facilitando a aprendizagem da matemÁtica atravÉs de ... · de mundo, pois é a ... que são parte...

15

Upload: vanthien

Post on 25-Jan-2019

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

FACILITANDO A APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA ATRAVÉS DE JOGOS

INTERATIVOS

Sonia Mara Teixeira Chielle1

Marco Antonio Batista Carvalho2

Resumo: Este trabalho apresenta os jogos matemáticos como forma alternativa para tornar o ensino da matemática mais prazeroso e,com isso, possibilitar uma maior motivação e interesse pelo trabalho de professores e alunos com a matemática na escola. Defende-se nesse texto que a utilização de jogos como metodologia de trabalho nas aulas de matemática,tende a promover uma aprendizagem mais significativa, estimulando o cálculo mental, a dedução de estratégias, o domínio das operações fundamentais, a construção de conceitos e o desenvolvimento do raciocínio lógico. No campo teórico, estudos relativos à utilização de atividades lúdicas, mais precisamente voltadas ao uso dos jogos matemáticos enquanto recursos didáticos, apontam que o interesse dos alunos, bem como o nível de aprendizado dos mesmos, melhora consideravelmente. Este artigo relata a experiência vivenciada em uma escola pública com alunos de 6º ano de uma sala de apoio quando submetidos a essa metodologia.

Palavras-chave: Ensino de matemática. Jogos interativos. Escola pública.

Introdução

De há muito tempo se evoca um ensino de matemática que possa estimular

os alunos a um aprendizado significativo de seus conteúdos que, não resta

dúvida, são fundamentais para uma melhor compreensão do mundo. Atualmente,

há uma maior necessidade de despertar no aluno o gosto pela matemática, o

prazer de estudar e de descobrir e redescobrir conceitos, através de uma dinâmica

inovadora e envolvente. Isto porque, alguns teóricos têm afirmado, e não é difícil

essa identificação no interior da escola, que o mundo do entretenimento tem

disputado, e de forma extremamente desigual, o tempo, a energia e o prazer de

1 Professora PDE, Licenciada em Matemática pela FACEPAL, Especialista em Educação Matemática pela Faculdade de Palmas PR. Docente da Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná. 2 Professor orientador. Doutor do Curso de Pedagogia da UNIOESTE, Campus de Cascavel-PR. Membro do Grupo de Pesquisa HISTEDBR-OPR. [email protected]

nossos alunos. O nível de interesse pelos conteúdos da matemática tem tornado

as aulas enfadonhas, cansativas tanto para o aluno como para os professores.

Baseado nisso, buscou-se trabalhar os conteúdos da matemática no ensino

fundamental, a partir dessa perspectiva, a saber, de tornar as aulas mais atrativas,

com uma turma do 6º ano, que frequentava a sala de apoio do Colégio Estadual

João Paulo II no Município de Realeza, Região Sudoeste do Estado do Paraná,

onde a dinâmica de trabalho voltou-se para proporcionar esses alunos, melhores

condições de trabalharem com determinados conteúdos da matemática de uma

forma mais dinâmica e envolvente. Para tanto, foram estimulados a manipular

materiais pedagógicos e, com o uso destes, tomar gosto por medir, desenhar,

comparar e confrontar ideias, enfim, apropriar-se dos conteúdos do saber

sistematizado.

Essa proposta metodológica de trabalho com o ensino da matemática visou

romper com a já comentada falta de interesse dos alunos. Para referendar que o

ensino da matemática não tem sido atrativo para nossos alunos, basta dizer que é

muito comum ouvirmos a queixa de que eles não sabem qual a necessidade de se

aprender matemática, que não percebem suas aplicações práticas, e que seus

conteúdos são meramente mecanicistas não tendo nada a ver com suas

experiências práticas de vida.

De fato, apesar do reconhecimento da importância da matemática na

construção do conhecimento dos alunos, infelizmente, o que se vê em grande

parte das instituições de ensino, é uma prática educativa dos conteúdos da

matemática praticada de forma descontextualizada, inflexível e imutável. Logo, os

conteúdos da matemática acabam trabalhados somente como o produto de

mentes privilegiadas que produziram um rol de saberes que, os menos

privilegiados intelectualmente, necessitam esforço homérico para simplesmente o

copiar.

Nesse modelo educativo, o aluno é um mero expectador e não um sujeito

partícipe da produção de um conhecimento que é histórico. Essa prática educativa

é marcada por uma simples preocupação dos professores em cumprirem um

determinado rol de conteúdos programáticos. Consequentemente, a metodologia

empregada nesse modelo, não relaciona os conteúdos com a vida prática dos

alunos, ou seja, não se articulam com os objetivos de um ensino que sirva à

inserção social das crianças ao desenvolvimento do seu potencial, de sua

expressão e de umamaior interação com o meio imediato em que vivem.

(SCHNEIDER, 2007).

Nesse contexto, a utilização de técnicas lúdicas (jogos, brinquedos,

brincadeiras, jogos eletrônicos) quando bem direcionadas pedagogicamente em

sala de aula, podem estimular os alunos à construção do pensamento lógico-

matemático de forma significativa. Desta forma, as reflexões de Schneider (2007),

referendam que os jogos podem ser utilizados como estratégia didática antes da

apresentação de um novo conteúdo matemático. Essa estratégia tem a intenção

de inicialmente despertar o interesse da criança para as atividades que se

seguirão, em que os conteúdos a que se pretende trabalhar estejam agregados

nos jogos,nos brinquedos e nas brincadeiras que devem ser previamente

selecionadas.

O desinteresse dos alunos no trabalho com o ensino da matemática,

destacado por práticas que não estimulam a participação divertida dos alunos, tem

produzido um número cada vez mais crescente de alunos que não se apropriam

dos conhecimentos basilares da matemática trabalhada no ensino fundamental.

Desta feita, muitos projetos visam oferecer condições de reparar esse déficit que,

a cada ano escolar, se acumula. Dentre esses projetos, temos a criação da

chamada Sala de Apoio.

No ano de 2004, a Secretaria do Estado do Paraná (SEED) implantou o

programa denominado Sala de Apoio à Aprendizagem. Esse programa foi criado

por meio da resolução 371/2008, art. 1º, em que a Secretaria da Educação do

Estado do Paraná passou a investir na implantação de mecanismos criados para

suprir as deficiências no aprendizado dos alunos do 6º ano (5ª série) do Ensino

Fundamental das escolas públicas estaduais. Sobre detalhes desse programa,

Oliveira (2009) afirma

Os documentos que instruíram e regulamentaram a criação das Salas de Apoio à Aprendizagem foram a LDBEN nº 9394/96, com

o princípio de flexibilidade, referente à função do sistema de ensino de criar condições favoráveis para que o direito do aluno à aprendizagem seja garantido, o parecer CNE nº 04/98, a deliberação nº 007/99-CEE e a Resolução Secretarial nº 371/2008. Segundo a instrução nº 022/2008 existem alguns critérios para a abertura e organização das Salas de Apoio: destinam-se às disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, é oferecida na proporção de uma sala de apoio para cada três turmas de 5ª série, quatro horas semanais por disciplina, uma hora atividade para o professor e sua oferta deverá ser para no máximo 15 alunos, no turno contrário ao qual os alunos estão matriculados (OLIVEIRA, et al., 2009, p. 9935).

Minha experiência, que se soma à experiência de outros colegas que atuam

ou atuaram em salas de apoio, diz que, de fato, os alunos que frequentam a

chamada Sala de Apoio à Aprendizagem, já estão cansados de trabalhar somente

com lousa e caderno. Por conta disso, com a utilização dos jogos como meio

dinamizador do conteúdo a ser trabalhado nessas salas de apoio, sempre se

esperou que esses alunos pudessem aprimorar o pensamento lógico-matemático

na medida em que se desenvolvam nos trabalhos com os diferentes conteúdos da

matemática que, de uma forma ou outra, ficaram defasados nos anos anteriores.

Assim, com esse pano de fundo, este artigo tem a finalidade de argumentar

sobre a experiência desenvolvida com alunos do 6º ano de uma sala de apoio de

escola pública do interior do Estado do Paraná, onde se buscou trabalhar com

conteúdos da matemática de maneira a incentivar esses alunos a tomarem gosto

pela aprendizagem através dos jogos matemáticos.

O percurso do trabalho

O trabalho desenvolvido com conteúdos da matemática junto à sala de

apoio à aprendizagem, com alunos do 6º ano, do Colégio Estadual João Paulo II,

iniciou-se com a criação de um projeto de intervenção pedagógica, oportunizado

pelo ingresso como professora PDE na turma 2012/2013 do programa. Para a

elaboração do projeto que, posteriormente, em sua fase de execução tornou-se a

intervenção pedagógica realizada na escola, foram sistematizadas leituras prévias

que objetivaram dar sustentação teórica ao trabalho que seria desenvolvido.

Cabe destacar que nessa fundamentação teórica ficou reforçada a ideia de

que a matemática é fundamental para a sociedade, pois está interligada às mais

diversas áreas da atividade humana. Isto porque a educação matemática tem o

objetivo de ajudar a identificar a matemática que está presente nas mais variadas

situações. Identificar aqui significa tornar os conteúdos da matemática que estão

inseridos nos livros didáticos, compreensíveis para as situações de vivência

prática dos alunos, ou seja, trabalhar na perspectiva da aplicabilidade desses

conteúdos nas mais diferentes ações do cotidiano. Essa prática visa promover a

formação de cidadãos participativos, críticos e confiantes nos modos como lidam

com a matemática conforme enuncia os documentos oficiais que norteiam o

ensino da matemática. (CNEB, 2003).

Assim, uma metodologia de trabalho com o ensino da matemática que seja

marcada pela atividade lúdica, seja ela individual ou coletiva, tende a favorecer o

enriquecimento das relações interpessoais e, principalmente, buscar a valorização

do autoconceito do aluno acerca dos saberes que já possui. Essa valorização do

conhecimento prévio que o aluno possui ao adentrar aos bancos escolares, de á

muito já fora ressaltada pelo educador Paulo Freire (1992), quando defendia que a

linguagem do mundo precedia a linguagem escrita. Claro que aqui se entende a

linguagem escrita como o conjunto dos saberes humanos que, obviamente,

incluem os saberes da matemática, ou, dito na lógica freireana, os saberes da

linguagem matemática.

Dessa forma, no campo do ensino da matemática, teóricos tem afirmado

que os jogos promovem a valorização pessoal e a percepção das potencialidades

do grupo. Nessa lógica, Souza (2002) ressalta a importância do jogo no trabalhado

em sala de aula,

A proposta de se trabalhar com jogos no processo ensino-aprendizagem da Matemática implica numa opção didático-metodológica por parte do professor, vinculada às suas concepções de educação, de Matemática, de mundo, pois é a partir de tais concepções que se definem normas, maneiras e objetivos a serem trabalhados, coerentes com a metodologia de ensino adotada pelo professor. (SOUZA, 2002, p. 132).

Desta forma, pode-se imaginar que determinadas abordagens

metodológicas aplicadas ao ensino da matemática podem proporcionar aos

educandos situações desafiadoras sim, mas que sejam agradáveis e significativas

durante o efetivo trabalho em sala de aula. Essas metodologias podem motivá-los

para um aprendizado mais consistente dos conteúdos da matemática, uma vez

que podem contribuir para um primeiro passo, a saber, propiciar uma melhor

receptividade por parte dos alunos dos conteúdos da matemática.

Para se propiciar essa receptividade, os professores devem criar,

metodologicamente, situações interessantes e envolventes que durante as aulas

de matemática chamem a atenção dos alunos. Um trabalho nessa perspectiva que

busca despertar no aluno o gosto e o prazer de aprender matemática, envolvendo

os alunos em jogos e brincadeiras que são parte de seu cotidiano, é comentado

por Kamii (1991, p.15), quando diz que “o ensino da Matemática deve respeitar e

estimular a construção do conhecimento ao invés de ser interiorizado através de

exercícios individuais e informações vindas do professor e dos objetos em si”.

Atividades que não estimulam os alunos a pensar e, principalmente, a não

identificarem em suas vidas práticas os conhecimentos de matemática que a

escola trabalha são fortemente criticadas por Sadovsky (2007) quando argumenta

que:

[...] o baixo desempenho dos alunos em Matemática é uma realidade em muitos países, não só no Brasil. Hoje o ensino de Matemática se resume em regras mecânicas oferecidas pela escola, que ninguém sabe onde utilizar. Falta formação aos docentes para aprofundar os aspectos mais relevantes, aqueles que possibilitam considerar os conhecimentos prévios dos alunos, as situações e os novos saberes a construir. (SADOVSKY, 2007, p.15).

Reforçando ainda a ideia de que o trabalho com jogos no ensino da

matemáticatende a oportunizar um melhor aprendizado aos alunos, Oliveira (1998)

faz a seguinte afirmação:

O jogo tem fortes componentes da resolução de problemas na medida em que jogar envolve uma atitude psicológica do sujeito que, ao se predispor para isso, coloca em movimento estruturas do pensamento que lhe permitem participar do jogo [...]. O jogo, no sentido psicológico,

desestrutura o sujeito que parte em busca de estratégias que o levem a participar dele. Podemos definir jogo como um problema em movimento. Problema que envolve a atitude pessoal de querer jogar tal qual o resolvedor de problema que só os tem quando estes lhe exigem busca de instrumentos novos de pensamento. (OLIVEIRA, 1998, p. 53).

Assim, por essa perspectiva, o professor de matemática e,obviamente, de

qualquer outra área, ao introduzir em suas metodologias jogos e brincadeiras,

disponibiliza um leque de possibilidades que favorecem tanto o processo de

ensino, como o processo de aprendizagem, para que ambos os processos

ocorram de forma mais participativa e, com isso, com a possibilidade de melhores

resultados no campo da aprendizagem. Essa metodologia, que evoca uma

participação mais ativa do aluno no processo, é oposto àquele modelo que

considera o aluno um sujeito passivo do ato de conhecer. Ao contrário, torna o

aluno um sujeito ativo, partícipe do ato de conhecer o mundo pelo viés também da

matemática.

Para envolver os alunos nessa metodologia de trabalho através de jogos e

do universo das brincadeiras, o professor deve estar atento à quais experiências

de vida mais imediata seus alunos estão envolvidos, ou seja, como brincam; com

o que brincam; o que gostam de fazer; com quem gostam de fazer o que fazem.

Somente assim, o professor poderá dizer que sua metodologia de ensino parte

deexperiências imediatas de vida de seus alunos.

Brenelli (1996) apresenta um modelo onde classifica o trabalho com jogos

no ensino da matemática em três tipos:

a) jogos estratégicos: onde são trabalhadas as habilidades que compõem o raciocínio lógico. Com eles, os alunos lêem as regras e buscam caminhos para atingirem o objetivo final, utilizando estratégias para isso; b) jogos de treinamento: os quais são utilizados quando o professor percebe que alguns alunos precisam de reforço num determinado conteúdo e quer substituir as cansativas listas de exercícios. Neles, quase sempre o fator sorte exerce um papel preponderante e interfere nos resultados finais; c) jogos geométricos: que têm como objetivo desenvolver a habilidade de observação e o pensamento lógico. Com eles conseguimos trabalhar figuras geométricas, semelhança de figuras, ângulos e polígonos. (BRENELLI, 1996, p. 30).

Os jogos na matemática exigem o desenvolvimento da capacidade da

criança ou do adolescente de atuar tantosozinho como em grupo, uma vez que

estimulam a criação eo seguir de regras, o que os lega a agirem e reagirem a

estímulos próprios em relação à atividade em que estão imersos. Assim, o jogo

implica em ação, consequentemente, ao participar de um, a criança passa por

uma etapa de envolvimento, adaptação e reconhecimento importantíssimo para a

ação educativa na escola. (MIGUEL, 2005).

Notoriamente há um crescimento acentuado de jogos voltados para a

educação e em especial, para a educação matemática. Dentre estes estão os

chamados jogos Online. De acordo com Justino e Silva (2009) apesar de o senso

comum associar jogos a entretenimento, há algum tempo eles foram inseridos no

contexto educacional. Ainda segundo as autoras, os jogos eletrônicos passaram a

ser estudados como uma potencial ferramenta a ser utilizada por educadores em

diversos contextos no intuito de desempenhar uma nova prática de ensino,

dinâmica e colaborativa.

Os jogos Online educacionais possibilitam a interação, mantendo o

interesse do aluno enquanto desenvolve habilidades, socializa conhecimento com

os colegas, provocando a construção do conhecimento e do raciocínio de forma

coletiva. Se usados de forma efetiva, os jogos desempenham um papel importante

para o desenvolvimento do aluno, promovendo a iniciativa pessoal e de grupo, a

solidariedade, o respeito mútuo e a formação de atitudes sociais, sendo um

poderoso elemento de motivação no ambiente de aprendizagem. Para Oliveira:

Os jogos podem apresentar situações que contenham simulações, tutoriais ou sistemas inteligentes, mas o que evidencia esse tipo de software é seu caráter de divertimento, de prazer. Uma situação de jogo oferece aos usuários intensa interatividade, permitindo ampliar as relações sociais no ambiente de ensino, cativando o interesse dos alunos em relação a temas muitas vezes difíceis de ser apresentados por outras abordagens. A essência do jogo educacional é a aprendizagem com prazer e a criatividade com diversão. (OLIVEIRA, 2001, p. 81).

Todo o arcabouço teórico utilizado para a formatação do projeto que fora

posteriormente empregado na intervenção realizada na escola identificou que para

que o jogo possa mediar o ensino e a aprendizagem de conteúdos matemáticos e

com isso atingir os objetivos esperados, é fundamental que o docente realize um

profundo estudo dos jogos que serão utilizados e, principalmente, da forma como

serão abordados no trabalho de sala de aula.

Considerações Finais

No desenvolvimento prático do trabalho, subsidiado pelo aporte teórico, em

parte apresentado acima, iniciou-se as atividades procurando desenvolver as

competências e habilidades dos alunos do 6º Ano de Sala de Apoio à

Aprendizagem do Colégio Estadual João Paulo II, do período matutino, onde

foram implementadas alternativas metodológicas que possibilitassem maior

compreensão da matemática através de jogos matemáticos.

As atividades prática, desenvolvidas por parte da professora-investigadora,

iniciaram após a realização de um estudo bibliográfico sobre a metodologia a ser

empregada. A proposta de intervenção se desenvolveu por meio de diálogo com

alunos sobre a importância da matemática na sua vida; atividades de pesquisa;

integração de jogos e conhecimentos matemáticos; contato com diversos tipos de

jogos para formação de conceitos matemáticos; experimentação e resolução de

problemas através de jogos e trabalhos em grupo.

Alguns dos trabalhos podem assim ser destacados:

Diálogo com os estudantes sobre a importância da matemática na sua

vida: Para a realização dessa etapa que marcou o inicio do trabalho de

intervenção, primeiramente foram apresentados aos alunos os objetivos do

Projeto de Intervenção na Escola, bem como a proposta de seu

desenvolvimento e as metodologias que seriam empregadas na execução das

atividades. Na sequência, se discutiu com os alunos a importância da

Matemática e sua aplicabilidade na vida cotidiana. Buscou-se enfatizar a

importância do conhecimento matemático, principalmente dos conceitos

básicos para se ter condições, em especial na atualidade, de se adaptar ao

mundo tecnológico no qual vivemos.

Integração de jogos e conhecimentos matemáticos: Para essa etapa foi

utilizado o Laboratório Digital da escola, onde os alunos pesquisaram jogos

matemáticos com a orientação da professora-pesquisadora. Nessa

oportunidade, os alunos fizeram anotações de como é montado e executado

cada um dos jogos pesquisados. O objetivo dessa atividade era mostrar a

finalidade de cada jogo, seu modo de jogar, bem como os materiais

necessários para sua confecção e, principalmente, que conteúdos matemáticos

poderiam ser identificados e explorados em cada um dos jogos.

Contato com diversos tipos de jogos para formação de conceitos

matemáticos próprio de cada aluno: As atividades dessa etapa foram

novamente desenvolvidas no Laboratório Digital e também em sala de aula.

Fomentou-se a pesquisa e se estimulou que os alunos passassem a

confeccionar alguns jogos matemáticos. Essa atividade possibilitou uma maior

interação do aluno com o jogo. Houve nessa atividade a exploração do aspecto

lúdico de cada jogo, o que, sem sombra de dúvida, motivou as crianças

durante os trabalhos propostos e conduziu a um maior entendimento das

atividades escritas, explorando os conteúdos matemáticos presentes em cada

jogo que foi trabalhado e assim permitiu que o aluno tirasse suas próprias

conclusões, elaborando seus próprios conceitos.

Experimentação e resolução de problemas através de jogos: Uma das

funções da Matemática é o desenvolvimento de competências para resolver os

problemas do dia a dia. Conhecer algoritmos, raciocinar logicamente, preparar

o aluno para viver em sociedade e aplicar o que aprendeu nos bancos

escolares em sua profissão. A busca por desenvolver nos alunos essas

funções, tem sido o grande desafio dos professores de Matemática no Ensino

Fundamental. Por isso, intensificou-se a busca por alternativas que

possibilitassem uma maior compreensão dos conteúdos matemáticos

elencados para o trabalho, de tal forma que o trabalho pudessem se tornar

mais atrativo e os saberes tivessem significado prático para os alunos. Neste

contexto, foram propostos desafios matemáticos, que ocorreram através de

jogos confeccionados em sala de aula, como por exemplo, o jogo feche a

caixa. Vale ressaltar, que estes jogos possibilitaram o estudo das quatro

operações de forma lúdica e agradável, onde os alunos demonstraram uma

melhor predisposição para o trabalho com esses conteúdos.

Trabalhos em grupo: Durante essas etapas, e foram muitas, ao longo do

trabalho, os alunos foram divididos em pequenos grupos para confecção dos

jogos. Procurou-se possibilitar a troca de experiências e conhecimento entre os

educandos, para que os mesmos interagissem com as operações básicas da

matemática e efetivassem o processo de ensino e aprendizagem de forma

interativa.

Cabe destacar que foi produzido, durante a dinâmica desse trabalho que

envolveu 34 horas de atividade de implementação na escola, uma coletânea dos

jogos confeccionados pelos alunos, como forma de material prático possível de

ser usado em sala de apoio à aprendizagem tanto por eles como por outras

turmas da escola.

Ao final dos trabalhos pode-se, certamente, afirmar que o projeto, aplicado em

sua totalidade, oportunizou vivenciar como os alunos participaram com maior

entusiasmo em todas as etapas do projeto. Acreditamos que isso foi possível por

esta se mostrar uma atividade diferenciada, que retirou os alunos de uma rotina de

trabalho com os conteúdos da matemática em sala de aula.

Algumas dificuldades surgiram ao longo do processo, especialmente aquelas

atividades que necessitavam maior conhecimento em Informática, em especial

quando se trabalhou com os jogos Online. Contudo, a quase totalidade dos alunos

conseguiu construir o seu próprio jogo, conseguindo assim alcançar os objetivos

que tínhamos proposto. O conjunto dessas atividades trabalhadas revelou ainda

uma contribuição significativa não somente para a compreensão dos conteúdos

propostos em cada atividade, mas oportunizou um maior diálogo entre os alunos,

entre a professora-pesquisadora e os alunos de forma que também ficou evidente

o aprendizado quanto a importância da socialização do saber, do respeito aos

limites do próximo.

Outro fator a ser destacado nessa experiência foi a demonstração de uma

aguçada curiosidade por parte dos alunos. Após tomarem ciência do projeto e da

forma como se propunha o trabalho com os conteúdos da matemática, os alunos

demonstraram um maior nível de interesse pelo que seria trabalhado no próximo

encontro, assim como também se pode afirmar que houve uma maior participação

da turma em todas as atividades que foram propostas.

Assim, ao final desse relato descritivo e analítico, posso afirmar a importância

das palavras de Freire sobre a necessidade de buscarmos dinamizar nossas aulas

quando diz que:

A verdadeira pedagogia é a arte de fazer da curiosidade algo metódico e permanente. É assim que o ser humano conhece e se reconhece. É importante aprender a aprender para que as nossas aulas não se tornem em velhas e enfadonhas lições. (FREIRE, Apud, NOGUEIRA, 1994, p. 13).

De fato, deve sim haver um comprometimento do professor com sua formação

continuada, pois essa pode fazê-lo repensar suas práticas docentes de forma a

manter-se nessa busca constante do aprimoramento. Esse trabalho oportunizou

essa reflexão, uma vez que foi possível perceber como a utilização de diferentes

formas de trabalhar os conteúdos matemáticos tende a transformar o trabalho de

sala de aula, fazendo com que esse trabalho ganhe dinamismo na medida em que

também atinge o objetivo maior que é produzir conhecimento.

Assim, posso afirmar que a proposta trabalhada durante o projeto de

intervenção pedagógica que envolveu a utilização de jogos como estimuladores do

trabalho com os conteúdos da matemática, atingiram o objetivo proposto, a saber,

o de proporcionar aos alunos momentos desafiadores e motivadores na

construção do conhecimento matemático.

REFERENCIAS BRASIL, CNEB, 2003. CONFERÊNCIA NACIONAL DA EDUCAÇÃO. Ministério da Educação. Disponível em: <www.cref6.org.br/arquivos/parecer_cne.pdf>. Acesso em 02 de janeiro de 2014. BRENELLI, Rosely Palermo. O Jogo como espaço para pensar. A construção de noções lógicas e aritméticas, Campinas-SP: Papirus, 1996. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. 5 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. JUSTINO, Lívia Dutra; SILVA, Grazielle Santos. Novas práticas na Educação: o uso de jogos digitais para fortalecer a aprendizagem. III Encontro Nacional sobre Hipertexto. Belo Horizonte. Out. 2003. Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/22621648/NOVAS-PRATICAS-NA-EDUCACAO-O-USO-DE-JOGOS-DIGITAIS-PARA-FORTALECER-A-APRENDIZAGEM1. Acesso em 11 nov. 2012. KAMII, Constance. Piaget para a educação pré-ecolar. Trad. Maria Alice Bad Denise. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991. MIGUEL, José Carlos. O ensino de Matemática na perspectiva da formação de conceitos: implicações teórico-metodológicas. In: PINHO, Sheila Zambello de ALBUQUERQUE, Irene de. Metodologia da Matemática. Rio de Janeiro: Conquista, 2005. NOGUEIRA, Adriano. (Org.) Contribuições da interdisciplinaridade: para a ciência, para a educação, para o trabalho sindical. Petrópolis-RJ: Vozes, 1994. OLIVEIRA, Celina Couto de; COSTA, José Wilson da; MOREIRA, Mercia. Ambientes Informatizados de Aprendizagem: Produção e Avaliação de Software Educativo. Campinas-SP: Papirus, 2001. OLIVEIRA Francismara Neves de; BIANCHINI, Luciane Guimarães Batistella; PIAI, Angélica Lima; FECHIO, Mariana; SILVA, Josiele Cardoso; CARNOT, Priscilla de La Torre. Sala de apoio à aprendizagem: significações de dificuldades de aprendizagem para alunos e professores. IX Congresso Nacional de Educação – EDUCERE. III Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia. 26 a 29 de outubro de 2009 – PUC-PR. Disponível em: http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/3474_1945.pdf Acesso em 03 de janeiro de 2014.

OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento – um processo sócio-histórico. São Paulo: CENP, 1998. SADOVSKY, P. Falta Fundamentação Didática no Ensino da Matemática. Nova Escola. São Paulo, Ed. Abril, Jan. /Fev. 2007. SCHNEIDER, Clarice Lúcia. Matemática: O Processo de Ensino-Aprendizagem.Dezembro de 2007. Disponível em: <http://www.somatematica.com.br/artigos/a32/>. Acesso em 05 de março de 2011. SOUZA, Maria de Fátima Guerra. Fundamentos da educação básica para crianças. Volume 3. In: Módulo 2. Curso PIE – Pedagogia para Professores em Exercício no Início de Escolarização. Brasília: UnB, 2002.