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Em coma, mulher dá à luz no Caism

● Em 90% dos casos épossível prevenir o AVCatravés da chamada prevençãoprimária, que é, simplesmente,mudança de hábitos. Mastambém existem fatores quesão inerentes à vida humana,como o envelhecimento.Pessoas com mais de 55 anospossuem maior propensão adesenvolver AVC.Características genéticas ehistória familiar de doençascardiovasculares tambémaumentam as chances.

DRAMA ||| ESPERANÇA

Felipe TononDA AGÊNCIA ANHANGUERA

felipe.tonon@rac.com.br

No dia 21 de junho deste ano,a vida da família de Aline e Da-niel Piton tomou um rumoinesperado. Grávida de 5 me-ses, a técnica de enfermagemde 32 anos saiu para mais umdia de trabalho no Centro deAtenção Integral à Saúde daMulher (Caism), onde atuavacomo técnica de enfermagem.Poucos minutos depois do iní-cio do turno, sentiu um mal-estar súbito. Se queixou deuma forte dor de cabeça e des-maiou. Aline sofreu um aci-dente vascular cerebral (AVC).Em coma desde então, ela deuà luz o filho no dia 28 de agos-to, fato considerado raro namedicina.

O pequeno Guilherme, quenesta semana completou doismeses de vida, aumentou as es-peranças da família em ver Ali-ne curada. “Minha filha estavabem naquele dia. Fui até a casadela, passei a mão na barriga. Ecuriosamente eu também sentiuma dor de cabeça muito forte.À noite, quando ela foi ao traba-lho, teve o AVC”, se lembrouNelcy Zavarizzi Lucatto, quedisse que a filha não tinha pro-blemas de saúde e levava umavida saudável.

A história da técnica de en-fermagem, como sua própriamãe define, está repleta de an-

jos da guarda. A começar pelodia em que ela passou mal. Amulher trabalhava ao lado deuma Unidade de Terapia Inten-siva (UTI) no complexo do Hos-pital de Clínicas (HC), onde fi-ca o Caism, e foi prontamenteatendida pelos colegas. “Deusestava lá em todo o momento”,acredita. Mesmo em meio auma situação de extrema gravi-dade, Nelcy disse que em ne-nhum momento pensou queiria perder o neto. “Uma equi-pe maravilhosa do hospital nos

deu muito apoio e um dia de-pois ela passou por uma ultras-sonografia. Vi que meu neti-nho estava bem. Ali eu tive acerteza que ele iria nascer.”

Atualmente, Aline está na ca-sa da mãe, onde permaneceem coma em uma unidade deUTI adaptada no imóvel. Elatambém é assistida por enfer-meiras.

“Temos certeza da nossa fé,convicção de que ela já está vol-tando.” Apesar da situação deli-cada, cada olhar dirigido aos

parentes renova as esperançasda família. “Ela abre os olhos to-dos os dias. Temos certeza queela reconhece o filho. Hoje (on-tem) ela estava agitada e quan-do colocamos o Guilherme aoseu lado, ficou muito calma. Éo amor de mãe.”

O significado do nome dobebê também dá ânimo à famí-lia. “O protetor: este é o signifi-cado de Guilherme”, disse Nel-cy. O marido de Aline, DanielPiton, conquistou o direito à li-cença maternidade e está dedi-

cado integralmente ao filho e àmulher.

AlertaPara conscientizar as pessoasquanto ao risco da doença, foicriado o Dia Mundial de Com-bate ao AVC, comemorado on-tem. No Brasil, o acidente vas-cular é a segunda causa de mor-te e a primeira no caso de se-quelas que levam o paciente auma situação de dependência,atingindo uma a cada seis pes-soas. Apenas na Urgência Refe-

renciada do HC da Unicampsão atendidos, em média, 90pacientes por mês. Por isso, acomunidade médica alerta pa-ra que as pessoas atentem paraos fatores de risco, sinais dealerta e a urgência do tratamen-to. Diabetes, hipertensão, taba-gismo, colesterol elevado e se-dentarismo, são causas recor-rentes do AVC.

Daniel Piton com o filho Guilherme, nascido de sete meses mesmo com a mãe, Aline (no destaque), em coma: caso considerado raro na medicina

Técnica de enfermagem sofre AVC durante o trabalho e tem filho 2 meses depois, mesmo inconscienteFotos: Reprodução/Internet

Aline está em umaUTI adaptada emcasa; bebê passa bem

CIDADES CORREIO POPULAR A11Campinas, quarta-feira, 30 de outubro de 2013