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198
14.
Hemípteros
terrestres
Aline Barcellos
199
Material e métodos
Foram efetuados levantamentos na região da Lagoa do
Casamento, situada a leste da Laguna dos Patos, e na região dos
Butiazais de Tapes, a oeste. Foram realizadas três expedições
para a Lagoa do Casamento (abril e novembro de 2003 e maio
de 2004) e duas para a região dos Butiazais de Tapes (maio de
2003 e novembro de 2003), abrangendo diversos locais de
coleta (ver tab. I, Capítulo 17, neste volume), porém nem todos
puderam ser cobertos duas vezes. As amostragens padronizadas
envolveram esforço de quatro coletores (4 coletores x 1h x
ponto), utilizando os métodos do guarda-chuva entomológico e
coleta manual diurna e noturna.
O guarda-chuva entomológico consiste em um quadrado de
pano branco com 60 x 60cm, afixado em uma armação de
madeira em cruz. A vegetação arbustiva e arbórea é batida ou
agitada por meio de um batedor e os invertebrados que caem
sobre o pano são então imediatamente coletados. Utilizou-se este
procedimento não somente para coleta de hemípteros, mas
também coleópteros, aranhas e moluscos terrestres. Os hemípteros
imaturos não foram considerados nas amostragens, devido à
dificuldade de identificação. O esforço amostral empregado na
amostragem com guarda-chuva entomológico totalizou 171h, não
sendo equivalente nas diferentes subáreas: Ilha Grande, 32h;
Gateados Oeste, 12h; Buraco Quente, 22h; Pontal do Anastácio,
8h; Lagoa do Capivari, 9h; Arroio Araçá, 20h; Banhado Redondo,
24h; Lagoa das Capivaras, 44h.
A coleta manual envolveu a inspeção visual sobre a
vegetação, sob cascas de árvores e troncos caídos junto ao solo,
também com padronização por tempo (4 coletores x 1h x ponto).
As subáreas amostradas com coleta manual, com respectivo
esforço amostral total, foram: Ilha Grande, 12h; Buraco Quente,
18h; Banhado Redondo, 14h; Lagoa das Capivaras, 32h. A
amostragem de serapilheira foi realizada em pontos escolhidos em
cada área, onde, em cada ocasião, a camada de folhas caídas e
acumuladas junto ao solo era coletada em quadrados de 25 x
25cm (1 amostra = 2 quadrados) e triada posteriormente, em
laboratório ou no próprio campo. Foram feitas apenas duas
amostragens com rede de varredura, metodologia utilizada em
áreas de campo na Ilha Grande (região Lagoa do Casamento) e na
subárea Lagoa das Capivaras (Butiazais de Tapes); o esforço foi
medido por número de varreduras (50) em cada uma de três
transectos escolhidos ao acaso (1 amostra = 3 X 50 batidas). As
amostras de cada ponto eram então reunidas e o material de cada
um destes grupos triado.
Os hemípteros coligidos foram montados em alfinetes
entomológicos, etiquetados com os dados de coleta, triados e
identificados até o nível taxonômico possível. A identificação foi
feita com auxílio da literatura disponível para cada grupo
(Rolston et al., 1987; Thomas, 1992; Schuh & Slater, 1995;
Henry, 1997; Grazia et al., 2000, entre outros), incluindo chaves
de identificação e descrições, e também por meio da comparação
Introdução
Hemiptera constitui a quinta maior ordem de Insecta emnúmero de espécies (35.000), distribuídas em praticamente
todas as regiões biogeográficas (Triplehorn & Johnson,2005). Atualmente, a ordem reúne também os insetos
posicionados na antiga Ordem Homoptera, formada pelascigarras, cigarrinhas, pulgões e cochonilhas, entre outros.
Os hemípteros caracterizam-se especialmente porapresentar um aparelho bucal sugador, constituído por um
rostro formado pelo lábio, o qual aloja mandíbulas e maxilasmodificadas em estiletes que perfuram e sugam alimentolíquido, que varia desde a seiva de vegetais (hemípteros
fitófagos, que constituem a grande maioria das espécies), ahemolinfa de insetos e outros invertebrados, até casos de
especialização para a hematofagia, alimentando-se dosangue de vertebrados, inclusive de humanos (Reduviidae,
subfamília Triatominae).
Poucos são os trabalhos no Brasil - em especial naRegião Sul - de inventário da hemipterofauna. A maior
parte dos levantamentos enfoca os níveis taxonômicos defamília ou superfamília, e de grupos ligados a
agroecossistemas (Galileo et al., 1977). Na década de1980, Link & Grazia (1983, 1987) estudaram a fauna de
Pentatomidae na região central do estado e Gastal et al.(1981) analisaram comunidades de Pentatomidae com
emprego de armadilha luminosa. Mais recentemente,Ferreira (1999) e Grazia et al. (1999) listaram as
espécies de Miridae e Pentatomoidea, respectivamente,no Estado de São Paulo; em ambos, foram utilizados
dados de literatura na elaboração das listagens deespécies. Para Auchenorrhyncha, Ott & Carvalho (2001)estudaram densidade populacional e a heterogeneidade
e riqueza de espécies de uma comunidade de cigarrinhasem área de campo, em Viamão (RS), com emprego de
rede de varredura. Bunde (2005) realizou umlevantamento da diversidade de Pentatomoidea na Serra
do Sudeste, Rio Grande do Sul; utilizando-se dasmetodologias de guarda-chuva entomológico e rede de
varredura, o autor analisou aspectos como riqueza deespécies, diversidade e padrões de abundância em
ambientes de campo, borda e mata.
Além da escassez de informações sobre a hemipterofauna,o emprego destes insetos como possíveis indicadores de
qualidade ambiental é ainda menos estudado. Brown(1997) fez uma revisão do uso de insetos como
indicadores no monitoramento da conservação; emboratenha enfatizado borboletas, o autor cita Pentatomidae
(Hemiptera-Heteroptera) e Membracidae (Hemiptera-Auchenorrhyncha) entre os grupos de insetos com
potencial para utilização como indicadores.
Além de Bunde (2005), outros levantamentos recentes dePentatomoidea foram realizados pela equipe de
Entomologia Sistemática do Departamento de Zoologia daUFRGS, em áreas de restinga da Laguna dos Patos
(Parque Estadual de Itapuã), Mata Atlântica (Maquiné) esudoeste do Rio Grande do Sul (Parque Estadual do
Espinilho) (dados ainda não publicados). Trabalhosemelhante ao aqui apresentado, envolvendo a mesma
metodologia de coleta e de padronização amostral, estásendo desenvolvido pela equipe de invertebrados terrestresdo MCN na região noroeste do RS, no Parque Estadual doTurvo (L. Schmidt & A. Barcellos, dados não publicados). Areunião e o cruzamento destas informações permitirá quese obtenha um quadro mais preciso da biodiversidade deinvertebrados em geral, e de Hemiptera em particular, no
Rio Grande do Sul. A longo prazo, a expectativa é que esteconhecimento revele padrões que sirvam de referência
para, por exemplo, determinar que espécies poderiam servircomo indicadoras ou para estabelecimento de áreas ou
habitats prioritários para conservação.
O presente trabalho visa avaliar as assembléias dehemípteros na região da planície costeira do Rio Grandedo Sul, em termos de composição, abundância e riqueza
de espécies, utilizando amostras obtidas por meio deguarda-chuva entomológico.
200
com material da coleção de hemípteros terrestres do MCN/FZB. A
classificação dos heterópteros seguiu Schuh & Slater (1995), com
exceção do status de família para Cyrtocoridae (Packauskas &
Schaefer, 1998). Espécimes de algumas famílias foram remetidos
para identificação ou sua confirmação por especialistas, como os
reduvídeos, identificados pelo Dr. Gil-Santana, da Fundação
Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, coreídeos, pelo Dr. Harry
Brailovsky, da Universidade Nacional Autônoma do México,
mirídeos, pelo Dr. Paulo Sérgio Fiuza Ferreira, da Universidade
Federal de Viçosa e cicadelídeos proconínios, pelo Dr. Wilson S.
de Azevedo Filho (PUCRS).
Para análise da riqueza de espécies e suficiência amostral,
foram obtidas curvas de rarefação com os programas Biodiversity
Pro v. 2.0 (McAleece, 2004) e Past v. 1.18 (Hammer & Harper,
2004), a fim de comparar as áreas e subáreas.
Resultados
Nas regiões de estudo, foi coletado um total de 1.057
espécimes e 183 espécies de hemípteros terrestres, pertencentes a
25 famílias, considerando-se todos os métodos empregados. Todas
as principais famílias de hemípteros ocorrentes em ambientes
naturais da Região Neotropical estiveram representadas (Apêndice
I e tab I). Considerando-se apenas as coletas padronizadas com
guarda-chuva entomológico, de um total de 869 indivíduos
coletados, Pentatomidae apresentou o maior número (392
indivíduos; 45,11% do total), seguida de Reduviidae (130;
14,96%), Lygaeidae (74; 8,51%), Rhopalidae e Coreidae, cada
uma com 69 indivíduos (7,94%) (fig. 1). Entre os
Auchenorrhyncha, Membracidae foi a família mais abundante (31
indivíduos; 3,57% dos hemípteros). A ordenação em termos de
abundância variou entre as subáreas da Lagoa do Casamento (fig.
2) e dos Butiazais de Tapes (fig. 3).
Considerando apenas as coletas com guarda-chuva
entomológico, a espécie mais abundante, com 68 indivíduos
coligidos, foi Jadera aeola aeola (Dallas, 1852), Rhopalidae (fig.
4a), seguida dos pentatomídeos Brachystethus geniculatus(Fabricius, 1787), Edessinae (fig. 4b), com 45, Edessa sp. 5, 34, e
Thyanta (Argosoma) patruelis (Stål, 1859), Pentatominae (fig.
4c), com 33. Cerca um terço das espécies (33,76%), porém, esteve
representada por apenas um indivíduo (singletons).
Além de ter sido a família mais abundante, Pentatomidae foi
também a mais rica em espécies (44), considerando-se tanto os
ecossistemas separadamente, quanto a área total amostrada, nas
coletas com guarda-chuva entomológico. Considerando-se ambas
as regiões (Lagoa do Casamento e Butiazais de Tapes) e a mesma
metodologia, seguem-se, em ordem decrescente de riqueza,
Coreidae, Reduviidae, Lygaeidae e Miridae (fig. 5a). Esta mesma
ordenação mantém-se quando considerada a região da Lagoa do
Casamento, apenas com a substituição de Miridae por
Membracidae (Auchenorrhyncha) como a quinta família mais rica
em espécies (fig. 5b). Já na região dos Butiazais de Tapes,
Tabela I.Número de espécies dehemípteros terrestres porsubárea nas regiões daLagoa do Casamento (LC) edos Butiazais de Tapes (BT)(Planície Costeira do RioGrande do Sul).
Amostras Amostras Total geralquantitativas não-quantitativas de espécies
Lagoa do Casamento
Ilha Grande 58 55,24 21 77,78 69 57,98
Gateados Oeste 32 30,48 0 0 32 26,89
Buraco Quente 30 28,57 6 22,22 35 29,41
Pontal do Anastácio 14 13,33 1 3,70 15 12,60
Lagoa do Capivari 46 43,81 0 0 46 38,65
total (LC) 105 88,23 27 22,69 119 100
Butiazais de Tapes
Lagoa das Capivaras 74 74,75 30 83,33 89 78,76
Banhado Redondo 15 15,15 3 8,33 18 15,93
Arroio Araçá 46 46,46 6 16,67 47 41,59
total (BT) 99 87,61 36 31,86 113 100
subárea n % n % n %
Coreidae foi mais pobre em espécies que Reduviidae e Lygaeidae,
mantendo-se porém mais rica que Miridae (fig. 5c).
O número total de espécies nas áreas estudadas,
considerando tanto as coletas quantitativas quanto as qualitativas
(sem padronização), foi bastante similar, com 120 espécies
coligidas na Lagoa do Casamento e 113 nos Butiazais de Tapes
(tab. I). A maior ênfase dada às coletas com guarda-chuva
entomológico fez com que apenas este método tenha apresentado
suficiência amostral, motivo pelo qual as áreas e subáreas foram
comparadas tendo como base apenas as curvas de rarefação obtidas
a partir do material coletado com esta técnica (coleta padronizada)
(fig. 6a-c). Estas curvas indicam que a região da Lagoa do
Casamento foi mais bem amostrada do que a dos Butiazais de
Tapes, porém com uma riqueza (número estimado de espécies
n=84,76; desvio padrão dp=3,34) significativamente menor do a
segunda (n=98,57; dp=0,61), para uma subamostra de 331
indivíduos (fig. 6a). Considerando todas as subáreas da Lagoa do
Casamento (fig. 6b), para uma subamostra de 31 indivíduos, Ilha
Grande (n=estimado de espécies 21,39; dp=2,08) e Buraco Quente
(n=19,39; dp=1,75) apresentaram as maiores riquezas de espécies,
porém não houve diferença significativa entre seus respectivos
valores. Buraco Quente também não diferiu estatisticamente em
relação à subárea Lagoa do Capivari (n=19,21; dp=2,09). As
subáreas Gateados Oeste (n=16,21; dp=1,93) e Pontal do
Anastácio (n=12,77; dp=0,91) apresentaram uma riqueza de
espécies significativamente menor em relação às demais subáreas,
com a primeira estatisticamente mais rica que a segunda. Já na
região dos Butiazais de Tapes (fig. 6c), para um mesmo tamanho
de subamostra (21 indivíduos), a subárea da Lagoa das Capivaras
(n=17,24; dp=1,58) não apresentou riqueza estatisticamente
diferente do Arroio Araçá (n=14,82; dp=1,81), porém ambas
foram significativamente mais ricas em espécies que Banhado
Redondo (n=12,89; dp=1,02).
Discussão
Avaliar o grau de integridade ecológica de uma área por meio
do estudo de invertebrados terrestres é ainda uma tarefa difícil, dada
a escassez de informação sobre a diversidade destes grupos em
ambientes subtropicais. O número ainda pequeno de levantamentos
de invertebrados com padronização amostral, e o próprio
desconhecimento acerca da taxonomia, biologia e ecologia de
muitos grupos, dificulta ou mesmo impede a comparação entre
resultados alcançados em distintas regiões. Entretanto, pode-se
traçar um comparativo entre as áreas e subáreas aqui estudadas
quanto ao número de espécies e morfoespécies.
201
Figura 1.Número de indivíduos nas onzefamílias de Hemiptera mais abundantesnas regiões da Lagoa do Casamento edos Butiazais de Tapes (PlanícieCosteira do Rio Grande do Sul).Coletas com guarda-chuvaentomológico.
Figura 2.Número de indivíduos nas dez famíliasde Hemiptera mais abundantes, nassubáreas amostradas na região daLagoa do Casamento e nosBuecossistemas associados. Coletascom guarda-chuva entomológico.
Figura 3.Número de indivíduos nas dez famíliasde Hemiptera mais abundantes nosButiazais de Tapes e ecossistemasassociados. Coletas com guarda-chuva entomológico.
Além da maior riqueza de espécies observada na região dos
Butiazais de Tapes em relação à Lagoa do Casamento, observou-se
que, de modo geral, na primeira houve maior número de espécies
raras ou pouco freqüentes em inventários, como Odmalea basalis(Walker, 1867) e espécies de Aradidae. Deve-se ressaltar que as
curvas de rarefação obtidas para as subáreas dos Butiazais de
Tapes sugerem insuficiência amostral, sendo portanto necessário
um incremento de coletas para que se possa obter um quadro mais
preciso da diversidade encontrada nestes locais. Pelos cálculos de
rarefação, a região da Lagoa do Casamento foi mais bem
amostrada que os Butiazais de Tapes; assim, pode-se supor que, se
houvesse um maior esforço amostral na segunda, é provável que a
riqueza de espécies na região dos Butiazais de Tapes ultrapassasse
ainda mais a da região da Lagoa do Casamento, para um mesmo
tamanho de amostra.
As matas de restinga existentes na região dos Butiazais de
Tapes - especialmente na subárea Lagoa das Capivaras -
apresentam árvores mais altas e uma vegetação aparentemente
mais heterogênea do que as da região da Lagoa do Casamento.
Provavelmente, se melhor amostradas, estas matas podem revelar
mais registros de espécies raras de hemípteros. Já a baixa riqueza
de espécies na subárea do Banhado Redondo pode ser atribuída a
dois fatores: a baixa freqüência de hemípteros, já esperada, nas
formações de butiazais ali amostradas, e o não-desenvolvimento de
sub-bosque nas áreas de mata adjacentes, situação em que a coleta
com guarda-chuva entomológico é pouco eficiente.
Na região da Lagoa do Casamento, especialmente na subárea
Gateados Oeste, foi coletado um maior número de espécies
associadas a agroecossistemas, como os pentatomídeos
Acrosternum spp. e Edessa meditabunda (Fabricius, 1794). Uma
das possíveis explicações seria a maior proximidade desta subárea
a áreas agrícolas. Fragmentos de mata que ali foram amostrados,
geralmente pequenos, provavelmente servem como abrigo de
espécies que se alimentam de plantas cultivadas na região. Por
outro lado, tais fragmentos também podem abrigar os predadores
e inimigos naturais destas espécies. Agrupamentos de indivíduos
do edessíneo B. geniculatus (Pentatomidae) foram observados em
agrupamentos de banana-do-mato - Bromelia antiacantha Bertol
(Bromeliaceae), planta abundante nos capões de mata de Gateados
Oeste (fig. 7). Esta planta espinhosa provavelmente confere
proteção a estes insetos em sua fase hibernante, quando os
indivíduos não se alimentam nem se reproduzem. A mesma
interação inseto-planta foi observada no Parque Estadual de Itapuã
(Viamão, RS), também provavelmente em diapausa. Em Gateados
Oeste, o pisoteio do gado prejudica a fauna associada à
serapilheira e ao estrato arbustivo (sub-bosque); a vegetação
arbórea nos fragmentos também mostrou-se, aparentemente,
pouco heterogênea, predominando exemplares de capororoca
(Myrsine sp., Myrsinaceae). Estes fatores podem ser algumas das
causas da baixa riqueza de espécies encontrada. A subárea com
menor riqueza de espécies na região da Lagoa do Casamento foi a
do Pontal do Anastácio, na qual foi feita, entretanto, apenas uma
202
amostragem, em condições de vento intenso, prejudicando a coleta
com guarda-chuva entomológico. De qualquer forma, pela baixa
diversidade vegetal no ponto amostrado, não seria esperada uma
riqueza muito superior à que foi obtida.
O número de espécies representadas por apenas um
indivíduo (singletons) foi relativamente alto (33% do total de
espécies amostradas). Bunde (2005) obteve 25% de singletonspara pentatomóideos na Serra do Sudeste. Novotný & Basset
(2000) estudaram as causas do elevado número de singletonspresentes em amostragens de insetos fitófagos, citando diferentes
motivos para sua ocorrência: método de amostragem ineficiente
para os grupos considerados; ocorrência eventual (por ex., de
insetos generalistas que apresentam outras plantas preferenciais, ou
insetos hospedeiro-específicos que se alimentam de outra planta
hospedeira e encontram-se na planta amostrada apenas
transitoriamente, sem atividade de alimentação), ou mesmo
raridade da espécie de inseto em questão. Nas amostragens
realizadas na região aqui estudada, é provável que todos estes
fatores possam ter contribuído para o elevado número de
singletons, incluindo aqueles decorrentes de erro amostral, pois o
método de coleta mais empregado, guarda-chuva entomológico,
não é eficiente para todos os grupos de hemípteros.
Jadera aeola aeola (Dallas, 1852) (Rhopalidae), a espécie
mais abundante na região dos Butiazais de Tapes e a segunda mais
abundante na região da Lagoa do Casamento, é de ampla
ocorrência no estado, sendo um dos heterópteros mais comuns,
inclusive em áreas impactadas.
Pentatomidae, a família mais abundante neste estudo, é uma
das maiores da subordem Heteroptera, reunindo mais de 4.000
espécies em todo o mundo. Para São Paulo, dados de literatura
apontam 131 espécies das 607 registradas para o país (Grazia etal., 1999). No presente estudo, considerando-se todas as
metodologias, foram registradas 47 espécies desta família e,
considerando-se apenas a coleta padronizada com guarda-chuva
entomológico, obtiveram-se 44. Link & Grazia (1983) registraram
66 espécies de Pentatomidae para a região central do Rio Grande
do Sul, os quais foram coletados em levantamentos periódicos ao
longo de 11 anos, incluindo os métodos de inspeção visual, rede
de varredura e pano de batida. Em Bunde (2005), para um total de
210 horas de amostragem com rede de varredura e guarda-chuva
entomológico, registraram-se 32 espécies para a região da Serra
do Sudeste. A comparação entre estes resultados deve, entretanto,
ser feita com cautela, uma vez que os métodos de coleta, o esforço
amostral e as áreas foram distintos.
A grande maioria dos pentatomídeos tem hábito fitófago,
com apenas uma subfamília, Asopinae, constituída de espécies
predadoras; Podisus nigrispinus (Dallas, 1851), registrada neste
trabalho, já foi utilizada em programas de controle biológico de
pragas. Dentre os fitófagos, algumas espécies encontram-se
freqüentemente associadas a culturas de interesse econômico,
como espécies de Oebalus e de Mormidea, hóspedes de gramíneas
e ocasionalmente pragas de arroz, Acrosternum e Euschistus,
Figura 4.Espécies abundantes nas regiões da Lagoa do Casamento e dos Butiazaisde Tapes. (a) Jadera aeola aeola (Dallas, 1852), comprimento 12mm; (b)Brachystethus geniculatus (Fabricius, 1787), 18mm; (c) Thyanta (Argosoma)patruelis (Stål, 1859), 9mm. Fotos: T. V. Aguzzoli.
hóspedes de leguminosas em geral, Edessa, de leguminosas e
solanáceas, e Loxa, de soja, algodoeiro e bergamoteira (Citrusreticulata L.) (Link & Grazia, 1987; Grazia & Frey-da-Silva,
2001). Pentatomidae foi a única família de Hemiptera-Heteroptera
entre os grupos de Insecta listados em Brown (1997) como
indicadores práticos, informativos e ecologicamente confiáveis
para o monitoramento de mudanças ambientais na Mata Atlântica
brasileira. Neste trabalho, o autor apresenta um quadro
comparativo da resposta de vários grupos de insetos a três
diferentes níveis de perturbação ambiental, no qual Pentatomidae
responderia com um aumento da diversidade a um nível baixo e
médio de perturbação, e com diminuição da diversidade a um alto
grau de perturbação. A amostragem realizada no presente estudo,
entretanto, não permite concluir se a diversidade encontrada nos
diversos pontos amostrados está diretamente relacionada ao grau
de perturbação daqueles ambientes.
Reduviidae, a segunda família mais coletada, apresenta
hábito predador, com um pequeno grupo, constituído pela
subfamília Triatominae, adaptado secundariamente para a
hematofagia e com importância médica (potencial transmissor da
tripanossomíase). O grupo é bastante diverso, constituindo-se na
segunda maior família entre os heterópteros terrestres (Ambrose,
2000) e um elemento importante das cadeias alimentares,
alimentando-se de outros insetos. A maioria é polífaga, predando
de uma grande variedade de artrópodes; entretanto, estudos têm
demonstrado uma certa preferência alimentar, conforme o grupo.
Assim, peiratíneos predam preferencialmente coleópteros e
ortópteros; ectricodíneos alimentam-se exclusivamente de
milípedes; harpactoríneos geralmente alimentam-se de presas de
tegumento mole, como lagartas e cupins; emesíneos preferem
moscas; outras subfamílias alimentam-se de formigas, cupins e
baratas (Ambrose, 2000). Estudos de dinâmica populacional
indicam que populações de reduvídeos são diretamente reguladas
pelas populações de suas presas (Ambrose, 2000). O fato dos
reduvídeos terem sido abundantes nas regiões estudadas pode ser
um indicativo de que estas áreas, capazes de sustentar grande
número de indivíduos e de espécies destes predadores, apresentam
uma diversidade também alta de espécies de presas em potencial.
Em outras palavras, a riqueza de espécies de certos grupos de
reduvídeos poderia ser utilizada como indicadora de riqueza de
espécies-presa, hipótese que poderia ser investigada em futuros
estudos.
Um fato interessante observado em campo foi a utilização
de barba-de-pau ou barba-de-velho (Tillandsia usneoides;
Bromeliaceae) como abrigo por indivíduos Emesaya pollexMcAtee & Malloch, 1925 (Emesinae), coletados em grande
a b c
203
Figura 5.Número de espécies das cinco famílias mais ricas de Hemiptera terrestrescoletadas com guarda-chuva entomológico. (a) regiões da Lagoa do Casa-mento e dos Butiazais de Tapes; (b) subáreas da região da Lagoa doCasamento; (c) subáreas da região dos Butiazais de Tapes.
Figura 6.Curvas de rarefação para amostras dehemípteros. Coleta com guarda-chuvaentomológico (2003-2004). (a) regiõesda Lagoa do Casamento (LC) eButiazais de Tapes (BT); (b) subáreasda região da Lagoa do Casamento.(BQ, Buraco Quente; GO, GateadosOeste; IG, Ilha Grande; LC, Lagoa doCapivari; PA, Pontal do Anastácio); (c)subáreas da região dos Butiazais deTapes (AA, Arroio Araçá; BR, BanhadoRedondo; LCa, Lagoa das Capivaras).
b
c
a
c
b
a
204
abundância com guarda-chuva entomológico. De corpo
extremamente fino e alongado, estes predadores tornam-se miméticos
com o substrato. É provável que estes insetos utilizem a barba-de-pau
como sítio de hibernação, ou simplesmente como proteção contra a
predação ou para não serem percebidos pelas suas presas.
Lygaeidae sensu Schuh & Slater (1995) é também uma das
maiores famílias de Heteroptera, equivalendo a Pentatomidae em
número de espécies. Sua composição taxonômica foi alterada com o
trabalho recente de Henry (1997), que elevou Rhyparocrominae,
Blissinae, Orsillinae, Geocorinae e Pachygrontinae, entre outras, à
categoria de família. Considerando todas as famílias de Lygaeoidea,
os hábitos alimentares são extremamente variados, incluindo
fitofagia, predação e mesmo hematofagia (Cleradini), porém a
maioria é fitófaga. Blissinae sensu Schuh & Slater (1995) reúne
hóspedes de várias espécies de gramíneas (Poaceae); algumas
espécies de Blissus sp. são consideradas pragas de culturas como
trigo, milho e sorgo (Sweet, 2000). Geocorinae sensu Schuh &
Slater (1995) é constituída por espécies predadoras; algumas delas
também têm sido empregadas em programas de controle biológico.
Alguns grupos, como Aradidae, puderam ser amostrados
quase que exclusivamente por meio de coletas manuais, pois são
normalmente adaptados para viver sob cascas de árvores,
alimentando-se de micélios de fungos. Alguns reduvídeos
consideravelmente menores em relação aos demais membros da
família também habitam estes ambientes, tendo sido coletados da
mesma forma. Uma maior ênfase na coleta manual, direcionada
para estes e outros grupos em particular, provavelmente contribuiria
para a ampliação do número de espécies destes grupos.
Um aspecto que deve ser salientado é que, para uma análise
mais aprofundada das áreas, a sazonalidade é um fator a ser
contemplado, uma vez que é determinante na composição e
abundância de grande parte dos invertebrados terrestres. Assim,
recomenda-se que seja feita pelo menos uma amostragem por estação
em cada local, e preferencialmente, com o mesmo esforço amostral.
Nas subáreas da Lagoa do Casamento e na subárea do
Banhado Redondo (Butiazais de Tapes), há pouco
desenvolvimento de sub-bosque e uma pequena camada de
serapilheira, habitats que normalmente abrigam uma grande
diversidade de invertebrados. Uma medida fundamental para a
recuperação destas áreas seria limitar a presença do gado,
permitindo a brotação e o crescimento de sub-bosque e a
preservação da camada de serapilheira, junto ao solo.
Alguns ambientes da área de estudo não puderam, pelas suas
características de vegetação, ser satisfatoriamente amostrados com
os métodos empregados. Tal foi o caso nas matas da subárea
Banhado Redondo (Butiazais de Tapes), nas quais, como
comentado, praticamente inexiste sub-bosque, e o estrato arbóreo
é demasiadamente alto para que se possa amostrar adequadamente
com guarda-chuva entomológico. Hoje é amplamente reconhecido
que a fauna de copa é, juntamente com a fauna de solo e a das
grandes profundidades marinhas, uma das chamadas fronteiras
desconhecidas em termos de biodiversidade, especialmente nas
regiões tropicais e subtropicais. Em Hemiptera, grupos como
Discocephalinae e, especialmente, Edessinae (Pentatomidae), por
exemplo, são reconhecidamente habitantes preferenciais dos
estratos superiores de matas da Região Neotropical. Nestes
ambientes, o ideal seria a utilização de amostragem por fogging(fumigação com inseticidas piretróides, de baixa toxicidade para
vertebrados) em áreas previamente escolhidas. Um método
alternativo e de menor impacto que a fumigação, embora
considerado menos eficiente, seria o emprego de técnicas de
escalada e rapel para acessar os estratos mais altos, utilizando-se
ali, então, o guarda-chuva ou coleta manual.
Embora a hemipterofauna associada aos butiazais (subárea
Banhado Redondo) tenha sido bastante rara, estas áreas apresentam
interesse do ponto de vista paisagístico, merecendo assim medidas
para sua conservação. Outro ambiente menos amostrado, em
comparação com os ambientes de mata, foram as áreas de campo
adjacentes aos butiazais. O método mais utilizado neste caso (rede
de varredura) foi preterido em relação à amostragem de áreas de
Figura 7.Agrupamento de indivíduos de Brachystethus geniculatus (Fabricius, 1787)(Pentatomidae, Edessinae) em banana-do-mato (Bromelia antiacanthaBertol - Bromeliaceae), em Gateados Oeste, Palmares do Sul (região daLagoa do Casamento). Foto: I. Heydrich.
205
mata com guarda-chuva entomológico. Em novas oportunidades
de coleta na região, teria que ser dada maior ênfase à técnica de
varredura nas áreas de campo, com o emprego de um maior
esforço amostral, já que o erro associado a esta metodologia é
considerado maior do que no guarda-chuva. Assim, poderiam ser
coletados maior número e diversidade de grupos que ocorrem
somente ou preferencialmente em ambientes de campo,
especialmente algumas famílias de Auchenorrhyncha, como
Cercopidae, Cixiidae, Aethalionidae, Membracidae e Cicadellidae.
A maior riqueza de espécies encontrada, associada a uma
maior heterogeneidade de habitats e microhabitats, permite
concluir que a preservação a região dos Butiazais de Tapes é
importante para a manutenção da fauna de hemípteros terrestres,
em especial daqueles associados ao ambiente de mata de restinga.
Entre as suas subáreas, os resultados obtidos sugerem que a
subárea da Lagoa das Capivaras merece prioridade para
preservação, face não somente à maior riqueza de espécies como
também ao grau de preservação de suas matas de restinga.
Apesar de aparentemente haver uma maior influência de fauna
associada a agroecossistemas na região da Lagoa do Casamento, a
mesma apresenta uma grande diversidade de habitats e portanto,
potencialmente, também abriga um grande número de espécies.
Agradecimentos
Aos Drs. Paulo Sérgio Fiuza Ferreira (Universidade Federal
de Viçosa), Harry Brailovsky (Universidad Autonoma de México),
Hélcio Gil-Santana (Fundação Osvaldo Cruz, Rio de Janeiro) e
Wilson de Azevedo Sampaio Filho (Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre) pelas identificações
de Miridae, Coreidae, Reduviidae e Cicadellidae-Proconiini,
respectivamente. A Letícia Santos Schmidt, pelo auxílio na
triagem e preparação do material. A Tomaz Vital Aguzzoli e
Ingrid Heydrich, pelas fotografias.
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206
Subordem Família Espécie Nome vulgar BT LC MétodoApêndice I.Lista das espécies de Hemipteraregistradas para a região de estudo.Butiazais de Tapes (BT); Lagoa doCasamento (LC); coleta manual (CM);guarda-chuva entomológico (GC);rede de varredura (RV); serapilheira(SE); praga potencial de soja (a);praga potencial de arroz (b).
Auchenorrhyncha Aphrophoridae Aphrophoridae sp. cigarrinha X CM, GC
Cercopidae Deois (Fennahia) flexuosa (Walker, 1851) cigarrinha X RV
Cicadellidae Gyponinae sp. cigarrinha X GC
Oncometopia fascialis (Signoret, 1854) cigarrinha X GC
Oncometopia fusca Melichar, 1925 cigarrinha X X GC
Tretogonia bergi Young, 1968 cigarrinha X
Proconiini sp. 4 cigarrinha X GC
Proconiini sp. 5 cigarrinha X GC
Cixiidae Cixiidae sp. cigarrinha X RV
Delphacidae Delphacidae sp. cigarrinha X GC
Dyctiopharidae Dyctiopharidae sp. 1 cigarrinha X GC
Dyctiopharidae sp. 2 cigarrinha X GC
Membracidae Ceresa sp. cigarrinha X X GC, RV
Cyphonia sp. cigarrinha X X GC, RV
Membracidae sp. 3 cigarrinha X GC
Membracidae sp. 4 cigarrinha X GC
Membracidae sp. 5 cigarrinha X GC
Membracidae sp. 6 cigarrinha X GC
Membracidae sp. 7 cigarrinha X GC
Membracidae sp. 8 cigarrinha X GC
Membracidae sp. 9 cigarrinha X GC
Tropiduchidae Tropiduchidae sp. cigarrinha X GC
Heteroptera Alydidae Neomegalotomus sp. 1 percevejo X X GC
Neomegalotomus sp. 2 percevejo X X GC
Lyrnessus geniculatus (Guerin) percevejo X GC
Stenocoris sp. percevejo X X GC, RV
Alydidae sp. 4 percevejo X GC
Aradidae Aradidae sp. 1 percevejo X GC
Aradidae sp. 2 percevejo X CM, GC
Aradidae sp. 3 percevejo X CM
Berytidae Berytidae sp. percevejo X GC
Coreidae Acanthocephala sp. percevejo X X GC
Althos obscurator (Fabricius) percevejo X GC
Anasa guttifera Berg percevejo X GC
Anasa varicornis (Westwood, 1842) percevejo X X GC
Anisoscelis foliacea (Fabricius) percevejo X GC
Camptischium sp. percevejo X GC
Catorhintha cauta Brailovsky & García percevejo X GC
Catorhintha schaffneri Brailovsky & Garcia percevejo X GC
Coribergia declivicollis (Berg) percevejo X GC
Hypselonotus fulvus (Hahn) percevejo X CM, GC
Hypselonotus interruptus Hahn percevejo X X GC
Leptoglossus chilensis concaviusculus Berg percevejo X X GC
Leptoglossus neovexillatus Allen percevejo X GC
Melucha phyllocnemis (Berg) percevejo X GC
Sephina sp. percevejo X GC
Sethenira testacea Spinola percevejo X X GC
207
Continua
Subordem Família Espécie Nome vulgar BT LC Método
Sethenira uruguayensis percevejo X X CM, GC
Zicca sp. percevejo X X GC, RV
Cydnidae Allocoris sp. percevejo X GC
Galgupha sp. 1 percevejo X GC
Galgupha sp. 2 percevejo X GC
Galgupha sp. 3 percevejo X X GC
Galgupha sp. 4 percevejo X RV
Cydninae sp. percevejo X GC
Cyrtocoridae Cyrtocoris sp. percevejo X GC
Largidae Euryophthalmus rufipennis Laporte, 1832 percevejo X CM, GC
Largidae sp. 2 percevejo X GC
Lygaeidae Oncopeltus varicolor (Fabricius, 1794) percevejo X CM, GC
Blissinae sp. percevejo X X GC
Lygaeidae sp. 3 percevejo X GC
Lygaeidae sp. 4 percevejo X X GC
Lygaeidae sp. 5 percevejo X GC
Lygaeidae sp. 6 percevejo X GC
Lygaeidae sp. 7 percevejo X X GC
Lygaeidae sp. 8 percevejo X GC
Lygaeidae sp. 9 percevejo X CM, GC
Lygaeidae sp. 10 percevejo X GC
Lygaeidae sp. 11 percevejo X RV
Lygaeidae sp. 12 percevejo X GC, RV
Lygaeidae sp. 13 percevejo X GC
Lygaeidae sp. 14 percevejo X RV
Lygaeidae sp. 15 percevejo X X CM, GC, RV, SE
Lygaeidae sp. 165 percevejo X GC
Lygaeidae sp. 17 percevejo X GC
Megarididae Megaris sp. percevejo X GC
Miridae Collaria sp. percevejo X GC
Phytocoris sp. percevejo X GC
Taylorilygus pallidus (Blanchard, 1852) percevejo X X CM, GC, RV
Tytthus neotropicalis (Carvalho, 1954) percevejo X CM
Miridae sp. 5 percevejo X GC
Miridae sp. 6 percevejo X GC
Miridae sp. 7 percevejo X GC
Miridae sp. 8 percevejo X GC
Miridae sp. 9 percevejo X GC
Miridae sp. 10 percevejo X GC
Miridae sp. 11 percevejo X GC
Miridae sp. 12 percevejo X CM
Miridae sp. 13 percevejo X CM
Miridae sp. 14 percevejo X GC
Miridae sp. 15 percevejo X GC
Nabidae Nabidae sp. 1 percevejo X RV
Nabidae sp. 2 percevejo X RV
Pentatomidae Acrosternum (Chinavia) bellum Rolston, 1983 fede-fede; percevejo-do-mato X RV
208
Subordem Família Espécie Nome vulgar BT LC Método
Continua
Acrosternum (Chinavia) erythrocnemis (Berg, 1878) fede-fede; percevejo-do-mato X GC
Acrosternum (Chinavia) longicorialis (Breddin, 1901) fede-fede; percevejo-do-mato X X GC
Acrosternum (Chinavia) obstinatum (Stål, 1860) fede-fede; percevejo-do-mato X X GC
Agroecus griseus Dallas, 1851 fede-fede; percevejo-do-mato X X GC
Alcaeorrhynchus grandis (Dallas, 1851) fede-fede; percevejo-do-mato X GC
Alveostethus latifrons (Dallas, 1851) fede-fede; percevejo-do-mato X GC
Arvelius albopunctatus (De Geer, 1773) fede-fede; percevejo-do-mato X GC
Banasa derivata (Walker, 1867) fede-fede; percevejo-do-mato X GC
Banasa patagiata (Berg, 1879) fede-fede; percevejo-do-mato X GC
Banasa sulcata Thomas, 1990 fede-fede; percevejo-do-mato X X GC, CM
Banasa sp. 4 fede-fede; percevejo-do-mato X GC
Brachystethus geniculatus (Fabricius, 1787) fede-fede; percevejo-do-mato X X GC
Caonabo pseudocilax (Bergroth, 1891) fede-fede; percevejo-do-mato X GC
Cataulax eximius (Stål, 1860) fede-fede; percevejo-do-mato X GC, CM
Chlorocoris complanatus (Guérin-Méneville, 1831) fede-fede; percevejo-do-mato X X GC
Chloropepla vigens (Stål, 1860) fede-fede; percevejo-do-mato X X GC
Dichelops (Neodichelops) furcatus (Fabricius, 1775)a fede-fede; percevejo-do-mato X X GC, RV
Dinocoris (Dinocoris) gibbus (Dallas, 1852) fede-fede; percevejo-do-mato X GC
Dinocoris (Praedinocoris) prolineatus Becker & Grazia, 1985 fede-fede; percevejo-do-mato X GC
Edessa meditabunda (Fabricius, 1794) fede-fede; percevejo-do-mato X GC
Edessa quadridens Fabricius, 1803 fede-fede; percevejo-do-mato X X GC
Edessa sp. 3 fede-fede; percevejo-do-mato X GC
Edessa sp. 4 fede-fede; percevejo-do-mato X CM, GC
Edessa sp. 5 fede-fede; percevejo-do-mato X GC
Edessa sp. 6 fede-fede; percevejo-do-mato X X GC
Edessa sp. 7 fede-fede; percevejo-do-mato X X GC
Euschistus picticornis Stål, 1872 fede-fede; percevejo-do-mato X GC
Loxa deducta Walker, 1867 fede-fede; percevejo-do-mato X GC
Loxa virescens Amyot & Serville, 1843 fede-fede; percevejo-do-mato X GC
Mormidea notulifera Stal, 1860b fede-fede; percevejo-do-mato X X GC
Mormidea quinqueluteum (Lichtenstein, 1796)b fede-fede; percevejo-do-mato X GC
Odmalea basalis (Walker, 1867) fede-fede; percevejo-do-mato X GC
Oebalus poecilus (Dallas, 1851)b fede-fede; percevejo-do-mato X X GC, RV
Oebalus ypsilongriseus (De Geer, 1773)b fede-fede; percevejo-do-mato X X GC, RV
Olbia elegans (Herrich-Schäffer, 1839) fede-fede; percevejo-do-mato X GC
Piezodorus guildinii (Westwood, 1837)a fede-fede; percevejo-do-mato X X GC, RV
Podisus cornutus (Dallas, 1851) fede-fede; percevejo-do-mato X GC
Podisus crassimargo (Stål, 1860) fede-fede; percevejo-do-mato X GC
Podisus nigrispinus (Dallas, 1851) fede-fede; percevejo-do-mato X GC
Podisus sp. 4 fede-fede; percevejo-do-mato X GC
Podisus sp. 5 fede-fede; percevejo-do-mato X GC
Proxys albopunctulatus (Palisot de Beauvois, 1805) fede-fede; percevejo-do-mato X GC
Stiretrus decemgutattis (Lepeletier & Serville, 1828) fede-fede; percevejo-do-mato X CM
Supputius cincticeps (Stål, 1858) fede-fede; percevejo-do-mato X GC
Thyanta (Argosoma) patruelis (Stål, 1859) fede-fede; percevejo-do-mato X X GC, RV
Tynacantha marginata Dallas, 1851 fede-fede; percevejo-do-mato X GC
Pyrrhocoridae Dysdercus ruficollis (Linnaeus, 1764) percevejo-do-algodão X X GC
209
Subordem Família Espécie Nome vulgar BT LC Método
Reduviidae Atrachelus (Phorobura) keleri Elkins, 1954 percevejo-assassino X X GC
Cosmoclopius sp. percevejo-assassino X RV
Debilia longa (Stål, 1860) percevejo-assassino X X GC
Emesa mourei Wygodzinsky, 1945 percevejo-assassino X CM
Emesaya pollex McAtee & Malloch, 1925 percevejo-assassino X X GC
Empicoris cf. errabundus percevejo-assassino X RV
Gardena pipara McAtee & Malloch, 1925 percevejo-assassino X CM
Harpactor tuberculosus Stål, 1872 percevejo-assassino X GC
Heza insignis Stål, 1859 percevejo-assassino X X GC
Heza similis Stål, 1859 percevejo-assassino X X GC
Microtomus conspicillaris (Drury, 1782) percevejo-assassino X X CM
Nalata setulosa Stål, 1862 percevejo-assassino X CM
Opisthacidius rubropictus (Herrich-Schäffer, 1848) percevejo-assassino X GC
Phymata fortificata (Herrich-Schaeffer, 1844) percevejo-assassino X PT
Phymata sp. 2 percevejo-assassino X GC
Rasahus hamatus (Fabricius, 1781) percevejo-assassino X CM
Repipta flavicans (Amyot & Serville, 1843) percevejo-assassino X GC
Ricolla quadrispinosa (Linnaeus, 1767) percevejo-assassino X X GC
Sindala sp. percevejo-assassino X GC
Stenolemus plaumanni Wygodzinsky, 1943 percevejo-assassino X GC
Tydides imitator Lent, 1955 percevejo-assassino X CM
Zelus sp. 1 percevejo-assassino X GC
Zelus sp. 2 percevejo-assassino X GC
Zelus sp. 3 percevejo-assassino X GC
Reduviidae sp. 26 percevejo-assassino X X GC
Reduviidae sp. 27 percevejo-assassino X GC
Reduviidae sp. 28 percevejo-assassino X GC
Reduviidae sp.29 percevejo-assassino X SE
Reduviidae sp. 30 percevejo-assassino X X GC
Rhopalidae Corizus sp. percevejo X RV
Harmostes sp. percevejo X GC
Jadera cf. aeola aeola (Dallas, 1852) percevejo X X GC, RV
Scutelleridae Chelyschema sp. percevejo X GC
Symphylus sp. percevejo X X GC
Tetyra cf. poecila Berg, 1879 percevejo X X CM, GC
Tetyra sp. 2 percevejo X GC
Scutelleridae sp. 4 percevejo X X GC
Tingidae Teleonemia sp. 1 percevejo-renda X GC
Teleonemia sp. 2 percevejo-renda X GC
Tingidae sp. 3 percevejo-renda X GC, RV
Tingidae sp. 4 percevejo-renda X GC
Tingidae sp. 5 percevejo-renda X GC
Total de espécies amostradas 113 119
Total Geral de espécies 183
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