ensino de português para surdos: o que a linguística aplicada tem a nos ensinar?

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Palestra da Doutoranda Neiva Albres (UFSCar), 03/10/2012, tarde

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ENSINO DE PORTUGUÊS

PARA SURDOS: O QUE A

LINGÜÍSTICA APLICADA

TEM A NOS ENSINAR?

Neiva de Aquino Albres

Doutoranda em Educação Especial – UFSCar Mestre em Educação – UFMS

Fonoaudióloga, Psicopedagoga e Intérprete de Língua Brasileira de Sinais e Língua Portuguesa-

certificada pelo MEC.

IMPLICAÇÕES DA SURDEZ NA

PRODUÇÃO ESCRITA DO PORTUGUÊS

Situação atual..

O português é uma língua alfabética e os surdos não

aprendem a escrever como os ouvintes .

Na educação de surdos já foram aplicados vários

métodos e ainda hoje persistem os problemas de

alfabetização.

As crianças surdas têm direito a uma educação

bilíngüe, isto é, aprender a língua portuguesa com

metodologia de segunda língua.

Descontinuidade entre os sistemas de

representação primária e secundária

L1

Língua de Sinais

fala

Espaço visual

L2

Língua Portuguesa

Escrita

alfabética

Por que é tão complicado alfabetizar

crianças surdas?

Língua escrita esta relacionada com a língua oral

auditiva e não com a língua visual espacial. Enquanto a criança ouvinte pode fazer uso intuitivo das propriedades fonológicas naturais de sua fala interna em auxílio à leitura e escrita, a criança surda não.

Qualquer estudo sobre aquisição da leitura e escrita em uma L2 pressupõe que os alunos estejam alfabetizados na forma escrita de L1.

Português é uma segunda língua para

surdos.

Estrangeiros que estão adquirindo uma segunda

língua, cuja estruturação gramatical difere

consideravelmente de sua língua materna,

apresentam dificuldades semelhantes às dos surdos

em relação ao uso de preposições, tempos verbais,

sufixação, prefixação, concordância nominal e

verbal, ou seja, nos componentes estruturais da

segunda língua, que são diferentes de sua língua-

base.

EM BUSCA DE NOVOS CAMINHOS

O QUE A LINGÜÍSTICA APLICADA TEM

A NOS ENSINAR?

OBJETIVO

Apresentar os pressupostos

da Lingüística aplicada

para o ensino de línguas.

Refletir sobre a importância

da Lingüística aplicada na

formação de professores

de português para surdos.

Uma ciência social da linguagem que tem como foco os problemas e questões de uso da língua pelos participantes do discurso no contexto social, isto é, usuários da linguagem dentro ou fora do meio de ensino/aprendizagem (MOITA LOPES, 2003).

Lingüística Aplicada (LA),

TRÊS NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DE

ENSINO DE LÍNGUA

Abordagem – nível em que as suposições e as crenças

sobre a língua e seu ensino são especificadas;

Método – nível em que as escolhas são feitas – organização das técnicas. Exemplo: habilidades a serem desenvolvidas, conteúdos que serão apresentados;

Técnica – nível em que os procedimentos em sala de aula são descritos.

Modelo vertical de Almeida Filho (2007)

ABORDAGEM COMUNICATIVA E SEUS

PRINCÍPIOS

alunos se envolvem em interações e comunicações significativas;

tarefas- alunos negociarem o significado, expandir seus recursos lingüísticos, observar como é utilizada a linguagem e participar de trocas significativas entre os interlocutores;

alunos progridem em ritmos diferentes e apresentam necessidades e motivações distintas para aprender uma língua.

Primeiros passos

Levantar a aplicação de cursos de Português para

estrangeiros, as trajetórias. Constatamos que

atualmente tem adotado o Ensino Comunicativo de

Língua Estrangeira - ECLE.

Levantamento dos livros de português para

estrangeiros.

PARA A

ELABORAÇÃO DE

MATERIAL DIDÁTICO

PARA ENSINO DE

SEGUNDA LÍNGUA

Neiva de Aquino Albres

Todo material didático, implicitamente,

apresenta a noção de abordagem

(conjunto de pressupostos teóricos

sobre a língua, linguagem, ensinar e

aprender uma língua estrangeira) e o

desenho do planejamento do

professor.

Alguns pressupostos do material

MOTIVOS USAR MATERIAL DIDÁTICO

1) há materiais que podem ser usados para

necessidade de vários grupos;

2) os materiais permitem ao aprendiz rever o que foi

visto e antever o vai ser dado;

3) o material permite flexibilidade, o professor pode

fazer adaptações ou improvisar, pois serve de apoio

ao professor.

CONDIÇÕES PARA PRODUZIR

MATERIAL DIDÁTICO

1) criatividade, talento, esforço;

2) demanda muito tempo;

3) horas de pesquisa;

4) bom acervo bibliográfico;

5) levar em consideração a idade e a língua materna do aluno;

AO DESENVOLVER RECURSOS PEDAGÓGICOS

LEVAR EM CONSIDERAÇÃO ALGUNS ASPECTOS

Tema

Função

Gramática

Habilidades lingüísticas

Vocabulário

TEMA

Desenvolver temas relevantes e significativos para os aprendizes, privilegiando seu desenvolvimento intelectual. Segundo Almeida Filho (1996), é importante atender às fantasias do aprendiz.

FUNÇÃO

Levar em consideração a função

comunicativa da língua e não ficar

totalmente preso à gradação

gramatical;

GRAMÁTICA

Apresentar os itens lexicais, e sempre introduzi-los em novas lições, para que ocorra a reciclagem;

Apresentar os itens dentro de um contexto de uso e como parte integral de um modelo de comportamento social;

Proporcionar atividade funcionais e estruturais

HABILIDADES LINGÜÍSTICAS

Compreensão da linguagem oral

Expressão da língua oral

Leitura e escrita.

Enfatize atividades que integrem as

duas habilidades simultaneamente e

não as trabalhe isoladamente.

OBS.: Elas não se desenvolvem de

maneira homogênea

O MODELO DE OPERAÇÃO GLOBAL DE

ENSINO DE LÍNGUAS

Planejamento de

cursos

Produção de

materiais

Procedimentos

metodológicos

Método Avaliação

ABORDAGEM

Objetivos baseados

em necessidades,

interesses, fantasias,

projeções

Apresentação/

Prática/ uso/

Técnicas e recursos

(Almeida

Filho, 1990,

apud Bizon

(1992)

PRÁTICAS DE ENSINO-

APRENDIZAGEM DE SEGUNDA

LÍNGUA

Neiva de Aquino Albres

Nossos passos

Reorganização da disciplina de português na escola

de surdos. Não mais seguir livros para ouvintes (L1);

Adotar livros de português como L2;

Repensar a avaliação e o formato da prova de

português;

Construção de um instrumental para avaliação

diagnóstica - Ensino fundamental 1 e Ensino

fundamental 2;

Produzir uma coleção de livros de português para

surdos.

LEITURA - Compreensão precede

produção! Leitura precede a escrita.

apresentam textos adequados à faixa etária da criança, por isso os contos e histórias infantis são muito apropriados nas séries iniciais do ensino fundamental.

Além desses tipos de textos, é possível trabalhar com histórias em quadrinhos, textos jornalísticos, trechos de livros didáticos e assim por diante. O mais importante é o texto fazer sentido para a criança no contexto da sala de aula e para a sua vida.

ESCRITA

Na medida que o aluno compreende o

texto, ele começa a produzir textos. Ele

começa a escrever textos. A escritura é

um processo que se constrói por meio

do registro das atividades realizadas

na própria sala de aula e de

experiências vivenciadas pela própria

criança. (QUADROS E SCHMIEDT,

2006)

Leitura compartilhada – aluno Clayton

Mediação em Libras para a construção de significados

Avaliação diagnóstica

Organização do livro

Sumário

Tipos de tarefas cujo enfoque esteja voltado

para a utilização de recursos lingüísticos

O processo mais consciente da aquisição da leitura

e escrita, isto é, a etapa meta-lingüística deste

processo, é muito importante para o aluno surdo.

Falar sobre a língua por meio da própria língua

passa a ter uma representação social e cultural

para a criança que são elementos importantes do

processo educacional. (QUADROS E SCHMIEDT,

2006, p.31)

Etapa meta-lingüística

TABELA DE TERMINAÇÃO VERBAL

Propósito

de

conhecer

os usos do

tempo

verbal do

pretérito

imperfeito

do modo

indicativo

Nessa atividade

eles podem

consultar o

caderno de verbos

e se propôs que

pensassem em uma

situação daqui a

muito anos para

frente, quando já

estariam velhinhos

e relembrando do

passado, deviam

escrever os fatos

marcantes de cada

período

REESCRITA:

Os alunos

reescrevem

seus textos com

um nível de

maior

competência e

o professor

estimulá-os a

tomar

consciência do

que já

aprenderam.

da sua vida.

GLOSSÁRIO DE VERBOS

Criar estratégias

Atividades de realização de tarefas;

Atividades de levantamentos de informações;

Atividades de expressão de opinião;

Atividades de transferências de informação;

Atividade de dedução lógica;

Dramatizações;

Atividades de compreensão;

Atividades de produção escrita.

A Tecnologia é nossa aliada no uso

significativo do português por surdos

BLOG,

CHAT,

MSN,

MENSA

GEM

DE

CELULA

R, ETC.

Produção de material didático

Correção da escrita

A “correção” chega um pouco tarde quando os alunos

escrevem uma única versão e recebem uma nota

atribuída pelo professor ao final. Mesmo que o

professor espere que na próxima redação esses erros

não apareçam mais, não é isso que acontece.

(Chandragasegaran, 2003)

Para Chandragasegaran (2003) os alunos se

beneficiarão mais se forem ajudados na escolha do

tempo verbal correto ou na seleção do detalhe

adequado no momento que necessitam de tal

ajuda, ou seja, durante o processo de escrita.

A ajuda deve ser dada “em tempo oportuno” na

forma de instrução explícita e procedimentos de

autoverificação relacionados a uma ou mais dessas

áreas: escolha de conteúdo (idéias), organização e

linguagem (inclusive gramática).

Uma forma interessante de correção é propor que os alunos troquem os textos

produzidos com um colega e que o colega corrija o texto indicando o que pensa estar

errado, os alunos podem discutir sobre o que aprenderam (vocabulário e regras

gramaticais) e dessa forma um ajuda o outro a aprimorar um pouco mais o texto.

Nessa fase o professor também fica a disposição para sanar as dúvidas dos alunos.

Correção em dupla

AVALIAÇÃO DE UMA SEGUNDA

LÍNGUA

Neiva de Aquino Albres

Avaliação

A escola deve definir quais são as estruturas, o

vocabulário ensinado e que devem aparecer na

produção dos alunos. Uma reflexão e definição dos

critérios de avaliação se fazem fundamental em

uma educação consciente, sem deixar de considerar

que o português é uma segunda língua.

Como elaborar a avaliação da

unidade ?

Contatos

neivaaquino@yahoo.com.br

Blogs:

http://ensinodeportuguesparasurdos.blogspot.com/

http://ensinodelibras.blogspot.com/

http://interpretaremlibras.blogspot.com/

REFERÊNCIAS

ALMEIDA FILHO, José Carlos P. “desestrangeirização e outros critérios no planejamento de cursos e produção de materiais de língua estrangeira”. In JUDICE, Norimar (org.) O ensino de português para estrangeiros. Niterói, EDUFF, 1996.

BIOZIN, Ana Cecília Cossi. Aprender conteúdos para aprender lingua esrangeira; uma experiência de ensino alternativo e PE. In: FILHO, José Carlos Paes de.; LOMBELLO, Leonor (ORGS.) Identidade e caminhos no ensino de português para estrangeiros. Campinas, SP: Pontes, 1992.

CHANDRASEGARAN, Antonia. A intervenção como recurso no processo de escrita. Coleção Portfolio Sbs13: reflexões sobre o ensino de idiomas. São Paulo: Editora SBS, 2006.

MORITA, Marisa Kimie. (Re)pensando sobre o material didático de PLE. In: SILVEIRA, Regina Célia P. da. (org.) Português língua estrangeira: perspectivas. São Paulo, Cortez, 1998.

Quadros,Ronice Müller de.; Magali L. P. SchmiedtIdéias para ensinar português para alunos surdos. Brasília : MEC, SEESP, 2006.

RENANDYA, Wills A. e RICHARDS, Jack C. O Ensino Comunicativo de Línguas Estrangeiras – Coleção Portfolio Sbs13: reflexões sobre o ensino de idiomas. São Paulo: Editora SBS, 2006.

THOMA, Adriana da Silva; KLEIN, Madalena. CURRÍCULO E AVALIAÇÃO: a diferença surda na escola. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2009.

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