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HISTÓRIA
A-23 Guerra Fria (1945-1991)
O pensador francês, Raymond Aron, um dos grandes especialistas sobre
Guerra Fria, sintetizou o período com a máxima “paz impossível, guerra
improvável”. EUA e URSS travaram, em realidade, uma verdadeira batalha por
campos de influência, o que é evidenciado no discurso do presidente Harry Truman
ao Congresso, em 12 de março de 1947, solicitando auxílio econômico para a
Grécia e a Turquia. Os presidentes americanos passaram a seguir a doutrina da
“contenção”, desenvolvida por George Kennan, isto é, a ideia de que a área de
influência soviética deveria ficar restrita aos limites obtidos ao final da II Guerra
Mundial. A contenção foi colocada em prova, com vitórias para ambos os lados,
diversas vezes: Berlim (1949), Coréia (1950-3), Cuba (1962), Vietnã (1961-75) e
Afeganistão (1979).
I. Os planos
Preocupados em manter suas áreas de influência, ambos criaram planos com
essa finalidade.
Do lado norte-americano, o Plano Marshall (1947), programa de ajuda
financeira para a reconstrução da Europa, cujos objetivos eram fortalecer os países
capitalistas e anular a influencia do comunismo na Europa Ocidental, foi oferecido
para todos os países europeus, sem restrições. A Iugoslávia, país libertado da
presença nazista pelo guerrilheiro Josip Broz, o Tito, foi a única nação socialista a
receber ajuda do Plano Marshall, revelando uma independência que incomodava a
URSS. Depois da II Guerra Mundial, Tito estabeleceu um país formado por varias
etnias e nacionalidades (Eslovênia, Croácia, Servia, Montenegro, Macedônia e
Bósnia- Herzegovina).
Em relação às alianças militares, o governo Truman preconizou a OTAN,
Organização do Tratado do Atlântico Norte, tratado de defesa mutua cujo principio
fundamental era um sistema defensivo que supunha que um ataque a um pais
membro significava um ataque contra todos os signatários. Ironicamente, sua única
ação foi após a Guerra Fria, em 1999, quando a organização bombardeou a
Iugoslávia do ditador Slobodan Milosevic, acusado de promover genocídio contra a
população albanesa do Kosovo.
A URSS, por sua vez, para atender as “democracias populares” – Bulgária,
Romênia, Polônia, Hungria, Tchecoslováquia e Albânia - organizaria a COMECON
(1949), espécie de bloco econômico dos países socialistas e o Pacto de Varsóvia
(1955), que tinha os mesmos objetivos da OTAN e foi acionado duas vezes: em
1956, contra os húngaros e em 1968, na chamada Primavera de Praga.
II. Disputas por áreas de influencia
A) Europa
O primeiro campo de disputa da Guerra Fria foi o continente europeu.
Pela Conferencia de Potsdam, a Alemanha ficaria dividida em quatro zonas
de ocupação. A Alemanha ficaria dividida pelo embate ideológico em Republica
Federal da Alemanha (ocidental) e Republica Democrática da Alemanha (Oriental).
A cidade de Berlim, capital da Alemanha, também seria dividida. Os norte-
americanos, interessados em fazer propaganda do regime democrático e capitalista
contra o socialismo soviético, começaram a investir vultuosas somas na economia
berlinense como forma de desenvolver sua parte de ocupação. Neste período, deu-
se o inicio do Milagre Alemão, devido aos investimentos realizados em Berlim
ocidental, localizada dentro da zona de ocupação soviética.
B) Ásia
O programa de desenvolvimento da economia alemã começou a provocar
problemas no lado comunista, que estabeleceu um bloqueio aos acessos à cidade
de Berlim Ocidental como forma de forçar os americanos a abandonarem a cidade.
Os americanos responderam com a criação de uma ponte aérea como forma de
manter o abastecimento da cidade.
Em 1961, durante a presidência de Kennedy e do líder soviético Nikita
Kruschev, os comunistas ergueram o Muro de Berlim para evitar a fuga da
população para o ocidente.
B) Ásia
1. Japão
Em 1° de outubro de 1949, o Partido Comunista Chinês tomou o poder e
proclamou a República Popular da China. Com a Revolução Comunista, o Japão
passou a receber auxilio dos EUA. O governo norte-americano diminuiu as
reparações exigidas ao governo japonês, revogou as leis antitruste da
administração Mac Arthur (1945-48) e concedeu auxilio financeiro para a
reconstrução do país. O “Plano de Dez Anos” (1961-70) previu a duplicação da
riqueza nacional de modo que, na década de sessenta, o crescimento do Japão, na
taxa média anual de 11%, foi o mais elevado do mundo.
2. Coréia
Terminada a Segunda Guerra Mundial, a Coréia foi ocupada por tropas
estrangeiras, segundo o acordo de Potsdam: os soviéticos acima do paralelo 38 e
os norte americanos abaixo. O pretexto era garantir a liberdade da Coréia,
eliminando-se por completo a presença japonesa. No entanto essa divisão e a
ocupação militar refletia o início da Guerra Fria, ou seja, o início da disputa
imperialista entre as duas superpotências.
Em 1947, formaram-se dois governos, sendo que apenas o do sul foi
reconhecido pela O.N.U. No ano seguinte constituíram-se dois Estados autônomos:
A República Popular Democrática da Coréia (ao norte com o sistema comunista) e
a República da Coréia ( ao sul, com o sistema capitalista). Em 1949, a maior parte
das tropas estrangeiras retirou-se do país.
A Guerra da Coréia, que perdurou de 1950-3, começou quando o norte,
apoiado pela União Soviética e pela China Comunista, atacou a Coréia do Sul de
tendência capitalista, com o objetivo claro de unificar a península. Caracterizada
como uma guerra limitada, empregou armas convencionais e equilibrada, não
houve vencedores. No final, a guerra terminou no mesmo ponto que começou, no
paralelo 38.
3. Vietnã
A Guerra do Vietnã foi um conflito armado que ocorreu no Sudeste Asiático
entre 1959 e 1975, mas que tem sua origem em 1954, quando os franceses foram
expulsos da região após a batalha do Dien Bien Phu, ficando o Vietnã dividido,
como a Coréia: norte comunista e sul capitalista.
Em 1887, a Indochina, que englobava o Vietnã, Laos e Camboja, foi
conquistada e submetida ao colonialismo francês. A França, em 1940, foi ocupada
pelos alemães, cessando seu domínio sobre a região. No ano seguinte, 1941, os
japoneses ocuparam toda a Indochina, com o consentimento do general Pétain, o
que levou à formação do movimento de resistência nacionalista, comandado pelo
Vietminh (Liga Revolucionária para a Independência do Vietnã).
O Vietminh era liderado por Ho Chi Minh, dirigente comunista, que após a
derrota do Japão na Segunda Guerra proclamou a independência da República
Democrática do Vietnã (parte norte). Terminada a Segunda Guerra, os franceses
não reconheceram o governo de Ho Chi Minh e tentaram, a partir de 1946,
recolonizar a Indochina, ocupando as regiões do Laos, Camboja e o Vietnã do Sul,
desencadeando a Guerra da Indochina, que se estendeu até 1954, quando os
franceses foram derrotados na Batalha de Dien Bien Phu.
No mesmo ano, realizou-se a Conferência de Genebra, na qual a França
retirava suas tropas e reconhecia a independência da Indochina, dividida em Laos,
Camboja, Vietnã do Norte e Vietnã do Sul. Pela Conferência de Genebra, o
paralelo 17 estabelecia a divisão entre Vietnã do Norte — governado pelo líder
comunista Ho Chi Minh — e Vietnã do Sul governado pelo rei Bao Dai, que colocou
Ngo Dinh Diem como primeiro-ministro.
A guerra colocou em confronto, de um lado, a República do Vietnã (Vietnã do
Sul) e os Estados Unidos, com participação efetiva, porém secundária, da Coréia
do Sul, da Austrália e da Nova Zelândia; e, de outro, a República Democrática do
Vietnã (Vietnã do Norte) e a Frente Nacional para a Libertação do Vietname (FNL).
A China, a Coréia do Norte e, principalmente, a União Soviética prestaram apoio
logístico ao Vietnã do Norte, mas não se envolveram efetivamente no conflito.
Em 1965, os Estados Unidos enviaram tropas para sustentar o governo do
Vietnã do Sul, que se mostrava incapaz de debelar o movimento insurgente de
nacionalistas e comunistas, que se haviam juntado na Frente Nacional para a
Libertação do Vietname (FNL). Entretanto, apesar de seu imenso poderio militar e
econômico, os norte-americanos falharam em seus objetivos. Em 1975, dois anos
depois da desocupação dos EUA, o Vietnã foi reunificado sob governo socialista,
tornando-se oficialmente, em 1976, a República Socialista do Vietnã.
C) América
A ilha cubana também entrou para o universo dos conflitos neste período. No
início do século XX, Cuba sofria forte influência do Big Stick norte-americano.
Desgastada com a administração corrupta e claramente favorável ao capital
estrangeiro, o povo começava a se inquietar.
A luta contra o ditador Fulgêncio Batista começou a partir de 1953, quando foi
organizado o ataque ao Quartel de Moncada, na cidade de Santiago, no dia 26 de
julho. O objetivo do ataque era realizar a tomada das armas, porém o ataque foi um
fracasso e Fidel Castro e seu irmão Raul foram presos. Fidel foi condenado a 15
anos de prisão. Contudo, dois anos depois, em 1955, foi anistiado por em razão da
pressão pública que havia sobre Batista.
Fidel e seu irmão se exilaram no México e de lá organizaram novamente o
movimento a fim de retornar à Cuba para derrubar o governo. Derrotado, Fulgêncio
Batista fugiu e se exilou na República Dominicana em 1º de janeiro de 1959. Logo
após a derrota, Fidel Castro se intitulou primeiro-ministro e pouco a pouco foi
concentrando o poder em si.
Algumas medidas iniciais do novo governo incluíram a realização da reforma
agrária, acabando com os grandes latifúndios existentes na ilha, e a nacionalização
de empresas estrangeiras, afetando diretamente os interesses dos Estados Unidos
na ilha.
III. A Guerra Fria e o processo de descolonização afro-asiático
Dentre os fatores que colaboraram com o processo de descolonização, tanto
externos, quanto internos, podemos citar: decadência europeia gerada como uma
consequência do final da II Guerra Mundial; o nascimento da Guerra Fria e o
subsequente apoio das novas superpotências: EUA e URSS; o apoio da ONU,
devido à defesa ao princípio da autodeterminação dos povos; a emergência do
nacionalismo em alguns países da África e da Ásia, responsáveis também pelo
surgimento das lideranças coloniais e da Conferência de Bandung, realizada na
Indonésia no ano de 1955.
Na Ásia, os casos mais conhecidos são o da Indochina – região que deu
origem a Laos, Camboja, Vietnã do Norte (socialista) e Vietnã do Sul (capitalista) e
da Índia, responsável pelo surgimento do Paquistão e de Bangladesh.
Na África, o processo de independência das colônias francesas, como a
Argélia, foi caracterizado como uma luta violenta contra a sua metrópole. Os casos
mais conhecidos, no entanto, são da África do Sul que entrou em uma luta contra o
Apartheid e as colônias portuguesas, cujo processo de independência é conhecido
como processo tardio.
Com o fim da II Guerra Mundial, a Europa perdeu o tradicional papel de centro
político e sem condições para mantere um domínio econômico e militar nas suas
colônias, ocorre a decadência dos grandes “impérios colonialistas”.
Simultaneamente, os movimentos independentistas adquiriram uma forma mais
organizada a partir da Conferência de Bandung (1955), conduzindo ao processo
que chamado de “descolonização afro-asiática”.
Descolonização Afro-asiática – “pode ser descrita como um
processo histórico, primordialmente político, ocorrido em especial
após a Segunda Guerra Mundial, e que se traduziu na obtenção
gradativa da independencia das colonias europeias situadas na
Ásia e na África. Teve seu ritmo regulado quer pelas formas de
luta dos povos colonizados na conquista de sua independencia,
quer pela política de ‘concessões’ de autonomia, diferentes
segundo a potencia colonizadora e, sobretudo, a especificidade
de cada território”. (Pereira, José Maria Nunes. África, um novo
olhar. RJ: Cadernos CEAP, 2006, P. 55-6)
No processo de descolonização da Ásia, foi importante a produção de um
pensamento anticolonial que uniu os povos do continente contra o inimigo comum.
Surgiu uma corrente de pensamento denominada “asiatismo”, que pregava a união
de esforços para romper o jugo colonial colonial europeu e defendia “a Ásia para os
asiáticos”. Esses movimentos tornaram-se mais visíveis a partir da Conferência de
Bandung.
A Conferência de Bandung foi realizada em 1955 na Indonésia. Nessa
reunião, que ficou conhecida como “cooperação econômica e cultural afro-asiático”,
estavam reunidas 29 nações desses dois continentes que defendiam o seguinte
lema “paz e promoção social em igualdade de direitos” como forma de combater o
racismo e a dominação estrangeira.
Dentre os principais princípios defendidos, destacam-se o respeito aos
direitos fundamentais, de acordo com a Carta da ONU; reconhecimento da
igualdade de todas as raças e nações, grandes e pequenas; a não-intervenção e
não-ingerência nos assuntos internos de outro país, também conhecido como a
“Autodeterminação dos povos” e o princípio de “não alinhamento”. Lembremos que
o mundo vivia o período da Guerra Fria, período que EUA e URSS buscavam áreas
de influencia. Os países afro-asiáticos, então, mostrariam oposição ao que era
considerado colonialismo ou neocolonialismo dos Estados Unidos da América, da
União Soviética ou de outra nação considerada imperialista. A partir dessa postura
diplomática e geopolítica de equidistância das superpotências, surgiria os países do
chamado Terceiro Mundo.
A respeito da descolonização das colonias francesas, a França procurou
manter suas colônias pela força militar, desencadeando guerras sangrentas na
Indochina, sobretudo Vietnã e Argélia. Por isso, os historiadores dominaram esse
processo de “descolonização violenta”. Um dos marcos da luta asiática pela
libertação foi, justamente, a batalha de Dien Bien Phu, em 07 de maio de 1954,
quando as forças do Vietnã venceram a França.
Diferente da França, a Grã-Bretanha assumiu uma estratégia de conceder a
independência para as suas colônias como forma de manter os laços econômicos,
o que ficou sendo conhecido como “processo pacífico”.
Na Índia, a partir da década de 1920, Mohandas Gandhi e Jawarharlal Nerhu
passaram a liderar o movimento de independência da Índia. Gandhi pregava a
desobediência civil e a não-violência como meios de objeção à dominação inglesa,
transformando-se na principal figura do movimento indiano pela independência.
A perda do poder econômico e militar pela Inglaterra após a Segunda Guerra
Mundial retirou-lhe as condições para sustentar sua dominação na Índia. Em 1947,
os ingleses reconheceram a independência indiana, que levou — em função das
rivalidades religiosas — à formação da União Indiana, governada por Nerhu, com
maioria hinduísta, e do Paquistão Ocidental e Oriental, governado por Ali Jinnah,
da Liga Muçulmana, com maioria islâmica. O Ceilão também se tornara
independente, passando a ilha a se denominar Sri-Lanka, com maioria budista.
A independência da Índia resultava de um longo processo de lutas
nacionalistas, permeadas pelas divergências religiosas entre hinduístas e
muçulmanos, o que levou, em 1949, ao assassinato de Gandhi. A fragmentação
completa se concluiu quando o Paquistão Oriental, em 1971, sob liderança da Liga
Auami, separou-se do Paquistão Ocidental, constituindo a República
de Bangladesh.
Na África, no início do século XX, em todo o continente africano apenas a
Libéria era independente. Doravante a esse período, teve início uma modesta
iniciativa de instaurar a autonomia política das colônias. Entre os pioneiros,
destacam-se o Egito nos anos 20, a África do Sul e a Etiópia, ambos nos anos 40.
Em alguns casos, a arma de luta era a religião. Samuel Kimbango, em 1921,
no Congo Belga (atual República Democrática do Congo), foi líder de uma revolta
que deu origem a uma religião de contestação ao colonialismo: o Kimbanguismo.
Em Angola, o culto a uma deusa de nome Maria, que iria libertar os negros,
deu base a uma revolta em 1960, na região de Cassanje. Em outros casos, a
revolta armada era realizada em forma de guerrilhas, como o movimento Mau Mau,
no Quênia e as guerrilhas organizadas no Congo Belga, na Argélia e nos
Camarões.
Fora da África, africanos e africanas se articularam na Europa, assim como os
afrodescendentes nas Américas, criando uma série de manifestações no sentido de
valorizar as culturas africanas e dos povos negros no mundo. Junto com as
lideranças asiáticas também empenhadas na descolonização de seus países,
promoveram o que se chamou naquele tempo de uma “avalanche dos povos de
cor”. Ideias como a Negritude e o Panafricanismo saíram das mentes talentosas de
militantes africanos e afrodescendentes e foram transformados em armas de luta
ao formar consciências.
A negritude foi um movimento originado no pós-Segunda Guerra, de
valorização das culturas negras, destacando suas contribuições para a
humanidade. Seus principais formuladores pretendiam que os negros assumissem
com orgulho suas heranças africanas, não só na África como em todas as áreas da
Diáspora. Acreditavam e defendiam a idéia de que os valores tradicionais africanos
ajudariam a tornar o mundo melhor.
O Panafricanismo abrangeu o conjunto de idéias que surgiu entre os afro-
descendentes envolvidos na luta contra a segregação racial no Caribe e Estados
Unidos, no final do século XIX e inicio do XX. Pregava uma união entre os negros
no mundo, tendo por base suas origens, seus sofrimentos e suas lutas.
Inicialmente, era uma militância no plano cultural e centrada nas Américas, mas
logo assumiu um caráter de movimento político, principalmente após o Congresso
Pan-africano de 1945, realizado em Manchester. O Congresso adotou a
Declaração dos Povos Colonizados, redigida pelo ganense Kwame Nkrumah, que
termina com as palavras: “Nós proclamamos o direito, para todos os povos
colonizados, de assumirem seu próprio destino... Povos colonizados e povos
oprimidos de todo o mundo, uni-vos!”. Passou então a reivindicar uma ação coletiva
para a independência dos países africanos. A luta contra o racismo se fortaleceu
junto à luta pela descolonização africana, articulando duas frentes de combate pela
soberania e dignidade dos africanos e de seus descendentes.
O primeiro país do Continente Negro a conseguir a independência foi Ghana,
a ex-Costa do Ouro, de domínio inglês, em 1957. Nos anos 60 do século XX, mais
de vinte novos países africanos, surgiram como resultado das independências. No
entanto, as colônias portuguesas na África tiveram que enfrentar ainda mais tempo
de guerra, até meados dos anos setenta, quando a ditadura salazarista foi
derrubada, na chamada “revolução dos Cravos” e a socialdemocracia de Mário
Soares iniciou a negociação para a libertação das colônias de Angola,
Moçambique, Guiné-Bissau e aos arquipélagos de Cabo Verde e de São Tomé e
Príncipe. Por isso, no caso de Portugal, os historiadores definem o processo de
descolonização como “tardio”.
A conquista da autonomia política não significou a paz nesses países, nascidos em
grande parte da luta anticolonial e não de uma construção de fronteiras que fosse
fruto da história local. O contexto social de muitos países após a libertação foi
marcado pela instabilidade, conflitos armados e dependência econômica.
IV. O fim da Guerra Fria
Podemos afirmar que a crise nos países socialistas funcionou como um
catalisador para o fim da Guerra Fria. A falta de concorrência, os baixos salários e
a escassez de produtos causaram uma grave crise econômica. A falta de
democracia também gerava uma grande insatisfação popular. A partir de 1985, o
premier da União Soviética, Mikhail Gorbachev, iniciou a implementação do seu
programa de reformas, que incluía a Glasnost (reformas políticas priorizando a
liberdade) e a Perestroika (reestruturação econômica).
A presidência dos EUA nos últimos anos da Guerra Fria esteve nas mãos
de Ronald Reagan. Seu mandato estendeu-se por quase toda a década de 1980.
Teve início em 1981 e permaneceu no poder até 1989. Mesmo com uma
decadência acentuada da União Soviética, as práticas ainda eram muito
relacionadas à disputa ideológica entre capitalistas e comunistas. No período em
que Reagan esteve no poder ainda havia a grande preocupação dos
estadunidenses em fazer oposição à influência soviética no mundo, sendo esta a
tônica de seu governo.
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