especial cooperaÇÃo fiocruz – franÇa (parte 1) · convênio foi renovado até 2015, tam-bém...

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Informativo do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz

Fiocruz ajuda na elaboraçãodos próximos Objetivos deDesenvolvimento do Milênio

Nova diretora da OPAS fazvisita oficial à Fundação

PÁGINA 6PÁGINA 7 PÁGINA 1

Danielle Monteiro – CCS

cooperação entre a Fiocruz einstitutos de saúde franceses éde longa data e remete à se-gunda metade do século XIX.

O ano era 1900, quando a epidemia depeste bubônica assolava o país. O en-tão presidente da República brasileira,

FIOCRUZ E FRANÇA:

JAN-FEV

2013

Nº5

A

Oswaldo Cruz (no destaque) com sua turma do curso de microbiologia técnicano Instituto Pasteur. Foto: Acervo da Casa de Oswaldo Cruz

ESPECIAL COOPERAÇÃO FIOCRUZ – FRANÇA (PARTE 1)

Rodrigues Alves, em busca de ajudapara solucionar o grande problema sa-nitário, recorrera ao governo para quepedisse auxílio do Instituto Pasteur. Ainstituição francesa, para surpresa detodos, indicou um especialista brasilei-ro que acabara de se especializar emmicrobiologia no próprio instituto:Oswaldo Gonçalves Cruz. Fazendo uso

dos meios e ensinamentos lá adquiri-dos, o jovem médico tornou-se diretortécnico do Instituto Soroterápico Fede-ral e, com isso, deu início a uma cam-panha de desratização e fumigação quereduziu consideravelmente a dissemina-ção da epidemia no Brasil. Oito anosdepois, inspirado no Instituto Pasteur enas escolas de Berlim e Berna, Oswal-do Cruz fundou o Curso Aplicado, umaescola de Medicina Experimental que,mais tarde, se transformou no Institutode Medicina Experimental de Mangui-nhos, base do que hoje é o IOC/Fiocruz.

Os laços históricos entre a Fio-cruz e o Instituo Pasteur, embora inici-ados há mais de um século, foram for-malizados somente em 1991 e abriramcaminho para a assinatura de acordosda Fundação com outras instituições desaúde francesas, como o Instituto Na-cional Científico e de Pesquisa Médicada França (INSERM), o Centro Nacio-nal de Pesquisa Científica (CNRS), oInstituto de Pesquisa para o Desenvol-vimento (IRD), a Escola de Altos Estu-dos em Saúde Pública de Rennes(EHESP), a Agência Nacional da Pes-quisa sobre AIDS (ANRS), a Sanofi-Pas-teur, a Agência Francesa de Desenvol-vimento (AFD) e a Universidade Pierreet Marie Curie.

Fonte: Lima, Nísia T.; Marchand, Ma-rie-Hélène (2005). Louis Pasteur &Oswaldo Cruz. Editora Fiocruz

Uma cooperação histórica

Fiocruz e França:cooperações de longa data

CRIS INFORMA #5 | JANEIRO / FEVEREIRO DE 2013 - ExpedienteCoordenadoria de Comunicação Social (CCS) | Edição e redação: Danielle Monteiro com colaboração de Thiago

Oliveira | Projeto gráfico e edição de arte: Guto Mesquita | Fotografia: Peter Ilicciev e Arquivo CCS

Contato: Danielle Monteiro - Tel: (21) 3885-1065 - E-mail: danimonteiro@fiocruz.br

A

Fiocruz e CNRS:uma parceriade grandesconquistas

Fiocruz tem como uma de suasorientações estratégicas nas par-cerias com a França o desenvol-vimento de competências que

vão além de suas linhas de pesquisa dereferência focadas em doenças infecci-osas. Com base nessa diretriz, a Funda-ção, ainda esse ano, vai ampliar sua co-operação com institutos de saúdefranceses para o campo de neurociênci-as. Um desses parceiros será o CentroNacional de Pesquisa Científica (CNRS,na sigla em francês), um dos maioresinstitutos de pesquisa públicos do país.

“O Brasil está envelhecendo e,com isso, doenças neuromusculares eautoimunes estão surgindo. É preciso,portanto, focarmos também nessas en-fermidades emergentes, estabelecen-do parcerias com países que estão vi-venciando essa realidade há maistempo”, justifica a vice-presidente dePesquisa e Laboratórios de Referência(VPPLR/Fiocruz), Claude Pirmez. Parao desenvolvimento de projetos conjun-tos em neurociências, o Cris/Fiocruz ea VPPLR/Fiocruz iniciaram o mapea-mento das potenciais equipes e linhasde pesquisa da Fundação na área, afim de identificar o interesse de pes-quisadores em realizar ações conjun-tas com organizações francesas. A par-tir do resultado, será lançado um editalpara novos projetos de pesquisa, jun-tamente com o CNRS e o Inserm, noprimeiro semestre desse ano.

Uma das conquistas da coope-ração de 32 anos com o CNRS foi acriação do LIA-Imuno, laboratório vir-tual que tem, entre outros objetivos,

estudar os mecanismos envolvidos namigração de leucócitos – glóbulos bran-cos do sangue com função de comba-ter e eliminar os microrganismos e es-truturas químicas estranhas ao corpohumano – em organismos em condi-ções saudáveis e patológicas. As inves-tigações no laboratório são realizadasem organismos normais e afetados porenfermidades como diabetes tipo 1, lin-foma e asma.

O coordenador do LIA-Imuno naFiocruz, Wilson Savino, explica que osestudos podem levar ao desenvolvimen-to de novas moléculas com potencialterapêutico capaz de contribuir com ofluxo de leucócitos para um determina-do tecido: “Descobrimos novas molé-culas que nunca haviam sido evidenci-adas em linfócitos (um tipo de leucócitopresente no sangue) como sendo rele-vantes no processo de migração celu-lar. Essa descoberta pode levar a um

alvo terapêutico”. As investigações so-bre migração celular em linfomas (umtipo de tumor maligno gerado no teci-do linfoide), segundo ele, já apresenta-ram avanços e poderão ter relevânciano desenvolvimento de alternativas te-rapêuticas para a doença.

A criação do laboratório, cujoconvênio foi renovado até 2015, tam-bém permitiu a formação de recursoshumanos. A iniciativa, por meio daCapes e CNPq, favorece a obtenção debolsas de estudo de doutorado e pós-doutorado “sanduíche”, permitindo queos bolsistas (estudantes e pesquisado-res) adquiram experiências tanto naFrança quanto no Brasil. O termo decooperação entre o CNRS e a Fiocruztambém inclui parcerias em informaçõese literatura científica, por meio do in-tercâmbio de publicações e periódicoscientíficos, além da organização de con-ferências bilaterais e seminários.

ESPECIAL COOPERAÇÃO FIOCRUZ – FRANÇA (PARTE 1)

O diretor do Instituto das Ciências Biológicas (INSB) do CNRS, Patrick Netter,e o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, assinam o acordo de cooperaçãopara a renovação do LIA-Imuno.

Durante as comemorações doano da França no Brasil em 2008, aFundação recebeu da Agência France-sa de Desenvolvimento (AFD) uma pro-posta que resultou em uma importan-te iniciativa direcionada a crianças noHaiti: a criação de um Banco de LeiteHumano (BLH) naquele país. Coorde-nado pelo IFF/Fiocruz, que tambémparticipa da implantação de BLHs emdiversos países latino-americanos, oprojeto tem como meta principal a pro-

Há 21 anos a Fiocruz desenvol-ve ações de cooperação com o Institu-to Nacional Científico e de PesquisaMédica da França (Inserm, na sigla emfrancês), principal centro francês depesquisa biomédica. A parceria já re-sultou no desenvolvimento de mais de60 projetos. Um deles foi a criação deum Laboratório Internacional Associa-do de Imunoterapia e Terapia Celularoficializada em 2011, em parceria coma Universidade Pierre et Marie CurieFiocruz (UPMC) e com apoio do Cen-

tro Nacional de Desenvolvi-mento Científico e Tecnoló-gico (CNPq). Trata-se de umlaboratório “sem paredes”que com a união das expe-riências brasileira e france-sa realiza projetos científicoscomuns em imunologia, bi-ologia de músculo esquelé-tico e distrofias musculares,além de atuar na formaçãode recursos humanos. “O si-nergismo de dois grupos comexpertises complementares

é muito grande e permite avançar oconhecimento mais rápido”, comentao coordenador do LIA na Fiocruz, Wil-son Savino.

Atualmente está sendo desenvol-vido no laboratório um modelo experi-mental com animais imunocompeten-tes - que possuem funções imunológicasíntegras, ou seja, capazes de desenvol-ver uma resposta imune contra célulasestranhas - para melhor estudar a ex-pansão de precursores de células mus-culares injetados no músculo, visando

Em busca de novos tratamentos para doenças muscularesà terapia celular em distrofias muscula-res. “Entres as descobertas recentes,podemos destacar que demonstramosa importância do processo inflamatóriolocal (onde as células humanas sãotransplantadas) para melhorar a eficá-cia do transplante”, revela Savino.

A formação de recursos huma-nos no âmbito do LIA deu origem auma série de dissertações de mestra-do, teses de doutorado e estágios depós-doutorado. Outro destaque é apublicação de diversos artigos científi-cos de relevância internacional, sendoque um deles ganhou espaço na revis-ta Nature Middle East. Savino explicaque os protocolos desenvolvidos no la-boratório, assim como o conhecimen-to científico gerado, poderão ser apli-cados futuramente em ensaios clínicosde terapia celular para distrofias mus-culares. “Além disso, os experimentosde tolerância imunológica vão poderter aplicação mais geral e os conceitosque emergem destes experimentospoderão ser aplicados em outros siste-mas de terapia celular”, finaliza.

Em prol de melhorias na saúde de crianças haitianasmoção e o apoio aoaleitamento maternode forma a ampliar oacesso do leite huma-no a recém-nascidosque demandam cui-dados especiais, es-pecialmente filhos desoropositivas, criançascom baixo peso e pre-maturas. A propostainicial é instalar o BLHno Hospital de Mire-

balais, na região central do Haiti.Segundo o coordenador da

Rede Brasileira de Bancos de Leite Hu-mano, João Aprígio, o projeto será degrande importância para o sistema desaúde do Haiti, uma vez que o paísapresenta altas taxas de mortalidadee morbidade infantil. “O BLH é, pordefinição, uma estratégia de qualifica-ção da atenção neonatal em termosde segurança nutricional. Ele servirácomo uma alternativa de sobrevivên-

cia para esses recém-nascidos e, comisso, vai contribuir para a reversão doíndice de morbimortalidade neonatalno Haiti”, diz.

Para elaborar um projeto de in-fraestrutura para a instalação do BLH,uma delegação composta por consul-tores da Rede Brasileira de Bancos deLeite Humano, do IFF/Fiocruz, estive-ram em missão no Haiti, em 2011. Apartir do encontro foi elaborado umplano de trabalho que apresenta umnovo cronograma para a execução dosresultados previstos no convênio de co-operação. Atualmente, a continuida-de do projeto depende somente dadefinição dos parceiros (Ministério dasaúde Pública e da População do Hai-ti (MSPP), AFD e Agência Brasileirade Cooperação) sobre instalações,equipamentos e recursos humanos.“Uma vez terminadas as obras e ins-talações, nossa previsão é de que oBLH esteja funcionando em um ano”,afirma Aprígio.

O coordenador do LIA na Fiocruz epesquisador do IOC/Fiocruz, Wilson Savino.Foto Peter Ilicciev/CCS

A então primeira-dama francesa, Carla Bruni, visitou o IFF/Fiocruz. No encontro, o coordenador do Cris, Paulo Buss,sugeriu uma ação conjunta entre Brasil, França e Haiti, paraa criação de um BLH no Haiti. Foto Rede BLH/Icict/Fiocruz

ESPECIAL COOPERAÇÃO FIOCRUZ – FRANÇA (PARTE 1)

produção da vacina inativadacontra a poliomielite (VIP) -doença altamente infecciosaque acomete crianças e provo-

ca paralisia grave– é mais um dos fru-tos da cooperação da Fiocruz com aFrança. Resultante de um acordo assi-nado em dezembro de 2011 com aSanofi Pasteur, a vacina, de vírus inati-vado, é fornecida por Bio-Manguinhos/ Fiocruz, que já entregou o total de14,5 milhões de doses ao Ministério daSaúde para distribuição na rede públi-ca de saúde.

A vacina será utilizada no ca-lendário de rotina, tornando-se a novaaliada da vacina oral, que já fazia par-te da campanha nacional de imuniza-ção. A injetável será aplicada aos doise quatro meses de idade, já a oral, devírus inativados, aos seis e 15 mesesde vida. “Ao transferir tecnologia paraprodução da vacina contra a poliomie-lite, o Brasil entra em uma etapa avan-çada para erradicação da doença, se-guindo as orientações da OrganizaçãoMundial de Saúde (OMS)”, afirmaAndré Totino, gerente de novos negó-

cios e marketing de Bio-Manguinhos/Fiocruz. Segundo Akira Homma, pre-sidente do Conselho Político e Estraté-gico de Bio-Manguinhos (CPE), a ado-ção da vacina feita a partir de vírusinativados tem como maior vantagema não ocorrência de casos, ainda queraros, de poliomielite associados à va-cinação. Ele destaca que esta iniciati-va garante o abastecimento e forneci-mento no país, aumentando acapacitação nacional e permitindo des-dobramentos tecnológicos na área,como a possibilidade de produção deoutras vacinas combinadas.

A transferência de tecnologiaconsiste em três etapas. Na primeira,foi realizado o fornecimento da vaci-na com as informações sobre a Sano-fi Pasteur e distribuídas por Bio—Man-guinhos, com registro inicial jáconcedido pela Anvisa. Atualmente,estão sendo incorporadas metodolo-gias de controle de qualidade para oproduto 2 (produto acabado com ró-tulo e embalagem de Bio-Mangui-nhos), com previsão de registro parao produto em dezembro desse ano.

O vice-diretor de desenvolvimento tecnológico de Bio-Manguinhos, Marcos Freire (esq), e a vice-diretora de qualidade, Mariada Luz Fernandes Leal, com o diretor geral da Sanofi Pasteur Brasil, Hubert Guarino (ao centro). Foto Ascom/Bio-Manguinhos

União de esforços no combate à poliomielite

AJá na terceira fase será realizada a for-mulação, envase, rotulagem e acon-dicionamento e liberação da vacinapor Bio-Manguinhos, com obtenção doregistro final previsto para 2019.

Não é a primeira vez em que aFiocruz e a Sanofi Pasteur firmam acor-do. Em 1974, a empresa, na épocadenominada Institut Mérieux, ajudouo Ministério da Saúde do Brasil a com-bater uma epidemia de meningite como fornecimento de doses da vacinameningocócica, que eliminaram o pro-blema sanitário. Em 2010, a SanofiPasteur firmou parceria com o Minis-tério da Saúde do Brasil para fornecermais de 60 milhões de doses da vaci-na contra a gripe A/H1N1 durante epi-demia da doença. Segundo Totino, aSanofi é parceira potencial para proje-tos de desenvolvimento de vacinas.“Mantemos um diálogo constante comeles”, afirma. A produção de vacinasda Sanofi Pasteur, que corresponde a1 bilhão de doses todos os anos, per-mite a imunização de mais de 500milhões de pessoas no mundo e prote-ge contra 20 doenças infecciosas.

ESPECIAL COOPERAÇÃO FIOCRUZ – FRANÇA (PARTE 1)

ncrementar as parcerias na áreade ensino superior, de forma aatrair estrangeiros à Fundação efortalecer seu papel de institui-

ção de referência mundial, é uma dasatuais prioridades da Fiocruz na coo-peração com a França. Com base nes-sa orientação estratégica, a Fundaçãoe a Universidade Pierre et Marie Curie(UPMC), parceiras há oito anos, deramum passo à frente em suas relações.Durante visita do presidente da insti-tuição francesa em dezembro do anopassado, as duas instituições acorda-ram em, juntamente com o Inserm,renovar o convênio do Laboratório In-ternacional Associado (LIA) para os pró-ximos quatro anos.

Laços fortalecidos com universidade francesa

ICom a renovação da coope-

ração bilateral, serão realizados no-vos estudos sobre a distrofia muscu-lar de Duchenne - doença queprovoca degeneração muscular eafeta somente meninos - voltados àmelhoria da qualidade de vida dospacientes. “Em 2014, vamos iniciarum ensaio clínico da doença com ouso de um inibidor da moléculaVLA4, visando à inibição da inflama-ção muscular que acelera o agrava-mento da enfermidade”, adianta ocoordenador do LIA no Brasil, Wil-son Savino.

As duas instituições ainda vãodesenvolver um programa de mestra-do ou doutorado internacional em

Imunoterapia, ligado ao LIA. “Nestaestrutura, o aluno passaria um semes-tre na universidade parceira. Em casode sucesso, poderíamos, mais adian-te, estender este programa de ma-neira tripartite, com um país da Áfri-ca”, adianta o assessor do Cris/Fiocruz, Vincent Brignol. Entre os pla-nos, também está a criação de ummestrado internacional de matemá-tica aplicada à biologia, provavelmen-te em parceria com o IMPA (InstitutoNacional de Matemática Pura e Apli-cada) para o desenvolvimento de pro-gramas na área. A intenção é elabo-rar o projeto dos cursos em maiodesse ano para que já possam serimplementados em 2014.

O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, e o presidente da UPMC, Jean Chambaz. Foto Peter Ilicciev/CCS/Fiocruz

ESPECIAL COOPERAÇÃO FIOCRUZ – FRANÇA (PARTE 1)

Danielle Monteiro – CCS *

ada sua importância para odesenvolvimento das nações, asaúde é uma das temáticas queestará presente na agenda das

Nações Unidas para o desenvolvimen-to pós-2015. Diante disso, a Organiza-ção Mundial da Saúde (OMS) recente-mente elaborou um documento quetem duas finalidades: estimular os de-bates entre os Estados-Membros sobreo modo como os futuros Objetivos doMilênio no que diz respeito à saúdedevem ser formulados e elaborar umdiscurso sobre o lugar que a saúde deveocupar na agenda mundial. O docu-mento será discutido em março desseano, em encontro que vai acontecer emBotswana, e do qual o Brasil participa-rá. No centro da discussão sobre qualobjetivo global substituirá (ou conviverácom) os atuais três objetivos de saúdeque constam nos Objetivos de Desen-volvimento do Milênio está a coberturauniversal de saúde. Com o intuito decontribuir com a discussão, a Fiocruz,por meio do Cris, elaborou um docu-mento para subsidiar a posição do Bra-sil em fóruns internacionais.

Nele, a Fundação enfatiza a im-portância de o Brasil adotar uma posi-

Fiocruz ajuda na elaboraçãodos próximos Objetivos dedesenvolvimento do milênio

ção coerente com suas políticas internas- que defenda a saúde como direito detodos e dever do Estado - e que busqueampliar o conceito de “cobertura univer-sal de saúde” da OMS para “sistemasuniversais”, reconhecendo, assim, a im-portância de fatores sociais que afetama saúde, ou seja, os determinantes soci-ais da saúde. “O tema cobertura univer-sal de saúde geralmente se refere à aten-ção aos enfermos, o que é importante,mas representa somente uma parte dosistema universal de saúde, cujas fun-ções são promover a saúde, prevenir adoença e tratar os doentes”, explica ocoordenador do Cris/Fiocruz, Paulo Buss.“O Brasil defenderá sistemas de saúdeuniversais, equitativos, integrais e dequalidade, saúde como direito, e nãocobertura universal e seguros de saúde,pois é o nosso conceito constitucional”,acrescenta. Para ele, a discussão sobreo lugar que a saúde deve ocupar naagenda mundial será marcada por umgrande impasse: “Cobertura universal desaúde como negócio versus saúde comodireito serão algumas das grandes con-tradições que terão de ser resolvidas po-liticamente”, afirma.

O conceito de sistemas universaisde saúde, explica Buss, inclui a visão deatenção coletiva em saúde, em substi-

tuição à atenção individual e curativa,e, com isso, tem grande relevância paraa questão de geração de patentes eampliação do acesso a medicamentos.“O acesso a insumos da saúde é partedesse conceito da integralidade. Sendoassim, quando construímos sistemas uni-versais de saúde, incluímos o acessouniversal e equitativo a produtos de qua-lidade, sejam insumos diagnósticos, va-cinas, medicamentos, equipamentos etodos esses fatores necessários para osistema funcionar bem”, explica.

Buss também destaca que, parase alcançar definitivamente uma situaçãode população saudável, é preciso enca-rar os determinantes sociais, econômicose ambientais da saúde. Ele ainda propõeuma maior articulação entre as políticasextra-setoriais, em prol do desenvolvimen-to mundial: “O mundo deveria articularalgumas questões como saúde, agricul-tura, educação e água limpa, por exem-plo, nos objetivos de desenvolvimentosustentável pós-2015. Elas estão parcial-mente nos Objetivos de Desenvolvimen-to do Milênio, mas necessitam de umaabordagem mais intersetorial”. Um exem-plo disso, segundo ele, é a cooperaçãobrasileira em saúde e em agricultura, quepouco dialogam entre si. “Se conseguís-semos articular melhor a cooperação daEmbrapa e da Fiocruz nas dimensões daagricultura no combate à fome e da saú-de no combate à desnutrição, podería-mos realizar um trabalho em conjuntoainda melhor”, diz. Para ele, a formacomo a saúde será tratada na agendamundial vai depender da definição dosoutros objetivos do desenvolvimento sus-tentável. “É importante saber como asoutras áreas vão se comportar e definirãoesses objetivos para vermos como a saú-de será levada em conta e qual será acoerência das políticas extra-setoriais coma saúde”, finaliza.

Para alertar sobre a importância enecessidade de serem definidas comoáreas prioritárias, na Agenda de Desen-volvimento pós-2015, temas vitais como“saúde do processo de desenvolvimen-to” ou “determinantes sociais da saúde”,Buss assinou artigo na última edição dosCadernos de Saúde Pública, publicaçãoda Ensp/Fiocruz, no qual trata da temáti-ca. O texto pode ser acessado aqui.

Com a colaboração de ThiagoOliveira

destaques

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A saúde é um fator primordial para o desenvolvimento das nações.Diante disso, a Fiocruz participa do debate sobre o modo como os objetivosde Desenvolvimento do Milênio, no que diz respeito à saúde, devem serformulados. Foto Peter Ilicciev

Danielle Monteiro - CCS

nova diretora da OrganizaçãoPan-americana de Saúde(Opas), Carissa Etienne, este-ve em visita oficial à Fiocruz

no dia 27 de fevereiro. Durante o en-contro com o presidente da Fundação,Paulo Gadelha, e outros gestores dainstituição, ela destacou o papel de-sempenhado pela Fiocruz no desenvol-vimento do sistema de saúde brasilei-ro e de outros países das Américas esalientou seu compromisso com o aces-so universal à saúde. “Reconhecemoso trabalho que a instituição faz em ter-mos de inovação, pesquisa e desen-volvimento, produção de vacina e demedicamento. Este é um momento emque devemos estudar as parcerias quejá temos com a Fiocruz e avaliarmoscomo podemos apoiar um ao outro afim de dar auxílio também a outrospaíses”, declarou.

Etienne também revelou asprincipais metas para sua gestão naOpas. “Ampliar o acesso à atenção àsaúde, avaliar quais populações fo-

ram deixadas para trás e como os Es-tados–Membros podem auxiliá-las,combater as doenças negligenciadase desenvolver a prevenção e o con-trole de enfermidades são alguns demeus principais objetivos”, disse. Elatambém realçou que os países dasAméricas alcançaram grandes con-quistas no setor de saúde, como a er-radicação da varíola e da poliomieli-te e rubéola em algumas regiões.Porém, para ela, ainda há desafios aserem enfrentados pelas nações daregião, sendo o maior deles a iniqui-dade social. “Para garantir a saúdedas populações, precisamos focar nosgrupos mais vulneráveis e instituir me-canismos que façam com que elestenham possibilidade de acessar ocuidado à saúde e ter acesso aosdeterminantes sociais da saúde: àeducação, empregos, esgotamentosanitário, entre outros importantescomponentes”, propôs.

A cooperação da Opas com ospaíses das Américas em prol do desen-volvimento dos sistemas nacionais desaúde, segundo ela, vai se dar de acor-

Nova diretora da Opas faz visita oficial à Fundação

A

do com as particularidades de cada umadessas nações, respeitando suas dife-rentes necessidades. “Nossos objetivosestarão alinhados com os objetivos eprioridades dos estados-Membros. Nãoconvém a Opas determinar o que cadapaís deve fazer, mas sim, auxiliá-los aatender a 100% das necessidades desaúde da sua população”, explicou.

O presidente da Fiocruz, PauloGadelha, destacou a importância da vi-sita da nova diretora da Opas àFundação.”A vinda da diretora da Opastem um significado muito relevante, poisé um momento de renovação, de atua-lização, de redesenho e de algumas es-tratégias de parcerias com a organiza-ção. Estamos muito honrados por elater visitado a Fiocruz em sua primeiravinda como diretora da Opas ao Bra-sil”, afirmou. Para o coordenador doCentro de Relações Internacionais emSaúde (Cris/Fiocruz), Paulo Buss, a visi-ta de Etienne abre caminho para novascooperações com a Opas . “Propuse-mos à organização que ela se compro-meta cada vez mais com a rede de ins-titutos nacionais de saúde, de escolasnacionais de saúde pública, de institu-tos de saúde da mulher e da criança ecom os próprios sistemas universais desaúde, já que essa é a vocação do tra-balho internacional das duas institui-ções”, disse.

Antes de se tornar diretora daOpas , cargo que assumiu em fevereirodesse ano, Etienne atuava como subdi-retora geral dos sistemas e serviços desaúde da Organização Mundial da Saú-de (OMS). Também foi subdiretora daOpas entre 2003 e 2008 e consultorapara a mobilização e participação dasociedade civil e comunidades no pro-cesso de planificação nacional de seupaís de origem, Dominica. É formadaem Medicina e Cirurgia pela Universi-dade das Índias Ocidentais, acumulan-do uma carreira de mais de 30 anos nasaúde pública. Em Dominica, atuoucomo diretora dos Serviços de AtençãoPrimária em Saúde e foi coordenadorado Programa Nacional contra a Aids ede programas sobre Desastres.

Assista aqui à entrevista deCarissa Etienne concedida ao CanalSaúde durante sua visita à Fundação.

A diretora da Opas, Carissa Etienne, em visita oficial à Fiocruz. Foto PeterIlicciev/CCS/Fiocruz

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Luciene Paes – Informe ENSP

or ocasião da visita de uma daspesquisadoras mais representa-tivas da corrente da medicinasocial latino-americana, AsaCristina Laurell, que participou

de uma videoconferência promovidapelo mestrado profissional em SaúdeGlobal e Diplomacia da Saúde na Ensp/Fiocruz, foi realizado um encontro compesquisadores de diferentes nações einstituições na Ensp, em 20 de feverei-ro. O diretor da Escola, Antônio Ivo deCarvalho, destacou a importância dasideias e proposições de Asa Laurell paraa saúde pública. “Conhecida como for-muladora de políticas, Asa sempremarcou sua identidade pelos princípi-os de referência democrática. Seuexemplo é uma inspiração para as re-flexões da academia e das políticasestratégicas de saúde. Seus ideais desolidariedade, cobertura universal desaúde e acesso irrestrito aos serviços ebem-estar social são fundamentais paraessa luta ganhar novos contornos naAmérica Latina”, disse.

O assessor de Recursos Huma-nos em Saúde do Ministério da Saú-de da Argentina, Hugo Mercer, deuaula no mestrado sobre tendênciasglobais para formação de RH e, espe-cialmente, sobre os avanços latino-

americanos, com destaque para o Bra-sil em relação à formação profissionale sua articulação com o Sistema Úni-co de Saúde (SUS). “O Brasil faz umgrande esforço para formar profissio-nais estritamente voltados às necessi-dades do SUS. É um trabalho de mui-tos anos que ajuda o país a adaptar-seàs mudanças das últimas décadas eatender à saúde da população. Essesprofissionais estarão preparados paraentender o que significa a coberturauniversal e o acesso igualitário ao sis-tema”, afirmou.

Para ele, não bastam profissio-nais em termos quantitativos, mas simqualitativos. “O profissional necessitaser bem qualificado e de forma contí-nua. Além disso, precisa de disposi-ção, atitude e valores positivos. Nes-se sentido, a formação profissionalbrasileira para o SUS está se esforçan-do para que essas questões estejamvinculadas e, com isso, facilitem amelhoria do sistema”, exemplificou.

O professor Mario Dal Poz, daUniversidade do Estado do Rio de Ja-neiro (Uerj), ministrou a aula inaugu-ral no mestrado, cuja temática foi aagenda global e de cooperação, aação das principais agências de coo-peração, especialmente da Organiza-ção Mundial da Saúde (OMS), as pri-oridades e iniciativas e um panorama

dos problemas e desafios de RH emsaúde no mundo.

Segundo o professor, que játrabalhou durante 12 anos na OMS,a agenda global tem uma história de15 anos de construção, incluindoseus mecanismos de cooperação nasAméricas, os marcos políticos e deconhecimento. “Em 2000, o relató-rio de saúde da OMS qualificava RH/força de trabalho como questão maisimportante na área de saúde. Comesse relatório, identificamos que RHem saúde contemplava todos aque-les envolvidos na prestação e promo-ção de atividades que levassem àmelhoria da saúde da população, nãosomente médicos e enfermeiros”. Orelatório também identificava os prin-cipais problemas no setor. Mais de50 países tinham déficit crônico deRH em saúde. Imaginava-se, acres-centou Dal Poz, “que os custos comRH em saúde correspondiam a 85%dos gastos, mas os estudos mostra-ram que está em torno de 40% a50% no máximo”. Para ele, é neces-sário discutir os desafios para enfren-tar tais problemas, articular os pla-nos de desenvolvimento de RH comos de saúde e investir em sistemasde informação de RH para ajudar noplanejamento de longo prazo e naaplicação dos investimentos.

Especialistas falam da saúde na América Latina

destaques

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Asa Cristina Laurell, em videoconferência promovida pelo mestrado profissional em Saúde Global e Diplo-macia da Saúde na Ensp/Fiocruz. Foto Virginia Damas/CCI/ENSP/Fiocruz

Marina Lemle -VPAAPS

araíso recôndito no litoral sulfluminense, a Praia do Sono,em Paraty, recebe no verão umnúmero de turistas muito supe-rior ao de seus moradores. Ape-

sar de o turismo ser a principal ativida-de econômica da comunidade caiçara,não há infraestrutura de saneamento,captação de água e destinação de re-síduos sólidos. Cerca de 20% do esgo-to é lançado a céu aberto, em valasnegras ou no rio. As condições precári-as das fossas, a presença de resíduossólidos no entorno das casas, o abas-tecimento de água por poço ou nas-cente e o elevado índice pluviométricona região ampliam a exposição huma-na à contaminação. Devido aos efei-tos climáticos, às pressões decorrentesda especulação fundiária e imobiliáriae à falta de políticas públicas em edu-cação, saneamento, saúde e sobera-nia alimentar, a Praia do Sono é consi-derada um território de vulnerabilidadesocioambiental.Para melhorar as con-dições de vida e saúde dos habitantes,empoderá-los e promover a sustenta-bilidade socioambiental, a Fiocruz, pormeio de uma articulação entre a Vice-Presidência de Ambiente, Atenção ePromoção da Saúde (VPAAPS) e o Cris,desenvolvem o projeto Territórios Sus-tentáveis e Saudáveis: Implantação deSistema de Tratamento de Esgoto naComunidade Caiçara da Praia do Sono.O projeto tem como objetivo implan-tar ações estruturais e estruturantes desaneamento ecológico, com a instala-ção e o monitoramento ambiental deprotótipos de tratamento biológico ereuso de esgoto sanitário, constituídode módulos ecossanitários - tanquessépticos, filtros anaeróbios, valas defiltração, zonas de raízes, círculo debananeiras/árvores visando à melhoriada qualidade das águas da sub-baciado Rio da Barra.O projeto é uma pes-quisa-ação que prevê o envolvimentodos atores locais e se integra à implan-tação da Agenda Comunidades Sau-dáveis nas comunidades tradicionais do

Mosaico da Bocaina, no contexto daAgenda 21. Em oficinas de planejamen-to participativo com as comunidades daregião, foram definidos três desafios pri-oritários: a ação territorial focal, paraorganizar o sistema de coleta, tratamen-to e destino de resíduos domiciliares; aação multiplicadora transversal, paradesenvolver processo de educação emsaúde com representantes da comuni-dade, priorizando os temas uso abusivode álcool e outras drogas e educação

Pesquisadores e caiçaras se unem paragarantir saúde e sustentabilidade ambiental

sexual; e a ação territorial transversal,para analisar a situação de saúde edesenvolvimento sustentável nas comu-nidades do Mosaico e desenhar ummodo de atenção à saúde integradanaquelas pertencentes ao município deParaty.Por meio de uma parceria entreprofessores-pesquisadores e moradores,o projeto pretende levar à construçãodo conhecimento técnico associado aossaberes populares, valorizando a cultu-ra local.

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Um dos principais pontos turísticos de Paraty, a Praia do Sono é consideradaum território de vulnerabilidade socioambiental. Foto Guascatur

destaques

Gabriel Cavalcanti - Icict

terceiro e o quarto módulo docurso de especialização em epi-demiologia de alto nível paratécnicos dos dez departamen-tos haitianos (equivalente a es-

tados) foram realizados entre os dias 7e 25 de janeiro, no Haiti. Esta atividadeestá no âmbito da Cooperação Triparti-te Brasil-Cuba-Haiti, a cargo da Ensp/Fiocruz, com apoio do Cris/Fiocruz. Asaulas são ministradas, sempre de for-ma participativa e integrada nos con-ceitos de educação permanente, porprofissionais da Fiocruz e da Universi-dade Federal do Rio Grande do Sul (UFR-GS), em parceria com a Direção de Epi-demiologia e Laboratórios de Pesquisa(DELR) do Ministério da Saúde e da Po-pulação do Haiti (MSPP). O Cris é res-

Cooperação Tripartite realiza 3º e 4ºmódulos do curso de epidemiologia no Haiti

destaques

Capacitação de alto nível para profissionais de saúde haitianos está sendo promo-vida pela Fiocruz em parceria com o Ministério da Saúde do Haiti

Oponsável pela coordenação, logística earticulação das atividades da Fundaçãono âmbito da Cooperação Tripartite.

A epidemiologista da Ensp,Joyce Mendes, está à frente do curso,do qual participam 35 profissionais desaúde haitianos dos dez departamen-tos sanitários. Os módulos que foramministrados em janeiro tiveram comotemas a Epidemiologia Descritiva e In-dicadores Epidemiológicos. O próximomódulo, previsto para o mês de maio,vai abordar assuntos sobre Demogra-fia e Mortalidade Materna. Ele seráacoplado a um seminário para discutirestes temas, com a participação deespecialistas acadêmicos brasileiros,haitianos e cubanos, já que, nesse pe-ríodo, está prevista a divulgação com-pleta dos dados demográficos e de saú-de do Haiti (DHS) referente ao ano de2012, levantado pela agência ameri-

cana de desenvolvimento internacio-nal (USAID).

Um dos objetivos do curso écapacitar profissionais de saúde queirão atuar nos quatro Espaços de Edu-cação e Informação em Saúde (EEIS),que serão construídos pelo Brasil no paíscaribenho. O projeto dos EEIS servirápara a vigilância epidemiológica daregião onde estiver instalado, com umabase consistente de informações emsaúde, o que também incentiva a des-centralização do sistema de saúde hai-tiano. A iniciativa vai consolidar a ca-pacidade de análise epidemiológicalocal de maneira estruturante. Ao finaldo curso, que tem uma previsão totalde 18 meses e deve ser concluído emdezembro deste ano, os alunos terãomontado um diagnóstico da situaçãoepidemiológica de cada uma das regi-ões do país.

Alunos do segundo módulo docurso de especialização emepidemiologia promovido pelaCooperação Tripartite Brasil-Cuba-Haiti.

Rodrigo Pereira – Bio-Manguinhos

epidemia de febre amarela jácausou a morte de pelo me-nos 171 pessoas em Darfur,região do oeste do Sudão.Para auxiliar na sua elimina-

ção, Bio-Manguinhos/Fiocruz enviou2,2 milhões doses da vacina ao país.Segundo a Organização Mundial daSaúde (OMS), o Sudão está sofrendoo pior surto das últimas décadas dadoença. Desde setembro, quando foiidentificado o início da epidemia, 35localidades de Darfur foram atingidase 849 casos suspeitos notificados.

Para reverter o quadro, a OMSiniciou campanhas de vacinação nas

Vacinas contra febre amarela da Fiocruzcombatem epidemia no Sudão

Aregiões mais críticas. No início de ja-neiro, terminou a segunda fase da cam-panha de prevenção contra a febreamarela. Mais de 1,1 milhão de pes-soas foram vacinadas, o que represen-ta 93% da população alvo no sul, oes-te e centro de Darfur. Segundorecomendação da OMS, uma terceiraetapa de vacinação deverá acontecerpara evitar o alastramento da doença.O fornecimento das vacinas contra fe-bre amarela por Bio-Manguinhos foi umpedido do Unicef, via OMS, feito emdezembro de 2012. O quantitativo, queestava no Cenadi (Centro Nacional deArmazenamento e Distribuição de Imu-nobiológicos), teve que retornar à uni-dade para ser reprocessado para aten-

der aos padrões internacionais. Isso sig-nificou, por exemplo, substituir as bu-las em português por outras específi-cas para exportação, além da troca dascaixas de diluentes para manter a pa-ridade 1 para 1 em relação às cai-xas de vacinas.

Exportar vacinas de febre ama-rela para países africanos não é umanovidade para Bio. Segundo Thiago Stu-riale, da Seção de Relacionamento comClientes Internacionais (SEINT), em ou-tubro de 2012, o instituto havia envia-do 6 milhões de doses do imunizantepara a Costa do Marfim, em apoio àcampanha de vacinação em massa nopaís. Este caso também foi em atendi-mento ao Unicef, por meio da OMS.

O Sudão sofre o pior surto de febre amarela das últimas décadas, com 849 casos suspeitos notificados desdesetembro do ano passado. Foto OMS

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TB Alliance:A Aliança Global de Desen-

volvimento de Medicamentos paraTuberculose é uma organização semfins lucrativos dedicada a encontrartratamentos terapêuticos mais aces-síveis e de ação mais rápida para ocombate à tuberculose. Por meio daciência inovadora e com parceirosem todo o mundo, a organizaçãotem como objetivo garantir acessoequitativo para a cura mais rápida eeficiente para a melhoria da saúdeglobal. A TB Alliance opera com fi-nanciamento da Fundação Bill eMelinda Gates (Bill & Melinda Ga-tes Foundation), com auxílio do go-verno da Irlanda, do Reino Unido,da UNITAID, do Instituto Nacional deAlergia e Doenças Infecciosas (Nati-onal Institute of Allergy and Infec-tious Disease), da Agência de De-senvolvimento Internacional dosEstados Unidos (United States Agen-cy for International Development) eda Agência Reguladora de Medica-mentos e Alimentos norte-america-na (United States Food and DrugAdministration). Mais informaçõesem www.tballiance.org

Danielle Monteiro - CCS

diretor do Centro de Desen-volvimento Tecnológico emSaúde (CDTS/Fiocruz), CarlosMorel, foi eleito e nomeado

presidente do Conselho de Diretores daAliança Global de Desenvolvimento deDrogas para Tuberculose – Aliança TB(Global Alliance for TB Drug Develop-ment - TB Alliance, em inglês), organi-zação internacional sem fins lucrativos

com sede emNova Iorque,Estados Uni-dos, que bus-ca curas maiseficientes, rá-pidas e aces-síveis para adoença.

Segun-do ele, o Bra-sil, pela capa-c i d a d ecientífica etecnológica de

suas instituições e pela importância quea tuberculose ainda assume no contextonacional, terá uma maior participaçãonos próximos desafios que a TB Allianceenfrentará. “Já iniciamos contatos como Ministério da Saúde, através da SCTIE(Secretaria de Ciência, Tecnologia e In-sumos Estratégicos) e da SVS (Secreta-ria de Vigilância em Saúde), visando for-talecer parcerias que podem levar aimportantes desdobramentos científicos,tecnológicos e em saúde pública paranosso país”, adianta. A doença ainda éuma das principais causas de morte nomundo, levando a óbito 1,4 milhões depessoas por ano. No país, foram regis-trados somente no ano passado 71.337casos da enfermidade, e, entre 2001 e2011, foram notificados aproximadamen-te 4,6 mil óbitos. O tratamento leva de 6a 30 meses e a dificuldade de aderênciados pacientes ao complexo regime demedicamentos tem alimentado o desen-volvimento de cepas cada vez mais re-sistentes e mortais à doença.

Morel afirma que os próximosanos representarão um desafio novo e

único para a TB Alliance, já que vãoentrar em fase clínica III os ensaios denovos regimes terapêuticos totalmen-te baseados em novos medicamentoscontra a doença, testes que vão envol-ver um grande número de pacientesem vários países. “Tecnologicamentedesafiantes e economicamente bastan-te caros por conta do número de paci-entes que serão recrutados, estes en-saios exigirão uma dedicação especialdos gestores, técnicos e cientistas daTB Alliance e dos hospitais e centrosde pesquisa clínica participantes, assimcomo uma participação ativa dos Con-selhos Diretor e Científico da organi-zação”, destaca. Um dos criadores daTB Alliance há mais de uma década,ele conta que vai assumir o cargo emum momento muito relevante na evo-lução da organização. “A TB Alliancepassa por um momento de sucesso semprecedentes e está preparada paraentregar tratamentos mais desenvolvi-dos contra a tuberculose”, afirma.

Morel foi o primeiro presidente daTB Alliance em 2000 e está sucedendoBruce Carter, diretor executivo da Immu-ne Design, companhia norte-americanade produção de vacinas. Com vasto co-nhecimento em pesquisa e desenvolvi-mento no campo de doenças negligen-ciadas, foi professor da Universidade deBrasília antes de atuar na Fiocruz em1978, quando foi convidado para criar oDepartamento de Bioquímica e BiologiaMolecular do IOC/Fiocruz. Foi tambémdiretor do Programa Especial de Pes-quisa e Treinamento em Doenças Tro-picais da Organização Mundial da Saú-de (World Health Organization’sSpecial Programme for Research andTraining in Tropical Diseases – TDR, eminglês) de 1998 a 2004. Além da TBAlliance, ele ajudou a criar vários pro-gramas globais para P&D em doençasnegligenciadas, entre eles, Medica-mentos para o Risco de Malária (Me-dicines for Malaria Venture), IniciativaMedicamentos para Doenças Negli-genciadas (Drugs for Neglected Disea-ses initiative - DNDi), e a Fundação deDiagnósticos Novos e Inovadores (Foun-dation for Innovative New Diagnostics).

Em outubro do ano passado,Morel assinou artigo, juntamente comAlexandre Guimarães Vasconcellos, doInstituto Nacional de Propriedade Indus-trial (INPI), no qual discorre sobre odesafio de transformar ciência em ino-vação no combate à tuberculose. Em-bora a produção de artigos científicosno país sobre a doença tenha crescidoacima da média mundial nos últimos15 anos, a capacidade inovadora bra-sileira se mostrou fraca. O estudo foipublicado na Plos One, periódico cien-tífico global de acesso livre. “A faltade interesse do nosso setor industrialpelo patenteamento na área acendeuma luz vermelha na capacidade dopaís em inovar, visto que não é ade-quado supor que a universidade sozi-nha consiga levar novos produtos aomercado”, afirmam os pesquisadoresno estudo.

Carlos Morel é eleito presidente doConselho de Diretores da TB Alliance

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Laços fortalecidoscom os EUA

Danielle Monteiro - CCS

O cônsul geral dos EstadosUnidos, John Creamer, esteve reu-nido com gestores da Fiocruz, em30 de janeiro, para conhecer asatividades desenvol-vidas pela Fundaçãoe fortalecer relaçõescom a instituição,com a qual mantémparceria em diversasáreas por meio deinstitutos de saúdeamericanos. “A Fio-cruz é uma institui-ção reconhecida in-ternacionalmente egostaríamos de se-guir aprofundandonossos laços princi-palmente na área depesquisas clínicas,desenvolvimento demedicamentos e politicas de saú-de pública”, afirmou. Ele aindasalientou que o estabelecimentoe fortalecimento das parceriascom a Fundação vão contribuirpara melhorias no sistema de saú-de americano. “Estamos imple-mentando uma reforma sanitáriaem nosso sistema e, por isso, émuito importante seguir com essatroca de experiências, a fim deaprimorá-lo”, justificou.

O coordenador do Cris/Fi-ocruz, Paulo Buss, destacou queo encontro se revela como umaoportunidade para a Fundaçãomostrar sua dimensão internaci-onal, tecnológica e científica,além de seu desejo de fortalecere aperfeiçoar as cooperações es-tabelecidas com institutos de saú-de americanos. “A vinda do côn-sul é uma legitimação dacooperação com os Estados Uni-dos e abre portas para investir-mos em áreas como biologiamolecular, saúde da mulher e dacriança, doenças infecciosas esaúde pública”, disse.

Danielle Monteiro - CCS

O programa ePORTUGUÊSe, daOrganização Mundial da Saúde (OMS),recebeu um prêmio de reconhecimen-to por sua contribuição à cooperaçãosul-sul durante a Global South-SouthDevelopment Expo 2012 (Expo Globalpara o Desenvolvimento Sul-Sul), rea-lizada em Viena. O programa é umaplataforma criada para apoiar o desen-volvimento de recursos humanos emsaúde nos países de língua portuguesade forma a fortalecer a cooperaçãoentre essas nações, além de promovero desenvolvimento de capacidades derecursos humanos em saúde e facilitaro acesso à informação em saúde emportuguês.

Durante a premiação, a geren-te do ePORTUGUÊSe, Regina Ungerer,

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Programa ePORTUGUÊSe émodelo de cooperação sul-sul

funcionária da Fiocruz cedida à OMS,comemorou os marcos alcançados peloePORTUGUÊSe, entre eles, o lança-mento e desenvolvimento, realizadopor todos os oito países participantesda rede, de sua Biblioteca Virtual deSaúde (BVS) em português (http://www.bvs.eportuguese.org/php/index.php). O programa é reconheci-do por se encaixar na política global eregional de multilinguismo da OMS,uma vez que promove maior troca deconhecimento auxiliando a superar osobstáculos da língua. Embora não sejao idioma oficial das Nações Unidas, oportuguês é a terceira língua mais fa-lada no Hemisfério Ocidental, ficandosomente atrás do espanhol e do inglês.Mais informações sobre o programaem: http://www.who.int/eportuguese/mission/en/

A gerente do ePORTUGUÊSe, Regina Ungerer, funcionária da Fiocruzcedida à OMS, durante a premiação em Viena. Foto WHO Intranet News

O cônsul geral dosEstados Unidos,John Creamer, emvisita à Fundação.Foto Peter Ilicciev/CCS/Fiocruz

curtasVisita preparatóriapara vinda de ministrada saúde da Suécia

Danielle Monteiro - CCS

Representantes do Cris, da Ensp,do IFF e de Bio-Manguinhos estiveramreunidos, em 17 de janeiro, com o em-baixador da Suécia, Nils Magnus Roba-ch, para discutir for-mas de cooperaçãocom aquele país. Aproposta é firmarparcerias na elabo-ração de programasde pesquisa em ci-ências da vida, ci-ências biomédicas,entre outras áreasafins. “Estamos tra-balhando com aCapes para fortalecer algumas relaçõesde pesquisa entre o Brasil e a Suécia. Aintenção é firmar ações de cooperaçãosobre temáticas como saúde reprodutiva,obesidade e outras áreas nas quais a Su-écia e a Fiocruz possam trocar experiên-cia e conhecimento”, explicou Robach.

Além dessas áreas, serão estabe-lecidas cooperações em intercâmbio deconhecimento no que diz respeito à pro-dução científica e sua adoção em políti-cas públicas. “Nosso interesse é explo-rar a experiência do Instituto Nacionalde Saúde Pública da Suécia em aprovei-tar o conhecimento científico existentepara melhores práticas de políticas pú-blicas, o que ajudaria a reduzir a lacunahoje existente entre os conhecimentoscientíficos disponíveis em saúde públicae sua adoção no âmbito das políticaspúblicas”, explicou Francisco Braga, pes-quisador e vice-diretor de Desenvolvimen-to Institucional e Gestão da Ensp/Fiocruz.

Para o coordenador técnico doCris/Fiocruz, José Roberto Ferreira, a vi-sita do embaixador se revelou uma boaoportunidade para o fortalecimento derelações com países escandinavos.“Além de haver se constituído em umaoportunidade rara de contato com umpaís da Escandinávia, a visita de Roba-ch foi positiva, pois representou umaação precursora à visita da ministra daSaúde daquele país, que estará em vi-sita à Fundação no segundo semestredesse ano, para a definição de parce-rias conjuntas”, complementou.

Danielle Monteiro - CCS

Representantes do InstitutoIfakara de Saúde, da Tanzânia, esti-veram em visita à Fiocruz entre 22 e24 de janeiro. O objetivo da missãofoi explorar possíveis formas de coo-peração nos campos de inovação eprodução, determinantes sociais epesquisa clínica. “A cooperação coma Fiocruz nos ajudaria nos estudos so-bre acesso aos cuidados com a saúdee na promoção da qualidade dessesserviços, apoiando o estudo de me-lhores formas de intervenção para so-lucionar essas questões vitais paranosso país”, explicou Salim Moham-med, diretor do instituto.

O diretor geral da Comissão deCiências e Tecnologia do país africa-

Cooperação em vista com institutode saúde da Tanzânia

no, Hassan Mahmoud, revelou que“o interesse da delegação tambémestá nas capacidades da Fundação nodesenvolvimento da cooperação sul-sul”. Para o coordenador técnico doCris/Fiocruz, José Roberto Ferreira, oencontro marca o início de novas re-lações estabelecidas pela Fundaçãono campo da cooperação internacio-nal. “Nossa cooperação com a Áfri-ca estava até então centrada empaíses cuja língua nativa é o portu-guês. Esse diálogo com a Tanzâniarepresenta uma nova vertente decooperação com países desse conti-nente”, afirmou. A partir do encon-tro a delegação da Tanzânia vai defi-nir as áreas de cooperação entre asinstituições em um futuro memoran-do de entendimento.

O diretor do Instituto Ifakara de Saúde, Salim Mohammed, e o diretor geralda Comissão de Ciências e Tecnologia da Tanzânia, Hassan Mahmoud. FotoPeter Ilicciev/CCS/Fiocruz

O embaixador daSuécia, Nils MagnusRobach. Foto PeterIlicciev/CCS/Fiocruz

Conferênciada Rede Mundialde Academiasde Ciências

Nos dias 25 e 26 de feve-reiro, o Brasil sediou pela primeiravez a conferência da Rede Mundi-al de Academias de Ciências (In-terAcademy Panel, IAP). Com aproposta de discutir o uso da ciên-cia para a erradicação da pobrezae para alcançar um desenvolvimen-to sustentável, o evento reuniu re-presentantes de 55 países e teve opesquisador do IOC/Fiocruz, Mar-cello Barscinski, como um dos in-tegrantes de seu comitê organiza-dor. O debate envolveu temáticascomo segurança alimentar, mu-danças climáticas e energia susten-tável. Criada em 1993, a IAP reú-ne 106 academias mundiais e érealizada a cada três anos a fimde alertar e dar sugestões aos ci-dadãos e governos sobre aspectoscientíficos dos problemas mundiais.

União dosBrics contra atuberculose

Os Brics - Brasil, a Rússia,Índia, China e África do Sul - acer-taram parceria para o trabalho emconjunto contra a epidemia de tu-berculose resistente a medicamen-tos. A doença leva milhares depessoas ao óbito anualmente ecorre o risco de tornar-se incurá-vel. O pacto, fruto de relatórios alar-mantes sobre o agravamento daenfermidade no mundo, foi sela-do após reunião dos ministros dasaúde em Nova Delhi, Índia, emjaneiro. Como parte do acordo tam-bém está a cooperação no com-bate à malária, doenças mentaise controle do tabaco. Os represen-tantes dos cinco países vão divul-gar um plano de ação durante umareunião de ministros de saúde emjaneiro de 2014.

Fonte: The Wall Street Journal

O Ministério da Ciência, Tecno-logia e Inovação e a Agência de Coo-peração Internacional do Japão (Jica)discutem possíveis cooperações paraaprimorar a capacidade brasileira deavaliar e reduzir custos, desenvolver omonitoramento e promover pesquisa edesenvolvimento (P&D) sobre desastresnaturais. Em encontro, realizado no dia7 de janeiro, entre representantes doministério e da instituição, foram dis-cutidas a criação de um sistema deobservação da terra direcionado a de-sastres naturais, o intercâmbio entreestudantes e pesquisadores no âmbitodo programa Ciência sem Fronteiras(CsF) e a oportunidade de estágio emempresas para bolsistas.

No dia 20 de fevereiro, a Ensprecebeu uma das pesquisadoras maisrenomadas do campo da medicina so-cial latino-americana: Asa Cristina Lau-rell. Autora de 10 livros e mais de 50artigos publicados em revistas científi-cas, ela participou de uma videoconfe-rência no âmbito do mestrado profissi-onal em Saúde Global e Diplomacia daSaúde. Em sua passagem pelo Brasil,Laurell também visitou o Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde (Isa-

Cooperação na área de desastresnaturais

Em 2008, o governo japonêslançou o programa Pesquisa Científicae Tecnológica para o Desenvolvimen-to Sustentável a fim de apoiar pesqui-sas conjuntas de ponta com instituiçõesde países em desenvolvimento. Coor-denado pela Jica, o programa de Coo-peração Técnica do Japão no Brasil,que tem por objetivo contribuir para odesenvolvimento socioeconômico dopaís, já rendeu diversas parcerias, en-tre elas, o estudo para diagnóstico deinfecções por fungos em pacientes comAids e para o estudo de cenários futu-ros de mudança do clima.

Fonte: Ministério da Ciência e Tecnologia

Fiocruz recebe Asa Cristina Laurellpara videoconferência

gs) para a conferência Sistemas Univer-sais de Saúde: objetivos e desafios,transmitida ao vivo para mais de vintepaíses. Em sua apresentação, ela con-ceituou os sistema universais de saúdee suas diferenças em relação ao asse-guramento em saúde. Participaram doevento diversos gestores da Fiocruz,entre eles, o presidente da instituição,Paulo Gadelha, e o coordenador do Cris,Paulo Buss. A íntegra da conferênciaestá disponível no site do Isags.

Representantes do MCTI e da Jica discutem parcerias no campo de desastresnaturais. Foto Ministério da Ciência, Tecnologia e da Inovação

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Os países membros da AliançaLatino-americana de Saúde Global(Alasag) firmaram, em 11 de janeiro,na Cidade de Santiago do Chile, umaata de constituição na qual se compro-metem a “trabalhar para definir todasas ações que sejam necessárias para aexpansão e consolidação da organiza-ção, estabelecendo um grupo de tra-balho integrado pelos indivíduos e ins-tituições integrantes”. Criada em 2010

Inspeção na Ucrâniapara produçãonacional de insulina

Entre os dia 25 de fevereiro e1º de março, o laboratório Indar, naUcrânia, recebeu a visita de técnicosda Agência Nacional de Vigilância Sa-nitária (Anvisa), a fim de obter a reno-vação da Certificação de Boas Práticasde Fabricação (BPF). De acordo com alegislação, a certificação - que temvalidade de dois anos – também é apli-cável aos estabelecimentos internaci-onais fabricantes de insumos biológi-cos e medicamentos. Neste caso, aIndar representa Farmanguinhos naprodução da insulina que abastece arede do Sistema Único de Saúde (SUS).Técnicos da unidade da Fiocruz parti-ciparam do grupo de profissionais queforam a Kiev para manter a qualidadedo medicamento.

Em 2006, Farmanguinhos e o Ins-tituto Indar assinaram um acordo técni-co-científico para a transferência de tec-nologia da insulina recombinante,produzida pelo laboratório ucraniano. Em2010, foi dado início à cooperação detransferência e, segundo o acordo, apósum período de 40 meses de transferên-cia tecnológica, Farmanguinhos estarácapacitada a fabricar no país cristais deinsulina e o medicamento insulina hu-mana recombinante. A produção deve-rá cobrir 50% da demanda do Ministé-rio da Saúde, responsável pelo ProgramaNacional de Assistência Farmacêuticapara Hipertensão Arterial e Diabetes.

Fonte: Farmanguinhos

Parceria parapublicação de artigosem repositóriointernacional

Leonardo Azevedo - CCS

A Fiocruz acaba de se tornarparceira da BioMed Central – reposi-tório internacional com 243 periódi-cos eletrônicos de acesso aberto nasáreas da saúde e ciências biológicas.Segundo a coordenadora geral dePós-graduação da Fiocruz, CristinaGuilam, a parceria aumentará a visi-bilidade dos artigos produzidos pelospesquisadores da Fundação. “O con-vênio possibilitará aos autores a di-vulgação de pesquisas em um curtoespaço de tempo, em nível interna-cional”, ressaltou. A Fiocruz fará acobertura dos gastos com a publica-ção dos artigos.

A Coordenação Geral de Pós-Graduação divulgará em breve qualserá o processo de submissão dos arti-gos. Os interessados podem entrar emcontato pelo e-mail cgpg@fiocruz.br. Aparceria, que conta com o apoio daEnsp/Fiocruz, faz parte do Programa deExcelência da Vice-Presidência de En-sino, Informação e Comunicação(VPEIC), que tem o objetivo de alavan-car a produção científica dos pesquisa-dores da instituição. No Brasil, além daFiocruz, a Universidade de São Paulo(USP) e a Universidade Estadual Pau-lista Júlio de Mesquita Filho (Unesp)também mantém convênio com o re-positório.

Participação daFundação emcongresso sobresaúde global

O 2º Congresso Latino-Americano e do Caribe sobreSaúde Global - TranscendendoFronteiras para a Equidade emSaúde, realizado de 9 a 11 dejaneiro, no Chile, teve forte par-ticipação da Ensp/Fiocruz em suaorganização e com a presença deseus pesquisadores e departa-mentos. No evento, eles apresen-taram temas de trabalhos e linhasde estudo sobre saúde ambien-tal, mudanças climáticas e desen-volvimento sustentável; globaliza-ção e trabalho; saúde global,acesso a medicamentos, coope-ração Sul-Sul e inovação e edu-cação para a saúde global.

Organizado pela AliançaLatino-Americana de Saúde Glo-bal (Alasag) e a Escola de SaúdePública da Faculdade de Medici-na da Universidade do Chile, ocongresso teve como propostachamar atenção da América La-tina e do Caribe para importan-tes temas relativos à agendamundial sobre saúde e desenvol-vimento, entre eles, o impacto dacrise econômica, os movimentose conflitos sociais e os Objetivosde Desenvolvimento do Milênio(ODM). Pela Fundação, participa-ram, entre outros, o coordenadordo Cris/Fiocruz, Paulo Buss (comocomentarista da conferênciamagna, intitulada Crises econô-micas e seu impacto na saúde),e o vice-presidente de Produçãoe Inovação em Saúde, Jorge Ber-mudez, que fez uma apresenta-ção na mesa Indústria farmacêu-tica e acesso a medicamentos.

Fonte: Informe Ensp

Países da Alasag assinam ata de constituição

durante o primeiro Congresso Latino-americano e do Caribe sobre SaúdeGlobal, ocorrido no México, a rede temo objetivo de promover o ensino, acapacitação, a investigação e a coo-peração técnica no que se refere à saú-de global, por meio de colaboraçõesinterinstitucionais, bem como se tornarlíder em saúde global na região, tor-nando-se porta-voz da temática a ní-vel mundial.

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oportunidadesde treinamento

Chamadapara projetos

A Revista Pan-americanade Saúde Pública, publicação daOrganização Pan-Americana deSaúde (OPAS), anunciou chama-da para artigos para seu especialsobre determinantes sociais dasaúde. Serão aceitos artigos origi-nais de pesquisa, relatórios espe-ciais ou revisões sistemáticas. Otema principal será Os Determi-nantes Sociais da Saúde na Re-gião das Américas, indo ao encon-tro de algumas das prioridadesestabelecidas pelos Estados-Mem-bros durante a Consulta Regionalsobre Determinantes Sociais daSaúde, ocorrida na Costa Rica, em2011. Os trabalhos serão publica-dos ainda esse ano e devem serenviados até o dia 1° de abril. Maisinformações pelo e-mailfortunek@paho.org ou no sitehttp://new.paho.org/journal/.

Prêmio OrganizaçãoPan-Americana daSaúde (Opas/OMS)

Estão abertas, até 30 deabril, as inscrições para o Prêmio Or-ganização Pan-Americana da Saú-de (Opas/OMS) - Rede CochraneIbero-Americana. Com o tema Aprevenção de doenças crônicas nãotransmissíveis por meio de estilos devida saudáveis, o prêmio tem porobjetivo incentivar pesquisas queauxiliem na tomada de decisõessobre prevenção das Doenças Crô-nicas não Transmissíveis (DCNT).

Serão premiados uma revisãosistemática e um protocolo de aten-dimento que respondam a questõespertinentes sobre a prevenção dasDCNT e que sejam relevantes paraa Agenda da Saúde das Américas2008-2017. A premiação será reali-zada durante o Colóquio Cochrane,que vai acontecer em Quebec, Ca-nadá, em setembro. Mais informa-ções pelo e-mail RP@paho.org, indi-cando, no assunto, “Prêmio linhaOpas - Cochrane 2013”.

Com o tema Democratização eNovas Formas de Sociabilidades emSaúde no Contexto Latino-Americano,será realizada na EPSJV/Fiocruz, nosdias 25 e 26 de abril, a Jornada Inter-nacional Pré ALAS na Saúde. O even-to, que servirá como um preparatóriopara o Congresso Internacional de 2013da Associação Latino-Americana, temo intuito de aprofundar e sistematizarconhecimentos sobre as relações soci-ais e institucionais estabelecidas nocontexto de democratização da Amé-

A Ensp/Fiocruz vai participar,como órgão operativo, da segunda fasedo Programa EUROsociAL Salud, redede organizações sociais da União Eu-ropeia criada para incentivar intercâm-bios multilaterais de experiências quepossam gerar modelos de conhecimen-tos e boas práticas nas áreas da saú-de, educação, justiça, controladoria eemprego. A unidade da Fiocruz vaimediar, entre os gestores do progra-ma, as atividades que serão realizadasna América Latina durante o período2013-2014.

O foco da segunda fase do Pro-grama será a discussão da equidadeem saúde, que será trabalhada em tor-

Participação da Fundação no ProgramaEUROsociAL Salud

no de quatro eixos: avaliação/monito-ramento da equidade medida em saú-de; equidade no acesso aos serviçosde saúde; equidade na disponibilidadede recursos humanos em saúde; eequidade na disponibilidade do usoracional de medicamentos. Em entre-vista ao Informe Ensp, a vice-diretorade Pós-Graduação da Escola, MariaHelena Mendonça, comentou que aEnsp vai atuar como operador no temada disponibilidade de recursos huma-nos em saúde e deve ter maior partici-pação na equidade do acesso aos ser-viços de saúde.

Fonte: Informe Ensp

rica Latina, promovendo diálogo comas diversas experiências sobre a formu-lação e execução das políticas públi-cas de saúde. O evento tem como ei-xos estruturantes temas estratégicospara a análise de experiências e pro-cessos de democratização do Estadona América Latina, como temáticasvinculadas a Direito, Participação Polí-tica, Redes de Apoio Social, Integrali-dade e Educação, Trabalho e Saúde.

Fonte: EPSJV/Fiocruz

Jornada internacional “Pré-Alas na Saúde”Brasil-Chile

curtas

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Qual foi o objetivo central dareunião entre os arquitetos e repre-sentantes do PNUD?

O Objetivo da reunião foi compati-bilizar entre a área técnica do projeto(arquitetas) e jurídica do PNUD, o tex-to em francês, do Termo de Referên-cia preparado pela Fiocruz que irá re-gular a contratação da empresahaitiana para a execução de obras paraa construção dos EEIS dos departamen-tos de Gonaives e Hinche.

A partir de agora, qual o próxi-mo passo para começar a constru-ção dos EEIS?

LUISA PESSOAentrevista

Tudo pronto para lançar o Editalde construção dos EEIS no Haiti

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Fiocruz é responsável pela construção de qua-tro Espaços de Educação e Informação emSaúde (EEIS) no Haiti, que serão lugares de

coleta, processamento e análise da situação epide-miológica dos departamentos do país, com cobertu-ra de todo território haitiano. Além de se instituí-rem enquanto polos de formação com duas salas deaula e laboratório de informática, os dados serãoenviados ao departamento central por meio de umsistema de informação online.

No início do mês de fevereiro, a equipe de ar-quitetas da Ensp/Fiocruz, Ildary Machado, LucieneLandeira e Luisa Pessoa (coordenadora), se reuniramcom dois representantes do Programa das NaçõesUnidas para o Desenvolvimento (PNUD), no Cris/Fiocruz, com a finalidade de preparar a documenta-ção para dar início ao processo licitatório da cons-trução. A arquiteta e coordenadora da construçãodos EEIS no Haiti, Luisa Pessoa, esclareceu o resulta-do deste encontro e quais serão os próximos passosaté a edificação do primeiro Espaço.

O PNUD vai preparar o Edital e, de-pois, vai publicá-lo junto com o Termode Referência para dar início ao pro-cesso licitatório. A previsão é de 30 diasem divulgação, esperando propostasdas empresas ao final deste período,depois análise das propostas e contra-tação da empresa vencedora. Em prin-cípio, as obras devem iniciar em mea-dos de abril.

A partir da contratação da em-presa, em quanto tempo os EEIS fi-carão prontos?

Nosso cronograma prevê 180 diascorridos para a cidade de Gonaives, e

150 dias para a cidade de Hinche, queficam nos departamentos de Artiboni-te e Centro, respectivamente.

Quais as maiores dificuldades daoperacionalização e coordenaçãodeste projeto?

Bem, estamos todos aprendendo. Nósnunca havíamos elaborado projetospara construção de edificações emoutros países. Sempre trabalhamos noBrasil. Acho que uma das dificuldadesserá o próprio processo construtivo noHaiti, onde a maior parte dos materi-ais de construção é importada, comotinta, fios, tomadas, ferro, cimento.

Acredito que apenas as telhas metáli-cas e os blocos de concreto sejam fa-bricados no país, pois visitamos algu-mas fábricas destes materiais. O fatorde facilitação é que nós estamos cons-truindo com um sistema construtivobem comum no Haiti, em bloco deconcreto, reforçado com vergalhões deferro na vertical e horizontal para cri-ar uma construção antissísmica.

Há dois arquitetos haitianos,que se graduaram no Brasil, traba-lhando na construção dos EEIS, inloco. Qual a importância dessesprofissionais no desenvolvimentodo projeto?

Roubens e Thamar estão fazendoum ótimo trabalho! Eles identificaram

empresas para construção, correramatrás dos títulos de propriedade dosterrenos, sem os quais não podería-mos construir, ajudaram nos projetosexecutivos, fizeram as perspectivas,que ajudaram a dar visibilidade aosprojetos. Sem eles nosso trabalho se-ria mais lento.

Embora o Haiti seja um país comgrande histórico de terremotos,construções antissísmicas não sãotão comuns no país. Você acha queos haitianos conseguirão fazer amanutenção do prédio?

Parece que o último grande terre-moto havia ocorrido há 100 anos, daíque, no geral, as construções no Haiti,ao longo do século XX, não levaram o

Danielle Monteiro - CCS

Ainda no âmbito da Coo-peração Tripartite Brasil-Cuba-Haiti está previsto para o mês demaio a realização de mais umaoficina de Rádios Comunitáriasdirigida a radialistas haitianos. Ainiciativa é coordenada pelo Ca-nal Saúde/Fiocruz, em parceriacom a Direção de Promoção daSaúde e Preservação do MeioAmbiente do Ministério da Saú-de e População do Haiti (DPSPE/MSPP), com apoio do Cris/Fiocruze do Icict/Fiocruz. A gerente-ge-ral do Canal Saúde e coordena-dora da oficina, Márcia Correa,comenta a inciativa e revela quaisserão as próximas ações condu-zidas pelo Canal Saúde vincula-das ao projeto. Acesse a entre-vista aqui.

Coordenadorada CooperaçãoTripartite no CanalSaúde fala sobre asiniciativas previstaspara o projeto

fator antissísmico como de grande re-levância nestas construções. Após oterremoto de 2010, a questão antissís-mica passa a ser de extrema relevân-cia. A questão da manutenção, não sódos EEIS, mas principalmente dos hos-pitais e laboratórios que o Brasil estáconstruindo, é uma de nossas preocu-pações e, por conta disto, vamos reali-zar um curso de gestão de recursos fí-sicos e tecnológicos em saúde. Narealidade, será um curso de aperfeiço-amento que ajudará na sustentabili-dade do Parque Tecnológico de Saúdeque o Brasil está construindo no Haiti.Será um curso semipresencial, com 248horas, onde contaremos com a ajudade arquitetos e engenheiros do Minis-tério da Saúde e de Cuba para os mo-mentos presenciais no Haiti.

LUISA PESSOAentrevista

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