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246 | PÓS EM REVISTA
FARMÁCIAS COMUNITÁRIAS E O ATENDIMENTO AOS CASOS DE GRIPE:
medicamentos de venda livre e o uso racionalNatália Vasconcelos Silva de Brito*
Elias Borges do Nascimento Júnior**
RESUMO: A gripe e o resfriado são infecções respiratórias agudas. Doenças de origem viral que acometem principalmente as vias aéreas superiores, podendo
causar cefaléia, mialgia e febre. São diagnosticadas pelo quadro clínico e tratadas, basicamente, com medicamentos de venda livre. Os medicamentos de
venda livre podem ser propagandeados para a população leiga por vários meios de comunicação, o que produz um aumento no consumo desses medicamen-
tos e consequentemente o aumento do número de intoxicações por fármacos. O objetivo deste trabalho é mostrar a importância do papel do farmacêutico na
orientação aos pacientes que fazem uso de medicamentos de venda livre para favorecer o uso racional desses fármacos, e também, a importância de propiciar
treinamento adequado aos funcionários, para que estes também sejam fonte de informações corretas.
PALAVRAS-CHAVE: Gripe; resfriado; medicamento de venda livre; uso racional de medicamentos; propaganda de medicamentos, indicação farmacêutica.
INTRODUÇÃO
As causas mais frequentes de infecções das vias aéreas
estão relacionadas à gripe e ao resfriado. Essas doenças têm
distribuição global, elevada transmissibilidade e possuem mar-
cada sazonalidade. Podem ser causados por vários agentes
virais, por exemplo: Influenza, rinovírus, coronavirus, adeno-
vírus, entre outros (CASTRO, 2008; CAMPAGNA, et al., 2009;
MASSUNARI, et al., 2009).
Segundo o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) 60 milhões de pessoas ficam gripadas ou resfriadas por
ano nos Estados Unidos, e dessas, 25 milhões procuram aten-
dimento médico. Estima-se que, anualmente, cerca de 10% da
população mundial apresenta um episódio de Influenza (CAS-
TRO, 2008; FORLEO-NETO, et al., 2003).
O principal agente etiológico da gripe é o vírus Influenza.
Esses vírus sofrem mutações sazonais facilmente, o que gera
ausência de imunidade duradoura. O resfriado comum é cau-
sado principalmente pelo rinovírus (30 a 50%), que também
sofre mutações com facilidade. A existência de mais de 100
sorotipos de rinovírus também dificulta a produção de vacinas
eficazes (CASTRO, 2008; MASSUNARI, et al., 2004; FORLEO-
NETO, et al., 2003).
O quadro de sintomas mais frequente da gripe é febre,
calafrios, cefaleia, tosse seca, dor de garganta, congestão na-
sal ou coriza, mialgia, anorexia e fadiga. Em adultos e crianças
saudáveis, a doença pode durar de uma a duas semanas. O
resfriado causa dor e desconforto faríngeo, congestão nasal,
espirros e coriza (CASTRO, 2008; FORLEO-NETO, et al., 2003;
MASSUNARI, et al., 2004).
A gripe e o resfriado são diferenciados pelo quadro clínico. As
manifestações sistêmicas são mais intensas na gripe, tornando
os sintomas de vias aéreas, sintomas que mais incomodam no
resfriado, problemas secundários (PITREZ, P.; PITREZ, J., 2003).
Essas doenças têm curso benigno, todavia, os idosos,
crianças, indivíduos imunocomprometidos e portadores de do-
enças crônicas podem desenvolver complicações como pneu-
monias virais e bacterianas, além de descompensação de do-
enças pré-existentes que necessitem de internação hospitalar
(CASTRO, 2008).
A gripe causa 25 milhões de consultas médicas anuais,
centenas de milhares de internações e vários dias de trabalho
perdidos, o que gera um grande impacto econômico estimado
em 12 bilhões de dólares anuais nos Estados Unidos (MASSU-
NARI, et al., 2004).
O tratamento da gripe e do resfriado consiste em minimizar
os sintomas, pois como é uma doença autolimitada, o próprio
corpo pode destruir o vírus. Os medicamentos indicados nesse
tratamento são chamados “medicamentos para o tratamento
sintomático da gripe”, já que o termo “antigripal” é utilizado
para denominar medicamentos antivirais, que interferem na
multiplicação dos vírus como, por exemplo, os inibidores da
neuraminidase, ou métodos de imunização, como as vacinas
(MASSUNARI, et al., 2004).
Existe uma grande variedade de medicamentos cuja pro-
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posta é aliviar os sintomas dessas doenças. As classes mais
utilizadas são: descongestionantes de uso tópico ou sistêmico;
expectorantes/mucolíticos; antitussígenos; antipiréticos; medi-
camentos para cefaleia; vitaminas e outros (BRICKS, 1995).
Por ser uma doença comum na população, algumas pesso-
as não procuram ajuda médica e instituem seu próprio tratamen-
to. Tratamentos estes feitos à base de medicamentos para alívio
dos sintomas. De fácil acesso, eles despertam nos pacientes/
clientes a falsa crença de que são totalmente seguros e não tra-
zem malefícios à saúde (BRICKS, 1995).
Por esse motivo, é necessário que o farmacêutico esteja
preparado para intervir e orientar pacientes que procurem por
esses medicamentos nas farmácias. O farmacêutico deve realizar ações que favoreçam a utilização corre-ta do fármaco.
Existe a dificuldade de o farmacêutico atender a todos os
pacientes que chegam à farmácia, portanto ele deve contemplar
informações pertinentes aos casos de medicamentos de venda
livre nos treinamentos dos seus funcionários, sempre chamando
sua atenção para que nos casos mais complicados procurem
seu auxilio. Assim o farmacêutico estará, de fato, atuando em
busca do uso racional destes medicamentos.
O objetivo deste trabalho é esclarecer a importância da inte-
ração e intervenção do farmacêutico com o paciente na farmácia
comunitária, visando promover o uso racional dos medicamen-
tos indicados para tratamento sintomático da gripe como estra-
tégia para minimizar intoxicações e efeitos adversos causados
por esses fármacos.
MÉTODO
Pesquisa bibliográfica não sistemática utilizando a Bibliote-
ca Virtual em Saúde e o portal Capes.
Os descritores utilizados na busca foram: gripe, resfriado
comum, gripe humana, infecção respiratória aguda, tratamento
da gripe, medicamentos para gripe, prevenção da gripe, me-
dicamentos de venda livre, transtorno menor, automedicação,
propaganda de medicamentos, uso racional de medicamentos,
indicação farmacêutica e prescrição farmacêutica.
O critério de inclusão dos artigos foi: a disponibilidade do
texto na íntegra, o tema principal (gripe e resfriado comum) e
os artigos que priorizavam discussões acerca do tratamento e
prevenção de gripes e resfriados. Foram excluídos os artigos
que abordavam as gripes suína e aviária como tema principal.
Não houve critério de exclusão referente à utilização de
apenas artigos científicos. Alguns textos de opinião e editoriais
também foram selecionados para análise. Foram excluídos os
artigos com conflito de interesse declarado.
DESENVOLVIMENTO
A GRIPE E O RESFRIADO
A gripe e o resfriado fazem parte do grupo de Infecções
Respiratórias Agudas (IRA) que são as principais causas de
morbidade e mortalidade no mundo. A Organização Mundial de
Saúde (OMS) estima que as IRA causem quatro milhões de óbi-
tos por ano no mundo (FARHAT, et al., 2002).
Ambas apresentam curso benigno, na maioria das vezes.
O próprio corpo é capaz de eliminar o vírus entre 3 e 10 dias. A
gripe tem duração média de uma a duas semanas, os resfriados
de 7 a 10 dias, quando não há complicações (CASTRO, 2008;
FORLEO-NETO et al., 2003).
Mesmo sendo doenças comuns e de bom prognóstico, o
grande número de pessoas infectadas causa várias consultas
médicas e um grande consumo de recursos diretos, com o trata-
mento e hospitalização em casos mais complicados, e indiretos
como faltas no trabalho e na escola (CASTRO, 2008).
Um entre dez adultos apresenta a infecção por ano. A inci-
dência, relatada por clínicas, é de mais de 30% da população
pediátrica atendida, contudo a maior taxa de mortalidade ocorre
em idosos, 10.000 a 40.000 óbitos nos EUA, em cada época
sazonal da doença (MASSUNARI, et al., 2004).
Os grupos mais susceptíveis a complicações causadas por
gripes e resfriados que levam a hospitalização e até óbito, são
idosos, portadores de doenças cardiopulmonares, indivíduos
imunossuprimidos, gestantes, portadores de doenças metabóli-
cas e crianças de até um ano (FARHAT, et al., 2002).
Esses grupos de risco são os que mais necessitam de in-
ternação, sendo eles os que contam mais no número de óbitos
por gripes e resfriados no mundo, esses grupos de risco são
os mais propensos a contrair infecções bacterianas, pneumonia
viral e/ou bacteriana além do risco de descompensação de do-
enças pré-existentes. Essas populações são normalmente alvo
de políticas pró-imunização e de prevenção (CASTRO, 2008;
FORLEO-NETO et al., 2003).
INFLUENZA – O AGENTE CAUSADOR DA GRIPE
O principal causador da gripe é o vírus Influenza. Ele per-
tence à família Orthomyxoviridae. São vírus que possuem como
material genético uma fita simples de RNA e são envelopados
(CASTRO, 2008; FORLEO-NETO, et al., 2003).
Existem três sorotipos do vírus Influenza: A, B e C, sendo
que apenas os sorotipos A e B causam doenças em humanos.
Os vírus do sorotipo A também infectam outros animais, como
porcos e aves (CASTRO, 2008; FORLEO-NETO, et al., 2003).
O principal causador de epidemias e pandemias em hu-
manos é o vírus do sorotipo A. Os vírus deste sorotipo apre-
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sentam maior variação que os outros sorotipos e são dividi-
dos em subgrupos, essa divisão é realizada com base nas
diferenças das glicoproteínas da membrana viral (CASTRO,
2008; FORLEO-NETO, et al., 2003).
Existem duas glicoproteínas marcadoras desse sorotipo (FIG.
1), a hemaglutinina (H) e a neuraminidase (N). No total, foram iden-
tificados 15 hemaglutininas e 9 neuraminidases em várias espécies
animais, apenas três hemaglutininas (H1, H2 e H3) e duas neurami-
nidases (N1 e N2) foram identificadas em vírus infectando humanos
(CASTRO, 2008; FORLEO-NETO, et al., 2003).
A imunidade contra esses vírus é gerada pela produção
de anticorpos específicos para essas proteínas de membra-
nas. O vírus Influenza tem alta capacidade de adaptação e
durante a fase de replicação podem ocorrer mutações nas
principais proteínas de membrana H e N (FORLEO-NETO, et
al., 2003).
O vírus Influenza penetra nas células epiteliais colunares
que revestem o trato respiratório através da interação entre
Hemaglutinina e o ácido siálico, receptor presente na célula
hospedeira. Após a entrada do vírus o canal iônico M2 permi-
te a acidificação do núcleo viral para que haja a liberação do
RNA, assim inicia-se o processo de replicação do RNA viral e
produção de proteínas virais (ALMEIDA, et al., 2009).
Após a replicação de RNA e a produção de novas proteí-
nas acontece a germinação dos novos vírus e a sua liberação,
intermeada pela proteína Neuraminidase que rompe a ligação
entre os vírions recém-formados e o ácido siálico (ALMEIDA,
et al., 2009).
O processo de reprodução dura de 1 a 4 dias (FIG. 2).
Após este período de incubação, os vírus se misturam no
muco e estão prontos para serem espalhados (FORLEO-NE-
TO et al., 2003).
As epidemias de Influenza são geradas pela ocorrência des-
sas pequenas mutações que produzem mudanças pontuais em
aminoácidos das glicoproteínas, principalmente na hemaglutini-
na, essas pequenas mutações chamadas drifts tornam o vírus
resistente aos anticorpos produzidos por infecções prévias e/ou
vacinação (CASTRO, 2008; FORLEO-NETO, et al., 2003).
Foi observado que a cada período de 1 a 3 anos surge uma
nova epidemia de Influenza, principalmente durante o inverno,
quando o ar está mais seco e o tempo frio faz com que as pes-
soas fiquem mais próximas e com o ambiente mais fechado,
o que facilita a disseminação e infecção pelo vírus (FORLEO-
NETO, et al., 2003).
Existem mutações onde há uma maior variação no mate-
rial genético dos vírus como, por exemplo, a substituição de um
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segmento completo do genoma viral que produz uma nova pro-
teína de membrana, essas mutações são chamadas shifts e são
as causadoras das pandemias. Casos de pandemias são mais
irregulares, estima-se que elas ocorram a cada 30 ou 40 anos
(FORLEO-NETO, et al., 2003).
Essas variações são geradas pela recombinação do mate-
rial genético de vírus que infectam humanos e vírus que infectam
outros animais, nesses casos um vírus que causaria doenças
apenas em animais torna-se capaz de infectar os humanos
(FORLEO-NETO, et al., 2003).
Nos casos de grandes mutações, a maioria da população
não tem imunidade nenhuma contra esses novos vírus então, a
doença é disseminada rapidamente e dependendo da virulên-
cia da cepa pode causar milhões de mortes (CASTRO, 2008;
FORLEO-NETO, et al., 2003).
A maior pandemia de gripe que se tem notícia ocorreu em
1918 e foi chamada Gripe espanhola. A letalidade da doença foi
atribuída principalmente às infecções bacterianas que se insta-
laram na população já debilitada pela fome e pelas condições
insalubres de vida (GÉRVAS, 2009).
Outros casos recentes são a gripe aviária de 2005 e a gripe
suína de 2009 que causaram pânico na população mundial. A
previsão da OMS era que sete milhões de pessoas morreriam
em decorrência da pandemia de gripe aviária, no entanto o nú-
mero de óbitos foi bem menor, 262 (GÉRVAS, 2009).
Observando isso conclui-se que não se deve alarmar a po-
pulação com informações iniciais e tratar a gripe corretamente
com boa alimentação, repouso, reposição hídrica, boa higiene
e, no caso de sintomas mais graves, buscar ajuda médica (GÉR-
VAS, 2009).
RINOVÍRUS – PRINCIPAL CAUSADOR DOS RESFRIADOS
Existem vários vírus capazes de causar o resfriado comum.
O parainfluenza, vírus sincicial respiratório, adenovírus e entero-
vírus são agentes causadores de resfriado comum. Juntos eles
respondem por cerca de 20% dos casos de resfriados. Contudo,
os quadros gerados por esses vírus têm uma variedade maior
de sintomas e gravidade (CASTRO, 2008).
Os rinovírus pertencem à família Picornaviridae e são do
gênero Enterovírus. São os maiores causadores de resfriado
comum, respondem sozinhos por 30 a 50% dos casos. Existem
três espécies de rinovírus que infectam humanos, HRV-A, HRV-B
e HRV-C, e mais de 100 sorotipos foram identificados (CASTRO,
2008; FRY et al., 2011).
O quadro de sintomas gerado pela infecção por rinovírus é
geralmente o mesmo, baixa intensidade e restritos ao trato res-
piratório superior, o tempo de incubação até o aparecimento dos
sintomas é de dois a três dias (CASTRO, 2008).
Transmissão, contágio e sintomas de gripes e resfriados.
A maneira como os vírus causadores de resfriados e gri-
pes contaminam as pessoas é basicamente a mesma. O doente
transmite o vírus por aerossóis produzidos por espirros, tosses
e até pela fala. O potencial de transmissão é aumentado quan-
to mais fechado for o ambiente em que o doente se encontra.
(FORLEO-NETO et al., 2003; CASTRO, 2008; PITREZ, P.; PI-
TREZ, J., 2003).
Outra forma de transmissão é o contato direto do indivíduo
sadio com secreções ou objetos contaminados, em que ocorre
a auto-inoculação do vírus, ao levar a mão à boca ou coçar os
olhos (CASTRO, 2008; PITREZ, P.; PITREZ, J., 2003).
O auge da capacidade de transmissão do vírus está com-
preendido entre 24 horas antes do início dos sintomas e até dois
dias após o início do período sintomático. Existe uma
preocupação maior com a população de crianças doentes, pois
já foi observado que elas transmitem o vírus por mais tempo que
os adultos (CASTRO, 2008; PITREZ, P.; PITREZ, J., 2003).
Os sintomas de gripes e resfriados são parecidos. Os qua-
dros sem complicações apresentam sinais e sintomas caracte-
rísticos, como, cefaleia, tosse seca, dor de garganta, conges-
tão nasal ou coriza, mialgia, anorexia e fadiga (CASTRO, 2008;
FORLEO-NETO et al., 2003).
A febre alta (entre 38 a 40ºC, com duração de um a três
dias, pico nas primeiras 24 horas) é característica da gripe, já o
resfriado pode apresentar um estado febril, ainda assim muito
menos intenso (CASTRO, 2008; FORLEO-NETO et al., 2003).
O resfriado tem quadros nasofaríngeos muito relevantes
como: dor e desconforto faríngeo, congestão nasal, espirros
e coriza, onde a secreção nasal pode se tornar espessa e até
purulenta, o que não significa necessariamente contaminação
bacteriana (CASTRO, 2008).
Esse quadro é causado principalmente pelas alterações in-
flamatórias que a entrada dos vírus causa. Primeiramente esse
processo inflamatório aumenta a permeabilidade dos vasos e
isso gera a congestão nasal e a coriza, que no início tem aspecto
aquoso (CASTRO, 2008).
A reação inflamatória também compromete o funcionamen-
to do aparelho mucociliar gerando um acúmulo de muco nos
seios da face o que aumenta a viscosidade da coriza, podendo
ela adquirir aspecto purulento, sendo até confundida com sinu-
site bacteriana (CASTRO, 2008).
O acúmulo do muco nos seios da face e o comprometi-
mento do aparelho mucociliar, que também compromete a tuba
auditiva, cria uma condição ideal para o aparecimento de infec-
ções bacterianas, sinusite e otite média aguda (CASTRO, 2008).
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DIAGNÓSTICO DE GRIPES E RESFRIADOS
A identificação do vírus só é necessária em situações de
epidemias, pois as autoridades sanitárias podem utilizar infor-
mações sobre a área de aparecimento do vírus para melhor con-
trole ou prevenção da epidemia. As técnicas de detecção são:
cultura de swab com secreção nasal, testes imunoenzimáticos
e a pesquisa do vírus com técnicas de biologia molecular (CAS-
TRO, 2008; PITREZ, P.; PITREZ, J., 2003).
Na prática, o diagnóstico da gripe é feito apenas com base
no quadro clínico, porém, existe certa dificuldade em relação a
esse diagnóstico. Os sintomas apresentados não são totalmen-
te específicos e a gripe e o resfriado podem ser confundidos
com doenças bacterianas como, por exemplo, sinusite ou farin-
goamigdalite, essa dificuldade acaba gerando um excesso de
prescrições de antimicrobianos (PITREZ, P.; PITREZ, J., 2003).
A própria diferenciação entre gripe e resfriado é complicada.
O que ajuda a distinguir uma doença da outra é a intensidade
de alguns sinais e sintomas. A mialgia, febre, e a prostração são
muito mais intensas na gripe. No resfriado, a coriza, dor de gar-
ganta e congestão nasal incomodam mais o doente (CASTRO,
2008; PITREZ, P.; PITREZ, J., 2003).
Algumas informações como a situação da circulação do ví-
rus da gripe nas comunidades e informes sobre epidemias de
gripe podem ajudar no diagnóstico (FORLEO-NETO et al., 2003).
PREVENÇÃO E TERAPIA NÃO FARMACOLÓGICA PARA GRIPE E RES-
FRIADO
O farmacêutico é parte importante da equipe multidisciplinar
de atendimento a saúde, seu papel nesta equipe é informar o
paciente e esclarecer qualquer dúvida que ele tenha quanto a
sua terapia que não é composta apenas de fármacos, medidas
não farmacológicas e de prevenção também fazem parte do tra-
tamento para buscar e manter a saúde (GALATO, et al., 2009).
Pensando em um possível atendimento o farmacêutico
deve ter o conhecimento das medidas não farmacológicas e de
prevenção de gripes e resfriados para que possa orientar ade-
quadamente o paciente.
As maneiras de prevenção da gripe são simples. Segundo
o CDC, a primeira providência é a vacinação. A vacina é uma
maneira de adquirir imunidade contra o vírus, assim quando o
organismo entra em contato ele já tem anticorpos para combater
a doença (CDC, 2011).
No Brasil a vacinação é o principal método de profilaxia da
gripe e está relacionada com a diminuição dos casos de com-
plicações como infecções bacterianas e pneumonias, principal-
mente em idosos (FARHAT, et al., 2002; ALMEIDA, et al.).
Um inconveniente das vacinas é que todo ano elas preci-
sam ser modificadas, pois o vírus da gripe sofre mutações que
precisam ser atualizadas para que a vacina seja eficaz. Ela é
composta basicamente por três cepas, duas do sorotipo A
(H1N1 e H3N2) e uma do sorotipo B (FARHAT et al., 2002; AL-
MEIDA et al., 2009).
A vacinação deve ocorrer sempre na época que precede
o inverno. É aprovada para indivíduos acima de seis meses
de vida e no Brasil ela é gratuitamente distribuída para idosos,
crianças, grávidas, portadores de doenças crônicas, indivíduos
imunocomprometidos e profissionais da área da saúde (ALMEI-
DA et al., 2009).
Alguns autores acreditam que a eficiência da vacina é ques-
tionável, pois a proteção conferida por ela é bem limitada. Em
crianças e adolescentes sua efetividade é de apenas 33% e inútil
em menores de dois anos e a eficácia em adultos e idosos não
é comprovada (GERVÁS, 2009; RIERA, 2009)
Outra medida de prevenção é a higiene adequada. Lavar
as mãos com água e sabão sempre que usar o banheiro, quan-
do chegar da rua e antes de se alimentar, ou usar álcool gel.
Evitar levar as mãos ao nariz ou coçar os olhos, quando tossir,
cobrir a boca (de preferencia com um lenço descartável), evitar
contato próximo com doentes, e quando doente usar mascara
cirúrgica simples e evitar o contato com pessoas sadias para
não contaminá-las (CDC, 2011; ALMEIDA et al., 2009; RIERA,
2009, GERVÁS, 2009).
O CDC ainda recomenda que quando o indivíduo contrair
gripe deve procurar o médico para ver a possibilidade de utilizar
um medicamento antiviral. Esse método, seja para tratamento
ou prevenção, é duvidoso e não apresenta boa relação risco/
beneficio, pois reduz pouco os dias de doenças e frequente-
mente causam efeitos adversos como vômitos e até alterações
neuropsiquiátricas (CDC, 2011; GERVÁS, 2009).
Os medicamentos utilizados neste caso são de dois tipos,
um bloqueador de canal iônico M2 (impede a liberação do RNA
viral), no entanto estes fármacos não são boa escolha, pois o
desenvolvimento de resistência a ele é comum, até um terço da
população tratada. Outro medicamento é o inibidor da neurami-
nidase (necessária para liberação dos novos vírus) que podem
diminuir o tempo de doença, e consequentemente evitar com-
plicações. Esses medicamentos são opções no tratamento de
pessoas com grande risco de complicações, porém, só podem
ser usados se prescritos por um médico (CDC, 2011; ALMEIDA
et al., 2009).
As medidas não farmacológicas indicadas em casos de gripes
e resfriados são: reposição hídrica, repouso e boa alimentação. Es-
sas medidas ajudam no fortalecimento do corpo e do sistema imu-
nológico, que poderá destruir o vírus (CDC, 2011; GERVÁS, 2009).
PÓS EM REVISTA l 251
A febre pode ser combatida, juntamente com o tratamento
farmacológico, utilizando compressas de água fria ou banhos
frios, que favorece o aumento da velocidade de redução de tem-
peratura corporal (WANNMACHER; FERREIRA, 2004)
O farmacêutico deve sempre orientar sobre essas medidas
não farmacológicas, pois elas ajudam no fortalecimento do corpo
e na recuperação, para que a doença seja menos grave e dure
menos tempo.
TRATAMENTO DE GRIPES E RESFRIADOS
O que se trata da gripe são os sintomas, entretanto nem to-
dos os indivíduos que apresentem sintomas da gripe podem ser
tratados sem antes se consultar com um médico. Alguns casos
são complicados e necessitam de atenção médica, principalmen-
te os idosos e as crianças.
Os medicamentos de venda livre (paracetamol, ácido ace-
tilsalicílico, ibuprofeno, entre outros) são seguros se utilizados
da maneira correta, contudo, a maioria deles não foi submetida
a estudos que comprovem sua eficácia e segurança em certas
populações, por exemplo, crianças (BRICKS, 1995).
Muitos indivíduos necessitam de ajustes de doses, como ido-
sos, crianças e portadores de doenças hepáticas ou renais ou o
próprio medicamento pode ser capaz de causar efeitos indeseja-
dos, como a dipirona suspeita de causar agranulocitose e o ácido
acetilsalicílico relacionado a síndrome de Reye em crianças (USP-
DI, 2006; BRICKS, 2000).
O trabalho do farmacêutico é realizar uma anamnese que
possa identificar os casos que necessitem de atenção especia-
lizada. Para os casos que podem ser atendidos na farmácia ele
deve indicar o tratamento e orientar o paciente, para que este faça
o uso correto da medicação e também das medidas não farma-
cológicas.
Através do programa Telematics in Community Pharmacies
for Responsible Self-medication (TESEMED), criado na Europa,
foram publicados vários protocolos para atendimento de trans-
tornos menores, entre eles o de gripes e resfriados (FIG. 3). O
protocolo original foi modificado para melhor entendimento das
informações.
Neste protocolo estão informações importantes que o farma-
cêutico deve conseguir durante a anamnese quando um indivíduo
procura a farmácia para tratar da gripe ou resfriado. São detalhes
que podem garantir a utilização segura dos medicamentos sem
maiores complicações.
Se o quadro clínico do indivíduo for considerado um mal me-
nor, caracterizado com auxílio do protocolo, o farmacêutico deve
indicar o tratamento necessário para melhorar os sintomas do in-
divíduo. Cada caso é particular e merece atenção diferenciada.
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Tratamento farmacológico dos sintomas de gripes e resfriados –
associações de fármacos e medicamentos de venda livre
O tratamento farmacológico da gripe consiste no uso de
medicamentos que diminuem os sintomas (febre, coriza, mial-
gia, cefaleia, entre outros). Existe uma classe de medicamen-
tos para este fim que, normalmente, são associações entre fár-
macos com atividades distintas, onde cada um age sobre um
sintoma. Essas associações são reguladas pela RDC nº 40 de
2003. As principais regras desta RDC estão resumidas em uma
tabela no Anexo A.
Também podem ser utilizados medicamentos contendo
um único fármaco, normalmente são analgésicos e antipiréti-
cos cuja segurança foi considerada satisfatória. Esses medi-
camentos são comercializados sem a obrigação da prescrição
médica, ou seja, são de venda livre (BRICKS, 1995).
A legislação que controla os medicamentos de venda livre
no Brasil é a RDC nº 138 de 2003. Nesta resolução estão des-
critos todos os grupos de indicações terapêuticas que podem
ser vendidos sem prescrição, entre eles os anti-histamínicos,
analgésicos, antipiréticos, e descongestionantes nasais, xa-
ropes mucolíticos, expectorantes e antissépticos bucais, que
são empregados no tratamento sintomático da gripe (ANVISA,
2003b).
Conhecer as características farmacológicas desses medi-
camentos é importante para saber quais riscos os pacientes
estão expostos quando utilizam o medicamento. Contra indica-
ções, interações, reações adversas, dose e duração do trata-
mento são informações básicas que devem ser informadas ao
paciente no momento da dispensação.
Alguns exemplos de riscos com medicamentos comumente
utilizados para sintomas de gripes estão resumidos na Tabela 1.
O paracetamol, fármaco considerado seguro, pode ser al-
tamente tóxico quando tomado em superdose (4 gramas ou 8
comprimidos de 500mg), concomitante ao uso de bebidas al-
coólicas e inibidores enzimáticos ou em indivíduos com função
hepática comprometida (SWEETMAN, 2007; USP-DI, 2006).
A dipirona, largamente utilizada no Brasil, foi proibida em
vários países da Europa e nos EUA, pois nesses países eles
consideram que os efeitos adversos causados pela substância
(agranulocitose e outros) superam os seus benefícios (SWEET-
MAN, 2007; USP-DI, 2006).
No Brasil a dipirona ainda não foi retirada do comércio,
possivelmente porque não se constatou número relevante de
agranulocitose em nossa população que justifique a retirada de
um medicamento de comprovada eficácia. Entretanto como a
agranulocitose é uma doença rara, mas perigosa o seu uso é
desaconselhável em pacientes com dor moderada e que podem
fazer uso de outros medicamentos com efeitos adversos mais
previsíveis e evitáveis (WANNMACHER, 2005).
Concluímos que os medicamentos de venda livre podem
causar riscos à saúde do usuário, contudo são seguros se usa-
dos corretamente. O objetivo de existir medicamentos de venda
livre parte do princípio que cada pessoa exerce um autocuidado
(International Pharmaceutical Federation – FIP, 1996).
A automedicação é reconhecida pela OMS como parte do
autocuidado e quando realizada de maneira correta pode be-
neficiar a saúde do individuo e reduzir custos para o governo
(GALATO, et al., 2009).
O processo de autocuidado e a automedicação
O autocuidado não se resume apenas a automedicação,
ações pró-saúde como a prática de exercícios físicos, a boa ali-
mentação, o consumo moderado de álcool e o não consumo de
cigarros e drogas ilícitas, também são partes do autocuidado e
são incentivadas pelos governos, pois gera uma redução nos
custos de atendimento médico para a população (FIP, 1996).
Com o passar dos anos as populações têm estado cada vez
mais informadas, contudo, às vezes, não o suficiente para reali-
zar a automedicação sem nenhuma orientação, é neste contex-
PÓS EM REVISTA l 253
to que entra o conceito de automedicação responsável. Segundo
a Associação Brasileira de Indústrias Farmacêuticas (ABIFARMA)
cerca de 80 milhões de brasileiros já eram adeptos da automedica-
ção na década de 90 (BORTOLON et al., 2007).
Uma pesquisa sobre o perfil da automedicação no Bra-
sil realizada no ano de 1997 revelou que 17,3% dos medica-
mentos utilizados em automedicação são analgésicos, 7,1%
descongestionantes nasais, 5,6% antiinflamatórios, 3,8% pre-
parados para tosse e resfriado e 4,0% anti-histamínicos de uso
sistêmico (ARRAIS, et al., 1997).
Todos esses fármacos podem ser utilizados no tratamento
sintomático da gripe e neste estudo representaram um total de
37,8% de todos os medicamentos utilizados sem prescrição
médica na pesquisa.
Do total de casos de intoxicação no Brasil 28% são into-
xicações medicamentosas. Os campeões de eventos de in-
toxicação são: benzodiazepínicos, antidepressivos, antiinfla-
matórios e os medicamentos para alívio sintomático da gripe.
Segundo a ANVISA o uso incorreto de medicamentos leva um
paciente ao hospital com quadro de intoxicação a cada 20 se-
gundos (BORTOLON et al., 2007).
O farmacêutico é o profissional apto a informar e orientar
a automedicação para que ela seja de fato responsável, com o
medicamento certo, na dose certa, horário certo, pela via cer-
ta, inclusive orientar o paciente a consultar um médico quando
necessário (FIP, 1996).
A propaganda como inimiga da automedicação responsável
Existe uma lacuna na relação entre farmacêutico e pacien-
te. Por várias vezes o farmacêutico não está disponível para
cumprir o papel de orientar e a população sequer requisita sua
presença para sanar suas dúvidas e, além disso, existe um ini-
migo silencioso que compete contra a automedicação respon-
sável: as propagandas de medicamentos.
Os especialistas em marketing dizem que o objetivo da pro-
paganda é aumentar o lucro da empresa. Pensando nesta ótica
concluímos que o objetivo do marketing vai de encontro ao uso
racional dos medicamentos (NASCIMENTO, 2007; 2010).
O ponto crítico nesta situação é que um bem de saúde,
o medicamento, é reduzido a um bem de consumo, e o risco
existente está no fato de que as peças publicitárias enaltecem
os benefícios dos medicamentos e não citam os riscos e os
efeitos adversos que o medicamento pode causar. E ainda um
risco pela desinformação (SOYAMA, 2006).
A resolução que trata do controle da propaganda no Brasil
é a RDC nº 96 de 2008 da ANVISA, que substitui a antiga RDC
nº 102 de 2000, que era considerada uma tentativa frustrada
de regular a propaganda de medicamentos. Alguns aspectos
podem ter melhorado, contudo a nova regra ainda apresenta
algumas falhas (NASCIMENTO, 2007).
Inicialmente a frase obrigatória na RDC nº 102/00 para to-
das as peças, “ao persistirem os sintomas o médico deverá
ser consultado”, foi substituída por: “Esta substância é um me-
dicamento. Seu uso pode trazer riscos. Procure o médico e o
farmacêutico, leia a bula” (ANVISA, 2008).
A frase da RDC 102/00 levava a entender que o médico era
uma parte supérflua no processo de medicação e incentivava o
consumo do medicamento (NASCIMENTO, 2007).
A frase da RDC 96/08 traz o alerta de que o uso do produto
traz riscos, mesmo sendo de venda liberada, e inclui também a
figura do farmacêutico, como profissional apto a informar, além
de incentivar a leitura da bula.
Uma obrigação importante que foi adicionada à nova legis-
lação, referente aos medicamentos de venda isenta de prescri-
ção, obriga que algumas substâncias tenham uma advertência
específica vinculada a propaganda. Alguns exemplos podem
ser observados na tabela do Anexo B (ANVISA, 2008).
Outras regras para a propaganda de medicamentos em
geral e os de venda livre da RDC nº 96/08 estão resumidas
na tabela do Anexo C, sendo que o artigo 26 trata apenas de
medicamentos de venda livre.
Uma pesquisa analisou 100 peças publicitárias de medi-
camentos quando a RDC nº 102/00 foi publicada. Dentre as
peças, 12 eram de analgésicos, 12 medicamentos para gripe, 9
expectorantes ou antitussígenos, 6 antipiréticos, 3 desconges-
tionantes e 3 antiinflamatórios. Somando são 45 peças sobre
medicamentos que podem ser utilizados no tratamento dos
sintomas da gripe (NASCIMENTO, 2007).
O resultado da pesquisa mostra que todas as peças ana-
lisadas apresentaram alguma irregularidade, fato este que
mostra o total desprezo das companhias farmacêuticas e das
empresas de marketing pelas leis do país.
Após a RDC 96/08 não foi realizada nenhuma pesquisa
deste tipo, e esse não é um dos objetivos deste trabalho, po-
rém, podemos observar que algumas propagandas que estão
na mídia atualmente tem certa soberba e dão a entender que o
medicamento é quase “mágico”. Alguns exemplos são (FIG. 4):
254 | PÓS EM REVISTA
As propagandas representadas na figura 4 (a) e (e) tra-
zem como personagens de suas campanhas artistas de te-
levisão, o que infringe o artigo 26, inciso III, da RDC nº96/08,
que proíbe a utilização da figura de celebridades nas peças.
A frase da antiga RDC 102/00 também não foi adaptada à
nova exigência.
A peça representada na figura 4 (d) mostra claramente a
soberba das peças dizendo que o medicamento é santo. A pro-
paganda da figura 4 (b) disfarçadamente sugere diagnóstico ao
perguntar se “é gripe”. Também em sua peça veiculada na tele-
visão os atores espirram e tossem, ou seja, mostram sintomas
de gripe e indicam seu medicamento para tratá-los.
A peça representada na figura 4 (c) traz a sugestão de diag-
nóstico e também emprega palavras, como, “tomou”, que mes-
mo não estando no imperativo, sugere que o medicamento é in-
falível contra gripes e resfriados, indo contra o artigo 8, inciso VII.
É possível observar também que nenhuma das peças in-
forma os efeitos adversos e contraindicações principais, logo,
subentende-se que o medicamento não traz riscos.
As propagandas não têm o objetivo de informar, pois a
população desinformada é mais facilmente manipulada com
a ilusão de que a saúde pode ser comprada na farmácia
(NASCIMENTO, 2007).
Um problema remanescente da RDC 102/00 é que as peças
publicitárias só são avaliadas após a veiculação para a grande
massa. No caso de informações erradas ou incompletas é com-
plicado modificar a visão da população que já foi exposta ao
anúncio. A RDC 96/08 já prevê que sejam criadas mensagens
retificadoras dos anúncios que descumprirem as regras, porém
esta é uma medida paliativa (ANVISA, 2000; 2008).
Durante a vigência da RDC 102/00 as multas aplicadas nos
casos de desobediência às regras eram valores ínfimos que não
representam uma grande penalidade para as indústrias, compara-
do com os valores investidos nas campanhas. Foi constatado que
em um ano e meio de fiscalização pela ANVISA o valor das multas
aplicadas não chegou nem ao valor de duas peças veiculadas na
televisão em horário nobre (NASCIMENTO, 2007; 2010).
A RDC 96/08 não especifica as multas que serão aplicadas,
mas tem que se levar em conta que a indústria farmacêutica investe
de 15% a 20% do faturamento total com propaganda. Entre propa-
gandas para o grande público e para profissionais que trabalham
com os medicamentos se gasta duas ou três vezes mais do que o
valor investido em pesquisa e inovações (SOYAMA, 2006).
Em todos os países existem uma ingênua e demasiada
crença da população no poder dos medicamentos e as empre-
sas de propaganda utilizam isso para estimular o consumo sem
orientação, e quanto maior esse consumo maior é o risco de
intoxicações (ARRAIS, et al. 1997; LESSA; BOCHNER, 2008).
Segundo a OMS, 50% dos medicamentos são indicados, dis-
pensados ou utilizados de maneira inadequada e esse fato pode
gerar intoxicações e internações. De 15% a 20% do orçamento dos
hospitais são gastos no tratamento de indivíduos que usaram pro-
dutos farmacêuticos de maneira incorreta (SOYAMA, 2006).
Observamos então que a propaganda de medicamentos é
um grande problema a ser superado, principalmente no caso
dos medicamentos de venda livre, que inclui os medicamentos
para alívio sintomático da gripe.
O interesse das indústrias farmacêuticas, empresas de
marketing, varejistas, donos de farmácias e de distribuidoras,
atualmente, é, somente, a acumulação de capital. Este interes-
se não deveria nunca sobrepor os interesses da saúde pública
(NASCIMENTO, 2010).
O farmacêutico deve ser mais atuante para corrigir informa-
ções dos clientes que sejam erradas ou incompletas e garantir
PÓS EM REVISTA l 255
o uso correto dos medicamentos, utilizando a educação como
instrumento, fornecendo treinamentos e reciclagens periódicas
aos seus funcionários, para que eles também sejam fontes de
informações corretas, e sempre que necessário estar disponível
para esclarecer qualquer dúvida.
A consulta pública 01/10 do Conselho Federal de Farmácia (CFF)
O CFF, na busca de promover o uso racional dessas es-
pecialidades farmacêuticas de venda livre, lançou uma consulta
pública em 2010. A consulta pública 01/10, que defende, princi-
palmente, que esses medicamentos passassem a ser vendidos
somente se “prescritos” por farmacêuticos (CFF, 2010).
A consulta pública propõe que o farmacêutico indique os
medicamentos para tratar transtornos menores e essa indica-
ção fica condicionada a análise do quadro clínico do paciente e
exclusão de possíveis doenças mais graves, pois estas neces-
sitam de assistência médica. A indicação de medicamentos de
tarja vermelha, que exigem prescrição médica, continua vedada
ao farmacêutico (CFF, 2010).
Toda a farmácia que prestar este serviço deverá criar os
Procedimentos Operacionais Padrão (POPS) para o atendimen-
to e adicioná-lo ao manual de boas práticas da drogaria. Outra
proposição é que esta atividade seja restrita ao farmacêutico,
sendo vedada a sua prática por balconistas (CFF, 2010).
O farmacêutico também deve registrar e guardar todos os
dados do paciente e do medicamento indicado em um docu-
mento que será chamado Declaração de Serviço Farmacêutico
(DSF). Este documento deverá ser disponibilizado também para
o paciente atendido (CFF, 2010).
É inviável armazenar todas as DSF em formato físico, seria
necessário criar um sistema computadorizado que permitisse
esse armazenamento. Contudo programas de gerenciamento
de dados tem um custo, que provavelmente os proprietários das
farmácias preferem não ter.
Esta proposta privilegia a criação de serviços de atenção
farmacêutica nas drogarias, pois ajudaria a estreitar os laços en-
tre farmacêutico e paciente, e o banco de dados gerados pelas
DSF ajudaria na confecção dos prontuários dos pacientes.
Uma dificuldade seria a fiscalização do serviço. Existem
poucos fiscais e a grande maioria de colaboradores em droga-
rias são balconistas, e não farmacêuticos. Assim seria compli-
cado garantir que somente o farmacêutico, prestasse o serviço.
É complicado afirmar o que aconteceria, teoricamente, se o
serviço funcionasse como descrito na proposta seria um grande
passo rumo ao uso racional de medicamentos e uma grande
ajuda no sistema de atenção básica, pois nem todos os cida-
dãos têm acesso fácil a um médico.
Devido à dificuldade de se consultar pelo serviço público de
saúde (filas enormes), o tempo de espera para conseguir uma
consulta (pode chegar até meses), e a falta de recurso da maio-
ria da população, que dificulta pagar uma consulta particular, é
mais fácil e barato o individuo se automedicar que procurar por
um médico (AQUINO, 2008).
Alguns países desenvolvidos já permitem que farmacêu-
ticos e até outros profissionais da saúde prescrevam medica-
mentos, como é o caso do Reino Unido, desde 2003, Canadá,
Estados Unidos e Austrália (BONFIM, 2010).
O que deve ser feito é uma discussão mais prolongada so-
bre o assunto e a iniciativa de lançar uma consulta pública é
justamente para colher opiniões e assim melhorar a ideia inicial.
A consulta pública 01/10 foi encerrada em abril de 2010 e
até hoje não houve novidades sobre o assunto. As propostas
dos que participaram e enviaram suas opiniões ainda devem es-
tar sendo avaliadas.
Em 2007 houve a criação do Comitê Nacional para a Pro-
moção do Uso Racional de Medicamentos, por recomendação
da OMS, cujo objetivo era desenvolver ações que propiciassem
esse uso racional. Entre as medidas propostas está a de ampliar
o acesso da população à assistência farmacêutica, educar a po-
pulação, aumentar o controle da venda dos medicamentos com
e sem prescrição, incentivar a terapia não medicamentosa, entre
outras atividades (AQUINO, 2008).
Podemos pensar, então, que as propostas apresentadas na
consulta pública 01/10 vêm a corroborar com os objetivos do Co-
mitê Nacional para a Promoção do Uso Racional de Medicamen-
tos e seria um avanço rumo ao uso racional de medicamentos.
O maior controle sobre a venda de medicamentos isentos
de prescrição levaria o paciente a procurar pelo farmacêutico, e
quando procurado ele pode orientar a terapia não farmacológica
e medidas de prevenção de doenças, tornando o atendimento
um processo de educação. Se a utilização do medicamento for
necessária o farmacêutico fornecerá todos os detalhes da terapia
farmacológica minimizando os riscos para a saúde do paciente.
O uso irracional de medicamentos não acontece somente
com fármacos de venda livre. Existem outros pontos importantes
a serem observados.
Os profissionais da área médica que já detêm o poder de
prescrever, às vezes, instituem terapias medicamentosas sem
necessidade. Existem também casos de medicamentos pres-
critos para fins errados, com esquema posológico inadequado,
além de prescrições de medicamentos mais caros.
Essas atitudes têm origem na falta de informação, de re-
ferências confiáveis e na falta de ética, através do lobby feito
pelas indústrias farmacêuticas, que oferecem amostras grátis,
256 | PÓS EM REVISTA
financiam congressos e cursos para os profissionais que pres-
creverem seus medicamentos (SOYAMA, 2006).
A falta de informação de profissionais, deficiências técnicas
para prescrever, questões relacionadas à educação da popu-
lação e problemas relacionados à ética profissional merecem
atenção em estudos e discussões para buscar o uso racional de
medicamentos no nosso país, estes tópicos não serão profun-
damente discutidos, pois não entram no escopo deste trabalho.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A gripe e o resfriado são doenças comuns que afetam mi-
lhares de pessoas e mesmo sendo autolimitadas são capazes
de causar várias complicações e óbitos todos os anos. Por esta
razão não podem ser negligenciadas.
Essas doenças necessitam de atenção extra do farmacêu-
tico por serem tratadas, principalmente, com medicamentos de
venda livre. Esses medicamentos são promovidos em vários
meios de comunicação para incentivar o consumo, mas quanto
maior o consumo de medicamentos maior será o número de
intoxicações causadas por eles.
Qualquer setor onde o farmacêutico está inserido o objetivo
do seu trabalho é garantir a saúde da população. Nas farmácias
comunitárias o farmacêutico tem que assumir a tarefa de orientar
o paciente para colaborar com a diminuição dos casos de into-
xicações por medicamentos, com o uso racional e com a busca
pela saúde.
Para assumir esta responsabilidade é necessário ter conhe-
cimento científico sobre as doenças que ele venha a atender e
ter compromisso com a reciclagem e o aprendizado, pois no
campo da saúde surgem novidades todos os dias.
Todo medicamento vendido na farmácia é de responsabi-
lidade do farmacêutico e qualquer problema que esse medica-
mento vir a causar, por falta de informação, irá gerar penas e
sanções ao responsável técnico.
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258 | PÓS EM REVISTA
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NOTAS DE RODAPÉ
*Aluna do curso de Farmácia do Centro Universitário
Newton Paiva
**Professor do curso de Farmácia do Centro Universitário
Newton Paiva
ANEXOS
ANEXO A: Tabela com as principais regras da RDC nº 40
ANEXO B: Tabela com os princípios ativos e advertências se- gundo RDC nº 96
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