estudo do comportamento de solos reforçados … 2 – solo coluviar argiloso utilizado na pesquisa...
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Estudo do Comportamento de Solos Reforçados para Aplicação em Obras Geotécnicas
Avaliação do Comportamento de Solo Reforçado com Poliestireno Expandido (EPS)
Alunos: Tatiana Alvarez Lopes
Orientadora: Michéle Dal Toé Casagrande
Co-Orientadora: AlenaVitkova Calheiros
Introdução
O Poliestireno Expandido (EPS) é um plástico celular rígido, oriundo da
polimerização do estireno em água. As pérolas (cápsulas de estireno) são expandidas
utilizando-se o gás pentano, o que faz com que estas apresentem uma constituição de 98% de
ar e 2% de estireno. As principais características do EPS são: leveza, resistência mecânica e
baixa condutividade térmica. Isso faz com que este apresente inúmeras aplicações como, por
exemplo, isolante térmico, embalagens, proteção para aparelhos e maquinas e etc. Ressalta-se
que se trata de um material inerte e inócuo. O grande problema relacionado ao EPS é o seu
descarte. Apesar apresentar baixa densidade, o EPS ocupa muito volume, o que dificulta a
reciclagem e satura os aterros sanitarios.Com relação a reciclagem,além da dificuldade do
transporte devido ao grande volume que o EPS ocupa, outro problema e que durante o
processo de reciclagem o EPS tem seu volume reduzido para aproximadamente 10% de seu
volume original, já que é composto principalmente por ar. Dessa forma , são poucas as
empresas que se interessam em reciclar o EPS.Sendo assim, é importante encontrar maneiras
de reaproveitar esse material. Na construção civil, as pérolas de EPS vêem sendo reutilizadas,
agregadas a outros materiais, na produção de termobloco,argamassa e concreto leve. É
importante salientar que a quantidade reaproveitada é muito pequena comparada com a
produzida, sendo necessário encontrar novas alternativas.
Em obras geotécnicas, é muito comum que o solo natural não apresente os parâmetros
de resistência adequados. Sendo assim é necessário substituí-lo por outro que apresente
conformidade com os parâmetros, ou então alterar e modificar suas características para assim
adequá-lo aos parâmetros de projeto. O reforço do solo natural com materiais alternativos é
uma das formas de se modificar as propriedades do solo e de aumentar a sua resistência.
Nesse trabalho verificou-se a possibilidade de se utilizar as pérolas de EPS como
material de reforço em um solo argiloso de baixa capacidade de suporte. Esta seria mais uma
solução para o problema do descarte de EPS.
Objetivos
O principal objetivo desse trabalho é analisar a viabilidade do uso de pérolas de EPS como
material de reforço, em solo argiloso. Sendo assim foi analisada a influência do acréscimo do
EPS, em diversos teores (0,25%; 0,50%; 0,75% e 1%), na resistência de um solo coluviar
argiloso. A possível aplicação dessa mistura solo-EPS será em obras geotécnicas, como por
exemplo, aterros sobre solos moles e como camadas de aterros sanitários.
Programa Experimental
O programa de ensaios teve como finalidade analisar e identificar como a adição de
poliestireno expandido (EPS) a um solo coluviar argiloso, em diferentes concentrações
(0,25%; 0,50%; 0,75% e 0,1%) irá alterar as propriedades mecânicas como a resistência e a
deformabilidade do solo natural. A aplicação do ESP tem como objetivo melhorar as
propriedades do solo e assim ser possível utilizá-lo em obras geotécnicas. A utilização de
diversas concentrações, calculadas com relação ao peso do solo seco, têm como finalidade
analisar a influencia destas sobre os parâmetros do solo puro e determinar qual é o teor ótimo
de EPS que deve ser acrescentado para melhorar as propriedades mecânicas do solo natural.
O programa experimental, realizado no Laboratório de Geotecnia e Meio Ambiente da
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), consistiu-se em ensaio de
caracterização física e mecânica. Segundo a ABN NBR 10004, resíduo inerte é qualquer
resíduo que, quando amostrado de uma forma representativa, segundo a ABNT NBR 10007,
e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou deionizada, à
temperatura ambiente,conforme ABNT NBR 10006, não tiveram nenhum de seus
constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de
água,excetuando-se aspecto,cor,turbidez e sabor. Sendo assim, pelo fato do EPS ser um
material inerte não foi preciso à realização de uma caracterização química, e com relação à
caracterização física, só foi necessária a do solo puro. Já na caracterização mecânica, foram
realizados ensaios do solo puro e das misturas solo-EPS (com os teores de 0,25%; 0,50%;
0,75% e 0,1%). É importante ressaltar que todos os ensaios foram realizados seguindo as
normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
A argila utilizada no projeto é um solo maduro, coluvionar argiloso-arenoso, não
saturado (Soares 2005), apresentada na figura 1. Esse solo é oriundo do Campo experimental
II, localizado no interior do campus da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro,
cujo local da coleta está representado na figura 2.
.
Figura 1- Local de coleta do solo argiloso ( Soares 2005)
Figura 2 – Solo coluviar argiloso utilizado na pesquisa
- Métodos e Procedimentos de Ensaio
Na caracterização física do solo coluviar argiloso puro foram realizados os seguintes
ensaios laboratoriais:
- Densidade Real dos Grãos;
- Limites de Atterberg;
-Analise granulométrica;
Já na caracterização mecânica do solo puro e das misturas solo-EPS (com os teores de
0,25%; 0,50%; 0,75% e 0,1%), os ensaios laboratoriais realizados foram os seguintes:
- Compactação proctor normal;
- Triaxial Consolidado Isotropicamente Drenado;
- Densidade Real dos Grãos
O ensaio para determinação da densidade real dos grãos do solo argiloso, foi realizado
segundo a norma NBR 6508/1984 da ABNT. Primeiramente, o material passou pela peneira
#40, o que corresponde a 0,0425 mm. Foi então separado aproximadamente 100 gramas desse
material passante da peneira #40, seco em uma estufa à 105°C. Após essa etapa, foram
colocados 25 gramas de material em quatro picnômetros de aproximadamente 250 ml, e então
se adicionou água destilada de modo que o solo ficasse totalmente submerso. Em seguida, foi
realizada a extração do ar existente entre as partículas, através de uma bomba de vácuo. Essa
etapa durou aproximadamente 15 minutos, o que corresponde ao tempo que demora em
extrair todo o ar na forma de bolhas. O próximo passo foi introduzir água destilada de forma
lenta, a fim de se evitar que ocorresse a entrada de ar, ate completar o volume. Em seguida,
os picnômetros foram colocados em banho maria até que ocorresse a equalização da
temperatura. Após esse processo, pesaram-se cada um dos conjuntos picnômetros+solo+água.
Após essa pesagem, o material foi descartado e então pesou-se o conjunto picnômetro+água.
Com a obtenção desses dados, foi possível então calcular o valor da massa especifica dos
grãos através da fórmula abaixo:
s = Wd*Gw/(W1 + Wd - W2)
onde Wd = Peso do solo seco utilizado;
W1 = Peso do picnômetro + água;
W2 = Peso do picnômetro + água + solo;
Gw = Constante de correção para temperatura igual a 22°C.
- Limites de Atterberg
Os limites de Atterberg, limite de liquidez (LL) e limite de plasticidade (LP), estão
relacionados com as mudanças entre os estados de consistência do material de estudo.
Através desses limites é possível caracterizar a interação solo-água. Os ensaios para o cálculo
desses limites foi realizado com o material passante na peneira #40 (0,0425 mm) ,de acordo
com as normas brasileiras NBR 6459/1984 e NBR 7180/1984 respectivamente.
O limite de liquidez marca a transição do estado plástico-liquido. O procedimento
consiste em inicialmente umedecer e homogeneizar a amostra de solo.Na próxima etapa, esse
material foi colocado no aparelho de casagrande (figura 3), em aproximadamente 2/3 da
superfície, e alisado com o auxilio de uma espátula. Em seguida com o uso de um cinzel foi
realizada uma ranhura no meio da amostra. Após esse procedimento vira-se a manivela
contando o número de golpes necessários para ocorra o fechamento da ranhura. Coleta-se
então uma pequena quantidade de material onde as bordas das ranhuras se encontraram para
determinar assim a umidade.
Já o Limite de Plasticidade (LP) marca a transição entre o estado plástico e o semi
sólido. O ensaio consiste na realização manual de rolos de massa de solo sobre uma placa de
vidro despolida. Esse procedimento é realizado ate que o rolo atinja a espessura da de um
gabarito (3mm) e que este se rompa. Após essa etapa alguns fragmentos são coletados para a
determinação da umidade. Esse procedimento esta caracterizado pelas figuras 4 e 5.
Como os dados obtidos nos ensaio do Limite de Liquidez e do Limite de Plasticidade,
é possível determinar o Índice de Plasticidade (IP), através da seguinte formula:
IP(%) = LL(%) − LP(%)
Figura 3- Aparelho de Casagrande
Figura 4 e 5 – Ensaio para determinação do limite de plasticidade
- Análise Granulométrica
Na determinação da curva granulométrica do solo argiloso puro, de acordo com a
norma NBr 7181/1984, peneirou-se 1000 gramas do material na peneira #40 (0,425
mm).Como o solo argiloso utilizado nesse estudo apresenta fração grossa e fina, foi
necessário a realização de processos de peneiramento e de sedimentação. Na fase de
peneiramento, para obtenção de granulometria da parte grossa, foram utilizadas peneiras com
diferentes malhas. Já para determinação da fase fina realizou-se o processo de sedimentação
com o auxílio de um defloculante.
O material que fico retido foi então lavado e em seguida colocado na estufa a 105 °C.
Após 24 horas esse material passou por um processo de peneiramento grosso.
Do material passante na peneira #40, foi utilizado 50,39 gramas,que foram misturados
com 125 ml de uma solução de hexametafosfato de sódio(defloculante), para a realização da
sedimentação. Essa mistura foi deixada em repouso por 24 horas. Depois da sedimentação,
todo o material foi lavado na peneira #200 e o que ficou retido, foi levado à estufa. Em
seguida, o material seco proveniente da estufa passou por um peneiramento fino.
Figura 6- conjunto de peneiras .
- Ensaio de Compactação
Os ensaios de compactação foram realizados tanto para o solo argiloso puro como
também para o mistura solo com 0,25%; 0,50%; 0,75% e 0,1% de EPS, com a finalidade de
se obter a umidade ótima de compactação (wótm) e o peso especifico aparente maximo (γdmáx)
dos materiais. Nos ensaios utilizou-se a energia de compactação Proctor Normal e o reuso de
material. É importante ressaltar que esses ensaios seguiram as diretrizes determinadas na
norma NBR 7182 da ABNT.
Inicialmente o solo passou por um processo de secagem em uma estuga a 60 C,
seguido pelo destorroamento do mesmo. Na seguinte etapa, o material resultante passou por
uma peneira #4, conforme a norma da ABNT NBR 6457/1986- preparação com secagem
prévia ate a umidade higroscópica. Em seguida, foi adicionada uma certa quantidade de água
ao material, com a finalidade de que o material adquiri-se cerca de 5% de umidade abaixo da
umidade ótima. É possível estimar esse valor através do limite de plasticidade, cujo valor
pode se aproximar ao da umidade ótima.
Após a mistura do solo argiloso (puro e com as demais concentrações de EPS) com o
volume de água previamente calculado, o material foi bem homogeneizado. Posteriormente
a preparação das misturas, o material foi introduzido dentro de um molde cilíndrico pequeno
(cilindro de Proctor) cujas dimensões são 10 cm x 12,7 cm (diâmetro x altura). Em seguida
aplicou-se 26 golpes com o auxilio de um soquete, cujo peso corresponde a 2,5 kg, que se
deixa cair na camada de solo a uma altura de 30,5 cm aproximadamente. A compactação é
realizada em três camadas, ou seja, cada porção de solo compactado deve ocupar cerca de 1/3
da altura total do molde. Antes de se compactar a camada sobrejacente, escarificou-se bem
cada uma delas com a finalidade de se obter uma boa aderência entre as camadas
compactadas. Normalmente, quando completadas as três camadas, a altura atingida é maior
que a do molde, isso ocorre em função da utilização de um anel complementar, o qual garante
se ter a altura total necessária. O excesso, ao final do ensaio, é removido e acertando-se assim
o volume de solo em relação a altura do molde.
O próximo passo depois de finalizado o processo de compactação é pesar o cilindro
juntamente com o solo. A partir do peso total do corpo de prova e do volume do cilindro
pode-se calcular seu peso especifico úmido. Já a umidade média é obtida, após a secagem em
estufa, a partir de três amostras retiradas do interior do corpo de prova (parte média do
cilindro). A partir dos dados obtidos, é possível então calcular o peso especifico seco do
material.
Para finalizar todo o procedimento, um novo corpo de prova é preparado, dessa vez
com uma quantidade maior de água, aumentando-se a umidade da mistura em
aproximadamente 2%. A partir daí, realiza-se uma nova compactação e obtém-se um novo
par de valores de umidade (w) e massa específica seca (γd).
A partir dos pontos obtidos, plota-se um gráfico de peso especifico seco versus
umidade, tendo-se então a curva de compactação. Os valores de wótm e γdmáx obtidos
correspondem ao ponto máximo das curvas, e foram utilizados para moldagem dos corpos de
prova utilizados nos ensaios triaxiais Consolidado Isotropicamente Drenado (CID). Todo o
processo foi repetido cinco vezes para cada mistura, a fim de se obter cinco pares de valores,
sendo ao menos dois no ramo seco e dois no ramo úmido da curva de compactação.
Figura 7 –mistura solo-argila compactada
Ensaios Triaxiais CID
Em obras geotécnicas, os ensaios triaxiais são amplamente utilizados para a
determinação de parâmetros de comportamento de solos. O ensaio triaxial permite a
realização de uma simulação de diversas condições de campo e a determinação do
comportamento mecânico dos solos segundo diversos níveis de tensões . No presente estudo
foram realizados ensaios triaxiais do tipo consolidado isotropicamente e drenado durante a
fase de cisalhamento.Esses ensaios foram realizados tanto para o solo puro com o também
para a mistura do mesmo com diversas concentrações de EPS (0,25%; 0,50%; 0,75% e 1%).
a) Preparação dos corpos de prova do solo argiloso
O processo de confecção do corpo de prova do solo argiloso puro e da mistura do
mesmo com diversos teores de EPS consiste em, inicialmente compactar um corpo
cilíndrico, na energia Proctor Normal, com os valores de umidade ótima e peso
especifico seco Maximo obtido anteriormente para cada mistura e para o solo
puro. Após obter o material compactado, o corpo de prova foi moldado através do
uso de uma aparelho de fabricação própria do Laboratório de Geotecnia e Meio
Ambiente da Puc-rio. As dimensões dos corpos de prova foram 7,82 cm de altura
e 3,8 cm de diâmetro.
Figura 8 – Corpo de Prova
O primeiro passo no ensaio triaxial CID é a realização do procedimento de saturação dos corpos de prova. As técnicas de saturação utilizadas, no presente trabalho, para os corpos de prova de solo argiloso e para as misturas solo-EPS foram: a percolação de água através da amostra e a contrapressão. No caso da percolação a diferença de contrapressão entre o topo e a base do corpo de prova foi de 5 kPa, sendo o fluxo de água da base para o topo do corpo de prova. Já na saturação através da contrapressão a pressão confinante, aplicada ao corpo de prova, excedia em 10 kPa a contrapressão , onde o fluxo de água era permitido pelo topo e base. Para verificar se o grau de saturação era satisfatório, utiliza-se o parâmetro B de Skempton, onde:
onde:
Δu: excesso de poropressão gerado,
Δσc: acréscimo de tensão confinante aplicado.
Posteriormente a saturação do corpo de prova, se tem inicio a fase de adensamento.
Durante 24h foram coletados dados de variação de volume. Com estes dados se traçava o
gráfico variação de volume (ml) x raiz do tempo (min0,5
). Segundo a recomendação de Head
(1986), prologava-se o trecho retilíneo inicial até encontrar a prolongação horizontal do
trecho final. Este último trecho corresponde à estabilização das variações de volume. O ponto
de interseção destas duas linhas prolongadas fornecia a raiz de t100 (min0,5
) no eixo das
abscissas. Logo com o valor de t100 (min) se calculava a velocidade de cisalhamento.
Em seguida, com a velocidade de cisalhamento definida, procedia-se a colocação na
prensa de um par de engrenagens com a respectiva marcha, a que define a velocidade
desejada.
Para os ensaios triaxiais, os variantes de tensão q (tensão de desvio) e p’ (tensão efetiva
média normal) foram calculados com as formulações de Lambe, para os parâmetros de
resistência do solo utilizou-se os valores da envoltória de resistência (α’) e da coesão (a’)
obtida no espaço p’:q, para calcular os parâmetros de resistência no espaço Mohr Coulomb
(φ’ – c’). As formulações de Lambe e os parâmetros definem-se como:
Onde:
α’: inclinação da envoltória de resistência no espaço p’:q.
a’: intercepto com o eixo q da envoltória de resistência no espaço p’:q.
φ’: inclinação da envoltória de resistência do espaço σ:τ (Mohr Coulomb).
c’: intercepto da envoltória de resistência do espaço σ:τ (Mohr Coulomb).
Resultados e Discussões
Nessa seção serão apresentados os resultados e análises dos ensaios descritos
anteriormente, para as amostras de solo argiloso puro, e misturas destes com as porcentagens
de 0,25%; 0,50%; 0,75% e 0,1% de EPS.
- ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO FÍSICA
- Densidade Real dos Grãos (Gs)
A densidade real dos grãos relaciona a massa e o volume dos grãos. O valor de Gs do
solo argiloso puro foi determinado a partir da media aritmética de quatro determinações, cuja
variação máxima foi de 1,1%. O valor de Gs ,obtido da tese de Ramirez (2012) e utilizado no
presente trabalho, foi de 2,72.
-Limites de Atterberg
Os limites de Atterberg são essenciais na Análise do comportamento do solo.
Enquanto o Limite de Liquidez (LL) corresponde à transição entre o estado plástico e o
estado liquido, o Limite de Plasticidade (LP) marca a transição entre o estado plástico e o
semi solido. Segundo Ramirez (2012), o valor do LL obtido para o solo argiloso foi igual a
53% e o LP igual a 39%. A partir desses resultados foi possível calcular o índice de
Plasticidade (IP = LL-LP ) cujo valor encontrado foi igual a 14%.
-Análise Granulométrica
O ensaio de analise granulométrica tem com objetivo definir as frações que compõem
o solo e sua classificação. Só foi necessário a realização da analise granulométrica do solo
puro, já que o poliestireno expandido (EPS) é um material inerte. A Figura 9 apresenta a
curva granulométrica obtida para o solo puro.
Figura 9 – Curvas granulométricas obtidas para o solo puro
Segundo o Sistema Unificado de Classificação dos Solos (SUCS), o solo em estudo é
classificado com CH, o que corresponde a uma argila arenosa de média plasticidade. Abaixo
na tabela 1, segue as frações que constituem o solo utilizado no estudo .
Tabela 1 – Resultados das análises granulométricas do solo puro.
Material Pedregulho+areia (%) Silte (%) Argila (%)
Solo 36,40 10,80 52,70
- ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO MECÂNICA
a) Solo Argiloso
- Ensaios de Compactação
Os ensaios de compactação foram realizados tanto para o solo puro com também para
as misturas destes 0,25%; 0,50%; 0,75% e 1% de EPS, com a finalidade de se obter a
umidade ótima de compactação (wótm) e o peso específico aparente seco máximo (γdmáx). A
figura 10, apresenta um gráfico com as curvas de compactação Proctor Normal obtidas para o
solo argiloso puro e misturas. Observa-se que o introdução de EPS diminui o peso especifico
maximo do material,esse valor decresce a medida que o teor de EPS aumenta. Pode-se
observar o mesmo comportamento com relação à umidade ótima Os valores de umidade
ótima obtidos serão utilizados posteriormente na realização do ensaio triaxial.
Figura 10 – Curvas de compactação do solo puro e misturas solo-EPS.
- Ensaio Triaxial CDI
Os ensaios triaxiais CID, em compressão axial, foram realizados para amostras de
solo argiloso puro (S100) e das misturas com teores ESP de 0,25%; 0,50%; 0,75% e 1% em
relação ao peso do solo seco. Em todos os casos citados foram aplicadas tensões efetivas de
50 , 150 e 300 KPa. As figuras 11, 12, 13, 14 e 15 apresentam a curva de tensão desviadora
versus a deformação axial para o solo puro e todas as misturas.
Figura 11
001
001
001
001
001
002
002
002
10 15 20 25 30 35
Mas
sa E
spec
ífic
a se
ca (
g/c
m3
)
Umidade (%)
S100 S99,75/EPS0,25 S99,50/EPS0,50 S99,25/EPS0,75 S99/EPS1
0
100
200
300
400
500
600
700
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
σv (
kP
a)
εa (%)
50 kPa 150 kPa 300 kPa
S100
Figura 12
Figura 13
0
100
200
300
400
500
600
700
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
σv (
kP
a)
εa (%)
50 kPa 150 kPa 300 kPa
S99,75/EPS0,25
0
100
200
300
400
500
600
700
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
σv (
kP
a)
εa (%)
50kPa 150 kPa 300 kPa
S99,50/EPS0,50
Figura 14
Figura 15
0
100
200
300
400
500
600
700
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
σv (
kP
a)
εa (%)
50 kPa 150 kPa 300 kPa
S99,25/EPS0,75
0
100
200
300
400
500
600
700
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
σv (
kP
a)
εa (%)
50 kPa 150 kPa 300 kPa
S99/EPS1
As figuras 16, 17, 18, 19 e 20 apresentam as envoltórias de resistência referentes ao
solo puro e as misturas de solo com diversos teores de EPS (0,25%; 0,50%; 0,75% e 1%).
Figura 16
Figura 17
0
100
200
300
400
0 100 200 300 400 500 600 700
q (
kP
a)
p (kPa) 50 kPa 150 kPa 300 kPa
S100
c = 25,0 kPa
ϕ = 29,1⁰
0
100
200
300
400
0 100 200 300 400 500 600 700
q (
kPa)
p (kPa) 50 kPa 150 kPa 300 kPa
S99,75/EPS0,25
c = 30,0 kPa
ϕ = 25,5⁰
Figura 18
Figura 19
0
100
200
300
400
0 100 200 300 400 500 600 700
q (
kP
a)
p (kPa)
50 kPa 150 kPa 300 kPa
S99,50/EPS0,50
c = 40,0 kPa
ϕ = 25,0⁰
0
100
200
300
400
0 100 200 300 400 500 600 700
q (
kP
a)
p (kPa)
50 kPa 150 kPa 300 kPa
S99,25/EPS0,75
c = 35,0 kPa
ϕ = 26,6⁰
Figura 20
Pode-se observar que o acréscimo de 0,25% de EPS ao solo argiloso fez a coesão
aumentar de 25 para 30 KPa porém o ângulo de atrito diminuiu de 29,1 para 25,5. Já com
relação ao acréscimo de 0,50 % houve um aumento de coesão para 40 KPa e uma diminuição
do ângulo de atrito para 25. A partir da mistura com 0,75% de EPS observou-se um
decréscimo da coesão para 35 KPa, enquanto o ângulo de atrito aumentou para 26,6. Na
mistura com 1% de EPS a coesao sofreu um novo decréscimo passando a 20 KPa e ângulo de
atrito apresentou um novo aumento, com o valor de 29,9.
Conclusão
Os resultados obtidos foram satisfatórios para as misturas de solo com os teores de 0,25%;
0,50%; e 0,75% de EPS, onde houve uma melhora nos parâmetros de resistência das
misturas, quando comparadas ao solo puro. A única mistura que apresentou uma coesão
menor que o solo puro foi a 1% de EPS A mistura que apresentou o melhor desempenho foi
com o teor de 0,50% de EPS. Apesar de nesse teor haver uma diminuição do ângulo de atrito,
o aumento da coesão foi muito mais significativo que o decréscimo da ângulo de atrito.Pode-
se assim concluir que o EPS pode ser utilizado como material de reforço em solos argilosos
para obras geotécnicas de carregamentos estáticos.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. (1984) ABNT NBR 7181: Solo
– Análise granulométrica. Rio de Janeiro/RJ.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. (1984) ABNT NBR 6459: Solo
– Determinação do limite de liquidez. Rio de Janeiro/RJ.
0
100
200
300
400
0 100 200 300 400 500 600 700
q (
kPa)
p (kPa)
50 kPa 150 kPa 300 kPa
S99/EPS1
c = 20,0 kPa
ϕ = 29,9⁰
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. (1984) ABNT NBR 7180: Solo
– Determinação do limite de plasticidade.Rio de Janeiro/RJ.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. (1986) ABNT NBR 6457:
Amostras de solo – Preparação para ensaios de compactação e ensaios de caracterização. Rio
de Janeiro/RJ.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. (1986) ABNT NBR 7182: Solo
– Ensaio de Compactação. Rio de Janeiro/RJ.
DAS, B. M. (2007) Fundamentos de Engenharia Geotécnica.6ª Edição. Tradução AllTasks
– São Paulo: Thomson Learning.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. (2004) ABNTNBR 10004:
Resíduos Sólidos – Classificação. Rio de Janeiro/RJ.
http://www.recicla.ccb.ufsc.br/isopor-poliestireno-expandido-eps/
http://ecocasaerechim.com.br/produtos/item/2-ecologicos/12-termobloco.html
http://noticias.ambientebrasil.com.br/exclusivas/2008/06/09/38671-reportagem-especial-
isopor-e-100-reciclavel-mas-processo-esbarra-na-completa-falta-de-logistica.html
http://www.construindoereformando.com.br/artigos/O-uso-do-termobloco-na-construcao-
civil.htm
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