“ferramentas indispensáveis”
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C R I S T I A N I S M O H O J E | J u n h o / J u l h o 2 0 1 2 50
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Entrevista com Gerson Lima
Em tempos de livros cristãos utilitários e com tantos
lançamentos voltados a uma teologia superficial,
muita gente aspira pelo retorno à solidez literária do
passado. “Os clássicos mudam nossa mente e geram
frutos para a eternidade”, diz um desses entusiastas, Gerson
Lima – não por acaso, publisher da Editora dos Clássicos. Apai-
xonado por esse tipo de obra desde
1988, quando se viu sufocado pelas
exigências do seminário teológico e
faminto por conteúdos mais profun-
dos acerca da Palavra de Deus, Lima é
criterioso no que publica. “Buscamos
sempre a direção divina para nosso
trabalho”, garante. Segundo ele, não
falta espaço para os clássicos – “O
que falta é investimento das igrejas
e lideranças”, aponta.
CRISTIANISMO HOJE – Apesar da relevância das obras clássicas, com-provada pela história, os catálogos e livrarias não têm tanto espaço para elas. Qual é o efeito disso?GERSON LIMA – Temos uma geração
cristã superficial e pragmática como
resultado do que a liderança está colo-
cando na mesa como alimento. O momento é muito delicado,
pois o ramo editorial transformou-se num negócio e deixou
de lado sua missão e compromisso com Deus. Publica-se o
que se vende, e não o que promove a glória de Deus. Como
disse A.W. Tozer, temos que decidir o que não ler. Há muita
areia e pouco ouro.
Até o termo “clássico” sofreu uma redução de sentido, passando a designar, muitas vezes, bestsellers...Realmente. O termo hoje sofre uma banalização por causa de
certas estratégias duvidosas de propaganda. Mas os clássicos
cristãos são obras geradas pelo encargo do Espírito Santo, por
meio de homens que foram forjados na escola de Cristo. São
obras aprovadas pelo tempo, que mudam o curso da história
e, sempre que são lidas, colocam-nos em contato com o céu.
Que obras merecem ser chamadas de clássicas, em sua opinião?Há obras que não podem faltar na biblioteca de qualquer leitor: A
história dos hebreus, de Flávio Josefo (CPAD); O livro dos mártires, de
John Fox, e O peregrino, de John Bunyan (Mundo Cristão); Cristianismo
puro e simples, de C.S. Lewis (Martins Fontes); Confissões, de Santo
Agostinho (Paulus), O Sermão do Monte, de Martin Lloyd-Jones (Fiel);
A morte da razão, de Francis Schaeffer
(ABU), e vários outros. Entre os escri-
tores nacionais, posso destacar As duas
naturezas do Redentor, de Heber Carlos
de Campos. Mas também recomendo
algumas obras de Augustus Nicodemus
Lopes e Hernandes Dias Lopes, que,
creio, logo se tornarão clássicos.
Do que ainda não saiu em portu-guês, o que a Editora dos Clássicos pretende publicar?Ainda falta muita coisa boa. Temos o
alvo de publicar as obras de G.Campbell
Morgan, considerado mundialmente o
príncipe dos expositores da Bíblia. Suas
obras são consideradas por muitos o que
há de melhor na categoria expositiva
e de espiritualidade, mas não há nada
dele em português. E seguiremos publi-
cando os clássicos de T.Austin-Sparks. Segundo Christian Chen, Sparks
e Tozer são considerados os maiores profetas do século 20.
O que fazer para despertar o interesse de editores, leitores e formadores de opinião cristãos para a importância dos clássicos?Em primeiro lugar, é preciso entender essa importância. Os clássicos,
como voz profética, são luz na escuridão da apostasia do cristia-
nismo secularizado, apontando o rumo da vontade de Deus para
seu povo. Também são excelentes ferramentas apologéticas, pois
reavivam nossa comunhão com Deus, fincam nossos pés na Palavra
e nos inspiram a uma vida santa de pregação. A Igreja deveria ser
uma oficina de pensadores, constituídos pela Palavra e treinados
para os múltiplos serviços cristãos. Nesse caminho, os clássicos são
ferramentas indispensáveis.
Gerson Lima, da Editora dos Clássicos: “A Igreja deveria ser uma oficina de pensadores”
“Ferramentas indispensáveis”Para o publisher Gerson Lima, obras clássicas são essenciais à Igreja do século 21
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