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Segunda parte da entrevista a Edy Lima

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O famoso escritor não só res-pondeu à carta, como indicouumpensionatoparaqueelapu-desse ficar quando chegasse àcapital paulistana. Lobato da-tilografou em 1945:

“Muito boa a sua literaturainicial, reveladora de excelen-tes dotes que poderão ir longe,sedevidamente cultivados (...)Mandei ver as pensões de frei-ras e fui informado de que amelhor é a de Santa Monica(...)Faça-sehumildezinha,por-que essas tais damas católicassão umas pestes (...) Depois deassegurados o teto e a comida,venha – e aqui cuidaremos doresto. Esse resto depende daimpressão de sua pessoa so-bre os prováveis ou possíveispatrões, e de conversa, por-queéconversandoqueascrea-turas (sic.) se entendem.”

De mala e cuia, com pou-quíssimos pertences, chegouEdy Lima sozinha a SãoPaulo,aos 20 anos, com uma grandepossibilidadedeLobatoindicá-la para um emprego. Por mui-tos anos, porém, ela omitiu es-se contato tão importante emsua vida. E teve uma razão pa-ra tal. Entre as muitas mudan-ças de endereço, essa carta fi-cou perdida junto com os poe-mas inéditos de Quintana.

Sem provas, não quis cor-reroriscodepassarpormenti-rosa e decidiu guardar segre-do. Hoje, com os documentosem mãos, pode revelar a histó-ria dos seus protetores literá-rios. “Conseguir apoio de Lo-bato e a amizade de Quintanaé um grande orgulho.”

Foi nessa fase de vida quesua carreira deslanchou e suafigura demulher avançada co-meçou a sobressair. A come-

çar pelo jornalismo, já que eraumadaspoucasfigurasfemini-nas em um ramo restrito a ho-mens. Passou pelos extintosJornal de São Paulo e DiáriosAssociados. Neste último, fi-cou quase 20 anos como edito-ra de um caderno femininoque pertencia ao Diário de SãoPaulo e Diário da Noite.

Apesardoextremoconser-vadorismo com que as mulhe-res eram tratadas na época,Edy sempre deu um jeitinhode fugir das regras retrógra-das. Em vez de editar tolices,procurava publicar disfarça-damente reportagens comte-mas que pudessem abrir a ca-beça das mulheres. Comba-tia o consumismo, por exem-plo, destacando a importân-cia da economia doméstica.Preferia falardesaúde apren-das do lar.

TRAJETÓRIAEssa mentalidade permane-ceu também em seus livros,que hoje somam quase 50 títu-los, a maioria de literatura in-fanto-juvenil. O mais famosodeles, A Vaca Voadora, já estána sua 32ª edição e fez tantosucesso nos anos de 1970 quese tornou uma série, com osmesmos personagens vivendodiferentes aventuras. Traba-lhos que estão sendo reedita-dos pela Editora Global.

Com esse olhar, Edy criavapersonagens femininas for-tes, detentoras de sabedoria eque iam atrás de sua emanci-pação – assim como a própriaautora. Em suas histórias, oshomenssãocoadjuvantesere-conhecem o poder das prota-gonistas.

Nãoéàtoaqueessacaracte-

rística do trabalho deEdy aca-bou virando tema de tese dedoutorado,escritapelaprofes-sora de literatura Rosa Riche,da Universidade Federal doRio de Janeiro – estudo que aescritora mostra orgulhosa.Nessetrabalhoacadêmico,Ro-sa escreve:

“Em Edy, não há conflito depoder entre homem e mulher.Ela é superior ao homem e nãoprecisa competir com ele, poisseu lugar no espaço social estáassegurado sem necessitar deconfronto para conquistá-lo.As mulheres na obra de Edy,deumamaneirageral, sãoma-duras, mães, tias e dificilmen-

teapareceumajovemcasadoi-ra. Quando aparece, essa mu-lher disponível para o casa-mento já tem filho, como no li-vro Melhor que a Encomenda.”

Explica-se porque umami-go de Edy a chamou de “femi-nista mansa”. Ela ressaltaque nunca precisou bater bo-ca com ninguém para ter sualiberdade, nem sair botandobanca.“Tinha plenaconsciên-cia dos meus desejos e tenteirealizá-los”, fala. “Quem dis-cute é porque está inseguro.E esse nunca foi o meu caso.”Assim,discreta, fezmuitacoi-saqueasmulheresde suaépo-ca jamais poderiam imaginar

ser possível.Quase um anos depois de

chegaraSãoPaulo,Edycasou-secomo amigodeMárioQuin-tana, apresentado à sua musapelo próprio poeta. Emborater filhos logo após o matrimô-nio fosse uma obrigação, o ca-salcurtiubemavidaeoprimei-rorebentosónasceudepoisdenove anos. Mais tarde, veiosua filha. A maternidade não aimpediu de conquistar novoscaminhos profissionais.

Entre um livro e outro, foieditora de discos para crian-ças, autora de peças de teatroedenovelas naTV.Comointe-grante do famoso Teatro deArena, polo renovador da dra-maturgia nacional, escreveuA Farsa da Esposa Perfeita, su-cesso de crítica e de público.Nofinaldosanos1970,assinoucom outros autores a novelaque fez estrondoso sucesso naTV Tupi, Como Salvar meu Ca-samento.

Não se engane com esse tí-tulo. Edy contava a história deuma dona de casa, mãe de doisfilhos, que convivia com a infi-delidade do marido e, ao mes-mo tempo, resistia às canta-das de vários bonitões. O temacaiu tanto nas graças dos es-pectadores que foi preciso es-pichar os capítulos, chegandoa quase 200. Só não teve finalfeliz, pois a emissorafechou asportas com sua falência.

A rica produção de Edy lherendeu vários prêmios, entreos quais, o consagrado Jabuti,outro da Associação de Críti-cos de Arte de São Paulo, etambém o do Serviço Nacio-

nalde Teatro. Em 2008, foi ho-menageada pelo Sindicatodos Jornalistas, como a mu-lher sindicalizada mais antigade São Paulo. Mas o melhor detudo é que, aos 85 anos, conti-nua na ativa. Em um dos quar-tos de seu apartamento – ondemora com um de seus três ne-tos, estudante de cinema –,montou seu escritório.

Quando não está revisandoalgum de seus livros, que sãoreeditadosatéhoje,fazadapta-ções de clássicos da literaturapara o público infantil. Para oseu deleite, trabalhou com oslivros Alice no País das Maravi-lhas e Alice Através do Espelho,deLewisCarroll.Agoradebru-ça-se sobre Memórias de umSargento de Milícias, de Ma-nuel Antônio de Almeida.

Avessa a tecnologia, aindafaz uso de uma máquina de da-tilografia elétrica, daquelasenormes, que repousa sobresua mesa, encostada na jane-la. Diante da ideia de ser foto-grafada para esta reportagemsentada perto da relíquia,prontamente respondeu. “Ah,não, de velha já basta eu!”Quem dera que todas as mu-lherespudessemgozardavita-lidade de Edy Lima.●

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