direito - constituição de uma associação
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CURSO SUPERIOR DE SECRETARIADO – ASSESSORIA DE DIRECÇÃO E ADMINISTRAÇÃO
DISCIPLINA: Direito de Empresa
TEMA: Como Constituir uma Associação
TRABALHO REALIZADO NO POR: Maria João Vicente
Instituto Superior de Novas Profissões Curso Superior de Secretariado – Assessoria de Direção e Administração
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ÍNDICE
1. Introdução .............................................................................................................. 2
2. Breve Historial sobre Associativismo ...................................................................... 3
3. Historial Jurídico .................................................................................................... 4
4. O que é uma Associação? ....................................................................................... 5
4.1. União de pessoas singulares ...................................................................... 6
4.2. Organização formal .................................................................................. 7
4.3. Objecto comum ........................................................................................ 7
4.4. Fim não lucrativo ..................................................................................... 8
4.5. Personalidade jurídica ............................................................................... 8
5. As Associações e as outras pessoas colectivas ......................................................... 8
6. Tipos de Associações............................................................................................ 10
7. Aquisição de Personalidade Jurídica...................................................................... 10
8. Regimes de Constituição – Processo Notarial ........................................................ 11
9. Regime Especial de Constituição Imediata de Associações/Associação na Hora ..... 12
10. Descrição do Projecto ......................................................................................... 13
11. Conclusão .......................................................................................................... 16
12. Bibliografia ........................................................................................................ 17
13. Anexos ............................................................................................................... 17
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1. Introdução
Uma longa tradição europeia que perdurou ate finais do século XVIII, considerava as
mulheres seres inferiores em relação aos homens. Emotivas, pouco racionais e
organizadas, a sua função básica circunscrevia-se à procriação e às tarefas do lar. Os
gregos remeteram-nas para o Gineceu. Platão considerou as mulheres e os escravos
como seres destituídos da razão.
A mulher, desde cedo passava a ser objecto do marido, a quem devia obediência e
fidelidade. Ao marido era permitido o uso de violência física, sempre que considerasse
que tinha razoes justificativas. O argumento que se invocava para que os homens
tomassem estas decisões era” a natureza feminina é diferente e qualitativamente inferior
à masculina”. A grande ruptura nestes conceitos começou a desenvolver-se lentamente a
partir do século XVII, quando se passaram a defender as ideias sobre os direitos naturais
do Homem.
Apesar da enorme participação das mulheres nas revoluções liberais de 1688 -
Inglaterra, 1776 - EUA, 1789 - França, e 1820 - Portugal, a verdade é que os
revolucionários só se mostravam mais dispostos a reconhecer os mesmos direitos aos
escravos que às mulheres.
Actualmente a mulher confronta-se com dois graves problemas a descriminação no
trabalho e a violência doméstica. Apesar de estarmos em mudança é necessário
trabalhar muito mais sobre os direitos das mulheres como Direitos Humanos
É no entanto de referir que em Portugal o papel social conferido à mulher era
secundário relativamente ao do homem. No que respeita ao reconhecimento da
igualdade entre homens e mulheres, o marco mais significativo foi a Revolução de 25
de Abril de 1974, que instaurou a Democracia em Portugal. Todavia pensamos que
existem sempre aspectos que podem ser alterados ou melhorados de acordo, muitas
vezes, com as épocas que atravessamos.
Neste contexto nasceu a nossa Associação, denominada Associação de Integração e
Apoio à Mulher - AIAM.
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Este trabalho aborda a história do Associativismo, dando uma noção de Associação e
referindo os vários tipos e diferenças entre Sociedades. Foca-se os trâmites legais para a
constituição de uma Associação e por fim a constituição da Associação de Integração e
Apoio à Mulher – AIAM, que é aqui analisada.
2. Breve Historial sobre Associativismo
O associativismo é considerado como um dos mais enigmáticos fenómenos da
sociedade, uma vez que é uma característica fundamental do homem enquanto animal
social.
Encontram-se expressões com características de associativismo desde a Pré-História,
designadamente a caça colectiva, no qual existia uma cooperação entre os indivíduos
bem como uma finalidade em comum. No entanto, estas organizações eram além de
incipientes também exclusivamente constituídas por homens.
Já na Antiga Grécia existiam ginásios e eram organizadas palestras que podiam ser
considerados verdadeiros espaços associativos, dado que os primeiros estavam ligados à
cultura física e os segundos à educação, como também à música, como expoentes das
Cidades “Polis”. Nessa Época existia a Lei de Sólon, que autorizava as corporações a
elaborarem os seus próprios regimentos desde que estas respeitassem na íntegra as Leis
do Estado Grego. Os “collegia” que existiam na Antiga Roma, eram consideradas
organizações profissionais que correspondiam à união de trabalhadores das diversas
áreas profissionais, além de existirem outras organizações, como por exemplo as escolas
de gladiadores.
Na Idade Média surgiram as confrarias, as irmandades ligadas à igreja católica e ainda
as corporações. Estas últimas eram artesanais e reuniam os mestres, os aprendizes e os
produtores, enfim, os artesãos de determinado ofício.
As corporações superiores que surgiram posteriormente, reuniam os mestres e os seus
aprendizes, que se baseavam nos fundamentos do espírito cristão, praticavam acções de
solidariedade em proveito dos seus membros e dos mais necessitados.
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As confrarias desenvolveram-se em Portugal durante a Idade Média, é de salientar que a
Confraria da Casa dos Vinte e Quatro foi a primeira a possuir referências documentais
em 1383, reunindo representantes das doze principais profissões das cidades de Lisboa e
Porto. Este modelo de corporação estendeu-se por todo o país.
O movimento associativo teve um grande desenvolvimento a partir do século XIX,
principalmente porque foram criados muitos clubes e centros recreativos. Foi neste
século que o associativismo alargou o seu âmbito de actuação, designadamente com a
diversificação dos objectos sociais das Associações e com a criação de clubes
desportivos das diversas modalidades, destacando-se a progressão de Associações
mutualistas. Estas Associações tinham como objectivo principal garantir a assistência
médica, a atribuição de subsídios por doença ou incapacidade, o fornecimento de
medicamentos e a atribuição de subsídios para pagamento de funerais, entre outros.
No século XX surgem as Associações de cultura e recreio, algumas das quais se
mantêm até aos nossos dias.
Nestes últimos séculos, em todos os países democráticos, o associativismo desenvolveu-
se, particularmente nos países nórdicos e nos E.U.A., onde as Associações assumiram
um papel muito importante na sociedade, em substituição muitas vezes do Estado,
atingindo um grande peso a nível económico.
Algumas destas Associações tornaram-se mundialmente conhecidas tais como: Médicos
do Mundo, Cruz Vermelha, Cáritas, GreenPace etc.
3. Historial Jurídico
Em Portugal, existiram quatro grandes períodos na história do direito de Associação:
Antes de 1910;
1910 a 1926;
1926 a 1974 (Estado Novo);
Após 1974.
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Iremos apenas abordar o último período que se inicia com o 25 de Abril de 1974, e com
a restauração da liberdade da Associação, regulada pela Constituição da República
Portuguesa de 1976 Artº 46º e 47º e pelo Decreto-Lei nº 549 /74, de 7 de Novembro.
Este diploma anula alguns artigos do Código Civil, designadamente, o controlo
administrativo da constituição das Associações.
Mais recentemente surgiu um Decreto-Lei que desenvolve o regime simplificado da
constituição das Associações. Trata-se da Lei nº 40/2007, de 24 de Agosto que aprova o
regime especial de constituição imediata das Associações. O actual regime legal das
Associações rege-se por este diploma em conjunto com os Artº 157 e seguintes do
Código Civil e Decreto-Lei nº 549/74, de 7 de Novembro, sem prejuízo de poderem ser
aplicados os diplomas específicos de cada tipo de Associação.
4. O que é uma Associação?
A palavra Associação tem origem no latim “associare” formado a partir da palavra
“socius” que significa companheiro.
A Associação é uma pessoa colectiva composta de pessoas singulares e/ou colectivas
com um objectivo comum, sem ter por fim o lucro. O que une este grupo de pessoas é
uma vontade para fazer algo que seja comum a todos os membros que o constitui. A
conceptualização pode ainda ser analisada sob o ponto de vista etimológico, sociológico
e jurídico.
Em termos sociológicos, a origem do conceito de Associação parte do aparecimento de
grupos com uma organização deficiente e sem uma estrutura orgânica. Desde os
primeiros grupos de caçadores, até às organizações associativas de hoje com uma
estrutura legal intrincada, mantêm-se as normas, característica imperativa das
sociedades.
Habitualmente, quando surgem, as Associações são um grupo informal de pessoas cuja
organização é diminuta, sem hierarquias, onde reina o espírito de solidariedade entre os
seus membros. Existem inúmeros grupos informais que nascem e morrem sem dar o
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passo para outro patamar de organizações e formalização. Estes, embora não sejam
ilegais, tendo em conta a falta de personalidade jurídica, estão legalmente sob alçada
dos Artº 195º ao 201º do Código Civil.
No Código Civil, as Associações definem-se como: “Pessoa colectiva de substrato
pessoal que não tenham por fim a obtenção de lucros para distribuir pelos sócios”
Esta estrutura que decorre dos conceitos jurídicos de Associação, uma vez que a
doutrina é própria do direito, foi acompanhando a evolução sociológica e a importância
deste tipo de pessoas colectivas, dando-lhe um enquadramento legal, determinando que
uma Associação com personalidade jurídica tenha que ter órgãos e estatutos.
Este conceito de Associação, conduz-nos aos seguintes elementos ou corolários, de que
se compõe uma Associação:
1. União de pessoas singulares;
2. Organização formal;
3. Objecto comum;
4. Fim não lucrativo;
5. Personalidade jurídica;
4.1. União de pessoas singulares
Assim, temos, quanto ao primeiro elemento, união de pessoas singulares, que diríamos
ser essencial e predominante numa Associação, a pessoa humana, também designada
por elemento pessoal que é a pedra angular da pessoa colectiva Associação. A
existência da pessoa singular, desde logo distingue a Associação de outros tipos de
pessoas colectivas, como seja a pessoa colectiva, fundação.
Para criar ou aderir a uma Associação podemos encontrar por parte de cada pessoa um
conjunto de interesses e objectivos muitos diversificados, por vezes muito particulares e
individuais. Como por exemplo:
Querer realizar um ideal;
Querer desenvolver um projecto;
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Querer ser útil à sociedade;
Querer fugir à rotina do dia-a-dia;
Querer comunicar com outras pessoas.
Para que se constitua uma Associação tem de haver, no mínimo, um grupo de três
pessoas, nalguns casos e no âmbito do regime Associação na Hora são necessárias
apenas duas pessoas. Não devendo confundir-se com o posterior funcionamento legal
dos órgãos obrigatórios, porque aí serão necessários tantas pessoas, quantas as que
determinarem os estatutos, o que todavia não pode ser inferior a nove elementos, isto é,
três por cada órgão: Direcção, Conselho Fiscal e a Mesa da Assembleia Geral.
4.2. Organização formal
A organização formal é o segundo elemento necessário para definir uma Associação. É
esta que nos dá a ideia da existência de órgãos, correspondendo a toda a estrutura
interna da Associação, quer do âmbito jurídico, como os estatutos, regulamento interno
e ainda se existirem o regulamento interno dos órgãos, como o referente ao
funcionamento orgânico da Direcção, Assembleia Geral e Conselho Fiscal. As
Associações poderão ainda ter outros órgãos que não sejam obrigatórios por lei, mas se
as associadas entenderem ser necessário, é obrigatório constar nos estatutos.
4.3. Objecto comum
No que diz respeito ao objecto comum, a sua formulação começa desde logo e aquando
da decisão de constituir uma Associação, devendo este ser consagrado obrigatoriamente
nos estatutos. Este elemento é considerado a “alma” da Associação, transcendendo a
mera soma de vontades individuais postas na constituição da Associação. O objecto de
uma Associação deve ser, licito, possível e determinado nomeadamente quanto à sua
duração temporal.
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4.4. Fim não lucrativo
É o elemento caracterizador da Associação e fundamental que permite distinguir-se das
outras pessoas colectivas. Evidentemente que uma Associação pelo seu fim filantrópico
não poderá nunca visar o lucro, aqui entendido como uma distribuição dos resultados,
isto é, os proveitos, pelos associados e muito menos pelos seus directores. Porém, as
Associações podem e devem apresentar saldo positivo no final do ano económico
relativamente ao exercício das suas actividades.
4.5. Personalidade jurídica
Para que exista uma Associação titular de direitos e deveres e que produza efeitos
perante terceiros, deverá obter a personalidade jurídica. Nos termos do Código Civil, no
seu Artigo 158º, a Associação adquire esse estatuto através de uma escritura pública e
de publicação dos estatutos no Diário da Republica, mais recentemente a publicação é
colocada on-line no Portal da Justiça. A aquisição de personalidade jurídica pode ser
também por via administrativa ou através do regime simplificado.
A personalidade jurídica está para a Associação como a vida está para o ser humano.
Enquanto o ser humano como pessoa física e natural, é detentora de direitos e
obrigações desde o nascimento até à morte, as pessoas jurídicas, como Associações, são
uma criação jurídica, à qual é atribuída pela lei a um ente organizacional, ou a um
grupo, a personalidade e a capacidade jurídica correspondente a alguns direitos e
deveres distintos das pessoas humanas, mas muito semelhantes aos dos seres humanos.
5. As Associações e as outras pessoas colectivas
Só a partir da Idade Média é que se atribuiu definitivamente a capacidade jurídica às
pessoas colectivas, sendo as corporações as primeiras a ter esse estatuto.
Actualmente temos as pessoas jurídicas individuais e colectivas.
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As pessoas colectivas são de quatro tipos:
Sociedades;
Fundações;
Cooperativas;
Associações.
Algumas têm características em comum tais como a existência de personalidade jurídica
diferente dos indivíduos e a atribuição de capacidade jurídica a estas pessoas colectivas,
para que possam gerar ou gerir obrigações, responsabilidade civil e penal pelos factos
praticados.
As pessoas colectivas são pessoas cuja existência decorre de um processo de criação
legal o qual corresponde a uma organização criada por pessoas singulares ou mesmo
outras pessoas jurídicas, a quem os seus fundadores atribuíram capacidade jurídica, isto
é, a de serem sujeito de direitos e obrigações. As Associações, imediatamente à sua
constituição passam a ser autónomas de direitos e deveres, no sentido de as pessoas
colectivas serem independentes dos indivíduos que dela fazem parte. Assim, nas
pessoas colectivas a prática das relações jurídicas é feita pelos titulares dos seus órgãos
em nome da pessoa colectiva que representam.
Abordada a noção de Associações no sentido lato, passamos à noção estrita em
justaposição com os conceitos de outras pessoas colectivas semelhantes, onde se
incluem as Associações. A Associação pode a título secundário, exercer actividades
lucrativas ditas comerciais, indústria e de serviços. Mas mesmo exercendo estas
actividades lucrativas não altera o regime jurídico de pessoa colectiva, na medida em
que não há distribuição dos lucros entre os seus membros/sócios. Os lucros obtidos
devem ser utilizados no sentido de continuar o objecto social e no âmbito do plano de
actividades elaborado pela direcção e aprovado em Assembleia Geral.
Nas Associações apenas responde o património associativo, no entanto, este princípio
não implica a demissão de responsabilidade civil, com direito de regresso pela
Associação e até penal, se for o caso. Nas Associações sem personalidade jurídica a
responsabilidade por obrigações perante terceiros é solidária entre os seus membros.
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Um assunto muito controverso é a remuneração dos dirigentes. As Associações, não
têm como fim o lucro, por isso é compreensível o facto de os dirigentes não receberem
qualquer remuneração. No caso dos dirigentes associativos, eles apenas devem ser
reembolsados das despesas inerentes ao cargo que desempenham, como sejam, por
exemplo, o telemóvel, refeições e transportes.
É de salientar a diferença entre as Associações de direito público e as Associações de
direito privado. Entende-se por Associação de direito público aquela cuja forma e
iniciativa de constituição tal como os seus associados são entes públicos, como por
exemplo, autarquias, institutos públicos. As Associações de direito privado em que a
forma e constituição são de livre iniciativa de pessoas privadas, singulares ou colectivas.
6. Tipos de Associações
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7. Aquisição de Personalidade Jurídica
Em Portugal está previsto a distinção entre as Associações com personalidade jurídica e
sem personalidade jurídica. As primeiras são todas aquelas que por um acto jurídico a
adquiram, passando a ser legalmente uma pessoa colectiva. As segundas assentam o seu
funcionamento na organização informal dos seus membros, respondendo estes
solidariamente pelos seus actos, de acordo com o Artº 195º, nº 1 ao Artº 201º do Código
Civil.
A aquisição de Personalidade Jurídica é o processo de constituição e legalização de uma
Associação. Este não é igual para todas as pessoas colectivas de carácter associativo,
pois depende do tipo de Associação a constituir. Embora o regime jurídico de base seja
o geral consagrado no Código Civil, nos Artº 157 e ss, existem tipos de Associações a
que o legislador atribui um regime especial de constituição por via administrativa e
outras que se constituem segundo o regime especial de constituição imediata nos termos
da Lei nº 40/2007, de 24 de Agosto. Com este novo diploma o ordenamento jurídico em
Portugal passa a ter três processos de aquisição de personalidade jurídica. Um por via
notarial, isto é, por escritura pública, o segundo por via administrativa e o terceiro em
regime especial, que corre os seus trâmites legais nas Conservatórias e outros Centros
de Formalidades de Empresas (CFE).
A distinção fundamental entre os três regimes é enquanto no regime geral a aquisição
depende da escritura pública, na constituição de outras Associações referidas, a
aquisição é feita através de depósito dos estatutos aprovados em Assembleia Geral
constitutiva junto do Instituto Público ou Ministério competente ou então por registo,
simplificado nas Conservatórias e CFE.
8. Regimes de Constituição – Processo Notarial
Este processo decorre nos termos do artigo 168º do Código Civil que determina:
“1 – O acto de constituição da Associação, os estatutos e as suas alterações devem
constar de escritura pública, sem prejuízo do disposto em lei especial.
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2 - O notário, a expensas da Associação, promove de imediato a publicação da
constituição e dos estatutos, bem como as alterações destes, nos termos legalmente
previstos para os actos das sociedades comerciais.”
Este processo de constituição compreende várias fases, tais como:
Reunião de Fundadores e Aprovação de Estatutos
Obtenção de certificado de Admissibilidade e Cartão Provisório (NIPC)
Escritura Publica da Associação
Publicação e Registo Definitivo
Eleição dos Corpos Sociais
9. Regime Especial de Constituição Imediata de
Associações/Associação na Hora
A Associação na hora é um regime especial de constituição imediata de Associação
num único momento em atendimento presencial, tendo sido introduzidas diversas
simplificações nos actos necessários para constituir uma Associação. Com esta nova
funcionalidade não é necessário obter previamente o Certificado de Admissibilidade da
firma, junto do Registo Nacional de Pessoas Colectivas, deixa de ser preciso celebrar
previamente uma escritura pública e recebe-se de imediato, o cartão de pessoa colectiva,
bem como uma certidão do acto constitutivo da Associação e os respectivos estatutos.
Esta medida visa prestar um serviço de valor acrescentado aos cidadãos, fomentando o
Associativismo e contribuir para o enriquecimento da sociedade civil.
A “Associação na Hora” entrou em funcionamento no dia 31 de Outubro de 2007 em
diversos postos de atendimento espalhados por todos os distritos de Portugal
Continental e na Região Autónoma dos Açores. Os resultados obtidos demonstram uma
adesão significativa por parte dos cidadãos. Desde o início da disponibilização da
“Associação na Hora” até ao final do mês de Fevereiro 2009 já foram criadas mais de
1400 “Associações na Hora”, 43% das Associações constituídas em Portugal foram pelo
método “Associação na Hora”.
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10. Descrição do Projecto
Este Projecto debruça-se sobre a constituição de uma Associação intitulada, Associação
de Integração e Apoio à Mulher, adiante designada por AIAM, que visa o auxílio na
integridade física, moral e pessoal da mulher. Este tipo mais recente de Associação visa
a protecção de mulheres que se encontram desprotegidas, desamparadas e sem recursos
próprios, quer a nível psicológico, como a nível monetário. Trabalhando-as psicológica,
terapêutica e pedagogicamente com auxílio das Redes Sociais, no sentido de assegurar a
sua reinserção no mundo do trabalho e numa vida social activa.
De direito privado, sem fins lucrativos e de âmbito regional, a AIAM situa-se no distrito
de Beja, que possui 14 municípios e 18 freguesias. Região importante do Alentejo onde
não existem Associações deste tipo, a AIAM vem de alguma forma colmatar esta lacuna
existente no distrito. Esta Associação de acordo com a legislação deve ter um mínimo
de 500 associadas.
Depois de analisadas as várias formas de constituição da Associação, chega-se à
conclusão que seria através da modalidade “Associação na Hora”, que é um regime
especial e simplificado de constituição imediata de Associação. Com esta nova
funcionalidade não é necessário obter previamente o Certificado de Admissibilidade da
firma, junto do Registo Nacional de Pessoas Colectivas, deixa de ser preciso celebrar
uma escritura pública e recebe-se de imediato, no momento da constituição da
Associação, o cartão de pessoa colectiva, bem como uma certidão do acto constitutivo
da Associação e os respectivos estatutos.
Será constituída uma comissão instaladora da Associação que aprova os estatutos e
nomeia no mínimo dois elementos para efectuar a constituição da mesma. As
representantes nomeadas, após marcação prévia, deslocam-se ao Conservador e
mediante a apresentação dos estatutos, concretizam a constituição da Associação.
Posteriormente procede-se à publicação no Portal da Justiça, no site:
http://www.mj.gov.pt/publicacoes
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O Projecto AIAM, de acordo com os estatutos tem por objecto:
a) Defender os direitos das mulheres nas leis e na vida;
b) Acolher as mulheres carenciadas e desprotegidas e/ou em perigo de vida, bem
como seus filhos menores;
c) Garantir e facilitar o encaminhamento de mulheres carenciadas e desprotegidas
bem e seus filhos menores às redes sociais;
d) Aconselhamento moral e encaminhamento profissional no sentido de integrar
mulheres carenciadas e desprotegidas na vida activa;
e) Promover acções de formação e informação que contribuam para uma maior
consciencialização e afirmação das mulheres, enquanto trabalhadoras e cidadãs
intervenientes; f) Opor-se a todas as formas de discriminação e de violência sobre as mulheres e
promover formas de solidariedade;
g) Combater todas as formas de exclusão social das mulheres, nomeadamente as
que estão ligadas à efeminização da pobreza;
h) Valorizar o papel das mulheres no desenvolvimento da sua região, através da
elaboração de estudos, publicações e desenvolver seminários, debates e outras
acções de interesse para as mulheres e seus filhos menores.
Após a sua constituição, a Associação irá funcionar com uma Comissão Instaladora a
fim de se organizarem as listas candidatas aos Órgãos Sociais.
Esta Comissão Instaladora deverá publicitar no Distrito, a constituição da Associação,
através dos meios de comunicação social com a finalidade de recrutar eventuais
associadas.
As listas de candidatura aos órgãos sociais terão 30 dias para se formalizarem, e estas
deverão ser afixadas na sede da Associação, bem como o respectivo Plano de Acção.
Será nomeada uma Comissão Eleitoral que dispõe de um Plano de Acção aprovado pela
Comissão Instaladora e de acordo com a lei e os respectivos Estatutos da Associação.
Enviar-se-á uma convocatória para todas as associadas para estarem presentes à data e
hora marcadas, a fim de poderem eleger a lista desejada. Esse acto eleitoral será
devidamente registado numa acta elaborada num livro de actas de registo electrónico.
A lista eleita tomará posse num breve espaço de tempo e será também efectuada a
respectiva acta de tomada de posse e devidamente assinada por todas as empossadas.
A partir destes trâmites legais a Associação terá condições para começar a funcionar
regularmente em sede própria e com os Órgãos Sociais legalmente eleitos.
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A lista eleita compromete-se a cumprir o estabelecido nos estatutos e também o que
consta do seu Plano de Acção, devendo ser elaborado um Comunicado de Imprensa para
divulgar a lista dos Órgãos Sociais eleitos.
Para assegurar o funcionamento da Associação é necessário angariar fundos, uma das
formas é através da quota anual das associadas.
Outras medidas a tomar podem ser:
Enviar carta aos empresários da região, no sentido de os sensibilizar a apoiar a
nossa Associação;
Verificar se o governo tem programas de apoio financeiro que se possam aplicar
à AIAM.
Outra tarefa que cabe aos recém-eleitos é a de abrir um concurso para atribuição de um
logótipo para Associação, uma vez que é fundamental termos um símbolo que nos
represente e que as pessoas possam facilmente identificar com a nossa instituição. É
cada vez mais importante nos dias que correm as instituições para além da denominação
e respectiva sigla terem também um logótipo, marca essa que deverá ser devidamente
registada no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial).
Após o registo do logótipo será permitida a sua utilização para actividades inerentes ao
bom funcionamento da Associação, nomeadamente, personalizar o papel de carta,
envelopes, cartões de visita entre outras coisas fundamentais para a divulgação e
reconhecimento desta entidade.
Só após a existência de fundo maneio poderá ser colocada em prática o
desenvolvimento dos projectos previstos no Plano de Acção.
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11. Conclusão
Uma das dúvidas que surgiu aquando da criação deste projecto foi a viabilidade de
angariação do número de associadas necessárias para levar este projecto avante, mas o
que a história nos indica é que em Portugal existe uma forte tradição de associativismo,
e após uma pesquisa aprofundada constatamos que existem inúmeras Associações no
nosso país. Isto levou a concluir que as mulheres portuguesas têm um forte sentido de
solidariedade o que perspectivava uma boa adesão a este tipo de projectos e por
consequência a esta Associação que está dirigida para a mulher e todas as suas
necessidades.
Na qualidade de mulheres do mundo e sabendo das necessidades com as quais muitas
mulheres são confrontadas no seu dia-a-dia, encetou-se uma demanda com a iniciativa
de fazer a diferença e foi com este objectivo que se embarcou rumo à criação deste
Projecto.
A constituição da AIAM foi um Projecto de realização pessoal, porque permite ajudar
mulheres que não têm a quem recorrer quando se vêm confrontadas com a falta de apoio
face à violência doméstica, desemprego, isolamento, bem como todos os outros casos
que infelizmente ainda perduram na nossa sociedade.
Propõe-se o desenvolvimento de algumas actividades, cuja finalidade será aumentar a
auto-estima, confiança e possibilitar a reinserção de uma mulher mais forte na
sociedade.
Prevê-se ainda a realização de seminários, workshops, sessões de debates e
esclarecimento, subordinados ao tema do interesse da mulher onde estas possam
interagir colocar as suas dúvidas. Outro objectivo será o de promover acções culturais
em detrimento do isolamento através da organização de visitas a locais de interesse.
Está em projecto a criação de um gabinete jurídico para apoio das mulheres no sentido
de as orientar perante diversos problemas que possam eventualmente surgir e para as
quais possam não se sentir preparadas.
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Este é um projecto muito ambicioso, mas de extrema importância, pelo que os
objectivos delineados irão de encontro às necessidades das mulheres do distrito de Beja,
estendendo-se no entanto a todas as mulheres portuguesas.
12. Bibliografia
Como constituir uma Associação de Victor Mendes – 3ª Edição – Editora Legis;
Legislação sobre Associações de Victor Mendes e Gomes Ferreira- 4º Edição –
Editora Legis;
http://www.umarfeminismos.org/
13. Anexos
1. Lista dos Órgãos Sociais da AIAM
2. Estatutos da AIAM
3. Regulamento Interno AIAM
4. Plano de Acção da AIAM
5. Legislação de Apoio às Associações de Mulheres
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