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309PluralRevista semestral de la Asociación Latinoamericana de Antropología (ALA)

Gauchito Gil - el santo rojo

Danielle AraujoDocente do curso de Antropologia da Universidade Federal

da Integração Latino-AmericanaBrasil

Renato MartinsDocente do curso de Sociologia e Ciência Política

da Universidade Federal da Integração Latino-AmericanaBrasil

Gauchito Gil é um dos personagens mais emblemáticos da religiosidade popular argentina. Trata-se de um fenômeno de mas-sa,de natureza religiosa e popular, que vem sendo ressignificado pelas classes dominadas ao mesmo tempo que tem sido alvo de investidas por parte da igreja católica. Existe uma clara disputa pela apropriação simbólica do Gauchito. Já não se pode dizer que a sacralidade do gaucho bravio y justiceronão seja um fato coletivo transcendente. Além de resistência cultural, a devoção ao Gauchito tornou-se um sinal de contestação social.

A metamorfose de Antonio Gil Mamerto, gaúcho correntino da segunda metade do século XIX, no emblemático santo popular da atualidade encerra desconcertantes enigmas que interpelam as ciências sociais. Estudos recentes enfatizam a dimensão sagrada dessas manifestações populares. Para compreender o Gauchito é preciso ir além. Ademais do componente sagrado, cumpre con-siderar os motivos da disputa simbólica em torno do fenômeno.

O Gauchito possui alguns traços singulares que o distingue dos demais santos populares. Ao contrário de Isidro Velásquez, bandido como ele, natural da Província de Corrientes, morto pela polícia em 1967, o Gauchito Gil nunca existiu. Não há registro histórico de sua presença. Ele é parte de um relato popular, que descreve um episódio simples, ocorrido em certo tempo e lugar, narrado como se fosse um fato histórico. É uma fábula, portanto, contada e admitida como verdade, mesmo que não o seja por todos.

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PLURAL. ANTROPOLOGÍAS DESDE AMÉRICA LATINA Y EL CARIBE Año 2, Nº 3. Enero-Junio, 2019. ISSN: 2393-7483, ISSN en línea: 2393-7491

Plural Revista semestral de la Asociación Latinoamericana de Antropología (ALA)

Isto tem algumas implicações. A primeira delas é que a crença nos poderes milagrosos do Gauchito depende da força narrativa dos devotos, constituidos por gerações e gerações de ouvintes e narra-dores. O que está em jogo é a aceitação social da história narrada, independentemente dela se basear em fatos reais ou imaginários. Para ser socialmente compartilhada e aceita como verdade, certos requisitos são necessários, e o Gauchito cumpre vários deles. Como bom bandido ou bandido social, admirado e temido pelo povo, ele se converte num autênticoherói romântico, e como talsuas aventuras encerram as críticas enderaçados pelo romantismo à certos aspectos considerados insuportáveis da civilização moderna, como a erosão da vida comunitária e o desencatamento do mundo dominado pelo dinheiro e pela racionalidade técnico-cientifica.

Esta combinação da memóia com a ficção resulta em uma virtualidade que, se não coincide com a historiografia escrita pelo historiador, guarda relação com as esperanças, os desejos de justiça e anseios de igualdade social, repetidas ao infinito pela fábula do Gauchito, como promessas que não se realizaram efetivamente, mas que permaneceram presentes como possibilidades não cum-pridas pela história. Nesse sentido, a saga do Gauchito tem o dom deresgatar do esquecimento uma rede de sociabilidade comunitária perdida e partida; ao mesmo tempo, ela possui a astúcia de encarnar a crítica eo protestoao rompimento daqueles laços imaginários, reconstruindo uma história virtual por meio da qual as injustiças sofridas pelo povo se transformam em poderes mágicos.

As imagens do Gauchito foram feitas em 2015 e 2016 no dia 8 de janeiro, data de celebração da morte do santo bravio e justiceiro, quando devotos de todas as partes da Argentina se dirigem a cidade de Mercedes, na Província de Corrientes, numa peregrinação nacio-nal ao santuário Gauchito Gil, o santo mais popular dos argentinos mais pobres. Espetáculo de cores e explosão da culutra popular, gaúcha e pampeira cujos traços se revelam nas imagens a seguir.

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Imagem do Gauchito Gil

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Carro de devotosa caminho da festa do Gauchito

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Imagens do Gauchito Gil a caminho do Santuário

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Festa dos gaúchos para o Gauchito

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Rosário de Gauchitos para venda durante a festa

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Procisão dos devotos levando a Cruz e a imagem ao altar

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Oferenda a Gauchito Gil

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Devoto tocando a imagem no altar

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Imagens de velas no inicio da noite

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Placas com pedidos de milagre

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Velas próximas ao altar

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Chamas da fé

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Altar do Gauchito Gil à noite

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Imagens do Gauchito desde o altar

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Altar do Gauchito com devotos

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Imagens e velas após a festa

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Imagem do Gauchito após a festa entre placas com pedidos de milagre

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Placa de agradecimento ao milagre concedido

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