farmacoeconomia: introdução, conceitos basicos, métodos e

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Farmacoeconomia: Introdução, conceitos basicos, métodos e aplicações

Dr. Gaparayi Patrick

Farmacêutico, Mestre em Economia de Saúde e Farmacoeconomia

Director do Projecto de SIAPS em Angola financiado pelo USAID

Management Sciences for Health (MSH)

2A SEMANA DA FARMACIA ANGOLANA HCTA-Luanda, 06-07 DE SET 2015

“O melhor médico prescreve o mínimo de medicamentos”

Introdução Os avanços da ciências medicas e farmacêuticas e suas

aplicabilidades clínicas diárias têm sido recompensado com melhores resultados em saúde:

◦ Aumentar a duração e a qualidade de vida;

◦ Aumentar as taxas de cura em situações clínicas definidas

◦ Reduzir a dor e o sofrimento

◦ Recuperar a capacidade funcional e profissional

Infelizmente, estes benefícios têm sido frequentemente acusados de estarem associados a aumentos dos custos em saúde

O que é a farmacoeconomia?

A chamada farmacoeconomia é a aplicação da economia ao estudo dos medicamentos com a optimização da utilização de recursos financeiros sem prejuízo à qualidade do tratamento

A farmacoeconomia abrange a descripção, a análise e a comparação dos custos e das consequências de terapias medicamentosas para os pacientes, os sistemas de saúde e a sociedade, com o objectivo de conciliar as necessidades terapêuticas com as possibilidades de custeamento.

CONCEITOS CHAVE DA ECONOMIA: 1. Escassez de recursos

“Não há e nunca haverá recursos suficientes para satisfazer todas as

necessidades e o querer do ser humano”.

Necessidades ilimitadas X

Recursos productivos finitos

= ESCASSEZ ESCOLHA

Processo de Escolha

1. O que fazer ? 2. O que deixar de fazer?

O QUE É A ECONOMIA?

“A Economia é a ciência da escassez e da escolha. Ela analisa o modo pelo qual os indivíduos estruturam e priorizam seu consumo pessoal na tentativa de maximizar o bem-estar dentro de um contexto de recursos escassos.” Walley, Haycox and Bolland (2004, p.1)

Escassez, Escolha e Custo de oportunidade

Custo em Farmacoeconomia

O Valor ≠ O Preço

Custos directos: implicam retirada financeira real e imediata, como o uso de materiais e medicamentos, salários de profissionais de saúde (horas trabalhadas), exames realizados, despesas administrativas e outros eventos.

Custos indirectos: consistem em ganhos não realizados, envolvem o próprio paciente e seus acompanhantes, por exemplo, perda temporária ou definitiva da capacidade de trabalho, alteração na qualidade de vida, etc.

Custo em Farmacoeconomia

Observação: Muitos autores fazem referência aos chamados custos

intangíveis, representados por dor, sofrimento, incapacidade e perda da qualidade de vida. ◦ São o ônus psicológico que estes factores representam, mas

não podem ser avaliados em valores monetários.

É interessante perceber que em muitos casos os custos indirectos ultrapassam os custos directos no custo total de algumas enfermidades.

http://multiple-sclerosis-research.blogspot.com/2015/02/education-developing-drugs-crossing.html

Investigação & Desenvolvimento de tecnologias de saúde muito arriscado e caro

Assuntos farmacoeconômicos: o custo

Assuntos farmacoeconômicos: o custo

• O mercado farmacêutico global, vale a pena US$ 300 a US$ 400 bilhões por ano

• As 10 maiores empresas farmaceuticas controlam mais de um terço desse mercado, vários com vendas de mais de US $ 10 bilhões por ano e margens de lucro de cerca de 30%.

• As empresas farmaceuticas gastam um terço de todas as receitas de vendas na comercialização de seus produtos - cerca de duas vezes o que gastam em investigação e desenvolvimento.

Influência do mercado farmacêutico global

Empresas farmacêuticas em Top 10

Fonte: http://www.pharmexec.com/taking-flight-pharm-execs-top-50-pharma-companies

A margem de lucro média das 5 principais áreas industriais (2013)

Aumento dos preços de medicamentos de prescrição mais vendidos ao longo dos últimos 7 anos...

http://edgytruth.com/2015/10/02/the-9-most-expensive-medicines-in-the-world/

Os 9 medicamentos mais caros do mundo

(4) Elaprase: $375.000/ano (3) Vimizim: $380.000/ano

(2) Soliris: $440.000/ano (1) Glybera: $1.21 million/ano

http://edgytruth.com/2015/10/02/the-9-most-expensive-medicines-in-the-world/

Os 9 medicamentos mais caros do mundo

(9) Myozyme: $100.000 $300,000/ano $(8) Acthar: 300.000/ano

(7) Folotyn: $320,000/ano (6) Cinryze: $350,000/ano (5) Naglazyme: $365,000/ano

As Abordagens na Medição dos Custos Indiretos Há três abordagem para se medir os custos indiretos nos estudos de farmacoeconomia:

Abordagem do capital humano (human capital approach);

Abordagem da fricção (friction approach);

Abordagem da disposição a pagar (willingness approach).

As Abordagens na Medição dos Custos Indiretos

Capital humano é o conhecimento, as habilidades e a experiência que tornam um indivíduo mais productivo e, assim, capaz de auferir rendas maiores durante a vida.

Na abordagem do capital humano, os custos indiretos geralmente são avaliados com base na morbidade, incapacidade ou mortalidade prematura.

As Abordagens na Medição dos Custos Indiretos Willingness-to-Pay Approach: A vida é avalida de acordo com o que os indivíduos estão dispostos a pagar por uma mudança que reduza a probabilidade de morte ou doença.

Esta abordagem é útil para indicar como os indivíduos valorizam a vida e a saúde quando deriva-se preferências sociais para políticas públicas.

As Abordagens na Medição dos Custos Indiretos Os custos de fricção mede as perdas de produção durante o período de substituição do trabalhador doente, isto é, entre o início de sua ausência no trabalho e a sua substituição definitiva. Incluem os custos associados com o

montante de tempo associado a substituição de um trabalhador doente, aos custos de treinamentos para um trabalhador novo ou temporário e os custos referentes a redução de productividade durante a ausência do trabalho do trabalhdor adoentado.

Resultados medidos em Farmacoeconomia

CLÍNICOS

ECONÔMICOS HUMANÍSTICOS

Os resultados são os impactos ou consequências de intervenções na saúde, podendo ser expressos em unidades monetárias, clínicas e humanísticas.

Análises econômicas mais comuns (metódos economicos)

Análise de custo-minimo (ACM)

Análise custo-benefício (ACB)

Análise custo-efectividade (ACE)

Análise custo-utilidade (ACU)

Análises econômicas: comparação

METODO CUSTOS DESFECHO FOCO

ACM UNIDADE MONETÁRIA

UNIDADE MONETÁRIA

Simplicidade e Rapidez

ACB UNIDADE MONETÁRIA

UNIDADE MONETÁRIA

Eficiência Alocativa

ACE UNIDADE MONETÁRIA

Unidades Naturais (anos de vida ganho)

Custos para obter uma unidade de desfecho

ACU UNIDADE MONETÁRIA

Unidade Natural (QALYs)

Custo para obter uma unidade QALY

Desfecho: Todas as mudanças possíveis nas condições de saúde que podem ocorrer para uma população definida ou pode estar associado com a exposição para uma intervenção. Isto inclui mudanças na qualidade e quantidade de vida como um resultado de detecção ou tratamento de doenças quando presentes.

Análises econômicas: comparação

BENEFÍCIO : Dias de hospitalização evitados, dias de trabalho que deixaram de ser perdidos , materiais, mão-de-obra, equipamentos que puderam ser redistribuídos

EFECTIVIDADE Anos de vida ganhos, vidas salvas, redução de colesterol, mm Hg de pressão arterial reduzidos, Número de casos prevenidos , tempo de sintomas, redução de taxa de recidiva, etc

UTILIDADE Anos de Vida Ajustados por Qualidade

(AVAC ou QALY)

Anos de Vida Ajustados por Qualidade (QALYs)

Paradigmas a serem quebrados “O importante é comprar o mais barato”. “Estudos farmacoeconômicos são aplicados só

a produtos caros”. “Custo de tratamento= preço x tempo”. “Preço é o mesmo que custo”. “ Tudo o que é mais caro é a melhor opção”

Tendências para optimização do Sistema de Saúde

Uso racional de novas tecnologias.

Controle de taxas e duração da internação.

Redução dos custos hospitalares.

Programas de prevenção.

Medicina Baseada em Evidência.

Farmacoeconomia

Conclusão O objectivo da economia não é poupar dinheiro,

mas sim o de fazer o máximo com os recursos disponíveis.

O campo de pesquisa de farmacoeconomia está em evolução e torna-se cada vez mais necessário na avaliação de tecnologias em saúde.

O objectivo de uma avaliação econômica não deve ser cortar custos, mas sim, usar os recursos escassos de forma mais eficiente para melhor qualidade no cuidado à saúde da população.

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