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¹ Graduando em Engenharia Civil pelo Centro Universitário Toledo Araçatuba. ² Graduando em Engenharia Civil pelo Centro Universitário Toledo Araçatuba. ³ Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS
IMPERMEABILIZAÇÃO EM VIGA BALDRAME: INFILTRAÇÃO POR
CAPILARIDADE
Daniel Henrique Ernica¹ - UNITOLEDO
Ivan da Silva Martinez² - UNITOLEDO
Gustavo Henrique de Oliveira³- UNITOLEDO
RESUMO
Este artigo aponta os tipos de infiltrações provenientes da má ou falta de impermeabilização
em fundações de casa térrea. Dá-se enfoque à umidade ascendente em residências que
apresentam viga baldrame, suas patologias e soluções que visam sanar preventivamente ou
corretivamente as manifestações patológicas provocadas principalmente pela capilaridade.
Aponta-se os possíveis métodos para reparos, levantando seus respectivos custos. Defende-se
a importância de se seguir as normatizações de impermeabilização existentes e a ideia da
existência de um plano de ação correto para tal finalidade, um projeto que conste as áreas que
devem ser impermeabilizadas e a execução feita por mão de obra especializada.
Palavras chave: Impermeabilização. Viga baldrame. Umidade ascendente
ABSTRACT
This article points out the types of infiltrations arising from poor or lack of waterproofing in
single-story foundations. Focus is given to the ascending humidity in residences with
baldrame beam, its pathologies and solutions that seek to cure preventively or correctively the
pathological manifestations caused mainly by capillarity. The possible methods for repairs are
pointed out, raising their respective costs. The importance of following existing waterproofing
regulations and the idea of the existence of a correct plan of action for this purpose, a project
that indicates the areas that must be waterproofed and the execution done by skilled labor is
defended.
Key words: Waterproofing. Beam baldrame. Humidity rising
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INTRODUÇÃO
A insalubridade de ambientes está entre os problemas construtivos mais correntes em
obras residenciais. Mofos e manchas nas partes inferiores das paredes são as patologias mais
aparentes. Além da má aparência nas paredes e estrago na pintura, há o dano à saúde dos
moradores. A realização do sonho da casa nova pode virar um pesadelo após pouco tempo de
uso.
É de responsabilidade do engenheiro planejar e acompanhar a execução de todas as
etapas da obra, afim de garantir ao seu cliente um ambiente seguro e confortável, em
conformidade com as expectativas do cliente. Ciente de que a etapa de impermeabilização é
uma das etapas mais importante, ele deve dar maior atenção para que a execução seja
realizada de maneira correta. O motivo principal desse estudo dá-se a negligência dessa etapa
construtiva, ora por parte do cliente, ora por parte do construtor. Todavia, a
responsabilidade técnica é toda do engenheiro.
Nota-se que nos canteiros de obra a impermeabilização dos alicerces é realizada de
maneira muito rápida, dependendo do tamanho da obra, em geral é feita em questão de um ou
dois dias, o que levanta um questionamento acerca da qualidade do serviço. O problema se
agrava quando empreiteiros tendem a correr contra o cronograma da obra, visando
equivocadamente ganho em massa. Observa-se que normalmente a aplicação dos produtos
destinados à impermeabilização de alicerces fica a cargo do ajudante de pedreiro, ademais a
aplicação dos produtos é cobrado por metro linear, e então o cálculo para o orçamento para
impermeabilização se baseia na diária desse operário. Não é cobrado do operário o
conhecimento técnico dos produtos que ele venha aplicar, mas sim é cobrado do engenheiro, a
este cabe instruir, no que diz respeito a correta aplicação como também aos equipamentos de
segurança pessoal, e acompanhar a execução, não importando o tamanho da obra. Precisa-se
questionar mais a fundo essa prática, isso se evidencia nos resultados que se obteve nessa
pesquisa.
Em primeiro momento, esse estudo traz uma fundamentação teórica sobre o tema e
depois apresenta os tipos de infiltração, afim de delimitar esse tema amplo, aborda-se aqui a
infiltração por capilaridade. Em segundo momento apresenta-se resultados e discussão de
como foram feitas a impermeabilização das fundações de algumas obras visitadas pelos
autores.
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Os materiais como argamassas, tijolos, concreto, apresentam porosidade. Eles devem
ser bem protegidos da ação da água. Caso a fundação e áreas molhadas não forem
devidamente impermeabilizadas pode ocorrer a ascensão por capilaridade, afetando não só a
construção como também as pessoas que ali habitam.
Tratando-se das características do solo, Lepsch (2010) mostra que a Região Noroeste
do estado de São Paulo apresenta os seguintes solos: Latosolos Vermelho e Argilosos
Vermelho-Amarelos. As características do solo são determinantes que devem ser consideradas
num projeto de estanqueidade, além de que influencia no tipo de fundação a ser adotada para
determinada obra.
As construções podem sofrer mudanças, alterando sua forma original devido as
questões climáticas, sendo assim a estrutura de alvenaria tem um contato direto com
temperatura, umidade, vento, chuva, calor ou incidência do sol. Entre os tipos de umidade
provenientes disso, dá-se aqui maior atenção à umidade aparente nas partes baixas das
paredes, em que apresentam patologias como manchas e mofos.
Dentre os diversos temas vivenciados nessa área, a insalubridade de ambientes
residenciais, principalmente nas paredes próximo ao chão, está entre os problemas mais
frequentes. Assim é importante verificar as possíveis causas e possíveis soluções. Precisa-se
analisar os custos de impermeabilização de uma obra residencial e verificar as consequências
quando se busca economia na impermeabilização da fundação ou ausência desse processo.
Nessa pesquisa objetiva-se discutir sobre a infiltração de capilaridade e a importância
de se impermeabilizar de maneira correta as áreas em contato com o solo. Por meio de uma
abordagem específica objetiva-se também:
Verificar a importância da etapa de impermeabilização;
Apontar os tipos de infiltrações mais comum em uma obra residencial;
Verificar como deve ser feito a impermeabilização de baldrames;
Apresentar soluções que visam sanar preventivamente ou corretivamente as
manifestações patológicas provocadas principalmente pela umidade ascensional.
1. Fundamentação Teórica
Partindo da definição de Bauer (2014), impermeabilização é a proteção das
construções contra a infiltração da água. Na concepção de Righi (2009), ela deve ser
entendida como uma etapa indispensável da obra, deve ser realizada no momento certo, ser
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executada por mão de obra especializada e constar nos projetos de construção e/ou reformas.
Em contrapartida, para entendermos de forma prática, a Associação Brasileira de Cimento
Portland (2013) apresenta os resultados de quando as práticas aconselhadas não são aplicadas
nos canteiros de obra.
Afim de completarmos a definição de Bauer (2014), a NBR 9575/2003 entende o
Sistema de Impermeabilização como sendo: “Conjunto de produtos e serviços destinados a
conferir estanqueidade as partes de uma construção”. Para entendimento popular, Siqueira
(2013) ilustra a impermeabilização como sendo o envelope da edificação, aquilo que protege
a edificação das condições do meio onde está edificada. Assim, todos autores são unânimes ao
entender que o sistema de impermeabilização atende três grandes aspectos juntos ou
separados: durabilidade da edificação; conforto e usabilidade; e proteção ao meio ambiente.
1.1 Tipos de infiltrações
Bauer (2014) explica que a água pode infiltrar numa construção de diversas maneiras:
Infiltração sob pressão – ela pode ser a pressão atmosférica ou a gravidade. Pode
ocorrer em reservatórios, por exemplo, devido à apresentação de rachadura;
Infiltração por percolação – os grãos superficiais da parede, em contato com a água, se
molham e vão transmitindo a umidade para os grãos mais internos. Isso ocorre mais em
terraços, onde a lâmina de água é mínima, quase sem pressão e ainda tem caimento, e mesmo
assim consegue atravessar as lajes de concreto;
Infiltração causada pelas forças de capilaridade – exemplo comum é o que ocorre nas
paredes de alvenaria em contato com o solo úmido sem uma camada impermeabilizadora,
uma vez que os tijolos são muito porosos, ou seja, apresentam muitos vazios capilares.
Porém, o autor esclarece que há a umidade que não é infiltração e não resolve por
impermeabilização, trata-se da condensação da umidade no ar sobre as paredes mais frias,
então a impermeabilização neste caso só tem por função evitar que ela penetre para o interior
das estruturas.
Entendendo que a conservação das construções é mais prejudicial em locais de climas
úmidos com regime de chuvas mais intensos, logo a ação da água como elemento de
deterioração do material, ocasiona intemperismo tanto químico quanto físico. Segundo
Queruz (2007), a água em todos seus estados físicos causa patologias, de forma direta ou
indireta, um agente de degradação ou meio para a instalação de outros agentes. Cabe medidas
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para proteger a construção contra a água como agente de degradação, visando sua
durabilidade e manutenção de uso dentro do desempenho adequado, o que é feito pelo
processo de impermeabilização. A figura 1 apresenta as diversas formas de ação das águas
nas edificações, para escolha do tipo de impermeabilização a ser aplicada. Sendo que uma
mesma edificação pode sofrer com todos os tipos de atuação dos fluidos.
Figura 1: Atuação dos fluídos numa mesma edificação
Fonte: Casa d’agua, 2014
Calafetagem é a vedação de furos e frestas, tais como juntas de dilatação, pode ser
feita com as massas betuminosas, poliméricas, chapas metálicas e chapas pré-fabricadas de
borracha.
As impermeabilizações por membranas são feitas com molécula com películas finas
de algum material impermeável em estado elástico. Adequadas para infiltrações por
capilaridade ou percolação. É o caso da impermeabilização com asfalto, com emulsões
asfálticas, com elastomeros, com lenções de polímeros, com mantas pré-moldadas etc.
Na história temos registros de trabalhos de impermeabilização, Ambrozewics (2012)
cita o uso do betume como material de assentamento de alvenarias, na Mesopotâmia, na Arca
de Noé em que o Senhor diz “Faze para ti uma arca uma arca de madeira resinosa: farás
compartimento e revestiras de betume por dentro e por fora” (citação bíblica) e em serviços de
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mumificação, pelos egípcios. Percebe-se que na Antiguidade já praticavam os processos de
calafetagem ou impermeabilização por membrana, com o uso do betume.
Completando a explicação de Bauer (2014), porém de maneira diferente, Peres (1985
apud RIGHI, 2009) aponta vários tipos de umidade dentro de uma edificação, que podem
derivar de situações diversas, com possibilidades de maior ou menor grau de identificação, e
essas podem ser:
Umidade de infiltração, que é a passagem de umidade da parte externa para a parte interna,
através de trincas, calhas mal instaladas ou até da própria capacidade de absorção do material;
Umidade ascensional, que é a umidade originada do solo, e sua presença pode ser notada em
paredes e solos, por capilaridade;
Umidade por condensação, que é consequência do encontro do ar com alta umidade, com
superfícies apresentando baixas temperaturas, o que causa a precipitação da umidade;
Umidade de obra, que é basicamente a umidade presente na execução da obra, como em
argamassas e concreto;
Umidade acidental, que é o fluido gerado por falhas nos sistemas de tubulações, e que acabam
ocasionando infiltrações.
Assim, apresentado a grosso modo o assunto e correspondendo aos objetivos dessa
pesquisa, vamos aqui limitar a abordar a infiltração por capilaridade, também conhecida como
umidade ascensional, justificada pela sua maior ocorrência em obras de pequeno porte, cuja
fundações são rasas.
1.2 Projeto de impermeabilização
Uma grande falha numa obra já começa na ausência de um projeto de
impermeabilização. Segundo a NBR 9575 (2003), o projeto de impermeabilização deve ser
desenvolvido conjuntamente com o projeto geral e os projetos setoriais, e deve ser constituído
de: – Memorial descritivo e justificativo com especificações dos sistemas; – Desenhos e
detalhes específicos; – Planilha de quantitativos, serviços e sugestões de critérios de medição.
O processo de impermeabilização torna-se importante para manter a construção
protegida, evitar o intemperismo e prolongar a vida útil. Desta forma conhecer as etapas a
serem realizadas, os tipos de impermeabilização, como aplica-la, o melhor material a ser
especificado são tópicos que devem ser analisados e observados durante a concepção do
projeto de impermeabilização.
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Uma afirmação aceita popularmente é dada pela Associação Brasileira de Cimento
Portland (ABCP)
“Muitos problemas encontrados nas habitações brasileiras
decorrem do uso de materiais de baixa qualidade ou de serviços
malfeitos, realizados por mão de obra despreparada ou
inexperiente. Além de trazer prejuízos ao proprietário com
reformas precoces, alguns desses problemas chegam a afetar a
saúde dos moradores, como é o caso da umidade em certos
ambientes” (2013, pag. 81)
Nota-se que moradia nova, em 2 ou 3 anos, começa a apresentar sérios problemas de
impermeabilização: aparência de bolor, a pintura começa a se estourar, dependendo da
umidade até a altura de 1 m. Nesse sentido, um projeto de impermeabilização em
conformidade com a norma existente, contemplando a correta impermeabilização da fundação
evitaria custos financeiros futuros.
1.3 Custos com impermeabilização
Considerando uma hipótese primária de que haja negligência à execução da etapa de
impermeabilização, elucida o estudo feito por Righi (2009), “quanto maior o atraso para o
planejamento e execução do processo de impermeabilização mais oneroso o mesmo ficará,
chegando a custar até 15 vezes mais, quando o mesmo é executado depois que o problema
surgir e o usuário final estiver habitando o imóvel”, conforme demonstrado na figura 2.
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Figura 2 - Custo da impermeabilização X Quando é executada
Fonte: RIGHI, 2009, p. 17.
O autor ainda destaca que tal negligência ocorre para diminuir custos, os quais
futuramente gera danos maiores ao cliente, o fato é que o sistema de impermeabilização não
fica aparente ao cliente e seus defeitos não são notados imediatamente.
Segundo o Manual da Vedacit, a impermeabilização representa 3% do custo e do
volume de uma obra, quando planejada anteriormente, devido os produtos existentes no
mercado.
Analisando os custos com impermeabilização da infraestrutura de casas populares,
Apolinário (2013), apresenta dados comparativos de diferentes fontes:
“Aplicando-se este 48% sobre a média do custo total de impermeabilização obtida
de 0,44%, se pôde estimar que o custo com impermeabilização da infraestrutura
equivale a 0,21% com relação ao custo total da edificação (100%). Segundo
estimativas do Instituto Brasileiro de Impermeabilização – IBI, nas edificações
unifamiliares residenciais, o custo com a impermeabilização das fundações é de
0,10% com relação ao total gasto na obra. Aprofundando o estudo dos custos,
quando se levanta a informação de que os gastos com impermeabilização da
infraestrutura da obra é de aproximadamente 0,21%, equivale dizer que, para uma
obra de oitenta metros quadrados, que possui um custo total estimado aproximado
de R$ 76.148,00, o gasto com a impermeabilização da infraestrutura das faces em
contato com o solo, correspondem a R$ 159,91 (cento e cinqüenta e nove reais e
noventa e um centavos). Cabe informar que o valor total estimado para a
construção da edificação residencial com oitenta metros quadrados, teve como base
o custo unitário da tabela do SINAPI divulgada em agosto de 2011, pelo IBGE e
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adotada pela engenharia da Caixa Econômica Federal, tendo sido enquadrada a
referida edificação no modelo CR.1-2Q..62 padrão de acabamento normal com
valor unitário de R$ 951,85/m². Com base na estimativa dos gastos com
impermeabilização da infraestrutura de edificações residenciais unifamiliares
divulgado pelo Instituto Brasileiro de Impermeabilização – IBI, que corresponde a
0,10%, equivale dizer que, para uma obra de oitenta metros quadrados, que possui
um custo total estimado aproximado de R$ 76.148,00, o gasto com a
impermeabilização da infraestrutura das faces em contato com o solo,
correspondem a R$ 76,15 (setenta e seis reais e quinze centavos)”.
A pesquisa da autora evidencia o baixo custo com impermeabilização das áreas em
contato com o solo.
1.4 Impermeabilização de baldrames
Conforme Salgado (2012), a viga baldrame é uma fundação direta de pequena altura,
podendo ser de alvenaria, concreto simples ou concreto armado, suportando cargas leves
como paredes. A ABCP (2013) aponta a falta de impermeabilização da fundação como causa
provável de manchas de umidade ou mofo na parede, isso significa ocorrência de umidade
ascendente do solo. Neste caso a infiltração da água ocorre por capilaridade, que é a
penetração através dos poros dos materiais.
Segundo a ABNT NBR 9575:2003 (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2003)
as fundações superficiais que estão em contato direto com o solo, precisam de
impermeabilização, que, é o produto resultante de um conjunto de elementos construtivos que
tem por objetivo proteger as construções contra a ação deletéria de fluidos, de vapores e da
umidade.
Segundo Pirondi (1979), na viga baldrame pode ser feita a impermeabilização rígida,
não poderá possuir deformações que acarretem o aparecimento de fissuras ou flexível que
suporta maiores deformações, conforme ilustrado na figura 3. Todavia, a impermeabilização
rígida não tem apresentado resultados satisfatórios, sendo a flexível que apresenta um melhor
desempenho.
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Figura 3 - Impermeabilização de viga baldrame com membrana asfáltica
Fonte: MARQUES, 2005.
Quando existe a impossibilidade de se executar o serviço para eliminar infiltração
ascendente na viga baldrame, aplica-se o método da injeção de cristalizantes em paredes de
tijolo maciço ou tijolo furado. Abatte (2003) descreve as seguintes etapas desse método para
tijolos maciços:
Deve-se retirar todo o reboco da área a tratar, desde o piso até uma altura de 1 a 1,20
m;
Executa-se duas linhas de furos, a primeira a 10 cm do piso a segunda a 20 cm
espaçadas em 15 cm na mesma linha;
Aplica-se o produto por gravidade, sem necessidade de pressão e, sim, de saturação;
Executa-se novamente o revestimento. Deve-se usar argamassa com aditivo
hidrofugante.
Conforme Righi (2009), pelo método da argamassa polimérica em paredes de tijolo
furado, são executadas as seguintes etapas:
Deve-se remover todo o revestimento da parede em que aparece a umidade
ascendente, até uma altura de 30 cm acima da patologia, deixando a alvenaria exposta;
Regularizar a alvenaria com uma argamassa bem desempenada e com a parede
molhada, aplicar uma demão de argamassa polimérica e mais três demãos, com intervalo de
aplicação de 6 horas;
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Executar novamente o revestimento. Para um melhor desempenho, deve-se usar
argamassa com aditivo hidrofugante.
2. Procedimentos Metodológicos
Este estudo se baseia em uma pesquisa bibliográfica, partindo do princípio de que faz-
se necessário um aporte teórico para discussão de determinado problema, consultando assim
livros, artigos científicos, e manuais técnicos de empresas que trabalham com a temática
envolvida. Concomitante, acompanhou-se a execução da impermeabilização da fundação de
duas obras residenciais, em que os autores registraram os procedimentos adotados em cada
uma delas.
Optou-se pela realização de estudo de caso através de uma entrevista realizada com
cada responsável técnico de uma determinada obra, afim de comparar os pareceres com o
procedimento definitivamente realizado. Outro questionário foi direcionado, propriamente, ao
trabalhador que executou a etapa de impermeabilização.
Os resultados desta pesquisa deram-se pela análise minuciosa dos procedimentos
executados em duas obras visitadas e tomadas pela pesquisa como estudos de caso. Os
pareceres foram obtidos por meio de entrevistas e indicações técnicas aqui já abordadas. Por
fim, deixa-se algumas recomendações para a execução da etapa de impermeabilização da viga
baldrame.
3. Resultados e discussões
Acompanhou-se a etapa de impermeabilização da fundação de duas obras cuja
fundação é de viga baldrame. As duas foram denominadas aqui de caso 1 (um) e caso 2 (dois).
3.1. CASO 1
O caso 1 trata-se de uma construção residencial de 110m² de área construída,
localizada na cidade de Birigui SP. Usou-se impermeabilização rígida.
Foi realizado primeiramente uma entrevista com o responsável técnico acerca do tipo
de impermeabilização a ser adotado e o acompanhamento técnico durante a etapa
especificamente. Outra entrevista foi com o mestre responsável, debatendo a execução da
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etapa de impermeabilização. O mesmo informou que após a concretagem da viga baldrame,
foi realizado a alvenaria de embasamento utilizando argamassa com Vedalit.
Com as visitas técnicas acompanhou-se a execução. A figura 4 ilustra o assentamento
de tijolos maciços sobre a viga baldrame, a qual está abaixo do nível do terreno. Precisou-se
de aproximadamente quatro fileiras de tijolos para nivelar a base, sobre a qual seria levantada
as paredes.
Figura 4: Alvenaria de embasamento
Fonte: Arquivo do acervo dos autores, 2017
Conforme o tutorial da Vedacit, as informações referentes ao produto utilizado neste
caso são:
VEDALIT
É um aditivo concentrado que proporciona ótima trabalhabilidade a argamassas e
rebocos. Por ser líquido, facilita o trabalho, proporcionando economia de material e excelente
acabamento. Agrega uma série de vantagens às argamassas: maior aderência, coesão, ausência
de fissuras e menor exsudação. Argamassas preparadas com VEDALIT não precisam ser
curtidas.
Características
Densidade: 1,03 g/cm³ - Aparência: Líquido Escuro, Isento de cloretos - Composição
básica: Resinato de sódio.
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Preparo do substrato
A superfície a ser revestida deve estar previamente chapiscada com um composto de
alto desempenho para argamassa e chapisco, como o BIANCO, ter no mínimo 3 dias de cura e
estar umedecida antes da aplicação. Para o uso no assentamento, o bloco deve estar
umedecido.
Preparo do produto
Produto pronto para o uso. Misturar o produto antes da aplicação, utilizando
ferramenta limpa a fim de evitar a sua contaminação.
Aplicação
VEDALIT deve ser diluído na água de amassamento, respeitando o consumo. Usar
areia média limpa e preferencialmente cimento CP II. Fazer a mistura da argamassa, de
preferência, em betoneira ou argamassadeira. Traços recomendados de argamassa: -
Assentamento até 1:6 (cimento:areia média) -Revestimento interno e externo até 1:6
(cimento:areia média)
Consumo aproximado
100 mL/saco de cimento (50 kg).
Rendimento
Balde de 18 L (18,5 kg) - 180 sacos
Após finalizado a alvenaria de embasamento, foi impermeabilizado toda a seção de
alvenaria de embasamento com o produto Tecplus Topzolit quartzolit. Aplicou-se duas
demãos como mostra a figura 5.
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Figura 5: Impermeabilização com o produto Tecplus Topzolit Quartzolit
Fonte: Arquivo do acervo dos autores, 2017.
Conforme o manual técnico da Quartzolit, o seu respectivo produto apresenta as
seguintes caracteristicas:
TECPLUS TOP QUARTZOLIT
Descrição: Argamassa cimentícia modificada com polímeros, especialmente formulada
para a impermeabilização de elementos de concreto ou alvenaria.
Usos: Impermeabilização de reservatórios de concreto ou alvenaria, como tanques de
água potável enterrados, piscinas, tanques industriais, diques de contenção e jardineiras
Impermeabilização de base para aplicação em conjunto com tecplus flex quartzolit,
compondo um sistema duplo para reservatórios de concreto elevados ou de grandes
dimensões Impermeabilização de vigas baldrame, alicerces e fundações em geral, para
eliminar a umidade ascendente por capilaridade Impermeabilização de paredes, muros,
pisos e rodapés Impermeabilização de ambientes úmidos ou sujeitos à umidade, como
banheiros, cozinhas e lavanderias.
Vantagens: Evita a formação de umidade nas paredes. Resistente s pressões de água
positivas e negativas. Excelente aderência sobre substratos porosos.
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Preparo da base: Superfícies de concreto e argamassas devem se apresentar íntegras e
isentas de pó, materiais soltos e contaminações como óleos, graxas e musgos, que possam
prejudicar a penetração do produto na microestrutura porosa. Os vértices e as arestas
devem ser arredondados com argamassa de cimento e areia ou com argamassa polimérica
weber.rep S90.
Mistura: Use um misturador universal ou uma hélice acoplada a uma furadeira de baixa
rotação (400 a 500 rpm), como weber.rep aplic mist. Não fracione as embalagens do
produto. Coloque o componente líquido (componente B) no recipiente e adicione o
componente pó (componente A) aos poucos, sempre com o misturador em movimento.
Misture por 3 a 5 minutos, até obter uma argamassa homogênea e isenta de grumos.
Aplicação: Sature a superfície com água evitando empoçamento. Aplique tecplus top
quartzolit em duas ou mais demãos cruzadas, utilizando trincha, broxa ou vassouras de
pelo, até obter uma espessura de filme úmido de aproximadamente 1 mm e observando o
consumo de 1,0 kg/m²/demão. O intervalo entre demãos deve ser de 1 a 3 horas. Se
houver dificuldades no espalhamento, umedeça a superfície e não adicione água ao
produto. Em superfícies horizontais, recomenda-se o emprego de vassoura de pelo,
vertendo o produto sobre o substrato e espalhando-o na espessura recomendada. Para
áreas superiores a 150 m², recomenda-se a aplicação por projeção. Selantes de juntas
devem ser protegidos com fita adesiva. Em juntas de concretagem, ao redor de ralos e
outras regiões críticas, reforce a impermeabilização com tela de poliéster ou de nylon,
instalando-a entre a primeira e a segunda demãos. O acabamento deve ser executado
imediatamente após a aplicação da última demão, com desempenadeira de polietileno ou
de espuma.
Revestimentos compatíveis: tecplus top quartzolit não deve receber pintura diretamente
sobre a superfície acabada. Revestimentos cerâmicos podem ser aplicados diretamente
sobre o tecplus top quartzolit. Para outros tipos de acabamentos, entre em contato com o
Departamento Técnico da Weber.
Cura: Após a finalização dos trabalhos, promova cura úmida por, no mínimo, 3 dias. Para
o caso de reservatórios, após este período, podem ser colocados em operação.
Propriedades e características: Período mínimo entre demãos 1 hora. Período máximo
entre demãos 3 horas Tempo em aberto 45 minutos. Número de demãos 2 a 4. Consumo
por demão 1,0 kg/m2. Estanqueidade à água sob pressão positiva Mín. 0,25 MPa (ou > 25
m.c.a.). Estanqueidade à água sob pressão negativa Mín. 0,10 MPa (ou > 10 m.c.a.).
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Consumo teórico aproximado: Aplicação Número de demãos Umidade ascendente
proveniente de solo ou percolação 2. Pressão hidrostática positiva 3 ou 4. Pressão hidrostática
negativa 4.
Fornecimento e armazenagem: tecplus top quartzolit é fornecido em caixas de 4 kg e
18 kg. Mantendo em local seco, ventilado e na embalagem original lacrada, sua validade é de
12 meses, a partir da data de fabricação.
Precauções: As medidas de higiene e de segurança do trabalho, as restrições quanto à
exposição ao fogo e as indicações de limpeza e de disposição de resíduos devem seguir as
recomendações constantes na FISPQ do produto.
A figura 6 mostra a seção impermeabilizada terminada. Observa-se correta execução.
Figura 6: Impermeabilização total da alvenaria de embasamento.
Fonte: Arquivo do acervo dos autores, 2017.
Nas paredes de divisa usou-se um encerado com a finalidade de impedir a passagem
de umidade, conforme mostra a figura 7. Observa-se um erro na base, há vários vazios entre
os tijolos, nessa parte da obra não houve o revestimento nas fileiras de alvenaria que ficam em
contato com o solo, é um local possível de ocorrer umidade ascensional no lado interno da
parede.
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Figura 7: Uso de encerado nas paredes de divisa
Fonte: Arquivo do acervo dos autores, 2017.
3.2 CASO 2
A segunda obra acompanhada trata-se também de uma obra residencial de 133m² de
área construída, localizada cidade de Araçatuba, SP.
O responsável técnico foi entrevistado, acerca dos tipos de impermeabilização
adotado. O construtor também foi entrevistado. Ele, por sua vez, relatou sobre os
procedimentos que adotaria para impermeabilizar os alicerces. Assim, cada um desses
procedimentos foi acompanhado no canteiro de obra pelos autores.
Após a concretagem das vigas baldrames, fez-se uma alvenaria de embasamento,
usou-se argamassa composta por cimento, cal e areia fina e tijolos maciços. O próximo
procedimento foi rebocar de maneira rústica toda a seção da alvenaria, adicionou-se Vedacit
na argamassa, o traço foi 1:3. Esses dois procedimentos foram executados em sequência. Não
se aplicou nenhum chapisco. A figura 8 ilustra a alvenaria de embasamento feita na obra.
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Figura 8: Alvenaria de embasamento
Fonte: Arquivo do acervo dos autores, 2017.
No terceiro dia, aplicou-se o produto Neutrol. Aplicou-se duas demãos em sequência.
Usou-se brochas na aplicação. Aplicou-se com as devidas seguranças de trabalho. Foi um
pedreiro quem aplicou o produto. Choveu bastante no final da tarde, percebeu-se uma certa
influência na qualidade do serviço, todavia não aparentou perda de serviço, entretanto, outra
pesquisa poderia ser feita para avaliar esse caso. A figura 9 mostra a alvenaria já revestida,
com aplicação do produto Neutrol.
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Figura 9: Impermeabilização com tinta asfáltica
Fonte: Arquivo do acervo dos autores, 2017.
O último passo foi a aplicação do produto Neutrol. Todo esse processo durou menos
de uma semana. Ainda na figura 9 é possível notar a base impermeabilizada, pronta para
receber as paredes e aterro. Usou-se duas latas de 18 litros de Neutrol para impermeabilizar,
teve um custo de R$470,00, considerando apenas o produto.
Segundo o Manual Técnico da Vedacit, Neutrol é uma tinta asfáltica de grande
aderência e alta resistência química que forma uma película impermeável. É indicado para
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proteção de estruturas de concreto e alvenaria revestida com argamassa em contato com o
solo sujeita a águas e aos meios agressivos.
As recomendações técnicas da Vedacit para a aplicação do Neutrol em fundações
(baldrames, sapatas e blocos) são as seguintes:
Como preparo prévio, limpar a superfície e chapiscá-la com um adesivo de alto
desempenho para argamassas e chapiscos, como o BIANCO.
Aguardar no mínimo 3 dias para aplicação do revestimento.
O revestimento deve ser feito no traço 1:3 (cimento:areia média peneirada) e usar,
além da água, um aditivo impermeabilizante para concretos e argamassas, como o VEDACIT.
Aplicar uma camada de revestimento com espessura mínima de 1,5 cm de argamassa
com um aditivo impermeabilizante para concretos e argamassas, como o VEDACIT sobre o
chapisco, descer o revestimento lateralmente no mínimo de 15 cm.
Nunca queimar e alisar com desempenadeira ou colher de pedreiro.
Aguardar a secagem da argamassa por, no mínimo, 3 dias.
Há várias marcas de tinta asfáltica disponíveis no mercado, é importante que o
profissional se atente às recomendações dadas pelos fabricantes.
4. Conclusões
A Impermeabilização de construções é indispensável, sendo uma etapa muitas vezes
não aparente. Os resultados não são apresentados imediatamente, possíveis patologias
aparecem nos anos posteriores à finalização da obra. Assim, futuramente caberia uma
pesquisa complementar para avaliar os resultados da impermeabilização nessas duas obras
estudadas.
Por meio desse estudo, observou-se que no canteiro de obra a execução não segue
plenamente as recomendações dos fabricantes dos produtos destinados à impermeabilização.
No caso 1 percebeu-se que a execução apresenta alguns erros, considerando as
recomendações dos fabricantes. No caso 2 não foi respeitado completamente o tempo de cura
da argamassa antes da aplicação do Neutrol, as etapas foram sequenciais, porém, percebeu-se
que o serviço foi executado de forma muito rápida.
A mão de obra utilizada em ambos os casos analisados possuía uma certa experiência
de vários anos, e, ao ser questionada não apontou nenhum problema em obras já executadas a
respeito de impermeabilização de fundação. Foi ainda notado que esta nunca lê as
recomendações nos rótulos dos produtos, uma vez que diz conhecê-las. Os engenheiros
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responsáveis em respectivos casos não acompanharam a etapa de impermeabilização, a visita
na obra deu-se duas semanas após a finalização dessa etapa e não durante o processo.
Respeitando a experiência dos profissionais, é importante, todavia, seguir as
recomendações técnicas, além disso, os engenheiros deveriam estar presentes
independentemente do tipo e tamanho da obra.
Contudo, torna-se muito baixo o custo com impermeabilização quando feito
corretamente e planejado, os benefícios nem sempre são lembrados quando as obras não
apresentam problemas com insalubridade.
5. REFERÊNCIAS
AMBROZEWICZ, Paulo Henrique Laporte. Materiais de construção. São Paulo, Pini, 2012.
ASSOCIACÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. Mãos à obra: o guia do
profissional da construção. São Paulo, Alaúde Editorial, volume 1, 2013
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9575: Seleção e Projeto.
Rio de Janeiro, 2003.
BAUER, L. A. Falcão. Materiais de construção. Rio de Janeiro, LTC, 2014.
BORGES, Alberto de Campos. Prática das pequenas construções, volume 1. São Paulo,
Blucher, 2009.
QUERUZ, F. Contribuição para identificação dos principais agentes e mecanismos de
degradação em edificações da Vila Belga. 150 f. Dissertação de Mestrado – Universidade
Federal de Santa Maria, 2007
RIGHI, Geovane Venturini. Estudos dos sistemas de impermeabilização: patologias,
prevenções e correções – análise de casos. Dissertação de Mestrado. Pós-graduação em
Engenharia Civil, Área de Concentração em Construção Civil, Universidade Federal de Santa
Maria. Rio Grande do Sul, 2009.
VERÇOZA, E. J Patologia das Edificações.Porto Alegre, Editora Sagra, 1991.172p.
Manual técnico da Vedacit: https://docente.ifrn.edu.br/valtencirgomes/disciplinas/construcao-
civil-ii-1/manual-sobre-impermeabilizacao - Acesso em 10/7/2017.
http://www.vedacit.com.br/produtos/neutrol - Acesso em 21/11/2017
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ANEXO
Questionário direcionado aos responsáveis técnicos e aos construtores das obras
estudadas nesse artigo.
Visando a contribuição para o levantamento de dados desta pesquisa, cujo tema é
Impermeabilização da viga baldrame, solicita-se a sua participação às perguntas a seguir:
1- Há um projeto específico de impermeabilização nessa obra?
2- Quais as etapas adotadas na impermeabilização da viga baldrame, utilizada na obra?
3- Quais os tipos e marcas de materiais utilizados?
4- Há um acompanhamento técnico na execução das etapas de impermeabilização da
viga baldrame?
5- Quanto tempo, em média, dura as etapas de impermeabilização?
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