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filosofia contemporânea

carlos joão correia 2018-2019 1ºSemestre

Duração MemóriaConsciência - Eu Inconsciente

Intuição InteligênciaMatéria Espaço

Percepção ImagemLiberdade CriaçãoElã Vital Espírito

Qualidade/Quantidade Vida

1. Análise da experiência mental do “asno de Buridan” que tem a sua raiz última num argumento de Aristóteles.

2. Segundo Searle, existe uma diferença entre as propriedades mentais e o comportamento efectivo, permitindo explicar o sentimento de que, mesmo fazendo algo, sentimos que poderíamos ter feito algo diferente.3. Searle sustenta que existem diferentes graus de previsibilidade dos eventos, desde a previsão física de um evento, cuja probabilidade se aproxima de 1, até à previsibilidade do nosso comportamento que, pelo contrário, se aproxima de 0. 4. Segundo Searle, a demonstração empírica da imprevisibilidade do nosso comportamento deriva do facto de qualquer um poder falsificar qualquer previsão que é feita sobre ele. A não ser assim, existiria fatalismo como no caso de Édipo.5. A tese corrente mais comum sobre a relação entre a relação entre liberdade e determinismo é conhecida como “compatibilista” e consiste em afirmar que as nossas acções, apesar de determinadas, não são habitualmente o resultado de coacção. 6. Searle critica o compatibilismo porque o problema está em saber se existem ou não razões suficientes para moldarem deterministicamente o nosso comportamento. Logo, em si mesmo, o compatibilismo puro é uma falsa solução. Como é uma falsa solução fundar a liberdade no “aleatório”. Neste âmbito, analisámos a intuição de Dennett segundo a qual há antes da decisão um momento de indeterminação entre várias opções possíveis (elbowroom).7. Searle apresenta um argumento a favor do determinismo e que consiste na habitual racionalização do comportamento pós-hipnótico. Recusa-o, no entanto, como modelo explicativo universal porque a nossa acção funda-se na propriedade intencional dos estados mentais (crenças, desejos, percepções, pensamentos, emoções, intenções, etc.) que implica uma causalidade não-determinística (psicologicamente não-compulsiva). Mas HankGreen/Ruth Tallman consideram que se juntarmos crença, desejo e temperamento o nosso comportamento pode ser determinado.8. Análise da experiência de Libet como refutação do livre-arbítrio. Segundo Libet, o potencial de resposta cerebral antecede temporalmente a decisão efectiva. Discussão dos limites desta experiência.

Burro de BuridanJean Buridan – c.1301-c.1359/62

“Se alguém tentar expressar em palavras a diferença entre a experiência depercepcionar e a experiência de agir é que, na percepção, se tem esta sensação:«isto está a acontecer-me» e, na acção, a sensação é a seguinte: «Faço istoacontecer.» Mas a sensação de que «faço isto acontecer» traz consigo asensação de que «poderia fazer alguma coisa mais». No comportamento normal,cada coisa que fazemos suscita a convicção válida ou inválida de quepoderíamos fazer alguma coisa mais, aqui e agora, isto é, permanecendoidênticas todas as outras condições. Eis, permito-me afirmar, a fonte da nossainabalável convicção da nossa vontade livre. É talvez importante salientar queestou a analisar a acção humana normal. Se alguém está a braços com umagrande paixão, se alguém se encontra numa cólera intensa, por exemplo, perdeesse sentido da liberdade e pode mesmo surpreender-se ao descobrir o que estáa fazer.”John Searle. Mente, Cérebro e Ciência. Lisboa: Edições 70.1987 [1984], 116.

LIVRE-ARBÍTRIOargumento da acção

“Note-se também que os exemplos compatibilistas docomportamento «forçado» implicam ainda, em muitos casos, aexperiência da liberdade. Se alguém me diz para fazer algoapontando-me uma arma, mesmo em tal caso eu tenho umaexperiência que tem o sentido dos cursos alternativos da acçãonela incrustados. Se, por exemplo, recebo ordens para atravessara rua com a arma a mim apontada, parte ainda da experiência deque sinto que me é literalmente facultado fazer alguma coisa mais.Assim, a experiência da liberdade é uma componente essencial dequalquer caso de agir com uma intenção.”John Searle. Mente, Cérebro e Ciência. Lisboa: Edições 70.1987 [1984], 117.

LIVRE-ARBÍTRIOcrítica ao compatibilismo

“É tentador pensar que, assim, como descobrimosque largas porções do sentido comum nãorepresentam adequadamente o modo como omundo realmente funciona, assim poderíamosdescobrir que a concepção de nós mesmos e donosso comportamento é inteiramente falsa. Mashá limites para esta possibilidade. A distinçãoentre realidade e aparência não pode aplicar-se àgenuína existência da consciência, pois, seaparentemente sou consciente, sou consciente.”John Searle. Mente, Cérebro e Ciência. Lisboa: Edições 70.1987 [1984], 120.

LIVRE-ARBÍTRIOrealidade/aparência

Searle apresenta um argumento a favor do determinismo e que consiste na habitual racionalização do comportamento pós-hipnótico. Recusa-o, no entanto, como modelo explicativo universal porque a nossa acção funda-se na propriedade intencional dos estados mentais (crenças, desejos, percepções, pensamentos, emoções, intenções, etc.) que implica uma causalidade não-determinística (psicologicamente não-compulsiva). Mas Hank Green/Ruth Tallman consideram que se juntarmos crença, desejo e temperamento o nosso comportamento pode ser determinado.

M

O

XY

Bergson. E. 117

“Defensores e adversários da liberdade estão deacordo em fazer preceder a acção por umaespécie de oscilação mecânica entre dois pontosX e Y. Se opto por X, os primeiros dir-me-ão:hesitaste, deliberaste, portanto, Y era possível. Osoutros responderão: escolheste X, logo, tivestealguma razão para o fazer, e quando se declara Yigualmente possível, esquece-se essa razão.”Bergson. E. 118.

“Uns e outros colocam-se depois de realizada aacção X e representam o processo da minhaactividade voluntária com uma estrada MO que sebifurca no ponto O, simbolizando as linhas OX eOY as duas direcções que a abstracção distingueno seio da actividade contínua de que X é otermo.”Bergson. E. 118.

“Se percorro com os olhos uma estrada traçada no mapa, nada meimpede de arrepiar caminho e de investigar se ela se bifurcanoutros locais. Mas o tempo não é uma linha na qual volte apassar. É claro que, uma vez decorrido, temos o direito derepresentar os seus sucessivos momentos como exteriores unsaos outros e de pensar assim uma linha que atravessa o espaço;mas compreender-se-á que esta linha simboliza, não o tempo quedecorre, mas o tempo decorrido. É o que os defensores eadversários do livre-arbítrio esquecem igualmente, os primeirosquando afirmam e os outros quando negam a possibilidade de agirdiversamente de como se agiu.”Bergson. E. 118-119.

“Esta figura não me mostra a acção a realizar-se, mas a acçãorealizada. Não me pergunteis, pois, se o eu, tendo percorrido ocaminho MO e tendo-se decidido por X, podia ou não optar por Y.Responderia que a pergunta não tem sentido, porque não existelinha MO, nem ponto O, nem caminho OX, nem direcção OY.Levantar semelhante questão é admitir a possibilidade derepresentar adequadamente o tempo pelo espaço, e uma sucessãopor uma simultaneidade. É atribuir à figura traçada o valor de umaimagem, e não apenas de um símbolo; é acreditar que se podeseguir o processo de actividade psíquica nesta figura como amarcha de um exército num mapa.”Bergson. E. 118-119.

“Abstraí deste simbolismo grosseiro, cuja ideia, sem saberdes, vosobsessiona; vereis que a argumentação dos deterministas revesteesta forma infantil: “o acto, uma vez realizado, está realizado”; eque os adversários respondem: “O acto, antes de estar realizado,ainda não estava”. Por outras palavras, a questão da liberdade saiintacta desta discussão; e isto compreende-se facilmente, porque épreciso procurar a liberdade num certo cambiante ou qualidade daprópria acção, e não numa relação do acto com aquilo que ele nãoé ou com o que poderia ter sido.”Bergson. E. 120.

“Eis, pois, uma questão vazia de sentido: o acto podia ou não serprevisto, uma vez dado todo o conjunto dos seus antecedentes? Éque há duas maneiras de assimilar estes antecedentes: umadinâmica, a outra estática. No primeiro caso, seremos levados portransições insensíveis a coincidir com a pessoa de que nosocupamos, a passar pela mesma série de estados e a chegarassim ao exacto momento em que o acto se realiza; então já nãose tratará de o prever. No segundo caso, pressupõe-se o acto finalsó porque se fez figurar, ao lado da indicação dos estados, aapreciação quantitativa da sua importância.”Bergson. E. 124.

“Compreendo que nos apercebemos imediatamente, ou em muitopouco tempo, da órbita de um planeta, porque só as suas posiçõessucessivas, ou os resultados do seu movimento, é que importam, enão a duração dos intervalos iguais que os separam. Mas, quandose trata de um sentimento, não há resultados exactos, senão o deter sido sentido; e para apreciar adequadamente estes resultadoseria necessário ter passado por todas as fases do própriosentimento e ocupado a mesma duração.”Bergson. E. 129.

“Dizer que as mesmas causas internas produzem os mesmosefeitos é supor que a mesma causa se pode apresentarrepetidamente no teatro da consciência. Ora, a nossa concepçãode duração tende a afirmar nada mais nada menos que aheterogeneidade radical dos factos psicológicos profundos e aimpossibilidade de dois de entre eles se pareceremcompletamente, já que constituem dois momentos diferentes deuma história [...] Em resumo, se a relação causal existe ainda nomundo dos factos internos, não pode assemelhar-se de nenhumamaneira ao que chamámos causalidade na natureza. Para o físico,a mesma causa interna profunda produz sempre o mesmo efeito;para um psicólogo, que não se deixa desviar por analogiasaparentes, uma causa interna profunda produz o seu efeito umavez, e nunca mais o produzirá.”Bergson. E. 131-132.

“Em síntese: toda a exigência de esclarecimento, noque se refere à liberdade, equivale, sem se dar porisso, à seguinte questão: “poderá o temporepresentar-se adequadamente pelo espaço? – Aoque respondemos: sim, se se trata do tempodecorrido, não se falais do tempo que está a decorrer.Ora, o acto livre produz-se no tempo que decorre, enão no tempo decorrido. A liberdade é, pois, um factoe, entre os factos que se constatam, não há outromais claro.”Bergson. E. 145.

“Veríamos que, se a nossa acção nos pareceu livre, foi porque arelação desta acção com o estado donde derivou não podiaexprimir-se mediante uma lei, visto que tal estado é único no seugénero e jamais se deve reproduzir. [...] O problema da liberdadenasceu, pois, de um mal-entendido: foi para os modernos o que,para os antigos, foram os sofismas da escola de Eleia e, tal comoestes sofismas, tem a sua origem na ilusão pela qual se confundesucessão e simultaneidade, duração e extensão, qualidade equantidade.”Bergson. E. 179.

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