estudo de frequÊncia de odontomas em radiografias...
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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO
CURSO DE ODONTOLOGIA
HELENA MARIA FRAULO DOS SANTOS
PAULA DE CÁSSIA ALBERTO
ESTUDO DE FREQUÊNCIA DE ODONTOMAS EM
RADIOGRAFIAS PANORÂMICAS
Bragança Paulista 2011
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HELENA MARIA FRAULO DOS SANTOS RA: 001200800451 PAULA DE CÁSSIA ALBERTO RA: 001200801019
ESTUDO DE FREQUÊNCIA DE ODONTOMAS EM
RADIOGRAFIAS PANORÂMICAS
Monografia apresentada ao Curso de Odontologia da Universidade São Francisco, como requisito parcial para obtenção do título de Cirurgião –Dentista.
Orientadora Temática: Prof.ª Me. Silvia Cristina Mazeti Torres. Orientadora Metodológica: Prof.ª Valdinéia Maria Tognetti.
Bragança Paulista 2011
2
Dedico este trabalho a Renato e Maria do Carmo, meus pais, e a Renata e Paula, minhas
irmãs, que estiveram sempre ao meu lado, me apoiando e incentivando em cada momento,
felizes e difíceis. Vocês são a minha força, exemplo e segurança, sem isso eu não seria
nada. Obrigada por tudo. Amo vocês.
3
Dedico este trabalho aos meus pais Jacira e Milton Alberto, por me ensinarem com
amor e dedicação, o valor da responsabilidade e da dignidade, por estarem sempre
ao meu lado me incentivando e apoiando em todas as minhas decisões, mesmo as
que não os agradam. Obrigada por serem meu porto seguro, o meu refúgio, saibam
que todos os ensinamentos foram de grande importância em minha vida, espero ter
demonstrado o quanto eles foram valiosos para minha formação, espero ter
conseguido ser motivo de orgulho nas suas vidas. Eu amo Vocês.
4
AGRADECIMENTOS
A Deus por me permitir a realização de mais um sonho.
A meus avós, por tudo o que me ensinaram e pelo tanto que me ajudaram nesta jornada,
não tenho palavras para expressar o que vocês representam na minha vida.
A meus tios Tonho e Luizinho, tias Nenê, Néia e Maria e primos Humberto, Vânia, To, João,
Amanda e Ju pelo incentivo, companheirismo, alegrias, histórias compartilhadas e planos
sonhados juntos. Amo vocês.
Aos primos da família Carvalho, pelas festas, choros e histórias. Ninguém tem primos assim!
A July, minha sobrinha mais linda.
A meus amigos Ju, obrigada pelo meu primeiro jogo clínico e incentivo, Giu, Dê, Má, Fábio,
Érica, Fê, Leopoldo, Renan, Rick, Tomás, Julio, Rafael, Cris, Fabrini e Pê pelos momentos e
histórias inesquecíveis, pelas perguntas e piadas que só a gente entende. Vocês são os
melhores.
A minha amiga irmã Paula, obrigada pelo companheirismo, planos, estudos e segurança.
Não tenho palavras para dizer o que você representa na minha jornada. Eu aprendi demais
com você, amiga.
A todos os meus amigos da turma 39, vocês tornaram tudo mais fácil, vou levar cada um e
cada história comigo para sempre. Em especial Fer, Carol, Ju, Ma, Jana, Daiane, Lu,
Renata, César e Regis. Valeu demais.
A todos que sempre estiveram ao meu lado, me ajudando e aconselhando em cada etapa
da minha vida. Obrigada por tudo.
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AGRADECIMENTOS
A Deus por permitir que esse sonho se realizasse.
A minha família irmãos, tios (as), primas (os) pelo incentivo e pela confiança no meu
empenho para tornar esse sonho realidade, pelos churrascos e festas proporcionadas que
serviram para amenizar um pouco do cansaço e pelo grande incentivo nos momentos
difíceis.
Ao Claudinei Alves, agradeço a Deus por ter permitido por muito tempo que as nossas vidas
caminhassem juntas, você foi o meu grande incentivador e meu companheiro, sem você
talvez não completasse essa graduação tão almejada, fica aqui o meu eterno obrigada, você
faz parte dessa conquista.
Aos funcionários, e amigos da clínica IRO, em especial ao Dr. André Nackachima e à Dra.
Mariana Rosa Merendi L. Cavaletti por compreenderem a minha ausência durante todo o
curso, pela amizade e pela assistência prestada.
A todos os colegas do ônibus, pelo carinho e amizade conquistada dia após dia, pelas festas
que em muitas vezes nos fizeram esquecer os problemas e cansaço, sentirei saudades.
A todos os Colegas da turma 39, em especial as minhas “migas” Marina, Juliana, Luana e
Fernanda, pelo carinho e amizade solidificada que nem à distância e o tempo irá apagar,
afinal quem foi que disse que pra estar junto precisa estar perto.
A minha amiga e quase irmã Helena Maria Fraulo dos Santos, por compartilhar comigo esse
sonho, nos momentos de alegria e nos momentos de tristeza. Amiga nada que eu te disser
servirá para expressar minha eterna gratidão por você, muito obrigada por tudo, por me
compreender, respeitar e sempre me apoiar.
A Sra. Maria José Panhoci, por ter me acolhido como mais uma filha, obrigada pelo carinho,
pois sem sua ajuda não conseguiria dedicar-me plenamente a casa e aos estudos. E a
Roseli Alves Buzon, pela amizade, por ter sentido comigo todas as angústias e felicidades
me acompanhando de perto em um momento decisivo da minha vida, sempre me apoiando
e incentivando a seguir em frente o meu muito obrigada.
As minhas amigas da turma 37 Lucia Helena Marchi Rosa Cavalheiro, Ana Paula Santos e
Thais Helena Costa Salles, por ter sentido junto comigo, todas as angústias e felicidades,
acompanhando cada passo de perto. Pelo carinho e amizade que se estenderam para fora
desta instituição e que não poderia encontrar melhor.
6
A todos meus amigos que estão junto comigo torcendo para que esta nova etapa da minha
vida seja bem sucedida e que seja o começo de outras boas que virão meu eterno obrigado.
A USF, por se preocupar com a qualidade de aprendizagem oferecida a seus alunos.
Aos Professores do Curso da Odontologia, pela qualidade de ensino oferecida, pela
amizade e em muitas vezes pelo carinho oferecido que nos permitiu o crescimento
profissional e pessoal, o que nos transformou em pessoas melhores.
Aos colaboradores da clínica e laboratório da odontologia, pela dedicação e por nos
incentivar sempre.
À nossa Orientadora Professora Silvia Cristina Mazetti Torres, pela competência, presteza e
participação neste trabalho, que por estes motivos o tornou mais fácil e prazeroso, também
pela amizade e carinho que demonstrou a nós durante esta graduação, fica a nossa
gratidão.
À professora Valdinéia Maria Tognetti pelo incentivo necessário, pela orientação científica e
profissional, principalmente por seu carisma que tornou agradável a realização deste
trabalho.
Ao Instituto de Radiodiagnóstico Odontológico (IRO), por ter tornado possível à coleta de
dados para esta pesquisa.
A todos os pacientes, pela confiança depositada em nós, fica o nosso eterno obrigado.
7
“... Sempre haverá uma outra montanha
E eu sempre irei querer movê-la,
Sempre será uma batalha difícil
Às vezes eu terei que perder.
Não se trata do quão rápido eu chegarei lá,
Não se trata do que está me esperando do outro lado,
É a subida... Eu posso não saber disto,
Mas são estes os momentos dos quais
eu mais irei me lembrar.
Só tenho que continuar!”
Miley Cyrus
8
RESUMO
Mais do que uma neoplasia, o odontoma tem sido considerado na atualidade como um hamartoma de desenvolvimento. Sendo assintomático, os odontomas são diagnosticados comumente em exames radiográficos de rotina, e na maioria dos casos para diagnosticar a ausência de um dente no arco. São lesões relativamente pequenas e raramente excedem o tamanho de um dente. Relativamente comuns, são classificados como composto e complexo. Os odontomas compostos são mais encontrados nas regiões anteriores dos ossos gnáticos, e os odontomas complexos ocorrem mais freqüentemente nas regiões de molares. Os odontomas compostos são constituídos de múltiplas estruturas rudimentares semelhantes a um dente. Os odontomas complexos podem aparecer como conglomerados amorfos de tecido duro e distribuídos irregularmente pela lesão. A maior parte é detectada nas três primeiras décadas de vida. O tratamento de escolha comumente é a excisão cirúrgica conservadora. Este trabalho teve o objetivo de avaliar a freqüência de odontomas a partir da avaliação de 2.000 radiografias panorâmicas digitais e verificar associações desta lesão com a idade, gênero, classificação e região afetada. Nesta avaliação pudemos concluir através dos achados radiográficos a prevalência de odontomas do tipo composto comparado ao tipo complexo, bem como a freqüência ser maior no gênero masculino.
Palavra Chave: Odontoma. Epidemiologia. Radiografia Panorâmica.
9
ABSTRACT
More than a neoplasm, odontoma has been considered today as a hamartoma development. Being asymptomatic, the odontoma are commonly diagnosed at routine radiographic examination, and in most cases to diagnose the absence of a tooth arch. The lesions are relatively small and rarely exceed the size of a tooth. Relatively common, are classified as compound and complex. The compound odontoma are found in more anterior regions Gnathic bone, and the odontoma complex occur most frequently in the molar regions. The compound odontoma consist of multiple structures similar to a rudimentary tooth. The complex odontoma may appear as formless amorphous conglomerations of hard tissue and irregularly distributed by the injury. Most are detected in the first three decades of life. The treatment of choice is usually surgical excision. This study was to evaluate the frequency of odontoma from the assessment of 2,000 digital panoramic radiographs of the injury and to investigate associations with age, gender, classification, and the affected region. In this evaluation we concluded by radiographic findings of the prevalence of type odontoma compound compared to the complex type, as well as the frequency is higher in males.
Keyword: Odontoma. Epidemiology. Panoramicradiography.
10
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. Representação da formação do odontoma a partir de trauma.................... 16
Figura 2. Classificação histológica da OMS de tumores odontogênicos...................... 18
Figura 3. Aspecto histológico do odontoma complexo, os tecidos de esmalte,
dentina, polpa e cemento estão arranjados de modo irregular.....................................
19
Figura 4. Aspecto histológico do odontoma composto (germes dentários mal
formados em meio ao tecido conjuntivo........................................................................
20
Figura 5. Odontoma composto, pequenas estruturas radiopaca semelhantes a
dentes............................................................................................................................
22
Figura 6. Odontoma composto, pequenas estruturas radiopaca semelhantes a
dentes............................................................................................................................
23
Figura 7. Odontoma complexo, massa calcificada, com formação irregular e
densamente radiopaca..................................................................................................
24
Figura 8. Odontoma complexo, massa calcificada, com formação irregular e
densamente radiopaca..................................................................................................
24
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Classificação das 2000 radiografias panorâmicas selecionadas aleatoriamente no
IRO, referentes ao período de Fevereiro a Julho de 2010, quanto ao gênero..............................
28
Tabela 2 – Classificação das 2000 radiografias panorâmicas analisadas quanto à faixa etária.. 28
Tabela 3 – Classificação das 2000 radiografias panorâmicas analisadas, divididas quanto à
faixa etária e o gênero...................................................................................................................
29
Tabela 4 – Presença e classificação dos odontomas encontrados a partir da análise das 2000
radiografias panorâmicas selecionadas para a análise.................................................................
29
Tabela 5 – Classificação da presença de odontomas encontrados a partir da análise das 2000
radiografias panorâmicas selecionadas para a análise quanto ao gênero e a faixa etária...........
30
Tabela 6 – Classificação dos 5 odontomas encontrados na análise das 2.000 radiografias
panorâmicas selecionadas, quanto a localização.........................................................................
30
Tabela 7 – Classificação dos 5 odontomas compostos encontrados na mandíbula pela análise
das 2.000 radiografias panorâmicas, quanto à região..................................................................
31
12
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
Cm – Centímetro
IRO – Instituto de Radiodiagnóstico Odontológico
OMS – Organização Mundial da Saúde
13
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................... 14
1 ODONTOMAS................................................................................................ 15
1.1 Etiologia........................................................................................................ 15
1.2 Classificação............................................................................................... 17
1.3 Características histológicas.......................................................................... 18
1.4 Características Clínicas................................................................................ 20
1.5 Características Radiográficas...................................................................... 21
1.5.1 Odontoma Composto............................................................................... 22
1.5.2 Odontoma Complexo................................................................................ 23
1.6 Tratamento................................................................................................... 25
2 MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................. 27
3 RESULTADOS................................................................................................ 28
DISCUSSÃO...................................................................................................... 32
CONCLUSÃO.................................................................................................... 34
REFERÊNCIAS.................................................................................................. 35
ANEXOS............................................................................................................ 37
14
INTRODUÇÃO
Os tumores odontogênicos constituem um grupo muito diversificado de lesões que
refletem o desenvolvimento complexo das estruturas dentárias, pois são derivados dos
elementos epiteliais, mesenquimático e ectomesenquimático, constituintes do mecanismo
formador dos dentes. O conhecimento de suas características clínicas, idade, gênero e
localização anatômica pode ser extremamente valioso para o diagnostico diferencial.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) (Barnes, 2005) classificou os odontomas
como tumores benignos do epitélio odontogênico com ectomesênquima, sendo essas lesões
também relatadas com freqüência como uma anomalia de desenvolvimento ou hamartoma
de crescimento.
São os mais comuns dos tumores odontogênicos, ocorrem por proliferação de
células do germe dentário e quando completamente formados, resultam em tecidos
dentários sem que estes alcancem um estágio normal de morfodiferenciação. Apresenta
etiologia desconhecida, embora possa estar associada a mutações genéticas, infecções ou
traumas, sendo geralmente assintomáticos, de crescimento limitado e freqüentemente
descobertos em exames radiográficos de rotina.
Dependendo da sua organização anatômica, aspectos radiográficos e microscópicos
são conhecidos dois tipos: o odontoma composto e o odontoma complexo. O tipo composto
está geralmente associado a dentes não irrompidos normais ou supranumerários na maxila
e/ou mandíbula em ambos os gêneros e mais comumente encontrados em crianças e
adultos jovens. Os odontomas complexos podem aparecer como conglomerados amorfos de
tecido duro e distribuídos irregularmente pela lesão (NÓIA et al., 2008).
Podem ser descobertos em qualquer idade, embora mais de 90% dos casos são
encontrados em pessoas com menos de 40 anos de idade, principalmente nas duas
primeiras décadas de vida, quase sempre descobertos em exames radiográficos de rotina,
sendo assim considerados achados radiográficos. Geralmente a causa da pesquisa
radiográfica é o atraso na erupção de um dente no arco ou desvio de sua posição normal.
O diagnóstico precoce de odontomas, acompanhado por um tratamento adequado
no momento certo irá resultar em um prognóstico favorável e para isso os pacientes
juntamente com o cirurgião dentista devem estar cientes da importância da solicitação de
exames radiográficos antes do início de qualquer tratamento odontológico.
15
1 ODONTOMAS
Os odontomas não foram motivo de estudo em tempos remotos, pela própria
inexistência da prática radiográfica. A primeira classificação dos odontomas foi realizada por
Paul Broca em 1863 (ALVES et al., 2008), que englobava de forma genérica os tumores
odontogênicos, cistos e malformações.
1.1 Etiologia
Durante a odontogênese, as células epiteliais e mesenquimais apresentam
diferenciação completa resultando em ameloblastos e odontoblastos funcionais que formam
o esmalte e dentina. Porém podem ocorrer alterações histológicas e morfológicas, e o
esmalte e dentina depositam-se em padrão anormal, permitindo que se formem estruturas
desorganizadas classificadas como odontomas (EBLING, 1977; MIRANDA et al., 2003).
Durante o padrão normal de desenvolvimento, os brotos epiteliais originam um
determinado número de folículos, e as células de cada um organizam-se com a finalidade de
formar um dente. Devido à anomalia de desenvolvimento do odontoma, este tecido
depositado pode resultar na formação de estruturas rudimentares que se assemelham com
dente muito pequenos, denominados dentículos, que são produtos da interação dos
componentes epitelial e mesenquimal, unidos por tecido conjuntivo fibroso, originando o
odontoma composto. Quando as células epiteliais não atingem uma organização,
distribuindo-se irregularmente, o produto final não reproduz a morfologia normal do dente, os
componentes mesenquimais remanescentes formam estrutura de suporte que contém vasos
sanguíneos e uma membrana fibrosa que encapsula a massa, originando o odontoma
complexo (CAWSON et al., 1995; T0MMASI, 2000).
Apesar de desconhecida a etiologia do odontoma, sugere-se a associação a
traumas, infecção ou pressão, causando perturbação no mecanismo genético e controlador
da odontogênese (SHAFER et al., 1987; TOMMASI, 2000; MENDONÇA et al., 2009).
Santos & Sampaio (1981) discutiram o fato de que o odontoma composto e o
complexo surgem a partir do folículo dentário da própria região onde se encontram essas
patologias, possivelmente do próprio dente impactado pelo odontoma.
16
Katz (1989) comentou que as discussões existentes na literatura sobre os
odontomas composto e complexo se são neoplasias ou hamartomas é mais de interesse
acadêmico do que de significado clínico.
Souza e Campos (1989) sugeriram a teoria de que os restos epiteliais de Malassez,
localizados no tecido conjuntivo estariam ligados à formação destes tumores. Essa
afirmação baseia-se no fato de que estas células permanecem em latência a sua
potencialidade tecidual e que podem passar desse estado para outro proliferativo parecido
ao que apresentavam no período da formação lâmina dentária e órgão do esmalte.
Para Regezi e Sciubba (1991), os tumores odontogênicos são neoplasias e
apresentam, dessa forma, aspectos microscópios análogos às células ou tecidos que os
originam. Estruturas semelhantes a tecidos moles do órgão do esmalte ou polpa dental ou
mesmo tecidos duros como esmalte, dentina ou cemento podem ser encontrados.
Andreasen e Andreasen (1994) afirmaram que os odontomas seriam malformações
decorrentes de sequelas de traumas ocorridos na dentição primária. Esses traumas
poderiam ser por luxações intrusivas ou avulsão dental. As idades que ocorreriam essas
injúrias variam de menos de 1 ano até 3 anos (Figura 1).
Figura 1: representação da formação do odontoma a partir de trauma.
Fonte: Andreasen & Andreasen, 1994, p. 473.
De acordo com Tommasi (2000), a origem dos odontomas se dá pela proliferação
das células odontogênicas do germe dentário, sendo resultado da interação dos
componentes epitelial e mesenquimal (ectomesênquima).
Mais do que uma neoplasia, o odontoma tem sido considerado na atualidade como
um hamartoma, anomalia de desenvolvimento (CASTRO, 1992). Apresentam crescimento
17
limitado e são geralmente assintomáticos, sendo detectados em radiografias de rotina
(EBLING, 1977).
Tommasi (2000) reafirmou a classificação dos odontomas como hamartomas, de
acordo com a histogênese, pois a lesão é considerada um distúrbio de desenvolvimento e,
como tal, passível de ocorrer sob efeito de uma série de agentes causais.
Mesmo com toda discussão na literatura sobre a classificação dos odontomas, a
última classificação da OMS de 2005 (Barnes et al., 2005) ainda o mantém como tumores
odontogênicos, e esta é a classificação mundialmente aceita.
Segundo a análise de tese da Dra. Lourdes Rota Devildos em 1973 (apud Ebling,
1977), baseado em estudo de 128 odontomas compostos e 86 odontomas complexos de
localização específica, demonstrou que a maior zona de incidência dos odontomas
compostos, (60% dos casos) está localizada na região de incisivos e caninos,
principalmente na maxila. Os odontomas complexos, (65% dos casos) localizam-se na
região de molares, principalmente na mandíbula. Cardoso et al. (2003) reafirmaram a
ocorrência destes achados em seu trabalho.
Na mesma análise, Dra. Lourdes, 1973 (apud Ebling, 1977) verificou que as
distribuições dos casos por faixa etária prevalecem com maior incidência na segunda
década de vida (dos 10 aos 20 anos), tanto para os odontomas compostos quanto aos
complexos, seguido de porcentagens significativas na primeira década de vida e em menor
proporção na terceira década de vida.
1.2 Classificação
A primeira classificação dos odontomas foi realizada por Paul Broca em 1863 (apud
Alves et al., 2008), que englobava de forma genérica os tumores odontogênicos, cistos e
malformações. Em 1946, Thoma e Golgman (apud Ebling, 1977) definiram os odontomas
como tumores que contém tecidos dentários maduros. Entretanto, a história comprova a
existência muito antigas de odontomas, como foi relatada por Sidney, 1964 (apud Cardoso
et al, 2003), quando em escavação em um túmulo em Lewes, Inglaterra, identificou um
odontoma na maxila de um jovem, datando de 500 a 1800 antes de Cristo.
Em 1971, foi apresentada pela OMS a primeira classificação de tumores
odontogênicos e a partir daí muitas outras classificações foram propostas. Em 1992 a
classificação histológicas dos cistos e tumores odontogênicos da Organização Mundial da
18
Saúde foi revista e publicada e finalmente em 2005 foi apresentada sua última versão, que é
a usada atualmente (BARNES et al., 2005). (Figura 2).
FIGURA 2: classificação histológica da OMS de tumores odontogênicos Fonte: Barnes et al., 2005
1.3 Características Histológicas
O odontoma é o tipo histológico de tumor odontogênico mais comum, composto de
uma mistura de tecidos odontogênicos. Atualmente é considerado mais um hamartoma de
crescimento do que propriamente uma neoplasia. Possuem na sua constituição elementos
histológicos característicos de estágios embriológicos dos dentes resultando na formação de
esmalte e dentina, porém depositados em arquétipos anormais (TOMMASI, 2000).
Histologicamente, tanto o odontoma composto quanto o complexo apresentam os
mesmos tecidos dentários: esmalte, dentina, polpa e cemento; sob a forma de dente ou não.
Contidos em um estroma de tecido conjuntivo frouxo, contendo feixes ou ilhotas de tecido
odontogênico, envolvido por cápsula fibrosa. Este tecido conjuntivo é sob todos os aspectos,
semelhantes ao folículo dentário que envolve o dente normal e igualmente podem ser
identificados nestas lesões focos de epitélio ameloblástico (EBLING, 1977; TOMMASI,
2000; KIGNEL, 2007; VAZQUEZ, 2008).
19
O odontoma complexo totalmente desenvolvido consiste em uma massa
desordenadamente arranjada de esmalte bem formado, dentina e cemento. A dentina forma
o corpo da lesão e, nas superfícies não recobertas por esmalte ou cemento, está em contato
com tecido que lembra a polpa normal. O odontoma complexo em desenvolvimento irá
conter quantidades variáveis de tecido mole que incluem epitélio odontogênico e
mesênquima, e estruturas que lembram órgãos do esmalte (Figura 3). As lesões em
desenvolvimento mostram aspectos histológicos de todos os estágios da odontogênese
(SOAMES e SOUTHAM, 2008).
O odontoma composto é uma massa semelhante a um tumor do desenvolvimento
que, ao contrário do odontoma complexo, consiste em várias estruturas pequenas e
discretas semelhantes a dentes, denominadas dentículos (Figura 4). Eles não lembram os
dentes da dentição normal, mas cada um consiste em esmalte normal, dentina, cemento e
polpa arranjado como num dente normal (SOAMES e SOUTHAM, 2008).
Figura 3: aspecto histológico do odontoma complexo, os tecidos de esmalte, dentina, polpa e cemento estão arranjados de modo irregular. Fonte: Barnes et al., (2005)
20
Na maioria dos casos, o diagnóstico final poderá ser feito com base no exame
macroscópico (BARNES et al., 2005).
1.4 Características Clínicas
As neoplasias benignas apresentam evolução lenta, são assintomáticas,
excepcionalmente com sinais de parestesia e dor. Em sua maioria mostram crescimento
expansivo e raramente de modo infiltrativo. Por seu caráter lento e assintomático,
geralmente são detectados pelo exame radiográfico e costumam ter limites nítidos e
definidos (EBLING, 1977).
O odontoma é assintomático e de origem ectomesenquimal com etiologia
desconhecida, podendo estar relacionado à presença de dentes não irrompidos,
traumatismos e infecções locais, cuja prevalência é maior do que a de todos os outros
tumores odontogênicos somados (NÓIA et al., 2008).
Podem ser descobertos em qualquer idade, embora menos de 10% sejam
encontrados em pacientes com mais de quarenta anos. Geralmente, são detectados nas
duas primeiras décadas de vida, sendo quase sempre descobertos em exames radiográficos
de rotina ou em radiografias realizadas a fim de detectar o motivo da falha de erupção de
um dente (KIGNEL, 2007).
Figura 4: aspecto histológico do odontoma composto (germes dentários mal formados em meio ao tecido conjuntivo. Fonte: Barnes et al., 2005
21
Os odontomas apresentam pequeno volume, raramente excedendo o tamanho de
um dente normal. Em raras ocasiões, especialmente quando associados a cistos dentígeros,
podem determinar expansão óssea e assimetria facial (EBLING, 1977).
Segundo Barnes et al., 2005 os odontomas são lesões de crescimento lento e
indolor. Quando totalmente amadurecidos, cessam o crescimento e seu tamanho varia,
usualmente, entre 1 e 3 cm, mas casos de até 6 cm têm sido descritos.
Os odontomas são considerados por muitos autores como o tipo mais comum de
tumor odontogênico e representam de 22 a 67% dos tumores odontogênicos encontrados na
maxila e na mandíbula (SHAFER et al., 1987; KIGNEL, 2007; NÓIA et al., 2008; FREITAS et
al., 2009; MENDONÇA et al., 2009).
Lima et al. (2008) realizaram um levantamento epidemiológico em 625 biópsias de
lesões bucais em crianças, com idade entre 0 – 14 anos, na cidade de Pelotas, Rio Grande
do Sul, entre os anos de 1983 e 2002, os resultados concluíram que o odontoma prevaleceu
em 64,3% dos casos classificados como tumores odontogênicos.
Segundo Torreti & Carrel (1983), embora os odontomas compostos não sejam
classificados como tumores malignos, sua capacidade potencial em invadir, destruir e
interferir no aparelho mastigatório dentário pode resultar em problemas estéticos para o
paciente.
1.5 Características Radiográficas
A maioria dos odontomas associa-se a coroas e/ou localizam-se entre raízes de
dentes não irrompidos. O aspecto radiográfico do odontoma é característico. As radiografias
mostram radiopacidades muito densas, claramente delineadas. Elas são, muitas vezes,
circundadas por uma delgada zona radiolúcida. No odontoma complexo, a radiopacidade
não apresenta nenhuma forma específica, mas aparece como uma massa irregular
desorganizada. No tipo composto, dentes malformados, de tamanhos variáveis, podem ser
reconhecidos (MENDONÇA et al., 2009).
O aspecto radiográfico mais habitual consiste em estruturas radiopacas esféricas ou
ovóides, intimamente relacionadas com a imagem no seu interior. Delineadas por halo
esclerótico fino definido por área radiolúcida a proliferação do osso normal adjacente e de
tamanho variável (Ebling, 1977; Dias et al., 2003; Vazquez, 2008; Neville et al., 2009).A
22
imagem radiográfica mais freqüente é a de estruturas radiopacas bem delimitadas por um
halo esclerótico fino (KIGNEL, 2007).
Bhaskar (1976) classificou os odontomas com base nos aspectos radiográficos,
macroscópicos e microscópicos em composto e complexo, sendo o tipo composto também
denominado odontoma combinado composto, e o complexo, de odontoma combinado
complexo. Esses tumores podem crescer por um certo período de tempo e cessarem seu
crescimento, mantendo-se, dessa forma, por toda a vida do paciente.
1.5.1 Odontoma Composto
O odontoma composto dificilmente é confundido com outra lesão, por seu aspecto
radiográfico ser bem definido. Nota-se um número variável de pequenas estruturas
radiopacas num único aglomerado, relativamente semelhante aos dentes, rodeadas por
linhas radiolúcidas, correspondentes à individualização dos dentículos (Figura 5). Alguns
odontomas podem conter apenas três a quatro desses dentículos envolvidos na cápsula
fibrosa, mas esse número é bastante variável, podendo atingir dezenas de microestruturas
(EBLING, 1977; CASTRO, 1992; BUCHNER, 1996; NÓIA et al., 2008; MENDONÇA et al.,
2009).
Figura 5: odontoma composto, pequenas estruturas radiopaca semelhantes a dentes. Fonte: IRO, 2010
Fonte: Barnes et al. (2005)
23
1.5.2 Odontoma Complexo
O odontoma complexo não há definição dos dentículos, apresentando-se como uma
massa calcificada única, com formação irregular e densamente radiopaca, separado do osso
e dente por uma estreita delimitação de halo radiolúcido (Figura 6), (EBLING, 1977;
CASTRO, 1992; KIGNEL, 2007; NÓIA et al., 2008; MENDONÇA et al., 2009).
Apesar de a lesão apresentar imagens iniciais compatíveis, a caracterização
radiográfica torna-se definitiva para o diagnóstico diferencial do odontoma composto e
complexo. Ebling (1977) salientou o acompanhamento clinico e radiográfico de cada caso,
pois a interpretação radiográfica dos odontomas em estágios iniciais de desenvolvimento
torna-se difícil, devido à ausência parcial ou completa de calcificação.
Figura 6: odontoma composto, pequenas estruturas radiopaca semelhantes a dentes. Fonte: IRO, 2010
Fonte: Barnes et al. (2005)
24
Figura 8: odontoma complexo, massa calcificada, com formação irregular e densamente radiopaca. Fonte: IRO, 2010
1.6 Tratamento
Figura 7: odontoma complexo, massa calcificada, com formação irregular e densamente radiopaca. Fonte: IRO, 2010
25
O diagnóstico do odontoma deve ser definido com o exame histopatológico. Seu
tratamento é cirúrgico conservador com a remoção total da lesão devido à zona de clivagem
que geralmente é oferecida pelo tecido conjuntivo fibroso, que serve de cápsula, e o
prognóstico é favorável. Eventualmente, pode ocorrer complicação nos odontomas,
traduzida por fístula com exsudato purulento, quando seu tamanho é grande e localizado
próximo à mucosa e sujeito a trauma constante (CASTRO, 1992).
O procedimento cirúrgico preconiza a excisão completa da lesão, sem margem de
segurança, seguido de curetagem do tecido mole adjacente, para evitar degenerações
císticas posteriores. O cirurgião deve atentar-se durante o processo de curetagem para não
lesar o dente, bem como tomar cuidado com a remoção cirúrgica da lesão em não remover
o dente envolvido (VON ZUBEN, 2008; MENDONÇA et al., 2009).
A técnica cirúrgica empregada para a remoção do odontoma consiste na observância
dos princípios cirúrgicos básicos utilizados para extração de dentes inclusos. (EBLING,
1977; MADEIRA e MINATTI, 1985; MARCUCCI, 2005).
Marcucci (2005) reiterou a prudência para com a cirurgia, pois a excessiva aderência
ao osso ou a presença de cistos volumosos pode dificultar ou complicar o ato cirúrgico.
Mendonça et al. (2009) incluíram como aspectos pós operatórios a serem
observados, as parestesias do lábio inferior e mandíbula pelo contato da lesão com o nervo
alveolar inferior e hemorragias causadas por falta de controle do sangramento e infecção
secundaria.
Para Madeira e Minatti (1985), existem diferenças entre as cirurgias empregadas
para cada tipo de odontoma. No odontoma composto, os dentículos são facilmente
removíveis cirurgicamente por uma pequena “janela” óssea. Já o odontoma complexo
poderá atingir dimensões consideráveis e causar sérios obstáculos a sua remoção. O
cirurgião poderá realizar aumento da abertura da área cirúrgica para permitir a passagem do
odontoma ou diminuir seu tamanho fragmentando-o por meio de brocas.
Veis et al. (2000) afirmaram que os odontomas compostos são bem circunscritos e
encapsulados e podem ser facilmente removidos por meio de cirurgia conservadora. Em
muitos casos associados a dentes não irrompidos, a combinação de tratamento cirúrgico e
ortodôntico é necessária. A extração do dente permanente acompanhada da remoção de
odontomas, às vezes, deixam defeitos nos tecidos ósseos e/ou moles.
Segundo Lukes e Wachter (2003), existe uma concordância que os odontomas
deveriam ser excisados devido à possibilidade de desenvolvimento de cisto dentígero ou
26
outras neoplasias e na maneira em que cada tumor influencia no desenvolvimento ósseo e
dentoalveolar.
Tonelli (2006) propôs que o estabelecimento de um diagnóstico prematuro e
execução de tratamento oportuno em pacientes com odontomas, podem impedir ou reduzir
possíveis problemas funcionais ou estéticos.
27
2 MATERIAIS E MÉTODO
O presente estudo foi realizado a partir das informações de documentação
radiográfica disponível junto banco de dados da Clínica IRO, situado na cidade de
Campinas, São Paulo, em um total de 2.000 radiografias panorâmicas digitais realizadas no
período de fevereiro a julho de 2010 e escolhidas de modo aleatório. A pesquisa foi
autorizada pela responsável da clínica, Dra Mariana Rosa Merendi Lopes.
As radiografias panorâmicas digitais foram obtidas através do aparelho de radiografia
extra bucal digital da marca Instrumentário Orthopantomografh OP100® e a avaliação das
imagens radiográficas digitais realizada utilizando o programa “Visualizador de imagens do
Windows”.
A análise foi feita por dois examinadores previamente calibrados e os dados
armazenados em um banco de dados do programa Microsoft Excel versão 2007, com o
intuito de facilitar o processo de análise e interpretação, com as seguintes variáveis:
Gênero: considerados pacientes do gênero masculino ou feminino,
Faixa etária: foram incluídos na pesquisa pacientes com faixa etária entre 04
e 40 anos e para a análise computados anos inteiros a partir da data de nascimento,
Localização anatômica: maxila e mandíbula (não houve divisão de região).
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
São Francisco, sob protocolo CAEE: 0030.0.142.000-11 (Anexo 1), e as informações
pessoais dos pacientes mantidas em sigilo.
28
3 RESULTADOS
Foram analisadas 2.000 radiografias panorâmicas selecionadas aleatoriamente no
IRO da cidade de Campinas, São Paulo, referentes ao período de Fevereiro a Julho de
2010, na faixa etária de 4 a 40 anos, das quais 876 eram do gênero masculino e 1.124 do
gênero feminino, conforme mostrado na tabela 1.
Tabela 1 – Classificação das 2.000 radiografias panorâmicas selecionadas aleatoriamente no IRO,
referentes ao período de Fevereiro a Julho de 2010, quanto ao gênero.
Gênero Frequência absoluta Frequência relativa (%)
Masculino 876 43,8%
Feminino 1124 56,2%
Total 2.000 100%
A amostra foi divida em grupos etários de 4 – 10 anos (136 radiografias, sendo 64 do
gênero masculino e 72 do feminino), de 11 – 20 anos (422 radiografias, sendo 191
masculino e 231 feminino), de 21 – 30 anos (638 radiografias, sendo 264 masculino e 374
feminino) e de 31 – 40 anos (804 radiografias, sendo 357 masculino e 447 feminino)
totalizando as 2000 radiografias panorâmicas selecionas na amostra.
Tabela 2 – Classificação das 2000 radiografias panorâmicas analisadas quanto à faixa etária.
Faixa etária Frequência absoluta Frequência relativa (%)
4 – 10 anos 136 6,8%
11 – 20 anos 422 21,1%
21 – 30 anos 638 31,9%
31 – 40 anos 804 40,2%
Total 2000 100%
29
Tabela 3 – Classificação das 2000 radiografias panorâmicas analisadas, divididas quanto à
faixa etária e o gênero.
Faixa etária Frequência absoluta Frequência relativa (%)
M F M F
4 – 10 anos 64 72 7,3 6,4
11 – 20 anos 191 231 21,8 20,5
21 – 30 anos 264 374 30,1 33,2
31 – 40 anos 357 447 40,7 39,7
Total 876 1124 100%
A partir da análise das 2.000 radiografias panorâmica selecionadas foram
visualizados 5 odontomas compostos e nenhum odontoma complexo. Destes 5 odontomas
encontrados, 1 estava na faixa etária de 11 – 20 anos e em paciente do gênero feminino.
Dos 4 restantes 1 estava na faixa de 11 – 20 anos e 3 na de 21 – 30 anos e todos
eram do gênero masculino, conforme mostram as tabelas 4 e 5 a seguir.
Tabela 4 – Presença e classificação dos odontomas encontrados a partir da análise das 2000
radiografias panorâmicas selecionadas para a análise.
Presença de Odontoma %
odontoma composto complexo
Sim 5 - 0,25
Não 1995 2000 99,75
Total 2000 100
30
Tabela 5 – Classificação da presença de odontomas encontrados a partir da análise das 2000
radiografias panorâmicas selecionadas para a análise quanto ao gênero e a faixa etária.
Gênero 4 – 10 11 – 20 21 – 30 31 – 40
Masculino - 1 3 -
Feminino - 1 - -
Total 0 2 3 0
Quanto à localização dos odontomas, os 5 encontrados estavam na mandíbula,
sendo 1 na região de pré – molar do lado esquerdo, 1 na região de canino do lado esquerdo,
1 na região de molar do lado direito e 2 na região de molar do lado esquerdo, e não foi
encontrado nenhum odontoma na maxila, como esta representado nas tabelas 6 e 7, a
seguir.
Tabela 6 – Classificação dos 5 odontomas encontrados na análise das 2.000 radiografias
panorâmicas selecionadas, quanto à localização.
Presença de Maxila Mandíbula %
odontoma
Sim - 5 100
Não - - -
Total - 5 100
Tabela 7– Classificação dos 5 odontomas compostos encontrados na mandíbula pela análise das
2.000 radiografias panorâmicas, quanto a região.
31
Região da Frequência absoluta Frequência relativa (%)
mandíbula
Canino do lado esquerdo 1 20
Pré – molares do lado esquerdo 1 20
Molares do lado direito 1 20
Molares do lado esquerdo 2 40
Total 5 100
32
DISCUSSÃO
Os odontomas são definidos como o tipo de tumor odontogênico mais comumente
encontrado na população (Shafer et al., 1987; Kignel, 2007; Lima et al., 2008; Nóia et al.,
2008), e há um consenso entre todos os autores citados no que cerne a etiologia,
classificação, aspectos clínicos, radiográficos e histológicos, bem como no tratamento e
prognóstico.
Segundo Ebling, 1977, o grau de morfodiferenciação pode ser variável nas diferentes
áreas de uma mesma lesão, e entre o odontoma composto e o complexo a diferença pode
ser apenas relativa. Nesses casos a classificação vai depender da interpretação pessoal do
patologista que, geralmente, baseia-se no predomínio de dentículos bem organizados ou de
massas de tecidos dentários desorganizados, mas segundo Soames e Southam, 2008 o
odontoma composto mostra um grau muito mais alto de morfodiferenciação do que o
odontoma complexo.
Embora de etiologia desconhecida, o odontoma é uma malformação dentária,
considerado como hamartoma de crescimento (Castro, 1992; Marcucci, 2005; Soames e
Southam, 2008), de acordo com sua histogênese, devida a distúrbios no desenvolvimento,
que são relatados em estudos de diversos autores, mostrando que a lesão pode ocorrer sob
o efeito de múltiplos agentes causais como: traumas, infecções ou pressão e fatores
hereditários devidos à perturbação do mecanismo genético e controlador do
desenvolvimento dentário (Shafer et al., 1987; Tommasi, 2002; Cardoso, 2003; Nóia et al.,
2008).
Dentre os tipos de odontomas existentes (composto e complexo), há uma tendência
para que o tipo composto seja mais facilmente diagnosticado por suas características.
Entretanto alguns estudos mostram o odontoma complexo é o mais comumente encontrado.
A presente análise mostrou preferência pelo tipo composto em 100% dos casos.
Há discordância dos autores em relação à incidência por gênero, autores como
Ebling (1977), Tommasi (2002), Barnes et al. (2005), Marcucci (2005) Nóia et al. (2008)
White e Pharoah (2005), afirmaram não existir predileção por gênero. Budnick (1979),
Philipsen et al. (1997) e Vazquez (2008) afirmaram ter ligeira predileção pelo sexo
masculino o que condiz com a nossa análise, onde, dos 5 odontomas encontrados, 4 eram
em pacientes do gênero masculino, mesmo sendo a maioria das radiografias panorâmicas
analisadas, correspondentes a pacientes do gênero feminino. Nossa análise coincide aos
trabalhos realizados por Budnick (1979), Philipsen et al. (1997) e Vazquez (2008).
33
A faixa etária de maior incidência dos 10 aos 20 anos é consensual, como afirmaram,
White e Pharoah (2005), mas não corresponde aos nossos resultados, pois a maioria dos
pacientes analisados, que apresentaram odontoma, estavam na faixa etária de 21 – 30
anos.
Em nenhum dos casos o odontoma estava relacionado ao atraso de erupção
dentária ou por dente impactado, ele foi diagnosticado através de exame radiográfico de
rotina, (nestes casos a panorâmica), sugerido pelo cirurgião dentista.
34
CONCLUSÃO
A partir dos resultados encontrados na análise das 2.000 radiografias panorâmicas
selecionadas, de forma aleatória, no período de Janeiro a Julho de 2010 na faixa etária de 4
– 40 anos do IRO podemos concluir que:
O odontoma é mais comum no gênero masculino, e a região mais afetada é a
mandíbula.
O tipo composto é mais frequente que o complexo;
A faixa etária onde é mais comum a presença do odontoma é a de 21 – 30
seguida imediatamente, pela faixa de 11 – 20 anos;
Apesar de ser relatado como o tumor odontogênico mais comum ele equivaleu a
0,25% das radiografias panorâmicas avaliadas.
Baseando-se em todos os relatos literários dispostos neste trabalho, concluímos
que o estudo do odontoma é de grande importância para o cirurgião dentista,
seu diagnóstico precoce é de extrema importância, pois quanto antes for
diagnosticado, mais cedo poderá ser realizada a intervenção, permitindo evitar
maiores complicações na fase adulta do paciente.
Frisamos a importância dos exames radiológicos dentro da odontologia, sendo de
grande valia não somente para o diagnóstico, mas também na execução da
cirurgia e o correto plano de tratamento a ser realizado.
Salientamos que o exame histológico nos permite confirmar o diagnóstico e
resguarda o prognóstico favorável do tratamento, ora que a lesão pode estar
associada a outros cistos e neoplasias.
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