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Post on 16-Dec-2018
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Educação baseada em evidências aspectos neuro funcionais e a importância da utilização do método das boquinhas
• Dr Rodrigo Meirelles Massaud
• Médico Neurologista pela UNIFESP/EPM
• Membro efetivo da Academia Brasileira de Neurologia
• Coordenador médico do Programa Integrado de Neurologia do Hospital Israelita Albert Einstein (São Paulo)
• Sem conflito de interesses
Trailer oficial do filme: O começo da vida
https://youtu.be/ZS4G1Ts75Ek
• Esse negócio de entender de uma coisa, tem que amar. Quando você ama, isso cria uma capacidade. Você se interessa pela coisa, você começa a olhar.
Tom Jobim
Consenso ao redor do mundo
• A aquisição adequada da leitura é fundamental para o progresso de qualquer cultura ao redor do mundo.
• Remediar e evitar problemas de leitura deve ser um dos principais focos da educação.
• As evidências científicas apontam que crianças com dificuldades para ler apresentam ao longo de toda a vida:
- Resultados acadêmicos piores,
- Menor empregabilidade
- Problemas de interações sociais
Compromisso Social
• Obter o dominio da leitura e da escrita, faz parte de um processo que deve ser desenvolvido não só pela escola, mas por toda a sociedade, incluindo a família.
Alfabetização uma ciência?
• O processo de alfabetização, tem sido um grande desafio para crianças e educadores em todo o mundo.
• O interesse pelo assunto se tornou alvo de várias ciências
Neurociência educação e alfabetização
Aplicações:
• Avalia de forma controlada os diversos métodos de alfabetização utilizados pelos educadores.
• Detecta dificuldades específicas de leitura.
• Propõe intervenções baseadas em evidências científicas que minimizem os problemas de leitura.
• Entende o funcionamento do cérebro durante o ato da leitura. (mecanismos neurobiológicos)
Educação baseada em evidências O método científico
• “A ciência é talvez a única atividade humana em que os erros são sistematicamente criticados e com o tempo corrigidos.” K.Popper
O Método científico
“Teorias científicas são redes, somente aqueles que as lançam pescarão alguma coisa.”
“Que a ciência lhes seja alegre como empinar papagaios.”
O Brasil e o mundo
• Infelizmente os resultados brasileiros de leitura, no (PISA) Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, continuam abaixo da média dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE).
PISA
• Avalia estudantes de 15 anos de idade, matriculados a partir do sétimo ano escolar. Avalia a proficiência em leitura, matemática e ciências
Fundamentos do aprendizado criando mentes produtivas
• Inteligência
• Habilidades de comunicação (fala, leitura, escrita)
• Memória
• Motivação
• Empatia
• Funções executivas
Educação na era da informação visão dos educadores e visão de mercado
• Habilidades cognitivas de gerenciar e acessar informações.
• Capacidade de resolução de problemas nos diferentes domínios, além da área de conhecimento específico.
• Metacognição: aprender como o cérebro aprende planejando e monitorizando o próprio aprendizado.
• Habilidades de comunicação
• Habilidades de raciocínio crítico.
• Criatividade: habilidade de ver as coisas de novas maneiras.
Domínios da comunicação
• Comunicação não-verbal inclui: a linguagem corporal, gestos e sinais.
• Comunicação verbal inclui: o modo oral e o modo escrito e são particularmente funções do lado esquerdo do cérebro.
Fala e Habilidades de comunicação
• De onde surge a fala?
• A fala é pré programada ou determinada por inputs em áreas específicas do cérebro?
Crianças ao redor do mundo
• Evidências mostram que crianças surdas começam a apresentar a lalação na mesma idade de crianças que possuem a audição normal.
Crianças ao redor do mundo
• Crianças expostas a diferente idiomas, costumam apresentar um padrão bastante parecido de lalação com sons muito similares.
• São instintivamente sensíveis a diferentes sons.
• Geralmente as vogais são produzidas antes das consoantes.
Ajudando as crianças a entender os propósitos de usar a fala e outras habilidades de comunicação
1- Instrumental: para satisfazer as necessidades e desejos.
2-Regulatório: para controlar o próprio comportamento e o comportamento dos outros.
3- Inter- relacional: para estabelecer e manter contato com os outros.
4- Pessoal: expressar escolhas, expressar o self, e assumir reponsabilidade.
5 Aprendizado: para fazer perguntas e buscar informação
6 Imaginação: para fingir, criar imagens e padrões.
7 Representativo: para informar os outros, para expressar idéias.
Ambientes que estimulam a fala e as
habilidades de comunicação.
• Quanto mais rico o ambiente de convívio da criança, do ponto de vista da comunicação, melhor será o desenvolvimento das habilidades da fala.
• Quanto maior o nível educacional e o nível gramatical das pessoas da casa (pais), maior será a habilidade de leitura das crianças no futuro, mesmo anos mais tarde.
Ambientes que estimulam a fala e as
habilidades de comunicação.
• A família deve estimular um ambiente comunicativo com as crianças, incluindo-as nas conversas familiares, encorajando-as a falar sobre o que está acontecendo durante jogos brincadeiras, sempre descrevendo aquilo que estão fazendo.
Ambientes que estimulam a fala e as
habilidades de comunicação. • Brinquedos eletrônicos com barulhos diferentes da voz
humana, não são bons modelos de aprendizado para as crianças, porque não possuem a prosódia o ritmo e a intonação da fala.
• Limite o tempo de exposição a eletrônicos ( televisão, tablets, video games, smart fones).
• A base da conciência fonológica vem da fala humana os eletrônicos costumam ser somente uma experiência visual para as crianças.
• Interagir é preciso
Ambientes que estimulam a fala e as
habilidades de comunicação
• Além de falar e conversar com a criança, um dos hábitos mais importantes para o desenvolvimento da fala e futuramente da alfabetização é ler em voz alta para as crianças .
• Não pare de ler em voz alta quando a criança aprender a ler.
Concreto X abstrato
• Associe o aprendizado da fala aos acontecimentos do dia a dia, isso ajuda na compreensão e facilita a memorização.
• Use objetos concretos, sempre que possível, para exemplificar o que você quer falar, isso ajuda muito as crianças .
Ambientes que estimulam a fala e as
habilidades de comunicação
• Quando estiver vendo figuras aproveite para explicar a mesma situação de várias formas.
• Siga a tendência natural de aumentar a complexidade da fala a medida que a criança cresce. Sempre cheque o nível de entendimento dela.
Ambientes que estimulam a fala e as habilidades de
comunicação
• As crianças precisam ouvir muitas perguntas para aprenderem a forma interrogativa.
• Os adultos devem responder positivamente as tentativas da criança de se comunicar.
Ambientes que estimulam a fala e as habilidades de comunicação
• As crianças aprendem vendo os pais e irmãos usando a fala para se comunicar e para resolver problemas.
Ambientes que estimulam a fala e as
habilidades de comunicação
• A neuropsicologia sugere que o “inner speech”, a conversa silenciosa que fazemos com nós mesmos, criam conexões em partes importantess do cérebro
As Bases Neurobiológicas da Aprendizagem da Leitura
• Diferindo da fala ou da marcha, a aquisição da leitura corresponde a um processo de complexas adaptações do sistema nervoso, que necessitam de estimulação e orientação externa. (Foorman et al., 1998).
Evidências ciêntíficas robustas
• O papel da consciência fonológica sobre a aprendizagem da leitura e da escrita é amplamente conhecido na literatura científica.
• O emprego de atividades de consciência fonológica de forma preventiva ou reabilitadora, evidenciando uma estreita relação com o aprendizado do código escrito.
• O treinamento da consciência fonológica, em especial da consciência fonêmica, pode gerar melhora na representação fonológica das palavras, tanto para disléxicos, quanto para crianças sem dificuldades de aprendizagem.
METACOGNIÇÃO
• As habilidades metacognitivas possibilitam ao aluno planejar e monitorar o seu desempenho; tomando consciencia dos processos que utiliza para aprender. Ajuda a tomada de decisoes sobre que estrategias utilizar em cada tarefa, avalia continuamente a sua eficacia, alterando-as quando nao produzem os resultados desejados .
CONSCIÊNCIA METALINGUÍSTICA
• A consciência metalinguística é considerada a habilidade de manipular e refletir sobre os segmentos da fala.
• Em todos os idiomas ao redor do mundo nativos utilizam os fonemas, de forma não consciente, com propriedade quando escutam ou quando falam.
• Já o conhecimento consciente dos fonemas se desenvolve com a aprendizagem do sistema alfabético da respectiva língua, necessitando de instrução formal com o ensino da alfabetização propriamente dita.
CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA
• A consciência fonológica parte integrante da consciência metalinguística.
• A consciência fonológica é a habilidade de se refletir explicitamente sobre a estrutura sonora das palavras faladas, podendo manipular seus componetes.
CONSCIÊNCIA FONÊMICA
• Consciência fonêmica é uma sub-habilidade da consciência fonológica, se refere, portanto, à habilidade de controle sobre a manipulação fonêmica. A habilidade de ouvir e perceber as letras, no tempo-espaço que elas ocorrem, ou seja, fazer a correspondência imediata da letra com o som ouvido.
CONSCIÊNCIA FONOARTICULATÓRIA
• A consciência fonoarticulatória é a parte da consciência
fonológica que permite refletir sobre as características articulatórias dos fonemas, sendo a habilidade responsável pela distinção das articulações dos sons da fala, ou seja, os fonemas se tornando entidades concretas articulatórias.
• A consciência fonoarticulatória é a capacidade de o indivíduo pensar sobre os sons e os gestos motores necessários à produção da fala. Essa capacidade é importante não somente na produção e na percepção dos sons, mas também na aprendizagem do sistema alfabético de escrita.
Sistemas de Neurônios Espelho
• Uma das descobertas que mais influênciou o entendimento da neurobiologia do aprendizado foi a descoberta dos neurônios em espelho. Esses neurônios disparam quando ocorre a observação de uma ação que causa no observador a ativação automática do mesmo mecanismo neural disparado pelo executante da ação. Este mecanismo permite a compreensão da ação de uma forma direta.
Sistemas de Neurônios Espelho
• Há evidências de interação da área de Broca (relacionada aos mecanismos de linguagem) com a área motora primária (Ferrari et al., 2003).
• Esta interação é entendida como base para parte do aprendizado da leitura. A observação de ações realizadas por outros e reproduzidas internamente, produzem resposta dos sistemas neurais motor e de linguagem de maneira integrada, e envolve racionalização e concepção imaginativa menos intensa para realização do ato.
As Bases Neurobiológicas da Aprendizagem da Leitura e Escrita
• A observação de pacientes com lesões focais cerebrais foi durante muito tempo a única janela para o conhecimento do funcionamento do cérebro.
Lesões que levam a alexia
• A importância do hemisfério esquerdo na atividade da leitura em adultos já é conhecida desde o final do século XIX, quando Dejerine relacionou lesões dos giros angular, supramarginal e temporal superior esquerdo com quadros de perda da capacidade da leitura (Dejerine, 1891).
Ressonância magnética funcional
• Hoje os estudos relacionados à investigação das funções cerebrais, tem utilizado a RMf como a técnica de escolha.
• O aumento da atividade neuronal causado por determinada tarefa realizada pelo sujeito dentro do aparelho (paradigma) leva a um aumento da extração de oxigênio pelos tecidos e um grande aumento da perfusão cerebral regional.
• O contraste entre as imagens com sangue oxigenado e com sangue venoso foi denominado “contraste BOLD” (do inglês, Blood-Oxygenation-Level Dependent)
Neuroimagem
• Um número crescente de estudos em neuroimagem exploram aspectos diferentes da leitura como:
1- A diferença entre um leitor eficaz e um disléxico
2- Intervenções que aumentem a eficiência da leitura
3- Fatores preditores de um bom leitor.
Magnetoencefalografia durante teste de decodificação fonológica em crianças.
• A atividade detectada após 200 ms, que representa o momento inicial da decodificação fonológica está representada em vermelho e está diminuída no hemisfério esquerdo da criança com dislexia, além de uma maior ativação do hemisfério direito (Papanicolaou et al., 2003).
Fator preditor de alunos que se tornam bons leitores
• Rapid automatized naming (RAN) ou Nomeação rápida automática é definida como: a capacidade de nomear o mais rápido possível estímulos visuais apresentados como: letras, dígitos, cores e objetos tem sido fortemente relacionado a capacidade de leitura em várias línguas diferentes.
Circuitos cerebrais envolvidos na leitura
• De modo didático, podemos citar a presença de dois circuitos principais no cérebro , que são ativados quando uma palavra escrita é visualizada pelo córtex responsável pela visão:
1. Circuito temporo-parietal via indireta
2. Circuito occipto-temporal ou via direta ou Léxica
Área visual primária
• Área visual primária, situada nos lobos occipitais de ambos os hemisférios, que é ativada inicialmente durante a visualização da palavra a ser lida.
Giro angular e supramarginal
• Porção posterior do giro temporal superior, giros angular e supramarginal, que são ativadas principalmente durante o processo de análise fonológica de uma palavra.
• Estas áreas estão associadas aos processo de decodificação da palavra durante a leitura em seus menores segmentos, que são as letras, as quais são correlacionadas com os seus respectivos sons.
• Assim, após a visualização da palavra “BOLA” (pelas regiões occipitais), os 4 símbolos alfabéticos são “analisados” na região temporo-parietal a qual efetua a correlação dos sons “be + o + ele + a”, com as suas letras correspondentes.
Área de Broca
• Área de Broca, participando no processo de decodificação fonológica associado ao processo articulatório.
• A área de Broca (córtex pré-frontal ventrolateral e ínsula) também tem participação no ato da leitura, quer seja silenciosa ou em voz alta, quando está ocorrendo o processo de decodificação fonológica e está associada à formação da estrutura sonora, através da movimentação dos lábios, língua e aparelho vocal (Price, 2000; Price et al., 1996; Shaywitz et al., 2002).
Junção temporal e occiptal
• Junção dos lobos temporal e occipital, que são consideradas áreas secundárias da visão, destacando-se mais especificamente os giros lingual e fusiforme, além de partes do temporal médio, que são ativados principalmente durante o ato da análise visual da palavra, permitindo uma interpretação direta da palavra ou seja é efetuada uma transferência direta da análise ortográfica para o significado .
Lições para levar para casa
• O desenvolvimento da fala pode ser adequadamente estimulado e isso facilitará muito a alfabetização.
• Os educadores devem orientar os pais nessa empreitada.
• O desenvolvimento da conciência metalinguística e todos os seus componentes ( consciência fonológica, consciência fonêmica) são fundamentais para a leitura e devem ser desenvolvidos e estimulados por profissionais capacitados.
• As evidências ciêntíficas para a utilização dessas técnicas são muito fortes e não devem ser ignoradas.
Lições para levar para casa
• É sabido que nenhum investimento gera tanto retorno social e econômico quanto investir na criança.
• Vai demorar 20 anos para que você tenha um retorno, mas este retorno, segundo mostram as pesquisas e evidências científicas, é muito alto.
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