esclarecimento - goionews.com.brgoionews.com.br/bdimages/20161007/É das “dinossauras”!... -...
Post on 03-Jul-2018
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À LA CARTE
Vera Ribeiro de Carvalho
(você poderá ver a explicação desse título clicando aqui)
ESCLARECIMENTO
TENHO RECEBIDO VÁRIAS RECLAMAÇÕES DE PESSOAS QUE NÃO CONSEGUEM
VER ONDE POSTAR OS COMENTÁRIOS PARA ESTA COLUNA.
SE QUISER COMENTAR, OBSERVE, LOGO QUE CLICA PARA ABRIR A COLUNA,
QUE ABAIXO ESTÁ ESCRITO: "POSTE COMENTÁRIOS ABAIXO QUANDO QUISER. "
ESSE “ABAIXO” FICA NA PÁGINA ANTERIOR A ESTA. ÀS VEZES O ESPAÇO
APARECE LOGO ABAIXO MESMO; ÀS VEZES, LÁ “EMBAIXÃO”, AO PÉ DO SITE. VEJA:
A “SAGA”, AGORA, É DAS “DINOSSAURAS”!...
... mas, desta vez, só a “ala feminina”! Não é que estava eu no “sacrossanto sossego do meu lar”,
no dia 04 de agosto, quando minha amiga Nazaré (Maria Nazaré Lopes), lá de Guarulhos, por face me
faz esta proposta?
–“ Vera, mês que vem estarei em Goio e tava pensando ... pensando... rsrsrs! O que vc acha de a
gente fazer o I Encontro das Mulheres Dinossauras de Goioerê ??? Simplesmente convidamos as
mulheres a ir naquela pizzaria no Shopping. Uma vez fui com a Jane Wadas e gostei do lugar. Cada uma
paga sua parte e nos reunimos, nos divertimos ... o que acha ??? Aí a gente divulga no Dinossauros, no
face ... Humm... e daí ? Já que ninguém se movimentou prá fazer o encontro que deveria fazer parte do
calendário da cidade, fazemos nós a nossa história.
Daí eu disse: “Hummm! Dá pra se pensar... Vc vem em que dia?”, e ela respondeu que viria no
dia 9. Aí ficou por isso mesmo. Ela acabou machucando o pé, ficando “de molho” um tempão... Depois
veio pra cá.
Ela: “Meus planos são para o dia 9 ..só não poderá ser dia 24, que é o niver da minha mãe 80
anos e a família vai se reunir.”
Acabei esquecendo do assunto, e também li no face ela postando fotos com o pé quebrado ou
machucado, e que ia ter que ficar “de molho” um tempo...
... Só no dia 22 é que retornei: “Menina! Acabei esquecendo desse assunto! E agora? Só lembrei
pq o Karyl me mandou um ingresso de uma confraternização "futebolística" dos homens... (disse que
alguém iria entrar em contato comigo e estou esperando até hoje! rsrsrs!) vc chegou a falar com a Jane?
E agora... com esse seu pé (ou joelho? Não lembro...)... vc ainda vem pra cá?”
Ela disse que estava “quebrada”, mas que viria fazer o niver da mãe. Eu respondi que então
deixássemos para lá... ou mais pra frente. Depois disso, só via as postagens dela já por aqui dando conta
de aniversários da amiga Cleide e da mãe... postando fotos “deliciosas” de bolos e salgadinhos... Até que
de novo fui surpreendida na última 3ª, dia 27:
-“Oieeeee Vera, quinta-feira vamos nos reunir no Fornetto, no Shoping às 20 h. Topas, amiga?
Esperamos vc lá. Bjusss”.
Fiquei “tiririca”, porque seria bem numa 5ª, dia do meu curso. Disse que ligaria pra ela quando
terminasse, pra ver se ainda haveria alguém lá, que eu iria nem que fosse só para dar um abraço nela e
no pessoal. Perguntei quem já havia confirmado, e ela:
“- Ah Vera... a Jane a Cleide eu kkk! Eu coloquei no dinos... Goioerê Melhor e no face estou
colocando. Dá uma força! A Jane vai fazer uma lista de pessoas e convidar ta?”
Então postei também no grupo dos Dinos e no face mesmo.
No dia seguinte, perguntei?
“-E aí... como estão as coisas? Houve muitas confirmações?”
“- Então, da Jane 18 confirmaram... das minhas, 10, e minha cunhada tbem está convidando...”
A “Léia da Tribuna” viu minhas postagens e entrou em contato comigo, querendo saber mais
detalhes. Passei o link da Nazaré e expliquei que ela é que saberia contar melhor. Perguntei mais tarde
se ela entrara em contato, e a Naza disse que sim. Disse que queria “plantar uma sementinha” nas
mulheres... para a criação de um grupo, do tipo “Liga das Senhoras Católicas de São Paulo”, para
começarem a fazer a diferença nesta cidade. Que poderíamos melhorar muita coisa com nossa força e
que, para isso, bastava nos unirmos.
Eu respondi que já havia plantado... e que, se saísse mesmo no jornal, já haveria até regado! Mas
que seria melhor ainda se ela morasse aqui. Sabem o que me respondeu?
“- Sim. Quem sabe num futuro próximo...”
Após isso... não é que o destino me ajudou? Quando cheguei à tarde na escola, para montar
minhas coisas, fiquei sabendo que eu não poderia dar aula naquele dia, porque haveria um evento
“barulhento” lá. Claro que aí eu fui “correndo” pra pizzaria, né? rsrsrs!
Foram momentos muito legais, recordamos muitas histórias... comemos o cardápio mais
inusitado que já vi em minha vida: frituras mil (frango, batata, nuggets diversos), MACARRÃO (!!!),
salada de almeirão ( o famoso “radice”), rodízio de pizza (e quanta!! e que gostosas!!), mais frituras...
pizzas doces. Aff! Não consegui comer tanta mistura! (Mas o povo, pelo jeito, ama! O local estava
cheio! rsrsrs!)
Vocês hão de estar se perguntando... Nossa, mas pra que esses detalhes todos, pra que passar
toda essa conversa?
Explicando...
Como minha amiga disse, a intenção era plantar uma sementinha. Pelas experiências que tive
com os eventos dos dinossauros – bailes, encontro, saraus – vi como é importante se registrar toda e
qualquer história, porque um dia poderemos precisar disso. Os meus “guardados” foram muito úteis para
o resgate de toda a “saga” dos dinossauros. Foram aproveitados nos vídeos do último baile... nos Power
Points que montei para os saraus... São “registros para a posteridade!” rsrsrs! (antes prevenir do que
remediar...). Que fique nas memórias (e aqui...) o dia 29 de setembro de 2016!
Quem sabe a sementinha plantada não dará belos frutos?
Sabemos que existe em Goioerê o Conselho da Mulher... mas ele é composto praticamente mais
por mulheres empresárias. Fazem um belo e louvável serviço... mas, se constituíssemos mesmo um
grupo de mulheres de todas as profissões e também donas de casa, poderíamos unir forças e vir a
fazermos a diferença em vários setores com muito mais força!
Mas... se nada disso der certo, e se os eventos dos Dinos não mais acontecerem, quem sabe não
seremos nós a continuidade deles... promovendo anualmente um belo encontro de “Dinas” de todas as
partes deste “Brasilzão”, hein? rsrsrs!
Abaixo, fotos do nosso I Encontro das mulheres Dinossauras de Goioerê (já publiquei na semana
passada em forma de montagem... hoje republico uma a uma, acrescidas de algumas tiradas pela Leatriz
e publicadas na Tribuna da Região):
A “culpada” e eu!
Sueli Bombardi, Jane Wadas (a outra “culpada”, que ajudou a convidar as dinas), sua
“mamãe” D. Isaura e Glauci Hansen Mangolin
Rose Scardelato, Ivete Julião, Ana Malagutti... e eu, né? rsrsrs!
Acho que todas (até hoje não consegui descobrir quantas havia ao certo...). À esquerda:
Glauci, Dilce, Cleide, Nazaré, Sueli Rossi. À direita: Marisa Tomé, D. Isaura, Jane,
Sueli, Angela Makiana, Vera, Ana, Ivete (as outras não enxerguei direito...)
Ivete, Vera, Nazaré, Cleide
Acho que faltou gente aí... (aqui são 13, duas fotos atrás são 15...)
As fotos a seguir foram cedidas pela Tribuna da Região
Sueli Bombardi, Jane, a mãe e Marisa Tomé
Ivete, Ana, eu (olhem a minha Malzibier ali! – e... lóóógico! – a minha indefectível
garrafinha de água azul bem no canto direito... rsrsrs!), Angela
Que venha o e vento anual dos dinos em 2017... ou as “dinas” atacarão de novo! rsrsrs!
PAINEL
O “entrevistado” de hoje foi um escritor, poeta, crítico literário, tradutor e
professor brasileiro. Foi um filho que sempre chamou a atenção por sua intelectualidade, cultura e
genialidade. Estava sempre à beira de uma explosão e assim produziu muito. É dono de uma
extensa e relevante obra. Desde muito cedo, ele inventou um jeito próprio de escrever poesia,
preferindo poemas breves, muitas vezes fazendo haicais, trocadilhos, ou brincando com ditados
populares
Em 1958, aos catorze anos, foi para o Mosteiro de São Bento em São Paulo e lá ficou o ano
inteiro. Participou do I Congresso Brasileiro de Poesia de Vanguarda em Belo Horizonte onde
conheceu Haroldo de Campos, amigo e parceiro em várias obras.
Falava seis línguas estrangeiras (inglês, francês, latim, grego, japonês, espanhol).
Sua obra literária tem exercido marcante influência em todos os movimentos poéticos dos
últimos anos.
Morreu em 7 de junho de 1989, em consequência do agravamento de uma cirrose
hepática que o acompanhou por vários anos.
Fiz como de outras vezes – nas doze primeiras questões, como se o estivesse entrevistando
pessoalmente (ah, se isso fosse possível!!). Material dessas questões tirado da Wikipédia e do site
oficial do autor.
Essa pessoa, simplesmente, foi poeta, pensador, ensaísta, cronista, contista, romancista,
tradutor, músico, letrista, judoca, professor, publicitário, conferencista, haijin (pessoa que escreve
haicai ou haikai)... Por essa última pista, é claro que você já sabe de quem se trata, né?
Sua obra é tão, mas tão vasta, que recomendo os sites ao final da matéria para quem quiser
detalhes...
1) ONDE VOCÊ NASCEU? QUAL SEU NOME DE BATISMO? QUAL O NOME DE
SEUS PAIS?
Nasci em Curitiba, em 24 de agosto de 1944. Sou Paulo Leminski Filho, filho de Paulo Leminski
e Áurea Pereira Mendes. Meu pai era de origem polaca e minha mãe filha de pai português e mãe
brasileira de origem negra e indígena
2) É CASADO? TEM FILHOS? NOMES?
Casei-me, aos dezessete anos, com a desenhista e artista plástica Neiva Maria de Sousa (da qual
me separei em 1968). Nesse mesmo ano casei-me com a também poetisa Alice Ruiz, com quem vivi
durante vinte anos. Algum tempo depois de começarmos a namorar, fomos morar com minha primeira
mulher e seu namorado, em uma espécie de comunidade hippie. Ficamos lá por mais de um ano, e só
saímos com a chegada do primeiro de meus três filhos: Miguel Ângelo (que morreu com dez anos de
idade, vítima de um linfoma). Tivemos ainda duas meninas, Áurea (homenagem a minha mãe) e Estrela
Ruiz Leminski.
3) COMO COMEÇOU SUA CAMINHADA DE POETA?
Estreei em 1964 com cinco poemas na revista Invenção, dirigida por Décio Pignatari, em São
Paulo, porta-voz da poesia concreta paulista. Em 1965 tornei-me professor de História e de Redação em
cursos pré-vestibulares, e também era professor de judô. Fui classificado em 1966 em primeiro lugar no
II Concurso Popular de Poesia Moderna. Na década de 1970, tive poemas e textos publicados em
diversas revistas - como Corpo Estranho, Muda Código (editadas por Régis Bonvicino) e Raposa. Em
1975 - lancei o ousado Catatau, que denominei "prosa experimental", em edição particular.
4) SEMPRE MOROU EM SUA CIDADE NATAL?
Não. De 1969 a 1970 decidi morar no Rio de Janeiro, retornando a Curitiba para me tornar
diretor de criação e redator publicitário.
5) TEM OUTRA ATIVIDADE ALÉM DE “POETAR”?
Dentre minhas atividades, criei habilidade de letrista e músico. Verdura, de 1981, foi gravada
por Caetano Veloso no disco Outras Palavras. Entre outras de minha lavra, posso citar rapidamente
Custa nada sonhar, Dor elegante, Filho de Santa Maria, Vamos nessa (as quatro com Itamar
Assumpção), Mudança de estação, sucesso dA Cor do Som, Promessas demais (com Moraes Moreira e
Zeca Barreto), gravada por Ney Matogrosso, Polonaise (com José Miguel Wisnik, gravada pelo
próprio), Além alma (com Arnaldo Antunes), O velho León e Natália em Coyoacán (com Vitor Ramil),
Reza (com Zeca Baleiro) e O Deus (com Ademir Assunção e Edvaldo Santana).
Além de poeta e prosista, também fui tradutor (traduzi para o castelhano e o inglês alguns
trechos de minha obra Catatau, a qual foi traduzida na íntegra para o castelhano). Entre 1987 e 1989 fui
colunista do Jornal de Vanguarda que era apresentado por Doris Giesse na Rede Bandeirantes. Também
sou faixa-preta de judô... e toco violão.
6) COMO SE ENCAIXA NO PANORAMA LITERÁRIO NACIONAL?
Por minha formação intelectual, sou visto por muitos como um poeta de vanguarda, todavia, por
ter aderido à contracultura e ter publicado em revistas alternativas, muitos me aproximam da geração
de poetas marginais, embora jamais tenha sido próximo de poetas como Francisco Alvim, Ana Cristina
César ou Cacaso.
7) QUAIS FORAM SUAS INFLUÊNCIAS?
Em muitas ocasiões declarei minha admiração por Torquato Neto, poeta tropicalista e que
antecipou muito da estética da década de 1970. A influência da MPB é muito clara em minha obra como
letrista, tanto, que pode ser reconhecida em letras de música, como a já citada Verdura. Também tive
influência da poesia de Augusto de Campos, Décio Pignatari, Haroldo de Campos, da convivência
com Régis Bonvicino, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Moraes Moreira, Itamar Assumpção, José Miguel
Wisnik, Arnaldo Antunes, Wally Salomão, Antônio Cícero, Antonio Risério, Julio Plaza, Reinaldo
Jardim, Regina Silveira, Helena Kolody, Turiba, Ivo Rodrigues. Como músico e letrista, fiz parcerias
com Caetano Veloso, o grupo A Cor do Som e o a banda de punk rock Beijo à Força entre 1970 e 1989.
8) COMO ERA A CONVIVÊNCIA COM OUTROS ARTISTAS?
Minha casa, no bairro Pilarzinho, em Curitiba, era uma espécie de reduto da intelectualidade na
capital paranaense, onde diversos artistas que estavam de passagem pela cidade aproveitavam a ocasião
para trocarem informações, e realizar parcerias em composições musicais e poesias. Moraes
Moreira, Gal Costa, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Toninho Vaz, Ademir Assumpção e Itamar
Assumpção eram alguns dos artistas que me visitaram.
A música está ligada às minhas obras, uma de minhas paixões, proporcionando uma discografia
rica e variada.
9) VOCÊ FAZ ANÁLISE?
Só sintática. Eu sou escritor, não preciso de análise. Meus problemas eu resolvo no papel.
10) RESOLVEU ALGUM PROBLEMA SEU NO “AGORA É QUE SÃO ELAS”?
Acho que acertei as contas com algumas obsessões.
11) POR EXEMPLO.
Tem uma coisa sobre a qual não quero falar. Essa, aliás, é a frase favorita do meu personagem.
Ele resiste à análise. Ele não quer dizer a palavra, e só dizer vai salvá-lo (...).
12) SEU TRABALHO SEMPRE SE LIGOU PRIORITARIAMENTE À LINGUAGEM. A
NOSSO VER, A LINGUAGEM SEMPRE FOI A VEDETE DO SEU TEXTO. MAS UMA
VEDETE DOMADA E DESCOMPLICADA. ISSO É CERTO? FOI O QUE PERMITIU A
NATURALIDADE COM QUE SEUS POEMAS SERVIRAM E SERVEM PARA SEREM
MUSICADOS? PORQUE EXISTE POR AÍ UMA DISCUSSÃO SOBRE O QUE É QUE É
POEMA E O QUE É LETRA DE MÚSICA - E ISSO NÃO TE PREOCUPA EM NADA, MUITO
MENOS ATINGE A QUALIDADE DO QUE VOCÊ FAZ.
Jamais me preocupei, criativamente, com uma coisa chamada linguagem. Só me interessam
sentidos. A linguagem é apenas meu sexto sentido.
O poeta vive na linguagem como o peixe na água. E se alguém, algum dia, descobriu a água,
esse não foi o peixe. Tudo que quero é ser simples. Os momentos de poesia que sempre amei e amo são
os de simplicidade: poesia greco-latina, quadrinha popular, poesia concreta. Abomino barrocos e
surrealismos. Tenho o paladar embotado para poéticas do ornamento.
Ultimamente, o essencial já me parece excessivo. Acho que achar uma palavra, gravá-la numa
parede já é bastante.
Poema, letra ? Não sei. No sou um escritor, um homem de letras. Sou poeta. Nada tenho a ver
com literatura. Nem me interessa. Meus irmãos são os os músicos, os artistas visuais gráficos, os
dançarinos, os atletas. Não os teóricos, nem os intelectuais. Minha poesia é música para o olho, forma
para a ouvido, beleza para o entendirnento. Ela está em casa em todos os códigos. Já foi dita, lida,
encenada, representada. Que tal cantar alguma coisa?
Abaixo segue uma esclarecedora entrevista com sua filha Áurea, feita por Aleksandra
Pluta, sobre a infância e adolescência com o pai artista, as origens polonesas, além da poesia e da influência de Leminski
nas novas gerações de brasileiros.
Aleksandra Pluta: SEU PAI, PAULO LEMINSKI, É UMA FIGURA EMBLEMÁTICA DA
POESIA BRASILEIRA. QUAIS SÃO AS SUAS LEMBRANÇAS DELE?
Aurea Leminski: Só na adolescência comecei a ter a dimensão da importância e da repercussão,
tanto do meu pai, quanto a minha mãe, a poeta Alice Ruiz. Com o tempo comecei a perceber o quanto a
rotina da minha casa era diferente, nasci num ambiente de muita criação artística e liberdade de
pensamento e de expressão.
Meu pai era uma figura muito enérgica e ao mesmo tempo um pai carinhoso, apesar da
dedicação praticamente integral ao trabalho. Quando me lembro dele, a imagem que me vem à mente é
ele lendo, estudando, escrevendo e tocando violão, coisas que fazia todos os dias, durante horas
seguidas. O seu processo de criação foi muito raro: lapidava e polia incansavelmente até chegar a um
resultado que o deixasse satisfeito, o que não era fácil. Ele era muito crítico consigo mesmo e
incansável. Podemos perceber isso nos manuscritos, o quanto fazia experimentos na linguagem,
modificando, invertendo, procurando a melhor palavra, procurando o melhor sentido. A obra de
Leminski em alguns momentos pode passar a impressão de algo extremamente espontâneo, feito sem
esforço, de pura inspiração, mas por trás disso tinha um artista dotado de notável erudição.
Era um poliglota e também apaixonado pela linguagem. Ele tinha total fluência em seis ou sete
línguas e noção de muitas outras – compreendia o suficiente para poder traduzir. Na realidade o
processo da construção intelectual começou muito cedo, com treze anos quando foi estudar no seminário
do Mosteiro de São Bento em São Paulo, onde ele aprendeu diversas línguas, entre elas línguas clássicas
para ler grandes obras no original. A rotina de estudos era rígida e extenuante. As aulas aconteciam no
período da manhã e da tarde e à noite os alunos ainda passavam longo tempo na biblioteca do seminário.
Depois de um ano e meio estudando neste regime acabou retornando a Curitiba. De fato, ele não tinha
vocação para o sacerdócio. De qualquer modo, neste período, aprendeu a ter muita disciplina em relação
aos estudos, algo que aplicou a vida inteira e está refletido na sua obra tanto na quantidade quanto na
qualidade.
Outro hábito adquirido foi o de aprender línguas de forma autodidata. Estudava dicionários, lia
clássicos no original às vezes só com um dicionário para ajudar. E estamos falando de uma era pré-
computador. A principal forma de adquirir os dicionários era em sebos. Sempre que viajava para São
Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, um dos seus principais programas era justamente
visitar sebos em busca destas preciosidades – os dicionários. Se ele queria aprender russo, mas não
encontrava um dicionário português – russo, então buscava em algum outro idioma, italiano – russo ou
francês – russo, e desta forma chegar ao seu objetivo. E assim foi ampliando seus conhecimentos a cerca
de tantas línguas.
O SEU PAI FALAVA POLONÊS?
Ele não falava, mas fez um trabalho de imersão na língua polonesa suficiente para ele poder ler e
traduzir sonetos do poeta polonês Adam Mickiewicz.
DENTRO DESTAS MÚLTIPLAS CAPACIDADES E TALENTOS, QUAL
PREVALECIA, NA SUA OPINIÃO?
A poesia. Ele se dizia poeta. Quando alguém lhe perguntava ele respondia de pronto: “eu sou
poeta”. Para ele a poesia estava em tudo. Até nos seus trabalhos como biógrafo tem muita poesia. No
jornalismo e na publicidade também. Um dos seus livros de prosa: “Metaformose” ganhou o “Jabuti” de
melhor livro na categoria poesia. Em qualquer coisa que ele fazia a poesia estava presente, era o núcleo
central do seu trabalho.
VOCÊ ASSISTIA A ESTE PROCESSO DE CRIAÇÃO DO SEU PAI?
Sim. Eu lembro bem de duas casas onde a gente morou e do escritório dele que era muito
marcante pra mim. Uma das casas era de madeira com lambrequins, tipicamente polonesa, cada cômodo
de uma cor... Em ambas as casa, o escritório era conjugado com a sala. A produção cultural
normalmente nascia em casa. Escrevia poesia, biografias, traduzia, compunha, tudo isso acontecia bem
no centro da casa. Meu pai não se isolava para trabalhar e eu estava lá como se estivesse assistindo a um
filme ou uma cena, quase teatral, onde se via o escritor, sentado, em frente a uma máquina de escrever
super antiga, rodeado por livros, suas referências bibliográficas, muitos quadros, estantes de livros até o
teto, pilhas de papéis espalhadas pelo ambiente... Quem via aquilo achava que era um caos, mas ele não
deixava que tirassem nada do lugar. Sabia onde estava cada documento, cada livro. Ele tinha uma
organização bem particular.
Como ele estava sempre num espaço acessível, quando eu era bem nova costumava interrompê-
lo muito. E ele respondia com uma das frases que mais ouvi na infância: “Agora não que estou tendo
uma ideia!”. Ele criava o tempo todo. Acontecia muito de ser de madrugada, quando a casa ficava
calma. Durante muitos anos ele trabalhou em agência de publicidade, chegava em casa, descansava um
pouco se preparando pra passar boa parte da madrugada produzindo. O seu trabalho autoral era muito
importante, embora ele gostasse também de trabalhar com publicidade. Justamente porque lidava com
palavras. Meu pai também, na medida possível, dentro da loucura que era, conseguia dar esta atenção
diária para a gente. Mas ele fez isso do jeito dele.
ELE ENTENDIA O MUNDO DOS JOVENS, DOS SEUS FILHOS?
Meu pai era um erudito e ao mesmo tempo era uma pessoa pop. Ele gostava de Michael Jackson,
adorava The Police e Sex Pistols, a cultura punk foi uma coisa que mexeu muito com ele, na música
popular brasileira ele adorava Titãs. Ele era um rockeiro. Na idade de ser rockeiro, ele foi rockeiro e
nunca deixou de ser. Isso o ligava ao universo pop, tinha interesse pelas coisas que estavam acontecendo
no momento. Ele não se fechava no mundo cheio de tradições e regras, transitava por diversos mundos,
do popular ao acadêmico. Foi um representante da poesia marginal, uma poesia direta, precisa e concisa,
com a qual se identificam hoje muitos jovens crescidos na época de redes sociais. Quando ele começou
a criar, os mais tradicionalistas achavam que o que ele produzia não era poesia. O tempo passou e hoje o
jeito dele fazer poesia influencia gerações de novos poetas. Eu fico muito feliz quando ministro palestras
em escolas públicas e particulares e percebo adolescentes de uns catorze anos interessadíssimos em
Paulo Leminski. Essa geração se identifica com a obra dele.
ELE SE IDENTIFICAVA COM A POLÔNIA?
Ele tinha muito orgulho de ser descendente de poloneses por parte de pai e fazia questão de dizer
que era um “polaco”. Em Curitiba se criou uma diferenciação para se referir os imigrantes: “polaco”
para denominar quem era de origem humilde, quem tinha imigrado pra trabalhar no campo, por
exemplo, e “polonês” era para aqueles de uma classe “superior”. Como se polaco fosse uma forma
pejorativa. Esta foi uma polêmica na cidade que aos poucos fez muita gente se posicionar. Meu pai foi
um dos primeiros a defender o termo “polaco” e rechaçava o termo “polonês”. Não aceitava as castas
que se criaram dentro da comunidade polonesa.
Ainda faz muitos anos, quando não se falava sobre o orgulho polaco, meu pai já levantava a
bandeira, dizendo “sou polaco” ou “negro mestiço”. Ele era descendente de negro, índio e português por
parte de mãe. A Polônia estava sempre presente no discurso dele, está em muitos poemas e ensaios. O
avô chegou ao Brasil em 1895 com a primeira esposa, que morreu logo depois e então ele casou
novamente com uma imigrante polonesa que conheceu no Brasil. Casaram-se e tiveram nove filhos. Um
deles foi o pai de Paulo Leminski. Temos até hoje alguns cadernos e livros com os quais o pai de Paulo
estava tentando estudar polonês, mas infelizmente a língua não foi passada do pai ao filho. Uma situação
comum entre os imigrantes poloneses. A língua se perdeu.
O avô dele trouxe da Polônia o livro de Adam Mickiewicz, que chegou, como herança, nas mãos
do meu pai e despertou interesse imediato pelo poeta polonês e pela questão polonesa. Ele fez questão
de aprender, pelo menos o suficiente, para poder traduzir poemas dele. Tem também aqui dois
dicionários de português – polonês, que ele com certeza tinha comprado num sebo.
QUAIS SÃO AS ATUAIS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS POR VOCÊ E POR SUA
IRMÃ, ESTRELA, PARA DIVULGAR O LEGADO DE LEMINSKI?
Estamos na fase de elaboração de um Centro Cultural Paulo Leminski, um espaço de visitação
onde vamos disponibilizar todo o acervo para a consulta dos pesquisadores e montar uma exposição
permanente. Em Curitiba já existe um espaço que leva o nome de Paulo Leminski, a Pedreira Paulo
Leminski, um local de shows fantástico, para o qual vêm artistas do mundo inteiro para se apresentar,
inclusive Paul McCartney e David Gilmour. Quem fundou a Pedreira Paulo Leminski, foi Jaime Lerner,
que foi perfeito de Curitiba na época. Quando você anda pela cidade, você percebe a forte presença de
Paulo Leminski, tem muitos graffitis, não só com os poemas, mas também com o rosto dele, uma coisa
marcada que cria uma associação direta que liga Paulo Leminski com a cidade de Curitiba. A presença
dele continua sendo muito forte na capital paranaense. Acho também que chegou a hora de apresentar a
sua obra ao público polonês.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Leminski
http://culture.pl/pt/article/paulo-leminski-apaixonado-pela-linguagem-entrevista
http://www.pauloleminski.com.br
Fique agora com o...
Álbum de recordações
Paulo Leminski Filho
Alice Ruiz
Alice e filhas
Estrela faz shows com músicas do pai - Palácio da Música - Centro Cultural Oscar Niemeyer
Estrela Ruiz Leminski e Arnaldo Antunes.
Momento do Show de Estrelinski Ruiz, na Caixa Cultura SP. Comentário da mãe: “Só minha filha
para me fazer cantar em público.”
Brincadeirinha das filhas para divulgação
SURPRESA!
“Yes”! Para quem não sabe, as filhas Aurea e Estrela estiveram em Goio, na Caravana da Poesia
promovida pelo NRE em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, em 14 de novembro de 2014...
Estrela Leminski na Casa da Cultura, ladeada pelo prefeito Beto Costa e o Secretário de Cultura
Pedro Marques sendo brindada com o projeto Bom dia, café com Poesia!”
Estrela na Casa da Cultura, falando sobre o pai, após assistir ao projeto Bom dia, café com
Poesia!”
Aurea, Estrela, Teo (que a acompanha ao violão – a seu lado) na abertura feita por Pedro Marques
no Clube de Campo e o chefe do NRE, Adão Aristeu, sua assessora Vera Favini, a secretária de Educação
Fátima Neves e outro acompanhante de Curitiba
Meu brinde! Com Aurea, professora Ariane (que, por sinal, também é Ruiz e sua mãe se chama
Alice Ruiz! rsrsrs!) e Estrela
Não poderia deixar sem uma “amostra grátis” do talento do grande arftista!...
"rio do mistério que seria de mim
se me levassem a sério?" - Paulo Leminski, do livro "Distraídos Venceremos", 1987.
Amor, então, também, acaba? Amor, então, também, acaba? Não, que eu saiba. O que eu sei é que se transforma numa matéria-prima que a vida se encarrega de transformar em raiva. Ou em rima.
- Paulo Leminski, do livro "Caprichos e relaxos", 1983.
Do fundo do baú...
Paulo Leminski e Alice Ruiz - 20 anos de convivência e muita paixão
Alice Ruiz com as filhas Estrela e Áurea
... tal filha!
O livro de poesia de Adam Mickiewicz trazido da Polônia pelo avô de Paulo Leminski (foto Aurea
Leminski)
Floricultura Quatro Estações
O que há pelo Brasil que eu conheci...
Índio no Museu de História e Folclore Maria Olímpia – Olímpia-SP, em julho de 2015
Galeria dos aniversariantes
Hoje temos duas pessoas especiais trocando de idade... Dois “ex-aluninhos”!
Amarildo Carvalho (não... não é meu parente. Mas, pela identidade de nossas ideias, bem
poderia ser! rsrsrs!), que estudou comigo no PREMEN II e a quem vi há pouco tempo, quando esteve
aqui em casa com sua simpática esposa Fátima... Meu querido, que a alegria acompanhe você por todos
os momentos e que Deus continue guiando todos os seus passos e iluminando cada vez mais os seus
pensamentos. Feliz aniversário!
Estão vendo essa aluninha aí recebendo um “cartucho” das minhas mãos, há nem sei quantos anos?
(bom... estou grávida, aí... pela roupa, imagino que de meu primeiro filho. Só a “aluninha” mesmo é
quem poderá sanar essa dúvida, se lembrar a data...). Então... é a mesma da foto à direita... agora já
sendo a “Drª Diva Maria Valente Soares”! Tenho certeza de que é tão boa na sua profissão de advogada
como foi como aluna (excelente!!). Diva, minha querida, sei que gosta de mim como eu de você, e isso
me deixa muito feliz! “Tantas pessoas já passaram pela minha vida ao longo desses anos todos, mas
poucas delas permaneceram por muito tempo em minha memória. Algumas desapareceram tão rápido
quanto apareceram, mas outras, como você, tenho certeza de que continuarão eternamente em
minha lembrança. Você é uma pessoa muito especial, e se olhar ao seu redor verá que, neste dia
especial, está todo mundo, como eu, querendo lhe dar um abraço bem forte e dizer: Feliz Aniversário!”
Parabéns!
Ótica e Relojoaria Orient
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Continua na ÓTICA E RELOJOARIA ORIENT a sensacional promoção com 40% de
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QUESTÃO
Assinale a letra correspondente à frase inteiramente correta para tratamento "o senhor": "Quando
............ nos debates, ............ ser moderado nas ............ expressões e ............ bem as suas ideias."
a) intervier, procures, vossas, coloque
b) intervier, procure, suas, coloca
c) intervir, procura, tuas, coloques
d) intervieres, procure, suas, coloque
e) intervier, procure, suas, coloque
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