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INSTITUTO PROFESSOR KALAZANS USO RESTRITIVO DA PROPRIEDADE EM ÁREA DE SEGURANÇA AEROPORTUÁRIA. O
PARCELAMENTO DE USO DO SOLO E SUA REPERCUSSÃO NAS ATIVIDADES AERONÁUTICAS.
Marco Antonio Bessa Soares1
Sumário: 1 Introdução 2 Competência da justiça federal para processar e julgar processos em
zonas de proteção e gerenciamento de risco aeronáutico 3 Plano básico de zona de proteção
de aeródromo – Portaria nº 256 GC5, de 13 de maio de 2011 4 Da compatibilização do
zoneamento do uso do solo e suas restrições especiais 5 Aumento das atividades aeronáuticas
em locais próximos a aeródromos, e os riscos decorrentes das operações aéreas 6 Operações
aeronáuticas nas futuras pistas 01 e 19 do novo aeródromo de Goiabeiras 7 Conclusão
Resumo: Desde que o homem existe como ser que conquista e delimita seus espaços, sabe-se
que, em vista de seu constante aprimoramento no plano terreno, busque um lugar onde
estabelecer moradia para si e seus familiares, sendo também certo dizer que, de há muito,
esse mesmo homem, em seu natural processo desenvolvimentista, tenha almejado alçar os
céus, relegando a plano de somenos importância seu andar sobre a Terra como houvera, e
para o qual fora criado. Este ser definido desde sua criação como homem, possui um
complexo, sem igual, de assimetrias entre o seu agir e o que outorga direito a outrem de,
também por assimetrias, buscar idêntico ou maior direito que lhe possa beneficiar. Daí,
1 Graduado em Direito pelo Centro Superior de Ciências Sociais de Vila Velha (CSCSVV). Especialista em
Direito Civil e Processual Civil pela Universidade Gama Filho (Convênio UNESC). Curso de Carreira na
Escola de Magistratura do Espírito Santo. Advogado Público. E-mail: cmtbessa@hotmail.com. É
Professor de Regulamentação da Aviação Civil no ACES - Aeroclube do Espírito Santo e na EAHRA.
Membro da SBDA – Associação Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial, e da Academia Brasileira de
Direito Aeronáutico.
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surgiram os conflitos de interesses que, inicialmente, se polarizaram sobre porções de
territórios em terra, mas que, em vista da conquista do ar, transpuseram essas delimitações,
verticalizando-as do nível do solo e mar, excepcionados neste os Estados Mediterrâneos, que
não o possuem, até uma faixa de aproximadamente 100km de altura, ao final da qual,
abandonar-se-ia o espaço aéreo de uma nação, acessando-se, então, o espaço exterior ou
cósmico. Neste toar, a maior abrangência ocasionada pelas operações aeronáuticas, e como
consequência lógica dessas, se fez premente ao longo de pouco mais de 100 anos de existência
do avião, a criação de restrições diversas, que impactam, dentre um sem número de situações,
até o uso parcelado e restritivo do solo em áreas de segurança aeroportuária. Sobre esse uso
parcelado e restritivo, é que trataremos neste nosso estudo.
Palavras-chave: Uso restrito da propriedade. Segurança aeroportuária. Parcelamento de uso
do solo.
1. INTRODUÇÃO
É fato que, em vista do uso do solo das áreas que se circunvizinham aos
aeródromos, exista uma chamada porção de espaço restrita, ou ASA – Área de Segurança
Aeroportuária, que é diretamente albergada em prol da segurança das operações aéreas.
Em vista de tal restrição, faz-se indissociável a necessidade de um maior e mais
expressivo rigor no planejamento e fiscalização dos empreendimentos localizados no entorno
dos aeródromos, objetivando eliminar riscos consideráveis às operações de aeronaves em
procedimentos de manobras, pousos e decolagens.
Este nosso breve estudo busca desmistificar um pouco as relações obrigacionais de
fiscalização existentes entre os Poderes Públicos entre si e o(s) privado(s), a guisa da existência
de normas especiais de parcelamento e uso restritivo do solo, que tratam de delimitar o pleno
uso da propriedade que se circunvizinha aos aeródromos, quer seja ela pertencente ao
particular, ou mesmo pertencente ao patrimônio estatal, demonstrando nítida a aplicação
isonômica de normas de Direito Administrativo a casos concretos.
Tomando como escopo fatos derivados de passado recente em nossa Capital, e
que remontam à ordem judicial emanada do MM. Juízo da 3ª Vara Federal Cível da Seção
Judiciária do Espírito Santo, em vista de pleito avençado pelo Município de Vitória, ultimando
fosse procedida a demolição de 03 (três) pavimentos de uma construção que extrapolava o
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gabarito de altura para o local e que, por sua localização, colocava em risco as operações
aeroportuárias na região, em vista da existência de um corredor de segurança enfeixado
dentro da porção territorial abrangida pelo Aeródromo de Goiabeiras.
Durante nossa breve exposição, abordaremos, dentre outros, a competência da
Justiça Federal para processar e julgar causas que envolvam o uso da propriedade
circunvizinha aos aeródromos.
Levamos em consideração para consecução deste nosso breve estudo, artigos
publicados em revistas especializadas da área de segurança aeronáutica, assim como normas
aeronáuticas e do Município de Vitória em vigor, e que servem de fundamento ao que nos
propusemos a estudar.
Desde já, a todos, uma boa leitura.
2. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL PARA PROCESSAR E JULGAR PROCESSOS EM ZONAS
DE PROTEÇÃO E GERENCIAMENTO DE RISCO AERONÁUTICO
Em passado recente, mais precisamente em agosto de 2013, o proprietário de uma
edificação localizada no Bairro República, nesta Capital de Vitória, foi instado pelo Juízo da 3ª
Vara Federal Cível da Seção Judiciária do Espírito Santo2 para, no prazo estabelecido na ordem
mandamental forçada, promover a imediata demolição de 03 (três) pavimentos, de um total
de 06 (seis), do empreendimento, os quais, além de extrapolarem o gabarito de construção de
imóveis no local, não possuíam o aval liberatório do Estado-Administração, ocasionando, o que
é mais gravoso, risco real às operações aéreas de pouso e decolagem de aeronaves, realizadas
no Aeródromo de Goiabeiras.
A decisão mandamental, noticiada pela imprensa Capixaba3, causou impacto junto
à sociedade Vitoriense, não só porque neste estado seja inédita, mas, também, pelo rigor das
2 Vide: JUSTIÇA FEDERAL. Processo nº: 00058692720134025001. 3ª Vara Federal Cível. Seção Judiciária
do Espírito Santo. Disponível em:<http://www2.jfes.jus.br/jfes/portal/consulta/resconsproc.asp>.
Acesso em: 27 Ago. 2013.
3 Vide: A GAZETA. Gazeta Online: Justiça manda demolir prédio próximo ao Aeroporto de Vitória”. 06
Ago/2013. Disponível
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multas aplicadas, pela Justiça Federal, ao proprietário da edificação, o qual, instado
anteriormente a promover a demolição voluntária dos andares construídos clandestinamente,
não a fez, decorrendo daí a ordem coercitiva Federal que o impeliu ao cumprimento forçado
da mesma, com a aplicação das multas decorrentes do seu não cumprimento voluntário.
Não obstante a decisão exarada pelo MM. Juízo da 3ª Vara Federal Cível, alguns
segmentos, irresignados, da sociedade, questionaram a legitimidade da Justiça Federal para
conceder a ordem mandamental, já que o imóvel faça parte de porção de solo pertencente ao
Município de Vitória.
Alguns dos irresignados com a determinação coercitiva estatal federal, também
não vislumbraram motivos plausíveis à concessão da ordem judicial, como o foi, posto que o
imóvel em tela não se encontre ao menos na linha definida como eixo da pista do aeródromo
de Goiabeiras. Entretanto, ledo engano, pois a teor do que consta do inc. I, art. 22 da Cártula
Política do Brasil4, caiba privativamente à União Federal, legislar, entre outros, sobre direito
aeronáutico, sendo, por decorrente, detentora do monopólio das atividades relacionadas ao
transporte aéreo e infra-estrutura aeronáutica5 em sua parcela de território6, originando daí,
por lógica jurídico-legal, a plena competência da Justiça Federal7 para presidir e, claro, decidir
em:<http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2013/04/noticias/cidades/1433468-justica-manda-
demolir-predio-proximo-ao-aeroporto-de-vitoria.html>. Acesso em: 28 Ago. 2013.
4 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. “Art. 22. Compete privativamente à União
legislar sobre: I- direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico,
espacial e do trabalho”. Disponível
em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 04 Set. 2013.
5 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Idem. “Art. 173. Ressalvados os casos
previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida
quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme
definidos em lei.” Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>.
Acesso em: 04 Set. 2013.
6 BRASIL. Lei 7565 de 19 de dezembro de 1986. Dispõe sobre o Código Brasileiro de Aeronáutica. “Art.
11 - O Brasil exerce completa e exclusiva soberania sobre o espaço aéreo acima de seu território e mar
territorial”. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7565.htm>. Acesso em: 04 Set.
2013.
7 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Bis in idem.“Art. 109. Aos juízes federais
compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública
federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência,
as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;”. Disponível
em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 04 Set. 2013
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as questões que envolvem as chamadas Zonas de Proteção de Aeródromos8, que formam o
conjunto de superfícies nas quais o aproveitamento e o uso do solo sofrem restrições
derivadas das áreas do Plano Básico de Gerenciamento de Risco Aeronáutico.
3. PLANO BÁSICO DE ZONA DE PROTEÇÃO DE AERÓDROMO – PORTARIA Nº 256 GC5, DE 13
DE MAIO DE 2011
De artigo da lavra de Aloysio Cavalcanti Lima9, que se reporta ao inc. XLII, art. 2º,
da Portaria nº 256 GC510, de 13 de maio de 2011, extrai-se lição no sentido de que o Plano
Básico de Zona de Proteção de Aeródromo, deva ser entendido como:
“ ‘O conjunto de superfícies limitadoras de obstáculos que estabelece as restrições impostas
ao aproveitamento das propriedades dentro da zona de proteção de um aeródromo. [...]’.
Trata-se de verdadeira zona de restrição que inibe a todos de promoverem
empreendimentos potencialmente lesivos à aviação.”
Mais ainda. De se ver que tais áreas delimitam um setor angular de segurança na
aproximação para pouso de aeronaves no aeródromo de Goiabeiras, nesta Capital, chamado
de cone de segurança ou cone de aproximação, onde tal condição, de per se, ocasiona, via
direta de consequência, diminuição da cabeceira da pista em cerca de 433mts, limitando, ainda
mais, o espaço entre o pouso das aeronaves e a segurança de sua paragem, decorrendo daí,
mais ainda, a incongruência entre a construção promovida pelo particular na área
circunvizinha do aeródromo e o cone de segurança.
8 BRASIL. Ministério da Defesa. Comando da Aeronáutica. Portaria nº 256/GC5, de 13 de maio de 2011.
Disponível em:<www.decea.gov.br/.../Portaria_256_GC5_de_13.05.2011_Atualizada_Port-271.pdf.>.
Acesso em: 28 Ago. 2013.
9 LIMA, Aloysio Cavalcanti. A tutela da segurança de voo em face do uso do solo no entorno de
aeródromos – o poder de polícia aeronáutico à luz da Portaria GC5, de 2011 – COMAER, Revista
Conexão SIPAER, v.4, n. 1, set/out. 2012, p. 115-128. Disponível em:
<http://inseer.ibict.br/sipaer/index.php/sipaer/article/view/221>. Acesso em: 02 Set. 2013.
10 BRASIL. Ministério da Defesa. Comando da Aeronáutica. Portaria nº 256/GC5, de 13 de maio de 2011.
Idem.
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Seguindo a mesma vortex de legalidade jurídico-legal, a segurança que defrui das
operações aviatórias ao derredor dos aeródromos é albergada pelo Código Brasileiro de
Aeronáutica, conforme textualizado em seu art. 43, abaixo transcrito:
“Art. 43. As propriedades vizinhas dos aeródromos e das instalações de auxílio à navegação
aérea estão sujeitas a restrições especiais.
Parágrafo único. As restrições a que se refere este artigo são relativas ao uso das
propriedades quanto a edificações, instalações, culturas agrícolas e objetos de natureza
permanente ou temporária, e tudo mais que possa embaraçar as operações de aeronaves
ou causar interferência nos sinais dos auxílios à radionavegação ou dificultar a visibilidade
de auxílios visuais.”
4. DA COMPATIBILIZAÇÃO DO ZONEAMENTO DO USO DO SOLO E SUAS RESTRIÇÕES
ESPECIAIS
Na mesma seara, o § 4º, art. 44 do CBAer - Código Brasileiro de Aeronáutica,
demonstra claro que: “As Administrações Públicas deverão compatibilizar o zoneamento do
uso do solo, nas áreas vizinhas aos aeródromos, às restrições especiais, constantes dos Planos
Básicos e Específicos”, observando-se para consecução de tal fim, o que resta contido no caput
do supracitado artigo 44, e que nos remete à condição inafastável de que tais restrições
especiais sejam de específica responsabilidade da autoridade aeronáutica, a qual, de turno
seu, levará em conta para sua aprovação, planos válidos para cada tipo de auxílio à navegação
aérea, decorrendo daí, então, a aplicação da norma regulamentadora tanto pela Infraero11,
como pela ANAC12, assim como pelo(s) município(s) onde se encontre o aeródromo
construído.
Em linha simétrica com os anteriormente citados dispositivos, o § 5º, art. 44 do
CBAer, assevera que: “As restrições especiais estabelecidas aplicam-se a quaisquer bens, quer
11
BRASIL. Lei 5.862 de 13 de dezembro de 1972. Autoriza o Poder Executivo a constituir a empresa
pública denominada Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária - INFRAERO, e dá outras
providências. Disponível em:
<http://www.infraero.gov.br/index.php/br/institucional/competencias.html>. Acesso em: 02 Set. 2013.
12 BRASIL. Lei 11.182. Cria a Agência Nacional de Aviação Civil e dá outras providências.
Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/Lei/L11182.htm>. Acesso
em: 09 Set. 2013.
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sejam privados ou públicos”, declinando daí perfeita sintonia para aplicabilidade da norma
regulamentadora da matéria em estudo ao caso concreto, como o foi pela Justiça Federal do
Espírito Santo, diante de pleito avençado pelo Município de Vitória, dentro de seu mister.
Observe-se ainda que o Poder Público, dentro de seu espectro fiscalizatório, e em
observando irregularidade de obra ou construção que contrarie os Planos Básicos ou
Específicos de cada aeródromo, poderá adotar providências imediatas objetivando a
paralisação daquelas, aplicando para tal fim, a previsão legal contida no art. 45, do CBAer.,
verbis:
“A autoridade aeronáutica poderá embargar a obra ou construção de qualquer natureza
que contrarie os Planos Básicos ou os Específicos de cada aeroporto, ou exigir a eliminação
dos obstáculos levantados em desacordo com os referidos planos, posteriormente à sua
publicação, por conta e risco do infrator, que não poderá reclamar qualquer indenização.”
De outro giro, o art. 46 do mesmo Codex (CBAer), delimita que: “Quando as
restrições estabelecidas impuserem demolições de obstáculos levantados antes da publicação
dos Planos Básicos ou Específicos, terá o proprietário direito à indenização.”
Nesta toada, observa-se que a Infraero, através do ofício nº 898/SBVT (VTSO)
2012, ofereceu ao Município de Vitória, denúncia de acréscimo clandestino de área localizada
na Rua Jacinto Bresciane, nº 185, no Bairro República, nesta Capital de Vitória, posto que tal
acréscimo à área em comento viesse colocando em risco iminente as operações aviatórias
realizadas no Aeródromo de Goiabeiras, por se encontrar dentro da Zona de Proteção/Cone de
Segurança deste, contrariando, tanto a norma federal como a municipal, regulamentadoras da
matéria sub examen.
Uma vez tomando conhecimento da infração administrativa levada a efeito pelo
proprietário da edificação irregular, e como a Autoridade Aeronáutica não tenha embargado
por si mesmo a obra irregular, o Município de Vitória promoveu, a tempo e hora certos, Ação
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Demolitória c/c Pedido de Embargo Liminar13, resultando daí concessão de ordem liminar
assecuratória da tutela de urgência pelo Juízo Federal deste Estado, como buscada.
Impende ser dito, tão somente a título explicativo, que não obstante o supracitado
art. 46 da Lei 7.565/86, assevere que: “terá o proprietário direito à indenização”, tal não se
aplique ao proprietário do caso em estudo, posto que, inicialmente se trate de acréscimo
clandestino de área, decorrendo daí ser utilizado o que prevê o art. 45 da mesma norma
aeronáutica (Lei 7.565/86), bem como porque até o momento em curso, nada dê mostras que
à construção, de 06 (seis) pavimentos, para localidade onde o PDMU - Plano Diretor Municipal
Urbano, Lei 6.705/200614, autoriza somente 03 (três) andares, tenha sido outorgado o
indispensável aval ao proprietário da edificação para tal, tampouco lhe tenha sido concedido o
direito de avançar verticalmente (a altura) de sua construção fora do gabarito para aquela
região/bairro, em particular pelo que resta contido nos Anexos 9.2 e 10 da lei municipal acima
(6.705/2006), para Zona de Ocupação Restrita/11-ZOR/11, assim como inserto no art. 157 da
mesma, que assim textualiza:
“Art. 157. A altura máxima das edificações permitida, em qualquer zona de uso,
fica sujeita às normas estabelecidas na Lei Federal n° 7.565/86 (Código Brasileiro
de Aeronáutica) e legislações correlatas.”
Desta feita, agindo como agiu o proprietário da edificação clandestina, tratou este
de, além de inobservar o que preceitua o artigo 157 da Lei 6.705/2006, também ao que
determina o artigo 26 da Lei Municipal 4.821/9815, ipsis verbis:
“Art. 26 – Dependem, obrigatoriamente, de alvará de aprovação os projetos de:
I – edificação nova;
13
JUSTIÇA FEDERAL. Processo nº: 00116531920124025001. 3ª Vara Federal Cível. Seção Judiciária do
Espírito Santo. Disponível em:<http://www2.jfes.jus.br/jfes/portal/consulta/resconsproc.asp>. Acesso
em: 27 Ago. 2013.
14 VITÓRIA. Lei 6.705 de 16 de outubro de 2006. Institui o Plano Diretor Urbano do Município de
Vitória e dá outras providências-PDU. Disponível em:
<http://sistemas.vitoria.es.gov.br/webleis/consulta.cfm?id=167650>. Acesso em: 04 Set. 2013.
15 VITÓRIA. Lei 4.821 de 31 de dezembro de 1998. Institui o Código de Edificações do Município de
Vitória. Di sponível em: <http://sistemas.vitoria.es.gov.br/webleis/consulta.cfm?id=3164>. Acesso em:
04 Set. 2013.
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II - Reforma e regularização.”
Releva ser dito que o agir açodado do proprietário da edificação clandestina, e, o
que é pior, não autorizado pelo Estado-Administração, acabou por servir como o divisor de
águas que, definitivamente permitiu a derrubada dos pavimentos irregulares pelo mesmo
edificados, vista a flagrante infração às normas urbanísticas e de edificações do Município de
Vitória e, como decorrente, ao que assevera a norma aeronáutica em vigor.
5. AUMENTO DAS ATIVIDADES AERONÁUTICAS EM LOCAIS PRÓXIMOS A AERÓDROMOS, E
OS RISCOS DECORRENTES DAS OPERAÇÕES AÉREAS
Se nos parece imprescindível tecermos alguns breves comentários acerca do
aumento das atividades aeronáuticas ao derredor de aeródromos encravados nos grandes
centros urbanos, tanto no Brasil como no exterior, posto que se possa repersonificar àqueles
(aeródromos) como verdadeiras ilhas – cercadas de concreto (prédios) por todos os lados -,
que acabam por reverberar, de forma negativa, infelizmente, em dados estatísticos
relacionados à segurança aviatória como um todo.
Tanto se faz verdadeira essa assertiva, que em passado recente, fomos todos
surpreendidos, no Brasil, com o triste acidente aeronáutico que vitimou, na Capital Paulista,
199 (cento e noventa e nove) pessoas, dentre passageiros da aeronave sinistrada e em solo,
quando esta (aeronave), de bandeira brasileira, ultrapassou os limites da pista de pouso,
voando, literalmente, por sobre uma movimentada avenida que se circunvizinha ao
aeródromo de Congonhas, em São Paulo, indo de encontro ao prédio da própria empresa, do
outro lado da avenida.
O lamentável episódio, dentro das regras de segurança de voo, e por si só,
poderiam/podem explicar o acidente, mas esse não é o objetivo de nosso estudo.
Não obstante, o que parece ser bem equidistante do conhecimento do cidadão
comum e do público em geral, é que existam normas aeronáuticas que impactam diretamente
sobre o uso da propriedade da forma mais ampla pelo(s) seu(s) proprietário(s), toda vez que a
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segurança das operações aéreas for colocada em risco, determinando daí, a intervenção
estatal federal para resolver a questão.
Neste sentido, e para que melhor possa se situar o atento leitor, extrai-se de
brilhante artigo da lavra de Luisa Ferreira Lima16, o seguinte lecionar:
“A ocupação e as construções em áreas contíguas ou próximas de aeródromos interferem
de modo contundente nas operações aéreas, seja sob a forma de construções irregulares
que interferem nas trajetórias de pouso e decolagem, seja na utilização das propriedades
de modo a atrair aves que podem colidir com aeronaves. Nesse aspecto, o Poder Judiciário
Federal exerce importante papel na salvaguarda do cumprimento das limitações à
propriedade privada, em cumprimento à disciplina legal que objetiva a preservação da
segurança aeroportuária.
[...]
Em razão de recentes episódios de acidentes aéreos dentro do território nacional, o tema
ganhou repercussão na mídia e entre a população, que tem reclamado, cada vez mais, a
atuação do Poder Judiciário na solução das mais diversas controvérsias envolvendo o
assunto.
[...]
Aspecto relevante e que se liga inexoravelmente com o viés preventivo do assunto, na
medida em que garante o perfeito funcionamento das pistas de pouso e decolagem, atine
à questão da forma de ocupação das áreas próximas ou contíguas aos aeródromos, as
quais influem de forma contundente na segurança aeroportuária [...].”
Tal lição nos remete vez outra, à certeza de que o Estado-Administração, em sua
esfera Federal tenha, não só o condão, como a obrigação de promover restrições referentes ao
parcelamento e uso do solo urbano das propriedades que se demonstrem umbilicalmente
ligadas e/ou próximas de aeródromos, exatamente pelas particularidades que envolvem as
atividades aviatórias, mormente por influenciarem diretamente as operações de pousos que
devem observar, dentre outros, rampas ideais ou aproximações estabilizadas17 para pouso, e
16
LIMA, Luisa Ferreira. A proteção da área de segurança aeroportuária: aspectos normativos e breve
análise acerca da atuação do Poder Judiciário Federal. Revista Conexão SIPAER, Brasília, v.4, n. 1, p.
141-152, set. 2012. Disponível em:<http://inseer.ibict.br/sipaer/index.php/sipaer/article/view/223>.
Acesso em: 04 Set. 2013.
17 ZWERDLING. Robert. Quando arremeter é mais seguro. Aproximação estabilizada é a regra básica
durante o pouso para evitar sustos desnecessários e até prevenir um acidente grave. Revista
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que devem levar em consideração, dentre outros, a velocidade da aeronave, a distância a ser
percorrida pela mesma, assim como sua altura em relação ao ponto de toque/pouso, onde a
paragem da mesma deverá acontecer dentro de um padrão limítrofe estabelecido à realização
dessas operações.
A condição acima é tão gravosa, que uma vez violados os “domínios da servidão
aeronáutica configura o que se denomina por efeito adverso, cujas hipóteses de ocorrência
encontram-se estabelecidas no art. 89 da Portaria nº 256, CG5.”18
Isso quer dizer que toda vez que um objeto ou uma atividade colocar em risco a
segurança das operações aeronáuticas por ultrapassar as superfícies limitadoras de obstáculos
de aeródromos/helipontos, de auxílio à navegação aérea e de procedimentos de navegação
aérea, ou ainda for considerado implantação de natureza perigosa e estiver localizado nas
Superfícies de Aproximação, Decolagem e Transição, entre outros previstos no art. 89 da
citada Portaria 256, CG5/2011, deverá ser o fato comunicado à Advocacia Geral da União e ao
Ministério Público Federal para, dentro de seu espectro funcional, adotar(em) as
indispensáveis providências à resolução da irregularidade.
Ainda de bom alvitre ser dito que a adoção de providências que objetivam solver
as irregularidades verificadas/apontadas, por outras autoridades, quer sejam da esfera
estadual, municipal e/ou mesmo federal, não anulam “as prerrogativas da autoridade
aeronáutica em promover, manu militari, o embargo e a desobstrução dos obstáculos que
ofereçam riscos a aeronaves e à operação dos aeródromos.”19
Em assim sendo, e seguindo-se a primazia da norma reguladora aplicável ao fato,
in casu a Portaria 256, CG5/2011, dever-se-á recorrer ao que estabelece seu art. 102, verbis:
“Art. 102. Na infração às normas estabelecidas nesta Portaria, bem como na legislação
complementar, o COMAER, por intermédio da Junta de Julgamento da Aeronáutica, poderá
impor as seguintes providências administrativas:
Aeromagazine, São Paulo, fev/2012. Disponível em:<http://aeromagazine.uol.com.br/artigo/quando-
arremeter-e-mais-seguro_337.html>. Acesso em: 06 Set. 2013.
18 LIMA, Aloysio Cavalcanti, loc. cit.
19 LIMA, Aloysio Cavalcanti. Op. Cit. p. 119.
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I a III – omissis;
IV - embargo de implantação móvel ou fixa de qualquer natureza; e
V - eliminação de obstáculos contrários aos Planos.”
Observe-se por inafastável, que uma vez detectado o risco às atividades
aeronáuticas, este deverá ser tratado, prima facie, por todos os entes públicos envolvidos e
em quaisquer de suas esferas: Federal, Estadual ou Municipal, como interesse difuso realizado
em prol da sociedade, e não de uma parcela própria, única e/ou exclusiva de população.
Explico.
O interesse difuso aqui citado envolve, em verdade, não só o interesse coletivo
daquela parcela de população que se coloca ao derredor dos aeródromos, mas, também,
assim como, os passageiros transportados pelas aeronaves que pousam e decolam nas pistas
de pouso que àqueles (aeródromos) guarnecem, a comunidade aeroportuária (empregados de
empresas de transporte aéreo, de catering, de abastecimento de aeronaves, de segurança e
infraestrutura, limpeza e conservação, etc), e que nestes trabalham, abrindo um leque sem par
de outros possíveis interessados no sucesso das operações aeronáuticas, como por exemplo:
parentes de passageiros transportados, de empresas que se utilizam do transporte aéreo para
levar a efeito seus negócios derivados de importações/exportações e movimentação de cargas,
etc.
Desta feita, e como dito, o interesse coletivo para o caso aqui em estudo, deve ser
relegado a plano de somenos importância ao ser confrontado com o interesse difuso, por
muito maior sua área de abrangência.
Não só isso. Quadra ser dito que a Resolução CONAMA 004/9520, trate de delimitar
a área de segurança aeroportuária – ASA, “sendo esta variável em função do tipo de operação
do aeródromo, sendo mais comum a variação entre 13 e 20 quilômetros de um determinado
raio a partir do centro geométrico do aeródromo.”21
20
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA. Resolução nº 4, de 9 de outubro de 1995.
Estabelece as Áreas de Segurança Aeroportuária – ASAs. Disponível
em:<http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=182>. Acesso em: 06 Set. 2013.
21 LIMA, Luisa Ferreira, loc. cit.
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Seguindo-se então tais delimitadores, força convir que as propriedades que se
coloquem diametralmente localizadas em áreas que se circunvizinhem e/ou se encontrem
próximas aos aeródromos, em um raio variável entre 13 e 20 quilômetros a partir do centro
geométrico do aeródromo, haverão sim, de se sujeitar àquelas restrições, posto que
inafastáveis ao cumprimento da norma, aplicável, inclusive, ao próprio Poder Público.
Neste toar, no caso em estudo, e não tendo a Autoridade Aeronáutica se utilizado
do seu mister, de promover à manu militari o embargo e a respectiva desobstrução do
obstáculo que oferecia risco às aeronaves e à operação do aeródromo de Goiabeiras, restou,
por decorrente direto ao Município de Vitória, onde se encontrava o imóvel
irregular/clandestino, patrocinar a respectiva ação em desfavor de seu proprietário, após a
citada denúncia apresentada pela Infraero.
Não obstante a condição acima, reitere-se que a Autoridade Aeronáutica possua,
por força legal inclusive, o poder-dever de adotar toda e qualquer providência alinhada ao
poder de polícia inerente ao Estado, quer seja objetivando o embargo ou a demolição de
construções que violem o que resta contido nos planos de proteção à navegação aérea e, em
caso de “recalcitrância do agente nocivo à aeronavegação, aí sim, será oportuno o socorro à
via judiciária.”, como bem delineado por Aloysio Cavalcanti Lima22, que arremata sua lição
enfeixando:
“Ao atuar energicamente, mas dentro das balizas jurídicas, a autoridade aeronáutica estará
evitando a convalidação de ilegalidades. Em se coibindo a construção do empreendimento
ilícito no nascedouro, será inviável cogitar-se da aplicação da teoria do fato consumado.
Noutros dizeres, a obra clandestina não deverá receber a chancela estatal pelo simples
fato de encontrar-se pronta e acabada.
E nem se invoque o disposto no artigo 94 da Portaria n.256 – CG5, para o fim de,
convenientemente, acomodar-se as obras ilícitas, com respaldo em parecer favorável das
autoridades locais. Tal dispositivo tem incidência excepcional e busca preservar
empreendimentos, que embora apresentem riscos à aviação, revestem-se de fundamental
valor social.”
6. OPERAÇÕES AERONÁUTICAS NAS FUTURAS PISTAS 01 e 19 DO NOVO AERÓDROMO DE
GOIABEIRAS
22
LIMA, Aloysio Cavalcanti, loc. cit.
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Impende ser dito no caso em estudo, que o novo aeródromo de Goiabeiras,
contemplará, quando de sua conclusão, um cone de segurança ou cone de aproximação
diferente do padrão hoje existente, posto que as operações hodiernamente efetuadas através
das Cabeceiras 05 (sentido do pouso: Vitória x Carapina) e 23 (sentido do pouso: Carapina x
Vitória), fazem, por inevitável, que as aeronaves em regime de pouso, obrigatoriamente
sobrevoem, ou os Bairros de Jardim da Penha e República (Cabeceira 05), ou os Bairros de
Carapina/Eurico Sales (Cabeceira 23) e, no futuro novo aeródromo de Goiabeiras, o padrão de
pouso será efetivado pelas cabeceiras 01 (sobre o mar) ou 19 (no través: lateralmente com o
Mestre Álvaro, e com a Serra sede), estas ainda em serviços de terraplanagem, conforme Fig.1,
abaixo.
Fig.1: Área do Aeródromo de Goiabeiras23
Sempre bom lembrar que a Zona de Proteção e Segurança de Aeródromo, terá,
como dito anteriormente, um novo cone de segurança ou cone de aproximação, adequado às
novas pistas de operações de pouso e decolagem.
23
ÁREA de movimento em SBVT. Aeroporto Internacional de Vitória. – Eurico de Aguiar Sales. Plano
Diretor. Disponível em: <http://www.infraero.gov.br/index.php/br/aeroportos/espirito-
santo/aeroporto-de-vitoria-eurico-de-aguiar-salles-vitoria-es/plano-diretor.html>. Acesso em: 12 Set.
2013.
Vista aérea do Aeródromo de Vitória com pista atual asfaltada e, futura
“nova” pista, com serviço de terraplanagem em execução com acréscimo
numeral demonstrativo das pistas ns. 01 e 19, nosso.
01
19
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Em sendo assim, novas áreas haverão de ser contempladas como restritivas de
altura de obstáculos nos sentidos vertical, horizontal e lateral, de forma que se mantenha a
perfeita sintonia entre as operações de pouso e decolagem de aeronaves, a segurança aérea
destas operações e, claro, o uso parcelado do solo dentro dos perímetros estabelecidos pelas
autoridades responsáveis pela adequação das normas em suas respectivas áreas de atuação:
federal, estadual e municipal.
Quadra relembrar que as Zonas de Proteção de Segurança de Aeródromos
objetivem, exatamente, conceder o condão da segurança às atividades aéreas, observando por
decorrente, a limitação mais ampla do uso solo por seus proprietários, ainda que a
propriedade faça parte do patrimônio da própria Administração Pública, o que, de per se,
demonstra a isonomia de tratamento aplicada, tanto ao bem do particular, como à res pública.
É imprescindível ainda ser dito a título explicativo, que caiba às Administrações
Municipais uma maior parcela de responsabilidade na fiscalização e no acompanhamento da
ocupação das áreas localizadas no entorno dos aeródromos e, uma vez se façam omissas com
relação aos seus misteres fiscalizatórios, e no adequado trato dos assuntos relacionados ao
parcelamento e uso do solo urbano, tal condição pode representar “grande ameaça para o
desenvolvimento e a operação dos aeródromos”24.
Para que se tenha uma melhor noção do que representa uma Zona de Proteção de
Aeródromo25, com suas correspectivas: áreas de aproximação, faixa de pista e área de
transição traz-se, em destaque, abaixo, a Fig. 2.
24
BRASIL. Comando da Aeronáutica. Departamento de Aviação Civil. IAC – Instituto de Aviação Civil.
Manual de gerenciamento do uso do solo no entorno de aeródromos. [2003?]. Brasília, p. 01-65,
Disponível em:<www2.anac.gov.br/arquivos/pdf/manualSolo.pdf>. Acesso em: 16 Set. 2013.
25 BRASIL. Comando da Aeronáutica. Departamento de Aviação Civil. IAC – Instituto de Aviação Civil.
Manual de gerenciamento do uso do solo no entorno de aeródromos. Idem.
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Fig. 2: Croqui de um Plano Básico de Zona de Proteção de Aeródromo.
É límpido que ao ultrapassar o padrão de construção das áreas onde se encontram
aeródromos, o(s) infrator(es) haverá(ão) de arcar com os percalços de sua opção(ões)
controvertida(s) do uso do seu direito de propriedade, sempre que contrariar os limítrofes da
lei, posto que não lhe caiba qualquer tipo de indenização, qual anteriormente citado.
De lado outro e em atendendo aos requisitos impostos pela lei e, no caso de se
tornar, ao depois, área restrita, o local onde se encontra localizada sua propriedade,
poderá/deverá o proprietário ser indenizado por quem de direito.
Quadra registrar que se faça indispensável para o sucesso do parcelamento e uso
pleno da propriedade, a rigorosa observância das normas que autorizam, através de padrões
pré-definidos, a realização de construções, reformas e/ou mesmo a colocação de objetos e
outros mais que não se tornem óbice à segurança das operações aéreas ao derredor dos
aeródromos, devendo, pois, assim, focar as autoridades responsáveis pela fiscalização em cada
uma de suas esferas de Administração, pela perfeita sintonia entre o desfrute do proprietário
do bem com a ocupação organizada/parcelada do solo.
7. CONCLUSÃO
Diante do que foi trazido através deste breve estudo, que tomou como norte
verdadeiro, fato acontecido em passado recente nesta Capital de Vitória, vem a lume a certeza
Zona de Proteção de Aeródromo: áreas de aproximação/decolagem, faixa de pista e
área de transição.
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de que, uma vez observado, sistematicamente, o que regulamenta o PDU das áreas
circunvizinhas aos aeródromos e outros mais, com suas indissociáveis características,
definições de orientação espacial-geográfica, seja possível a harmonização do uso e ocupação
do solo nas áreas de influência aeroportuária e a integração do desenvolvimento
aeroportuário com o desenvolvimento regional.
Cumpre também destacar que caiba àquele que seja proprietário do solo, observar
a imprescindível necessidade de buscar, junto aos organismos públicos responsáveis pela
securitização aeronáutica, as indispensáveis autorizações para promover reformas ou obras
em seus imóveis, sempre dentro do que prevêem as normas regentes, sob pena, é claro, de
amargar o uso da manu militare em seu desfavor, decorrendo daí, por conseguinte, uma série
outra de providências administrativas/judiciais capazes de fazer sucumbir sua senil vontade de
contrariar a lei e ser tal tolerada, o que conduz ao sério é fatídico erro de interpretação do que
lhe seja de direito ou lhe toque como obrigação.
Por derradeiro, se nos parece ainda oportuno manejar informação conclusiva no
sentido de que, quão maiores sejam as ocupações e construções, principalmente as
irregulares, realizadas em áreas dentro dos perímetros de segurança aeronáutica,
exponencialmente maiores se demonstrem as possibilidades de servirem essas de seríssimo
atrativo para aves, o que, de seu tempo, implicará na real possibilidade de colisão destas
(aves), com as aeronaves em procedimentos de pouso e/ou decolagem. Entretanto, esse
chamado risco aviário, não é tema de nosso presente estudo, mas, por certo, e por sua
importância para a segurança das operações aéreas, poderá se tornar objeto de futuras
pesquisas por parte de estudiosos da área.
8. REFERÊNCIAS
A GAZETA. Gazeta Online. Justiça manda demolir prédio próximo ao Aeroporto de Vitória. 06/Ago.
2013. Disponível em:<http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2013/04/noticias/cidades/1433468-
justica-manda-demolir-predio-proximo-ao-aeroporto-de-vitoria.html>. Acesso em: 28 Ago. 2013.
ÁREA de movimento em SBVT. Aeroporto Internacional de Vitória. – Eurico de Aguiar Sales. Plano
Diretor. Disponível em: <http://www.infraero.gov.br/index.php/br/aeroportos/espirito-
santo/aeroporto-de-vitoria-eurico-de-aguiar-salles-vitoria-es/plano-diretor.html>. Acesso em: 12 Set.
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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/Lei/L11182.htm>. Acesso em: 09 Set.
2013.
BRASIL. Lei 7565 de 19 de dezembro de 1986. Dispõe sobre o Código Brasileiro de Aeronáutica.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7565.htm>. Acesso em: 04 Set. 2013.
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BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível
em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 04 Set. 2013.
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Disponível em:<www2.anac.gov.br/arquivos/pdf/manualSolo.pdf>. Acesso em: 16 Set. 2013.
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Disponível em:<http://www2.anac.gov.br/biblioteca/portarias2011.asp>. Acesso em: 28 Ago. 2013.
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pública denominada Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária - INFRAERO, e dá outras
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<http://www.infraero.gov.br/index.php/br/institucional/competencias.html>. Acesso em: 02 Set. 2013.
JUSTIÇA FEDERAL. Processo nº: 00058692720134025001. 3ª Vara Federal Cível. Seção Judiciária do
Espírito Santo. Disponível em: <http://www2.jfes.jus.br/jfes/portal/consulta/resconsproc.asp>. Acesso
em: 27 Ago. 2013.
JUSTIÇA FEDERAL. Processo nº: 00116531920124025001. 3ª Vara Federal Cível. Seção Judiciária do
Espírito Santo. Disponível em:< http://www2.jfes.jus.br/jfes/portal/consulta/resconsproc.asp>. Acesso
em: 27 Ago. 2013.
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ZWERDLING. Robert. Quando arremeter é mais seguro. Aproximação estabilizada é a regra básica
durante o pouso para evitar sustos desnecessários e até prevenir um acidente grave. Revista
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arremeter-e-mais-seguro_337.html>. Acesso em: 06 Set. 2013.
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