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RELATÓRIO PA 1085/12 Educação coletiva - Evento técnico/científico
EXPEDIÇÃO MS:
INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA
Coordenador do Projeto
Edemar Moro
Organização Curso de Agronomia da Unoeste
Agripec-Empresa Junior da Faculdade de Ciências Agrárias da Unoeste
Presidente Prudente, 2013
Projeto Agrisus N.: 1085/12 Nome do Evento: Expedição MS: Integração Lavoura-Pecuária Interessado: Edemar Moro Instituição: Universidade do Oeste Paulista-UNOESTE Rodovia Raposo Tavares, Km 572 - Campus II, Bloco B3; CEP 19067-175 Presidente Prudente-SP Telef: (18) 3229-3213 e (18) 8815-1270 - E-mail: edemar@unoeste.br Local do Evento:
A Expedição Técnica aconteceu no Estado do Mato Grosso do Sul. Foram visitadas quatro
fazendas, duas unidades da Embrapa e a Fundação MS (Tabela 1).
Valor financiado pela Fundação Agrisus: R$ 14.700,00 (quatorze mil e setecentos reais). Vigência: 26/12/2012 a 30/05/2013
RESUMO: o objetivo geral desta viagem foi proporcionar aos alunos dos cursos de ciências
agrárias o conhecimento de sistemas de produção sustentáveis. A integração lavoura-pecuária é a
grande evolução dos sistemas de produção agropecuários, é considerada a nova revolução verde dos
trópicos. Embora a grande relevância do tema, ainda não faz parte da grade curricular dos cursos de
graduação em ciências agrárias. Sendo assim, os futuros profissionais precisam aprimorar seus
conhecimentos para aturarem em sistemas integrados de produção agropecuária. No Estado do
Mato Grosso do Sul as principais razões que culminaram na adoção da ILP infestação de
nematoides, necessidade de cobertura do solo, recuperação de pastagens degradadas e viabilização
econômica das propriedades. Participaram da Expedição MS: integração lavoura-pecuária 42
pessoas (quatro professores e 38 alunos).
1. INTRODUÇÃO O objetivo geral desta viagem foi proporcionar aos alunos dos cursos de ciências agrárias o
conhecimento de sistemas de produção sustentáveis. Os objetivos específicos foram: (i) desenvolver
senso crítico dos alunos para que quando atuarem profissionalmente tenham o conhecimento para
melhorar o uso do solo e potencializar a produção agrícola; (ii) que os alunos entendam que a
construção da física do solo é tão importante quanto a química e que a Integração Lavoura-Pecuária
é um dos meios que auxilia grandemente nesse processo; (iii) que os professores dos cursos de
ciências agrárias enriqueçam seus conhecimentos a fim de dinamizar a implantação da Integração
Lavoura-Pecuária na região oeste paulista. A integração lavoura-pecuária é a grande evolução dos
sistemas de produção agropecuários, é considerada a nova revolução verde dos trópicos. Embora a
grande relevância do tema, ainda não faz parte da grade curricular dos cursos de graduação em
ciências agrárias. Sendo assim, os futuros profissionais precisam aprimorar seus conhecimentos
para aturarem em sistemas integrados de produção agropecuária. A integração da agricultura e
pecuária apresenta um sinergismo que resulta na recuperação de áreas de pastagens degradadas,
possibilitando retorno econômico já no primeiro ano de implantação. O sistema integrado de
produção, ainda melhora a fertilidade do solo e otimiza o uso eficiente e econômico das
propriedades rurais e auxilia a manutenção das famílias na propriedade.
O desafio ao setor agropecuário neste século é o aumento da produção de alimentos de
forma sustentável e ambientalmente correta. Assuntos como seqüestro de carbono, redução de
agroquímicos e bem estar animal são freqüentes debatidos. Neste contexto destaca-se a integração
lavoura-pecuária (ILP). A condução dos sistemas de produção com a técnica da ILP atende toda a
preocupação global com relação à sustentabilidade do planeta. As principais vantagens da ILP são:
produção diversificada; aumento e estabilidade de renda; menor vulnerabilidade aos efeitos de
clima e de mercado; conservação do solo e da água e valorização da propriedade.
A exploração habitual da agropecuária nas regiões tropicais especialmente em solos
arenosos, como é o caso do oeste paulista tornaram-se insustentáveis do ponto de vista econômico.
A preocupação com práticas agropecuárias sustentáveis do ponto de vista econômico, social e
ambiental são eminentes. Sendo assim, sistemas agropecuários que atendam os requisitos
apresentados são de extrema necessidade. Nessa lógica a Expedição MS será uma grande
oportunidade para que os futuros profissionais adquiram o conhecimento necessário para e a
segurança para implantar e difundir a técnica da Integração Lavoura-Pecuária. O entendimento da
técnica ocorre por meio de visitas técnicas em propriedades que trabalham com sistemas integrados
já consolidados.
2. PROGRAMA DO EVENTO O cronograma dos locais visitados incluindo data, horário está descrito na Tabela 1.
Tabela 1. Cronograma da Expedição MS.
Data Empresa/Instituição Cidade 18/02/2013 - 08:00 às 17:00 hs Fazenda Santa Virgínia Santa Rita do Pardo 19/02/2013 - 08:00 às 17:00 hs Embrapa Agropecuária Oeste Dourados 20/02/2013 - 08:00 às 12:00 hs Fazenda Mazzochin Maracaju 20/02/2013 - 14:00 às 18:00 hs Fazenda Cabeceira Maracaju 21/02/2013 - 08:00 às 12:00 hs Fundação MS Maracaju 21/02/2013 - 14:00 às 18:00 hs Fazenda Santo Antônio Maracaju 22/03/2012 - 08:00 às 17:00 hs Embrapa Gado de Corte Campo Grande
3. RESUMOS DOS LOCAIS VISITADOS 3.1. Fazenda Santa Vergínia A Fazenda está localizada na pista Bataguassu – Brasilândia km 17 no município de Santa
Rita do Pardo-MS. Fomos recebidos pelo Gerente Administrativo José Albino Zacarin e pelo
Supervisor Florestal Alexandro Reinaldo Vieira. Zacarin fez uma apresentação prévia das
atividades que a Fazenda explora e apresentou os seguintes números: a área da fazenda é de 30.767
ha, dos quais 46% são ocupados com pastagem, 22% com reserva legal, 20% com floresta de
eucalipto, 6% com cana-de-açúcar, 3% com Integração Pecuária-Floresta, 2% com soja (objetivo
reforma da pastagem).
A atividade pecuária contempla 8000 matrizes no sistema de IATF (Inseminação Artificial
em Tempo Fixo). No melhoramento do rebanho o foco principal é precocidade, os animais
produzidos são ½ sangue nelore com ½ Aberdin Angus desmamados em média com 250 kg.
Ressalta-se que nas melhores matrizes (nelore) é priorizada a manutenção da raça pura, sem
cruzamentos.
A atividade agrícola teve início na safra 2011/2013 com o objetivo de reduzir os custos de
reforma das pastagens. A área agrícola atual possui 720 ha cultivados com soja, sendo 50% em área
de primeiro e 50% em área de segundo ano. As cultivares utilizadas foram BMX POTÊNCIA, BRS
246 e CAMPO MOURÃO, a produtividade média foi 45 sacas ha-1 e a maior produtividade (áreas
de segundo ano com soja) foi 55 sacas ha-1. As áreas de primeiro ano foram vedadas para produção
de massa (palhada) e dessecada 45 dias antes da semeadura. A semente foi apenas inoculada no
momento de abastecer a semeadoura. Foram aplicadas duas doses de turfa na semente e duas doses
de turfa na linha de semeadura. O tratamento de semente com fungicida foi realizado somente nas
áreas de segundo ano de soja.
A área florestal algo impressionante, a fazenda possui viveiro próprio para produção de
mudas com capacidade de cinco milhões de mudas por ano. As plantas matrizes recebem um
tratamento especial via fertirrigação controlada por computadores. Os destinos dos eucaliptos
produzidos são celulose, madeira, lascas para cerca, postes. Além do viveiro clonal a empresa
possui uma indústria de tratamento de madeiras.
No sistema de integração pecuária-floresta o plantio de eucalipto é realizado no sentido
leste/oeste (onde a declividade permite), em renques de quatro linhas, com espaçamento entre 18 a
30 metros, com uma área de giro de 15 metros (distância da cerca). Neste sistema o componente
florestal ocupa 34% da área.
Um dos fatos que mais impressionou os visitantes foi a gestão, tudo é planejado e mapeado,
em nenhum momento da visita ouviu-se o termo fazenda, os gestores quando se referiam a
propriedade sempre usavam o termo empresa. A empresa tem como visão antecipar tendências,
gerar valor econômico e resultados, através de gestão eficiente. A fórmula do sucesso segundo os
gestores chama-se EQUIPE. A frase marcante proferida pelos gestores foi “a empresa não contrata
profissionais, contrata índole, o profissional é formado no ambiente de trabalho”. Neste contexto a
Empresa tem como missão desenvolver negócios nos setores agropecuário, florestal e imobiliário,
na busca de sustentabilidade econômica, social e ambiental.
Figura 1. Viveiro clonal de eucalipto e usina de tratamento de madeira. Santa Vergínia, 2013.
Figura 2. Área de soja integração lavoura-pecuária e pecuária-floresta. Santa Vergínia, 2013.
1.2. Embrapa Agropecuária Oeste Para desenvolver seus trabalhos de pesquisa, produção de sementes e demonstração de
tecnologia, a Embrapa Agropecuária Oeste conta com duas bases físicas, Dourados e Ponta Porã. A
unidade visitada foi a Embrapa Sede localizada no município de Dourados na região sul do Estado
de Mato Grosso do Sul. Possui uma área de 404 ha, com 5.000 m2 de área construída, incluindo
laboratórios, casa de vegetação, estação meteorológica, campo experimental. A Embrapa
Agropecuária Oeste, abrange os Estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso e as regiões
Noroeste do Paraná e Oeste de São Paulo.
Na unidade fomos recebidos pelo Chefe Adjunto de Transferência de Tecnologia Dr.
Claudio Lazzarotto que agradeceu a visita e explicou a missão e a vocação da instituição na região.
Após a recepção foram apresentadas duas palestras sobre Integração-Lavoura-Pecuária. A primeira
palestra foi proferida pelo Dr. Rodrigo Arroyo Garcia e abordou a realidade das áreas de pastagem
do MS, as quais são em processo de degradação. Foi relatado que a pecuária e/ou lavouras e as
sucessões soja, milho safrinha não são interessantes devido às condições dos solos do Estado. A
maioria das áreas possui baixo teor de matéria orgânica, ausência de rotações de culturas e
compactação das camadas superficiais.
A segunda palestra foi apresentada pelo Dr. Gessi Ceccon, o tema abordado foi sucessão de
soja e pasto como modelo para recuperação de área degradas no MS. Nesta palestra foram
apresentadas as vantagens dos sistemas integrados de produção e suas variáveis. As principais
culturas que compõem o sistema são soja, milho e diferentes capins. Alguns aspectos importantes e
explorados na palestra foram as diferentes formas de consorciação de milho-brachiaria, a questão da
escolha certa do tipo e finalidade da brachiaria.
Após as palestras visitamos o campo experimental da Embrapa Agropecuária Oeste. No
campo observaram-se os experimentos com integração lavoura-pecuária, rotação de cultura soja
milho e pastagem, soja consorciado com pastagem. Nesse consórcio a pastagem é estabelecida 15
após a emergência da soja.
As pesquisas desenvolvidas na unidade da Embrapa apontam a integração lavoura –
pecuária como a melhor alternativa para aumentar a renda do produtor da região. As pesquisas na
área da integração lavoura-pecuária têm como objetivo o aproveitamento de áreas que já estão
sendo utilizadas para fazer a expansão agrícola, não havendo a necessidade de abrir novas áreas
para aumentar a produção e faturamento. Isto é possível em razão da melhoria da fertilidade do
solo, utilizando o clima e a tecnologia a favor da produção.
Alguns dos sistemas de integração lavoura-pecuária desenvolvidos na Embrapa são
pastagens anuais em sucessão a culturas de verão; rotação de culturas anuais em áreas de pastagens;
rotação de pastagens em áreas de lavouras e integração lavoura-pecuária com rotação de lavouras
ou pecuária. Um exemplo é o trabalho desenvolvido utilizando ¼ da área total para pasto e ¾ da
área total para agricultura no verão e invertendo no inverno.
Figura 3. Visita a Embrapa Agropecuária Oeste (Sede) e o campo experimental. Dourados, 2013.
3.3. Fazenda Mazzochin A Fazenda está localizada no município de Maracaju-MS. Fomos recebidos por Genésio
Mazzochin e filhos que os quais relataram que a Fazenda é composta por uma área agricultável de
840 ha, com teor de argila em torno de 60%. O sistema de produção da fazenda é a integração
lavoura-pecuária. O modelo adotado rotação agricultura-pastagem é, quatro anos de soja e dois anos
de pastagens.
A integração lavoura pecuária foi implantada na fazenda em 2006, com a intenção de elevar
a fertilidade de seus solos, pois haviam constatado que a produtividade estava diminuindo ao longo
dos anos de cultivo. A solução foi fazer o consórcio entre milho e gramíneas no inverno, e no verão
um plantio direto da soja sobre a palhada deixada pelo consórcio anterior. Porém o fator
determinante à adoção do sistema ILP foi a alta infestação de nematoides nas áreas de soja.
Atualmente estão utilizando a fazenda com ⅔ de agricultura e ⅓ de pecuária, intercalando conforme
a necessidade.
A pecuária é desenvolvida e uma área de 160 ha, divididos em 10 piquetes onde são
mantidos em média 360 animais com peso médio de 300 kg. Todos os piquetes contêm água
encanada, coxo de sal e água e a pastagem é formada por brachiaria marandu. Os pastos suportam
quatro UA por hectare, porém para acelerar o ganho de peso e melhor o acabamento a fazenda conta
com praças de alimentação. Neste local os animais recebem suplementação com ração balanceada
na proporção de 10g kg-1 de peso vivo. A ração tem 18% de proteína bruta, sendo que os principais
ingredientes principais (milho, soja, aveia) são resíduos da produção de grãos obtidos na pré-
limpeza associada aos dois silos de armazenagem que apresentam capacidade individual de 25 mil
sacas.
Os animais chegam à propriedade com média de 10 meses com peso médio de 180 a 220
quilos, conseguem um ganho diário de 600 a 650 gramas. O abate é feito quando chegam a 24 a 30
meses. Com essa idade os animais são classificados como precoce e recebem bonificação por serem
de alto padrão. Quando a área de pecuária é deslocada para outro talhão, essas cercas que dividem
os piquetes e as praças de alimentação são facilmente removidas, o que permite a utilização em
outras áreas e facilita as operações agrícolas nas áreas que passam a ser exploradas com agricultura.
Figura 4. Milho semeado após soja, armazenamento de grãos e área de pecuária. Fazenda Mazzochin, Maracaju-MS, 2013.
3.4. Fazenda Cabeceira A propriedade de 900 ha agricultáveis, sendo 750 ha para a agricultura e 250 ha de pasto,
está localizada no município de Maracaju-MS. O proprietário Ake Bernard Van der Vinne é o
pioneiro da integração lavoura-pecuária em Maracaju. No ano de 1989, começou a integrar lavoura
e pecuária. O novo sistema de produção foi implantado objetivando sair do ciclo da monocultura
devido a falta de culturas viáveis para fazer a rotação com soja no verão e falta de culturas
adequadas para fazer cobertura no inverno; quebrar o ciclo das doenças e pragas; melhorar as
propriedades química, física e biológica do solo Além disso, solucionar os problemas de falta de
pasto no inverno e alto custo da reforma das pastagens.
Ake relatou que sofreu muito no início com a falta de maquinas adequadas para trabalhar
dentro do sistema. Durante anos experimentou diversos modelos de ILP, porém não desistiu e hoje
com mais de 25 anos de plantio direto tem obtido produtividade de soja de 85 sacas por ha. A média
de produtividade de soja dos últimos cinco anos é de 65 sacas de soja por hectare e de milho
safrinha 90 sacas por hectare.
Atualmente o modelo atual de integração lavoura-pecuária que permite os ganhos
apresentados é de duas safras de soja e um ano e meio de pastagem: soja verão - milho safrinha
consorciado com Brachiaria ruziziensis para formação de palha; soja verão e estabelecimento da
pastagem que permanecerá na área por um ano e meio. Os capins utilizados para a formação de
pastagens são o Aruana e Massai devido a facilidade de dessecação.
Esse ciclo curto de rotação soja-pasto foi estabelecido após observar que no primeiro e
segundo ano após soja o ganho da pecuária era excelente, produzia animais com de 20 arrobas com
facilidade. Porém nos anos seguintes os ganhos da pecuária decaiam, pois as condições de
fertilidade dessas áreas não eram as mesmas, principalmente com relação ao nitrogênio. A soja é
uma cultura importante neste sistema, pois através da fixação de N, supre a demanda de N da
durante os 18 meses que a pastagem permanece nas áreas de rotação. Esse modelo zero o custo com
adubação nitrogenada e mantém a qualidade das pastagens. Segundo Ake “é necessário colocar para
depois tirar”.
A pecuária da fazenda é de ciclo completo, cria, recria e engorda. Na categoria cria são duas
vacas por hectare produzindo animais machos na desmama com média de 270 kg. Na recria os
animais da desmama com idade de nove meses permanecem 100 a 110 dias a pasto com ganho
conseguem ganhar 80 kg. A engorda desses animais é realizada no confinamento durante 90 dias
com ração elaborada com resíduos da unidade de armazenagem da propriedade. A ração é formada
a base de farelo de soja, milho e aveia o que permite a terminação e abate dos animais 16 a 17
arrobas.
O proprietário afirma que após ajustar o modelo de rotação soja-pasto que julga ideal obteve
grandes melhorias no perfil do solo, ainda relata que a palhada contribui diretamente para melhoria
das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. A Fazenda Cabeceira é um dos maiores
exemplos de que um sistema bem adequado, desde a implantação do sistema plantio direto são 29
anos de cultivo sem revolvimento do solo.
Figura 5. Entrada da Fazenda Cabeceira e áreas de pastagens no sistema ILP, Maracaju-MS, 2013.
3.5. Fundação MS A instituição de pesquisa está localizada na estrada da Usina Velha, Km 02 - Zona Rural –
Maracaju-MS. A Fundação é uma empresa privada, sem fins lucrativos e de utilidade pública que
realiza pesquisas e difunde tecnologias agropecuárias para a realidade dos produtores do Mato
Grosso do Sul. Foi a pioneira nas pesquisas com ILP e ILPF. Foi fundada em 18 de Março de 1992
por produtores rurais com objetivo de gerar tecnologias para apoiar o crescimento da área cultivada
em Mato Grosso do Sul. Atualmente a Fundação conta com seis pesquisadores e 60 colaboradores.
Fomos recepcionados pelo Presidente da Fundação MS Luis Alberto Moraes Novaes que
apresentou a instituição e seu perfil de atuação. Em seguida assistimos a palestra do Pesquisador
Me. Alex Marcel Melotto, cujo tem foi “Componente Florestal em Sistemas de Produção
Integrada”. Uns dos assuntos abordados na palestra foi a importância da escolha das espécies
arbóreas utilizadas em sistemas de integração (ILPF). Para obtenção do resultado esperado é
importante saber a finalidade e o destino que terá a espécie arbórea escolhida.
Após a palestra visitamos a área experimental para conhecer todos os trabalhos de pesquisa
desenvolvidos. Alguns dos experimentos observados foram teste de cultivares de soja e milho;
consórcio braquiária com milho em espaçamento de 45 e 90 cm; consórcio de milho com diferentes
capins (Mombaça, Xarés, Brachiaria decumbes e Brachiaria ruziziensis). O experimento com
diferentes espécies visa indicar qual o melhor capim para produção de palha e/ou para alimentação
animal.
A Fundação se localiza próximo ao setor produtivo, promovendo um diferencial para a
instituição. Essa proximidade ocorre tanto pela estrutura física, quanto pelo perfil para gerar
informações voltadas a atender a demanda dos produtores. Foi comum durante os dois dias que
permanecemos em Maracaju encontrar produtores relatando que só utilizam tecnologias que antes
foram validadas pela Fundação MS.
Figura 6. Visita a Fundação MS, sede e campo experimental, Maracaju-MS, 2013.
3.6. Fazenda Santo Antônio A Fazenda Santo Antônio pertencente a Luis Alberto Moraes Novaes localizada na cidade
de Maracaju-MS, é um exemplo de diversificação de atividades. A fazenda era totalmente dedicada
à pecuária, a partir de 1988 foi introduzida a agricultura em parte da área da propriedade. A área
utilizada da fazenda é de 4.000 hectares que são divididos entre a lavoura e a pecuária, sendo 40%
com soja e milho, 20% com cana-de-açúcar e 40% com pecuária, além das áreas de preservação
ambiental. O faturamento da fazenda se é de 48% com a soja e com o milho; 35% com a cana-de-
açúcar e 17% com a pecuária. De acordo com o proprietário a manutenção das diversas atividades é
para explorar o conceito de gestão de risco, ou seja, nunca apostar apenas em uma única atividade.
Os ganhos apresentados são variáveis e a atividade que representou maior lucro num ano, pode não
apresentar nos anos seguintes.
Nos primeiros anos de implantação da integração lavoura-pecuária o ciclo de recuperação
das pastagens com agricultura era superior a seis anos. Atualmente a agricultura retorna em áreas de
pastagens após 3 a 4 anos, o projeto do proprietário é reduzir este intervalo para dois anos.
A pecuária de corte é de ciclo completo, sendo que no inverno, devido a redução do volume
de pasto a fazenda trabalha com a terminação em confinamento. A alimentação desses animais se se
baseia em 20% bagaço de cana e 80% de resíduos da unidade de armazenagem de grão da
propriedade. O confinamento tem capacidade pra 600 animais com 300 metros de cocho, com dois
ciclos de engorda por ano. A capacidade de suporte das pastagens é de 2,3 a 2,4 UA ha-1.
Na agricultura no verão as áreas disponibilizadas para grãos são ocupadas com a cultura da
soja e no inverno com milho safrinha consorciado com a Brachiaria e o cultivar depende da
finalidade desta pastagem. Se for para formação de pastos utilizam a marandu, mas se for para
formação de palhada utilizam a ruziziensis.
A cana-de-açúcar foi implantada na propriedade para diversificação de atividades e pela
logística favorável, a distância da fazenda até a usina é de apenas 20 km. O cultivo da cana-de-
açúcar no sistema oferece algumas vantagens, como por exemplo, as suas raízes mais profundas
acarretam maior profundidade de Ca em profundidade, proporcionando assim uma maior
profundidade das raízes da soja no cultivo seguinte. O desafio é prolongar a vida útil do canavial
que atualmente é mantido até o quarto corte. A produção média é 167 t ha-1 no primeiro corte, 120 t
ha-1 no segundo corte, 100 t ha-1 no terceiro corte e 80 t ha-1 no segundo corte.
A Fazenda Santo Antônio é um grande exemplo de diversificação de atividades e vem ano a
ano intensificando a implantação da integração lavoura-pecuária.
Figura 7. Milho safrinha e semeadora com caixa adicional para semente de capim, Fazenda Santo Antônio, Maracaju-MS, 2013.
3.7. Embrapa Gado de Corte Embrapa Gado de Corte está localizada na Avenida Rádio Maia, 830 - Zona Rural Campo
Grande-MS e tem como missão viabilizar soluções tecnológicas sustentáveis para a cadeia
produtiva da pecuária de corte em benefício da sociedade brasileira.
Na unidade fomos recebidos pelo Chefe Adjunto de Transferência de Tecnologia Dr. Pedro
Paulo Pires que agradeceu por visitarmos a instituição e declarou que a Embrapa sempre estará de
porta aberta para visitações.
Após a recepção foi apresentada uma palestra sobre ILP, a qual foi proferida pelo
pesquisador Dr. Armindo Neivo Kichel. Na palestra Kichel abordou a importância da integração
lavoura-pecuária, e abordou os benefícios da integração tanto para o solo quanto para o retorno
financeiro ao produtor. Foram a presentados vários exemplos de projeto de ILP bem sucedidos no
Estado do Mato Grosso do Sul.
Depois da palestra fomos a área de campo conhecer os trabalhos desenvolvidos com ILPF.
A área que visitamos estava ocupada com soja e eucalipto. Na parte florestal havia diversos estudos
com espaçamentos, variedades e número renques de eucalipto. O pesquisador Dr. André
Dominghetti Ferreira explicou as vantagens do sistema e as dificuldades de se adequar as diversas
condições de clima, relevo e região. Além da finalidade e destino final da madeira produzida, bem
como a estimativa de retorno econômico. Quanto ao número de linhas de eucalipto o pesquisador
explicou que o número mínimo deve ser três, visto que, as linhas laterais não produzem uma
madeira de qualidade para indústria moveleira, pois devido ao seu crescimento em sentido a
luminosidade (para fora do renque), produz uma fibra torta que não suporta a pressão fazendo com
que a madeira se empene ou apresenta trincas, assim a utilização desta madeira é de uso comum.
Figura 8. Embrapa Gado de Corte (sede) e área com ILPF. Campo Grande-MS, 2013.
4. PARTICIPANTES E SEMINÁRIO PÓS-VIAGEM Os integrantes da Expedição MS foram divididos em grupos e cada grupo ficou responsável
por apresentar um dos locais visitados (Tabela 2) aos alunos dos cursos de ciências agrárias da
Unoeste. Participaram do Seminário mais de cem alunos.
Tabela 2. Integrantes da Expedição MS: Intregração Lavoura-Pecuária
GRUPO 1 GRUPO 2 FAZENDA SANTA VERGINIA EMBRAPA AGROPECUÁRIA OESTE
Aluno Termo Aluno Termo Gabriel Leite Carvalho 6T Alexandre Paião 3T Julio Cesar Vieira 6T Dario Sousa 3T Maycon Amim Vieira 6T Elivelton Alves Lustri 3T Elton Aranda 2T Jhemisson Silva 3T Bruno Cesar Bortholazzi 2T Joicielle Souza 3T
GRUPO 3 GRUPO 4 FAZENDA MAZZOCHIN FAZENDA CABECEIRA
Aluno Termo Aluno Termo Rodrigo Soldá 3T Bruna Kamila da Silva Almeida 5T Ronis Pereira 3T Caio Morata Hernandes 5T Franciele Soares 4T Carlos A. Santos Martines 5T Leonardo Sorrilha 4T Carolina Cardoso Ferreira Lobo 5T Nathália Calhabeu Ferreira 4T Lucas Camargo Soares 5T
GRUPO 5 GRUPO 6 FUNDAÇÃO MS FAZENDA SANTO ANTÔNIO
Aluno Termo Aluno Termo Luis Eduardo Vieira Pinto 4T Edson Gabriel Rodrigues Matsuda 7T Carlos Eduardo Seawright 7T Eliane Batista Viudes 7T Daniel Fernando Cocato 7T Luanda Torquato Feba 7T Edmilson William Lopes da Rocha 7T Marcos Henrique F. Goncalves 7T Paulo de Magalhães 7T Raphael Sanches Hernandes Alves 7T
GRUPO 7 PROFESSORES EMBRAPA GADO DE CORTE
Aluno Termo Rafael Siqueira 7T Ana Claudia Ambiel Fabio da Silva Fernandes 8T Carlos Sérgio Tiritan Leandro T Trevizan Ferreira 8T Edemar Moro Paulo Mucio Filho 8T Paulo Claudeir Gomes da Silva Thiago Aparecido Silva Amorim 8T Neimar Rotta Nagano
Figura 9. Seminário da Expedição MS apresentado na Unoeste. Presidente Prudente, 2013.
5. CONCLUSÕES Todos os integrantes da viagem tiveram a oportunidade de conhecer sistemas de produção
sustentáveis e com viabilidade econômica.
Os conhecimentos obtidos durante a Expedição estão sendo utilizados para nortear pesquisas
desenvolvidas na Unoeste.
Os professores da Unoeste estão sendo requisitados para ministrar palestras sobre o tema e
acrescentam a experiência adquirida durante a Expedição, sempre ressaltando o apoio da Agrisus.
Os alunos tiveram oportunidade de conhecer projetos com ILP e preparar um seminário
sobre o assunto aos alunos que não foram. O seminário foi apresentado no dia 22 de maio de 2013.
Foram firmadas parcerias para desenvolver pesquisas e difundir a ILP. Além de ampliar os
locais para que os alunos da Unoeste possam realizar estágios.
5.1. Conclusões/depoimento de alunos Gostaria de elevar meus agradecimentos a Agrisus que nos proporcionou esta viagem, pois
tenho plena certeza que mudou e muito meu modo de pensar, e foi uma oportunidade imensa de
adquirirmos um vasto conhecimento sobre este assunto, o qual, acredito que seja o futuro da
agropecuária de nosso pais.
Júlio Cesar Vieira Aluno do 7º Termo do Curso de Agronomia - Unoeste
Como aluno do curso de Agronomia, pude aprender muito mais sobre esses sistemas de
integração que são empregados nas propriedades agropecuárias, pude presenciar a realidade a
campo e aprimorar meus conhecimentos. A viagem foi uma excelente iniciativa do professor
Edemar Moro juntamente com a Fundação Agrisus, e graças a essa experiência posso com mais
clareza e certeza defender os sistemas integrados e recomenda-lo a quem não possui.
Luis Eduardo Vieira Pinto Aluno do 5º Termo do Curso de Agronomia - Unoeste
6. COMPENSAÇÕES OFERECIDAS À FUNDAÇÃO AGRISUS
Menção da AGRISUS em matéria publicada no site da UNOESTE referente a Expedição
MS. Ver link: http://www.unoeste.br/site/destaques/Noticias.aspx?id=7083.
Durante toda a viagem foi citado o apoio da AGRISUS como financiadora da viagem
(http://www.cpao.embrapa.br/informativo_interno/index.php?option=com_content&view=article&i
d=765:sistemas-integrados-de-producao-pesquisados-pela-embrapa-atraem-estudantes-da-
noeste&catid=34:noticia&Itemid=54). Além disso foram levados dois banners para divulgação
Agrisus como patrocinadora da Expedição.
Durante a viagem destacamos o apoio financeiro da AGRISUS (Figura 3 e 5). O material de
divulgação que nos foi enviado também foi distribuído.
Foi realizado um Seminário sobre a viagem aos alunos dos cursos de Ciências Agrárias,
destacando o apoio da AGRISUS (Figura 9).
Outros sites que a Expedição MS foi divulgada.
http://www.fundacaoms.org.br/noticia/academicos-da-unoeste-visitam-fundacao-ms
http://www.agrolink.com.br/noticias/sistemas-de-producao-integrados-sao-vistos-na-expedicao-ms_166408.html
6.1 Agradecimentos Todos os participantes da Expedição MS: Integração Lavoura-Pecuária agradecem a
Fundação Agrisus por ter proporcionado e possibilitado que está viagem acontecesse.
7. DEMOSTRAÇÃO FINANCEIRA DOS RECURSOS DA FUNDAÇÃO AGRISUS Tabela 3. Demonstrativo de aplicação dos recursos provindos da Fundação Agrisus. Despesas R$ Alimentação 4.297,90 Hospedagem 9.045,00 Combustível 1.561,75 Total* 14.904,65 * O valor financiado pela Agrisus foi R$ 14.700, portanto apenas R$ 204,65 foi com recursos dos participantes.
Obs. A Universidade do Oeste Paulista-UNOESTE cedeu o ônibus, portanto as despesas de
transporte foram apenas com combustível o qual foi bancado com recursos da AGRISUS.
8. DATA E NOME DO COORDENADOR
Presidente Prudente, 05 de Julho de 2013
Edemar Moro Coordenador da Expedição MS
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