historia de mt
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SUMRIO
Parte I: Colnia .......................................................................................................... 3 Capitulo 1: As bandeiras e o incio da colonizao de Mato Grosso ................................ 3
Capitulo 2: Administrao das Minas ............................................................................. 7
Captulo 3: O abastecimento das Minas ........................................................................ 10
Captulo 4: Fronteira no Sculo XVIII .......................................................................... 12
Captulo 5: Sociedade da Minerao............................................................................. 16
Captulo 6: Transferncia da Capital de Vila Bela para Cuiab ..................................... 22
Atividades ..................................................................................................................... 26
Parte II: Imprio .......................................................................................................... 34 Capitulo 7: Rusga ......................................................................................................... 34
Capitulo 8: Guerra da Trplice Aliana (1864-1870) ..................................................... 38
Captulo 9: A cidade de Cuiab na segunda metade do sculo XIX.............................. 43
Capitulo 10: Quadro econmico de Mato Grosso (1870/1930) ..................................... 44
Capitulo 11: Transio do Trabalho Escravo para o Trabalho Livre em Mato Grosso ... 54
Atividades ..................................................................................................................... 58
Parte III: Repblica ..................................................................................................... 66 Capitulo 12: A Repblica em Mato Grosso .................................................................. 66
Captulo 13: Movimentos sociais que marcaram o perodo republicano em Mato Grosso
.................................................................................................................................... 72
Captulo 14: A Coluna Prestes em Mato Grosso ........................................................... 77
Captulo 15:Nos trilhos da Modernidade ...................................................................... 79
A Construo da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil ............................................... 79
Estrada de Ferro Madeira Mamor......................................................................... 81 Trabalhadores da Estrada de Ferro Madeira - Mamor .............................................. 84
Captulo 16: Comisso Rondon: Construo das Linhas Telegrficas ........................... 85
Servio de Proteo ao ndio .................................................................................... 87
A Poltica do ndio na Repblica .............................................................................. 88
Expedio Roosevelt- Rondon .................................................................................. 89
Capitulo 17: Era Vargas em Mato Grosso ..................................................................... 90
Governo Provisrio de Vargas (1930-1934).............................................................. 91
Tanque Novo ............................................................................................................ 92
Estado Novo (1937-1945) ........................................................................................ 94
A Administrao de Julio Mller em Mato Grosso ................................................... 95
Marcha para o Oeste ................................................................................................. 96
Expedio Roncador-Xingu ...................................................................................... 98
Captulo 18: Repblica Populista em Mato Grosso ....................................................... 99
Capitulo 19: Mato Grosso durante a Ditadura Militar (1964-1985) ............................. 101
Colonizao do Norte de Mato Grosso ................................................................... 102
A Diviso de Mato Grosso ..................................................................................... 105
Captulo 20: A Nova Repblica em Mato Grosso ....................................................... 107
Atividades ................................................................................................................... 113
Referncias Bibliogrficas ....................................................................................... 121
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Parte I: Colnia
Capitulo 1: As bandeiras e o incio da colonizao de Mato Grosso
Para abordamos a fase inicial da colonizao do Mato Grosso, preciso mencionar
o processo de colonizao do Brasil.
A colonizao do Brasil foi um empreendimento da Coroa Portuguesa e se deu no
incio do sculo XVI e esteve inserida nos moldes do mercantilismo.
A poltica mercantilista caracterizou o Estado Moderno e teve como objetivo o
fortalecimento do Estado e o enriquecimento da burguesia. Para alcanar os seus objetivos,
a poltica mercantilista seguiu alguns princpios bsicos:
a base da riqueza de um pas era medida pelo acmulo de metais preciosos.
cabia ao Estado manter uma balana comercial favorvel, isto , as exportaes deveriam ser maior que as importaes.
o protecionismo aos produtos nacionais evitando desta maneira que mercadorias semelhantes ou iguais entrassem no pas.
o estabelecimento de colnias para a produo de matrias-primas baratas, assim como a explorao das riquezas minerais ajudariam a suprir as necessidades bsicas das
metrpoles.
o pacto colonial que estabeleceu que as colnias somente podiam comercializar com as suas metrpoles e a criao de Companhias de Comrcio que garantiam o monoplio
do sistema colonial.
Assim os estados europeus, que adotaram o mercantilismo tinha como preocupao
resguardar s suas colnias dos demais pases, e por isso se empenharam em cuidar
diretamente da administrao, impondo a colnia uma pesada cobrana de impostos.
Entretanto a medula do sistema colonial, residia no pacto colonial. no pacto colonial
que est a explorao mercantil, que a colonizao incorporou da expanso comercial,
da qual foi um desdobramento.1
Nos primeiros trinta anos do descobrimento, Portugal no se empenhou em implantar um sistema administrativo no Brasil, uma vez que o seu interesse maior era o
comrcio das especiarias no Oriente. Nos primeiros anos da descoberta, o governo portugus preocupava-se somente em enviar expedies de reconhecimento e explorar o
pau-brasil existente na Mata Atlntica.
A poltica portuguesa com relao ao Brasil mudou somente a partir de 1530,
quando inicia-se de forma efetiva a colonizao. Essa mudana de postura ocorreu
devido aos ataques de contrabandistas franceses no litoral brasileiro e pelo
enfraquecimento do comrcio de especiarias.
Assim seguindo as determinaes de Dom Joo III, rei de Portugal, a expedio de
Martim Afonso de Sousa chegou ao Brasil em 1530. Essa expedio visava expulsar os
franceses do litoral, observar as caractersticas geogrficas da nova terra e fundar
povoamentos.
1 Novaes, Fernando. O Brasil nos moldes do Antigo sistema colonial. In:Brasil em Perspectiva, p19.
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Para iniciar a colonizao foi implantando na colnia o sistema de Capitanias
Hereditrias, isto , o governo portugus dividiu as terras e resolveu do-las para
elementos da nobreza. Desta forma, o governo portugus estava transferindo o custo da
colonizao aos particulares.
Concomitantemente a implantao das Capitanias Hereditrias, a metrpole decidiu
escolher a cana-de-acar como produto econmico para promover o projeto
colonizador.
A opo pela cana-de-acar explica-se pela experincia de Portugal no cultivo
deste produto, nas suas colnias africanas, isto , Aores, Cabo Verde e Madeira. Outro
fator importante foi a vastido de terras, as condies climticas e geogrficas (solo
massap), assim como a existncia de um mercado consumidor na Europa.
O plantio da cana-de-acar e a produo de seus derivados se deu inicialmente em
So Vicente, e posteriormente na regio nordeste, porm a Capitania do Pernambuco foi
a principal produtora.
A produo do acar ocorreu atravs do sistema de plantation: produo agrcola
baseada no latifndio (grande propriedade de terra), monocultura ( somente produo
de acar), com mo-de-obra escrava e voltada para atender o mercado externo.
O sucesso deste empreendimento econmico se deu tambm pela participao dos
holandeses, que financiavam a produo. A maquinaria para os engenhos, instrumentos
de trabalho e aquisio de escravos africanos eram financiados pelos holandeses, que
em troca receberam o monoplio do refino e da distribuio do acar no mercado
europeu.
Enquanto o acar representava a riqueza das capitanias do nordeste, a Capitania de
So Vicente no obteve com este produto o mesmo sucesso, pois a sua produo no
podia concorrer com a capitania do Pernambuco e da Bahia, pois a capitania de So
Vicente era distante dos mercados europeus e o solo dessa regio era imprpria para a
agricultura. Portanto, esses fatores acarretaram na decadncia do acar em So
Vicente.
Com a decadncia aucareira, So Vicente tentou ainda desenvolver uma agricultura
de subsistncia cultivando arroz, feijo e milho.
A populao de So Vicente diante da pobreza resolveu investir em outros
empreendimentos para superar a crise econmica, entretanto, tudo foi em vo. Assim
diante destas circunstncias, o homem do planalto vicentino buscou nas bandeiras a
sada para a sua crise.
Na tentativa de superar a crise econmica que abatia a capitania, as bandeirantes
enfrentaram os perigos, as incertezas do serto para aprisionar ndios, que eram
conduzidos para o planalto paulista para serem usados como mo-de-obra. Assim
muitos jovens da Capitania partiam para o interior da colnia em busca de cativos e
para montar as suas expedies recebiam ajuda financeira dos pais ou do sogro, que
financiam as expedies pensando em aumentar os seus lucros. Essas expedies
contavam com a presena de sertanistas, que conduziam os jovens na viagem. Portanto,
nem todos os paulistas eram bandeirantes por vocao.2
As bandeiras consistiam em grupos de homens que saiam organizados em
expedies particulares com o objetivo de penetrar pelos sertes a procura de, ndios
2 Monteiro, John Manuel. Negros da Terra: ndios e bandeirantes nas origens de So Paulo, p.86-87.
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para o cativeiro, de negros foragidos da escravido e posteriormente procura de metais
preciosos.
As bandeiras eram organizadas militarmente, sendo compostas de centenas de
homens. Alm dos paulistas, muitas bandeiras eram compostas de estrangeiros,
desertores e fugitivos da justia.
Para adentrarem no serto, os bandeirantes usavam principalmente os caminhos
fluviais. Ao atravessarem os rios, enfrentavam vrios obstculos como cachoeiras,
corredeiras e saltos. Para sanar essas dificuldades, optavam muitas vezes em continuar a
viagem p. Por isso era comum, os bandeirantes transportar barcos e canoas por terra.3
Os bandeirantes, logo perceberam que para superar as dificuldades precisavam
domar a natureza, e para isso buscaram o saber indgena. Alis, a presena de ndios nas
expedies foi fundamental, pois eram utilizados como guias, batedores, coletores de
alimentos ou guarda-costa da expedio.4
Cabia aos ndios guiarem os paulistas pelos rios, carregar as mercadorias, procurar
nas matas os frutos silvestres, as razes, lagartos e cobras para saciar a fome dos
bandeirantes. Nas viagens mais longas, os bandeirantes estabeleciam pequenos arraias e
roas para abastecer os sertanistas. Nestas expedies, as vezes, alguns ndios eram despachados com antecedncia para plantar os alimentos que serviriam para sustentar
o corpo principal da expedio e os cativos na viagem de regresso.5 Muitas destas
roas acabaram dando origem a povoaes no interior do Brasil, a exemplo disso temos
em Mato Grosso; o Arraial de So Gonalo.
No decorrer da viagem ao ficarem doentes, os bandeirantes buscavam
principalmente na medicina indgena o tratamento adequado para curar os seus males.
No estamos afirmando com isso que desprezavam a sua medicina, pois traziam
tambm em sua bagagens maletas com poes e bisturis para a prtica da sangria.
Para o confronto com os ndios que resistiam a sua dominao, os paulistas
utilizavam arcos e as flechas, lanas, faces, machados, mas no dispensavam o uso das
armas de fogo como a espingarda e a carabina.
Desta maneira, podemos verificar que para alcanar os seus objetivos e enfrentar as
dificuldades impostas pelo cotidiano, os bandeirantes dominaram os ndios, destruram
aldeias inteiras e ainda se apropriaram do seu conhecimento.
Inserir uma imagem de bandeirante
As bandeiras e a conquista do serto mato-grossense
Em 1674, a bandeira de Ferno Dias Falco encontrou em Minas Gerais uma
pequena quantidade de ouro, e em 1694, Bartolomeu Bueno da Silva descobriu jazidas
de aurferas na Serra de Itaberaba. A descobertas destas minas correram pela colnia,
chegou a Portugal, atraindo muitos aventureiros a regio.
3 Chiavenato, Julio. Bandeirismo: Dominao e Violncia, p.76. 4 Priore, Mary. O Livro de Ouro da Historia do Brasil, p.87. 5 Monteiro, John Manuel, Negros da Terra: ndios e bandeirantes na origem de So Paulo, p.90
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A chegada desses aventureiros causou um descontentamento nos paulistas, que
passaram a chamar pejorativamente os forasteiros de emboabas. Tal atitude e a ganncia pelo ouro acabou provocando um conflito entre os paulistas e os portugueses
que vieram em busca do ouro em Minas Gerais; a Guerra dos Emboabas.
Nesse embate, os portugueses foram vitoriosos e aps o conflito, o governo
portugus passou a controlar as minas. Os paulistas diante da derrota resolveram
continuar as suas incurses pelo interior.
Foi nesse contexto histrico que se deu a chegada dos paulistas ao atual Estado de
Mato Grosso.
Inicialmente, os paulistas chegaram a essa regio com a inteno de buscar ndios
para a escravido. Apesar da legislao portuguesa combater escravizao do ndio, o
comrcio de negros da terra (ndios) era bastante freqente.
Os paulistas ao entrarem em Mato Grosso, logo perceberam que na regio
habitavam muitas tribos ndigenas, como os Coxipon, Beripocon, Bororo, Paresi ,
Caiap, Guicuru, Paiagu e muito outros grupos.
Assim muitos paulistas penetraram por estes sertes interessados na captura destes
ndios. No entanto, foi com a bandeira de Pascoal Moreira Cabral, que os interesses dos
paulistas e de Portugal cresceriam por esse territrio.
Em 1718, o bandeirante Antnio Pires de Campos chegou a regio do Coxip-
Mirim para aprisionar o ndio Coxipon para lev-lo para So Paulo. No ano seguinte, a
bandeira de Pascoal Moreira Cabral avanou p essa regio procura do ndio
coxipon, e acabou encontrando ouro. Segundo o cronista Barbosa de S, os homens da
bandeira ao lavarem os seus pratos no rio Coxip acabaram encontrando o ouro por
acaso.
A presena da bandeira de Pascoal Moreira Cabral naquele local incomodou os
indios aripocon, que acabaram atacando os paulistas. A sorte destes bandeirantes foi
que neste instante, a bandeira dos Irmos Antunes chegou e prestou socorro a Pascoal
Moreira Cabral e os seus homens..
Aps o combate com os ndigenas, os bandeirantes fundaram o Arraial da
Forquilha, que recebeu esse nome por estar localizado na confluncia dos rios Coxip,
Peixe e Mutuca. Assim a expedio de Pascoal Moreira Cabral deu incio a colonizao
da regio.
Em 1722, o paulista Miguel Sutil chegou a regio com o propsito de fazer uma
visita a sua roa. O bandeirante pediu aos dois ndios que estavam em sua companhia
que fossem buscar mel. Alis, como j mencionamos anteriormente, o mel, as frutas
silvestres e as razes eram usados na alimentao dos bandeirantes, e encontr-las era
uma das tarefas dos slvicolas.
Os ndios de Miguel Sutil retornaram somente ao anoitecer e ao serem admoestados
pelo bandeirante, o mais ladino respondeu-lhe: vos viestes buscar ouro ou a buscar mel.6 A seguir, os ndios colocaram na mo de Miguel Sutil o ouro encontrado.
Na madrugada, o paulista colocou os gentios para mostrar o lugar no qual haviam
encontrado o ouro. Este achado estava nas proximidades do crrego da Prainha, e
passou a ser denominado de Lavras do Sutil. Havia tanto ouro nessas minas, que as
6 Correa Filho, Virglio.Histria de Mato Grosso, p.206.
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Lavras do Sutil foram consideradas como a maior mancha que teria se encontrado no Brasil.7
A notcia da descoberta chegou ao Arraial da Forquilha, levando muitas pessoas a
migrarem para as Lavras do Sutil. Assim teria incio o povoamento s margens do crrego da Prainha dando origem a atual cidade de Cuiab.
Capitulo 2: Administrao das Minas
Nas narrativas dos primeiros portugueses que aportaram no Brasil bastante
evidente o sonho de encontrar metais preciosos.
Assim a notcia do descobrimento de ouro e prata pelos espanhis no Potos, aguou
mais ainda o desejo do governo metropolitano em descobrir ouro e prata na sua colnia.
Com isso, Portugal preparou expedies para penetrar em direo ao interior.
Essas expedies deveriam reconhecer as potencialidades econmicas da terra
brasileira, e ainda verificar se havia no interior a existncia de minerais.
Naquele perodo o desejo pelas riquezas minerais povoou o imaginrio dos
europeus, que acreditavam na existncia no interior da Amrica de uma montanha de Prata de um reino branco em um pas mtico denominado de Paitati. Ainda acreditavam na existncia de uma serra resplandecente de prata e esmeraldas que ficava
nas cabeceiras do rio So Francisco.8
Apesar de todo o interesse na busca dos metais preciosos, as expedies oficiais
fracassaram e foi somente ao final do sculo XVII, que apareceram as primeiras
notcias de um descobrimento de ouro significativo na regio das Gerais.
A descoberta destas minas acarretou em um intenso fluxo migratrio para aquela
regio. Segundo as estimativas do perodo, em 1776, a populao de Minas Gerais,
excluindo os ndios, superava a 300 mil almas o que representava 20% da populao total da Amrica Portuguesa e o maior aglomerado da colnia. 9
Alm desse processo migratrio para o interior da colnia, o governo portugus
criou um aparato administrativo que visava fiscalizar as minas evitando o contrabando.
Em 1707, para garantir o recolhimento dos impostos, o governo metropolitano
promulgou o Regimento das Minas. Esse regimento foi responsvel pela criao de
uma instituio fiscalizadora, a Intendncia das Minas.
7 Idem, p.207. 8 Vilela, Jovam.. O Antemural de todo o interior do Brasil:a fronteira possvel. In: Territrios e Fronteiras.
P.79. 9 Maxwell, Kenneth, Silva, Maria Beatriz. O Imprio luso-brasileiro, p.16.
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A Intendncia das Minas deveria julgar todas as questes surgidas entre os
mineradores, assim como fazer a distribuio das datas (lotes para o minerador
explorar).
A legislao portuguesa estabeleceu tambm que a quinta parte (20%) do ouro
extrado nas minas pertencia a Portugal. Entretanto a sede pelo ouro e a ganncia de
Portugal levou a metrpole a implantar nas minas outros impostos, como por exemplo,
a capitao e a derrama.
Em Mato Grosso, veremos que a histria no seria diferente...
Com a descoberta do ouro no rio Coxip-Mirim formou-se neste local um ncleo
populacional; o Arraial da Forquilha.
A populao do arraial era composta pelos integrantes da bandeira dos irmos
Antunes e da bandeira de Pascoal Moreira Cabral, que aps vencerem a resistncia dos
ndios fundaram o arraial celebrando uma missa em oferenda a Nossa Senhora da Penha
de Frana e lavraram a Ata de Fundao,
Aos oito dias do ms de abril da era de mil setecentos e dezenove anos, neste
arraial de Cuiab, fez junta o Capito-Mor Pascoal Moreira Cabral com seus
companheiros e ele requereu a eles este termo de certido para a notcia do
descobrimento novo que achamos no ribeiro do Coxip, invocao de Nossa Senhora
da Penha de Frana, depois que foi enviado, o Capito Antnio Antunes com as
amostras do ouro que levou do ouro aos Senhor General. Com a petio do dito
Capito-Mor, fez a primeira entrada aonde assistiu um dia e achou pinta de vintm e
de dois e de quatro vintns a meia pataca, e a mesma pinta fez na segunda entrada em
que assistiu, sete dias, ele e todos os seus companheiros s suas custas com grandes
perdas e riscos em servio de Sua Real Majestade. E como de feito tem perdido oito
homens brancos, negros e que para que a todo tempo v isto a notcia de sua Real
Majestade e seus governos para no perderem seus direitos e, por assim, por ser
verdade, ns assinamos todos neste termo o qual eu passei e fielmente a f do meu
ofcio como escrivo deste arraial. Pascoal Moreira Cabral, Simo Rodrigues Moreira,
Manoel dos Santos Coimbra, Manoel Garcia Velho, Baltazar Ribeiro Navarro, Manoel
Pedroso Louzano, Joo de Anhaia Lemos, Francisco de Sequeira, Aseno Fernandes,
Diogo Domingues, Manoel Ferreira, Antonio Ribeiro, Alberto Velho Moreira, Joo
Moreira, Manoel Ferreira Mendona, Antonio Garcia Velho, Pedro de Godois, Jos
Fernandes,Antnio Moreira, Jos Paes Silva. 10
Coube aos irmos Antunes levar a notcia da descoberta do ouro Capitania de So
Paulo informando ao governador, Pedro de Almeida Portugal sobre o ocorrido.
Nesse nterim, a populao do arraial da Forquilha elegeu Pascoal Moreira Cabral
como Guarda-Mor Regente. Um dos atributos de Pascoal Moreira Cabral seria a de
defender o arraial de invases. Entretanto a eleio deste bandeirante contrariava o
pacto colonial, uma vez que este estabelecia que a colnia estava subordinada a
metrpole. Assim competia a metrpole tomar as decises administrativas.
Desta forma, o governo portugus no confirmou a nomeao de Pascoal Moreira
Cabral, e em 1724, nomeou como Capito-Mor Ferno Dias Falco e para o cargo de
Superintendente Geral das Minas, Joo Antunes Maciel.
10 S, Barboza, p.18
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Pascoal Moreira Cabral ficou extremamente insatisfeito com a deciso do governo
metropolitano, e por isso solicitou novamente ao rei a confirmao da sua funo
administrativa. Em correspondncia enviada a Portugal, o bandeirante alegou por seis anos nestes sertes, ocupado no servio real servio de Vossa Majestade, trazendo em
minha companhia 56 homens brancos, fora escravos e servos, sustentando-os a minha
custa e ainda acrescentou que perdera um filho e quinze homens brancos e alguns escravos e achava-se destitudos de cabedais e com famlia de mulher e duas filhas e
filho, peo a Vossa Majestade ponha os olhos os neste seu leal vassalo como for
servido. 11 Apesar de todas as consideraes tecidas pelo bandeirante paulista, o governo metropolitano confirmou a nomeao de Ferno Dias Falco.
A nomeao de Ferno Dias Falco e de Joo Antunes Maciel diminuiu o poder
local, criando condies para que o governador de So Paulo, Rodrigo Csar de
Menezes, desenvolvesse nas minas de Cuiab, uma rgida tributao e fiscalizao
evitando o contrabando do ouro.
Entretanto, Rodrigo Csar de Menezes sabia da forte influncia dos Irmos Lemes
nas minas. Assim com o propsito de combater o poder dos Lemes, Rodrigo Csar de
Menezes ofereceu a estes um importante cargo administrativo. Os Lemes rejeitaram o
cargo e o governador de So Paulo encontrou como sada, o confronto armado.
As tropas do governador preparam uma emboscada para os Lemes, e estes foram
executados. Concomitantemente a morte dos Lemes, falecia em Cuiab Pascoal Moreira
Cabral. Desta forma, Rodrigo Csar de Menezes aniquilou definitivamente o poder
local e tomou a deciso mudar para Cuiab (1726).
A mudana de Rodrigo Csar de Menezes consistia na verdade em uma das suas
estratgias proceder a fiscalizao e a tributao das minas.
Em 1727, o Governador elevou o arraial de Cuiab a categoria de Vila Real do
Senhor Bom Jesus de Cuiab. Com essa deciso, o governador anunciou:
(...) se faa uma povoao grande na melhor parte que houver (...) aonde haja gua
e lenha (...): e o melhor meio de se adiantar na dita povoao o numero de moradores
estes que fazem as suas casas (...). E como (...) nas ditas Minas h telha e barro capaz
para ela, deve animar e persuadir aos mineiros e mais pessoas que fizerem as suas
casas, as faam logo de telha, porque al~em de serem mais graves, so tambm mais
limpas e tem melhor durao (...).12
Assim a pequena vila comeou a crescer, seguindo s margens do crrego da
Prainha, subindo e descendo morros e encostas. Seguindo as jazidas, principalmente
margem esquerda do crrego, iniciava-se as construes de moradias e tambm nas
proximidades desta margem, localizava-se uma esplanada na qual foi edificada a Igreja
da Matriz. Em 1730, o Ouvidor Geral e Corregedor deu incio as obras da cadeia.13
Inserir imagem da Igreja da Matriz
11 Correa Filho, Virgilio, Historia de Mato Grosso, p.208. 12 Registro do Regimento que levou para as novas minas do Cuiab o Mestre de Campo Regente, So Paulo,
26-10-1723. Apud:Rosa, Carlos, Jesus, Nauk, A Terra da Conquista, p.15. 13 Freire, Julio Delamnica. Por uma potica popular da arquitetura, p. 39-40.
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Com a elevao de Cuiab a categoria de vila foi criado o Senado da Cmara ( Cmara Municipal). Foram eleitos os primeiros vereadores, escolhidos entre os
elementos da elite local, isto , proprietrios de terras de minas e de escravos.
Tambm foi implantado um sistema rigoroso de cobrana dos impostos, destacando
dentre eles o quinto.
A taxao exagerada de impostos associada as tcnicas rudimentares da extrao do
ouro levaram a exausto das minas, e conseqentemente a migrao da populao para
outras regies, e a descoberta de novas minas. Foi neste perodo, que em 1734, os
Irmos Paes de Barros descobriram ouro na regio do Guapor.
Com a decadncia aurfera muitos prefeririam retornar a So Paulo, outros partiram
para Gois, pois em 1725, Bartolomeu Bueno (Anhanguera), descobriu ouro s margens
do rio Vermelho em Gois.
Captulo 3: O abastecimento das Minas
O interesse pelo ouro atraiu muitas pessoas as minas de Cuiab e tambm levou o
governo metropolitano a criar mecanismo de controle e explorao das minas.
O abastecimento das Minas se deu principalmente atravs das Mones.
As mones eram expedies que partiam da Capitania de So Paulo trazendo as
Minas de Cuiab vrios produtos como, alimentos, remdios, produtos de luxo, ferramentas
de trabalho, escravos, dentre outros. Traziam tambm as autoridades governamentais,
aventureiros e elementos do clero.
As mones para chegar a Cuiab seguiam os caminhos fluviais, partiam do rio
Tiet at chegar ao Porto Geral (Cuiab). A viagem durava aproximadamente seis meses e
ao atingir a regio do Pantanal podiam enfrentar srios problemas, isto , o ataque dos
espanhis ou dos ndios que habitavam aquela regio. As canoas utilizadas para o trajeto
eram esculpidas no interior de um tronco de rvore e eram guiadas por pilotos que
possuam muita prtica.
Inicialmente as primeiras mones adotaram como itinerrio a seguinte rota: rio
Tiet, rio Grande, rio Anhandu, rio Pardo, travessia por terra nos campos das vacarias, e
continuavam a viagem pelos rios, seguindo pelo rio Meteteu, rio Paraguai e o rio Cuiab.14
Esse trajeto posteriormente foi abandonado devido as suas dificuldades, pois ao atravessar
o campo das vacarias, os homens da expedio tinham que carregar as mercadorias, as
canoas e ainda corriam o risco de enfrentar os espanhis, que estavam nas proximidades
explorando a prata da regio.
Logo os monoeiros adotaram uma nova rota, ento a viagem tornou-se totalmente
fluvial, entretanto novas dificuldades surgiram como o ataque dos ndios caiaps, guaicurus
e paiagus.
Os caipos nas proximidades de Camaqu atacavam as expedies com seus temidos porretes, atacavam mortalmente os passageiros das mones.15 Por outro lado, os
14 Siqueira, Elizabeth Madureira. O Processo Histrico de Mato Grosso, p. 13. 15 Costa, Maria de Ftima, Histria de um pas inexistente, p.182.
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indios paiagus e os guaicurus chegaram a se aliar para atacar as mones que vinham para
Cuiab. Entretanto, os mais temveis eram os paiagus.
O medo de um ataque dos ndios paiagu no era infundado, pois em 1730, estes
ndios atacaram a expedio do ouvidor Antnio Alves Lanhas, na qual morreu cento e oito pessoas entre elas o ouvidor.16 Segundo Rolim de Moura, ao relatar a sua viagem Mato Grosso, os ndios paiagus tinham como armas arco, flecha e tambm lanas
pequenas com pontas de ferro. Seus ataques aconteciam nos rios, em canoas e eram muitos
cautelosos para atacar. Primeiramente observavam as vtimas e somente depois efetuavam o
ataque.17
Em decorrncia a todas essas dificuldades, os produtos comercializados pelos
monoeiros eram vendidos em Cuiab a um preo exorbitante, o que acabou gerando um
processo inflacionrio nas minas.
Alm das mones fluviais havia as mones terrestres, que abasteciam a regio de
gado. Desde os meados do 1730, os caminhos terrestres que ligavam Cuiab as minas de
Gois j eram usados. Era atravs deste caminho, que Mato Grosso recebia o gado.
Embora Cuiab fosse margeado pelos rios Cuiab e Coxip, abundantes em peixes,
cronistas como Barbosa de S, narraram que os habitantes da vila tinham muito apreo pela
carne.
Assim durante o perodo colonial tivemos em Mato Grosso o desenvolvimento de
uma pecuria voltada para o abastecimento interno, de baixa produtividade, na qual o gado
era criado solto pelo pasto. No sculo XVIII, a fazenda que mais se destacou na criao do
gado foi a Fazenda Jacobina, em Cceres.
Alm das mones, o abastecimento das minas se deu tambm atravs do
desenvolvimento de uma agricultura de subsistncia.
O cultivo da terra no foi uma tarefa fcil para o colonizador, pois teve que
enfrentar muitas dificuldades como o aparecimento de uma terrvel praga de ratos que
devoraram as plantaes e os paios aonde havia gros armazenados.18
A agricultura de subsistncia visava abastecer as minas e se desenvolveu em
ncleos populacionais situados nas proximidades de Cuiab, como por exemplo, Serra
Acima (Chapada) e Rio Abaixo (Santo Antnio do Leverger ).
Nessas localidades eram produzidos arroz, feijo, milho, mandioca, entretanto, a
cana- de- acar foi o produto mais significativo para a populao.
O governo metropolitano tinha como atrativo somente o ouro, e por isso proibiu a
instalao de engenhos na regio. Porm a determinao no foi obedecida, pois a cana-de-
acar dava aos habitantes o acar, que produz energia para o trabalho, o melado que
combate a anemia, que vitimava a populao, e a cachaa que era usada como uma maneira
de mitigar o sofrimento da vida dura no serto. Assim s margens do rio Cuiab e em Serra
Acima surgiram os nossos primeiros engenhos.
Inserir imagem sobre a rota das mones
16 Idem, p.184. 17 Ibidem, p.195. 18 Correa Filho, Historia de Mato Grosso, p.210.
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Captulo 4: Fronteira no Sculo XVIII
A partir do sculo XVII, o governo portugus teve o seu territrio ampliado na
Amrica. Portugal tinha a pretenso de estender os seus domnios at a Cordilheira dos
Andes.19
A conquista do territrio se deu atravs da pecuria, das misses jesuticas e das
bandeiras.
A pecuria impulsionou a ocupao do serto nordestino, pois muitas fazendas
voltadas para a criao do gado surgiram ao longo do rio So Francisco.
No tocante aos jesutas, estes chegaram a colnia com o objetivo de expandir a f
catlica e para isso assumiram a misso de cuidar da catequese do ndio e da educao.
Interessados na converso do ndio adentraram para o interior instalando as suas
misses ou redues no Vale Amaznico e na regio sul.
No vale amaznico, os jesutas atravs do trabalho do ndio coletavam drogas do
serto, isto , cravo, canela, cacau, guaran e as ervas medicinais. Esses produtos eram
comercializados no mercado europeu por preos elevadssimos, pois eram considerados
como especiarias.
As misses ao sul da colnia foram idealizadas por Anchieta, que encaminhou
aquela regio vrios inacianos com a inteno de encontrar nativos e territrio para instalar
as aldeias. Mais ao sul, perto da foz do Piquiri, no Paran, e na margem do rio Ivai com
Villa-Rica-del-Guair, os jesutas espanhis tambm fundaram as suas misses em 1544.20
Alm da pecuria e das misses, as bandeiras foram fundamentais para ampliao
do territrio portugus.
As razias dos bandeirantes se deram principalmente no perodo da Unio
Ibrica(1580-1640). Os bandeirantes penetraram para o interior a procura dos gentios, para
a escravido.
Em 1632, uma bandeira paulista invadiu as misses espanholas em So Jos,
Angeles, So Pedro e So Paulo. Assim a escravido indgena era o motivo do atrito entre
os bandeirantes e os jesutas. Os bandeirantes a procura do silvcola ultrapassarem a linha
demarcatria estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas, adentrando no territrio espanhol..
Anexar mapa do Tratado de Tordesilhas
Como j mencionamos anteriormente, os bandeirantes ao entrarem pelos sertes acabaram encontrando o ouro. O ouro acabou atraiu ao interior da colnia muitas pessoas
que sonhavam em enriquecer. Essa onda migratria acabou provocando o surgimento de
arraias e vilas no interior do pas.
Foi nesse quadro, que se deu a ocupao de Mato Grosso. Entretanto, apesar da
descoberta de ricas jazidas aurferas, as minas de Cuiab entraram em decadncia na
primeira metade do sculo XVIII.
Com a exausto das minas de Cuiab, a populao comeou a migrar para outras
regies da colnia. A noticia desta migrao preocupou o governo portugus, pois a fixao
da populao era fundamental para garantir a posse do territrio, que de acordo com as
19 Vilela, Jovam da Silva, O Antemural de todo o interior do Brasil:- A fronteira possivel, p.//?? 20 Idem, p.82.
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disposies do Tratado de Tordesilhas pertencia aos espanhis. Assim pensando em
garantir a posse do interior da Colnia, Portugal passou a desenvolver uma poltica voltada
para a proteo da fronteira.
Uma das primeiras decises do governo portugus para assegurar a posse deste
vasto territrio foi o desmembramento de Mato Grosso da Capitania de So Paulo. Desta
maneira, em 1748, D.Joo V decidiu criar a Capitania de Mato Grosso e para govern-la, o
rei nomeou como seu primeiro Capito-General Antnio Rolim de Moura.
Em 1750, as disputas territoriais entre os portugueses e espanhis, foram decididas
pelo Tratado de Madri.
A defesa dos interesses portugueses ficou a cargo de Alexandre de Gusmo, que
atravs do uti possedetis garantiu a Portugal o domnio da Bacia Amaznica e da regio oeste do Brasil. O princpio douti possedetis afirmava que a terra pertencia a quem a coloniza.
Portanto, Alexandre de Gusmo usando deste aparato jurdico, argumentou que o
territrio em disputa pertencia a Coroa portuguesa, pois foram os portugueses que
fundaram as vilas e arraiais, e conseqentemente povoaram o interior do Brasil.
Ainda segundo o Tratado de Madri, os portugueses concordaram, em troca do
reconhecimento pela Espanha das fronteiras fluviais ocidentais do Brasil, em renunciar ao
controle da Colnia de Sacramento e das terras imediatamente ao norte, no esturio do
Prata, um objetivo que os espanhis havia muito aspiravam alcanar pela fora. (...) O
tratado determinava a evacuao dos jesutas e dos ndios convertidos das misses
uruguaias e exigia uma inspeo apurada no local da linha de demarcao entre as
Amricas espanhola e portuguesa por duas comisses associadas.21 Com o Tratado de Madri, Gusmo garantiu a posse do territrio para Portugal e deu
ao Brasil praticamente a sua configurao atual.
Anexar Mapa de Madri
Aps as decises tomadas pelo Tratado de Madri, o governo metropolitano se
empenhou em efetivar o uti possedetis, e resolveu construir na regio do Guapor, a
primeira capital de Mato Grosso Vila Bela da Santssima Trindade. Atravs da construo e povoamento da capital, Portugal visava assegurar a posse
de todo o interior de sua colnia. Esses medida relacionava-se aos imperativos da poltica
colonial espanhola, que pretendia estender os seus domnios a leste e se possvel dominar
Cuiab e Mato Grosso.22
Vila Bela da Santssima Trindade
Antonio Rolim de Moura, capito-general da Capitania de Mato Grosso, recebeu a
instruo do governo portugus de edificar a capital de Mato Grosso. Segundo a
determinao real, a capital seria construda na regio oeste, s margens do Guapor e em
um lugar saudvel.
21 Maxwell, Kenneth, Marques de Pombal: Paradoxo do Iluminismo, p.53. 22 Volpato, Luiza Rios Ricci, A Conquista da Terra no universo da pobreza, p.38.
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Lembremos que regio do Guapor foi ocupada desde 1732, quando os irmos Paes
de Barros trilharam a regio a procura de ndios para o aprisionamento. E foi em busca dos
ndios pareci, que esses bandeirantes descobriram as minas de Mato Grosso.23
A descoberta do ouro promoveu o surgimento na regio de povoaes como So
Francisco Xavier e Santana, mas havia tambm moradores s margens do rio Jauru, do rio
Galera e do Guapor.
Logo, construir a capital nesta regio era extremamente interessante para Portugal,
uma vez que, Vila Bela da Santssima Trindade seria a base do domnio portugus e alm
disso consistia em uma nova jazida aurfera.24
Rolim de Moura procurou seguir as diretrizes do governo metropolitano, entretanto,
cometeu um erro construiu a capital em terras baixas e paludosas, sujeitas a freqentes imundaes; uma regio marcada pela insalubridade.
A populao de Vila Bela seria constantemente acometida por vrias enfermidades.
Essa caracterstica acabou influenciando o imaginrio do colonizador, que passou a ter a
viso de Mato Grosso como um grande hospital. Desta maneira, Mato Grosso passou a ser
apontado pelas autoridades mdicas, pelos viajantes e cronistas como um lugar nocivo a
sade.25
Para a construo da capital vieram da Capitania de So Paulo artfices, ferreiros e
oficiais, contudo foram os negros os maiores responsveis pela sua edificao.
Ainda com relao a construo da capital, o mdico-viajante Alexandre Rodrigues
Ferreira, servio da metrpole, em viagem cientfica, visitou Vila Bela entre 1789-1791.
Na sua narrativa, o viajante afirmou que a capital possua um traado irregular, tinha ruas
retas e estreitas, sem calamento, onde podia se ver os porcos prazerosamente chafurdarem
na lama. Com relao, as casas mencionou que trreas, as paredes de adobe, aterradas ou
com ladrilhos de tijolo, que eram escuras e tristes.26
Rolim de Moura se empenhou tambm em desenvolver uma poltica de povoamento
e militarizao da regio. Para alcanar os seus objetivos, o capito-general estabeleceu:
iseno de imposto e perdo temporrios das dvidas.
criou a Companhia dos Drages visando a militarizao da fronteira e a disciplinarizao da populao.
fixou um marco divisor na barra do rio Jauru. ( Marco do Jauru)
fundou a Aldeia jesutica de Santa Anna (1751).
Inserir uma imagem de Vila Bela
Abastecimento de Vila Bela da Santssima Trindade
23 Esse regio recebeu esse nome, pois os irmos Paes de Barros encontraram dificuldade para penetr-la,
devido a presena de densas florestas, com arvores corpulentas e galhos muito altos. Tal fato levou a regio
ser denominada de Mato Grosso. 24 Bandeira, Maria de Lourdes, Territrio Negro em espao Branco, p. 82. 25 Cavalcante, Else, O quadro saniario da Provncia de Mato Grosso, p.49. 26 Oliveira,Edevamilton, A Povoao Regular de Casalvasco e a Fronteira Oeste do Brasil Colonial: 1783-
1802, p.116.
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Com a finalidade de abastecer a capital, o governo portugus criou em 1755, a
Companhia de Comrcio do Gro-Par e Maranho. Essa companhia tinha o monoplio do
comrcio em Vila Bela. A Companhia de Comercio foi criada pelo Marques de Pombal,
ministro do rei D.Jos I. De acordo com o ministro, a Companhia de Comrcio do Gro
Par e Maranho era o nico modo de retirar o comrcio de toda a Amrica portuguesa das mos dos estrangeiros
27. Para atingir vila Bela da Santssima Trindade,, as embarcaes da Companhia de
Comercio do Gro- Par e Maranho usavam o Porto de Belm. Ao partirem de Belm, as
embarcaes da companhia navegavam pelas guas dos rios amazonas, Madeira e Mamor.
Traziam produtos de luxo, ferramentas de trabalho e alimentos. A empresa era importadora
de produtos oriundos do mar do Norte, do Bltico e do Mediterrneo.28
Porm a principal
mercadoria comercializada pela empresa eram os escravos. Ao regressarem ao porto de
Belm, a empresa levava o ouro produzido em Vila Bela.
Com a decadncia das minas de ouro do Guapor, a Companhia de Comrcio do
Gro- Par e Maranho parou de abastecer o Mato Grosso.
Alm das mercadorias comercializadas pela Companhia de Comrcio, o
abastecimento de Vila Bela da Santssima Trindade se dava tambm atravs de uma
agricultura de subsistncia, na qual eram cultivados como produtos agrcolas o milho e o
feijo. Porm, as atividades agrcolas no foram capazes de atendem as necessidades
bsicas da populao.
A escassez de alimentos era provocada pelas pragas, insetos ou mesmo pelo excesso
das chuvas ou das cheias dos rios que acabaram provocando a fome e a subnutrio,
tornando o corpo da populao suscetvel s molstias.
Lus de Albuquerque de Melo Pereira e Cceres: O consolidador das fronteiras
Ao final do sculo XVIII, o governo portugus interessado em fortificar e povoar as
fronteiras das colnia, como tambm povoar o territrio, tomou novas medidas.
Pensando em solucionar as disputas territoriais, Portugal e a Espanha assinaram o
Tratado de Santo Ildefonso (1777), que reafirmou a hegemonia de Portugal sobre a bacia
Amaznica, bem como das vias de comunicao entre Mato Grosso e outras regies da
Amrica.29
.
Inserir mapa do Tratado de Santo Ildefonso
Nesse perodo, governava a Capitania de Mato Grosso, Luiz de Albuquerque de
Melo Pereira e Cceres (1772- 1789).
Para garantir a posse de Portugal, o referido capito-general criou importantes
povoados em posies estratgicas, como por exemplo, Albuquerque ( Corumb), Vila
Maria de Cceres (Cceres), Casalvasco, So Pedro DEl Rey (Pocon) e Cocais (Livramento).
27 Maxwell, Kenneth, Marqus de Pombal: O Paradoxo do iluminismo, p.61. 28 Volpato, Luiza Rios Ricci, A conquista da Terra no universo da pobreza, p. 59. 29 Cavalcante, Else. A sfilis em Cuiab, p. 49.
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Em Casalvasco, o governador seguiu os princpios de construo adotados em
Portugal, isto , ruas direitas, retas, praas e edifcios que expressavam a imagem de uma
povoao civilizada. Para povoar a vila, foi enviado muitos ndios, oriundos da Provncia de Moxos. Alis a mesma ttica de povoamento foi utilizada em Vila Maria de Cceres, ou
seja, o capito-general para povo-la enviou ndios da Provncia de Chiquitos. Ainda o
governo ofereceu sementes e ferramentas da fazenda real s pessoas, para que pudessem
iniciar as sua plantaes.30
Na verdade, o governo portugus para garantir a posse do
territrio, recrutou ndios e chegou a conferir indulto aos criminosos.
Alm disso, Luiz de Albuquerque construiu o Forte de Coimbra (Sul) s margens do
rio Paraguai e na margem direita do rio Guapor, o Forte Prncipe da Beira.
Inserir imagem dos fortes.
Captulo 5: Sociedade da Minerao
No sculo XVIII, a descoberta de ricas jazidas aurferas no interior da colnia atraiu
milhares de pessoas, que vinham com o intuito de enriquecer. O ouro promoveu o
surgimento de vilas e povoaes em Minas Gerais, Mato Grosso e Gois, dando origem a
uma sociedade marcada pela instabilidade.
A sociedade da Minas era bastante diversificada, pois alm de ser constituda de
mineradores, era composta tambm pelos negociantes, advogados, padres, proprietrios de
terras, artesos, burocratas, militares, ndios aculturados, e escravos negros.
Na base da sociedade estavam os escravos, que trabalhavam duramente na extrao
do ouro. Muitas vezes, devido as pssimas condies de trabalho, os escravos acabavam
padecendo vtimas de enfermidades como a desinteria, a malria, ou at mesmo em
acidentes de trabalho. A curta estimativa de vida levava os brancos a adquirirem com
freqncia novos escravos.
Assim as estimativas apontam que nas Minas havia uma concentrao de negros e
mulatos. A presena macia dos mulatos est relacionada a uma caracterstica da sociedade
colonial brasileira, isto , a mestiagem.
Ser que a sociedade da minerao era rica???
Muitos pesquisadores tem demonstrado em seus trabalhos acadmicos, que a
riqueza ficou nas mos de poucas pessoas, e que parcela significativa da populao livre
tinha um baixo poder aquisitivo. Logo, a sociedade da minerao em seu conjunto foi
extremamente pobre.
Embora a sociedade mato-grossense apresentasse as caractersticas relatadas acima,
ela possua as suas especificidades.
Por exemplo, a Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiab, contava com uma
populao pequena, mas bastante diversificada.
30 Oliveira, Edevamilton de Lima, A Povoao Regular de Casalvasco e a Fronteira Oeste do Brasil Colonial:
1783-1802, p.33
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A sua composio social era formada por brancos, provenientes de Portugal e de
outras capitanias, de ndios como o guat, o guan, o bororo e o pareci, de africanos e seus
descendentes, de negros forros.31
As sociedades Indgenas no processo de colonizao
No incio do sculo XVI, os portugueses ao chegarem ao Brasil, logo descobriram
que grande parte do litoral brasileiro era habitado por nativos. Desde o primeiro contato, os
portugueses avaliaram os costumes indgenas atravs de uma viso eurocntrica. A
exemplo, Gabriel Soares de Souza em sua obra Tratado descritivo do Brasil afirmou que os ndios eram atrasados e que gente de pouco trabalho, muito molar, no usam entre si a lavoura, vivem da caa que matam e peixe que tomam a dos rios.32 Uma leitura mais acurada da citao deixa evidente, que para o narrador a caa e a pesca prtica pelos ndios
no era encarada como um trabalho.
Inicialmente, os ndios foram usados na extrao do pau-brasil e em troca recebiam
dos brancos europeus pelo seu trabalho bugigangas como espelho, bota, canivete, dentre
outros.
A partir de 1530, com a implantao da colonizao, as relaes entre brancos e
ndios comeam a se alterar, pois os portugueses interessados no cultivo da cana-de-acar
passam a levar os gentios escravido.
Entretanto com a colonizao, os jesutas chegaram a Colnia com o objetivo de
propagar o catolicismo e conseqentemente estavam imbudos em cuidar da catequese dos
nativos e da educao dos brancos. Atravs da catequese e da educao, a Igreja estava
assegurando o catolicismo nas terras descobertas por Portugal . Para executar os seus objetivos, os inacianos esbarraram no interesse dos colonos que defendiam que o
desenvolvimento da colnia somente se daria com a dominao do ndio.
O governo portugues diante destas circunstncias resolveu criar a lei de 20 de maro
de 1570, na qual estabeleceu a regulamentao do cativeiro indgena. Com a aprovao
dessa lei, o governo metropolitano deu incio a uma poltica indgena na Colnia. Atravs
desta legislao ficou determinada a guerra justa, isto , os silvcolas que resistissem a dominao seriam reduzidos ao cativeiro.
Os jesutas formaram ento misses ou redues na colnia. Utilizando da
catequese, os jesutas proibiram, a poligamia, combateram os ritos religiosos dos nativos,
introduziram rituais cristos e inculcaram uma nova concepo de tempo e de trabalho, isto
, os ndios foram aculturados.
Paralelamente, os paulistas devido a necessidade crnica de mo-de-obra
organizaram expedies de apresamento para o interior. Em 1637, um padre jesuta afirmou
que os paulistas haviam nos dez anos anteriores capturado de 70 a 80 mil ndios. Muitos
destes ndios no resistiam as longas viagens, morrendo a caminho da Capitania de so
Paulo.33
.
Alm do cativeiro, os povos indgenas foram exterminados atravs de doenas
epidmicas como a varola, o sarampo e a sfilis. Desta forma, muitas sociedades indgenas
foram sucumbidas em conseqncia da guerra de dominao, da escravido e das
enfermidades.
31 Rosa, Carlos Alberto, O Urbano colonial na terra da conquista, In: A Terra da Conquista, p.23-25. 32 Sousa,Gabriel Soares. Tratado discritivo, p.115. 33 Monteiro, John Manuel, Negros da Terra:ndios e bandeirantes na origem de So Paulo, p. 68.
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No sculo XVIII, as bandeiras paulistas penetraram no territrio mato-grossense
procura de ndios para a escravido, e a medida que avanavam pelo territrio, constataram
que a regio era repleta de povos indgenas.
As sociedades indgenas que aqui viviam a semelhana dos ndios do litoral, no
eram um grupo homogneo, mas caracterizados pela diversidade cultural. Viviam da caa,
da pesca, da coleta de razes, furtas silvestres e do mel. Praticavam a agricultura, criavam
animais, teciam os fios das suas vestimentas e faziam cermica.
Nas sociedades indgenas no existia a propriedade privada da terra, pois a terra era
um bem coletivo. A produo era voltada para subsistncia e quando ocorria a produo de
excedente, este era dividido.
Desde o primeiro contato com os paulistas, os gentios mostraram resistncia a
dominao, no entanto, muitos foram aprisionados e levados para o cativeiro no planalto
paulista.
Com a descoberta das minas de ouro, os ndios foram usados como mo-de-obra
escrava na minerao.
Em 1748, com a criao da Capitania de Mato Grosso, novas Instrues Rgias
foram estabelecidas no tocante ao ndio. A preocupao com os silvcolas relacionava-se
aos interesses geopolticos de Portugal, que tinham como meta desenvolver uma poltica de
expanso e posse do territrio.
Desde a fase inicial da colonizao, a metrpole atravs dos relatos de cronistas,
como Barbosa de S, tinha informaes a respeito da variedade da populao nativa. Assim
tornou-se fundamental para Portugal na ocupao da Bacia amaznica e do Oeste do Brasil,
que o ndio fosse inserido na colonizao. Cabia aos ndios serem as muralhas do serto.34
Em 1772, Luiz de Albuquerque de Melo Pereira e Cceres recebeu nas Instrues
Rgias, que os ndios Bororos deveriam compor um tero das milcias, pois eram
considerados pelo governo metropolitano como fundamentais na defesa da Capitania.
Observa-se, portanto, que a poltica indgenista portuguesa no Brasil procurou usar os
nativos convertidos na proteo do territrio contra os ataques estrangeiros e como mo-de-
obra na lavoura dos brancos.35
Desta maneira, seguindo as diretrizes do governo metropolitano, Luiz de
Albuquerque visando garantir a posse do territrio formou aldeias e vilas, nas quais a
populao era predominantemente composta por nativos.
Para cooptar os ndios para o projeto colonizador, o governo luso-brsileiro atravs
do Diretrio dos ndios estabeleceu casamentos intertnicos, a obrigatoriedade do estudo da
lngua portuguesa e determinou que os colonos deviam garantir aos nativos igualdade de
condies.36
Portanto, a poltica indgenista portuguesa no sculo XVIII visava transformar
o ndio em sdito de Portugal.
Inserir uma imgem de ndio
34 Em 20 de dezembro de 1695, o Conselho Ultramarino mencionou os ndios como os guardies da fronteira, as muralhas do serto. 35 Vilela, Jovam. O antemural de todo o interior do Brasil: A fronteira possvel, p. 95. 36 Idem, p.97-101.
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Escravido
A colonizao da Amrica Portuguesa foi baseada na escravido negra. Os negros
eram adquiridos na frica, nos entrepostos comerciais ou feitorias estabelecidas no litoral.
Os chefes polticos e religiosos negociavam com os europeus os seus prisioneiros de
guerra, recebendo em troca tabaco, aguardente e outras mercadorias.
Inserir uma imagem de negro escravo
Os africanos eram levados pelos traficantes em embarcaes com pssimas
condies higinicas, muitos no resistiam a viagem e por isso esses navios, eram
chamados de navios tumbeiros. Os traficantes para amenizar o sofrimentos dos negros
distribuam maconha. Assim privados da liberdade, separados da sua famlia, da sua terra
natal, os africanos foram obrigados a conviver com a escravido.
Anexar o mapa do livro de ouro da historia do Brasil relativo a distribuio de
maconha na frica, p. 64.
Os principais grupos de africanos que aportaram no Brasil foram os bantos
provenientes de Angola, Moambique, Congo e Guin, e os sudaneses originrios da Nigria e da Costa do Marfim.
Inserir imagem sobre etnia de negros no Brasil
Os escravos recm chegados da frica eram denominados de boais e os aculturados, que j falavam a lngua portuguesa eram denominados de ladinos. Os escravos nascidos na colnia eram chamados de crioulos. Geralmente aos crioulos e aos mestios eram reservados os trabalhos mais amenos como as tarefas domsticas, enquanto
aos africanos cabia o trabalho pesado.37
Os escravos eram vistos como mercadoria, o seu trabalho e corpo pertencia ao seu
proprietrio. Como mercadoria eram vendidos, alugados ou mesmo emprestados. Alm
disso, quando tomavam atitudes que desagradavam o seu proprietrio eram punidos com
castigos fsicos. Um Alvar de 1741 estabeleceu que o negro que fugisse do cativeiro teria
o seu corpo marcado brasa e se ato repetisse a sua orelha deveria ser cortada.38
Diante de tanto desprezo e sofrimento, os negros resistiram, lutaram contra a
escravido. Resistiram desde que partiram da frica fazendo rebelies a bordo dos navios,
cometiam suicdio, infanticdio, aborto, assassinavam os feitores e proprietrios. Entretanto,
a resistncia mais praticada era as fugas. Ao abandonarem os engenhos, as minas, as casas
dos senhores, os negros se refugiaram nas matas formando comunidades denominadas de
quilombos.
Desta maneira, os quilombos eram comunidades formadas principalmente pelos
negros que fugiam da escravido. Nos quilombos, os negros plantavam e criavam animais
para a sua subsistncia.
37 Priore, Mary, O Liviro de Ouro da Histria do Brasil, p.63. 38 Carril, Lourdes, De escravos a quilombolas, p.37.
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Os quilombolas viviam em constantes guerra com os senhores e as autoridades, pois
representavam uma ameaa a ordem colonial. O quilombo mais importante do perodo
colonial foi o de Palmares, localizado na Serra da Barriga, no atual Estado do Alagoas.
Em Mato Grosso tivemos tambm muitos quilombos, entretanto, alguns ganharam
destaque devido ao seu tamanho, as caractersticas da sua populao ou mesmo pela sua
prolongada existncia.
Quilombo do Piolho ou Quariter- sculo XVIII
O quilombo do Piolho localizava-se na regio do Guapor, nas imediaes de Vila
Bela da Santssima Trindade. A sua populao era composta por negros, ndios cabixis e
pelos caburs (mestios).
A formao deste quilombo estava relacionada a Companhia de Comrcio do Gro-
Par e Maranho, que abastecia a capital de escravos. Desde o inicio da ocupao de Vila
Bela, os negros resistiam a dominao dos seus proprietrios, fugiram e acabaram
formando o quilombo.
O quilombo do Piolho era governado pela rainha Teresa de Benguela, que era
assessorada por um gabinete formado por homens. Produziam a sua sobrevivncia, atravs
de uma agricultura e pecuria de subsistncia. No tocante ao religioso, havia um
sincretismo, isto , a religiosidade apresentava elementos do catolicismo e da religio afro.
Em 1778, com a falncia da Companhia de Comrcio do Gro- Par e Maranho, os
proprietrios de terras se viram sem mo-de-obra, e com isso empreenderam esforos para a
captura e a destruio do quilombo.
Apoiados pelo capito-general, Lus de Albuquerque de Melo Pereira e Cceres, os
proprietrios de terras em Vila Bela se organizaram para a invaso ao Piolho. O quilombo
foi destrudo, a rainha Teresa ao presenciar o ataque da bandeira cometeu o suicdio
negando a voltar escravido, e os negros que sobreviveram ao embate foram conduzidos
Vila Bela, aonde foram identificados pelos seus antigos donos e aqueles que no foram
reconhecidos foram enviados a Cadeia Pblica.
Em 1791, Joo de Albuquerque de Melo Pereira e Cceres recebeu dos proprietrios
de escravos uma solicitao, que foras legais fossem conduzidas novamente a regio do
Guapor para a destruio e captura de escravos fugitivos. Sob ordem do capito-general, o
quilombo do Piolho desta vez foi totalmente abatido.
Aldeia da Carlota
A Aldeia da Carlota foi fundada pelo Capito-General Joo de Albuquerque de
Melo Pereira e Cceres. A comunidade localizava-se no territrio do antigo quilombo do
Piolho, portanto na regio do Guapor.
O capito-general para formar essa comunidade resolveu alforriar os negros idosos
da Capitania. O interesse de Joo de Albuquerque era povoar e vigiar a fronteira contra um
possvel ataque dos espanhis.
Assim os negros que receberam a sua carta de alforria deveriam em troca proteger a
fronteira para Portugal.
O governador tomou importantes medidas para concretizar os seus objetivos, como
por exemplo, foram entregues sementes, ferramentas e animais de criao para os
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moradores da Aldeia da Carlota. A atitude do capito-general mostra que ainda ao final do
sculo XVIII, o governo portugus continuava interessado em efetivar o uti possedetis.
Quilombo do Rio do Manso ou Cansano:-sculo XIX
O quilombo do Rio do Manso representou uma ameaa aos proprietrios de terras e
de escravos de Mato Grosso, na segunda metade do sculo XIX, mais precisamente, no
contexto da Guerra da Trplice Aliana (1865-1870).
Esse quilombo localizava-se em Chapada dos Guimares, e a sua populao era
formada por negros, desertores da Guerra do Paraguai e por criminosos que buscavam
segurana e refgio. A populao masculina era predominante, o que levava os negros a
investirem em ataques a stios e fazendas para capturarem mulheres.
A notcia deste quilombo trouxe a populao da provncia muita insegurana, pois
apesar das reclamaes, atitudes mais efetivas no podiam ser tomadas, pois faltavam
foras policiais. Nesse perodo, a guerra exigia constantemente que milcias fossem
conduzidas para a guerra, portanto, no havia na Provncia, soldados suficientes para
destruir o quilombo do Rio do Manso.
Foi somente ao trmino da guerra, que o governo provincial conduziu foras
policiais para aniquilar o quilombo.
O documento abaixo deixa evidente os problemas causados pela populao do
quilombo, bem como, a preocupao das autoridades provinciais em combat-lo.
Em 1867, o chefe de Polcia de Cuiab, Firmo Jos de Matos, enviou ao Presidente
da Provncia de Mato Grosso, Couto de Magalhes, o seguinte ofcio
Sendo reconhecido que nas cabeceiras do Rio do Manso existe um grande quilombo, para onde continuadamente vo os escravos fugidos desta capital (Cuiab) e dos
mais distritos vizinhos e bem mais desertores do Exrcito e criminosos, e, segundo
comunicao que acabo de receber do Subdelegado de Polcia do Rosrio, constatando
que os mesmos negros e desertores tem de costume irem a essa vila, de onde conduzem
mulheres para o quilombo; julgo de necessidade tomar-se providncias no sentido de
combat-lo a fim de que no se tenha de lamentar fato de maior gravidade. Entretanto,
sendo inconveniente na presente situao distrair-se foras do servio de guerra, proponho
a V.Ex o aumento do destacamento do Rosrio.(Ofcio do chefe de Polcia Firmo Jos de
Matos, Cuiab, 1867.)
Alm desses quilombos a historiografia regional tem destacado a existncia de
outros, a saber, o Mutuca em Chapada dos Guimares e do Pindaituba, nas proximidades de
Chapada dos Guimares, e o quilombo de Mata Cavalos, localizado em Livramento.
Atualmente os remanescentes dos quilombolas de Mata Cavalo, no municpio de
Nossa Senhora do Livramento reivindicaram na Justia a posse definitiva das terras dos
seus antepassados. Em 2002, a INTERMAT (Instituto de Terras de Mato Grosso) outorgou
o ttulo definitivo da rea Fundao Cultural Palmares, do governo Federal. A seguir, o
presidente Lula assinou um decreto, no qual reconheceu que o INCRA teria a funo de
identificar, reconhecer, delimitar, demarcar e titular as terras dos descendentes dos
quilombolas. Apesar dessas iniciativas do governo federal, os conflitos entre os
remanescentes dos quilombolas, os fazendeiros e grileiros persistem.
No quadro abaixo, a reportagem do jornal Dirio de Cuiab aborda a importncia da
posse do territrio para a populao de Mata Cavalo.
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22
O reconhecimento de propriedade que tarda h 110 para os remanescentes de
escravos das comunidades de Mata Cavalos - localizadas no municpio de Nossa Senhora
do Livramento, a 50 quilmetros de Cuiab - chegou para netos, bisnetos e tataranetos
daqueles que conheceram o castigo do tronco. No ms passado a Fundao Cultural
Palmares, rgo do Ministrio da Cultura que h cinco anos mapea, registra histrias e
concede ttulo a quilombolas no Brasil, emitiu um documento de posse nico, aos negros
do local
Foram oficialmente reconhecidos como pertencentes aos remanescentes de escravos
de Livramento, 11,7 mil hectares de terra s margens da MT-060, onde hoje vivem
acampadas mais de 300 famlias disputando a terra com cerca de 42 pequenos e grandes
fazendeiros.
A mesma publicao, no Dirio Oficial da Unio do dia 18 de julho, emitiu a titulao de
terras a outras 17 comunidades de remanescentes em todo pas. So descendentes de
famlias que iniciaram a luta h mais de sculo, para permanecer nas terras onde enraizaram
seus costumes, tiveram seus filhos, enterraram seus mortos, mas da qual foram expulsos
sucessivamente a partir de1930.(sic)
Acampadas h cinco anos na rea, as famlias se organizaram em seis comunidades com
lideranas prprias cada uma. Mas para que um nico ttulo fosse concedido, uma
associao me foi criada, e quem responde hoje por ela so os netos de ex-escravos,
Tereza Conceio de Arruda, de 63 anos, que se orgulha em contar que sua famlia foi uma
das seis que resistiram e permaneceram no lugar por geraes. E Germano Ferreira de
Jesus, 46 anos, tambm descendente de uma dessas seis famlias.
Ambos explicam que o reconhecimento da posse da terra comunidade ser o fim da
alcunha de grileiros, da incerteza quanto possibilidade de produzir no local e a abertura
para criao e implantao de projetos. J sofremos muito aqui com ameaas de fazendeiros, pistoleiros e a prpria polcia que sempre tentaram nos tirar da terra. Com o
ttulo, poderemos conseguir escolas, luz, gua e as comodidades que a cidade oferece, diz Tereza. Fonte:Dirio de Cuiab,13/08/2000
Captulo 6: Transferncia da Capital de Vila Bela para Cuiab
No incio do sculo XIX, as guerras napolenicas alteraram significativamente as
relaes entre a colnia e a metrpole (Portugal). A origem dessas guerras estava
relacionada a expanso do capitalismo francs, que em busca de mercado consumidor
entrou em confronto com a Inglaterra, que naquele perodo era a grande potncia
econmica da Europa. Foi neste contexto que Napoleo Bonaparte decretou o Bloqueio
Continental, estabelecendo que os pases europeus estavam proibidos de comercializar com
a Inglaterra.
Portugal no aderiu ao Bloqueio Continental, e por isso o seu Prncipe-regente D.
Joo VI, temendo a invaso napolenica, fugiu para a colnia.
Em 1808, protegido por uma escolta inglesa, a famlia real aportou no Brasil e D
Joo decretou como uma de suas primeiras medidas a Abertura dos Portos s Naes
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Amigas, rompendo com isso o pacto colonial, e conseqentemente dando incio ao processo
de independncia do Brasil.
Foi durante o processo de independncia do Brasil, que se deu a transferncia da
capital de Vila Bela para Cuiab. Entretanto, a idia de transferir a capital no era nova,
pois j tinha sido apregoada pelo Capito-general Manuel Carlos de Abreu em 1804.
Para abordarmos este assunto preciso analisar primeiramente o governo dos
ltimos capites- generais de Mato Grosso.
Em 1808, governava Mato Grosso, Joo Carlos Oeynhausen de Gravenberg, que ao
assumir o governo se deparou com uma forte crise econmica, originada da decadncia
aurfera. Com o intuito de escamotear os problemas sociais decorrentes da misria da
populao, este governante promoveu inmeras festas. Essas festas contavam com a
presena de ricos e os pobres, favorecendo com isso para que a populao tivesse a
sensao que havia na Provncia, uma democracia social.
Paralelamente, Joo Carlos Oeynhausen desenvolveu uma poltica voltada para a
sade. A preocupao em combater as doenas estava relacionada a chegada da Corte
portuguesa ao Brasil, pois D.Joo VI tomou muitas medidas para erradicar as enfermidades
que assolavam principalmente o Rio de Janeiro. Alm de fundar a Faculdade de Medicina
da Bahia e do Rio de Janeiro, o prncipe-regente com o intuito de institucionalizar a pratica
da medicina criou a Sociedade Real de Medicina.
Para valorizar a medicina cientifica, o governo joanino combateu as prticas de cura
popular e para a concretizao deste projeto,. Governo se associou aos mdicos para
combater as molstias, uma vez que elas representavam uma ameaa ao desenvolvimento
do capitalismo.
Foi nesse contexto, que em Mato Grosso, Joo Carlos Oeynhausen tambm com o
objetivo de combater as doenas promoveu em Vila Bela uma aula de anatomia. Entretanto,
o grande destaque do seu governo foi a criao do Hospital Militar de Cuiab, da Santa
Casa de Misericrdia e do hospital So Joo dos Lzaros, que foi construdo para abrigar as
vtimas da lepra.
Inserir imagem da Santa Casa de Cuiab
No tocante a economia, pensando em superar a debilidade econmica, este
governante estimulou a produo do algodo e a produo aurfera. Entretanto, as sua
medidas no foram capazes de superar a crise financeira. Posteriormente, Joo Carlos
Oeynhausen foi agraciado pelo governo pelas suas realizaes polticas, com o ttulo de
Marqus de Aracati.
Em seu lugar tomou posse o militar de carreira, Franscisco de Paula Magessi, ultimo
capito-general de Mato Grosso. Ao assumir o governo, Francisco Magessi temendo a
insalubridade de Vila Bela, solicitou a D. Joo VI a transferncia de rgos pblicos para
Cuiab, como por exemplo, a Junta da Fazenda e a Casa de Fundio.
O governo de Francisco Magessi foi marcado pela impopularidade, pois adotou uma
poltica de austeridade e de corrupo. Eliminou as festas e atrasou os salrios at mesmo
dos soldados.
Foi neste perodo, que a elite cuiabana almejando a superao da crise econmica
que abalava os cofres pblicos da Provncia, deu incio a luta pela transferncia da capital
para Cuiab.
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Para atingir os seus propsitos, a elite cuiabana apresentou como argumentos, que
Cuiab possua uma populao superior a de Vila Bela, tinha uma melhor localizao
geogrfica, pois era banhada pela bacia Platina, e atravs da navegao fluvial podia ter
contato com as demais provncias brasileiras e at mesmo com os paises platinos. Alegou
ainda que a cidade era saudvel e que a sua populao podia contar com hospitais ao ficar
doente.
Retornando a Magessi, foi nesse momento, que o capito-general depois de dezoito
meses de governo, resolveu partir para Vila Bela atendendo aos desejos da populao
local, que reivindicava a presena do capito-general.
Com a partida de Francisco Magessi para Vila Bela, a elite cuiabana se organizou,
buscando o apoio de segmentos do clero e dos militares, para depor o capito-general. A
seguir instalaram uma Junta de Governo em Cuiab e enviaram a Magessi a seguinte
comunicao:
Ilmo, Senhor.
Havendo concorrido aos Paos do Conselho, no dia 20 do corrente a Tropa da
Primeira e Segunda Linha, o clero, a nobreza e povo desta cidade de Cuiab, deliberaram
e resolveram a ereo de uma Junta Governada Provisrio e efetivamente elegeram nove
deputados para comporem a dita justa, que se acha instalada, em conseqentemente de tais
acontecimento, V.Exa, se suspender do exerccio de suas funes que antes competiam a
V. Exa, em razo do lugar que ocupava. Assim o participar a V.Exa, os deputados da junta
Governativa Provisria. Deus guarde a V.Exa. Cuiab, 21 de agosto de1821.39
A Junta de Governo instalada em Cuiab contava com a participao de elementos
do clero como D. Lus de Castro Pereira, bispo de Cuiab, de militares, como o capito
Lus DAllincourt e da elite local, como Andr Gaudie Ley, proprietrio de terras e de escravos.
Em Vila Bela, a populao ao receber a notcia da deposio de Magesssi e da
formao de uma Junta de governo em Cuiab, se sentiu bastante ameaada, e resistindo a
possibilidade de perder o status de capital resolveu proceder da mesma maneira.
Assim tambm em Vila Bela, Magessi foi deposto e uma Junta de Governo foi
instalada com a participao dos membros da elite, do clero e dos militares. Porm, a Junta
de Governo de Vila Bela pensado em ter o apoio as camadas populares e ao mesmo tempo
ameaar os interesses elite cuiabana, e talvez afetar os seus padres morais tomou as
seguintes medidas:
Abolio da escravido
Estabeleceu o fim fidelidade conjugal
Decretou o fim da castidade para as mulheres solteiras.
O fim da escravido com certeza agradava ao povo, pois muitos eram descendentes
de escravos ou mesmo amigos, com os quais freqentavam batuques, bebiam cachaa,
rezavam e trabalhavam para os grandes proprietrios.
Apesar de buscar a adeso do populao, a Junta de Governo de Vila bela no
conseguiu se manter no poder, pois a elite cuiabana com o apoio de D.Pedro I saiu
vitoriosa, tendo a sua Junta de Governo reconhecida.
39 Apud, Pvoas, Lenine. Histria Geral de Mato Grosso, p.176.
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No entanto, foi somente em 1835, que Cuiab recebeu oficialmente o
reconhecimento de capital da Provncia de Mato Grosso, conforme a seguinte lei:
1835 N19 Antnio Pedro de Alencastro, Presidente da Provncia de Mato Grosso.
Fao saber a todos os habitantes, que a Assemblia Legislativa Provincial
decretou, e eu sanciono a seguinte lei.
Artigo 1 fica declarada capital da Provncia de Mato Grosso a cidade de Cuiab.
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Capites- Generais que governaram a Capitania de Mato Grosso
1748-1751:Gomes Freire de Andrade
1751-1765: Antonio Rolim de Moura (Conde de Azambuja)
1765-1769: Joo Pedro da Cmara
1769-1772: Luiz Pinto de Souza Coutinho.
1772-1789: Luiz de Albuquerque de Melo Pereira e Cceres.
1789-1796: Joo de Albuquerque de Melo Pereira e Cceres.
1796: Junta Governativa:Antonio da Silva do Amaral, Ricardo Franco de Almeida, Marcelino
Ribeiro.
1796-1803: Caetano Pinto de Miranda Montenegro.
1803-1804: 2Junta Governativa: Manoel Joaquim Ribeiro Freire, Antonio Felipe da Cunha Ponte, Jos da Costa Lima. Este ultimo foi substitudo por Manuel Leite de Moraes.
1804-1805: Manoel Carlos de Abreu e Menezes.
1805-1807: 3 Junta Governativa: Sebastio Pita de Castro, substitudo por Gaspar Pereira da Silva,
Antonio Felipe da Cunha Ponte , substitudo por Antonio Felipe da Cunha Ponte, substitudo por Ricardo Franco de Almeida Serra, Jos da Costa Lima, substitudo por Marcelino Ribeiro e
Francisco Sales Brito.
1807-1819: Joo Carlos Augusto DOeynhausen e Gravemberg (Marqus de Aracati)
1819-1821:Francisco de Paula Magessi Tavares de Carvalho. (Baro de vila Bela.)
1821-1822: 1Junta governativa Provisria de Cuiab: Dom Luis de castro Pereira-Presidente da
Junta e posteriormente foi substitudo por Jernimo Joaquim Nunes.
1821-1822: 1 Junta Governativa de vila Bela: Jose Antonio Assuno Batista, presidente da Junta.
1822-1823: 2 Junta Governativa Provisria de Cuiab: Antonio Jos de Carvalho Chaves
1822-1823: 2 Junta Governativa Provisria de Vila Bela: Manoel Alves da Cunha.
1823-1825: Governo Provisrio: Manoel Alves da Cunha.
40 Mendona, Estevo, Datas Mato-Grossenses, p.115.
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Atividades
1-(Concurso da Secretaria de Justia) O que so as mones?
a)um movimento armado, organizado pelos comerciantes com o objetivo de
proclamar a Independncia de Mato Grosso, pois tinham interesses em controlar o
comercio das minas de Cuiab.
b) So expedies que partiam de So Paulo com destino a Mato Grosso, com o
objetivo de abastecer as minas da regio de mantimentos e vveres, especialmente as
minas de Cuiab.
c)um movimento popular pr construes de manses, que ficou conhecido como
mones porque os portugueses no sabiam pronunciar corretamente a palavra manses. d) So expedies que tem como escopo manter a correspondncia em dias, entre
os brasileiros e os moradores do Imprio Espanhol.
e) So expedies que trazem ouro em p para as fundies de Cuiab, e levam de
volta ouro em barra para So Paulo.
2) (UEMS) A respeito da nova realidade criada pela explorao aurfera em Minas
Gerais, Gois e Cuiab, a partir de fins do sculo XVII, assinale a alternativa
correta.
I-Embora fosse altamente lucrativa, atividade mineira no chegou a atrair grande
numero grande numero de pessoas, de modo que a populao da colnia no
apresentou crescimento significativo durante o sculo XVIII.
II- Por ser uma atividade altamente especializada, a minerao estimulou o
desenvolvimento de outras ramos da economia colonial, como a produo de
gneros alimentcios.
III- Nessa economia mineradora era pouco utilizado o trabalho escravo, sendo mais
importante a utilizao de trabalhadores assalariados livres.
a)Apenas a I est correta.
b)Apenas a II est correta.
c)Esto corretas a I e II.
d)Esto corretas a II e III.
e) Esto corretas a I e III.
3) (UFMS) A historiadora Luiza Volpato, no livro Entradas e Bandeirasao referir-se imagem produzida pelos livros didticos sobre o bandeirante, assim se
expressa: Nos captulos referentes a expanso territorial, o bandeirante apresentado na grande maioria das vezes como o heri responsvel pelas dimenses
territoriais do pas. (...) No texto passada a viso herica do bravo que, vencendo
dificuldades sem fim , conquistou reas imensas para a colnia e descobriu riquezas
no interior do Brasil.
A partir do texto, julgue as assertivas, verdadeiras ou falsas.
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( ) Essa uma viso mtica elaborada pela historiografia que permeia praticamente
toda a produo a respeito, dificultando uma interpretao crtica sobre o fenmeno
bandeirantista.
( ) A capitania de So Vicente, desde o inicio da colonizao, despontou como uma
regio privilegiada para o plantio da cana-de-acar, portanto de exportao de
acar e importao de mo-de-obra escrava.
( )A expanso territorial e o sacrifcio de centenas de milhares de ndios so
resultado da transformao da luta cotidiana dos bandeirantes pela sobrevivncia em
campanhas de conquista.
( ) A ao bandeirante sobre as reas espanholas foi despovoadora pois causou a
destruio de agrupamentos indgenas e espanhis.
( ) Contrariando a imagem do texto citado possvel visualizar o fenmeno
bandeirantista como gerado pelas condies sociais de vida do Planalto de
Piratininga e o bandeirante como um homem do seu tempo.
4) (UEMS) A poltica econmica mercantilista se caracterizou por trs elemento
essenciais:
a)balana comercial favorvel, protecionismo e monoplio.
b)sistema colonial, liberalismo e monoplio.
c)Manufatura, metalismo e liberalismo.
d)Monoplio, liberalismo e bullionismo.
e)Liberalismo, monoplio e protecionismo.
5) (UFMS) A historia de Mato Grosso do Sul no pode ser apreendida na sua
riqueza temtica e, sobretudo, na sua diversidade tnica e cultural, se a ela no
incorporarmos a historia dos povos indgenas. Sobre a presena constante dos povos
indgenas na histria do Mato Grosso do Sul, correto afirmar que:
01.a presena indgena no territrio do atual Mato Grosso do Sul data de at trs mil
anos; para o Pantanal essa presena de at mil anos.
02.mesmo depois da chegada de elementos europeus na regio, foram intensas as
relaes dos povos indgenas entre si. s vezes conflituosas, s vezes
complementares, so conhecidas, dentre outras, as relaes entre os grupos guan,
guaicuru e Guarani.
04.nas disputas entre os portugueses e espanhis pela fixao dos limites territoriais
de suas colnias americanas, foram visveis as preocupaes de ambos em atrair
para si o apoio dos povos indgenas que ocupavam a regio;
08.apesar da brutalidade do processo de conquista e da conseqente ocupao de
seus territrios, a existncia atual de vrios povos indgenas em Mato Grosso do Sul
indica que suas diferentes formas de resistncia garantiram pelo menos a sua
sobrevivncia;
16.co mais de cinqenta mil ndios, Mato Grosso do Sul atualmente o segundo
estado do Brasil em populao indgena.
D a soma das corretas.
6) (UFMT) Em Mato Grosso, a relao entre os ndios e colonizadores foi
geralmente conflituosa e marcada pela violncia. A respeito, julgue as afirmativas,
colocando V ou F:
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( ) Os ndios Paiagu foram os primeiros a atacar as mones e o faziam quando as
embarcaes estavam transitando nos rios.
( ) Governos da Capitania de Mato Grosso utilizaram ndios, capturados na defesa
da fronteira, na construo de fortes, fortalezas e em outras atividades militares.
( ) Algumas naes indgenas, como Guaicuru e caiap, habitavam a periferia da
capitania e estabeleceram relaes de escambo com o colonizador portugus.
( )Por meio de Cartas rgias, a Coroa Portuguesa permitia, em casos especficos, a
guerra justa ao ndio.
7) (UFMT) Ao referir-se ao abastecimento da regio mineira de Cuiab, nos
primeiros tempos da colonizao, a historiadora Elizabeth M. Siqueira assim se
expressa:
As duas regies mais prximas das Lavras do Sutil e responsveis pelo
abastecimento mais imediato foram: Rio Abaixo ( hoje Santo Antonio do Leverger)
e Serra Acima (hoje chapada dos Guimares) (...) Dessa forma nem s de alimentos
vivia a populao...Revivendo Mato Grosso. Cuiab, SEDUC, 1977, p.14-16.
A respeito desse contexto histrico, julgue as caractersticas, colocando V ou F:
( ) O primeiro trajeto fluvial percorrido pelos sertanistas para abastecer Cuiab
transformou o Rio Abaixo em importante entreposto comercial.
( ) De Rio Abaixo, a produo aucareira era trazida pelo rio Cuiab at a regio
aurfera.
( ) Vestimentas, instrumentos de trabalho e escravos vinham de outras provncias
por meio de tropas ou das mones.
( )Os primeiros engenhos surgidos na regio foram responsveis pelo fabrico no
somente do acar, mas tambm da rapadura e da aguardente.
8) c
9) (Simulado- CSSG) O Pantanal mato-grossense estende-se pelos estados do Mato Grosso do Sul e pelo Mato Grosso, num total de aproximadamente 220 mil quilmetros
quadrados. Sendo uma plancie, as altitudes so baixas, mas as terras ao redor so mais
altas, razo pela qual uma grande quantidade de rios corre para a regio.(Moreira, Igor. Espao Geogrfico, p.418)
A respeito do Pantanal mato-grossense, assinale a alternativa incorreta:
(a) No sculo XVIII, os paiagus e guaicurus habitavam o Pantanal e representaram um
empecilho colonizao portuguesa, pois esses silvcolas atacavam com freqncia as
mones de abastecimento.
(b) No perodo colonial. o Pantanal era denominado de Lago dos Xarays.
(c) O Pantanal mato-grossense uma plancie, ou seja, uma rea onde o processo de
sedimentao se sobrepe ao processo de eroso.
(d) O ecossistema do Pantanal bastante complexo, possuindo reas de florestas, cerrados e
campos, alm da grande quantidade de plantas aquticas, principalmente aguaps.
(e) A maior parte das terras do Pantanal encontra-se nos limites territoriais do Estado do
Mato Grosso.
10) (Simulado-CSSG) A maior Mina da regio estava plantada na colina do Rosrio e deu incio formao da cidade. A colina onde se localizou a igreja do Rosrio, ergue-se
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margem esquerda do rio Prainha. Em torno das jazidas, principalmente margem direita do
crrego, inicia-se o povoamento. Prximo tambm a essa margem localiza-se uma
esplanada, escolhida para construo da Igreja da Matriz. Ruas e ruelas serpenteiam pelo
terreno, ajustando-se a ele, ao longo do curso dagua. O pelourinho, a igreja do Rosrio assentam os primeiros pontos de tenso em torno dos quais a vila se estrutura e se
organiza.(Freire, Julio De Lamnica. Pior uma potica popular da arquitetura, p.40-42.) O texto acima descreve o espao urbano de Cuiab no perodo colonial. A partir da leitura
do texto acima e de seus conhecimentos, assinale a alternativa correta.
I- A rea central da Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiab era composta pela Cmara Municipal, cadeia e a Igreja da Matriz.
II- Se fssemos desenhar uma carta geogrfica da rea central da Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiab, usaramos como melhor escala 1: 1000. 000.
III- Foi Rodrigo Csar de Menezes, governador de So Paulo, que elevou Cuiab categoria de vila. Durante a sua administrao, Rodrigo Csar de Menezes deu ateno
especial fiscalizao das minas e tributao.
(a) I, II e III so corretas.
(b) I e II so corretas.
(c) II e III so corretas.
(d) I e III so corretas
(e) Somente a II correta
11) ( Simulado-CSSG)..a produo de ouro na Capitania de Mato Grosso, em meio sculo de atividade estonteante, de 1719 a 1770, teria montado a 4.000 arrobas ou 60.000
quilogramas, a razo de oitenta arrobas por ano.( Correa Filho, Virgilio. Historia de Mato Grosso, p.49).
Sobre a minerao em Mato Grosso valido afirmar que:
(a)Provocou o surgimento de vrios ncleos populacionais, que se dedicavam
exclusivamente minerao como por exemplo, Rio Abaixo, Serra Acima e Vila Maria de
Cceres.
(b) Ao final do sculo XVIII, as minas de Cuiab comearam a entrar em decadncia,
devido s tcnicas rudimentares de extrao e cobrana exagerada de impostos.
(c) A ocorrncia de minerais metlicos em Mato Grosso est associada a sua estrutura
geolgica, isto , a presena de escudos cristalinos.
(d) A produo de ouro contribuiu para a prosperidade de Mato Grosso e tambm de
Portugal, pois atravs de uma rgida fiscalizao o governo metropolitano foi capaz de
conter o contrabando.
(e) A produo exorbitante do ouro provocou ao longo do sculo XVIII o surgimento de
conflitos na fronteira oeste entre os portugueses e espanhis.
12) ( Simulado CSSG) Vila Bela da Santssima Trindade , atualmente, a cidade mato-grossense que possui a maior concentrao de negros do Estado. Os negros de Vila Bela da
Santssima Trindade preservam traos fisionmicos semelhantes aos seus ascendentes
africanos (Angola e Guin) e sua tradio cultural manifestada atravs do folclore
representado pela Dana do Congo e do chorado. (Piaia, Ivane. Geografia de Mato Grosso,
p.16.)
A partir da leitura acima e dos seus conhecimentos, correto afirmar que:
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I- A presena dos negros em Vila Bela mostra um dos traos do sistema colonial brasileiro,
a escravido. A adoo da escravido durante a colonizao proporcionou a Portugal uma
acumulao de capital.
II-Os negros em Vila Bela como tambm em outras regies da colnia eram utilizados
como mo-de-obra na agricultura de subsistncia e na minerao.
III-A escravido no Brasil colonial se assemelha a escravido na Grcia e em Roma, pois os
escravos no sistema colonial brasileiro eram tambm provenientes das conquistas
territoriais empreendidas por Portugal.
IV-A existncia de uma maior concentrao de n
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