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FACILITANDO A APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA ATRAVÉS DE JOGOS
INTERATIVOS
Sonia Mara Teixeira Chielle1
Marco Antonio Batista Carvalho2
Resumo: Este trabalho apresenta os jogos matemáticos como forma alternativa para tornar o ensino da matemática mais prazeroso e,com isso, possibilitar uma maior motivação e interesse pelo trabalho de professores e alunos com a matemática na escola. Defende-se nesse texto que a utilização de jogos como metodologia de trabalho nas aulas de matemática,tende a promover uma aprendizagem mais significativa, estimulando o cálculo mental, a dedução de estratégias, o domínio das operações fundamentais, a construção de conceitos e o desenvolvimento do raciocínio lógico. No campo teórico, estudos relativos à utilização de atividades lúdicas, mais precisamente voltadas ao uso dos jogos matemáticos enquanto recursos didáticos, apontam que o interesse dos alunos, bem como o nível de aprendizado dos mesmos, melhora consideravelmente. Este artigo relata a experiência vivenciada em uma escola pública com alunos de 6º ano de uma sala de apoio quando submetidos a essa metodologia.
Palavras-chave: Ensino de matemática. Jogos interativos. Escola pública.
Introdução
De há muito tempo se evoca um ensino de matemática que possa estimular
os alunos a um aprendizado significativo de seus conteúdos que, não resta
dúvida, são fundamentais para uma melhor compreensão do mundo. Atualmente,
há uma maior necessidade de despertar no aluno o gosto pela matemática, o
prazer de estudar e de descobrir e redescobrir conceitos, através de uma dinâmica
inovadora e envolvente. Isto porque, alguns teóricos têm afirmado, e não é difícil
essa identificação no interior da escola, que o mundo do entretenimento tem
disputado, e de forma extremamente desigual, o tempo, a energia e o prazer de
1 Professora PDE, Licenciada em Matemática pela FACEPAL, Especialista em Educação Matemática pela Faculdade de Palmas PR. Docente da Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná. 2 Professor orientador. Doutor do Curso de Pedagogia da UNIOESTE, Campus de Cascavel-PR. Membro do Grupo de Pesquisa HISTEDBR-OPR. marcoab_carvalho@yahoo.com.br
nossos alunos. O nível de interesse pelos conteúdos da matemática tem tornado
as aulas enfadonhas, cansativas tanto para o aluno como para os professores.
Baseado nisso, buscou-se trabalhar os conteúdos da matemática no ensino
fundamental, a partir dessa perspectiva, a saber, de tornar as aulas mais atrativas,
com uma turma do 6º ano, que frequentava a sala de apoio do Colégio Estadual
João Paulo II no Município de Realeza, Região Sudoeste do Estado do Paraná,
onde a dinâmica de trabalho voltou-se para proporcionar esses alunos, melhores
condições de trabalharem com determinados conteúdos da matemática de uma
forma mais dinâmica e envolvente. Para tanto, foram estimulados a manipular
materiais pedagógicos e, com o uso destes, tomar gosto por medir, desenhar,
comparar e confrontar ideias, enfim, apropriar-se dos conteúdos do saber
sistematizado.
Essa proposta metodológica de trabalho com o ensino da matemática visou
romper com a já comentada falta de interesse dos alunos. Para referendar que o
ensino da matemática não tem sido atrativo para nossos alunos, basta dizer que é
muito comum ouvirmos a queixa de que eles não sabem qual a necessidade de se
aprender matemática, que não percebem suas aplicações práticas, e que seus
conteúdos são meramente mecanicistas não tendo nada a ver com suas
experiências práticas de vida.
De fato, apesar do reconhecimento da importância da matemática na
construção do conhecimento dos alunos, infelizmente, o que se vê em grande
parte das instituições de ensino, é uma prática educativa dos conteúdos da
matemática praticada de forma descontextualizada, inflexível e imutável. Logo, os
conteúdos da matemática acabam trabalhados somente como o produto de
mentes privilegiadas que produziram um rol de saberes que, os menos
privilegiados intelectualmente, necessitam esforço homérico para simplesmente o
copiar.
Nesse modelo educativo, o aluno é um mero expectador e não um sujeito
partícipe da produção de um conhecimento que é histórico. Essa prática educativa
é marcada por uma simples preocupação dos professores em cumprirem um
determinado rol de conteúdos programáticos. Consequentemente, a metodologia
empregada nesse modelo, não relaciona os conteúdos com a vida prática dos
alunos, ou seja, não se articulam com os objetivos de um ensino que sirva à
inserção social das crianças ao desenvolvimento do seu potencial, de sua
expressão e de umamaior interação com o meio imediato em que vivem.
(SCHNEIDER, 2007).
Nesse contexto, a utilização de técnicas lúdicas (jogos, brinquedos,
brincadeiras, jogos eletrônicos) quando bem direcionadas pedagogicamente em
sala de aula, podem estimular os alunos à construção do pensamento lógico-
matemático de forma significativa. Desta forma, as reflexões de Schneider (2007),
referendam que os jogos podem ser utilizados como estratégia didática antes da
apresentação de um novo conteúdo matemático. Essa estratégia tem a intenção
de inicialmente despertar o interesse da criança para as atividades que se
seguirão, em que os conteúdos a que se pretende trabalhar estejam agregados
nos jogos,nos brinquedos e nas brincadeiras que devem ser previamente
selecionadas.
O desinteresse dos alunos no trabalho com o ensino da matemática,
destacado por práticas que não estimulam a participação divertida dos alunos, tem
produzido um número cada vez mais crescente de alunos que não se apropriam
dos conhecimentos basilares da matemática trabalhada no ensino fundamental.
Desta feita, muitos projetos visam oferecer condições de reparar esse déficit que,
a cada ano escolar, se acumula. Dentre esses projetos, temos a criação da
chamada Sala de Apoio.
No ano de 2004, a Secretaria do Estado do Paraná (SEED) implantou o
programa denominado Sala de Apoio à Aprendizagem. Esse programa foi criado
por meio da resolução 371/2008, art. 1º, em que a Secretaria da Educação do
Estado do Paraná passou a investir na implantação de mecanismos criados para
suprir as deficiências no aprendizado dos alunos do 6º ano (5ª série) do Ensino
Fundamental das escolas públicas estaduais. Sobre detalhes desse programa,
Oliveira (2009) afirma
Os documentos que instruíram e regulamentaram a criação das Salas de Apoio à Aprendizagem foram a LDBEN nº 9394/96, com
o princípio de flexibilidade, referente à função do sistema de ensino de criar condições favoráveis para que o direito do aluno à aprendizagem seja garantido, o parecer CNE nº 04/98, a deliberação nº 007/99-CEE e a Resolução Secretarial nº 371/2008. Segundo a instrução nº 022/2008 existem alguns critérios para a abertura e organização das Salas de Apoio: destinam-se às disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, é oferecida na proporção de uma sala de apoio para cada três turmas de 5ª série, quatro horas semanais por disciplina, uma hora atividade para o professor e sua oferta deverá ser para no máximo 15 alunos, no turno contrário ao qual os alunos estão matriculados (OLIVEIRA, et al., 2009, p. 9935).
Minha experiência, que se soma à experiência de outros colegas que atuam
ou atuaram em salas de apoio, diz que, de fato, os alunos que frequentam a
chamada Sala de Apoio à Aprendizagem, já estão cansados de trabalhar somente
com lousa e caderno. Por conta disso, com a utilização dos jogos como meio
dinamizador do conteúdo a ser trabalhado nessas salas de apoio, sempre se
esperou que esses alunos pudessem aprimorar o pensamento lógico-matemático
na medida em que se desenvolvam nos trabalhos com os diferentes conteúdos da
matemática que, de uma forma ou outra, ficaram defasados nos anos anteriores.
Assim, com esse pano de fundo, este artigo tem a finalidade de argumentar
sobre a experiência desenvolvida com alunos do 6º ano de uma sala de apoio de
escola pública do interior do Estado do Paraná, onde se buscou trabalhar com
conteúdos da matemática de maneira a incentivar esses alunos a tomarem gosto
pela aprendizagem através dos jogos matemáticos.
O percurso do trabalho
O trabalho desenvolvido com conteúdos da matemática junto à sala de
apoio à aprendizagem, com alunos do 6º ano, do Colégio Estadual João Paulo II,
iniciou-se com a criação de um projeto de intervenção pedagógica, oportunizado
pelo ingresso como professora PDE na turma 2012/2013 do programa. Para a
elaboração do projeto que, posteriormente, em sua fase de execução tornou-se a
intervenção pedagógica realizada na escola, foram sistematizadas leituras prévias
que objetivaram dar sustentação teórica ao trabalho que seria desenvolvido.
Cabe destacar que nessa fundamentação teórica ficou reforçada a ideia de
que a matemática é fundamental para a sociedade, pois está interligada às mais
diversas áreas da atividade humana. Isto porque a educação matemática tem o
objetivo de ajudar a identificar a matemática que está presente nas mais variadas
situações. Identificar aqui significa tornar os conteúdos da matemática que estão
inseridos nos livros didáticos, compreensíveis para as situações de vivência
prática dos alunos, ou seja, trabalhar na perspectiva da aplicabilidade desses
conteúdos nas mais diferentes ações do cotidiano. Essa prática visa promover a
formação de cidadãos participativos, críticos e confiantes nos modos como lidam
com a matemática conforme enuncia os documentos oficiais que norteiam o
ensino da matemática. (CNEB, 2003).
Assim, uma metodologia de trabalho com o ensino da matemática que seja
marcada pela atividade lúdica, seja ela individual ou coletiva, tende a favorecer o
enriquecimento das relações interpessoais e, principalmente, buscar a valorização
do autoconceito do aluno acerca dos saberes que já possui. Essa valorização do
conhecimento prévio que o aluno possui ao adentrar aos bancos escolares, de á
muito já fora ressaltada pelo educador Paulo Freire (1992), quando defendia que a
linguagem do mundo precedia a linguagem escrita. Claro que aqui se entende a
linguagem escrita como o conjunto dos saberes humanos que, obviamente,
incluem os saberes da matemática, ou, dito na lógica freireana, os saberes da
linguagem matemática.
Dessa forma, no campo do ensino da matemática, teóricos tem afirmado
que os jogos promovem a valorização pessoal e a percepção das potencialidades
do grupo. Nessa lógica, Souza (2002) ressalta a importância do jogo no trabalhado
em sala de aula,
A proposta de se trabalhar com jogos no processo ensino-aprendizagem da Matemática implica numa opção didático-metodológica por parte do professor, vinculada às suas concepções de educação, de Matemática, de mundo, pois é a partir de tais concepções que se definem normas, maneiras e objetivos a serem trabalhados, coerentes com a metodologia de ensino adotada pelo professor. (SOUZA, 2002, p. 132).
Desta forma, pode-se imaginar que determinadas abordagens
metodológicas aplicadas ao ensino da matemática podem proporcionar aos
educandos situações desafiadoras sim, mas que sejam agradáveis e significativas
durante o efetivo trabalho em sala de aula. Essas metodologias podem motivá-los
para um aprendizado mais consistente dos conteúdos da matemática, uma vez
que podem contribuir para um primeiro passo, a saber, propiciar uma melhor
receptividade por parte dos alunos dos conteúdos da matemática.
Para se propiciar essa receptividade, os professores devem criar,
metodologicamente, situações interessantes e envolventes que durante as aulas
de matemática chamem a atenção dos alunos. Um trabalho nessa perspectiva que
busca despertar no aluno o gosto e o prazer de aprender matemática, envolvendo
os alunos em jogos e brincadeiras que são parte de seu cotidiano, é comentado
por Kamii (1991, p.15), quando diz que “o ensino da Matemática deve respeitar e
estimular a construção do conhecimento ao invés de ser interiorizado através de
exercícios individuais e informações vindas do professor e dos objetos em si”.
Atividades que não estimulam os alunos a pensar e, principalmente, a não
identificarem em suas vidas práticas os conhecimentos de matemática que a
escola trabalha são fortemente criticadas por Sadovsky (2007) quando argumenta
que:
[...] o baixo desempenho dos alunos em Matemática é uma realidade em muitos países, não só no Brasil. Hoje o ensino de Matemática se resume em regras mecânicas oferecidas pela escola, que ninguém sabe onde utilizar. Falta formação aos docentes para aprofundar os aspectos mais relevantes, aqueles que possibilitam considerar os conhecimentos prévios dos alunos, as situações e os novos saberes a construir. (SADOVSKY, 2007, p.15).
Reforçando ainda a ideia de que o trabalho com jogos no ensino da
matemáticatende a oportunizar um melhor aprendizado aos alunos, Oliveira (1998)
faz a seguinte afirmação:
O jogo tem fortes componentes da resolução de problemas na medida em que jogar envolve uma atitude psicológica do sujeito que, ao se predispor para isso, coloca em movimento estruturas do pensamento que lhe permitem participar do jogo [...]. O jogo, no sentido psicológico,
desestrutura o sujeito que parte em busca de estratégias que o levem a participar dele. Podemos definir jogo como um problema em movimento. Problema que envolve a atitude pessoal de querer jogar tal qual o resolvedor de problema que só os tem quando estes lhe exigem busca de instrumentos novos de pensamento. (OLIVEIRA, 1998, p. 53).
Assim, por essa perspectiva, o professor de matemática e,obviamente, de
qualquer outra área, ao introduzir em suas metodologias jogos e brincadeiras,
disponibiliza um leque de possibilidades que favorecem tanto o processo de
ensino, como o processo de aprendizagem, para que ambos os processos
ocorram de forma mais participativa e, com isso, com a possibilidade de melhores
resultados no campo da aprendizagem. Essa metodologia, que evoca uma
participação mais ativa do aluno no processo, é oposto àquele modelo que
considera o aluno um sujeito passivo do ato de conhecer. Ao contrário, torna o
aluno um sujeito ativo, partícipe do ato de conhecer o mundo pelo viés também da
matemática.
Para envolver os alunos nessa metodologia de trabalho através de jogos e
do universo das brincadeiras, o professor deve estar atento à quais experiências
de vida mais imediata seus alunos estão envolvidos, ou seja, como brincam; com
o que brincam; o que gostam de fazer; com quem gostam de fazer o que fazem.
Somente assim, o professor poderá dizer que sua metodologia de ensino parte
deexperiências imediatas de vida de seus alunos.
Brenelli (1996) apresenta um modelo onde classifica o trabalho com jogos
no ensino da matemática em três tipos:
a) jogos estratégicos: onde são trabalhadas as habilidades que compõem o raciocínio lógico. Com eles, os alunos lêem as regras e buscam caminhos para atingirem o objetivo final, utilizando estratégias para isso; b) jogos de treinamento: os quais são utilizados quando o professor percebe que alguns alunos precisam de reforço num determinado conteúdo e quer substituir as cansativas listas de exercícios. Neles, quase sempre o fator sorte exerce um papel preponderante e interfere nos resultados finais; c) jogos geométricos: que têm como objetivo desenvolver a habilidade de observação e o pensamento lógico. Com eles conseguimos trabalhar figuras geométricas, semelhança de figuras, ângulos e polígonos. (BRENELLI, 1996, p. 30).
Os jogos na matemática exigem o desenvolvimento da capacidade da
criança ou do adolescente de atuar tantosozinho como em grupo, uma vez que
estimulam a criação eo seguir de regras, o que os lega a agirem e reagirem a
estímulos próprios em relação à atividade em que estão imersos. Assim, o jogo
implica em ação, consequentemente, ao participar de um, a criança passa por
uma etapa de envolvimento, adaptação e reconhecimento importantíssimo para a
ação educativa na escola. (MIGUEL, 2005).
Notoriamente há um crescimento acentuado de jogos voltados para a
educação e em especial, para a educação matemática. Dentre estes estão os
chamados jogos Online. De acordo com Justino e Silva (2009) apesar de o senso
comum associar jogos a entretenimento, há algum tempo eles foram inseridos no
contexto educacional. Ainda segundo as autoras, os jogos eletrônicos passaram a
ser estudados como uma potencial ferramenta a ser utilizada por educadores em
diversos contextos no intuito de desempenhar uma nova prática de ensino,
dinâmica e colaborativa.
Os jogos Online educacionais possibilitam a interação, mantendo o
interesse do aluno enquanto desenvolve habilidades, socializa conhecimento com
os colegas, provocando a construção do conhecimento e do raciocínio de forma
coletiva. Se usados de forma efetiva, os jogos desempenham um papel importante
para o desenvolvimento do aluno, promovendo a iniciativa pessoal e de grupo, a
solidariedade, o respeito mútuo e a formação de atitudes sociais, sendo um
poderoso elemento de motivação no ambiente de aprendizagem. Para Oliveira:
Os jogos podem apresentar situações que contenham simulações, tutoriais ou sistemas inteligentes, mas o que evidencia esse tipo de software é seu caráter de divertimento, de prazer. Uma situação de jogo oferece aos usuários intensa interatividade, permitindo ampliar as relações sociais no ambiente de ensino, cativando o interesse dos alunos em relação a temas muitas vezes difíceis de ser apresentados por outras abordagens. A essência do jogo educacional é a aprendizagem com prazer e a criatividade com diversão. (OLIVEIRA, 2001, p. 81).
Todo o arcabouço teórico utilizado para a formatação do projeto que fora
posteriormente empregado na intervenção realizada na escola identificou que para
que o jogo possa mediar o ensino e a aprendizagem de conteúdos matemáticos e
com isso atingir os objetivos esperados, é fundamental que o docente realize um
profundo estudo dos jogos que serão utilizados e, principalmente, da forma como
serão abordados no trabalho de sala de aula.
Considerações Finais
No desenvolvimento prático do trabalho, subsidiado pelo aporte teórico, em
parte apresentado acima, iniciou-se as atividades procurando desenvolver as
competências e habilidades dos alunos do 6º Ano de Sala de Apoio à
Aprendizagem do Colégio Estadual João Paulo II, do período matutino, onde
foram implementadas alternativas metodológicas que possibilitassem maior
compreensão da matemática através de jogos matemáticos.
As atividades prática, desenvolvidas por parte da professora-investigadora,
iniciaram após a realização de um estudo bibliográfico sobre a metodologia a ser
empregada. A proposta de intervenção se desenvolveu por meio de diálogo com
alunos sobre a importância da matemática na sua vida; atividades de pesquisa;
integração de jogos e conhecimentos matemáticos; contato com diversos tipos de
jogos para formação de conceitos matemáticos; experimentação e resolução de
problemas através de jogos e trabalhos em grupo.
Alguns dos trabalhos podem assim ser destacados:
Diálogo com os estudantes sobre a importância da matemática na sua
vida: Para a realização dessa etapa que marcou o inicio do trabalho de
intervenção, primeiramente foram apresentados aos alunos os objetivos do
Projeto de Intervenção na Escola, bem como a proposta de seu
desenvolvimento e as metodologias que seriam empregadas na execução das
atividades. Na sequência, se discutiu com os alunos a importância da
Matemática e sua aplicabilidade na vida cotidiana. Buscou-se enfatizar a
importância do conhecimento matemático, principalmente dos conceitos
básicos para se ter condições, em especial na atualidade, de se adaptar ao
mundo tecnológico no qual vivemos.
Integração de jogos e conhecimentos matemáticos: Para essa etapa foi
utilizado o Laboratório Digital da escola, onde os alunos pesquisaram jogos
matemáticos com a orientação da professora-pesquisadora. Nessa
oportunidade, os alunos fizeram anotações de como é montado e executado
cada um dos jogos pesquisados. O objetivo dessa atividade era mostrar a
finalidade de cada jogo, seu modo de jogar, bem como os materiais
necessários para sua confecção e, principalmente, que conteúdos matemáticos
poderiam ser identificados e explorados em cada um dos jogos.
Contato com diversos tipos de jogos para formação de conceitos
matemáticos próprio de cada aluno: As atividades dessa etapa foram
novamente desenvolvidas no Laboratório Digital e também em sala de aula.
Fomentou-se a pesquisa e se estimulou que os alunos passassem a
confeccionar alguns jogos matemáticos. Essa atividade possibilitou uma maior
interação do aluno com o jogo. Houve nessa atividade a exploração do aspecto
lúdico de cada jogo, o que, sem sombra de dúvida, motivou as crianças
durante os trabalhos propostos e conduziu a um maior entendimento das
atividades escritas, explorando os conteúdos matemáticos presentes em cada
jogo que foi trabalhado e assim permitiu que o aluno tirasse suas próprias
conclusões, elaborando seus próprios conceitos.
Experimentação e resolução de problemas através de jogos: Uma das
funções da Matemática é o desenvolvimento de competências para resolver os
problemas do dia a dia. Conhecer algoritmos, raciocinar logicamente, preparar
o aluno para viver em sociedade e aplicar o que aprendeu nos bancos
escolares em sua profissão. A busca por desenvolver nos alunos essas
funções, tem sido o grande desafio dos professores de Matemática no Ensino
Fundamental. Por isso, intensificou-se a busca por alternativas que
possibilitassem uma maior compreensão dos conteúdos matemáticos
elencados para o trabalho, de tal forma que o trabalho pudessem se tornar
mais atrativo e os saberes tivessem significado prático para os alunos. Neste
contexto, foram propostos desafios matemáticos, que ocorreram através de
jogos confeccionados em sala de aula, como por exemplo, o jogo feche a
caixa. Vale ressaltar, que estes jogos possibilitaram o estudo das quatro
operações de forma lúdica e agradável, onde os alunos demonstraram uma
melhor predisposição para o trabalho com esses conteúdos.
Trabalhos em grupo: Durante essas etapas, e foram muitas, ao longo do
trabalho, os alunos foram divididos em pequenos grupos para confecção dos
jogos. Procurou-se possibilitar a troca de experiências e conhecimento entre os
educandos, para que os mesmos interagissem com as operações básicas da
matemática e efetivassem o processo de ensino e aprendizagem de forma
interativa.
Cabe destacar que foi produzido, durante a dinâmica desse trabalho que
envolveu 34 horas de atividade de implementação na escola, uma coletânea dos
jogos confeccionados pelos alunos, como forma de material prático possível de
ser usado em sala de apoio à aprendizagem tanto por eles como por outras
turmas da escola.
Ao final dos trabalhos pode-se, certamente, afirmar que o projeto, aplicado em
sua totalidade, oportunizou vivenciar como os alunos participaram com maior
entusiasmo em todas as etapas do projeto. Acreditamos que isso foi possível por
esta se mostrar uma atividade diferenciada, que retirou os alunos de uma rotina de
trabalho com os conteúdos da matemática em sala de aula.
Algumas dificuldades surgiram ao longo do processo, especialmente aquelas
atividades que necessitavam maior conhecimento em Informática, em especial
quando se trabalhou com os jogos Online. Contudo, a quase totalidade dos alunos
conseguiu construir o seu próprio jogo, conseguindo assim alcançar os objetivos
que tínhamos proposto. O conjunto dessas atividades trabalhadas revelou ainda
uma contribuição significativa não somente para a compreensão dos conteúdos
propostos em cada atividade, mas oportunizou um maior diálogo entre os alunos,
entre a professora-pesquisadora e os alunos de forma que também ficou evidente
o aprendizado quanto a importância da socialização do saber, do respeito aos
limites do próximo.
Outro fator a ser destacado nessa experiência foi a demonstração de uma
aguçada curiosidade por parte dos alunos. Após tomarem ciência do projeto e da
forma como se propunha o trabalho com os conteúdos da matemática, os alunos
demonstraram um maior nível de interesse pelo que seria trabalhado no próximo
encontro, assim como também se pode afirmar que houve uma maior participação
da turma em todas as atividades que foram propostas.
Assim, ao final desse relato descritivo e analítico, posso afirmar a importância
das palavras de Freire sobre a necessidade de buscarmos dinamizar nossas aulas
quando diz que:
A verdadeira pedagogia é a arte de fazer da curiosidade algo metódico e permanente. É assim que o ser humano conhece e se reconhece. É importante aprender a aprender para que as nossas aulas não se tornem em velhas e enfadonhas lições. (FREIRE, Apud, NOGUEIRA, 1994, p. 13).
De fato, deve sim haver um comprometimento do professor com sua formação
continuada, pois essa pode fazê-lo repensar suas práticas docentes de forma a
manter-se nessa busca constante do aprimoramento. Esse trabalho oportunizou
essa reflexão, uma vez que foi possível perceber como a utilização de diferentes
formas de trabalhar os conteúdos matemáticos tende a transformar o trabalho de
sala de aula, fazendo com que esse trabalho ganhe dinamismo na medida em que
também atinge o objetivo maior que é produzir conhecimento.
Assim, posso afirmar que a proposta trabalhada durante o projeto de
intervenção pedagógica que envolveu a utilização de jogos como estimuladores do
trabalho com os conteúdos da matemática, atingiram o objetivo proposto, a saber,
o de proporcionar aos alunos momentos desafiadores e motivadores na
construção do conhecimento matemático.
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