariamente é impermanente, somos capazes de inferir corretamente que um jarro é um fenômeno impermanente. Apesar da impermanência do vaso não ser evidente para os nossos sentidos, na dependência de um raciocínio perfeito uma inferência direta pode ser gerada, por meio disso incluí‐la dentro do domínio da nossa compreensão. A impermanência de um jarro não é realmente tão difícil de inferir, mas, a falta de existência inerente da pessoa, a existência de vidas passadas e futuras, e as quatro nobres verdades, podem também ser compreendidas por meio da lógica. Por isso, um objeto é chamado de “objeto levemente oculto”* onde, apesar de oculto da percepção, ele pode, ainda, ser inferido por meio de raciocínios diretos.
Para objetos levemente ocultos e objetos evidentes, certos fenômenos ainda permanecem não compreendidos, com ou sem a realização de raciocínio. Tais fenômenos estão fora do alcance da nossa compreensão e sua existência pode somente ser aceita pela convicção na validade das mais vastas e profundas compreensões de um Buda. Um exemplo de tal objeto seria um carma específico que causa um evento particular nesta vida. Tal coisa está fora do alcance da nossa cognição. Não podemos inferir diretamente nem indiretamente sua existência. Similarmente, as condições particulares na qual ele foi criado e o modo particular no qual ele surgiu para consecução são também incompreensíveis para nós. Outro exemplo que é freqüentemente usado é da causa e razão particular para as várias diferentes cores da cauda de um pavão. Visto que tais tópicos como estes são impossíveis para a nossa compreensão sem realizar a consciência de um Buda, elas são, deste modo, chamadas de “objetos de cognição extremamente ocultos”.
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Parte Dois
Um Modelo Psicológico da Mente
66
Conteúdos do Capítulo Seis
I MENTES PRIMÁRIAS 65 II FATORES MENTAIS 66 III AS CINCO SIMILIRADIDADES ENTRE MENTE
PRIMÁRIA E SEUS FATORES MENTAIS 67
67
Capítulo Seis
Mentes Primárias e Fatores Mentais
Na segunda parte do livro abordaremos a mente do ponto de vista da mente primária e fatores mentais. Na secção anterior foi dada atenção em termos de como ela apreende seus objetos perceptivamente, conceitualmente, validamente, não validamente e assim por diante. Apresentamos um modelo básico epistemológico da consciência. Agora, devemos seguir uma abordagem mais psicológica, examinaremos a mente do ponto de vista dos aspectos benéficos e maléficos que condicionam nossa personalidade e dirigem o curso do nosso desenvolvimento interno. Isto não significa que as considerações epistemológicas da seção anterior são livres de qualquer implicação moral ou psicológica. Similarmente, a abordagem psicológica seguinte não deveria ser abstraída do seu contexto epistemológico. A estrutura do caminho Budista para a iluminação envolve igualmente a transformação da mente de uma não válida para um estado válido tanto quanto de um estado maléfico para um benéfico. Na verdade é somente através da erradicação sistemática dos fatores maléficos que a percepção válida de um Arya ou Buda pode ser realizada. Similarmente é somente as inferências válidas e a percepção da impermanência e da vacuidade que são capazes de superar as mais profundas características maléficas da mente. Quando usamos para descrever o caminho do desenvolvimento espiritual, os dois esquemas simplesmente revelam duas facetas do mesmo processo.
São os fatores mentais que são primeiramente responsáveis por conduzir‐nos para toda forma de experiência. Quando a mente está sob influência de fatores mentais maléficos, tal como apego e raiva, alguém é conduzido a cometer ações que causam experiências de frustração e sofrimento. Mas sempre que a mente é dominada por fatores benéficos, tais como compaixão ou paciência, então qualquer atividade física ou vocal que se segue resultará somente em felicidade e bem estar. São os aspectos maléficos da mente que são a raiz de nossa escravidão dentro do samsara, enquanto que são os aspectos benéficos que permitem‐nos descobrir a liberação desta condição insatisfatória.
Visto que a principal força motivadora por trás de nossas vidas é o desejo de encontrar felicidade e de afastar o sofrimento, deste modo, é essencial reconhecer o processo psicológico que está em trabalho dentro de nós. Somente por meio de um exame
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cuidadoso é que seremos capazes de perceber exatamente quais as causas para nossa felicidade e dor e subseqüentemente ser capaz de engajar no cultivo de certos fatores mentais enquanto descartamos os outros. Mas enquanto a mente continuar a ser dominada por aflições maléficas, então o que basicamente desejamos e o que realmente fazemos para encontrá‐la será completamente oposto. Enquanto desejamos felicidade estaremos somente criando causas para mais sofrimento. Deste modo para investigar a natureza, as funções e os efeitos dos vários pensamentos e emoções que ocorrem dentro da nós e para agir realisticamente com nossas descobertas é essencial estudar e praticar o Darma.
Persistir na tentativa de manipular o mundo material externo a fim de atingir felicidade e evitar sofrimento é como estar preocupado em combater um inimigo fora, inconsciente que ele está duelando dentro de nós. Sem procedermos diretamente com nossa própria composição psicológica, uma felicidade não real será sempre encontrada dentro das situações externas: devemos sempre encontrar nós mesmos fazendo face aos mesmos problemas tal como a pessoa que não percebe que o inimigo duela dentro da sua própria casa. Deste modo a importância de estarmos atento ao modo no qual os fatores mentais afetam nossas vidas não podem ser salientados o suficiente. I. MENTES PRIMÁRIAS
Primeiramente, devemos compreender que uma mente primária e seus fator mental acompanhante sempre operam em conjunção um com um outro. Um objeto é jamais cognizado por uma mente primária destituída de qualquer fator mental nem por um fator mental desacompanhado da mente primária. O termo “mente primária” denota a totalidade de um estado mental ou sensorial composto por uma variedade de fatores mentais. Uma mente primária é como uma mão enquanto que os fatores mentais são como os dedos individuais, a palma a assim por diante. A característica de uma mente primária é então determinada pelos fatores mentais constituintes. Se um fator maléfico está presente, a mente toda torna‐se maléfica enquanto se um fator benéfico está presente, a mente toda toma o aspecto benéfico. Isto é similar ao adicionar açúcar ou sal em um copo de água. Com a adição de ambas as substâncias a totalidade do copo de água torna‐se aromatizada com seu sabor. É da mesma maneira que o fator mental individual exerce sua influência sobre o estado primário da mente, colorindo sua disposição e ativando seu potencial para manifestar em uma atividade externa.
Uma mente primária* é definida como uma cognição primária estabelecida por meio da apreensão da presença fundamental do objeto. Não é função de uma mente primária estar preocupada especificamente com qualquer aspecto do campo objetivo, ela é a mera consciência das condições apresentadas para ela. Como devemos ver são os fatores mentais individuais que são responsáveis por uma seleção e processamento destas condições. Nesta consideração o relacionamento de uma mente primária com seus fatores mentais é algo similar a um supervisor e seu grupo de trabalhadores. Cada trabalhador é unicamente ocupado com seu ou sua própria tarefa específica enquanto que o supervisor
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está igualmente consciente do que cada trabalhador está fazendo, sem estar envolvido diretamente em qualquer das suas atividades individuais.
Existem dois tipos de mentes primárias: mentes primárias sensoriais e mentes primárias mentais. Mentes primárias sensoriais são divididas em cinco categorias: visual, auditiva, olfativa, gustativa e tátil. Cada uma dessas cinco estão definidas de acordo com a condição dominante, i.e. o órgão sensorial particular na dependência do qual elas ocorrem. Eles são, exclusivamente, estados de consciência, cada um sendo composto com seu próprio conjunto de fatores mentais. Uma mente primária mental é uma cognição primária que surge na dependência do órgão mental com sua condição dominante. Esta é a mais complexa e importante das mentes primárias visto que ela está acompanhada e diretamente afetada pelos fatores mentais maléficos e benéficos.
Mentes primárias sensoriais são exclusivamente percepções enquanto que mentes primárias mentais podem ser ambas, perceptual e conceitual. Ambas as categorias, do mesmo modo, distinguíveis em cognições verdadeira, falsa, válida e não válida. Além do mais, se uma mente primária é uma percepção ou uma mente válida, então seus fatores mentais acompanhantes serão, também, percepções ou mentes validas. É impossível ter uma mente primária e seus fatores mentais pertencentes serem substancialmente distintos e categorias cognitivas mutuamente exclusivas. Deste modo não podemos chamar uma percepção válida, por exemplo, de mente primária ou um fator mental, porque ela é um estado total de consciência compreendida de ambas, mente primária tanto quanto fatores mentais. Dentre os sete tipos de mente somente indecisão pode ser classificado em uma dessas duas categorias visto que ela é exclusivamente um fator mental.
II. FATORES MENTAIS
Um fator mental* é definido como uma cognição que apreende uma qualidade particular do objeto e que surge a serviço de uma mente primária com a qual ela tem certas similaridades. Cada fator mental tem uma função específica na condução com uma qualidade particular do campo objetivo. Por exemplo, a função específica da sensação é experienciar o objeto, do discernimento reconhecê‐lo, e da concentração firmemente suportá‐lo em uma visão e, assim por diante.
Geralmente falando, existem inumeráveis fatores mentais. Porém, no Compendium of Abhidharma, Asanga enumera cinqüenta e um com o objetivo de claramente apresentar aqueles que são os mais importantes19. Estes cinqüenta e um fatores estão classificados em 19 Em contraste com esta classificação, Vasubhandu, em seu Commentary to the Treasury of Abhidharma, lista quarenta e seis fatores na seguinte forma. (1) O grupo sempre presente de dez fatores: sensação, intenção, discernimento, aspiração, contato, inteligência (blo.gros), lembrança, atenção, apreciação e concentração. (2) O grupo de benéfico de dez fatores: fé, consciência, flexibilidade, equanimidade, auto-respeito, consideração por outros, imparcialidade, não ódio, não violência, entusiasmo. (3) As seis grandes aflições: descrença, preguiça, confusão (rmongs.pa), estupidez, excitamento, inconsciência. (4) O grupo de dois fatores maléficos: desconsideração por outros, cinismo. (5) O grupo de dez menos aflitivas: ira, vingança, desonestidade, malevolência, inveja, dissimulação, avareza, pretensão, auto-satisfação, crueldade. (6) O grupo indeterminado de oito fatores: exame geral, análise precisa, pesar, sono, raiva, apego (chags.pa), auto importância, indecisão.
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seis diferentes grupos: os fatores onipresentes, os fatores determinadores de objetos, os fatores variáveis, os fatores benéficos, as aflições raízes e as aflições secundárias. Os fatores mentais onipresentes: sensação, discriminação, intenção, contato e atenção são os cinco elementos essenciais para qualquer estado de consciência, por mais grosseira ou sutil que ela possa ser. Elas formam uma composição inerente de cognições sem a qual não poderia funcionar. Os fatores mentais determinadores de objeto: aspiração, apreciação, lembrança, concentração e inteligência, são assim chamados visto que elas determinam ou estabelecem aspectos individuais dentro do campo objetivo. Apesar de serem moralmente neutras, quando elas vêm sob influência de fatores mentais benéficos e maléficos, elas executam o papel principal em moldar as características da personalidade e qualidade das experiências individuais. Os fatores mentais variáveis: sono, arrependimento, exame geral e análise precisa são assim chamados porque suas características variam de acordo com a influência, se benéfica ou maléfica. Apesar de somente estas quatro serem especificamente mencionadas nesta categoria, na realidade os fatores onipresentes e determinadores compartilham esta qualidade de variabilidade moral.
Existem onze fatores mentais benéficos, que incluem fé, auto‐respeito, consideração pelo outros, consciência, entusiasmo, e assim por diante. Através do seu cultivo, os correlatos maléficos contrários, descrença, desavergonhamento (shamelessness), desconsideração pelos outros, etc, são naturalmente dominados e descobrimos mais e mais paz e bem estar. Eles são os elementos responsáveis por todas as formas de crescimento e desenvolvimento espiritual.
As aflições raízes: apego, raiva, orgulho, ignorância, visões aflitivas e indecisão são os fatores mentais que nos amarram ao ciclo de descontentamento da existência, por meio disso agem como a causa primária para todo nosso sofrimento e frustração. Eles colocam a mente em um estado de desordem e inquietação que resultam em atividades físicas e mentais as quais são nocivos para nós e para os outros. Elas são os verdadeiros inimigos que têm quer ser dominados através da prática do Darma. As aflições secundárias são fatores mentais maléficos que naturalmente surgem da proximidade com as aflições raízes. Elas incluem agressividade (spite), inveja (envy), pretensão (pretension), preguiça e assim por diante, todas as quais são conseqüência especifica de uma ou mais das aflições raízes. Nos capítulos seguintes continuaremos a elucidar cada um destes cinqüenta e um fatores mentais com mais detalhes
III. AS CINCO SIMILARIDADES ENTRE UMA MENTE PRIMÁRIA E SEUS FATORES MENTAIS
Em adição aos relacionamentos descritos acima, todas as mentes e seus fatores
mentais são similares de cinco maneiras. Elas têm uma base, duração, aspecto, referência e substância similares. Para explanar estas similaridades, vamos dar um exemplo de uma consciência primária visual da cor azul e seu fator mental acompanhante de sensação. Eles têm uma base similar, visto que eles surgem na dependência do mesmo órgão, o órgão olho. Eles têm uma duração similar visto que ambos têm uma existência simultânea,
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surgem e cessam simultaneamente. Deste modo, não é possível um relacionamento causal entre uma mente primária e seus fatores mentais acompanhantes visto que um jamais antecede o outro. Seus aspectos são similares visto que eles suportam o aspecto da cor azul. Isto quer dizer que subjetivamente ambos refletem uma imagem similar do campo objetivo20. Suas referências são similares visto que ambas se referem ao mesmo objeto. Não possível para uma mente primária e seus fatores mentais acompanhantes terem diferentes objetos referentes. Finalmente, elas têm uma substância similar visto que suas características cognitivas básicas são sempre a mesma. Jamais acontece de uma mente primária ser uma percepção enquanto que um dos seus fatores mentais ser uma concepção, ou que um fator mental ser uma cognição errônea enquanto que sua mente primária associada ser uma cognição não errônea. Sua natureza cognitiva, ou substância é sempre idêntica. As cinco similaridades são aplicáveis para toda mente primária e seus fatores mentais acompanhantes.
20 Veja página 38.
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Conteúdos do Capítulo Sete I OS FATORES MENTAIS ONIPRESENTES 71 A. Sensação 71 B. Discriminação 72 C. Intenção 73 D. Contato 73 E. Atenção 74 II OS FATORES MENTAIS DETERMINADORES
DE OBJETOS 74 A. Aspiração 75 B. Apreciação 75 C. Lembrança 75 D. Concentração 76 E. Inteligência 77
III OS FATORES MENTAIS VARIÁVEIS 77 A. Sono 77 B. Arrependimento 78 C. Exame Geral 78 D. Análise Precisa 78
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Capítulo Sete
Os Fatores mentais, Onipresentes,
Determinadores de objetos e Variáveis
Os Fatores mentais Onipresentes, Determinadores de Objeto e Variáveis serão tratados juntos visto que eles todos compartilham a característica de serem funções da mente que não serem maléficas nem benéficas21. Os fatores mentais onipresentes e determinadores de objetos são as atividades psicológicas o mecanismo básico da mente. Dependendo de como este mecanismo é usado e dirigido na mente, podem ser desenvolvidos altos estados de paz, compreensão e amor pelos outros ou pode degenerar em confusão, neurose e insanidade. Os fatores mentais variáveis incluem quatro funções mentais que podem ser positivas ou negativas.
A direção do nosso próprio desenvolvimento interior é de nossa própria responsabilidade. Outros podem mostrar o caminho, mas precisamos incorporar seus ensinamentos em nossa vida. No presente momento, os elementos básicos das nossas mentes estão constantemente propensos a excitação incontrolável de pensamentos perturbados e emoções conflitantes. Estas ocorrências nos expõem a toda espécie de tensões internas, preocupações, medos e frustrações que nos conduzem a ações de uma maneira incompatível com o bem estar nosso e dos outros. Para dominar estes problemas é necessário, fundamentalmente, reorientar nossa perspectiva e desenvolver o domínio e controle sobre estes processos psicológicos imbuindo‐os com claridade, alegria e bondade.
21 Tradicionalmente os quatro fatores mentais variáveis são tratados depois das vinte aflições secundárias.
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I OS FATORES MENTAIS ONIPRESENTES
Visto que sensação, discriminação, intenção, contato e atenção acompanham toda mente primária, não importa quão breve ou sutil possa ser, eles são chamados de fatores mentais onipresentes.
A. Sensação
Sensação* é definido como uma cognição distinta que é uma experiência de prazer,
dor ou indiferença, i.e. uma estado que é prazeroso ou doloroso. Os objetos de sensação não são prazerosos ou doloridos, mas as próprias experiências ou as sensações. Deste modo eles são da natureza da consciência e surgem na dependência do que aparece para a mente em contato com seus vários objetos. Sensação é, por essa razão, uma qualidade inerente da experiência presente em cada estado mental.
A função geral da sensação é preencher a experiência com os efeitos amadurecidos de nossas ações prévias. Sua função específica é a de conduzir para reações de apego, aversão, confusão e espanto. Assim que uma sensação prazerosa ocorre, seres sencientes têm a tendência de tornar‐se desejosos de manter e repetir tais experiências. Deste modo apego e ânsia surgem. Mas quando sensações dolorosas surgem ocorre a tendência completamente oposta; um desejo forte de ficar livre deles surge e aversão ou raiva é induzida. Quando indiferença é experienciada a mente tende a tornar‐se inerte e obscura, deste modo conduzirá para um estado de confusão e espanto. Estas reações habituais de nossas sensações constituem um dos elementos básicos no processo da existência sansárica e enquanto elas surgirem descontroladas, continuaremos a ser impulsionadas para os estados insatisfatórios da existência. Para neutralizar estas tendências inatas, Buda ensinou uma forma de meditação chamada “colocação fechada da atenção nas sensações”22. Através desta prática desenvolve‐se uma consciência firme e lúcida de qualquer sensção que surge na mente e então aprendemos respostas inteligentes para experiência no lugar de reações cegas para elas.
Existem três diferentes maneiras de classificar sensações: em sensações prazerosas, dolorosas e indiferentes; sensações mentais ou sensoriais; e sensações contaminadas e descontaminadas. Já tratamos da primeira classificação, tanto quanto a segunda, sensações sensoriais são aquelas que acompanham as consciências sensoriais enquanto que sensações mentais são aquelas que acompanham uma consciência mental. Sensações contaminadas são experiências insatisfatórias de prazer, dor e indiferença que acompanham os estados de consciência afetados pelas aflições. Sensações descontaminadas são aquelas que acompanham os estados mentais nas mentes dos Aryas que não são mais afetadas pelas aflições.
22 Veja Geshe Rabten, Close Placement of Mindfulness in the Mahayana.
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B. Discernimento
Discernimento* é definido como um fator mental distinto tendo como função identificar o objeto como algo oposto a outro por meio da diferenciação.
Esta é uma qualidade inerente da mente cuja tarefa é distinguir um objeto de outro por identificá‐los com termos e frases, como no caso da maioria das concepções, ou por fazer meramente uma distinção entre objetos, como no caso das percepções. Deste modo ela está presente em todas as formas de cognição, executando um papel essencial no pensamento abstrato e na imaginação bem como nas percepções visuais e auditivas.
De acordo com suas bases existem seis formas de discernimento , variando do discernimento associado com um contato visual até o discernimento associado com um contato mental. Todos os seis tipos de discernimento são classificados de acordo com seus referentes:
1. Discernimento com um sinal
Esta espécie de discernimento tem três tipos: aquele que é experienciado em relação
ao termo para seu objeto correspondente; aquele que discerne um fenômeno impermanente como concreto; e aquele no qual tem uma distinção referente clara.
2. Discernimento sem um sinal Também tem três divisões, todas opostas às três mencionadas acima. A primeira é
um discernimento de uma jovem criança que, não tendo ainda aprendido a linguagem, não identifica objetos com sinais, i.e. nomes e termos. A segunda é o discernimento de uma percepção meditativa da verdade última na qual não existe sinal de qualquer fenômeno condicionado. A terceira divisão é o discernimento de uma absorção sem forma no pico do sansara no qual não existe sinal de uma distinção referente clara.
3. Discernimento do limitado
É um discernimento presente nos seres duradouros (abindig) no reino dos desejos
que não atingiram o estágio preparatório para uma absorção mental. É dito ser alguma coisa limitada visto que ele discerne o mundo no qual a vida é muito curta, aflições são mais numerosas, e mesmo o meio ambiente são de uma qualidade mais baixa que os mais altos estados de existência.
4. Discernimento do vasto Este é um discernimento existente dentro do reino da forma. Ele é vasto no sentido
que ele diferencia um mundo no qual aflições são menos e as qualidades maléficas não maiores que o reino do desejo.
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5. Discernimento do infinito
Este discernimento existe no reino sem forma onde alguém é absorvido na infinidade do espaço e na infinidade da consciência. É então chamado visto que ele diferencia o espaço e a consciência de ser infinito.
6. Discernimento de forma alguma
Este discernimento é que o reino sem forma no qual a mente é absorvida na
inexistência. Ele é assim chamado visto que ele considera que existe forma alguma apresentando ele próprio para a mente. (revisar esta frase).
Além do mais, podemos falar de discernimentos enganosos e não enganosos.
C. Intenção
Intenção* é definida como um fator mental distinto que move a mente primária com a qual ela suporta as cinco familiaridades, tanto quanto os outros fatores mentais contínuos da mente primária para o objeto.
Ele é ambos a consciência e a motivação automática, elemento da consciência que causa a mente envolver‐se com ela própria com e apreendendo seus objetos. Como um magneto por natureza move algum ferro que vem em contato com ele, do mesmo modo pela mera existência da intenção, a mente é movida para vários objetos benéficos e prejudiciais. Além do mais, intenção é o princípio da atividade. Ela é carma. Se uma ação é de mente, corpo ou fala, o elemento formativo que é primariamente responsável e que acumula tendências e impressões na mente é a intenção. Deste modo, ela age como uma base para a existência condicionada.
Existem muitas formas de classificar intenção, da mesma forma que classificamos ações de acordo. Deste modo, nos distinguimos entre intenções maléficas, benéficas e atividades inespecíficas e do mesmo modo entre aquelas que são ações meritórias, não meritórias e invariáveis. Estas ao contrário, podem ser formas de ações propulsoras, completadoras ou previsivelmente seguras, tanto quanto ações puras ou contaminadas.
D. Contato
Contato* é um fator mental distinto que, por conexão com o objeto, o órgão e a
consciência primária, ativa o órgão. É dito ativar o órgão devido a sua cooperação, o órgão é transformado em uma entidade com a habilidade de agir como a base para sensações de prazer, dor ou indiferença.
Ele é a base destas sensações porque quando uma consciência primária apreende um objeto, é o contato que causa o objeto ser experienciado como algo atrativo ou repulsivo e que faz surgir sensações de prazer e dor. Apesar de agir com base para sensações ele não
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age como base para as sensações que ocorrem simultaneamente com ele. Ele somente age como base para sensações que surgem subseqüentemente a ele.
Existem seis formas de contato variando dentre aqueles associados com a consciência visual até aqueles associados com a consciência mental.
E. Atenção
Atenção* é um fator mental distinto que tem a função de (a) dirigir a mente primária e
os fatores mentais com o qual ela está associada para o objeto e (b) apreendê‐lo. Ela foca e suporta a mente no seu objeto sem permitir movê‐lo a outro lugar. Desta maneira ela forma a base para um maior desenvolvimento das funções de lembrança e atentividade.
Não deveria, porém, ser confundida com intenção. Intenção move a mente para um campo geral de referência, chamada de paisagem, enquanto que atenção move‐se para um foco detalhe específico, tal como uma montanha, as árvores e assim por diante.
Existem dois tipos de atenção: atenção realística, o exemplo é quando a mente está atenta do objeto existente, e atenção errônea, o exemplo é quando a mente está atenta de um objeto não existente.
Se qualquer um destes cinco fatores mentais fossem isentos de qualquer percepção
ou concepção, a cognição seria incapaz de funcionar ou mesmo existir. Se não existisse sensação, a experiência de prazer, dor ou indiferença não ocorreria. Se não existisse discernimento, o reconhecimento ou identificação do objeto não ocorreria. Se não existisse intenção, não ocorreria envolvimento com o objeto. Se não existisse contato, não existiria base para a ocorrência de sensações. E se não existisse atenção, a mente não seria direcionada para qualquer objeto. Todavia, eles não estão sempre presentes em um estado manifesto. Ocasionalmente, tal como no memento da morte da consciência sutil, no momento imediatamente anterior ao nascimento e quando a mente é absorvida em uma cessação, alguns destes fatores mentais onipresentes estão meramente presentes em um estado adormecido ou latente.
II OS FATORES MENTAIS DETERMINADORES DE OBJETOS Aspiração, apreciação, lembrança, concentração e inteligência são chamados de
fatores mentais que “determinam” seus objetos, porque eles realizam uma função de determinar seus objetos particulares por meio da distinção de uma característica do campo objetivo. Por exemplo, aspiração determina o que é desejável dentro de um campo objetivo; apreciação, aquele no qual tem sido compreendido como sendo um objeto de valor; e lembrança que é aquilo que tem que ser nascido da mente. Quando a mente está ativamente engajada em uma tarefa, seja ele benéfico ou maléfico, todos estes fatores mentais estão constantemente ocupados, dando direção, coerência e significado para a seqüência de pensamentos e comportamento.
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A. Aspiração
Aspiração* é um fator mental distinto que, tendo focado um objeto pretendido, leva a um forte interesse nele. Ele tem a função de agir como a base para o entusiasmo.
Em geral, qualquer desejo ou anseio de obter um objeto particular é uma aspiração. Dependendo da natureza do objeto ou meta, a aspiração torna‐se benéfica e construtiva ou maléfica e destrutiva. Assim, é importante aprender quais objetos são meritórios de aspiração e quais não são.
Existe uma divisão tripla de aspiração: aspiração para encontrar uma vez mais aquilo que tinha passado; aspiração para não separar‐se daquilo está sendo experienciado no momento; e aspiração para atingir uma certa meta no futuro. Ela pode ser dividida, ainda mais em quatro tipos: um interesse forte por um objeto do desejo sensual; um interesse forte em um objeto material; um interesse forte em uma opinião ou visão particular; e um forte interesse na liberação.
B. Apreciação Apreciação* é um fator mental distinto que (a) estabiliza a apreciada apreensão de um
objeto previamente estabelecido e (b) a mente não segue distraída por nada mais. Assim, ela tem a função de apreciação do objeto e firma a lembrança dele.
Apreciação de um objeto somente segue após as qualidades do objeto terem sido determinadas como sendo vantajosas ou valiosas. Uma vez apreciado desta maneira a mente será muito mais inclinada para perseguir uma forma certa de comportamento a fim de obter o objeto ou atingir uma meta corporificada no ou relacionada com o objeto. Na prática do Darma, apreciação é um elemento essencial para um estado significativo de fé e confiança. Uma das mais fortes apreciações é sobre a natureza e características do Buda, Darma e Sanga, por exemplo, uma das mais fortes será a fé em sua infalibilidade, e uma das motivações mais forte para atingir uma meta espiritual. De fato o próprio Buda disse no Sutra Pedido por Sagaramati, ele disse que apreciação é a raiz de tudo que é benéfico.
Existem ilimitadas formas de apreciação, visto que infinitos objetos são apreciados por ilimitados seres sencientes. Mas, em resumo, podemos citar dois tipos de apreciação: aquelas que são errôneas e aquelas que são realísticas.
C. Lembrança
Lembrança* é um fator mental distinto que repetidamente traz para a mente um
fenômeno previamente conhecido sem esquecê‐lo. Ele tem a função de não permitir que a mente seja distraída do seu objeto. Ela age como a base para concentração.
Lembrança opera dentro de uma extensa variedade de atividades. Durante a meditação unifocada ela é o fator responsável por constantemente trazer o objeto para a mente e segurá‐lo lá. Na prática da disciplina moral ela é comparada com o vigia na porta de saída da mente que tem a tarefa de ser constantemente atenta aos vários fatores mentais – em particular as aflições – que surgem. É através da lembrança de um voto e
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compromisso que fatores mentais maléficos são incapazes de atingir um ponto de apoio na mente causando então distúrbio e caos. Durante o estudo, lembrança capacita alguém a relembrar o que tem aprendido previamente e deste modo permite uma grande quantidade de conhecimento ser construído. No dia a dia ela dá seqüência às atividades diárias, capacitando alguém a lembrar o que tem que ser feito em momentos particulares e assim por diante. Em resumo, lembrança é comparada a uma casa de tesouro que pode acumular muitas qualidades benéficas sem permitir que elas pereçam.
Existe, basicamente, uma classificação dupla de lembrança, aquelas lembranças e memórias que provocam distúrbios na mente e aquelas que não. Lembranças mentalmente tranqüilas podem ser divididas naquelas que são ainda impedidas por afundamento e excitação mental, e aquelas que não são impedidas. O primeiro tipo inclui todas as formas de lembranças que tem surgido do aprendizado e contemplação na mente de alguém que ainda não atingiu o nono nível da quietude mental. O segundo tipo inclui todas as lembranças associadas com o quinto nível da quietude mental tanto quanto aquelas associadas com ambos a quietude mental e insight penetrativo.23
D. Concentração
Concentração* é um fator mental distinto que é capaz de permanecer unifocadamente,
mantendo o mesmo aspecto, por uma duração sustenta de tempo em uma única referencia. Ela tem a função de (a) agir como a base para o aumento de inteligência e de (b) manter todos os fenômenos mundanos e supramundanos sob controle.
Concentração existe em algum grau nas mentes de todos nós. No presente momento esta faculdade pode não estar desenvolvida e somente ser capaz de lembrar um objeto por um tempo de limitada duração. Mas, com o esforço continuo e prática sua habilidade para permanecer unifocadamente em um único objeto pode ser desenvolvida até que, em estado mental de total quietude, alguém pode ficar por dias concentrado em um objeto particular. Além disso, seres que tem nascido em um dos reinos sem forma podem permanecer éons absorvidos em concentração em objetos extremamente sutis tais como a infinidade do espaço e a infinidade da consciência. Concentração é também um importante fator na elevação da inteligência. Quando estamos tirando uma fotografia, a firmeza que seguramos a câmera, fará com que a fotografia fique nítida. Similarmente, quanto mais firme e mais intensa for a nossa concentração, mais nítida e acurada tornar‐se‐á nossa inteligência.
Apesar de existir ilimitados níveis de concentração, podemos classificá‐las de acordo com suas naturezas em dez tipos: as concentrações associadas com a mente dentro do reino dos desejos; as quatro concentrações associadas com os quatro níveis de absorção pertencentes ao reino da forma; as quatro concentrações associadas com as os quatro níveis de absorção pertencentes ao reino da não forma; e a concentração supramundana.
23 Veja Geshe Rabten, The Life and Teachings of Geshe Rabten, p. 165 seq.
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E. Inteligência
Inteligência* é um fator mental distinto que tem a função específica de discriminação fina. Ela examina as características ou o valor de um objeto relembrado. Além do mais, ela tem as funções de (a) cortar pensamentos indecisos e dúvida com uma unilateral certeza (b) manter a raiz de todas as qualidades benéficas forseeable e unforseeable e (c) sendo similar a um olho que enxerga ou uma lâmpada que ilumina um fenômeno escondido.
O exame, qualidade analítica da inteligência, não deveria ser confundido com uma incerteza oscilante entre duas alternativas. Devido ao desconhecimento, indecisão meramente flutua entre duas alternativas a respeito de um objeto, no qual incerteza é encontrado. Inteligência, por outro lado, analisa duas alternativas através da diferenciação das características específicas de um objeto, de quem a presença fundamental tem sido determinada.
Inteligência pode ser aplicada tanto em atividades benéficas quanto maléficas. Ela tem capacitado pessoas a construírem armas de destruição altamente complexas e por outro lado e códigos de conduta ética por outro. Mas, o papel muito mais importante que ela joga, é o discernimento da natureza da verdade última – a falta de existência inerente. Tanto a inferência quanto a percepção imediata da falta de existência inerente. Uma inteligência afiada é um fator vital para atingir uma compreensão. Todavia, sem ser montada (without being mounted), a concentração da quietude mental, falta a ela sozinha alguma força que cause progresso ao longo do caminho para a liberação. Similarmente, a quietude mental e os vários outros níveis de concentração também faltam, por ela mesma sozinha, alguma força libertadora. Deste modo, é essencial a combinação da firme concentração da quietude mental com a inteligência discriminadora do insght penetrativo.
Existem quatro tipos de inteligência: aquela que é não nascida; aquela que ocorre do aprendizado; aquela que ocorre da reflexão; e aquela que ocorre da meditação. Inteligência não nascida é a acuidade natural da mente que herdamos das ações em existências prévias. Deste modo ela varia grandemente de indivíduo para indivíduo. As outras três formas de inteligência são conseqüência do treinamento intelectual e disciplina espiritual que seguimos nesta vida. Além disso, podemos distinguir entre inteligência que analisa o que realmente existe, i.e. a falta de existência inerente, e a inteligência que analisa o que convencionalmente existe.
III OS FATORES MENTAIS VARIÁVEIS Sono, pesar, exame geral e análise precisa são chamados de fatores mentais
“variáveis” visto que na dependência da motivação ou de uma situação particular, eles tornam‐se maléficos, benéficos ou inespecíficos.
A. Sono Sono* é um fator mental que faz a mente obscura (encontrar sinônimo), recolher a
consciência sensorial para o seu interior, e torna a mente incapaz de apreender o corpo. Ele
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tem a função de (a) de permitir que a apreensão de objetos da consciência mental degenere e (b) cause a perda da consciência das atividades físicas, pode ser um momento de desnorteamento ou de uma inconsciência mental imperturbável.
Quando o corpo está exaurido e com necessidade de restaurar‐se, a sonolência puxa a mente primária para a escuridão do sono i.e um estado no qual sonhos não ocorrem. Como a força do sono torna‐se mais claro e sonhos são, então, experienciados devido a excitação de marcas e tendência implantadas na mente durante o estado em que nos encontramos acordados. Ele é um fator mental variável porque ele pode ser influenciado pelo nosso comportamento. Se ocuparmos o dia envolvido em tarefas benéficas, em particular, gerando fortes pensamentos positivos antes de irmos dormir, isto provocará um sono benéfico e tranqüilo. Se, por outro lado, nossas mentes estiverem preenchidas com ódio e ânsia quando formos dormir, a qualidade do sono será do mesmo modo maléfico e perturbado. Além do mais, existem certas técnicas pelas quais a consciência do sono e o sonho são utilizadas para a prática do Darma. Visto que são estados mentais muito mais sutis que a consciência acordada, eles podem tornarem‐se bases muito poderosas para o desenvolvimento de insigths.
Mas, antes de podermos usá‐las desta maneira, devemos primeiro aprender como tornarmos consciente dentro dos estados de sono e sonho.24
B. Pesar
Pesar* é um fator mental que, tendo considerado algo mal que foi feito no passado,
torna a mente descontente e perturbada (displeased and distraught). Ele tem a função de impedir que mente de repousar na tranqüilidade e de agir como uma base para trazer infelicidade sobre a mente.
Se sentimos que fizermos atividades ou ações maléficas, então o pesar torna‐se maléfico. É necessário desenvolver esta forma de pesar a fim de ajude a purificar marcas mentais negativas que acumulamos pelas ações negativas. De qualquer modo, se sentimos pesar por ter dado um presente generoso ou oferenda, então o pesar tornar‐se negativo e prejudicial. Se lamentamos ao estacionar o carro em um lugar errado, isto é um estado mental nem maléfico nem benéfico, e sim inespecífico.
C. Exame Geral
Exame geral* é um fator mental distinto que na dependência da intenção e da
inteligência pesquisa uma idéia inacabada sobre algum nome suportado por um objeto. D. Análise Precisa
Análise precisa* é um fator mental distinto que na dependência da intenção ou
inteligência analisa o objeto em detalhe.
24 Veja Geshe Rabtem, Introdução aos Diferentes Níveis de consciência e suas Aplicações na Meditação.
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Tanto exame geral quanto análise precisa são qualidades imputadas a intenção e inteligência, suas diferenças é determinada pelo grau de precisão com a qual elas investigam o objeto. Se elas são cultivadas de uma maneira benéfica, elas originam o que desejamos para esta vida e para as futuras. Mas se elas são desenvolvidas de uma forma maléfica, elas tornam‐se somente uma causa para o que não desejamos, no presente e no futuro.
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Conteúdos do Capítulo Oito I OS FATORES MENTAIS BENÉFICOS 81 I. FÉ 81 II. AUTO‐RESPEITO 82 III. CONSIDERAÇÃO PELOS OUTROS 82 IV. DESAPEGO 83 V. NÃO ÓDIO 83 VI. NÃO CONFUSÃO 83 VII. ENTUSIASMOS 84 VIII. FLEXIBILIDADE 85 IX. CONSCIÊNCIA 86 X. EQUINIMIDADE 86 XI NÃO VIOLÊNCIA 87
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Capítulo Oito
Os Fatores Mentais Benéficos
Neste capítulo consideraremos as onze qualidades da mente que causam aspectos benéficos nos fatores mentais onipresentes, determinador de objeto e variáveis e, como resultado, produzem paz e bem estar para nós e para os outros. Através do constante esforço em cultivá‐los se tornarão firmemente enraizados na mente e, deste modo neutralizaremos, naturalmente, os fatores mentais negativos, e conduzirá a liberação da visão da realidade.
I FÉ Fé* é um fator mental distinto, quando nos referimos a tópicos como lei de causa e
efeito, as Três Jóias e assim por diante, produzem um estado mental alegre e livre dos distúrbios das aflições raízes e derivadas. Ela tem a função de (a) agir como base para a geração de uma aspiração para qualidades benéficas que ainda não tenham sido geradas e (b) aumentar algumas dessas aspirações já geradas. Em resumo, ela age como a porta através do qual todas as qualidades positivas se manifestam.
Fé ou convicção é extremamente importante como fundação da prática do Darma. O Buda, certa vez, disse que assim como uma semente queimada é incapaz de germinar, do mesmo modo uma mente destituída de fé é incapaz de cultivar qualquer coisa benéfica.25 Se tivermos uma convicção firme em algo, tal como a certeza que o sofrimento inevitavelmente surge de ações maléficas, então, automaticamente, nos motivaremos a ajustar nosso comportamento e nos abster de tais atividades. Similarmente, se temos convicção na confiabilidade de uma pessoa em particular, então não hesitaremos em acreditar no que ela diz e seguiremos seus conselhos que ela possa nos dar. Fé não significa somente uma atitude de reverência diante de certos seres sagrados. Ela deveria ser compreendida como um fator mental capaz de alargar e expandir a compreensão de alguém.
25 Esta citação é baseada no Dasadharmakasutra
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Existem três tipos de fé: fé convicta, fé admiradora e fé veemente. Fé convicta é um estado de completa convicção e certeza em tais coisas como as Três Jóias, a infalibilidade da lei de causa e efeito e assim por diante. Ela é inabalável e não pode ser atraída para outras proposições. Fé admiradora é um estado no qual o objeto de fé é retido por ser particularmente excelente e estimado. É uma mente dotada com alegria e contentamento. Fé veemente é um estado mental no qual alguém tem o objeto, considerado de fé, atingível. É caracterizada por um interesse forte e veemente em atingi‐lo.
II AUTO‐RESPEITO Auto‐respeito* é um fator mental distinto que evita o nocivo por razões de
consciência pessoal. Ele tem a função de restringir a conduta prejudicial do corpo, da fala e da mente, e é uma base para todas as disciplinas morais.
Um exemplo de auto‐respeito seria que podemos ser a causa de prejudicar outros seres, mas em consideração que não gostaríamos de causar tais danos acontecesse para nós, então nos privamos destas ações. Similarmente, podemos estar no limite de cometer uma ação, mas então lembramos que ela não é uma ação conveniente para alguém que supostamente está praticando o Darma. Por essa razão nos restringimos de fazê‐la. Enquanto estamos andando a cavalo é muito importante manter a rédea firme a fim de prevenir que ele não saia do controle. Do mesmo modo, sem um senso de auto‐respeito nossa conduta estaremos sujeito a tornar caótica e sem limites, conduzindo‐nos, então, para o conflito e sofrimento.
Existem duas formas de auto‐respeito: evitar prejudicar pelo motivo de si próprio e evitar prejudicar pelo motivo de uma tradição espiritual.
II CONSIDERAÇÃO PELOS OUTROS Consideração pelos outros* é um fator mental distinto que evita prejudicar por causa
dos outros. Ele tem a função de (a) restringir uma conduta prejudicial de corpo, fala e mente, (b) agir como base para a manutenção de uma disciplina moral pura, (c) evitar que a falta de fé ocorra em outros, (d) por meio disto agir como causa para a alegria surgir nas suas mentes.
Este fator mental é muito similar em natureza com o auto‐respeito, exceto que ele restringe alguém de prejudicar por meio da consideração que alguém teve em cometer uma ação particular, pois ela causaria desapontamento e sofrimento para outros. Em geral, auto‐respeito e consideração pelos outros são fatores determinantes neste mundo pelo qual pessoas são consideradas nobres ou não. Eles são como um vaso que contém todas as virtudes divinas e humanas tanto quanto uma cerca forte que guarda‐nos. Nagarjuna certa vez disse que existem duas coisas que protegem pessoas neste mundo: auto‐respeito e consideração pelos outros.
Existem dois aspectos na consideração pelos outros: evitar os danos que causamos para outros seres e evitar danos que causamos para a tradição espiritual dos outros.
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IV DESAPEGO Desapego* é um fator mental distinto que, quando se refere a um objeto dentro
da existência condicionada, age como remédio para o apego em relação a ele. Sendo removido do objeto, ele torna‐se desapegado e alguém não se agarra nele. Ele tem a função de prevenir apego e aplicar o remédio para ele.
Apego é a tendência da mente que deseja possuir um objeto particular, seja ele animado ou inanimado. Tanto quanto nos submetemos a sua demanda, somente obteremos desapontamento e sofrimento, jamais a satisfação que procuramos. Deste modo desapego nos afasta do envolvimento compulsivo com o objeto através da compreensão da sua verdadeira natureza. Por meio disto elimina o agarramento e o impulso de possuir. Sob influência do apego, nos encontramos compulsivamente perseguindo prazeres transitórios que faltam algum valor real. Com desapego, entretanto, somos capazes de ver mais clara e objetivamente e deste modo focar nossa atenção e energia na realização das metas que verdadeiramente valem a pena.
IV. NÃO‐ÓDIO
Não ódio* é um fator mental distinto que quando referido por um dos três
objetos específicos, suporta as características de bondade amorosa a qual domina diretamente o ódio. Ele tem a função de agir como base para evitar o ódio e pelo aumento do amor e paciente aceitação.
Os “três objetos específicos” mencionado acima refere‐se (a) alguém que está aflitamente para ferir‐nos (c) a ferir a si próprio, e (c) a causa ou instrumento de ferir, tais como espinhos, venenos, armas, etc. Após o reconhecimento de um destes três coisas como causa do nosso sofrimento, tenderemos a não gostar e nos tornaremos raivosos através deles.. Esta raiva causará, imediatamente, agitação e tensão na mente que conduzirá somente a comportamentos irracionais e incontrolados. Não‐ódio é a resposta oposta: sem uma reação cega para a situação, ela mantém uma mente clara caracterizada por amor, bondade e aceitação paciente. É um fator mental positivo que sendo cultivado erradicará os fatores negativos de raiva e ódio. Apego e ódio são como água em ebulição na mente. Desapego e não‐ódio são similares a água fresca que, quando despejada na água em ebulição, tem a função de acalmar e refrescar asa aflições de apego e raiva.
V. NÃO‐CONFUSÃO
Não‐confusão* é um fator mental distinto que surge de uma disposição inata,
aprendizado, reflexão e meditação. Ela age como um remédio para ignorância e acompanhada de uma inteligência firme que analisa completamente a verdadeira natureza do objeto. Ele tem a função de (a) evitar confusão, (b) aumentar os quatro tipos de inteligência, e (c) agir como um fator capacitante na efetivação de qualidades benéficas pertencentes a purificação.
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Não confusão é uma claridade e perspicácia da mente que dispersa confusão sobre um objeto particular. Confusão é como a escuridão em um quarto, e não‐confusão é como a luz que clareia este quarto ao ser acionada. Ela própria não é uma forma de inteligência, mas uma qualidade de lucidez da mente acompanhada da inteligência firme que suporta um relacionamento de similaridade com entusiasmo ou concentração. A maioria de nós nascem com um certo grau de não‐confusão herdada de atividades benéficas prévias. Todavia, para ela nos ajudar a atingir a liberação, ela é uma qualidade que precisa ser elevada e desenvolvida primeiramente através do aprendizado e estudo e subseqüentemente através da reflexão e meditação.
Eles deveriam ser apontados além dos termos “desapego”, “não‐ódio” e “não‐
confusão”, pois não denotam um estado mental que simplesmente faltam apego, ódio ou confusão. Os prefixos negativos não indicam uma simples negação destes fatores mentais, preferivelmente eles estão denotando estados mentais opostos como remédio para eles.26 Deste modo, não‐violência, desapego e não‐confusão são fenômenos afirmativos que tem o efeito curativo benéfico na mente.
Todos os ensinamentos e conselhos que Buda deu tinham unicamente o objetivo de neutralizar as aflições negativas da mente dos seus discípulos. Por esta razão, visto que apego, ódio e confusão são as principais fontes de todas as aflições, seus remédios diretos de desapego, não‐ódio e não‐confusão tornam‐se a raiz de tudo que é benéfico. Para o mesmo grau no qual eles são cultivados e elevados , uma fragilidade correspondente é impostas às aflições. Deste modo, o desenvolvimento delas é o coração da pratica Budista. Para aqueles que genuinamente empenham‐se pela liberação este é o caminho por meio do qual transformaremos completamente nosso inimigo interior.
VI. ENTUSIASMO
Entusiasmo* é um fator mental distinto que age como remédio para preguiça, e
engaja‐se alegremente em atividades benéficas. Ele tem a função de realizar qualidades benéficas que ainda não foram realizadas e trazer aquelas que tem sido realizadas para a compleição.
Todos os aspectos benéficos do caminho são desenvolvidos por meio do entusiasmo. É através da ativação da sua força que liberação e o estado Búdico são realizados. Entusiasmo é uma qualidade dinâmica da mente necessária para efetivamente concretizar qualquer crescimento espiritual e compreensão. Quando um declive de grama seca pega fogo, a labareda será espalhada somente se existir vento suficiente. Do mesmo modo, o fogo da discriminação inteligente somente será capaz de queimar as aflições se ela for suficientemente movida pelo vento do entusiasmo. Por outro lado, não importa quanta compreensão inteligente alguém atingiu, ela não será destruída se ela não for aplicada alegre e entusiasticamente na prática de meditação.
26 As partículas Tibetanas ma e med podem denotar um dos três significados: (a) uma simples negação, não isto, não aquilo, (b) algum outro estado, não isso mas aquilo, (c) ou a oposição ou antítese do que é afirmado, como temos aqui com desapego, etc.
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Visto que existem três tipos de preguiça, podemos também distinguir três formas de entusiasmo que agem como remédio para elas. O primeiro tipo de preguiça é a inatividade ou indolência. Esta é uma qualidade que entorpece a mente de qualquer interesse no Darma e deseja simplesmente afundar em um estado de sonolência indiferente. O segundo tipo de preguiça é uma espécie de auto‐piedade. Isto se torna manifesto através de tais afirmações: “Eu sou tão inferior que jamais poderia atingir qualquer insigth ou liberação”. Ela é uma indulgência desnecessária baseada na depreciação do seu próprio potencial interior. O terceiro tipo de preguiça, atração para o mal, é freqüentemente confundido com entusiasmo, visto que ele também é caracterizado pela perseverança, mas perseverança através do qual é maléfico. Todo o esforço que fazemos para atingir metas mundanas, até mesmo quando são realizadas alegremente, são de fato uma forma de preguiça. Deste modo, é o despertar do entusiasmo, um estado mental diligente que neutraliza a inatividade ou indolência. O entusiasmo, uma perseverança benéfica baseada na auto‐confiança que transforma auto‐piedade. E o entusiasmo, que encontra alegria no que é benéfico, é que elimina a atração pelo mal.
Existem também uma classificação quíntupla de entusiasmo: (a) entusiasmo tipo armadura, uma grande alegria é induzida através da intenção benéfica, (b) entusiasmo aplicado, é a alegria encontrada na prática do Darma, (c) entusiasmo indestrutível, é um estado mental que não pode ser desencorajado uma vez que a virtude tenha sido gerada, (d) entusiasmo irreversível, é um estado de alegria em alguém que permanece encorajado, apesar que ele tenha se considerado inferior em relação aos outros, e (e) entusiasmo descontente, é do ponto de vista de não deixar alguém não se deteriorar mas desenvolver para a compleição, um estado de alegria no qual alguém não está contente com apenas um pouco de virtude.
VIII. FLEXIBILIDADE
Flexibilidade* é um fator mental distinto que tem o efeito de capacitar a mente a aplicar objeto benéfico de qualquer maneira que ela deseja tanto quanto interromper qualquer rigidez física ou mental. Ele tem a função de purificação da rigidez mental e física e agir como uma base para todas as meditações diretamente associadas com a quiessência mental e insight penetrativo.
Rigidez física e mental é um estado inepto de mente e corpo no qual alguém é incapaz de fazer o que deseja. É semente que faz surgir todas as formas de aflitivas. Flexibilidade transforma qualquer peso ou rigidez e torna a mente muito flexível e sagaz. Alguém é, deste modo, capacitado para usar a mente de qualquer maneira que deseja, seja para resolver um problema intelectual ou para concentrar em um objeto de meditação. Através da prática esta qualidade pode também ser desenvolvido no corpo, dando a alguém um sentido de claridade física e bem estar como se alguém flutuasse no ar. A flexibilidade de corpo, ainda que, seja uma forma específica de sensação tátil e deste modo
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não ser considerado como um fator mental benéfico de flexibilidade. Do mesmo modo, deveria ser notado que flexibilidade somente se refere a qualidade flexível da mente que refere‐se a objetos benéficos.
IX. CONSCIÊNCIA Consciência* é um fator mental distinto que aprecia a acumulação do que é
benéfico e protege a mente contra aquilo que faz as aflições surgirem. Ela é uma qualidade que designa um estado mental no qual desapego, não‐ódio, não‐confusão e entusiasmo estão presentes. Ela realiza a função de conduzir a mente para a satisfação continuadamente manter tudo que é bom dentro e além deste mundo.
Aflições podem surgir tanto de fatores internos quanto externos. Consciência nos protege da reação a uma maneira negativa vinda de condições externas e além do mais evita a mente de ser dominada pelo apego, ódio e assim por diante. Na proteção da mente, consciência é similar de alguma maneira com o auto‐respeito e consideração pelos outros, exceto que ela não é baseada em um raciocínio particular, sem dúvida ela é a qualidade mental fundamental mais protetora. De qualquer modo, muito tentamos desenvolver qualidades benéficas e positivas, mas não teremos sucesso se faltar a qualidade de consciência. Viver uma existência inconsciente é comparável a sermos espiritualmente mortos, visto que qualquer oportunidade para cultivar virtude é automaticamente desperdiçada. Vivendo com consciência, entretanto, é equivalente a termos encontrado a imortalidade.27
Existem quatro tipos de consciência: consciência em acumulação de mérito, consciência na realização da liberação, consciência no desenvolvimento da renúncia e consciência em cultivar virtudes não contaminadas.
X. EQUANIMIDADE Equanimidade* é um fator mental distinto que, sem ter que exercer um grande
esforço para evitar excitação e afundamento, não deixa a mente ser afetado por eles. É uma qualidade sustentada por um estado mental no qual desapego, não‐ódio, não confusão e entusiasmo estão presentes. Ele tem a função de fixar e deixar a mente apoiada sobre objetos virtuosos.
Além do mais, visto que o conhecimento da realidade última ocorre somente quando a mente está em um estado de equilíbrio, equanimidade é chamada para agir como base para tal conhecimento. Além disso, ela age como base para evitar excitamento e afundamento bem como outras aflições raízes e secundárias. Em geral equanimidade é um fator mental que mantém a mente equilibrada e calma sem deixá‐la tornar‐se descuidadosamente distraída ou não clara e obtusa.Apesar dela poder ser frágil em uma mente não treinada, através da prática de meditação ela pode ser transformada em uma força muito poderosa. 27 Esta idéia é encontrada no Dhammapada (v.21) e no Suhrllekha de Nagarjuna (v.13).
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Usualmente falamos em três tipos de equanimidade: equanimidade que é um sentimento, por exemplo: indiferença, equanimidade ilimitada – o desejo que todos os seres permaneçam no estado sem propensões livre do apego e do ódio, e a equanimidade que é um elemento formativo. Esta última divisão possui uma subdivisão em três categorias, a equanimidade de uma mente equilibrada, uma mente em repouso e uma mente espontânea. A equanimidade de uma mente equilibrada é uma que com aplicação é capaz de manter‐se equilibrada mas por outro lado é ainda sujeita a interrupções por leves excitações e afundamentos. A equanimidade de uma mente em repouso é capaz de concentrar‐se no seu objeto sem ter que fazer grandes esforços para aplicar os remédios para excitação e afundamento. Por último, a equanimidade de uma mente espontânea ocorre quando a mente é finalmente equilibrada na concentração. É um estado sem qualquer esforço, excitação e afundamento, definitivamente não ocorrerão.
XI NÃO‐VIOLÊNCIA Não‐violência* é um fator mental distinto que, falta qualquer intenção de
causar dano, considere “ se somente os seres sencientes fossem separados do sofrimento”. Ele tem a função de ser incapaz de suportar o sofrimento dos outros.
Em outras palavras, não‐violência é equivalente a compaixão, o desejo puro que possam ser livres do sofrimento. Além disso, ele age como uma fundação de uma forte urgência em não desconsiderar os outros matando e ferindo‐os, e pelo desejo de beneficiar e trazer felicidade para o inapto (weak).
Existem três tipos de não‐violência: compaixão para com todos os seres sencientes, fenômenos e não referentes. Compaixão refere‐se aos seres sencientes é a compaixão que surge de ver criaturas desamparadas saltando para o samsara através da força da sua ignorância de apego a auto‐existência da pessoa. Compaixão referente aos fenômenos é a compaixão que ocorre quando alguém vê a natureza transitória e impermanente dos seres sencientes. Finalmente, compaixão não referente é a compaixão que vêm quando alguém vê que, apesar dos seres sencientes aparecerem como inerentemente existente, eles são de fato inerentemente não existentes.28
No entanto, visto que estes onze fatores mentais benéficos não surgem
simultaneamente em algum dos estados primários da mente, devemos maravilhar‐se no momento no qual combinações deles ocorrem. Podemos classificar seis distintas ocasiões para essas ocorrências:
i) Todas as vezes que tivermos crença, fé ocorre. ii) Todas as vezes que transformarmos o mal, auto‐respeito e consideração
pelos outros ocorrem. iii) Todas as vezes que nos engajarmos na virtude, desapego, não‐violência,
não confusão e entusiasmo ocorrem.
28 Veja Chandrakirti, The Guide to the Middle Way.
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iv) Todas as vezes que livramos alguém do apego pelas coisas mundanas, flexibilidade ocorre.
v) Todas as vezes que livramos alguém do apego pelas coisas não mundanas, consciência e equanimidade ocorrem.
vi) Todas as vezes que beneficiamos os outros, não violência ocorre.
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Conteúdos do Capítulo Nove I AS AFLIÇÕES RAIZES 91 A. Apego 91 B. Raiva 92 C. Auto‐importância 93 D. Ignorância 95 E. Visões Aflitivas 95 1. A visão da composição transitória 95 2. Visões Extremas 96 3. Visões de superioridade 96 4. Visões que consideram disciplinas
morais e espirituais insatisfatórias como supremas 96
5 Visões errôneas 97 F. Indecisão Aflitiva 97 II AS AFLIÇÕES DERIVADAS 98
A. Aflições derivadas da Raiva 99 1. Fúria 99 2. Vingança 99 3 Maldade 99 4. Inveja 99 5. Crueldade 100 B. Aflições derivadas do apego 100 1. Avareza 100 2. Auto‐satisfação 100 3. Excitação 101
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C. Aflições derivadas da confusão 101 1. Dissimulação 101 2. Obtusidade 101 3.Descrença 102 4. Preguiça 102 5. Esquecimento 102 6. Desatenção 103 D. Aflições derivadas do apego e confusão 103 1. Pretensão 103 2. Desonestidade 104 E. Aflições derivadas dos três venenos mentais 104 1. Desavergonhado 104 2. Desconsideração pelos outros 104 3. Inconsciência 104 4. Distração 105
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Capítulo Nove
Os Fatores Mentais Maléficos
Agora vamos considerar as aflições*. Estes são os fatores mentais que são responsáveis por todas as formas de sofrimento e descontentamento que experienciamos, são consideramos como maléficos. Eles são caracterizados por serem fatores mentais conceituais que, quando surgem na mente, causam distúrbios e inquietação. No caso de apego grosseiro, ódio e assim por diante, são de natureza completamente evidentes. Mas você deve querer saber como determinadas aflições tais como preguiça e obtusidade podem causar distúrbios na mente. Apesar delas não parecerem suportar estas características surgidas em uma mente não treinada, todavia seus distúrbios e qualidades destrutivas tornam‐se evidentes quando elas ocorrem em altos níveis de concentração meditativa. As aflições são caracterizadas em dois grupos: as seis aflições raízes e as vinte aflições derivadas. As aflições raízes agem como a base para todas as distorções intelectuais e conflitos emocionais e subseqüentemente fazem surgir ações contaminadas que impulsionam‐nos para estados do samsara. Enquanto estivermos sob seu domínio nossa existência tornar‐se uma escravidão na qual falta liberdade para determinar nosso destino. As aflições derivadas são assim chamadas porque, por um lado, elas são aspectos ou extensão das aflições raízes, e por outro, porque elas ocorrem na direta dependência delas.
1. AS AFLIÇÕES RAIZES
A. Apego Apego* é um fator mental distinto que, quando se refere a um fenômeno
contaminado super exagera sua atratividade e então procede ao desejo e um interesse forte por ele. Como uma condição contributiva , ele age como uma base para a produção continuada de descontentamento.
Apego desenvolve‐se de nossa concepção errônea sobre um objeto ser mais atrativo e agradável que ele realmente é. Projetamos uma falsa imagem, agarrando‐a, ansiamos
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em possuir o objeto aparentemente belo que temos embelezado com nossa própria imaginação. Este apego é uma concepção errônea que pode surgir através de qualquer objeto que vemos atratividade: nosso próprio corpo, saúde, posição social, tanto quanto corpos e posse por outros. Freqüentemente confundimos apego com amor ou compaixão. Na realidade, eles são completamente diferentes. Apego é sempre caracterizado pela tendência de exagerar enquanto que o verdadeiro amor e compaixão são baseados em uma consciência não distorcida do que é real. No seu objetivo também são muito diferentes. Embora apego possa superficialmente levar o aspecto de aparentemente ajudar os outros, ele é essencialmente egoísta – somente empenha‐se em saciar os próprios desejos. Amor e compaixão, não obstante, são da natureza somente de preocupar‐se com o bem estar dos outros, imaculado por qualquer preocupação com nós próprios. O resultado também é diferente: apego sempre resulta em sofrimento enquanto que amor e compaixão somente aumentam o bem estar. Podemos observar isto quando nosso aparente amor por alguém é meramente apego egoísta, apesar de ser prazeroso no início, no final ele freqüentemente mudará para o ódio e o desgosto. Amor e compaixão não a qualidade de mudar desta maneira. Pelo contrário, os sentimentos de proximidade e afeto que são criados pelo amor e compaixão somente aumentam com o seu desenvolvimento. Também compaixão e amor crescem fortemente mesmo se não existir reciprocidade pelo outro lado. Eles são abnegadamente dedicados ao bem estar dos outros. Devemos também anotar que o desejo genuíno por iluminação ou liberação não é uma forma de apego, mas uma aspiração benéfica e realística. Apego pode ser classificado de acordo com os três reinos: apego pertencente aos reinos dos desejos, forma e não forma; ou de acordo com o tempo: apego por experiências passadas e que novamente queremos provar, apego por querer segurar o que está presente, e apego ou desejo por alguma coisa que ocorrerá no futuro. B. Raiva
Raiva* é um fator mental distinto que, em referência a um dos três objetos, agita a mente por ser incapaz de suportar ou por pretender causar ferimento no objeto. Ela tem a função de perturbar e irritar a mente. Ela age como uma base para atormentar a si próprio e aos outros e é uma condição contributiva para o aumento do sofrimento e suas causas.
Quando nos tornamos raivosos, usualmente é em relação a um dos três objetos: seres ou objetos por quem estamos sendo feridos, o sofrimento que ocorre por estarmos sendo feridos, ou as razões pelas quais estamos sendo feridos. Enquanto apego super exagera a atratividade de um objeto, raiva é a concepção errônea que super exagera os aspectos desagradáveis do seu objeto.
Ele causa‐nos ver certas pessoas ou coisas como muito desagradáveis e desprazerosas. Deste modo o maneira na qual relatamos a situação é freqüentemente colorida pela fabricação de imagens mentais que distorcem completamente a realidade
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da situação. Quando estamos sob influência do apego, pessoas e objetos aparecem artificialmente atraentes e maravilhosas e quando estamos sob influência da raiva eles aparecem desprazerosos e repulsivos. Estas duas características básicas somente fazem surgir frustração e desespero. Eles são a origem de todos os conflitos: aa luta entre estes dois desconfortos, a rixa entre um homem e sua esposa, na escalada de guerras internacionais. Quando estamos perturbados por forte apego ou raiva, tendemos sempre a pensar que as qualidades boas ou más são propriedades intrínsecas do objeto. Por isso nos engajamos na tentativa de dominar e ferir fisicamente e destruí‐lo. Na realidade, estamos meramente sendo confusos e iludidos por nossas próprias imaginações e entretanto estamos nos esforçando muito para garantir felicidade nesta base, desta forma jamais teremos sucesso. É essencial, no entanto, reconhecer que a fonte de todo prazer e dor encontra‐se dentro da operação interna da nossa mente.
Na divisão de raiva, podemos falar da menor, da intermediária e dos maiores graus de raiva tanto quanto raiva causada por ferir seres feito por si próprio, feito para amigos seus ou por aqueles que são inimigos. Além do mais, considerando a segunda classificação em termos de tempo, ela pode ser causada por um dolo infligido no passado, um dolo infligido no presente, ou um dolo propenso a ser feito no futuro para alguém, para um dos seus amigos e assim por diante, podemos distinguir nove tipos de raiva.
C. Auto‐importância
Auto‐importância* é um fator mental distinto que, baseado na visão da coleção
transitória, “eu” e “meu”, apreendida como inerentes, fortemente apegada a uma imagem inflada e superior de si próprio. Ela tem a função de evitar a realização de qualquer alta virtude e de causar desrespeito e menosprezo pelos outros. Por meio disto ela conduz alguém ao doloroso e indesejável.
A base para a auto‐importância é a visão da coleção transitória, por exemplo a concepção errônea que os elementos corpo e mente são o “eu” ou essencialmente “meu”. Esta concepção exagerada conseqüentemente fará surgir a auto‐importância e sentimentos de orgulho tais como: “Olhem‐me, quão sábio eu sou!” Devido a este tipo de pensamento uma imagem altamente inflada de si próprio desenvolve‐se e como resultado torna‐se muito presunçoso diante dos outros. Através deste fator mental produze‐se um senso inflado de personalidade superior, ela não é uma superioridade real mas meramente uma produção conceitual falsa.
Uma vez surgida, ela automaticamente nos causará inveja dos superiores, competitivo com os iguais e arrogantes com os inferiores. Por meio disso ele cria uma atmosfera tensa a e hostil. Na perseguição mundana, ela pode parecer uma qualidade conveniente mas na prática do Darma ela é somente um obstáculo para o nosso desenvolvimento. No Tibet tem um provérbio que diz: “O brilho do conhecimento jamais permanece no balão do orgulho”. Isto quer dizer que tanto quanto eu mantenha uma imagem inflada , será impossível aprender ou compreender algo dos outros. Entretanto, se
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cultivarmos humildade e esvaziarmos a imagem que fazemos de nós próprios, será possível desenvolver todas as formas de virtudes e insghts. De acordo com suas causas, auto‐importância pode ser divida em sete tipos:
1 – 3 Auto‐Importância Menor, Maior e Extrema. Estas três formas de auto‐importância são chamadas de “materialmente‐
orientadas” visto que elas surgem em relação a tais coisas como status social e riqueza. Auto‐importância menor vem através da comparação de si próprio com aqueles que parecem ter menos que você. Este é o pensamento que considera: “Eu sou maior que aqueles que tem uma posição social inferior e que são mais pobres em conhecimento que eu.” Auto‐importância maior surge em relação àqueles que são iguais a nós. Ele considera: “ embora ele possa ser igual a mim em sua posição social, etc, todavia, através das minhas qualidades de generosidade, moralidade e assim por diante, eu sou superior a ele.” Auto‐importância extrema toma como seus objetos aqueles que superior a você e considera, “ mesmo comparado com aqueles que tem posição social, riqueza, conhecimento, etc superior ao meu, apesar disto eu sou superior.”
4. Auto‐importância egoística. Esta atitude convencida é um estado mental inflado que resulta da imaginação que
os seus próprios agregados de corpo e mente são alguma coisa perfeita. Ele, então, concebe fortemente que uma pessoa que é não auto‐existente passando a ser uma pessoa auto‐existente, e o que não pertence a tal da pessoa auto‐existente pertence a tal da pessoa auto‐existente.
5. Auto‐importância inflada
É uma qualidade humana negativa, por exemplo, todas as atividades que surgem
do apego, ódio e confusão, são contrapostas pela absorção mental e meditação. Auto‐importância inflada é atitude grosseira inflada de alguém que, sem ter realizado qualquer destas qualidades superiores, está convencido que tem.
6. Auto‐importância auto‐retraída
Este é um estado mental inflado que considera, “visto que tenho somente uma fração de status social, conhecimento etc. destes superiores a mim, eu estou completamente humilhado e insignificante.”
7. Auto‐importância Distorcida
Um exemplo de auto‐importância distorcida seria atitude inflada de uma pessoa moralmente degenerada que se considera moralmente correta e virtuosa. Então ela
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é distorcida visto que ela nos faz acreditar que estamos dotados com qualidades benéficas que de fato estão faltando.
D. Ignorância
Ignorância* é um estado aflitivo de desconhecimento que produz sobre a mente confusão sobre a natureza de coisas tais como a lei de causa e efeito, as três jóias e assim por diante. Ela tem como função agir como base e uma raiz para todas as aflições e ações corrompidas e estados de nascimento que elas produzem.
Então a ignorância que estamos falando aqui é a confusão, é qualidade de consciência que obscurece‐nos do conhecimento claro das coisas. Ela age como base para, mas é distinta da ignorância que concebe falsamente a auto‐existência da pessoa. Esta qualidade mais específica de ignorância será quando abordaremos a visão da coleção transitória. Geralmente falando, existem dois tipos de ignorância: confusão do o significado da sua própria realidade, como exemplo a ignorância sobre a natureza do eu, e a confusão sobre tais coisas como a lei de causa e efeito.
E. Visões Aflitivas
Uma visão aflitiva* é um estado de inteligência aflitiva que considera os agregados
como senso inerentemente “eu” ou “meu” ou em direta dependência de tal visão, uma inteligência aflitiva que desenvolve mais concepções errôneas. Visões Aflitivas têm a função de agir como a base para todos os transtornos engendrados através das aflições tanto quanto todas as outras perspectivas falsas e negativas. Existem muitos tipos de visões aflitivas mas aqui abordar aquelas cinco principais e mais importantes:
1. A visão da composição transitória
A visão da composição transitória é uma visão aflitiva que, quando se refere aos
agregados de corpo e mente, concebe‐os por ser ambos inerentemente “eu” ou “meu”29 Ela age como base para tudo que é maléfico.
Esta visão errônea é assim chamada porque ela tem como seu objeto a coleção transitória de corpo, sensação, discriminação, elementos formativos e consciência primária. Na confusão da ignorância, ela então concebe erroneamente uma pessoa auto‐existente para existir independentemente destes elementos. Alternativamente, ela considera‐os como uma substância de uma pessoa auto‐existente ou os objetos pertencentes para tal pessoa auto‐existente. Ela é considerada como uma forma de inteligência, mas por causa que ela é uma discriminação distorcida, ela tem como uma característica fundamental perturbadora e maléfica. Devido a esta concepção falsa que
29 Esta é uma visai da coleção transitória aceita por todas as escolas Budistas exceto pelos Prasangikas. Para eles esta visão é definida como uma inteligência perturbada que, referindo ao “eu” e ao “meu”, concebe-os como inerentemente existente.
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todos os seres ordinários são dotados com o senso de um “eu” independentemente auto‐suficiente. Deste modo está presente em todas as formas da existência condicionada. Em animais ele é meramente um senso instintivo de identidade enquanto no homem ele é freqüentemente cultivado e justificado intelectualmente.
Para obter a liberação do samsara, este é o fator mental chave para ser reconhecido e transformado. Mas tal processo não é fácil. Ele requer muita análise da natureza do caminho no qual distorcidamente concebemos a nós próprios como existente. Primeiro, temos que reconhecer claramente que este falso “eu” que temos tão fortemente assumido existir. Somente então podemos construtivamente proceder para penetrar na sua não realidade e reduzir a obsessão instintiva de apego a ele como algo real.
Existem dois tipos desta visão: a apreensão de um “eu” inerente e a apreensão de algo como senso inerentemente “meu”.
2. Visões Extremas
Uma visão extrema é um estado aflitivo de inteligência que, quando refere‐se ao
“eu” e ao “meu” concebido pela visão da composição transitória, considera‐os como um aspecto eternalista ou niilista. Ele tem a função de impedir que alguém encontre o caminho do meio o qual está livre dos extremos e de criar causas para alguém retornar a tarefa de estabelecer as causas para status elevado no samsara e a liberação.
Existem dois extremos nos quais estamos sujeitos a falhar uma vez que tenhamos assentado o senso do eu trazido pela visão da composição transitória: os extremos do eternalismo e do niilismo. O extremo do eternalismo é aquele que considera nossa identidade pessoal por ser algo imutável, a qual sobreviverá à morte e continuará indefinidamente. O extremo do niilismo é a visão que considera que apesar de uma identidade pessoal estar presente agora, na morte, tanto quanto o elemento da consciência, cessarão completamente. No Budismo estes extremos são evitados através da negação da existência independente de uma pessoa por um lado, mas por outro lado também afirmando a continuidade momentânea da consciência.
3. Visões de Superioridade
Uma visão de superioridade é um estado aflitivo de inteligência que considera
outras visões negativas ou os agregados de corpo e mente como sendo supremos, exaltados, principais ou sagrados. Ela tem a função de causar apego a visões falsas para aumentá‐las.
Tal visão seria o pensamento: “não existe nada superior à crença na auto‐existência da pessoa que é eterna e imutável”. Este tipo de pensamento somente exagera e fortalece nossas opiniões falsas.
4. Visões que consideram Disciplinas morais e espirituais insatisfatórias como
suprema.
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A visão que considera disciplinas morais e espirituais insatisfatórias como supremas é um estado aflitivo de inteligência que acredita que a purificação das corrupções mentais possa ser possível por meio de práticas ascéticas e de códigos de éticas inferiores que foram inspirados em visões errôneas. Ela age como base para não se obter os frutos para a liberação da existência cíclica tanto quanto por obter os resultados não desejados por nós. Visto que elas nos causam exaustão enquanto não atingimos metas reais. Estas visões encontradas em nós próprios manifestadas na submissão a tremendas dores físicas na espera que por tais práticas tendências maléficas serão purificadas. Em algumas religiões tradicionais acredita‐se que privando uma pessoa da sua alimentação ou queimando o seu próprio corpo, por exemplo, esta pessoa seria ajudada a atingir a liberação do sofrimento. De fato, como Buda descobriu por si próprio, estes métodos são insuficientes para afetar a raiz de nossos problemas e descontentamentos. Visto que a fonte de toda a escravidão está dentro da mente, o caminho da liberação é essencialmente um de desenvolvimento mental e purificação.
5. Visões errôneas
Uma visão errônea é um estado de inteligência aflitivo que nega a existência de
algo que realmente existe. Ela age como uma base para obstrução e qualquer conduta maléfica.
Um exemplo de uma visão errônea seria a negação de qualquer causa relacional entre ações e seus resultados, uma recusa em acreditar que felicidade é o resultado da virtude e sofrimento é o resultado da maldade. Do mesmo modo, negar que um estado de liberação do sofrimento existe seria também constituída de uma visão errônea.
Além do mais, temos as visões errôneas que negam a existência de algo existente, podemos falar também das visões errôneas que negam a existência de algo não existente.
F. Indecisão Aflitiva
Indecisão aflitiva* é um estado mental oscilante e indeciso tendendo para uma
conclusão incorreta30 sobre pontos importantes como a lei de causa e efeito, as quatro nobres verdades e as três jóias.
A fim de que um estado de indecisão ou dúvida possa ser considerado uma aflição raiz, ele deve ser um que obstrua o desenvolvimento do que é benéfico e induz a um quadro de perturbação mental. Ter dúvidas não é necessariamente negativo. Algumas das incertezas sobre a validade de certos pontos de vista errôneos podem conduzir alguém para um ponto de vista mais realístico. Também, indecisões aflitivas ocorrem somente quando o objeto da dúvida é algo que a aceitação é crucial e valorosa para o desenvolvimento do caminho espiritual, tal como as três jóias. Ela não inclui indecisões sobre tópicos mundanos e triviais. Indecisão impede‐nos de atingir qualquer certeza sobre um ponto particular e então cria uma mente frágil e vacilante que não é uma base perfeita 30 Veja página 80
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para a prática do Darma. Para transformá‐la temos que testar o objeto da nossa dúvida com uma discriminação inteligente baseada num raciocínio perfeito. Através da nossa aplicação neste caminho, devemos ser capaz de atingir um estado unifocado de convicção livre de qualquer hesitação ou oscilação.31
Finalmente o modo como e a disposição destas aflições raízes surgirem está claramente exposto por Ven. Tsong Khapa no Grande Tratado nos Estágios do Caminho.
“Assumindo que consideramos a ignorância e a visão da composição transitória
como fenômenos distintos, (então ele é como segue)”. Supomos que em um quarto com luz obscurecida existe um pedaço de corda
esticado, visto que ele é incapaz de ser claramente distinguido como uma corda, alguém o apreende como uma cobra.
Similarmente, na escuridão da ignorância que nos obstrui de ver claramente a verdadeira natureza dos nossos agregados, a visão da composição transitória, confunde os agregados com uma pessoa auto‐existente. Então, desses (dois fatores mentais) todas as outras aflições são produzidas. Mas deveríamos considerar ( ignorância e a visão da composição transitória) como únicas, então a visão da coleção transitória seria a raiz de todas as aflições.
Além do mais, uma vez que a visão da composição transitória estiver estabelecida (o senso de) uma pessoa auto‐existente, então passaríamos a discernir nós próprios e outros seres (inerentemente) distintos. Tendo realizado esta discriminação, desenvolvemos apego pelos objetos que estão do nosso lado, ferindo os objetos que estão do outro lado, e nos orgulhamos com relação a nossa própria identidade. Subseqüentemente, nos concebemos como sendo eternos ou sujeitos a total aniquilação. Então começamos a considerar tais visões sobre a identidade pessoal tanto quanto as formas insatisfatórias de comportamento relatadas naquelas visões como supremas.
Similarmente, tornamos propensos a nutrir visões errôneas que pensamos: “tais coisas como o Professor que ensinou sobre a falta de existência inerente do eu tanto quanto ele ensinou sobre ações e seus resultados, as quatro nobre verdades e as Três Jóias são não existente. Alternativamente podemos desenvolver indecisão, pensando, “fazer tais coisas existentes ou não, elas são (verdade) ou não?”32
II AS AFLIÇÕES DERIVADAS Visto que estes vinte fatores são derivados das aflições raízes, em particular dos três
venenos mentais do apego, do ódio e da ignorância, aqui agrupamos eles de acordo com as suas origens. Apesar de quando confrontado com uma situação imediata estamos freqüentemente inconsciente do crescimento e do nascimento destes vários fatores
31 Veja página 81. 32 Tsongkhapa, A Grande Exposição nos estágios do caminho, p 152 seq.
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mentais, apesar disso, eles são funções psicológicas distintas, comportando‐se com suas próprias maneiras particulares.
A. Aflições derivadas da Raiva
1. Fúria Fúria* é um fator mental que devido ao aumento da raiva, é um estado mental totalmente maligno desejando causar dano imediato. Ele tem a função de conectar diretamente a pessoa que pretende causar dano com o real sentido de fazê‐lo então. Como com a raiva, podemos distinguir três ou nove formas de fúria.
2. Vingança Vingança é um como um nó ou vinculo da mente que, sem esquecer, firmemente sustenta o fato que no passado alguém foi ferido por uma pessoa particular. Ele pretende encontrar a oportunidade pelo meio da qual devolverá o ferimento. É uma base para impaciência e deste modo realiza a função de repetidamente trazer a raiva e a dor de algo que é incapaz de suportar. Vingança é uma espécie de ferimento profundo que mantem um rancor dentro do fluxo da mente sem necessariamente deixá‐lo tornar‐se manifesto externamente. De fato, alguém pode ser muito prazeroso e agradável conosco enquanto esconde um forte rancor contra nós. A divisão da vingança é a mesma da fúria.
3. Rancor Rancor* é um fator mental quem quando precedido por fúria ou vingança e como resultado de querer prejudicar, motiva alguém a uma fala totalmente áspera em repetir palavras desagraveis ditas por outros. Ela age como base acumulação de ações maléficas através da fala e causa a destruição da felicidade dos outros. Existem três formas de rancor: a intenção de dizer palavras ásperas e raivosas para alguém na mesma posição, na posição inferior ou superior.
4. Cobiça Cobiça* é um fator mental distinto que, do apego em relação a ganhos materiais, é incapaz de suportar as coisas boas que os outros têm. Ela provoca distúrbios mentais profundos. É uma base de surgimento de imediata infelicidade na mente e tem a função de causar que as suas próprias coisas sejam exauridas. Cobiça freqüentemente contem um elemento de medo. Ele vê, por exemplo, que alguém pode estar ganhando uma posição que é muito procurada por você. Desejo pela posição e
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medo que possa não ganhá‐la, começa a sentir uma aversão e ódio pela pessoa que parece ser a causa do problema. Existem dois tipos de cobiça: aquela que surge em relação a posses materiais, e aquelas que surgem através de tais coisas como falar sobre perdas e ganhos.
5. Crueldade33 Crueldade* é um fator mental que, com intenção maléfica privada de qualquer compaixão ou bondade, deseja depreciar e desconsiderar outros. Ela tem a função de (a) prejudicar as boas qualidades próprias e dos outros, (b) agir como base para perturbação e (c) ferir psicologicamente a vida dos outros. Crueldade geralmente surge para com aqueles que consideramos inferiores a nós. Isto pode tomar a forma de danos físicos a outros ou simplesmente, ressentimento, ignorando uma questão colocada por alguém. Existem três formas de crueldade: sendo pessoalmente maldoso com os outros com o desejo de desacreditá‐lo, senso maldoso por causar aos outros fazer do mesmo modo; e sendo maldoso através do regozijo quando vemos ou ouvimos os outros sendo maldosos.
B. Aflições derivadas do Apego
1) Avareza Avareza* é um fator mental que, do apego em relação a posição ou ganhos materiais, firmemente suporta a sua própria posse sem o desejo de dá‐las. Ela tem a função de estimar as posses sem deixá‐las diminuir. Este fator mental causa‐nos dor quando surge a possibilidade de sermos separados do que possuímos e consideramos como queridos para conosco. Além de ocorrer com relação a objetos materiais, ela pode também se desenvolver com relação a nossa compreensão interna do Darma. Ela é, deste modo, o maior obstáculo para dar nossas posses e compartilhar nossa compreensão com os outros. No futuro ela causará pobreza material e espiritual. Existem dois tipos de avareza: a intenção de jamais dar algo e a intenção de não dar algo para determinada pessoa.
2. Auto‐satisfação Auto‐satisfação* é um fator mental que, sendo atento as marcas da prosperidade que alguém possui, conduz a mente sob sua influência e produz um sentido falso de confiança. Ela tem a função de provocar e sendo de acordo com todas as outras aflições tanto quanto interferir com a realização de qualquer das altas qualidades.
33 Crueldade (rmam.par.tshe.ba) é o oposto ao fator mental benéfico da não violência (rnam.par.mi.tshe.ba) A estreiteza da terminologia original está perdida na tradução.
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Auto‐satisfação produz um sentido falso de arrogância através da consideração de superioridade de nossa raça, aparência física, aprendizado, juventude ou autoridade sobre os outros. Por outro lado, não é necessariamente maléfica estar consciente das boas qualidades que possamos ter. O que devemos evitar é super valorizá‐las e convencidamente ostentá‐las então. Este fator mental é muito sujeito a provocar a auto‐importância.
3. Excitação Excitação* é um fator mental que, através da força do apego, não permite a mente repousar sozinha em um objeto benéfico mas dispersa‐a aqui e ali em muitos objetos. Ela tem a principal função de obstruir a quietude mental. Também ela causa na mente o engajamento em fantasias incontroladas e frivolidades. Este fator mental está freqüentemente conosco, mas sua presença somente torna‐se verdadeiramente sentido quando começamos a concentrar a mente na meditação. Nem todas as formas de distração são causadas por excitação, somente aquelas que são trazidas pelos nossos apegos e desejos por objetos agradáveis contaminados. Existem dois tipos de excitação: uma grosseira e outra sutil.
C. Aflições derivadas da Confusão
1. Dissimulação Dissimulação * é um fator mental que deseja esconder as qualidades maléficas de outra pessoa, com uma intenção benévola livre de aspiração maléfica, confusão, aversão ou medo, fala de tais qualidades negativas. Ela tem a função de causar pesar e a função indireta de não permitir que o corpo e a mente permaneçam tranqüilos. Isto ocorre quando alguém genuinamente tenta ajudar‐nos apontando uma certa fraqueza que possuímos. Em vez de darmos atenção a suas palavras, ignoramos e imediatamente tentamos esquecer o que ele disse. Na dissimulação necessariamente não reagimos com violência ou negatividade para com a outra pessoa, simplesmente suprimimos qualquer manifestação ou conhecimento da falha que ele descreveu. Superficialmente parece que agimos como uma defesa, mas quanto mais nos referenciamos a ela, mais ela causa aflição e desconforto na mente. Das muitas qualidades maléficas que existem, um correspondente estado de dissimulação também existem. Mas em resumo, dissimulação pode ser compreendido em termos de encobrir algo ou todas qualidades maléficas tanto quanto encobri‐las temporariamente ou permanentemente.
2. Obtusidade Obtusidade* é um fator mental que, tendo causado na mente lapso e escuridão e deste modo tornando‐se insensível, não compreende o objeto claramente, tal como ele é. Ela tem
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a função de fazer o corpo e a mente pesados e inflexíveis, e de aumentar a sonolência e o afundamento. Obtusidade não deve ser confundida com afundamento. O afundamento ocorre somente nos estados mentais mais avançados de meditação na quietude e necessariamente não é uma aflição. Quando o corpo e a mente são luminosos e joviais, afundamento se manifesta como um declínio da energia mental. Algo similar ao ar escapando através de um minúsculo furo em um balão. Existem dois tipos de obtusidade: uma grosseira e uma sutil.
3. Descrença Descrença* é um fator mental que, visto que ele causa a ausência de acreditar ou respeito por quem é merecedor de confiança – tal como a lei de ações e seus efeitos – é a oposição completa a fé. Ele tem a função de agir como uma base para a preguiça e de causar o decréscimo da força da fé. Além do mais, ela faz alguém desacreditar, desrespeitar e não ter desejo pelo que é positivo, deste modo serve de raiz para qualquer desenvolvimento benéfico. Existem duas formas de descrença: aquela que simplesmente não vê a necessidade para ou os frutos da virtude, e aquela na qual considera a virtude e não virtude como não existentes.
4. Preguiça Preguiça* é um fator mental que, tendo firmemente agarrado um objeto que oferece felicidade temporária, não quer fazer nada benéfico ou, apesar de querer, é medroso. Ele tem a função de causar a diminuição da força do entusiasmo. Ele age como base para a degeneração das tendências benéficas já acumuladas tanto quanto por evitar a produção de novas virtudes. Este fator mental negativo é o que é dominado pelo entusiasmo. Suas três principais divisões já foram explanadas na seção referente ao entusiasmo (pg 84/85). Entretanto, em adição a estas divisões podemos acrescentar três mais: preguiça que vem no inicio em relação a prática do Darma como desnecessária; preguiça de procrastinar é aquela que apesar de ser capaz de praticar o Darma, considera não existir tempo agora; e preguiça destrutiva é aquela que apesar de ver a necessidade de praticar agora, é atraído para atividades maléficas.
5. Esquecimento Esquecimento* é um fator mental que, tendo causado a perda da apreensão de um referente benéfico, induz lembrança de uma distração através de um distúrbio referente. Ele tem a função de destruir o vaso no qual contem todas as qualidades benéficas e de
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causar o declino da força da lembrança. Deste modo ele conduz alguém a apreender objetos que perturbam a mente. Aqui esquecimento refere‐se ao fator mental que, além de perder de vista o que é benéfico, atrai alguém para apreender o que é maléfico. Ele não corresponde ao que é usualmente compreendido por “esquecer alguma coisa”, por exemplo, simplesmente sendo incapaz de reter a lembrança de um objeto na mente. Na realidade é uma forma de lembrança que perturba a mente por envolvê‐la com objetos contaminados. Esta forma negativa de esquecimento é um grande obstáculo para a execução de qualquer tarefa, seja ela mundana ou espiritual. Existem dois aspectos do esquecimento: aquele no qual vem através da força da obscuridade sobre um referente benéfico; e aquele no qual vem através da força de ser atento em relação a um distúrbio referente.
6. Desatenção Desatenção* é um fator mental que, sendo um estado aflitivo de inteligência no qual nada tenha feito ou somente uma análise superficial, não está completamente consciente da conduta do seu próprio corpo, fala e mente e deste modo causa a alguém entrar em um estado de indiferença descuidada. Ela tem a função de causar o declínio da força da inteligência e provocar o aumento das ações negativas de corpo fala e mente. Ela também impede a aplicação das quatro forças oponentes. Geralmente falando, a desatenção refere‐se a qualquer estado de inteligência aflitiva. Além do mais, qualquer estado mental que surja enquanto alguém não está completamente consciente da conduta do seu corpo, fala e mente é chamado de uma forma “aflitiva” de inteligência, porque ele tem a função de ser um grande causador de quedas moral. Existem três tipos de desatenção: desatenção que acompanha visões malvadas, desatenção que evita o desenvolvimento de uma inteligência analítica válida; e desatenção que interrompe a quietude mental. Estes três tipos são, respectivamente, mais e mais sutis.
D. Aflições derivadas de Apego e Confusão
1. Pretensão Pretensão* é um fator mental que, quando alguém está publicamente apegado em relação a um ganho material, fabrica uma qualidade particular excelente sobre si próprio e então deseja fazê‐la evidente para os outros. Ela age como base para estabelecer um estilo de vida errôneo e como uma causa para monges seres derrotados pela falta da mentira. Existem dois tipos de pretensão: aquela que surge do apego e aquela que surge da confusão.
2. Desonestidade
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Desonestidade* é um fator mental que, quando alguém está completamente apegado em relação ao um ganho material, deseja confundir os outros mantendo suas próprias falhas desconhecidas deles. Ela tem a função de não dar uma resposta clara para questões e causar uma interferência para obter vantagens para si próprio. Ambos, pretensão e desonestidade são similares no que eles desejam transmitir uma imagem falsa de si próprio para os outros. Superficialmente eles parecem enganar e iludir os outros, mas na realidade eles somente enganam e iludem a si próprio. Existem dois tipos de desonestidade: aquela que surge do apego e aquela que surge da confusão.
E. Aflições que derivam dos três venenos mentais
1. Cinismo Cinismo* é um fator mental distinto que não evita o maléfico por razões de consciência pessoal ou por causa do Darma. Ele age como suporte e condição para todas as aflições raízes e derivadas e como base para danificar a proteção dos seus votos. Ele é o oposto ao fator mental benéfico de auto‐respeito. Existem dois tipos: cinismo que ocorre devido a falta de consciência pessoal; e cinismo que ocorre devido a falta de respeito pelo Darma.
2. Desconsideração com os outros Desconsideração com os outros* é um fator mental que, sem levar os outros ou suas tradições espirituais em conta, deseja se comportar de uma maneira que não evita comportamentos negativos. Ele age como uma base para causar aos outros a perda de fé em nós e tornar‐se agitado. Ele tem a função de danificar uma conduta imaculada. Existem três tipos de desconsideração pelos outros: aquelas que surgem do ódio, apego e confusão respectivamente. A uma pessoa que falte auto‐respeito e consideração pelos outros conseqüentemente não tem um senso de restrição em sua conduta e está dirigindo incontrolavelmente pela força das suas outras aflições. Suas atividades tornam‐se como a de um carro sem freios.
3. Inconsciência Inconsciência* é um fator mental que, quando alguém está afetado por preguiça, deseja agir livremente de uma maneira irrestrita sem cultivar virtude ou proteger a mente contra fenômenos contaminados. Ele tem a qualidade de designar qualquer dos três venenos mentais quando eles estão acompanhados por preguiça. Ele tem a função de aumentar não
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virtude e obstruir virtude tanto quanto causar a destruição qualquer qualidade positiva individual. Em resumo, ela corrompe toda as cinco forças.34De acordo com sua função existem dois tipos de inconsciência: aquela na qual faz a mente inconsciente e aquela na qual faz corpo e mente inconsciente.
4. Distração Distração* é um fator mental que, incapaz de dirigir a mente através do objeto benéfico, dispersa‐a para uma variedade de outros objetos. Ele causa a deterioração da força da concentração e age como a base para a perda da atenção nos objetos referidos na meditação analítica e de concentração. Ela tem uma qualidade de suportar um estado mental no qual a mente tem sido deixada fora do objeto de concentração por raiva, apego ou confusão. De acordo com as condições temporais, seis tipos de distrações são classificados. Os primeiros quatros são chamados de estados mentais “naturalmente agitados” e os dois últimos são chamados de formas de distração “errôneas”.
a) Distração inerente. Esta é a qualidade na qual pertencem todas as cinco consciências sensoriais de uma pessoa ordinária. Quando uma consciência sensorial tornar‐se manifesta durante a meditação, a mente não é capaz de permanecer muito tempo em equilíbrio mas é imediatamente transferida para um objeto externo.
b) Distração externa. Todo estado mental benéfico dentro do reino dos desejos, tais como aprendizagem, reflexão e assim por diante, tem esta qualidade. Ela surge quando a mente é incapaz de permanecer direcionada para um referente benéfico por um período de tempo sustentado. Dentro do reino dos desejos estados benéficos mentais são constantemente sujeitos a serem dispersos de um objeto para outro.
c) Distração Interna. A excitação e o afundamento que ocorrem durante a concentração equilibrada tanto quanto a anseio pela prova (sabor) da absorção que ocorre enquanto a concentração ainda está se desenvolvida, são exemplos de distrações internas. Elas são assim chamadas porque são aflições distintas as quais distraem a mente dos estados mentais de quietude e insight penetrativo.
d) Distração para um sinal. Um exemplo deste seria a atividade mental benéfica que pensa que seria insustentável se outras pessoas acreditassem que alguém fosse um grande meditador. Isto é chamado assim porque dispersa a mente para fora por causa das crenças de outras pessoas nas sua próprias qualidades benéficas.
e) Distração rígida. A visão da composição transitória e auto‐importância são rígidas, formas inflexíveis de distração visto que elas são acompanhadas por tais coisas como medo no qual não suportam a glória daqueles envolvidos em virtude.
34 As cinco forças (dbang.po.lnga) são qualidades cultivadas especificamente nos estágios do pico e calor do caminho de preparação (sbyor.lam.drod.dang.rtse.mo). Eles são as forças da: fé, lembrança, entusiasmo, concentração e inteligência. Quando cultivadas nos estágios da paciência e Darma supremo do caminho de preparação (sbyor.lam.bdzod.dang.chos.mchog) eles são conhecidos como as cinco forças.
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f) Distração atenta. Tais pensamentos que consideram estar deixando um estado mais alto de absorção para um mais baixo, ou abandonando o Mahayana pelo Hinayana são chamado de distração atenta no que elas primeiro rejeitam algo superior e então tornam‐se envolvidos em algo inferior.
Deveríamos notar que nem todos estes seis tipos são necessariamente formas de distração maléficas. Distração inerente é um fenômeno inespecífico, distração externa é benéfica, e também alguns dos outros tipos podem ocasionalmente serem benéficos.
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Glossário
Fenômeno abstrato Abstract phenomenon spyi.mtshan. Fé admiradora Admiring faith dang.ba’idad.pa Indecisão aflitiva Afflicted indecision the.tshom.nyon.mongs.can. Inteligência Aflitiva Afflicted inteiligence she.rab.nyon.mongs. can.
. Visão Aflitiva Afflicted view lta.ba.nyon.mongs.can. Aflição Affliction nyon.mongs . Agregado Aggregate phung.po. Alerta, Atento (estado de) Alertness shes.bzhin Raiva Anger khong.khro Objeto aparecido Appearing object snang.yul. Aplicabilidade para o sujeito
Applicabiiity to the subject Phyogs.chos
Cognição Não perceptiva Apperceptive cognition rang.rig. Entusiasmo aplicado Applied enthusiasm sbyor.ba’i.brtson.’grus. Apreciação Appreciation mos.pa. Objeto apreendido Apprehended object ‘dzin.stang.gi.yul. Objeto apreensível Apprehensible object gzung.ba Apreensão Apprehension dzinpa. Entusiasmo como armadura
Armour‐Iike enthusiasm go.cha’i.brtson.’grus.
Som articulado Articulate sound Brjod.byed.kyi.sgra Determinação Ascertainment ngesba. Aspecto Aspect rnampa. Aspiração Aspiration ‘dun.pa. Apego Attachment ‘dod.chags. Atenção Attention Yid.la.byed.pa. Distração atenta Attentive distraction yid.la.byed.pa’i.gyeng.ba. Atração para a maldade, preguiça de
Attraction to evil, laziness of bya.ba.ngan.pa.la.zhen.pai.le.lo
Consciência auditiva Audial consciousness rna.ba’i.shes.pa Avareza Avarice ser.sna. Indecisão equilibrada Balanced indecision cha.mnyam.pa’i. the. tshom. Fé confiante Believing faith yid.ched.kyi.dad.pa Confusão Bewilderrnent . gti.mug Órgão corporal Body‐organ . lus.kyi.dbang.po Relacionamento causal Causal relationship . de.’byung.’brel Claridade Clarity gsal.ba
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Cognição Cognition rig.pa. Cognição que torna a mente auto‐determinadora
Cognition that becomes a self‐ascertainable mind
snang.ba.nyid.kyang.gzhan las.nges.kyi.tshadma.
Termo comum Common‐term btags.ming. Compaixão Compassion snying.rje. Compaixão referente ao fenômeno
Compassion referning to phenomena
chos.la.dmigs.pa’i.snying.rje.
Compaixão referente ao não referencial
Compassion referring to the non‐referential
dmigs.pa med.pa.la.dmigs.pa i snying.rje.
Compaixão referente aos seres sencientes
Compassion referring to sentient beings
sems.can.la.dmigs.pa’i.snying.nje
Ação completadora Completing action rdzogs.byed.kyi.las Compreensão Comprehension rtogs.pa. Objeto ocultado Concealed object lkog.’gyur. Dissimulação Concealment chab.pa. Concentração Concentration ting.nge.’dzin. Conceber Conceive zhen.pa. Objeto concebido Conceived object zhen.yul. Cognição concebida Conceiving cognition zhen.rig. Concepção Conception rtog.pa. / rtog.bcas.kyi.blo. Fenômeno concreto Concrete phenomenon rang.mtshan. Existência condicionada Conditioned existence srid.pa Congruência com o predicado
Congnuence with the predicate rjes.khyab.
Consideração pelos outros Consideration for others khnel.yod.pa Conscienciosidade Conscientiousness bag.yod.. Consciência Consciousness shes.pa. Contato Contact reg.pa. Fenômeno contaminado Contaminated phenom.enon zag.bcas.kyi.chos n. Condição Contributória Contnibutory condition hlen.cig.byed.nkye. Inferência convencional Conventional inference grags.pa’i.rjes.dpag. Raciocínio convencional Conventional reason grags.pa’i rtags. Verdade convencional Conventional truth kun .ndzob.bden.pa rgyu.rntshan Crença correta Correct belief yid.dpyod. Crença correta baseada em um raciocínio contraditório
Correct belief based on a contradictory reason
rgyu.mtshan.’gal.ba’i. yid.dpyod..
Crença correta baseada em um raciocínio inconclusivo
Correct belief based on an inconclusive reason
rgyu.mtshan.ma.nges. grub.pa’i yid.dpyod.
Crença correta baseada em um raciocínio irrelevante
Correct belief based on an irrelevant reason
rgyu.mtshan.yod.kyang.gtan.la.ma.bab.pa’i.yid.dpyod.
Cornect belief based on a penfect but unestablished reason
rgyu.mtshan.yod.kyang.gtan.la.ma.bab.pa’i.yid.dpyod. ‘
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Crueldade Cruelty rnam.par.’tshe.ba. Consciência enganosa Deceived consciousness khrul.shes... Características definidoras Defining chanacteristic mtshan.nyid. Desapego Detachment ma.chags.pa. Compreensão direta Direct comprehension dngos.su.rtogs.pa. Inferência direta Direct infenence dngos.stobs.kyi.rjes.dpag. Raciocínio direto Direct reason dngos.stobs.kyi.rtags Discernimento Discernment ‘du.shes. Discernimento do limitado Discernment of the limited chung.ngu’i.’du.shes. Discernimento do vasto Discernment of the vast che.ba’i’du.shes. Discernimento com um sinal
Discernment with a sign mtshan.ma’i. ‘du.shes
Discernimento sem um sinal
Discernment without a sign mtshan.ma.med.pa’i.’du.shes.
Entusiasmo descontente Discontented enthusiasm chog.mishes.pa’i.brtson.’grus. Desonestidade Dishonesty gyo. Auto‐importância corrompida
Distorted self‐importance Iog.pa’i.nga.rgyal.
Distração Distraction rnam.gyeng. Distração para um sinal Distraction to a sign mtshan.ma’i.gyeng.ba. Condição dominante Dominant condition bdag.rkyen. Consciência do sonho Dream consciousness rmi.lam.kyi.shes.pa. Afundamento Dullness rmugs.pa. Órgão ouvido Ear‐organ rna.ba’i.dbang.po. Entidade efetiva Effective entity dngos.po. Auto‐importância egoística Egoistic self‐importance nga’o.snyam.ba’i.nga.rgyal. Vacuidade Emptiness stong.pa.nyid. Entusiasmo Enthusiasm brtson.’grus. Cobiça Envy phrag.dog. Equanimidade Equinamity btang.snyoms. Equanimidade de uma mente equilibrada
Equinamity of a balanced mind sems.mnyam.pa.nyid.kyi. btang. snyoms
Equanimidade de uma mente tranquila
Equinamity of a mind at rest sems.rnaLdu.’dug.pa’i. btang.snyom
Equanimidade de uma mente espontânea
Equinamity of a spontaneous mind lhun.gyis.grub.pa’i.btang.snyoms.
Equilibrio Equipoise mnyam.bzhag. Componente essencial do que é compreendido
Essential component of what is comprehended
gzhal.byai.bdag.nyid.
Cognição estabelecida Establishing cognition rtags.dzin.sems. Classificação Etmológica Etymological classification sgras.brjod.rigs.kyi.sgo.nas. kyi.dbye.ba Objeto evidente Evident object mngon.’gyur. Excitação Excitement rgod.pa. Existente Existent yod.pa.
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Experiência Experience myong.ba. Imagem experimental Experiential image don.spyi. Distração externa External distraction phyi.rol.tu.gyeng.ba. Eternalismo extremo Extreme of eternalism rtag.mtha’. Nihilismo extremo Extreme of nihilism chad.mtha’. Objeto extremamente oculto
Extremely concealed object shin.tu.lkog.’gyur.
Auto‐importância extrema Extreme self‐importance nga.las.kyang.nga.rgyal. Visão Extrema Extreme view mtha.lta Órgão olho Eye‐organ mig.gi.dbang.po Concepção fato conetctada Fact‐connectrng conception don.sbyar.ba’i.rtog.pa. Fé Faith dad.pa. Descrença Faithlessness ma.dad.pa. Falível Fallible slu.ba. Cognição falsa False cognition bio .don.mi.mthun. Concepção falsa False conception rtog.pa.don.mi.mthun. Percepção falsa False perception rtog.med.log.shes. Sensação Feeling tshor.ba. Esquecimento Forget brjed.ngas. Forma Form gzugs. Elemento formativo Formative element du.byed. Quatro nobres verdades Four Noble Truths ‘phags.pai.bden.pa.bzhi Auto‐importância inflada Full‐biown self‐importance mngon.pa’inga.rgyai. Presença fundamental Fundamental presence ngo bo. Imaginação futuro orientada
Future‐oriented imagination mngon.’dod kyi. rtog.pa
Exame geral General examination rtog.pa. Auto‐importância Greater seif‐importance che.ba’i.nga.rggyal Consciência Gustativa Gustatory consciousness lce’i.shes.pa. Ódio Hatred zhe.sdang Consciência elevada Heightened awareness .mngon.shes. Cognição não percetiva válida
Ideal apperceptive cognition rang.rig.mngon.sum.du.gyur.ba’i. tshad.ma
Percepção contemplativa válida
Ideal contemplative perception rnal.byor.mngon.sum.du.gyur ba’i.tshad.ma
Mente válida para a qual a característica universal do objeto é auto‐determinador mas para o qual a característica particular é auto‐indeterminada
Ideal mind for which the universal character of the object is self‐ascertainable but for which the particular character is self‐unascertainable
spyi.la.rang.las.nges.shing.khyed. par.gzhan.las.nges.kyi. tshad.ma tshad.ma .
114
Inferência válida (Crença Correta)
Ideal inference rjes.dpag.tshad.ma.y
Percepção mental válida Ideal mental perception yid.kyi.mngon.sum.du.gyur.ba’i.tshad.ma.
Mente válida Ideal mind tshad.ma. Mente válida na qual o que aparece é auto‐determinado mas na quaç a real natureza do objeto e não auto‐determinado.
Ideal mmd to which what appears is self‐ascertainable but to which the real nature of the object is self‐unascertainable
snag.ba.rang.las.nges.zhiing bden.pa.gzhan.Ias.nges.kyi. tshad.ma .
Percepção válida Ideal perception mngon.sum.tshad.ma Pessoa válida Ideal person tshad.ma’i.gang.zag Percepção sensorial válida Ideal sense perception dbang.po’i.mngonsum.du .gyur.
pa.tshad.ma. Percepção sensorial de uma função evidente
Ideal sensory perception of an evident function
don.byed.snang. can.gyi.dbang mngongyi.tshad.ma
Percepção válida de um objeto familiar
Ideal sensory perception of a familiar object
don.goms.pa.cangyi.dbang. mngon.gyi. tshad.ma,
Fala válida Ideal speech tshad.ma’í.ngag. Preguiça ldleness, Iaziness of snyom.las.kyileIo. Ignorância Ignorance marig.pa.. Conduta imaculada lmmaculate conduct tshangs.par.spyod.pa Compreensão imediata lmmediate comprehension mngonsum.du rtogspa.. Condição imediata Immediate condition de.ma.thag.rkyen Impermanência Impermanence mi.rtag.pa. Percepção desatenta lnattentive perception snang.la.ma.ngespa. Desatenção Inattentiveness shes.bzhin.ma.yin.pa. Inteligência inata lnborn intelligence skyes.thobgyishes.rab. Desconsideração pelos outros
inconsideration for others khre..med. pa.
Indecisão Indecision the.tshom khreLmedpa. Indecisão que tende para uma conclusão correta
Indecision that tends towards a correct conciusion
don.gyur.the.tshom.
Indecisão que tende a uma conclusão correta
lndecision that tends towards an incorrect conclusion
don.mi.gyur.the.tshon
Indiferença Indifference btang.snyorns Compreensão Indireta Indirect comprehension Shugs.la.rtogs.pa Objeto indireto lndirect object . shugs.yul Infalível Infallible mi.slu.ba Consciência Infalível Infailible consciousness . mi.slu.bai.shes.pa. Inferência Inference rjes.dpag Inferência por crença Inference of belief .yid.ched.rjes.dpag Inferência por outros Inference for others gzhan.don.rjes.dpag Distração Inerente Inherent distraction ngo.bo .nyid.kyi.gyeng Percepção verdadeira inicial
Initial true perception mngon.sum.dang.po .pa.
115
Inteligência Intelligence shes.rab.. Intenção Intention .sems.pa Distração ineterna Internal distraction nang.gi.gyeng.ba Entusiasmo irreversível Irreversable enthusiasm mi.ldog.pa’i.brtson.’grus. Entidade conhecível Knowable entity shes.bya. Preguiça Laziness le.lo. Aprender Learning thos.pa. Auto‐importância menor Lesser self‐importance dman.pa’i.nga.rgyal. Carta Letter yi.ge. Liberação Liberation thar.pa. Fé veemente Longing faith ‘dod.pa’i.dadpa. Bondade amorosa Loving kindness byams.pa. Malícia Malice mnar.sems. Tópico, tema Matter bem.po Meditação Meditation sgom. Cognição mental Mental cognition yid.shes. Fator mental Mental factor sems.’byung. Imagem mental Mental image don.spyi. Perturbação mental inconsciente
Mentally undisturbing unknowing nyonmongs.can.mayin.pa’i. mishes.pa
Órgão mental Mental‐organ yid.kyidbang.po. Percepção mental Mental perception rtog.med.kyi.yid.shes. Quietude mental Mental quiescence zhignas. Ação meritória Meritorious action bsod.nams.kyilas. Mente Mind blo. Cognição errônea Mistaken cognition log.shes. Concepção errônea Mistaken conception rtog.pa.log.shes Percepção mental errônea Mistaken mental perception rtog.med.log shes.su gyur.pa’i.yid.shes Percepção errônea Mistaken perception rtog.med.log shes Percepção sensorial errônea
Mistaken sensory perception rtog.med.log .shes.su.gyur.pa’i.dbang.shes.
Visão errônea Mistaken view Log.lta Disciplina moral Moral discipline tshul.khrims. Relacionamento natural Natural relationship bdag.gcig.brel Imagem nominal Nominal image sgra.spyi Cognição não aperceptiva (não auto‐conhecedora)
Non‐apperceptive cognition gzhan.rig.
Não confusão Non‐bewilderment gti.mug.med.pa. Mente não conceitual Non‐conceptual mind rtog.med.kyi.blo. Cognição não enganosa Non‐deceived cognition ma.’khrul.ba’i.rig.pa. Não existente Non‐existent med.pa. Não aversão Non‐hatred zhe.sdang.med.pa..
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Mente não válida Non‐ideal mmd tshad.min.kyi Ações não meritórias Non‐meritorious action Não violência Non‐violence rnam.par.mi.’tshe.ba. Órgão nasal Nose‐organ sna.ba’i.dbang.po. Objeto Object yul Fator mental determinador de objeto
Object ascertaining mental factor
Condição objeto Object condition dmigs.rkyen Consciência olfativa Olfactory consciousness sna.ba’i.shes.pa. Fator mental onipresente Omnipresent mental factor kun.’gro.ba’í.sems.’byung. Ominiciente Omniscience rnammkhyen. Dor Pain sdug.bsngal. Aceitação paciente Patient acceptance bzod.pa. Percepção Perception rtog.med.kyi.blo. Insight penetrativo Penetrative insight lhag.mthong. Raciocínio perfeito Perfect reason rtags.yang.dag. Pessoa Person gang.zag. Inferência Pessoal Personal inference rang.don.rjes.dpag. Fenômeno Phenomenon chos. Frase Phrase tshig. Órgão físico Physical‐organ dbang.po .gzugs.can.pa.. Prazer Pleasure bde.ba Análise precisa Precise analysis dpyod.pa. Pretensão Pretension sgyu. Consciência primária Primary consciousness rnam.shes. Mente primária Primary mind gtso sems. Objeto principal Principal object ‘jug.yul. Ação Propulsora Propulsive action ‘phen.byed.kyi.las. Aflições derivadas Proximate affliction nye. ba’i .nyon .rnongs. Reino dos desejos Realm of desire ‘dod.kharns. Reino da forma Realm of form gzugs.khams. Reino da não forma Realm of no‐form gzugs.mcd.kharms. Crença correta irracional Reasonless correct belief rgyu.rntshan.med.pa’i.yid.dpyod. Raciocínio por crença Reason of belief yid.ched.kyi.rtags. Lembrança Recollection dran.pa. Objeto referente Referent object dmigs.yul. Pesar Regret ‘gyod.pa. Reflexão Reflection bsampa. Relacionamento Relationship ‘brel.pa. Quatro forças oponentes Remedial forces, four gnyen.po.stobs.bzhi. Distração rígida Rigid distraction gnas.ngan.len.gyi.gyeng.pa. Rigidez Rigidity gnas.ngan.len. Aflição raiz Root affliction rtsa.ba’i.nyon.mongs.
bsod.nams.ma.yin.pa’i.las.
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Mente válida auto determinadora
Self‐ascertainable ideal mmd rang.las.nges.kyi.tshad.ma.
Auto‐importância retraída Self‐effacing self‐importance cung.zad.snyam.pa’i.nga.rgyal. Auto‐importância Self‐importance nga.rgyal. Falta de existência inerente Selflessness bdag.med. Falta de existência inerente da pessoa
Selflessness of the person gang.zag.gi.bdag.med.
Auto piedade, preguiça de Self‐pity, laziness of sgyi.lugs.pa’i.le.lo. Auto respeito Self‐respect ngo.mtshar.shes.pa. Auto satisfação Self‐satisfaction rgyags.pa. Mente válida não autodeterminadora
Self‐unascertainable ideal mind gzhan.las.ngas.kyi. tshad.ma..
Cognição sensorial Sense cognition dbang.shes Peecepção sensorial Sense perception dbang.shes. Órgão sensorial Sense‐organ dbang.po.gzugs.can.pa. Percepção sensorial para a qual a fonte de engano existe dentro do objeto/ a base da percepção/a situação/ a condição imediata.
Sense perception for which the source of deception exists within thc object / the basis of perception / the situation / the immediate condition
Khrul.rgyu.yul./rten./gnas./de.ma.thag.rkyen.la.yod.bai dbang.shes
Sete tipos de mente Seven types of mind blo.rigs.bdun. Desavergonhado Shamelessness ngo .mtshar.med.pa. Similaridades, cinco Similarities, five mtshungs.ldan.rnam.pa.lnga. Aspecto similar Similar aspect rnam.pa.mtshungs.pa. Base similar Similar basis rten.mtshungs.pa. Duração similar Similar duration dus.mtshungs.pa. Referente similar Similar referent dmigs.pa.mtshungs.pa. Substância similar Similar substance rdzas.mtshungs.pa. Afundamento Sinking bying.ba. Sono Sleep gnyid. Odor Smell dri. Som Sound sgra Maldade Spite tshig.pa Termo padrão Standard‐term dngos.ming Interesse forte Strong interest don.du.gnyer.ba Sujeito Subject yul.can Cognição subseqüente Subsequent cognition bcad.shes Percepção subseqüente Subsequent perception rtog.med.bcad.shes Substância Substance rdzas Causa substancial Substantial cause nyer.len Recipiente apropriado Suitable recipient phyi.rgol.yang.dag Flexibilidade Suppleness shin.tu.sbyangs.pa Consciência tátil Tactile consciousness lus.kyi.shes.pa
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Sensação tátel Tactile sensation reg.bya Gosto Taste ro. Termo Term ming. Concepção termo conetada Term‐connecting conception ming.sbyar.ba i.rtog.pa. Órgão lingua Tongue‐organ lcei.dbang.po Cognição não paerceptiva verdadeira
True apperceptive cognition rang.rig.msgon.sum.
Cognição verdadeira True cognition blo.don.mthun Concepção verdadeira True conception rtog.pa.don.mthun. Percepção contemplativa verdadeira
True contemplative perception rnal.’byor.mngon.sum.
Percepção mental verdadeira
True mental perception yid.kyi.mngon.sum.
Percepção verdadeira True perception mngon.sum. Percepção verdadeira que é uma fonte de engano
True perception that is a source of deception
mngon.sum.khrul.rgyu.can.
Percepção sensorial verdadeira
True sense perception dbang.po’i.mngon.sum.
Verdade última Ultimate truth dondam.bdenpa. Entusiasmo inquebrável Unbreachable enthusiasm mi.’gongpa’i.brtson’grus. Inconsciência Unconscientiousness bagmed. Fenômeno não contaminado
Uncontaminated phenomenon zag.med .kyi chos.
Percepção verdadeira não dirigida
Undirected true perception mngon.sumyid.ma.btad.
Ação flutuante Unfluctuating action mi.gyo.ba’i.Ias. Concentração unificada da quietude mental e do insight penetrativo
Unified concentration of mental quiescence and penetrative insight.
zhiIhag.zung.’breLgyi.ting. nge’dzin
Fenômeno inespecifico Unspecified phenomenon lung.ma.stan.pa’i. chos. Fator mental maléfico Unwholesome mental factor mi.dge.ba’i.sems.’byung. Fator mental variável Variable mental factor gzhan.’gyur.ba’i Vingança Vengeance ‘khon.dzin Prova verbal Verbal proof sgrub.ngag. Visão que considera disciplinas morais insatisfatórias como suprema
View that regards unsatisfactory morai and spirituai discipline as supreme
tshuLkhrims.dang.brtuLzhugs. mchog.’dzin.
Visão de superioridade View of superiority lta.ba.mchog.’dzin. Visão da composição transitória
View of the transitory composite ‘jig.tshogs.la.lta.ba.
Consciencia visual Visual consciousness mig.gi.shes.pa. Forma Visual Visual form gzugs.kyi.skyes.mched.
119
Fator mental maléfico Wholesome mental factor dge.ba’i.sems.’byung. Fúria Wrath khro.ba.
120
Glossário de Definições
Abstract phenomenon/Fenômeno abstrato sgra.rtog.gis.btags.pa.tsam.yin.gyi.rang.mtshan.du.ma.grub.pa’i.chos. Afflicted indecision, Indecisão aflitiva las.’bras.dang.bden.pa.dang.dkon.mchog.rnams.yang.dag.pa.la.yid. gnyis.za.ba’i. the. tshom.don.mi.’gyur.gyi.sems.byung. Afflicted view, Visão Aflitiva thun.mong.ma.yin.pa.nye.bar.len.pa’i.phung.po.ladmigs.te.bdag.dang. bdag.gi’i.rnam.par.lta.ba’ishes.rab.nyonm.mongs.can.nam.’dis.bdag. rkyen.byas.pa.las.rnam.pa.gzhan.du.phyin.ci.log.tu.zhugs.pa’i.shes.rab. nyon.mongs.can.gang.rung. Affliction, Aflição chos.gang.zhig./rang.scrns.Ia.skyed.pa.na.sems.rgyud.ma.zhi.zhing. ma. ‘dul.bar.skye.pa’í.byas.las.can.kyi.sems.byung. Anger, Raiva rang.gi.ngo.bo’i.cha.nas.chos.gsurn .po.gang.rung.la.dmigs.nas. rgyud. ‘khrug.ste.gnod.pa’i.bya.bar.sems.pa’i.byed.las.can.gyi .sems.byung. Apperceptive cognition, Cognição não percepetiva ‘dzin.rnam. Appreciation, Apreciação thun.mong.ma.yin.pa.nges.zin.gyi.yul.la.de.kho.na.ltar.’dzin.pa.brtan. par.byed.cing.gzhan.gyis.mi.’phrog.par.byed.pa’i.byed.las.can.gyi.sems.byung. Articulate sound, Som Articulado brda’i.dbang.gis.rang.gi.brjod.bya.go.bar.byed.ba’i.gnyan.bya. Aspiration, Aspiração thun.mong.ma.yin.pa.bsam.pa’m.dngos.po.la.dmigs.nas.don.du.gnyer. ba’i.byed.las.can.gyi.sems.byung. Attachment, Apego rang.gi.ngo.bo’m.cha.nas.zag.bcas.kyi.chos.la.dmigs.te.yid.’ong.du.sgro. btags.nas.don.du.gnyer.ba’am.smon.pa’i.byed.las.can.gyi.sems.byung. Attention, Atenção thun.mong.ma.yin.pa.rang.dang.mtshungs.ldan.’khor.bcas.dmigs.par. yid.gtod.par.byed.pa.dang.’dzin.par.byed.pa’i.byed.las.can.gyi.sems.byung. Avarice, Avareza
121
rnyed.bkur.la.chags.nas.yo.byad.gtong.mi.’dod.bar.dam.por.’dzin.pa’i. Ias.can.gyi.sems.byung. Causal relationship, Relacionamento Causal chos.de.dang.rdzas.tha.dad.pa’i.sgo.nas.chos.de’i.’bra.bu’i.rigs.su.gnas.pa. Common‐terrn, Termo comum don.de.la.rjes.grub.tu.brda’sbyar.ba.yang.yin./don.de’miing.phal.pa. yang.yin.pa’i.gzhi.mthun.par.dmigs.pa. Comprehension, Compreensão sgro.gtogs.bcod.pa’i.rig.pa. (mind that removes exaggeration)(mente que remove o exagero) Concealed object, Objeto Oculto rang.’dzin.rtog.pas.lkog.tu.’gyur.ba’i.tshu1.gyi.rtogs.par.bya.ba. Concealment, Oculto gzhan.gyis.phan.par.’dod.pa’i.bsam.pas.’gro.ba.bzhi.gang.rung.gi.sgo.nas. ma.yin.par.nyes.pa.glengs.pa.na.kha.na.ma.tho.ba.’khyud.par.’dod.pa’i. sems.byung. Concentration, Concentração thun.mong.ma.yin.pa.dmigs.pa.gcig.la.rnam.pa.gcig.tu.rgyun.ldan.du. rtse.gcig.par.gnas.pa’i.byed.las.can.gyi.sems.byung. Conception, Concepção sgra.don.’dres.rung.du.’dzin.pa’i.zhen.rig. Concrete phenomenon, Fenômeno concreto sgra.rtog.gis.btags.tsam.ma.yin.par.rang.gi.mtshan.nyid.kyis.grub. pa’i.chos. Consideration for others, Consideração pelos outros thun.mong.ma.yin.pa.gzhan.nam.chos.rgyu.mtshan.du.byas.nas.kha.na. ma.tho.ba.la.’dzem.par.byed.pa’i.rab.tu .phye.ba’i.rig.pa. Conscientiousness, Consciência thun.mong.ma.yin.pa.dge.ba’i.tshogs.Ia.gces.spras.su.byed.cing.nyon. mongs.pa’i.gnas.las.sems.srung.bar.byed.pa’i.byed.las.can.gyi.sems.byung. Consciousness, Consciência gsal.zhing.rig.pa. Contact, Contato thun.mong.ma.yin.pa.yul.dbang.rnam.shes.gsum’dus.pa.las.dbang.po. ‘gyur.bar.skyed.pa’i.byed.las.can.gyi.sems.byung. Contributory condition, Condições Contributórias.
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dngos.po.rang.gi.rdzas.rgyun.ma.yin.par.rdzas.su gtso.bor.skyed.byed. (that which principally produces an effective entity without being i.ts substantial continuum. (Aquela na qual produz uma entidade efetiva sem ser o seu continuo substancial) Conventional truth, Verdade Convencional don.dam.par.don.byed.mi.nus.pa’i. chos. (phenornenon unable to perform an ultimate effect), (fenômeno que é incapz de realizar um efeito ultimo) Correct belief, Crença Correta rang.yul.la .zhen.pai.slu.bai.zhen.rig.don.mthun. Cruelty, Crueldade gzhan.lasnying.brtse.ba.dang.bral ba’i.gnod.sems.kyis.mtho.’tshams. par’dod.pai.las.can.gyi.sems.byung. Detachment, Desapego rang.gi.ngo.bo’icha.nas.srid.pa’iyo.byad.la.dmigs.nas.de.la.chags.pa’i. dngoskyi.gnyen.po.byed.cing.de.la.yid.’byung.nas.ma.chags.shing. mi.len.pa’irab.tu.phye.ba’i.sems.byung. Discernment, Discernimento thun.mong.ma.yin.pa.rang.yul.spu.ris.’byed.pa’i.sgo.nas.’di.dang.’di. min.gyi.mtshan.ma.’dzin.pa’i.byed.las.can.gyi.sems.byung. Dishonesty, Desonestidade rnyed.bkur.Ia.Ihag.par.chags.pa’i.dbang.gis.gzhan.mgo.rmongs.par. byed.’dod.cing.rang.gtnyes.pa.gzhan.gyis.mi.shes.pa’i.rnam.pa.ji’dra. ba.de.Ita.bur.ston.par’dod.pa’i.las.can.gyLsemsbyung. Distraction, Distração dug.gsum.gangrung.gi.cha.las.byung.bas.semsdge.ba’i.dmigs.pala. gtad.parmi.nus.pa’i.yul.snatshogs.su.sems.’phro.bar.byed.pa’i.las.can. gyi.sems.byung. Dominant condition, Condição domimante (for the true perception of blue ),( para as três percepções do azul) sngon.’dzin.mngon.sum.rang.dbang.du.gtso.bor.dngos.su.skyed.byed. Dullness, Estupidez sems.kyi.mun.pa.babs.pas.blong.blong.por.gyur.nas.dmigs.pa.ji.Ita.ba. bzhin.mi.rtogs.par.byed.pa’i.las.can.gyi.sems.byung. Effective entity, Entidade Efetiva don.byed.nus.pa. (that which is able to perform a function), (aquela que é capaz de realizar uma função) Enthusiasm, Entusiasmo rang.gi.ngo.bo.cha.nas.le.lo.i.gnyen.por.byed.cing.dge.bai.bya.ba.la
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mngon.par.spro .ba’i .byed.las. can.gyi.sems.byung. Envy, Inveja rnyed.pa.dang.bkur.stisogsla.chags nas .gzhan.gyLphun. tshogslami. bzod.par.semskhong.nas’khrugspas.rab. tu.phyeba’i.sems.byung. Equanimity, Equanimidade dug.gsum.med.par.brtson.’grus.dang.bcas.pa.la.btags.pa’i.btags.chos. gang.zhigíbying.rgod.’gog.pa’i.rtsol.ba.chen.pos.bsgrim.mi.dgos.par. sems.byingrgod.kyis.mi.nyams.par.byed.ba’i.rab.tuphye.ba’i.sems.byung. Establishing cognition, Cognição estabelecida, (for proving sound to be impermanent) (para provar que som é impermanente) rang.nyid.sgra.byas.pa.dangíbyas.nami.rtag.pas.khyab.pa.gang.rung. mi.slu.ba.yang.yin./ranggis.rgyu.rkyen.byas.pala.brten.nas.byung.pa’i. byas.pa’i.rtags.kyis.sgra.mi.rtag.rtogs.rjes.dpag.girgyu.yang.yin.pa’i. gzhi.mthunpar.gyur.pa’i.byas.pa’i.rtags.kyis.sgra.mi.rtag.par.sgrub.pa’i. phyi. rgol.yang.dag.girgyud.kyi.rig.pa. Evident object, Objeto evidente mngon.sum.tshad.mas. dngos.su.rtogs.par.bya.ba. (that which is directly comprehended by an ideal perception), (aqule o qual é compreendido diretamente por uma percepção válida) Excitement, Excitação chags.pa’i.dbang.gis.sems.dge.ba’i.dmigs.pa.gcig.tu.so.ma.zug.par.dmigs. pa.gzhan.nas.gzhan.du.sems.’phro.bar.byed.pa’i.Ias.can.gyi.sems.byung. Existent, Existente tshad.mas.grub.pa. (that which is established by an ideal mind), (aquele que é estabelecido por uma mente válida) Fact‐connecting conception, Concepção fato conectada khyad.gzhi.khyad.chos.sbyar.nas.’dzin.pa’i.Zhen.rig. Faith, Fé thun.mong.ma.yin.pa.sems.nyon.mongs.pa.dang.nye.ba’nyon.mongs. pai.rnyog.pa.dang.bral.ba’i.yi.rang.bar.byed.pa’i.byed.las.can.gyi.sems byung. Faithlessness, Descrença las’bras.sogs.1egs.pa’i.gzhlla.yid.ma.ches.shing.ma.gus.pas.dad.pai ‘gal.zlar.gyur.ba’i.sems.byung. Feeling, Sensação thun.mong.ma.yin.pa.bde.sdug.bar.ma.ci.rigs.kyi.sgo.nas.myong.bai byed.las.can.gyi.sems.byung Forgetfulness, Esquecimento
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dge.ba’i.dmigs.rnam.’dzin.pa.shor.nas.nyon.mongs.pa’i.dmigs.rnam. dran.zhing.gyeng.ba.’drenpa’i.las.cangytsems.byung. General examination, Exame geral sems.pa’am.shes.rabIa.brten.nas.ming.dang.bcas.pa’i.don.gang.yang. rung.bar.rags.pa’i.rnam.pa.tsam.’tshol.ba’i.rab.tu.phye.pa’isems.byung. Ideal apperceptive cognitionválida, Cognição não perceptiva kha.nang.kho.nar.phyogs.zhing.’dzinpa.yan.gar.bar.gyur.pa’i.rtog.pa. dang.bral.zhing.gsar.du.mi.slu.ba’i.rig.pa. Ideal contemplative perception, Percepção Contemplativa Válida rang.gi.bdag.rkyen.du.gyur.pa’i.zhi.lhag.zung.’brel.gyLting.nge.’dzin.la. brten.nas.phra.ba’i.mi.rtag.padangígang.zag.gi.bdag.med.phra.rags.gang. rung.mngon.sum.du.rtogs.pa’i.’phags.rgyud.kyi.gzhan.rig.gi.mkhyen.pa. Ideal inference, Inferência válida (Crença correta) rang.gi.rtenrtags.yang.dag.la.brten.nas.dngos.su.skyed.pa’i.gsardu.mi. slu.pa’i.zhen.rig. Ideal mental perception, Percepção mental válida ranggi.thun.mong.ma.yin.pa’i.bdagrkyen.du.gyur.pa’i.yid.dbangla. brten.nas.byung.ba’i.rtogpadang.bralzhing.gsar.du.mi.slu.ba’irig.pa. Ideal mind, Mente Válida gsar.du.mi.slu.ba’i.rig.pa. Ideal perception, Percepção válida rtog.pa.dang.bral.zhing.gsar.du.mi.slu.ba’irig.pa Ideal sense perception, Percepção sensorial válida rang.gi.thun.mong.ma.yin.pa’i.bdag.rkyen.dugyur.pa’i.dbang.po.gzugs. can.pa.la.brten.nas.byung.ba’i.rtog.pa.dang.bral.zhíng.gsar.du.mi.slu. ba’i.rig.pa. Ignorance, Ignorância bden.hzhi.dang.ias.’bras.dang.dkon..mchog.la.sogs.pa’irang.bzhin.la. blo.mi.gsal.bas.mi.shespa’i.nyon.mongs.can. Immediate condition, Condição imediata, (of: the true perception of blue) (a percepção verdadeira do azul) sngon.’dzin.mngon.sum.myong.ba.gsal.rig. tsam.du.gtso.bor.dngos.su. skyed.byed. Impermanence, Impermanência skad.cig.ma. (momentariness) lnattentive perception, Percepção desatenta
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rang.gi.jug.yul.du.gyur.ba’i.rang.mtshan.gsal.bar.snang.ba.yang.yin./ rang.gi.jug.yul.du.gyur.pa’irang.mtshan.la.nges.pa.’dren.mi.nus.pa. yang. yin.pa’i.gzhi.mthun.par.gyur.ba’m.rig.pa. Inattentiveness, Desatenção dpyad.pa.ye.ma.byed.pa am.dpyad.pa.rtsing.ba i.dbang.gis.shes.rab. nyon.mongs.can.du.song.ste.sgo.gsum.gyi.spyod.pa.gang. la.mi.shes. bzhin.du.gya.tshom.du. jug.par.byed.pa i.las.can.gyi.sems.byung. Inconsideration for others, Desconsideração pelos outros gzhan.dang.gzhan.gyi.chos.la.mi.brtse.bar.nyes.spyod.la.’dzem.pa.med. par.spyod.’dod.pa’i.las.can.gyi.sems.byung. Indecision, Indecisão rang.stobs.kyis.mtha’gnyissu.dogs.pa’i.sems.byung. Inference (see ideal inference), Inferência (veja inferência válida) Inteiligence, Inteligência thun.mong.ma.yin.pa.dran.pa.bzung.ba’i.yul.la.khyad.par.ram.skyon. yon.brtag.ste.rab.tu.rnam.par.’byed.pa’i.byed.las.can.gyi.sems.byung Intention, Intenção thun.mong.ma.yinpa.rang.dang.rntshungs.ldan’khor.bcas.yul.la.gyo. bar.byed.cing.mngon.par.’du.byed.pa’i.byed.las.can.gyi.sems.byung. Knowable entity, Entidade conhecível blo.yul.du.bya.rungba. Laziness, Preguiça ‘phral.bde’i.mtshan.ma.dam.du.bzung.nas.dge.ba’i.bya.ba.la.mi .‘dod. pa’am’dod.kyang.zhum.pa’i.las.can.gyi.sems.byung. Letter, Carta ming.tshig.gnyis.kyi.rtsorn.gzhir.gyur.pa’iskad.kyi.gdang. Matter, Matéria rdul.dugrub.pa. (that which is established by atoms), ( aquilo que é estabelecido por átomos) Mental factor, Fator Mental rang.yul.gyi.khyad.par.ci.rigs.’dzin.cing.rang.dang.mtshungs.ldan.gyi gtso.sems.gang.rung.gi.’khor.du.byung.ba’i.rig.pa. Mental Image (of a jug), Imagem Mental bum.’dzin.rtog.pa.la.bum.pa.ma.yin.bzhin.du.bum.pa.lta.bur.snang.ba’i. sgro btags.kyi.cha. Mind, Mente
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rig.pa. Mistaken cognition, Cognição errônea rang.yul.Ia.phyin.ci.log.tu.zhugs.pa’i.rig.pa. Natural relationship (with an effective entity), Relacionamento Natural (com uma entidade efetiva) dngos.po.dang.bdag.nyid.gcig.pa’i.sgonas.tha.dad./dngos.po.med.na. khyod.med.dgos.pa’i.chos. Non‐bewilderment, Não confusão skyes.thobdangthos.pa.dang.bsam.padang.sgom.pa.gang.rung.gi.rgyu. las.byung.zhing.rang.gi.ngo.bo.’icha.nas.gti.mug.gi.gnyen.po.byed.cing. yang.dag.pa’idon.la.so.sor.dpyod.pa’i.shes.rab.brtan.pa.dangbcas.pa. Non‐hatred, Não‐ódio rang.gi.ngobo’i.cha.nas.chosgsurn.gang.rung.la.drnigs.naszhesdang. dngos.su‘joms.pa’ibyams.pa’i.mtshan.nyid.can gyi.sems.byung. Non‐ideal mind, Mente não válida gsar.du.mi.slu.ba.ma.yin.pa’irig.pa. Non‐violence, Não violência rang.gi.ngobo’i.cha.nas.kun.nas.mnar.semsm.edpa’i.cha.shas.gang. zhig./ sems.can.sdug.bsngal.canIa.de.dang. bral.na.snyamdu.mi.bzod. pa mbyed.las.can.gyi.sems.byung. Object, Objeto blo.yis.rig.par.bya.ba. Object condition (for the visual perception of blue), Condição Objeto (para uma percepção visual do azul) sngon.’dzin.mngon.sum.sngon.po’i.rnam.ldan.du.gtso.bor.dngos.su. skyed.byed. Perception, Percepção rang.gi.snang.yul.Ia.gsal.snang.can.gyi.rig.pa. (a cognition to which the appearing object appears clearly), (Uma cognição para a qual o objeto aparece claramente) Perfect Reason, Raciocínio Perfeito tshul.gsum.yin.pa. Person, Pessoa gdags.gzhi.phung.po.lnga.po.gang.rung.Ia.brten.nas.btags.pa’i.nga. Phenomenon, Fenômeno rang.gingo.bo.’dzin.pa. (that which maintains its own entity), (Aquele no qual mentem sua propria entidade)
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Phrase, Frase khyad.gzhi.khyad.chos.sbyor.nas.ston.pa’i.gnyan.bya. Precise analysis, Análise precisa sems.pa’am .shes.rab.la.brten.nas.yul.zhib. tu phye.nas.dpyod.pas.rab.tu. phye.ba’i.serns.byung. Pretension, Pretenção rnyed.bkur.la.lhag.par. chags.nas.gzhan.bslu .bar.bsarm.pas.yon.tan.gyi. khyad.par.bcos.nas.ston.’dod.pa’i.las. can.gyi.sems.byung. Primary mind, Mente Primária rang.yul.gyingo.bo.’dzin.pa’i.sgo.nas.gzhag.pa’igtsobo’i.rnarn.rig. Recollection, Lembrança sngar.’dris.pa’ichos.la.mi.brjed.par.yang.yang.mngon.du.byed.pa’i. byed.las.can. gyi.sems.byung. Regret, Pesar sngar.byas.kyi.dngos.po.ngan.par.mthong.nas.yid.la.gcags.te.mi.dga’. ba’am.yid. gdungba’i.las.can.gyi.sems.byung. Self‐ascertainable ideal mmd, Mente Valida auto determinadora tshad.ma.gang.zhig./rang.gi.gzhal.bya’i.bdag.nyid.yulsteng.du.gnas.pa. Med.na./ rang.nyid.mi.’byung.bala.rang.stobs.kyis.nges.pa.’dren.nus.pa. Self‐importance, Auto‐importância thun.mong.ma.yinpa.ngar.dang.nga.yi.bar’dzin.pa’i’jig.lta.gnyis.po. gang.rung.gis.rten.byed.pa.las.sems.khengspa’am.mtho .ba’i.rnam.par. zhen.pa’i.byed.las.can.gyisems.byung. Self‐respect, Auto respeito thun.mong.ma.yin.pa.rang.ngam.rang.gi.chos.rgyu.mtshan.du.byas.nas. kha.na.ma.tho.ba.Ia.’dzem.bar.byed.pa’i.byed.las.can.gyi.sems.byung. Self‐satisfaction, Auto‐satisfação rang.gi.phun.tshogs.kyi.mtshan.ma.yid:la.byed.de.nyon.mongs.pa’i.spobs. pa.bskyed.cing.sems.rang.gidbang.du.byed.pa’i.las.can.gyi.sems.byung. Self‐unascertainable ideal mmd, Mente válida não auto‐determinadora tshadmagang.zhigíranggi.gzhaLbya’i.bdag.nyid.yul.stengdu.gnaspa. med.naírang.nyid.mi.’byung.ba.Iagzhanstobs.kyis.nges.pa.’dren.dgos.pa. Shamelessness, Desavergonhamento Bdag.gam.chos.rgyu.mtshan.du.byas.nas.kha.na.ma.tho.ba.la.mi’dzem. pas.rab.tu. phyeba’i.sems.byung. Sleep, Sono
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Sems.nyog.nyog.por.byed.de.dbang.shesyulla.]ug.pakun.sdud.par. byed.cing.sems.gang.gis.kyang.lus’dzin.par.mi.nus.par.byed.pa’ilas. can.gyi.sems.byung. Spite, Maldade khro.ba’am.khon’dzin.sngon.du.song.bas.gzhan.gyis.nyes.pa.glengs.pa.na. zhc.’gras.pa.rgyun.du.byas.nas.tshig.rtsub.kun.nas.slong.ba’i.sems.byung. Standard‐term, Termo Padrão don.de.la.’dod.rgyal.thog.mar.brda.sbyar.ba.yang.yin./don.de’i.ming. gi.gtso.bo.yang.yin.pa’i.gzhi.mthun.par.dmigs.pa. Subject, sujeito rang.yul.ci.rigs.dang.ldan.pa’i.dngos.po. Substantial cause, Causa substancial dngos.bo.rang.gi.rdzas.rgyun.tu.gtso.bor.skyed.byed (that which principally produces effective phenomena within its substantial continuum), (aquele que principalmente produz um fenômeno efetivo dentro do seu contínuo substancial) Subsequent cognition, Cognição Subsequente rtogs.zin.rtogs.pa’i.rig.pa. Suppleness, Flexibilidade sems.dge.ba’i.dmigs.pa.la.ji.ltar.’dod.pa.bzhin.du.bkol.du.rung.ba’i.lag. rjes.jog.par.byed.cing.lus.dang.sems.kyi.gnas.ngan.len.rgyun.gcod.par. byed.pas.rab. tu.phye.ba’i.sems.byung. Term, Termo don.gyi.ngo.bo.tsam.bstan.pa’i.gnyan.bya. Term‐connecting conception, Concepção termo conetado don.ming.sbyar.nas.’dzin.pa’i.zhen.rig. True apperceptive cognition, Cognição não perceptiva verdadeira rtog.pa.dang.bral.zhing.ma.’khrul.pa’i.’dzin.rnam. True contemplative perception, Percepção contemplativa verdadeira rang.gi.thun.mong.mayin.pa’i.bdag.rkyen.du.gyur.pa’i.zhi.lhag.zung. ‘brel.gyi.ting.nge.’dzin.la.brten.nas.skyes.pa.gang.zhig./rtog.padang. bral.zhing.ma. ‘khrul.ba’i.’phags.rgyud.kyi.gzhan.rig.gi.mkhyen.pa. True mental perception, Percepção mental verdadeira rang.gi.thun.mong.ma.yin.pa’i.bdag.rkyen.du.gyur.pa’i.yid.dbang.Ia. brten.nas.skyes.pa.gang.zhig./rtogpa.dang.bral.zhing.ma.’khruLpa’i. gzhan.rig.gi.shes.pa. True perception, Percepção Verdadeira
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rtog.pa.dang.bral.zhing.ma’khrul.ba’irig.pa. True sense percepction, Percepção sensorial verdadeira rang.gi.thun.mong.ma.yin.pa’i.bdag.rkyen.du.gyur.pa’i.dbang.po.gzugs. can.pa.la.brten.nas.skyes.pa.gang.zhig./rtog.pa.dang.bral.zhing.rna. ‘khrul.pa’i.rig.pa. Ultimate truth, Verdade última don.dam.par. don.byed.nus.pa’ichos. (a phenomenon able to perform. an ultimate effect), (um fenômeno capaz de realizar um efeito último) Unconscientiousness, Inconsciência le.lo.dang.bcas.pas.dge.ba.mi.zhing.zag.bcas.kyi.chos.la.sems.mi.bsrung. bar.bag.yangs.suci.bder.spyod.’dod.pa’i.las.can.gyi.sems.byung. Vengeance, Vingança sngar.’di.dang.’di.zhes.bya.bas.gnod.do.ma.brjed.par.dam.du.’dzin.pa’i. sems.kyi.mdud.pa.ste.gnod.Ian.gyi.skabs.serns.pa’i.khong.khro’i.char. gtogs.gang.yinpa. View of the transitory composite, Visão da composição transitória rang.gi.dmigs.yul.du.gyur.pa’i.nye.bar.len.pa’i.phung.po.la.dmigs.nas. bdag. dang.bdag.gi.ba’i.rnam.par.zhenpa’i.shes.rab.nyon.mongs.can Wrath, Fúria khong.khro’phel.ba.las’phral.du.gnod.par.brtsam’dod.kyis.kun.tu. mnar.sems. pas.rab.tu.phye.ba’i.rig.pa .
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Bibliografia (A referência daqueles marcados com “P” são da edição Peking da Tibetan Tripitaka publicada pele Fundação de pesquisa Suzuki, Tokyo Kyoto, 1956) Akya Yongdzin Blo.rigs. kyí.sdom.tshig.blang.dor.gsal.ba’i.me.long. Blockprint (publication date unknown) Translated Geshe Ngawang Dhargyey et al.. as A Compendium of Ways of Knowing. Dharamsala: Library of Tibetan Works and Archives, 1976. Anacker, Stefan Seven Works of Vasubandhu, Lhe Buddhist Psychoiogícai Doctor. 1984. Ãryadeva The Four Hundred. Catuhsatakasastrakarika Bstan.bcos. bzhi.brgya.pa.zhes.bya. ba’i.tshig.ie’ur.byas.pa. P. 5264, vol. 95. Asanga Compendium of Abhidharma. Abhidharmasamuccaya. Mngon.pa. kun.btus. P. 5550, Vol. 112. Atreya, Jagat Prakash Mind and its Functions in Indian Thought. 1985. Buddha Dhammapada. Tr. Narada Mahathera. Caicutta: Mahabodhi Society, 1970. Chandrakirti A Guíde to the Míddle Way. Madhyamakãvatãra. Dbu.ma. la.’jug.pa. P. 5262 and P. 5261, vol. 98. Dharmakirti Commentary to Ideal Mind. Prarnãnavãrttíkakãrika. Tshad. ma.rnant’grei.gyi.tshig.ie’ur.byas.pa. P. 5709, vol. 130. Govinda, Anagarika The Psychologicai Attitude of Early Buddhíst Philosophy. 1961. Guenther, Herbert V. & Kawamura, L.S. Mind in Buddhist Psychology. Berkeley: Dharma Publ., 1975. Gyatso, Losang Rigs.iam.che.ba.blo.rigs.kyi.rnam.gzhag.nye.mkho.kun. btus. Dharamsaia: 1975. Gyatso, Tenzin, H.H. the XIV Dalai Lama The Buddhism of Tibet and Lhe Key to the Míddie Way. Tr. Jeffrey Hopkins. London: George, Alien and Unwin, 1975. Kalupahana, David J.. The Principies of Buddhíst Psychoiogy. 1987. Komito, David Ross Nãgãrjuna’s “Seventy Stanzas” A Buddhist Psychology of Emptiness. Ithaca: Snow Lion, 1987. Lati Rinpoche & Napper, E. (Transl) Mind in Tibetan Buddhism. Ithaca: Snow Lion, 1986. Nãgarjuna The Friendly Letter, Suhriekka. Bshes.pa’i.spring.yig. P. 5682, vol. 129. — The Precious Garland. Rãjaparikathãratnãvaii. Rgyai.po.la. gtam.bya.ba.rin.po.che’i.phreng.ba. P. 5658, vol. 129. Purchog Yongdzin Jhampa Collected Topics. Tshad.ma’i.gzhung.don. ‘byed.pa’i.bsdus.grva’i.rnam .par.bshad.pa.rigs.lam.’phrui.gyi.ide.míg. Tashi Jong: Offset print (date unknown).
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Purchog Yongdzin Jampa Yul.can.dang.bio.rigs. kyi.rnam.par.bshad.pa. Blockprint (date unknown). Rabten, Geshe Close Placement of Mindfulness in the Mahãyãna. Ir. Stephen Batchelor. Tharpa Choeling: 1978. — Echoes of Voidness. Ir. and ed. Stephen Batchelor. London: Wisdom Publications, 1983. — The Lífe and Teachings of Geshe Rabten. Ir. and ed. B. Alan Wal!ace. London: George, Ailen and Unwin, 1980. — Introduction to the Different Levels of Consciousness and their Application in Meditation. Tr. Gonsar Iuiku, ed. Stephen Schettini. Tharpa Choeling: 1977. — Mind and Mental Factors. A List of Deftnitions. Mont Pèlerin: Tharpa Choeling,1981. Shãntideva A Guide to the Bodhisattva’s Way of Life ‘Bodhicharyãvatãra Ir. Stephen Batchelor. Dhararnsala: Library of Tibetan Works and Archives, 1979. Sopa, Geshe and Hopkins, Jeffrey Practice and Theory of Tibetan Buddhism. London: Rider, 1976. Tsong Khapa The Great Exposition o Stages of the Path. Lam.rim. chen.no. Dharamsala: Sherig Pharkang, Blockprint (date unknown). Vasabhandu Commentary to the Treasury of Abhidharma. Abhidharma kosabhãsya Chos.mngon.pa’i.mdzo. d.kyí.bshad.Pa P. 5591, vol. 115. — Treasury of Abhidharma. AbhidharmakosakZtrika. Chos.mngon.pa’i.mdzod.kyi.Lshig.ie’ur.byas.Pa. P. 5590, vol. 115. Yeshe, Lama Thubten Mind and Mental Factors. Jãgerndorf: Aryatara, 1986.
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Estudo Comparativo dos Livros
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Resumo comparativo
Entender a Mente – Geshe Kelsang Guyatso A Mente e suas Funções – Geshe Rabten A Mente no Budismo Tibetano – Lati Rinpoche – somente para Tópico 1 e consultas para outros tópicos. Tópico 1: A Origem, importância e características destes ensinamentos:
a. Na índia – Dignaga (480‐540 dC) e Dharmakirt (600‐660 dC); b. A base filosófica; c. No Tibete.‐ formação do currículo nas universidades;. d. A importância e natureza da mente no Budismo; e. A função destes ensinamentos no processo de aprendizagem;
Tópico 2
Entender a Mente A Mente e suas Funções Possuidoras de Objeto Sons expressivos (fonemas, nomes, frases) Mentes; Pessoas
Sujeito • Sons Articulados (termos, frases e letras) • Mente; • Pessoas.
Tópico 3 Entender a Mente Mente e Suas funções Mentes Conceituais Concepção (Cap. 2 Item II) Mentes não conceituais Percepção (Cap 2 item I) Tópico 4 Entender a Mente Mente e Suas funções Percepção Sensorial Percepção (Cap 2 item I)) Percepção Mental Percepção (Idem) Tópico 5 – Divisão em sete tipos de mentes Entender a Mente Mente e suas Funções Percebedores diretos Percepção válida (Cap. 3 item II) Conhecedores Inferidos Concepção válida (Inferência) (Cap. 3 item III) Reconhecedores Cognição Subseqüente Crenças Corretas Crença Correta Percebedores não‐determinadores Percepção desatenta Dúvidas Indecisão Percepções Errôneas Cognições Errôneas
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Tópico 1 ‐ : A Origem, importância e características destes ensinamentos:
Origem na Índia – Dignaga (480‐540 dC) e Dharmakirt (600‐660 dC)
Os Livros de Lati Rinpoche e Geshe Rabten citam como fonte original o Comentário de Dharmakirt ao Compêndio de uma Cognição Válida de Dignaga. O livro Entender a Mente não explicita esta fonte mas cita muitas vezes estes eruditos. Dignaga e Dharmakirt foram os criadores da escola Epistemológica na Univ. de Nalanda. Nalanda: ( século II até final do sec. XIII) Também a origem de Asanga (linhagem do método) e Nagajurna (linhagem da sabedoria) Nagarjuna, o famoso filósofo Mahayana (segundo século d.C)., começou seus estudos em Nalanda e, mais tarde, tornou‐se seu abade principal. Alguns outros mestres proeminentes conectados com Nalanda foram Aryadeva (começo do quarto século), Asanga (quinto século) e seu irmão Vasubandhu”. Após Vasubandhu, os abades supremos de Nalanda foram cronologicamente Dignaga, Dharmapala, Silabhadra, Dharmakirti, Santarakshita e Padmasambhava. Outros nomes ligados a Nalanda: Saraha e Naropa. Nalanda tinha três bibliotecas, uma delas em um prédio de 9 andares. Chegou a ter 1500 professores e 10 mil monges. História de Dignaga da pág. 107 Entender a Mente. Mente válida: Pramãna Estes ensinamentos são conhecidos como Pramãna em sânscrito (ou prâmana em português) que siginifica Mente válida: Pra: incial, fresca, principal ou melhor e mana siginifica cognição ou consciência. (MF) Em tibetano: Blo‐rig ou Lo‐rig: Blo significa conhecimento e Rig pa conhecedor (MBT);
A base filosófica destes ensinamentos Estes ensinamentos têm como origem filosofica a escola Hinayana Sautrantika; As quatro escolas (Hinayana: Vibasikas e Sautrantikas e Mahayana: Citramatrins e Madhyamikas) são considerados ensinamentos progressivos; (MF) O ponto essencial de todas essas visões é que a libertação do sofrimento não pode ser encontrado fora da mente, então se quisermos nos livrar de problemas e atingir paz e felicidade duradoura, temos que aumentar nosso conhecimento e compreensão da mente. (EM)
No Tibete.‐ formação do currículo nas universidades:
No Tibete é estudado nos currículos das Universidades Budistas, nas Universidades Gelupas é o segundo tópico em importância, depois da Perfeição da Sabedoria; Tsongkapa escreveu um texto chamado A Porta de Entrada para os Sete Tratados.
A importância e natureza da mente no Budismo;
O papel chave da Mente no Budismo Para ilustrar a posição central da mente no Budismo, uma das mais conhecidas escrituras Budistas , o
Dhammapada, abre com o seguinte verso.
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“Mente é o precursor de (todas más) condições. Mente é o comandante; e elas são mentes produzidas. Se, com uma Mente impura, alguém fala ou age, então dor segue alguém exatamente como uma roda, (segue) o casco do boi. Mente é o precursor de (todas as boas) condições. Mente é comandante; e elas são mentes produzidas. Se, com uma mente pura, alguém fala ou age, então felicidade segue alguém exatamente como a sombra que jamais se retira.” 35
Nas escrituras do sutra mahamudra está dito:
Se realizares tua própria mente, tornar‐te‐ás um Buda; Não deves procurar a budeidade em nenhum outro lugar
Buda Ensinou que a mente tem o poder de criar todos os objetos agradáveis e desagradáveis. Não há outro criador além da mente. Somos escravos da nossa mente, o autêntico criador.
A função destes ensinamentos no processo de aprendizagem; O Darma é puro, o objetivo do praticante é fundir sua mente com o Darma; Este processo de fusão se dá através da familiarização (Meditação); Este ensinamento apresenta as funções da mente e um método de treinamento do estudante no processo de discriminação (agregado) Mostra as etapas que permitem obter realizações do Darma.
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Livros Tema e conceito Características, Geração e aplicação ao Darma
Classificação
Entender a Mente
Possuidores de Objeto: é uma coisa funcional que expressa ou conhece um objeto.
Todos os fenômenos são objetos (a serem conhecidos, apreendidos), os três (SE, Pessoas e Mente) são também possuidores de objeto. Os Objetos e os PO são mutuamente dependentes; Tudo o que existe é um objeto da mente, não existe mente sem objeto. Não é possível a existência dos três tipos de PO sem o objeto particular.
Sons Expressivos: expressam objetos específicos; Pessoas: conhecem (aprendem) objetos com suas mentes; Mentes: sua função principal é conhecer (aprender) objetos.
A Mente e suas Funções
Sujeito(literalmente: objeto‐possuidor) é definido como uma entidade efetiva dotada com seu próprio objeto de qualquer tipo.
Sujeito e Objeto são entidades mutuamente dependentes, não podemos considerar um sem referir‐se ao outro; Todos os sujeitos, em virtudes deles serem fenômenos existentes, são necessariamente objetos de outro sujeito.
Mente, Pessoas e Sons Articulados
Entender a Mente
Sons Expressivos é um objeto de audição que torna compreensível o objeto exprimido, é necessariamente a fala de uma pessoa, produzida pelo poder de sua motivação. .
Geração: Todo o som expressivo são produzidos pela motivação de um falante, portanto, se originam na mente. Nomes são produzidos na dependência na dependência de fonemas, e frases, na dependência de nomes. Sons expressivos são muito úteis porque constituem os principais meios de comunicação. (Aprendemos o Darma) Nossa compreensão do Darma fundamenta‐se em ouvirmos os ensinamentos e discutirmos seu significado; Além disto, já que a palavra escrita se baseia na linguagem falada, tudo aquilo que lemos depende de sons expressivos. Toda a realização no sutra e no tantra advém do estudo e prática dos sons expressivos supremo, o Darma.
Fonema é uma vocalização que serve para a composição de nomes e frases; Nome é um objeto de audição que, principalmente, expressa a designação de um fenômeno. Existem dois tipos: originais (ex. Edison) e subseqüentes (seu nome secundário Ex. Pelé) divide‐se em dois tipos: baseado na similaridade e baseado na relação; O nome do objeto não é uma característica natural do objeto mas algo imputado a ele de acordo com as convenções; Todos os objetos são meramente imputados na dependência dos seus nomes, portanto não existem inerentemente. Ex. uma pessoa chamada Pedro;
1
Se estudarmos esse assunto de forma aprofundada, desenvolveremos um conhecimento válido sobre as duas verdades, a convencional e a última. Frase é um objeto de audição que revela um sentido ao ligar um nome a um predicado. Ex. O cão é preto.
A Mente e suas Funções
Sons Articulados: São sentenças coerentes e articuladas, definidas como audível e denotam que articulam por meio de um sinal.
Sons são sujeitos no sentido de denotarem objetos, mentes são sujeitos no sentido de apreenderem objetos.
Divisão: Termos: são unidades simples de fala que usamos para denotar objetos nos quais falamos e pensamos; São como tijolos na construção da língua; Existem dois tipos: termo‐padrão (é principal e dado originalmente) e termo comum (cunhado em um momento subseqüente) divide‐se em similaridade (apelido) e relacionamento, Termo comum por relacionamento é divido em relacionamento natural e relacionamento causal; Relacionamento causal se divide em: designados da causa para o resultado (sol) e do resultado para a causa (inferência‐por‐outros) ec. Equip. elétrico por luz; Frases: é definida como um audível expressivo que conecta uma qualidade para sua base; Letras: é um som claro que age como base para uma composição de termos e frases.
Entender a Mente
Pessoas são p.o. porque conhecem objetos com suas mentes. Pessoa é um eu imputado na dependência de qualquer dos cinco
Relação dos agregados com os 51 fatores mentais (mentes secundárias ‐ aquilo que vem da mente). Pg.21 e anexo I. A função de uma pessoa é realizar ações e experienciar seus resultados;
Divisão Dupla: Budas e Não‐Budas e Seres comuns e seres superiores. Divisão Quintupla: Budas, Bodhisatvas,
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agregados. Pessoa, ser, self e eu são sinônimos.
Esta função depende dos agregados sensação (experienciar) e discriminação (realizar ações); O eu é imputado na hora que a consciência ingressa no útero materno. Precisamos compreender a natureza convencional (ações e resultados) e última de pessoa., assim evitaremos ações que trazem sofrimento e realizaremos ações que trazem felicidade.
Conquistadores Solitários e Ouvintes e seres migrantes.
A Mente e suas funções
A pessoa ou personalidade é simplesmente o “eu” imputado sobre qualquer dos cinco agregados psicológicos. È um fenômeno transitório que não é incluído nas categorias mentais.
A pessoa é dita ser um sujeito porque todos os seres individuais aprendem objetos; Não se refere somente a um ser humano mas a animal, seres divinos, etc. Uma certa auto‐identidade, um senso dominante de “eu”; A necessidade de analisar e compreender a natureza deste fenômeno “eu”.
Entender a Mente
Mente Mentes são p.o. porque sua função principal é conhecer objetos. Mente é aquilo que é clareza e que conhece. Clareza se refere à natureza da mente e a palavra conhece a sua função. Pensamento, percepção, mente e conhecedor são sinônimos.
Do ponto de vista de como é gerada tem duas divisões: Percepção sensorial (cinco divisões) e percepção mental. Existem três níveis de percepção mental: densa (mentes despertas comuns), sutil (se manifestam no sono, na morte, estágio de conclusão e equilíbrio meditativo, se manifestam quando os ventos interiores se juntam no canal central) e muito sutil (tem sede no coração, é conhecida como mente raiz, a única que migra). pg. 26. A mente tem dois tipos de causas: substancial (continuo anterior) e contribuinte (percepção mental e sensorial).
Classificação na pg 27 Divisão dupla: Mentes conceituais e não conceituais; Divisão dupla: percepção sensorial e percepção mental; Divisão sétupla: 1)Percepedores diretos, 2) Conhecedores inferidos, 3)Reconhecedores, 4)Crenças Corretas, 5)Percebedores não determinadores, 6)dúvidas e 7)percepções errôneas. Divisão dupla: Conhecedores válidos e Não válidos; Divisão dupla em: Mentes primárias e Fatores mentais (51) a segunda parte do livro.
A Mente e suas Funções
Mente é claridade e cognição. Claridade refere‐se a sua não materialidade.
Por confundir a mente com o corpo, o cérebro, a força vital, com os órgãos sensoriais, ou como algo físico dentro do corpo, consideram seu tempo de vida igual
Divisão dupla: Percepção e Concepção Divisão sétupla: 1)Percepção válida, 2) Concepção válida
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Cognição é a faculdade de apreensão da consciência que funciona ao ver formas, ouvir sons, tanto quanto em todos os tipos de reflexão, inferência e compreensão. Cognição é um fenômeno momentâneo que mantem seu próprio continuo causal.
ao corpo ou mesmo dificulta a compreender a continuidade da mente e a existência de vidas passadas e futuras. Esta é a concepção mais inauspiciosa existente pois conduz as pessoas a uma vida hedonista e materialista. Os problemas se tornam limitados a esta vida e preparações para vidas futuras não são realizadas. A raiz de todas estas concepções errôneas e problemas pode ser delineada pela falsa apreensão da natureza da mente. Continuaremos neste circulo de nascimento até que um esforço seja feito para alterar seu curso; Conseqüentemente, com tal compreensão, a maneira pela qual nós, presentemente, concebemos a nossa auto‐existência e o nosso estado de existência será drasticamente alterado e uma nova e mais expansiva visão da vida se tornará acessível para nós.
(inferência); 3)Cognição subseqüentes, 4)Crença Correta, 5)Percepção desatenta, 6)indecisão e 7)Cognições errôneas. Divisão dupla em: Mentes primárias e Fatores mentais (51) a segunda parte do livro.
Anexo 1 – Correlação entre os cinco agregados e os 51 fatores mentias
Cognição válida e os sete tipos de mente
Lorig - Pramana
Os cinco agregados:
1) Nome e Forma;
2) Consciência;
3) Sensação;
4) Discriminação;
5) Ações (fatores de composição).
Os 51 Fatores Mentais: Os 5 fatores acompanhantes:
1) Sensação, 2) Discriminação; 3) Intenção; 4) Contato; 5) Atenção.
Os 5 fatores mentais determinadores de objeto;
6) Aspiração; 7) Firme apreensão; 8) Contínua lembrança; 9) Concentração; 10) Sabedoria.
Os 11 fatores mentais virtuosos:
11) Fé; 12) Senso de vergonha; 13)Consideração; 14)Antiapego; 15)Antiódio; 16) Antiignorância; 17) Esforço; 18) Maleabilidade mental; 19) Conscienciosidade; 20) Equanimidade; 21) Antinocividade. As seis delusões raízes: 22) Apego desejoso; 23) Raiva; 23) Orgulho deludido; 25) Ignorância; 24) Dúvida deludida; 25) Visão deludida;
As 20 Delusões secundárias: Agressividade; Ressentimento; Rispidez, Inveja, Avareza, Dissimulação, Hipocrisia, Recusa, Vaidade, Nocividade, Falta de vergonha, Desconsideração, Obtusidade, Distração, Excitação mental, Antifé, Preguiça, Anticonciosidade, Esquecimento deludido, Antivigilância. Os quatro fatores mentais mutáveis: Sono, Arrependimento, Investigação e Análise.
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Tópicos 3 e 4‐ Capítulos Mentes Conceituais e não conceituais, Percepções sensoriais e mentais (EM) e Cap. Dois Percepção e Concepção (MF)) Entender a Mente – Geshe Kelsang Gyatso Mente e suas Funções ‐ Geshe Rabten Mentes Conceituais e Mentes Não‐conceituais: Do ponto de vista de como a mente se conecta aos seus Objetos , elas podem ser divididas em dois tipos: Conceituais e não‐conceituais. Mentes não‐conceituais conectam seus objetos diretamente. Mentes conceituais conectam seus objetos por meio de uma imagem genérica. Uma das funções da MC é de lembrar coisas e são fundamentais para desenvolver Percebedores diretos Yóguicos.
Percepção e Concepção: Percepção é um estado não conceitual de mente, que pode ser um dos cinco sentidos, ou um certas cognições mentais imediatas. Concepção: refere‐se a um estado mental conceitual, uma cognição mental que não nota seus objetos imediatamente ou apenas como uma percepção, mas conhece então através de uma imagem mental. Percepção é, essencialmente, uma forma de cognição receptiva e não refletiva, enquanto que concepção é responsiva e refletiva.
Mentes Conceituais: Pensamento que aprende o objeto por , meio de uma imagem genérica. Imagem Genérica é o objeto aparecedor de uma mente conceitual. Existem cinco tipos de objetos: Objeto aparecedor, observado, conectado, apreendido e concebido. Pg.32 A natureza da mente conceitual é clareza que carece totalmente de forma e tem o poder de perceber objetos – ou seja – MC não difere das outras mentes, o que diferencia das demais é a sua função. Função: imputar nomes, fixar o objeto de meditação. Todos os fenômenos são imputados pela mente conceitual. A primeira vez que realizarmos a vacuidade será através de uma MC, se meditarmos continuamente realizaremos a vacuidade de forma direta, neste momento nossa realização conceitual se transformará em um percebedor direto yóguico. Classificações e a forma como são geradas:
1) MC que percebem a imagem genérica pela força de ouvir, ler, 2) pela força de contemplar 3) e pela força das marcas anteriores.
Divisão dupla de Corretas e não corretas (não existem). Aplicação à prática do Darma: Todos os objetos de meditação como Lamrim etc. Obs.: Geshe Rabten inclui dentro de Concepção e Percepção as divisões que Geshe Kelsang Gyatso faz (Mentes conceituais e não conceituais e Percepção Mental e Percepção Sensorial) Lati Rinpoche diferencia em consciência mental e consciência sensorial,
Concepção É por meio de pensamento e concepções que, conscientemente, respondemos aos objetos percebidos pelos sentidos. É através de processos conceituais que o homem tem construído sistemas filosóficos e psicológicos, invenções tecnológicas e a própria ciência. Do mesmo modo concepção é responsável por falácias que nos conduzem a condição da existência cíclica. Todas as respostas emocionais internas de nossas experiências e fluxos de pensamentos são concepções. Concepção necessita somente da condição dominante e imediata. Imagem Mental: O elemento mais característico de uma cognição conceitual é a sua apreensão de um objeto através de uma mistura dele com uma imagem mental. A cognição conceitual é incapaz de distinguir entre o objeto com sua objetividade existente e a sua própria imagem mental subjetivamente projetada. O exemplo de alguém que precisa de um óculos para enxergar e não consegue distinguir a lente do objeto visto. Por essa razão ela é chamada de enganosa no modo como aparece. Divisões: Concepção baseada em uma imagem experimental e nominal: IE: depende de uma experiência direta e IN é somente na mente como imaginar a cidade Roma sem nunca ter ido lá. Concepções Termo‐conectadas e Fato‐conectadas: TC é uma concepção que apreende um objeto conectando um termo a ela. Ex. uma mesa. FC apreende um objeto através de uma qualidade. Concepção Verdadeira e Falsa: Por exemplo som é permanente (falso)
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Consciência conceitual e não conceitual.
Lembrança e imaginação futuro‐orientada: Percepções são relacionadas com objetos presentemente existentes, enquanto concepções além de serem presentes podem também estarem no passado e no futuro (relembrar experiências e planejar o futuro). No Darma continua lembrança e aspiração. Objetos – Capítulo Cinco Conceito: é algo da natureza na qual torna‐se mais e mais claro enquanto for analisado pela mente, algo que possa ser corretamente conhecido e compreendido pela mente. Objeto, existente, entidade conhecível, e fenômenos são sinônimos. Divisões de objeto: Quatrupla:
a) Objeto aparecido: é o objeto que aparece para uma cognição, para concepções a imagem mental é considerada o objeto apareceido.
b) Objeto Principal: objeto em que a mente demonstra primeiramente seu interesse, um aspecto particular em um campo inteiro, qualquer objeto apreendido é também principal. Objeto aparecido e principal de uma mente conceitual são fenômenos exclusivos.
c) Objeto concebido: Somente uma mente conceitual é dotada de um objeto concebido.
d) Objeto referente: é o objeto base na qual a mente refere‐se ou faca‐se enquanto apreende certos aspectos.
Objetos diretos e indiretos: Objeto direto é o que aparece para uma cognição que o compreende, seu aspecto principal aparece para a mente que o apreende. Objeto Indireto: é também um objeto principal mas que o seu aspecto não aparece Objetos Evidentes: pode ser percebido imediatamente pelos sentidos; Objeto levemente oculto: pode ser inferido por raciocínio lógico. Objetos extremamente ocultados: somente por crença e fé. Ex. um carma específico.
Mentes não conceituais: É um conhecedor para o qual o objeto aparece claramente, sem se misturar com uma imagem genérica. Embora nas Mentes não conceituais o objeto
Percepção:Percepção sensorial e Percepção mental: PS refere‐se a toda cognição não‐conceitual que são dependentes do
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apareça claramente em algumas mentes conceituais com concentrações claras e fortes seus objetos também aparecem claramente. Classificação: Percepções Sensoriais e Percepções Mentais não conceituais: Percepções Sensoriais: Todas as percepções sensoriais são mentes não conceituais. PM não conceituais: Percebedores diretos não conceituais (clarividência); percebedores yóguicos e Percebedores mentais não‐conceituais que não são nenhum deles. (ex. sonho); (Observe a potencialidade de análise do sonho já que aparece claramente sem se misturar com uma imagem genérica) Correta: objeto apreendido existe; Errônea: Objeto apreendido não existe (ex do pano que parece uma cobra). Geração: As cinco PS são geradas a partir do contínuo anterior e do encontro das suas FS com o objeto sensorial correspondente. PM não conceituais são geradas a partir do seu próprio contínuo e de sua condição dominante, a faculdade mental. Aplicação ao Darma: Atualmente não podemos utilizar as PM não conceitual em nossas vidas diárias, somente as PS.
originado em um órgão sensorial (condição dominante), uma forma externa (condição‐objeto) e um estado cognitivo prévio (condição imediata). PM são similares às percepções sensoriais, a condição dominante passa a ser o órgão mental. Percepções verdadeiras e falsas: PF: quando existe um defeito no órgão sensorial; PV são divididas em : (1) Percepção sensorial verdadeira: Uma cognição não‐enganosa, livre de conceitualidade que surge para um órgão sensorial físico como sua condição dominante. “Livre de conceitualidade” siginifica que é clara e imediata. (2) Cognição Perceptiva e Não perceptiva: Todas as experiências cognitivas existem por elas mesmas. Elas possuem uma qualidade de autoconsciência inerente. Esta qualidade de consciência é chamada de cognição perceptiva*. Cognição perceptiva são exclusivamente percepções. Elas são, somente, estados da mente com seus objetos e, além do mais, elas são, substancialmente identificadas com estes estados mentais. Eles jamais observam algum fenômeno externo. Cognição não perceptiva, por outro lado, são todas as cognições que apreendem, seja conceitualmente ou não conceitualmente, objetos externos, tanto quanto cognições que não são substancialmente identificados com elas próprias. Esta categoria inclui todos as percepções sensoriais e estados conceituais de mente tanto quanto percepções mentais que percebem objetos externos. Cognição não perceptiva tem a definição característica de suportar o aspecto de um objeto perceptível, enquanto que cognição perceptiva tem a definição característica de suportar o aspecto de uma percepção. Lati Rinpoche: Os postuladores da sua existência afirmam que seu funcionamento torna possível a memória. Ele não tem uma função ativa introspectiva ou de auto‐conhecimento como seu nome sugere, desta maneira é conduzido por um fator mental chamado introspeção, o qual pode acompanhar uma consciência principal.
Do ponto de vista da condição dominante particular, as mentes podem ser divididas em dois tipos: Percepção sensorial e Percepção mental.
Percepções Mentais Percepção mental é uma percepção que se desenvolve na dependência de sua condição dominante particular , uma faculdade mental.
(2) Percepção mental verdadeira: Uma percepção mental verdadeira* é definida como uma não enganosa, cognição não aperceptiva, livre de conceitualidade, que surge na dependência do órgão mental com sua
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Faculdade mental é por definição uma mentalidade que atua, principalmente, para produzir de modo direto o aspecto particular de uma percepção mental. Sinônimo de Mente Conceitual. Classificação dupla: Conceitual e não conceitual (contradição com a nomenclatura utilizada por Geshe Rabten) Percepção mental e mente conceitual são sinônimos. De acordo com os Sautrantikas, todos os percebedores diretos mentais, os auto conhecedores e os percebedores diretos Yóguicos são percepções mentais não conceituais. Classificação tripla: Virtuosa, não virtuosa e neutra. Percepção mental conceitual não virtuosa são as causas das delusões: Toda a não virtude nasce das delusões, e as delusões nascem de quatro causas: raiz (auto‐agarramento), semente (potencial cármico) , objeto (contaminado), atenção imprópria (pág.46). Ler Nagarjuna disse que nossas mentes podem ser como inscrição em água, pedra e areia. As PMC virtuosas abrangem todas as etapas do caminho. Todas as mentes virtuosas nascem de quatro causas: as marcas, o objeto (Três Jias, Mestre e amigos espirituais), a atenção apropriada e as bênçãos inspiradoras dos Budas. Geração: uma percepção mental é gerada na dependência de duas condições: a dominante (faculdade mental) e a imediata (uma percepção). Aplicação a prática do Darma: são necessárias para meditar, contemplar. No início nossa meditação é conceitual depois torna‐se não conceitual.
condição dominante. Ex. a consciência elevada do estado mental de uma outra pessoa. é somente possível para alguém que atingiu uma tranqüilidade mental e então procede para desenvolver o principio fundamental desta habilidade. (3) Cognição Perceptiva: é definida como uma cognição não enganosa, livre de conceitualidade, que suporta o aspecto de uma apreensão. Na verdade toda cognição aperceptiva são não enganosa e não conceitual e, conseqüentemente, estas características são aplicáveis a qualquer estado aperceptivo da mente. (4) Percepção contemplativa verdadeira. É definida como uma cognição não aperceptiva na mente de um Arya que é não enganosa e livre de conceitualidade, e na qual surge na dependência de uma concentração unifocada de uma mente tranqüila e um insight penetrativo como sua condição dominante.
Percepções Sensoriais É uma percepção que se desenvolve na dependência de uma condição particular, uma faculdade sensorial que possui forma. São sempre neutras; As principais Funções: Ver formas visuais, ouvir sons, etc.; As Percepções sensoriais ajudam na prática do Darma, podemos ler ensinamentos, ouvir, etc. Se uma percepção sensorial se manifestar quando estivermos meditando unifocadamente sobre um objeto, nossa concentração será imediatamente desviada para outro objeto. É como um espinho pontiagudo fosse espetado em nosso corpo. Por essa razão, muitos meditadores que enfatizam a aquisição do tranqüilo‐permanecer desenvolvem renúncia pelas percepções sensoriais.
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Pág. 42 As percepções sensoriais de outros reinos. Classificação em 5 tipos – 5 sentidos. As faculdades sensoriais são “um poder energia interior” que reside no exato centro de cada órgão sensorial. O Caminho para Iluminação fala em Cinco ramos do vento, sustenta cada função pág. 197 Cap. Morte e Renascimento. Lati Rinpoche chama de matéria clara. Geração (ambas): Condição dominante (comum,‐ ex. a luz ‐ e particular – são características individuais ou problemas) e imediata (contínuo anterior ou faculdade mental). Aplicação a prática do Darma: Ouvir, ler o Darma.
Entender a Mente ‐ A Mente e suas Funções Conhecedores Válidos e não válidos Mente Válida: Capítulo 3 Definição: é um conhecedor não‐enganoso ou completamente confiável em relação ao objeto conectado. O termo pode ser aplicado de três maneiras: 1) Professores válidos, é definido por Darmakirt no segundo capítulo do Comentário à Cognição válida como aquele que possui conhecimento inequívoco e completo de: a) todos os objetos a serem abandonados; b) dos métodos para abandoná‐los; c) dos objetos a serem praticados; d) dos métodos para praticá‐los; a) Disposição para revelar tudo isso aos outros, motivado por compaixão. 2) Ensinamentos válidos: é por definição, uma instrução que explica sem erro os quatro itens acima. 3) Conhecedores válidos: a prática do Darma consiste essencialmente em obter conhecedores válidos de todos os objetos de meditação das etapas do caminho e, dessa maneira, erradicar as percepções errôneas. Precisamos de CV que realizam os objetos a serem abandonados e dos que realizam os objetos a serem praticados. Crenças corretas, percebedores não determinadores, dúvida e percepções errôneas são conhecedores enganosos.
Etmologia e Definição Em Sânscrito o termo para mente válida é prãmãna. Pra significa inicial, fresca, principal ou melhor; Mana significa consciência ou cognição. Toda mente válida possui três características: Inicial, infalível e cognoscente.. Inicial: ato cognitivo inicial sem qualquer série de cognições co‐relacionadas, isto elimina as cognições subseqüentes. Infalibilidade: uma mente válida compreende seu objeto verdadeiramente, é capaz de determinar corretamente o objeto e eliminar concepções errôneas em relação a ele. Cognição: toda mente válida é uma cognição, isto é para eliminar a idéia errônea de que uma mente válida não consciente possa existir. Divisão etmológica de válida: (Capítulo 3 ítem V) O termo válido (prãmãna) é usado também para expressar pessoas válidas e fala válida. Pessoa válida: Um Buda (cap 2 do Comentário de uma Mente Válida de
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Crenças corretas não penetram seu objeto com profundidade suficiente para eliminar todos os enganos ao seu respeito, deixando‐nos vulneráveis a dúvidas e percepções errôneas. No momento, a maior parte da nossa compreensão do Darma é constituída de crenças corretas. Devemos distinguir Crenças corretas de Conhecedores válidos, caso contrário podemos desenvolver presunção. Função dos conhecedores válidos: A função principal é agir como oponentes às percepções errôneas. Classificação dos Conhecedores válidos:
1) Conhecedores válidos diretos: realizam objetos manifestos (independe de razões lógicas); ex. percebedores diretos sensoriais, mentais e yóguicos
2) Conhecedores válidos inferidos: realizam objetos ocultos (depende de razões lógicas corretas), existem três, por meio de um fato, crença e costume.
Darmakirt); Fala válida: é aquela no qual o sentido comunicado é não enganoso e de benefício para os outros que estão se esforçando para atingir a liberação; Divisão não contemplada no livro Entender a Mente Mentes Válidas auto‐determinadoras e Não auto‐determinadoras (Capítulo 3 ítem IV) MV auto‐determinadoras significa que além de serem válidas, ela é capaz, de conduzir para uma certeza pela sua própria força. Ela não existiria, caso o componente essencial fosse retirado do seu campo de referência. Ex. uma figura muito familiar com os nossos pais. Divisão em cinco tipos: i percepção sensorial válida de uma função evidente. Um exemplo de tal percepção seria a apreensão sensorial que fogo tem a função de queimar madeira. ii Percepção sensorial de um objeto familiar. Através da força da familiaridade com um objeto, certeza de como o que ele é corre rápido e facilmente. iii., iv, v Estas são a cognição perceptiva válida, percepção contemplativa válida, e respectivamente uma inferência válida. Além do mais, devemos compreender, agora, que elas são exclusivamente estados mentais autodeterminadores. Por isso uma mente válida autodeterminadora é uma na qual o objeto compreendido é o mesmo do componente essencial do qual é compreendido. MV Não auto‐determinadora é aquela que não tem a capacidade para conduzir a uma certeza pela sua própria força., ela depende de da força de uma outra cognição a fim de conduzir para a certeza. Ex. ao ouvir um reino no motor do caso, você precisa de uma nova cognição para saber a verdadeira causa deste ruído. Divisão em seis tipos: i Uma mente válida para qual o que aparece é autodeterminador mas a real natureza do objeto é não autodeterminadora. Um exemplo disto seria uma percepção verdadeira que apreende uma mancha longínqua de aparência vermelha, pela distância está incerto se é ou não a aparência de um fogo, quando de fato é. ii Uma mente válida para qual a característica universal do objeto é
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autodeterminador mas a característica particular é não autodeterminadora. Um exemplo seria a percepção sensorial verdadeira que apreende a árvore enquanto é incerto se ele é ou não uma árvore de sândalo, quando de fato ela é. iii Uma cognição que torna‐se uma mente válida não autodeterminadora apesar do objeto ter aparecido. Um exemplo deste seria a percepção sensorial verdadeira de uma mancha de aparência azul que conduz para uma dúvida se foi vista tal mancha de aparência azul ou não. iv Percepção verdadeira inicial. Um exemplo seria a percepção sensorial da cor vermelha de uma rosa na mente de alguém que jamais tenha visto uma rosa antes. v Percepção verdadeira indireta. Um exemplo deste seria uma percepção sensorial de um som na mente de uma pessoa que é fortemente atraída por uma forma visual maravilhosa. vi Percepção verdadeira que é uma fonte de engano.Um exemplo disto seria uma apreensão sensorial verdadeira do aspecto de uma miragem que diretamente provoca o erro que a miragem é água.
Conhecedores não válidos: é um conhecedor enganoso em relação ao seu objeto. Existem dois tipos: Não conceituais: percepções sensoriais errôneas, percebedores sensoriais não determinadores Conceituais: Percepções mentais errôneas (delusões); Crenças corretas e dúvidas.
Cognições Errôneas (Capítulo Quatro, item V) Definição: Uma cognição que aprende seu objeto de uma maneira errônea. Divisão: Percepções e Concepções errôneas Percepções Errôneas: Uma cognição não conceitual que aprende seu objeto de uma maneira errônea. Divisão: Percepção sensorial e mental Errônea. Percepções sensoriais errôneas: Divisão de PSE: de acordo com o local onde o engano encontra sua fonte.
a) PS para qual a fonte de engano existe com o objeto (ex. girar um incenso em brasa);
b) PS para qual a fonte de engano é o órgão sensorial (ex. icterícia); c) PS para qual a fonte de engano não existe (carro em movimento); d) PS para qual a fonte do engano existe como condição imediata
(mente tomada de raiva). Percepção mental errônea: pensar que realmente que as pessoas em nosso sonho estavam lá realmente. A presença é apenas o resultado de uma excitação mental. Concepção Errônea: é uma concepção falsa que não está de acordo com a realidade.
Entender a Mente ‐ Divisão Sétupla A Mente e suas Funções Esta divisão sétupla abrange todas as mentes; A finalidade de estudá‐las é aprendermos a distinguir entre mentes válidas e não válidas, e conhecer as etapas que devem ser seguidas para atingirmos realizações de Darma.
Percebedores Diretos: É um conhecedor que apreende um objeto manifesto. São mentes não conceituais que percebem seus objetos diretamente sem se apoiarem em razões. Classificação: Percebedores Diretos Sensoriais: é um percebedor direto gerado na dependência de sua condição dominante particular, uma faculdade sensorial que possui forma. Divisão dos PDS:
1) em cinco sentidos; 2) em três: PDS que são conhecedores válidos, mas não
reconhecedores (ex. qualquer percepção sensorial); PDS que são ambos conhecedores válidos e reconhecedores, (ex. o segundo momento de uma percepção sensorial) PDS que são percebedores não determinadores, (ex. o olhar na multidão)
Geração: Todos os fenômenos estão incluídos nas doze fontes (seis objetos fontes e as seis faculdades fonte) e nos dezoito elementos (doze fontes mais os seus efeitos, as seis consciências). O desenvolvimento de um PDS pressupõe o encontro de uma faculdade sensorial não defectiva com um objeto sensorial não enganoso. Aplicação ao Darma: ao ouvir sons e ver formas como atraentes, repulsivos ou neutro devemos evitar apego, aversão, raiva, etc. “contenção das portas sensoriais”. Percebedores Diretos Mentais – Divisão em três: PDM induzidos por PDS: Após ver uma cor pensamos isto é azul; PDM induzidos por meditação: Experiências profundas de meditação; PDM que não induzidos pelos PDS nem por meditação: uma simples lembrança. Geração dos PDM: por olhar, ver, etc, por meditação lembrar de um objeto sem recorrer análise. Aplicação ao Darma: Para obter realizações do Darma precisamos
Percepção Válida: È uma cognição fresca e infalível que é livre de conceitualidade. Divisão: Percepção sensorial válida: é definida como uma cognição fresca e infalível, livre de conceitualidade, que surge na dependência de um órgão sensorial físico (cinco sentidos); Percepção mental válida: é definida como uma cognição não peceptiva (não apreende um objeto externo), fresca e infalível, livre de conceitualidade que surge na dependência do órgão mental como condição dominante. Cognição perceptiva válida: é definida como uma percepção fresca, infalível, possuindo o aspecto de uma apreensão e sendo livre de conceitualidade, pode ser percepção sensorial ou mental. Percepção contemplativa: é definida como uma cognição não perceptiva, fresca e infalível na mente de um Arya, que é livre de conceitualidade e surge na dependência da concentração unifocada da tranqüilidade mental e do insight penetrativo como condição dominante.
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desenvolver PDM induzidos por meditação. PDM Ióguicos – União do tranqüilo permanecer e visão superior; Divisão Dupla: No continuo dos Hinayanistas, dos Mahayanistas; Divisão Quadrúpla: Nos caminhos da preparação; visão; meditação; não‐mais‐aprender. Divisão dupla: PDI que realizam a natureza convencional e PDI que realizam a natureza última. Geração: Ouvir, contemplar e meditar. Pg 58. Aplicação ao Darma: é essencial pois precisamos deles para realizar a vacuidade, (ajudar os outros) PD auto‐conhecedor: .De acordo com a escola sautrantika e chittamatra existe um quarto tipo de PD. Segundo tais escolas todas as mentes têm duas partes: uma que conhece a si própria e uma que conhece os outros. A primeira são auto‐conhecedores e não dependem de objetos e a segunda são conhecedores de outros e dependem de um objeto. Conhecedores Inferidos È uma cognição inteiramente confiável, cujo objeto é realizado na dependência direta de uma razão conclusiva. Três tipos de objetos: os manifestos (sons e formas), os ligeiramente ocultos (impermanência e vacuidade, incialmente só podem ser conhecidos através de razões conclusivas) e os profundamente ocultos (o funcionamento exato da lei do carma que só pode ser visto por um Buda). São muito importantes na nossa prática do Darma, pois muitos tópicos são ocultos. Com a prática constante de meditação poderemos ver estes objetos diretamente através de PDI e então se tornará manifesto. Conhecedores inferidos são muito comum no dia a dia. Sempre que compreendemos algo através razões conclusivas, estamos empregando uma forma especial de raciocínio chamada Silogismo (dic.: Lógica: Argumento que consiste em três preposições: premissa maior, premissa menor e conclusão. Admitida a coerência das premissas, a conclusão (probandum – prova) se infere da maior por intermédio da menor) Silogismo tem três partes: sujeito, predicação e razão. Ex. “Existe fogo na casa porque há fumaça” Sujeito é “casa”, predicado é “existe fogo” e a razão é “porque há fumaça”
Concepção válida – Inferência Inferência válida é uma concepção congnitiva fresca e infalível que surge ma dependência direta de raciocínio perfeito como sua base. O termo sânscrito para inferência é anumâna: Anu significa subseqüente e mâna significa cognição. a)Um raciocínio perfeito: inferência é especialmente importante na compreensão de coisas as quais não são evidentes à percepção. Ex. impermanência, vacuidade, etc. A compreensão destes tópicos precisa ser desenvolvida através de um processo de raciocínio exato. Ex. Som é impermanente, o raciocínio deve ser aplicado ao sujeito e congruente com o predicado. Sujeito é o som, o predicado ou fator a ser comprovado é impermanente e o raciocínio é que por ser criado ele é impermanente. b) Cognições estabelecidas: É como processo cognitivo faz o estabelecimento da aplicabilidade para o sujeito e a congruência com o predicado assumirem uma posição. Para estabelecer uma cognição como uma inferência válida duas outras cognições são necessárias. A primeira é estabelecer o raciocínio que por ser
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A combinação entre o sujeito e o predicado é chamado de probandum, ou conclusão. Nesse caso: “Existe fogo na casa”. Razão conclusiva é um argumento capaz de demonstrar um probandum (prova) de maneira incontroversa – possui três propriedades: propriedade do sujeito (a razão tem que ser aplicável ao sujeito), Implicação direta: (razão tem que estar implicada ou subentendida) e Implicação inversa: (se o predica não se aplicar , a razão também não se aplicará, se não houver fogo não haverá fumaça) Dois tipos de relações e dois tipos de razões: natural (cachorro e animal) e causal (há fogo na casa porque há fumaça). Há uma relação natural entre reconhecedores e conhecedores válidos. Aplicação do silogismo à prática do Darma: Ex. para realizar as dezesseis características das quatro nobres verdades, devemos primeiro gerar conhecedores inferidos. Ex. “Nosso corpo é um verdadeiro sofrimento” vamos meditar no silogismo: “Meu corpo é um verdadeiro sofrimento porque é um agregado contaminado”. Classificação dos CI: CI pelo poder de um fato: realiza objetos ligeiramente ocultos (o corpo é impermanente porque se desintegra); CI por meio de crença: realiza objetos profundamente ocultos (lei do carma) precisamos confiar nas escrituras; CI por meio do costume (convenção, a roda branca no céu é a Lua) Geração dos CI: Divisão Dupla: CI que surge de ouvir e CI que surge da contemplação. Em ambos os casos (pela audição e contemplação), para se caracterizar como um CI é necessários realizar as três propriedades de uma razão conclusiva. Pg. 68. Aplicação ao Darma: Objetos de meditação são ligeira ou profundamente ocultos, por isso são necessários CI. CI são sementes de PD yóguicos. (metáfora com uma plantação);
impermanente ele é criado., é por meio desta compreensão que a aplicabilidade do raciocínio para esta comprovação compreende qualquer objeto criado como impermanente. A segunda é que estabelece como impermanente pelo raciocínio de ser criado. c) Três tipos de inferência: 1) Inferência direta: a impermanência do nosso corpo devido a morte, ou a impermanência do som devidamente comprovado pelo uso de raciocínio. 2) Inferência convencional: o que é convenção social, o nome lua, etc. 3)Inferência por crença: É algo que apesar de ocultado das nossas percepções e do raciocínio direto, pode suportar um exame critico e não serem apoiadas em contradição. Ex. a lei específica do carma que a riqueza é gerada da generosidade.
A necessidade da inferência: È extremamente importante, pois ela nos habilita a compreender aquelas coisas que são ocultadas da nossa consciência perceptiva. Aqui a investigação científica tem em comum com o Darma o fato que a compreensão inicial devem ser primeiro atingida através de uma pesquisa analítica baseada em um raciocínio perfeito.
Reconhecedores Reconhecedor é um conhecedor que compreende o que já havia sido compreendido pela força de um conhecedor válido anterior.
Cognição subseqüente: É uma compreensão (apreensão) de um objeto já compreendido. Isto
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A função dos reconhecedores é manter o continuum de uma compreensão obtida inicialmente por um conhecedor válido. Classificação: Não conceituais: Reconhecedores que são percebedores diretos sensoriais, percebedores mentais não conceituais, e Yóguicos. Conceituais: Dois tipos, induzidos por percebedores diretos (relembrar algo percebido por clarividência) e por conhecedores inferidos. Geração de reconhecedores: È preciso sustentar continuamente, sem esquecimentos, todo conhecimento perfeito dos temas do Darma que tenhamos obtido por meio de estudo sincero; para isso, devemos gerar e manter reconhecedores, o que requer a manutenção da contínua lembrança. Manter a contínua lembrança é o melhor método para aperfeiçoarmos nosso conhecimento e experiência de Darma, e é a raiz de todas as práticas de meditação. Aplicação à prática do Darma: Se contemplarmos sinceramente as razões conclusivas fornecidas em comentários autênticos vamos gerar um conhecedor inferido, ao meditar neste conhecedor inferido, cuja natureza é um reconhecedor vamos atingir a realização última deste objeto. No caso de objetos virtuosos, a prática de reconhecedores é da maior importância, porque é por seu intermédio que mantemos e aumentamos todas as nossas experiências espirituais.
significa que ela é uma cognição que compreende seu objeto somente através da força de uma compreensão válida prévia do mesmo objeto. Por essa razão, uma cognição subseqüente é sempre induzida por uma mente válida. Exemplo do carro senso socorrido, guinchado. Classificação: Percepção Subseqüente: são percepções verdadeiras que são induzidas por uma percepção válida. Quatro tipos: Percepções sensoriais subseqüentes, percepções mentais subseqüentes, apercepções subseqüentes, e percepções contemplativas subseqüentes. Todas elas são a segunda e seguinte ação da percepção que sucede a percepção válida inicial. A mente onisciente de um Buda é sempre uma percepção válida e jamais subseqüente. Concepção Subseqüente: Uma concepção subseqüente de um objeto pode ser induzida de duas diferentes maneiras: por uma percepção válida ou por uma inferência válida. Uma Concepção Subseqüente induzida por uma percepção válida é uma determinação ou firme lembrança de um objeto inicialmente por um dos quatro tipos de percepção válida. Uma CS induzida por uma inferência válida é uma compreensão conceitual de alguma coisa que foi compreendida inicialmente por uma inferência válida.
Crenças corretas É um conhecedor não válido que realiza um objeto concebido. Classificação: CC que não dependem de razões – uma CC na impermanência que se desenvolve só de ouvir as instruções sobre este tema. CC que dependem de razões – uma CC que se desenvolve a partir da contemplação de premissas corretas ou incorretas ilustra o segundo tipo. Se contemplarmos que “meu corpo é impermanente porque vai finalmente morrer”, poderemos desenvolver um entendimento rudimentar de que nosso corpo é impermanente. Este conhecimento é uma crença correta desenvolvida a partir da contemplação de uma premissa correta. Tal crença correta poderá se transformar mais tarde em um conhecedor inferido que realiza perfeitamente a impermanência do corpo.
Crença correta: Uma crença correta é definida como uma cognição concebida em conformidade com a realidade que concebe seu objeto de uma maneira falível. Ela é uma concepção falível uma vez que é incapaz de induzir acertadamente ou eliminar qualquer concepção errônea sobre seu objeto. Mas ela é uma concepção conceitual verdadeira uma vez que seu objeto principal é existente, todavia não é nem uma cognição válida ou subseqüente de um lado, nem uma cognição errônea de outro. Apesar de uma CC não ser uma compreensão genuína do seu objeto ela, contudo “compreende” seu objeto meramente por meio de uma imagem mental nominal ou experimental. Imagem nominal é quando acreditamos em algo que está sendo dito por alguém. Experimental é quando é concebida por uma experiência própria.
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Geração de Crenças corretas: De modo geral a mente que se limita a acreditar em algo que existe é uma crença correta.. É fácil gerar CC, uma vez que elas podem ser desenvolvidas por meio de ouvir e contemplar. Há outros tipos de CC que podem ser geradas depois de ermos recebido uma iniciação tântrica. Nos ensinamentos de tantra, Buda explica uma prática especial de imaginação correta, na qual nos vemos como uma deidade e percebemos todas as coisas como completamente puras, são chamadas crenças corretas especiais. Aplicação das CC à prática do Darma: Todos os objetos de conhecimento são objetos de CC. Ouvindo e contemplando os ensinamentos, primeiro obteremos um entendimento aproximado do seu significado, esta compreensão terá a natureza de uma CC.
Crença correta é importante porque ela nos dá uma base firme na qual estabelecemos um raciocínio perfeito para o que acreditamos e para, então, produzir uma compreensão inferencial dela. Cinco tipos de Crença correta: Crença correta irracional: Afirmação de algo injustificável. Ex. Som é permanente; CC baseada em um raciocínio contraditório: A afirmação que som é impermanente porque ele é um fenômeno não efetivo. CC baseada em um raciocínio inconcluso: Acreditar que som é impermanente por ele é um fenômeno existente. CC baseada em um raciocínio irrelevante: Acreditar que com é impermanente porque é percebido pelo sentido visual. Aqui a congruência com o predicado é estabelecida (qualquer objeto da percepção visual é impermanente) mas não é aplicável ao sujeito. CC baseada em um raciocínio perfeito mas não estabelecido: som é impermanente porque é criado. Pg. 48.
Percebedores não Determinadores Percebedor não determinador é um conhecedor para o qual um fenômeno, seu objeto conectado, parece claramente, mas não é identificado. Ex. um olhar na multidão, um bebê recém nascido. Eles apreendem seu objeto conectado, mas não com a força necessária para realizá‐lo. Classificação: PDS não determinador: Ex. uma percepção auditiva que ocorre no mesmo momento em que estamos olhando para uma forma atraente. PDM não determinador: Ao ouvir ensinamentos, nossa atenção é desviada para um PDS não determinador, tal PDS induzirá à geração de um PDM não determinadores. Obs. Não existem PD yóguicos não determinadores.. Geração: Um Percebedor não determinador se desenvolve quando as condições para que um fenômeno apareça estão reunidas, mas as condições para que sua natureza seja realizada não.
Percepção desatenta Uma percepção desatenta é uma percepção verdadeira que não compreende seu objeto por não ter prestado suficiente atenção nele É definido como uma percepção pela qual o fenômeno que é seu objeto principal aparece mas o qual é incapaz de induzir a uma certeza dele. Percepções contemplativas sempre acertam qualquer objeto que aparecem para elas, elas jamais podem ser desatentas.
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Cinco tipos principais: 1) devido as condições externas a mente é incapaz de determinar a
natureza do objeto. Ex. pouca luz. 2) O segundo está relacionado a natureza ou ao poder da mente,
como no processo de morte ou sono, utilização de álcool e outras drogas.
3) Quando tomamos a decisão de ignorar certos estímulos ou quando aprendemos a agir dessa maneira. Ex. ruído do trânsito.
4) O estímulo também é ignorado mas agora por causa da distração de delusões. Ex. raiva.
5) Quando não entendemos a natureza do objeto: Ex. em um pais ou lugar ao visitar uma feira não reconhecemos muitas frutas.
Aplicação ao Darma: Devemos praticar para desenvolver percebedores não determinadores em relação aos objetos que causam atração ou repulsão. Ao praticar percebedores não determinadores em relação as delusões estamos procurando conter as portas das faculdades sensoriais, isto é muito importante para a obtenção do tranqüilo permanecer, de modo que possamos prestar plena atenção no objeto interior sobre o qual estamos meditando. Dúvidas Dúvida é um fator mental que oscila a respeito de seu objeto. Quando uma mente primária está associada com dúvida, a própria mente primária e todos os seus fatores, tais como sensação, discriminação e intenção , também assumem a qualidade bifocal da dúvida. Firme fé e confiança são pré‐requisitos essenciais para uma prática espiritual bem sucedida. Classificação:
1) Dúvidas deludidas: Causam perturbações em nossa mente. 2) Dúvidas não deludidas: Surgem durante o estudo do Darma ao
não entendermos ainda o objeto de estudo. 3) Dúvidas que tendem a verdade; 4) Dúvidas que tendem a se afastar da verdade; 5) Dúvidas equilibradas; 6) Dúvidas virtuosas: ao estudarmos temas profundos como
Indecisão Indecisão pe definida como um fator mental que por sua própria força vacila entre duas alternativas em relação ao seu objeto.
A) Indecisão que tende para uma conclusão correta: quando apoiados em pensamentos realísticos e contemplação, será, eventualmente possível, descartar sua característica oscilativa e poderá conduzir para uma crença correta; com mais investigação e análise poderá, ainda, conduzir para uma inferência válida capaz de induzir a mais concepções subseqüentes;
B) Indecisão que tende para uma conclusão incorreta; C) Indecisão equilibrada;
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vacuidade; 7) Dúvidas não virtuosas; analisar a lei carma procurando mostrar a
sua não existência; 8) Dúvidas neutras. (motivação neutra) o que comemos no café?
Geração de dúvidas: As dúvidas, em geral, surgem devido à ignorância ou as suas marcas. Percebedores não determinadores, crenças corretas e percepções errôneas podem levar a duvidas. As causas mais comuns de dúvidas deludidas são as visões errôneas ou as marcas dessas visões. Outras causas de dúvidas são as investigações e análise incorretas, pessoas que tem formação científica podem achar difícil acreditar em objetos ocultos, uma vez que não podem ser comprovados por investigação científica. Dúvidas virtuosas são, em geral, causadas por razões opostas. Aplicação ao Darma: Enquanto tivermos dúvidas deludidas e hesitações, nossa prática não será muito efetiva. Para superar dúvidas sobre nossa prática espiritual, devemos compreendê‐la perfeitamente através do estudo, discussão e confiança em um Guia espiritual qualificado. Percepções Errôneas Percepção errônea é um conhecedor que está equivocado a respeito de seu objeto conectado. Uma percepção equivocada engana‐se a respeito do objeto aparecedor enquanto que uma percepção errônea engana‐se a respeito do seu objeto conectado ou de seu objeto concebido. (para diferenciar percepção de concepção). Toda percepção errônea é forçosamente uma percepção equivocada, , mas nem toda percepção equivocada é necessariamente uma percepção errônea. Para ser uma percepção errônea é preciso que a mente esteja equivocada sobre seu objeto conectado ou sobre seu objeto concebido.
Cognições Errôneas É uma cognição que aprende seu objeto de uma maneira errônea.
A) Percepções Errôneas, é definida como uma cognição não conceitual que apreende seu objeto de uma maneira errônea, são dividas em percepção sensória e mental errônea.
1) Percepção sensorial errônea: De acordo com o lugar que o engano se encontra, ela é dividida em:
1.1) Percepção sensorial para qual a fonte de engano existe com o objeto; 1.2) Percepção sensorial para qual a fonte existe na base da percepção, o
órgão sensorial; 1.3) Percepção sensorial par a qual a fonte de engano existe na situação; 1.4) Percepção sensorial para a qual a fonte de engano existe como
condição imediata.
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Divisão:
1) Percepções errôneas não conceituais: 1.1 ) Percepções sensoriais errôneas: Uma Percepção sensorial
errônea pode estar equivocada de sete formas: acerca do seu feitio (vê uma cobra de brinquedo como verdadeira) com a cor, atividade (carro ao lado parece se movimentar), número, tempo, medida.
1.2 Percepções mentais não conceituais errônea : apreende aspectos do sonho como real, uma montanha, dinheiro, etc.
2) Percepções errôneas conceituais: 2.1) Percepções errôneas intelectualmente formadas: visões filosóficas errôneas ou premissas errôneas; Ex. da coleção transitória pagina 229 e 230. 2.2) Percepções errôneas inatas: marcas mentais trazidas de vidas passadas. Ex. auto agarramento inato e demais delusões.
Geração: Causas últimas (ignorância) e temporárias (vide divisão abaixo) Causas temporárias para percepção sensorial errôneas:
a) uma qualidade enganosa do objeto (são muito parecidos) b) Uma situação enganosa ( certas situações como no escuro) c) Uma faculdade sensorial defectiva; d) Um defeito na percepção antecedente; (quando estamos muito
perturbados) Causas temporárias para percepção mental errôneas
a) Induzidas por percepções sensoriais errôneas (tomar um pano por uma cobra)
b) Concentração interior dos ventos durante o sono ou a morte: (durante o sono damos as coisas como reais e durante a morte as percepções sensoriais vão se diluindo e a mente vai se sutilizando. E por isso nossa contínua lembrança vai se deteriorando e não somos capazes de usar a mente
2) Percepção mental errônea: exemplo da percepção de um amigo em
um sonho.
B) Concepções errôneas: uma concepção falsa ou que não está de acordo com a realidade.
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adequadamente. O poder da continua lembrança dos Bodhisatvas não diminui quando sonham, possibilitando praticar durante o sonho.)
c) Das delusões inatas e das intelectualmente formadas.Marcas mentais, ensinamentos enganosos e nossas próprio raciocínio)
d) Raciocínios ilógicos. Aplicação das Percepções errôneas à prática do Darma A prática do Darma tem duas finalidades principais: eliminar percepções errôneas e cultivar percepções corretas. A causa de todo sofrimento é a percepção errônea. Ler pagina 100
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