deus É jovem, novo livro do educaÇÃo É tema do … · deus É jovem, novo livro do papa...
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JESUTAS BRASIL
Em EDIO 42ANO 5MARO 2018INFORMATIVO DOSJESUTAS DO BRASIL
DEUS JOVEM, NOVO LIVRO DO PAPA FRANCISCO
pg. 11
EDUCAO TEMA DO ANURIO 2018 DA CRIA DOS JESUTAS
pg. 18
SERVIO JESUTA PAN-AMAZNICO REALIZA SEMINRIO
pg. 21
especial pg. 12
DIGA NO INTOLERNCIA!Cultivar valores cristos o melhor caminho para a cultura da paz
-
4 5Em Em
SUMRIO EDIO 42 | ANO 5 | MARO 2018
EDITORIAL Intolerncia, uma faceta da violncia
Pe. Marcos Augusto Brito Mendes, SJ
CALENDRIO LITRGICO
ENTREVISTA PEREGRINOS EM MISSO Inspirado por Cristo e pela arte
Ir. Jorge Luiz de Paula, SJ
O MINISTRIO DE UNIDADENA IGREJA SANTA S Papa institui memria de Maria
no calendrio litrgico
Francisco volta a pedir paz na Sria Deus jovem, o novo livro do Papa Francisco
ESPECIAL Valores para um mundo sustentvel e de paz
MUNDO CRIA Educao tema central do Anurio 2018 Companhia de Jesus inaugura segunda
universidade na frica
O discernimento apostlico em comum Nomeao
AMRICA LATINA CPAL Discernindo as preferncias
apostlicas universais
SJPAM realiza seminrio Participao na Assembleia do CIMI Norte I Rede de Enfrentamento de Trfico de Pessoas
GOVERNO Provncia BRA promove mudanas em
sua estrutura
SERVIO DA F 450 anos do nascimento de So Luis Gonzaga
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A diferena no nos enfraquece, mas nos fortalece
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4 5Em Em
DILOGO CULTURAL E RELIGIOSO Livro de jesuta nos convida a conhecer melhor Jesus
PROMOO DA JUSTIA SOCIOAMBIENTAL Escritrio Jesuta acolhe migrantes venezuelanos
JUVENTUDE E VOCAES Jesuta ordenado presbtero Programa MAGIS Brasil lana tema de campanha
EDUCAO Colgio So Francisco Xavier comemora 90 anos Colgio Loyola, 75 anos!
NA PAZ DO SENHOR Pe. Victoriano Baquero Miguel
JUBILEUS / AGENDA
EmJESUTAS BRASIL
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INFORMATIVO DOSJESUTAS DO BRASIL
EXPEDIENTE
EM COMPANHIA uma publicao mensal dos
Jesutas do Brasil, produzida pelo Escritrio de
Comunicao BRA.
COMUNICAO BRAnoticias@jesuitasbrasil.com
www.jesuitasbrasil.com
DIRETOR EDITORIALPe. Anselmo Dias, SJ
EDITORA E JORNALISTA RESPONSVELSilvia Lenzi (MTB: 16.021)
REDAOJuliana Dias
Silvia Lenzi
DIAGRAMAO E EDIO DE IMAGENSrica Silva
Handerson Silva
MULTIMDIArica Silva
Ir. Lucemberg de Oliveira Lima, SJ
Luza Costa
Sara Oliveira (estagiria)
CAPAIr. Lucemberg de Oliveira Lima, SJ (fotografia)
Handerson Silva (diagramao)
COLABORADORES DA 42 EDIOPe. Jos Luis Fuentes Rodriguez, Tiago Agostinho,
Valrio Sartor e Ana Ziccardi (reviso). Um agrade-
cimento especial a todos que colaboraram com a
matria especial dessa edio.
TRADUO DAS NOTCIAS MUNDO + CRIA GERALPe. Jos Luis Fuentes Rodriguez
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6 7Em Em
EDITORIAL
INTOLERNCIA, UMA FACETA DA VIOLNCIA
Pe. Marcos Augusto Brito Mendes, SJColaborador na Diviso de Ao Social (DAS) e no Instituto Humanitas da Unicap, e parceiro da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de Olinda e Recife (PE)
ivemos em tempos de pro-
fundas contradies. O con-
vvio humano, cada vez mais,
se fortalece virtualmente e se deterio-
ra nas relaes interpessoais. No s-
culo XXI, de um lado, a sociedade tem
experimentado o agilizar dos avanos
tcnicos e cientficos, mas, por ou-
tro lado, essa mesma sociedade tem
recrudescido no convvio social, e as
manifestaes de violncia aconte-
cem das mais diversas formas. A xe-
nofobia, o feminicdio, o racismo, a
homofobia e outros tipos de precon-
ceito so faces de um problema co-
mum em nossos dias, a intolerncia.
A atual Campanha da Fraternida-
de convida a refletir sobre os cami-
nhos para superao da violncia,
que podemos mirar na perspectiva do
resgate do sentido da dignidade hu-
mana, pela nossa f, compreenden-
do o significado da semelhana com
o Criador (Gn. 1, 27); como tambm podemos refletir a partir da Consti-
tuio brasileira de 1988: Art. 5 Todos
so iguais perante a lei, sem distino
de qualquer natureza...
Por meio da Unicap, h trs anos,
estou inserido na Pastoral do Povo
de Rua da Arquidiocese de Olinda e
Recife, em Pernambuco. Trabalhar
com a populao em situao de rua
vem me permitindo o conhecimento
constante das formas de intolerncia
a que so submetidos diariamente,
por uma sociedade que se define na
valorizao do ser pelo ter. Como essa
populao no tem, e nem pode, logo
no existe, so pessoas descartveis,
invisveis, assim sendo, so passveis
de sofrer qualquer ato violento, pois
aquilo que no serve, lixo!
A ATUAL CAMPANHA DA FRATERNIDADE CONVIDA A REFLETIR SOBRE OS CAMINHOS PARA SUPERAO DA VIOLNCIA, QUE PODEMOS MIRAR NA PERSPECTIVA DO RESGATE DO SENTIDO DA DIGNIDADE HUMANA[...]
A violncia contra a populao em
situao de rua manifestada por atos
de agresses fsicas e psicolgicas que
revelam o alto grau de violncia da so-
ciedade em que vivemos. A pastoral tra-
balha num constante exerccio quares-
mal, baseado na escuta.
Escutar aqueles que so ignorados
todos os dias. Dar a voz, conhecer es-
sas pessoas, saber de suas histrias e
se colocar disposio de servi-las, na
perspectiva do resgate de sua digni-
dade. Esse caminho nos desperta para
a verdade fundante: a populao em
situao de rua tambm foi criada
imagem e semelhana de Deus. Assim
sendo, os agentes da Pastoral do Povo
de Rua vivem a experincia contnua de
converso, tpica deste tempo litrgico.
Dar ouvidos, com ateno e respeito, a
quem, por meio da sociedade, fomos
educados a ignorar, leva esses agentes
a compreender o outro com um novo
olhar. Olhar de Cristo, que buscou aco-
lher a todos com tolerncia e respeito.
Nesta edio, o informativo Em
Companhia inspira o leitor a refletir so-
bre os caminhos que nos levam a rever-
ter o cenrio de intolerncia e violncia
em que estamos vivendo. Cultivar a aco-
lhida, a misericrdia, o perdo, a empa-
tia e a tolerncia so palavras-chave que
nos ajudam a repensar posturas e atitu-
des na perspectiva de ajudar na constru-
o do Reino de Deus.
Boa leitura!
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6 7Em Em
calendrio litrgicoPrprio da Companhia de Jesus MARO
DIA 19
DIA 25
So Jos, esposo da Virgem Maria e patrono da Companhia de Jesus
Anunciao do Senhor
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8 9Em Em
ENTREVISTA PEREGRINOS EM MISSO
Ir. Jorge Luiz de Paula, SJ
Aos 49 anos, recm-completados, irmo Jorge Luiz de Paula tem muitas histrias para contar. Muitas delas envolvem seu fascnio
pela educao e por uma arte para l de especial, a dana. Como
jesuta, participou de vrios grupos e viajou pelo Brasil com
esse fazer artstico. Ento, veio a oportunidade de aprofundar-
se cientificamente, por meio da graduao, da especializao e
do mestrado em dana, todos pela UFBA (Universidade Federal
da Bahia). Em entrevista ao Em Companhia, o jesuta conta um
pouco de sua vida, de sua vocao como irmo e como a arte o
inspira na sua atual misso na Escola Santo Afonso Rodriguez, em
Teresina (PI), onde exerce a funo de Coordenador Pedaggico
do Ensino Fundamental I e do Servio de Orientao Religiosa e
Pastoral (SORPA).
Ir. Jorge, conte-nos um pouco de
sua histria.
Nasci em uma pequena cidade do in-
terior do Cear, chamada Quixad. Sou o
filho caula de quatro irmos: somos trs
homens e uma mulher. Venho de uma fa-
mlia muito religiosa, especialmente por
parte de meus avs paternos, que sempre
estiveram muito ligados Igreja catlica
e suas atividades. Isso me influenciou
de forma direta, pois, desde tenra idade,
fui conduzido por eles a experimentar
dessa f e a experincia eclesial sempre
fez com que minha famlia permaneces-
se bastante unida. Eu guardo um apreo
muito grande pelas parquias das quais
participei e que alimentaram, de certa
forma, minha caminhada de f.
Como conheceu a Companhia de
Jesus? Quais as motivaes que o le-
varam a decidir seguir Jesus Cristo
como jesuta?
Conheci a Companhia de Jesus
por meio dos encontros vocacionais
da arquidiocese de Fortaleza (CE),
aos quais fui convidado a participar
quando tinha 15 anos. E a conheci alguns jesutas que atuavam junto
ao servio com vocaes. Nesse
tempo, participei dos encontros
vocacionais em minha parquia.
Depois, fui morar em uma par-
quia dos jesutas e foi, ento, que
conheci, mais a fundo, a Ordem
religiosa, pois trabalhava junto
com os jesutas nessa parquia.
Assim, as inquietaes vocacio-
nais surgiram e tornaram-se fortes
com o passar dos anos. Ento, eles
me convidaram para fazer uma
experincia interna no centro vo-
cacional, aceitei e gostei do que
vivi. Posso dizer que o desejo de mais
intimidade com a pessoa de Jesus foi
o que me fez decidir pelo seguimento
de Cristo na Companhia.
Por que ser irmo jesuta? Pode
nos explicar essa vocao?
Este chamado a ser irmo veio des-
de o momento em que conheci a vida
religiosa consagrada, porque, a meu
ver, os irmos tm maiores possibili-
dades para se inserirem no meio das
comunidades, das pessoas e de estar a
servio dos demais; e sempre senti esse
apelo. No decorrer do processo vocacio-
nal, senti-me interpelado a buscar a vo-
INSPIRADO POR CRISTOE PELA ARTE
-
8 9Em Em
cao sacerdotal, assim como boa parte
dos jovens da minha poca. Contudo a
possibilidade de ser irmo tocava-me
mais fortemente. Tenho mais de 25 anos de vida consagrada e posso dizer que o
ser irmo assumir os conselhos evan-
glicos do batismo na vida toda e assim
seguir e servir radicalmente o Cristo,
enquanto misso e doao. O consagra-
do aquele que um testemunho vivo
de Jesus Cristo em tudo aquilo que faz.
Hoje, o irmo desafiado a ser proa-
tivo, a assumir responsabilidades que,
antes, eram exclusivas dos padres.
Como o senhor v essas mudanas?
Essa mudana muito positiva, por-
que, hoje, os irmos se fazem protago-
nistas de sua prpria histria. Hoje, mui-
tos irmos atuam em cargos que, antes,
eram apenas dos sacerdotes. Contudo
creio que a discusso primeira o fato de
que somos todos jesutas com diversos
dons a servio de uma misso que co-
mum: anunciar o Reino de Deus e faz-lo
presente nos dias atuais. Os irmos tm
muitos dons e capacidades que podem
ser utilizados pela Companhia de Jesus.
Oxal, continuemos crescendo nessa
igualdade dentro da Companhia de Jesus
e que os irmos estejam sempre dispo-
sio de todas as frentes de misso, onde
formos produzir o bem maior.
Por que a vocao de Irmo atra-
ente para os jovens de hoje?
Digo aos jovens que essa vocao
atraente porque traz em si algumas di-
menses importantes para o ser humano,
como o escondimento, pois podemos re-
alizar a nossa misso sem necessidade de
alardes e essa uma dimenso importante
para as pessoas. O irmo algum que tem
identidade prpria, algum apaixonado
pela pessoa de Jesus Cristo e pelas demais
pessoas e a est presente a acolhida do
outro, pois o sentido da vida d-se quando
nos colocamos a servio dos demais. as-
sim que eu vejo a vocao dos irmos.
O senhor formado em Pedago-
gia e em dana. Por que Pedagogia?
Em que a dana o ajuda no traba-
lho pedaggico?
Formei-me, primeiramente, em
pedagogia e trilhei esse caminho por
orientao dos meus superiores da
poca, que me motivaram a estudar
em virtude das necessidades da Com-
panhia de Jesus, pois a maioria de suas
obras era na rea da educao. Segui,
ento, por esse caminho e apaixonei-
-me. Posso dizer que, hoje, amo traba-
lhar com educao. Posteriormente,
veio a dana, como nova dimenso
da minha vida como religioso. Essa
graduao em dana ajudou-me a ler
o mundo a partir da forma da movi-
mentao, uma linguagem por meio
da qual as pessoas se comunicam e
da qual, no meu trabalho, fao uso
para entender como as pessoas esto
no mundo, pois, para mim, a dana
isso: uma forma de estar no mundo.
Como surgiu o interesse pela dan-
a? Qual a histria com essa arte?
A dana surgiu em minha vida bem
antes da vocao religiosa, pois come-
cei meus estudos de bal clssico ainda
muito jovem, fui conhecendo a arte e
amadureci muito o meu modo de pen-
sar depois que ingressei na vida religio-
sa. Muitas vezes, pensei em deixar de
lado a dana, contudo encontrei pes-
soas que me incentivaram a continuar
vivendo essa arte e, mesmo estando na
Companhia de Jesus, participei de v-
rios grupos e viajei pelo Brasil com este
fazer artstico. Assim, posteriormente,
veio a oportunidade de aprofundar-me
cientificamente nessa arte com a gra-
duao, a especializao e o mestrado.
Meus estudos sempre foram voltados
para as tradies populares, minha rea
de interesse. Por meio deles, pude per-
ceber o que as comunidades so a partir
de suas danas populares. Atualmente,
no estou atuando na rea da dana,
mas procuro viver e ler o mundo a partir
dessa tica.
[...]PUDE PERCEBER O QUE AS COMUNIDADES SO A PARTIR DE SUAS DANAS POPULARES
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10 11Em Em
O MINISTRIO DE UNIDADE NA IGREJA SANTA S
PAPA INSTITUI MEMRIA DE MARIA NO CALENDRIO LITRGICO
Em 3 de maro, o Papa Francisco publicou o decreto Ecclesia Ma-ter, que determina a inscrio da Memria da Bem-aventurada Vir-
gem, Me da Igreja no Calendrio Ro-
mano Geral. Essa memria ser cele-
brada todos os anos na segunda-feira
depois de Pentecostes.
O decreto, assinado pelo prefeito
da Congregao para o Culto Divino e
a Disciplina dos Sacramentos, o carde-
al Robert Sarah, traz a seguinte afirma-
o: Esta celebrao ajudar a lembrar
que a vida crist, para crescer, deve ser
ancorada no mistrio da Cruz, na obla-
o de Cristo no convite eucarstico e
na Virgem, Me do Redentor e dos re-
dimidos. O motivo da celebrao tam-
bm est, brevemente, descrito no do-
cumento: favorecer o crescimento do
sentido materno da Igreja nos Pastores,
nos religiosos e nos fiis, como, tam-
bm, da genuna piedade mariana.
Segundo o cardeal Robert, con-
siderando a importncia do mistrio
da maternidade espiritual de Maria, o
Papa Francisco estabeleceu que a Me-
mria de Maria, Me da Igreja, seja
obrigatria para toda a Igreja de Rito
Romano, explicou. O desejo que
essa celebrao, agora, para toda a
Igreja, recorde a todos os discpulos de
Cristo que, se queremos crescer e en-
chermo-nos do amor de Deus, preci-
so enraizar a nossa vida sobre trs rea-
lidades: na Cruz, na Hstia e na Virgem
Crux, Hostia et Virgo. Esses so os trs
mistrios que Deus deu ao mundo para
estruturar, fecundar, santificar a nos-
sa vida interior e para nos conduzir a
Jesus Cristo. So trs mistrios a con-
templar no silncio, disse o cardeal.
Anexos ao decreto, foram apresen-
tados, em latim, os respectivos textos
litrgicos, para a Missa, o Ofcio Divino
e para o Martirolgio Romano. As Con-
ferncias Episcopais providenciaro a
traduo e aprovao dos textos, que, de-
pois de confirmados, sero publicados
nos livros litrgicos da sua jurisdio.
Em 2018, a celebrao ser no dia 21 de maio, segunda-feira de Pentecostes.
Fontes: Vatican News/Cano Nova/Isto
O DESEJO QUE ESSA CELEBRAO[...] RECORDE A TODOS OS DISCPULOS DE CRISTO QUE, SE QUEREMOS CRESCER E ENCHERMO-NOS DO AMOR DE DEUS, PRECISO ENRAIZAR A NOSSA VIDA SOBRE TRS REALIDADES: NA CRUZ, NA HSTIA E NA VIRGEMCardeal Robert Sarah
Foto
: Rep
rodu
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10 11Em Em
FRANCISCO VOLTA A PEDIRPAZ NA SRIA
DEUS JOVEM, O NOVO LIVRO DO PAPA FRANCISCO
Diante de milhares de fiis na Praa de So Pedro, em Roma (Itlia), o Papa Francisco voltou a pedir o fim da guerra na Sria e classifi-
cou a situao do pas como desumana.
No dia 25 de fevereiro, na orao do An-gelus do meio-dia, o Pontfice expres-
sou sua preocupao. Nestes dias, meu
pensamento tem se voltado reiteradas
vezes para a amada e martirizada Sria,
onde a guerra se intensificou, especial-
mente no Ghouta oriental, afirmou.
Francisco lembrou que fevereiro
foi um dos meses mais violentos em
sete anos de conflito. Foram cente-
nas, milhares de vtimas civis, crian-
as, mulheres, ancios; hospitais foram
atingidos, o povo no pode prover ali-
Aps dois anos da publicao do livro O nome de Deus misericr-dia, divulgado o em mais de 100 pases, o novo livro-entrevista do Papa
Francisco, Deus jovem, ser lanado em
todo o mundo no dia 20 de maro.Na obra, Francisco conversa com o
jornalista Thomas Leoncini, dirigindo-
-se aos jovens de todo o mundo, de den-
tro e de fora da Igreja. Com firmeza e pai-
xo, o Pontfice analisa os grandes temas
da atualidade. O resultado um dilogo
corajoso, ntimo e memorvel.
No Brasil, o livro ser publicado pela
Editora Planeta, que confiou ao Pe. Joo
Carlos Almeida, SCJ, conhecido como pa-
dre Joozinho, a traduo da obra. Segun-
do ele, o livro envolvente e fascinante;
e abre uma srie de pistas concretas para
entender e atender o jovem de hoje.
[...]DIRIJO MEU VEEMENTE APELO A FIM DE QUE CESSE IMEDIATAMENTE A VIOLNCIA, SEJA DADO ACESSO S AJUDAS HUMANITRIAS ALIMENTO E MEDICAMENTOS E OS FERIDOS E OS DOENTES SEJAM RETIRADOSPapa Francisco
mentos... Irmos e irms, tudo isso
desumano, afirmou.
O Papa ressaltou que no se pode
combater o mal com outro mal. E a guerra
um mal e, mais uma vez, pediu dirijo
meu veemente apelo a fim de que cesse
imediatamente a violncia, seja dado
acesso s ajudas humanitrias alimen-
to e medicamentos e os feridos e os do-
entes sejam retirados. Peamos juntos a
Deus para que isso se d imediatamente.
Aps o apelo, seguido de um breve
momento de silncio, o Papa rezou mais
uma Ave-Maria com os fiis e peregrinos
reunidos na Praa So Pedro.
Fontes: Vatican News/Cano Nova/G1/Jornal do Brasil
Em declarao ao jornalista Silvonei
Jos, do Vatican News, padre Joozinho
confessou sua alegria em poder traduzir
a obra, considerada histrica. O livro
ser uma espcie de preparao para
o Snodo dos Bispos para os Jovens de
outubro 2018 e para a JMJ de janeiro de 2019, no Panam, afirmou.
Fonte: Vatican News
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12 13Em Em
ESPECIAL
Em12
VALORES PARA UM MUNDOSUSTENTVEL E DE
PAZManh de segunda-feira, Joo segue preocupado para o tra-balho. Tenso, dirige o carro sem prestar ateno ao trnsito inten-
so. S volta realidade ao ser fechado,
bruscamente, por um motoboy. Instin-
tivamente, pisa no freio, evitando um
acidente. Ao parar no semforo, o mes-
mo motoqueiro balana a cabea e diz:
Voc me desculpe. Estou correndo para
dar conta de tantas entregas e, na pressa,
fechei seu carro sem querer. No mesmo
instante, Joo abre o vidro do carro e res-
ponde: Imagino a presso, mas, por fa-
vor, se cuide, voc deve ter uma famlia
lhe esperando em casa. Trocam sorrisos
e seguem seu destino.
A histria acima despertou em voc
a vontade de viver em um mundo mais
humano? Onde as pessoas sejam mais
compreensivas e menos agressivas? En-
to, continue a leitura deste texto! Voc
concluir que possvel, sim, transfor-
mar o mundo em um lugar mais justo e
tolerante. Essa a proposta da Confern-
cia Nacional dos Bispos do Brasil para a
55 edio da Campanha da Fraternidade 2018. Ao escolher o tema Fraternidade e superao da violncia, junto ao lema Vs
sois todos irmos, extrado do captulo
23 do Evangelho de So Mateus, a CNBB quer provocar a reflexo sobre a violn-
cia e, particularmente, como super-
-la. A violncia atinge toda a sociedade
brasileira em suas mltiplas esferas, o
caminho para super-la a fraternidade
entre as pessoas, que se unem para im-
plementar a cultura da paz, explicou o
padre Lus Fernando da Silva, secretrio-
-executivo das Campanhas da CNBB, ao
site Cano Nova.
O padre Lus Fernando contou que,
alm de trazer dados sobre a dimenso
do problema da violncia no Brasil, a
Campanha da Fraternidade 2018 tem o objetivo de mostrar iniciativas voltadas
superao desse cenrio, assim como
quer servir de incentivo para o surgi-
mento de novas propostas nesse sen-
tido. Ele explicou que o lema Vs sois
todos irmos um convite para a supe-
rao da violncia por meio do reconhe-
cimento de que cada pessoa irmo e,
desse modo, no se pode deferir contra
ele atos de violncia.
Conhea, ao longo desta
matria, o que a Igreja e a
Companhia de Jesus tm feito
em prol da tolerncia e da
superao da violncia e da
desigualdade social no Brasil.
-
12 13Em Em
VALORES PARA UM MUNDO
TEMPOS DIFCEIS Vivemos em um tempo de muitas
contradies. O mundo tem crescido
muito na pluralidade e diversidade de
opinies. Somos uma aldeia global, pois
as comunicaes tornaram o mundo
bem menor do que h 60 anos, destaca o padre Luiz Araujo Gomes Pinto Jnior,
vigrio da Parquia Nosso Senhor do
Rosrio, em Russas (CE), que atua nas
pastorais sociais da Comisso Pastoral
da Terra, dos Catadores, da Criana, da
Pessoa Idosa, Carcerria e da Sobrieda-
de. Ele acrescenta que, no entanto, se
percebe um movimento crescente de
intolerncia de todos os tipos, religiosa,
sexual, social, de classe, cultural, polti-
ca etc. A intolerncia vem de uma crise
social, poltica, econmica e cultural
crise de valores , que gera injustia,
desigualdade, excluso, misria e, con-
sequentemente, a violncia. Falta-nos
voltar ao Evangelho, beber de sua fonte
que cheia de mensagens de misericr-
dia, de pontes, de encontros e de aco-
lhimento do diferente, reconhecendo
a todos como filhos de um mesmo Pai,
afirma o jesuta.
O estudante jesuta do 3 ano de Fi-losofia na FAJE (Faculdade Jesuta de
Filosofia e Teologia), Paulo Henrique
Carboni ressalta que a intolerncia e
a violncia so problemas complexos,
mas nada impede que haja uma refle-
xo aprofundada sobre essas questes.
O dio, a intolerncia e a violncia no
podem ser vencidos com discursos de
dio, intolerncia e violncia. O que
tambm no impede a nossa indigna-
o acerca das agresses que recebemos
e/ou percebemos no dia a dia. Acredito
ser uma questo de reflexo para a nossa
sociedade, a Igreja, as universidades e as
famlias, adverte o estudante, que atua
junto aos portadores de HIV, no Grupo
Solidariedade, em Belo Horizonte (MG).
Padre Antnio Ronilson Braga de
Sousa, assessor da Pastoral Universitria
da Diocese de Roraima, lembra que A PAZ
FRUTO DA JUSTIA. Nesse sentido, ele
questiona como podemos viver em paz
em um Pas onde at a Justia injusta? O
jesuta ressalta que a raiz da intolerncia
em que vivemos atualmente est no fun-
damentalismo poltico e religioso em que
nos encontramos.
Orientador Espiritual do Grupo Di-
versidade Crist, ligado ao Centro Cultu-
ral de Braslia (CCB), padre Alex Gonal-
ves Pin diz que as razes da intolerncia
DILOGO NA UNIVERSIDADE O Ncleo de Estudos Afro-brasileiro e Indgena, vin-
culado ao Instituto Humanitas, da UNICAP (Universida-de Catlica de Pernambuco), promove aes voltadas para a educao das relaes tnico-raciais e dialoga, por meio da articulao e de forma interdisciplinar, com o ensino, com a pesquisa e com a extenso. Assim, h cerca de oito anos, o NEABI tem como objetivo estimu-lar os espaos de educao a promoverem discusses sobre a histria da frica e das culturas afro-brasileira e indgena. Segundo Valdenice Raimundo, coordenadora da iniciativa, o NEABI tem papel essencial na promoo e no fomento de discusses sobre tolerncia. Aqui, um espao de expresso da universidade e ele acolhe as pessoas com suas crenas, seus valores e seu posicio-namento como pessoa. Acolhemos pessoas de diversas expresses religiosas, pois, aqui, tem dilogo, explica.
ATENDIMENTO MULHER VIOLENTADAA rea jurdica do Servio Jesuta a Migrantes e Refu-
giados Belo Horizonte (SJMR-BH), antigo Centro Zanmi, voltada para a proteo e informao sobre os direitos da populao migrante e refugiada. Dentre as violaes de direitos ocorridas, h um nmero significativo de ca-sos envolvendo violncia de gnero, explica Juliana Ro-cha, advogada e coordenadora da rea. Nesse contexto de intolerncia, a iniciativa busca tratar a questo de forma holstica. Atender mulheres vtimas desse tipo de violncia envolve no apenas buscar solues jurdicas para essas violaes, mas tambm cuidar de outros as-pectos da vtima, como o psicolgico e o social, afirma. Em 2016, o SJMR-BH implementou o Projeto Mulheres, que proporcionou um espao de unio entre mulheres. A iniciativa deu to certo que ganhou autonomia, des-vinculou-se do SJMR e, hoje, um coletivo de mulheres migrantes chamado Cio da Terra.
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14 15Em Em
ESPECIAL
e da violncia em que estamos vivendo so profundas. Ele
afirma que, para as pessoas LGBTs (Lsbicas, Gays, Bissexuais,
Travestis, Transexuais e Transgneros), esses problemas fazem
parte da vida em suas diversas modalidades. A insegurana e
o medo frente s possibilidades reais de sofrer algum tipo de
violncia so as principais motivaes para uma pessoa no se
assumir LGBT. O armrio lugar, lamentavelmente, mais segu-
ro, embora, simultaneamente, represente ainda segmentao e,
em alguns casos, priso para a pessoa LGBT, conta o jesuta.
O padre Alex Pin destaca que tem acompanhado casos
de violncia psicolgica e fsica que ocorrem nas famlias
e na sociedade. Ele lembra que, com muita frequncia, a
violncia homofbica em casa respaldada por orientao
religiosa, decorrente de discursos violentos proferidos em
plpitos e altares. As diversas igrejas tm exercido fun-
es diferentes nesse cenrio. H experincias de inclu-
so e criao de conscincia respeitosa. Mas h tambm
experincias de violncia provenientes de ao pastoral de
padres e pastores que, pautados em leituras fundamenta-
listas da Bblia, proferem discursos de dio que resultam
em violncia familiar, inclusive a expulso de filhos e fi-
lhas de casa, explica o jesuta.
EXERCITE A CULTURA DA PAZ
Pratique a empatia Antes de emitir julgamen-
tos, coloque-se no lugar do outro e tente entender o
ponto de vista dele.
Estimule a tolerncia No cotidiano ou nas redes so-
ciais, seja tolerante, respeite as diferenas e combata o
preconceito e a discriminao.
2
3
4 Seja aberto ao dilogo Opinies ou crenas diferentes das suas no devem ser motivo de discrdia.
ACOLHIMENTO DA DIVERSIDADEO Grupo Diversidade Crist de Braslia um espao de acolhida, solidariedade e tambm de evangelizao e amadurecimento. Os encontros do grupo acontecem no CCB (Centro Cultural de Braslia), obra da Compa-nhia de Jesus. O padre Alex Pin, orientador espiritual do Grupo, explica que a iniciativa atua em trs instncias principais: o acompanhamento humano-espiritual; a formao bblico-catequtica, ou seja, a vivncia da f crist baseada na espiritualidade; e a colaborao com a criao da cultura de respeito e incluso das pessoas LGBTs. Para o jesuta, todo ser humano tem o direito a ser quem , como . Essa a primeira graa que Deus nos d, a graa da existncia. Muitos dos nossos jovens tiveram essa realidade precarizada pelos esquemas morais preestabelecidos de nossa sociedade. Isso lhes causou muito sofrimento e ainda causa, conta. Embo-ra a iniciativa no seja exclusiva da Companhia de Je-sus, o grupo tem valorizado muito a presena jesuta. Desde a fundao, h cinco anos, vrios jesutas tm marcado presena na vida do grupo, conta padre Alex.
Aprenda com o diferente O contato com pessoas
vindas de outras realidades proporciona novos apren-
dizados, ajuda a crescer e s temos a ganhar com isso.
1
-
14 15Em Em
Apesar de sentir que a intolerncia e a violncia esto cada
vez mais fortes, a advogada Juliana Rocha, coordenadora da
rea jurdica do SJMR-BH (Servio Jesuta a Migrantes e Refu-
giados, de Belo Horizonte/MG), diz que o lado positivo de tudo
isso a sociedade estar mais atenta a essa questo e comear
a refletir sobre o tema. As discusses sobre o feminismo, o
feminicdio e as questes de gnero tm sido pauta mundial.
No SJMR-BH, os casos envolvendo agresso contra as mulhe-
res tambm tm aumentado. A especificidade que, muitas
vezes, a intolerncia e a violncia manifestam-se em razo de
questes culturais ou seja, no pas da pessoa, dar um tapa na
esposa durante uma briga calorosa aceitvel, ela conta, res-
saltando que o machismo tambm um aspecto grave, pois o
fato de um homem enxergar a sua companheira como algum
inferior, com menos direitos, lhe d a falsa premissa de que lhe
permitido abusar e dominar aquela mulher.
Juliana diz que, por meio do trabalho que realizam no
SJMR-BH, percebe-se o aumento do radicalismo e da xe-
nofobia na sociedade brasileira. Somos testemunhas de
alguns casos de xenofobia contra os imigrantes que aces-
sam os nossos servios. Essa atitude tem sido crescente
no ambiente de trabalho, com vrios casos de racismo.
Infelizmente, o aumento da xenofobia e da intolerncia
tambm uma tendncia mundial, alerta a advogada.
5 7
6
Solidarize-se com vtimas da violncia Diga no vio-
lncia cultural, aquela que justifica atos de agresso colo-
cando a culpa na vtima.
Conviva de forma fraterna Na famlia, no trabalho e
entre amigos, estimule a convivncia fraterna e a educa-
o que prega a paz, o amor e o perdo.
Trabalhe pela igualdade Identifique situaes
de desigualdade e de violncia e mobilize-se para
reivindicar polticas pblicas que tenham como
foco a superao desses problemas.
O TRABALHO DAS PASTORAISAs pastorais so trabalhos desenvolvidos pela Igreja em aes organizadas e dirigidas pelas Dioceses e pelas par-quias, para atuar em diferentes realidades. Esse trabalho, inspirado pelo Evangelho, realizado de forma voluntria. O padre Luiz Araujo Gomes Pinto Jnior, vigrio da Parquia Nossa Senhora do Rosrio, em Russas (CE), responsvel por acompanhar diversas pastorais, como dos Catadores, da CPT (Comisso Pastoral da Terra), da Criana, da Pessoa Idosa, a Carcerria e da Sobriedade, recm-fundada na parquia. Al-gumas delas trabalham diretamente com questes ligadas tolerncia e empatia. Na Pastoral Carcerria, o jesuta ex-plica que o objetivo ser presena de Jesus no crcere, pois ele mesmo se identifica com eles: estive preso e me visitas-te (Mt, 25). Esse mandato de Jesus constitui, por si mesmo, um ponto de tolerncia e empatia que vem da sabedoria de nosso mestre, de nosso inspirador maior da no violncia. Na Pastoral da Sobriedade, que atua junto aos dependentes qumicos que vivem com suas famlias ou mesmo nas ruas, a misericrdia o princpio bsico. O mtodo dessa pastoral trabalhar os 12 passos, que vo desde o admitir sua depen-dncia, qumica ou de outro tipo, at o aceitar sua realidade, passando pelo arrepender-se, pelo perdoar-se e at pelo fes-tejar e celebrar, afirma.
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16 17Em Em
ESPECIAL
ideias distorcidas, preconceituosas e, so-
bretudo, relacionadas moral e religio.
A aproximao e o conhecimento das do-
res e angstias, alegrias e esperanas, de
cada pessoa LGBT nos convida conver-
so, recomenda o jesuta. E acrescenta:
Assim como dever acercar-nos e fazer-
-nos juntos dos pobres, dos povos indge-
nas, dos migrantes e refugiados, preciso
tambm aproximar-nos da realidade de
mulheres e homens LGBTs, filhos amados
de Deus, queridos como so, para, conhe-
cendo, reconhecer, respeitar e amar.
S seremos mais tolerantes quan-
do aprendermos a nos colocar no lugar
do outro, afirma padre Ronilson Braga,
da Pastoral Universitria da Diocese de
Roraima. Ele prope que no basta colo-
car-se mentalmente no lugar do outro,
seno que devemos experimentar na pr-
pria pele o que o outro vivencia. Assim,
exercitaremos toda a nossa empatia e se-
remos bem mais misericordiosos. A esse
exerccio proposto chamamos de com-
paixo, que a essncia do Cristianismo,
explica o jesuta.
ACEITAR AS DIFERENASNs temos uma dificuldade enor-
me de lidar com a diferena. E uma fa-
cilidade enorme de excluir, estabelecer
preconceito, estabelecer muros e gue-
tos. Essa uma tradio histrica muito
forte entre ns, destacou o historiador
Leandro Karnal, em entrevista revista
da livraria Cultura, em 2015. Ele salien-tou ainda que o seu desejo e a sua uto-
pia alcanarmos o que ele chamou de
tolerncia ativa, ou seja, quando en-
tendermos que a diferena no nos en-
fraquece, mas nos fortalece. E concluiu:
Eu no ser o padro do mundo, alm
de ser uma alegria para o mundo e uma
felicidade, faz com que eu possa ver as
questes sob pontos de vista distintos.
O padre Alex Pin ressalta que as ra-
zes da intolerncia e da violncia em
que estamos vivendo so profundas.
Elementos que precisam ser encarados
com urgncia so a ignorncia e o pre-
conceito, no sentido de conceito no
refletido. Ao falar de homoafetividade
ou transexualidade, muitos de ns tm
PRECISAMOS MUDAR J!A violncia s ser superada com a pro-
moo da cultura da paz, da reconci-
liao e da justia. Os nmeros abaixo
mostram que precisamos mudar:
jovens foram assassinados entre 2005 e 2015
+ de 318 mil
54,1%
28,9
60,9 100
JOVENS
NEGROS
MULHERES
De cada
Crescimento de da taxa de
Reduo de da taxa de homic-
pessoas que sofrem
so negras
10071
18,2%
12,2%
homicdio no Brasil,
mulheres assassinadas em 2015
Crescimento de
Reduo de da mortalidade de
da mortalidade de
4.621
22%
7,4
das vtimas de homicdio tinham entre 15 e 29 anos, em 2015
mortes por 100 mil habitantes
Fonte: Atlas da Violncia 2017 produzido pelo Instituto de Pesquisa Econmica Apli-cada (Ipea) em parceria com o Frum Brasi-leiro de Segurana Pblica (FBSP).
INSERIR-SE NA REALIDADE DO OUTROCada vez mais exigido das univer-sidades o envolvimento ativo nas realidades em que esto inseridas. Nesse contexto, podemos interpre-tar o pedido do Papa Francisco para uma Igreja em sada como vlido tambm para as instituies de Ensi-no Superior, pois precisamos formar para a vida; formar para viver em sa-da; ou seja, atentos ao mundo que nos cerca. Na Pastoral Universitria da Diocese de Roraima, por exemplo, isso j est acontecendo por meio do mtodo Ver>Julgar>Agir, em que os membros so incentivados a pen-sar alternativas para a construo de um mundo mais justo. O padre jesu-ta Ronilson Braga, assessor diocesa-no da Pastoral Universitria, d um bom exemplo. Aps uma anlise do
contexto roraimense, sentimo-nos impulsionados prtica no servi-o da f e da promoo da justia. Aqui, por exemplo, a situao do migrante. Em conjunto, a comu-nidade universitria de Roraima envolveu-se para organizar a do-cumentao dos migrantes que chegavam ao DPF (Departamento da Polcia Federal); ministrar aulas de portugus gratuitas para os mi-grantes e mesmo outras assessorias imediatas, como o combate xeno-fobia. Assim, a essncia da Pastoral Universitria aqui ser tolerante e tambm educar para a tolerncia, pois sua atuao ultrapassa os mu-ros das universidades eclesisticas ou pontifcias e se instala tambm nas universidades civis, finaliza.
mulheres no negras, no mesmo perodo
mulheres no negras, no mesmo perodo
dios de no negros, no mesmo perodo
a mdia de homicdio da populao brasileira
Entre a populao jovem, essa taxa cresce
para por mil habitantes
homicdios de negros, entre 2005 e 2015
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16 17Em Em
SOLIDARIEDADE COM OS IRMOSFundado em 1988, o Grupo Solidariedade uma enti-dade civil organizada que acompanha os portadores de HIV/AIDS. Alm de grupos de apoio e terapia, a iniciativa oferece cestas bsicas, cursos de portugus, matem-tica, oficinas de artesanato, conscientizao acerca do HIV e da AIDS. Nesse contexto, a atuao da Companhia de Jesus se d por meio da colaborao dos estudantes jesutas em diversas frentes da iniciativa, como cursos e oficinas, alm de, junto com as Irms Vicentinas, tam-bm acompanharem a Oficina de Apoio, espao para a partilha. Segundo o estudante jesuta Paulo Henrique Carboni, esses encontros so uma oportunidade de co-nhecer a realidade das pessoas, suas dificuldades e ale-grias. Nesses espaos, temos a chance de crescer como coletivo. Para quem, muitas vezes, foi tratado com des-confiana, pelo preconceito, ou ainda pela doena, a possibilidade de sentir-se sozinho grande. Por isso acredito que, no espao do grupo de apoio, a vida em companhia acontece. Estar juntos e identificados juntos a fora capaz de impulsionar aquelas pessoas a vence-rem as dificuldades, acredita.
VALORIZAO DA CULTURA INDGENAO Centro Educacional F e Alegria Frei Antnio, ligado Companhia de Jesus, atende a cerca de 120 alunos ind-genas com o Projeto War Kberam Espao de Todos e Todas. Esse trabalho envolve a mediao para integrao de indgenas e no indgenas. As atividades so voltadas para a divulgao, fortalecimento e valorizao da cultura indgena Xerente. Trimestralmente, o Centro realiza aes dentro das aldeias, como: reunies familiares, visitas in-dividuais e colnias de frias. Para esse trabalho de inter-mediao dentro das aldeias, foi contratado tambm um educador social indgena, que mora dentro de uma das trs maiores aldeias da regio. comum, na cidade, ou-virmos as pessoas se referirem aos indgenas de forma pre-conceituosa e at agressiva, conta Rosimar Neres de Sousa Oliveira, coordenadora de Projetos F e Alegria-Tocantnia (TO). Mas, segundo ela, depois da chegada do F e Alegria cidade, h 16 anos, as aes de combate intolerncia e discriminao se intensificaram e visvel a diminuio do preconceito dentro do Centro Educacional. Tem se tornado comum crianas e jovens no indgenas se inte-ressarem pela cultura Xerente, se pintando, danando e cantando msicas indgenas, conta Rosimar.
O padre Jnior, vigrio em Russas (CE), lembra que a intole-
rncia sempre parte da no aceitao do outro como ele . Mas,
antes disso, pode haver ainda um problema de no aceitao de
si mesmo. Assim, necessrio um trabalho de auto-
aceitao, de maneira integral, cultivar o amor
prprio, para, ento, poder amar o outro,
aceitar o outro como ele , afirma o jesu-
ta. Segundo ele, ser tolerante no signi-
fica concordar com tudo que vem dos
outros: Posso discordar, mas farei de
tudo para que aquela pessoa de quem
eu discorde tenha o direito de se ex-
pressar e agir conforme sua orienta-
o, seja ela religiosa, social, sexual ou
cultural, afirma.
Juliana, do SJMR-BH, acredita que a
educao o caminho mais eficaz para com-
bater o cenrio de violncia atual. O debate acer-
ca desses temas faz com que as pessoas leiam, pensem
e reflitam a respeito da intolerncia e se conscientizem. A infor-
mao primordial para o combate intolerncia, diz a advogada.
O estudante jesuta Paulo Henrique acredita que o re-
conhecimento do outro uma oportunidade de combate
s vrias situaes de injustia que presenciamos atual-
mente. Ao mesmo tempo, esse reconhecimento
do outro acontece quando h uma educao
(nesse sentido, tica) que pode oferecer
as oportunidades de consenso entre
as pessoas, ele diz, acrescentando:
No h de se ter uma uniformidade
social, longe disso. preservando a
diversidade e a diferena, conside-
rando o reconhecimento humano,
que as dissonncias, a ignorncia
e a intolerncia perdem espao em
nossas relaes. Sem dvida, dif-
cil isso acontecer! Mas a chance de
reconhecer nos outros a humanidade
que tambm est em mim. A violncia que
agride, acusa, fere e mata outro ser humano no
h de ter lugar quando a experincia de se tornar presente
na vida dos outros acontecer.
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18 19Em Em
COMPANHIA DE JESUS NO MUNDO CRIA GERAL
EDUCAO TEMA CENTRAL DO ANURIO 2018 Anualmente, a Companhia de Je-sus publica um anurio no qual d a conhecer seu trabalho em todo o mundo. Em 2018, a publicao dedicada ao compromisso dos jesutas
com a educao e a formao. Nas 151 pginas que compem o anurio, so
compartilhadas experincias educacio-
nais de diferentes partes do mundo e
que refletem a vocao transformadora
da educao jesuta.
Entre essas experincias educacio-
nais destacam-se a do Colgio Tcnico
Mwapusukeni, um dos oito ltimos
dirigidos pelos jesutas na Provncia
da frica Central, na Repblica Demo-
crtica do Congo; a do Arrupe College,
uma extenso da Universidade Loyola
de Chicago, nos Estados Unidos, que
oferece apoio para famlias com pouco
recursos financeiros; e o projeto DACA,
na ndia, que tem ajudado centenas de
jovens dalits, principalmente meninas,
a recuperar a sua dignidade.
O anurio tem tambm outras sees,
como a dedicada aos aniversrios, que
lembra a trajetria de vrias instituies e
projetos que esto comemorando algum
marco em 2018. Nessa parte, h um artigo sobre Santo Estanislau Kostka, patrono
dos novios jesutas, por ocasio do 450 aniversrio de sua morte.
A publicao traz ainda diversos ar-
tigos sobre a presena jesuta em dife-
rentes contextos e apostolados. O texto
Itinerrios de Iniciao e Aprofundamento
na experincia de Deus aborda uma nova
maneira de fazer os Exerccios Espiri-
tuais na vida corrente. H tambm um
artigo sobre o projeto de colaborao,
entre as provncias europeias e africanas
da Companhia de Jesus, nas questes re-
lacionadas aos imigrantes e refugiados.
Alm disso, h tambm informa-
es sobre a 36 Congregao Geral (CG), realizada em 2016. Nessa parte, voc pode conferir uma entrevista
com o ex-Superior Geral da Compa-
nhia de Jesus, padre Adolfo Nicols,
testemunhos de vrios participantes
da Congregao e uma carta do atu-
al Superior Geral, padre Arturo Sosa,
que conta um pouco de sua trajetria
como jesuta.
Publicado em cinco idiomas (in-
gls, espanhol, francs, alemo e
italiano), o anurio 2018 um con-vite aos leitores para se juntarem
Companhia em sua oferta ao Senhor.
A publicao distribuda entre jesu-
tas, colaboradores e instituies de
todas as provncias da Companhia de
Jesus no mundo e tambm est dis-
ponvel on-line. Acesse o anurio em:
http://bit.ly/2oMHbDH
O ANURIO 2018 UM CONVITE AOS LEITORES PARA SE JUNTAREM COMPANHIA EM SUA OFERTA AO SENHOR
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18 19Em Em
COMPANHIA DE JESUS INAUGURA SEGUNDA UNIVERSIDADE NA FRICA
O DISCERNIMENTO APOSTLICO EM COMUM
NOMEAO
Em fevereiro, aps 24 anos funcio-nando como centro de estudos filosficos dos jesutas, a Arru-pe College Jesuit School of Philosophy
and Humanities (Faculdade Jesuta de
Filosofia e Cincias Humanas) foi, ofi-
cialmente, inaugurada com o nome de
Arrupe Jesuit University (AJU), em
Harare (Zimbbue). Essa a segunda
universidade jesuta na frica, depois
da Universidade de Loyola, na Rep-
blica Democrtica do Congo, e a stima
universidade privada no Zimbbue.
O chanceler da universidade e pre-
sidente da conferncia de superiores
jesutas da frica e de Madagascar, pa-
dre Agbonkhianmeghe Orobator, disse
que, alm de transmitir conhecimento
e compreenso, a universidade dever
servir s necessidades dos pobres. A
realidade dolorosa e perturbadora da
O escritrio de Conselheiro Ge-ral de Discernimento e Plane-jamento Apostlico organizou um workshop com o tema Discernimento
apostlico em comum, na Cria Geral, em
Roma (Itlia), entre os dias 6 e 9 de feve-reiro. Participaram do evento, 28 pessoas entre jesutas e colaboradores de todo
o mundo. Na abertura do encontro, o
Superior Geral da Companhia de Jesus,
padre Arturo Sosa, enfatizou que a Com-
panhia de Jesus um corpo apostlico
multicultural caminhando para o cum-
primento de sua misso na Igreja. Que-
remos avanar juntos, jesutas e leigos,
para encarnar a Igreja-povo de Deus
do Conclio Vaticano II. A Companhia,
O Superior Geral da Companhia de Jesus, padre Arturo Sosa, nomeou: O Pe. Mark A. Ravizza (UWE),
conselheiro-geral. Nascido em 1958, o padre Ravizza ingressou na Compa-
nhia de Jesus em 1992 e foi ordenado sacerdote em 1999. Juntamente com os outros consultores, ajudar o Pe.
Geral a discernir e promover os as-
suntos universais da Ordem religiosa.
Ele assumir, como responsabilidade
especial, os assuntos relacionados
formao dos jesutas.
Fonte: Boletim da Cria Geral dos Jesutas (n 3/Fevereiro 2018)
pobreza generalizada um catalisador
e um desafio para o desenvolvimento
do ensino superior na frica. A AJU vai
pensar em formas criativas e inovado-
ras para [abordar] esse desafio, como a
educao de uma sociedade que valo-
riza a justia e a equidade e o compro-
metimento com a criao de condies
socioeconmicas e polticas justas e
equitativas, para que as pessoas margi-
nalizadas e desprivilegiadas floresam
em liberdade e dignidade, afirmou.
A direo da nova universidade
anunciou que, mesmo buscando a ex-
celncia acadmica em todos os mbi-
tos, o objetivo fazer isso com a ntida
misso de contribuir seriamente para a
agenda de desenvolvimento da frica.
Fontes: IHU Unisinos/OMPRESS-ZIMBABUE
em todo o mundo, enfrenta escolhas-
-chave. H muitas chamadas. Ns, je-
sutas, com nossos colaboradores lei-
gos na misso, no podemos alcanar
um nmero ilimitado de necessidades,
temos que escolher, e por isso que o
discernimento comum urgentemen-
te necessrio, afirmou o Pe. Geral. Ele
tambm estimulou os participantes a
apresentarem os princpios bsicos,
ferramentas e metodologia para um
discernimento comunitrio. Pe. Sosa
reconheceu que essa uma tarefa
enorme, no entanto, lembrou aos par-
ticipantes: se ns temos essa base co-
mum e uma fundamentao comum,
podemos seguir em frente, finalizou.
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20 21Em Em
A COMPANHIA DE JESUS NA AMRICA LATINA CPAL
DISCERNINDO AS PREFERNCIAS APOSTLICAS UNIVERSAIS
Pe. Roberto Jaramillo Bernal, SJPresidente da CPAL
O processo mais importante que est vivendo a Compa-nhia de Jesus em nvel uni-versal, como corpo apostlico plural
(no s jesutico) aquele ao qual
nos tem convidado o Pe. Geral, Arturo
Sosa, em cumprimento do mandato
que lhe conferiu a 36 Congregao Geral (CG), para que [...] que reveja o
processo iniciado pela 34 CG e pros-seguido pelo Padre Peter-Hans Kolven-
bach de avaliar o cumprimento das
nossas atuais preferncias apostlicas
e, se for oportuno, que proponha outras
novas. (Decr.2, n.14). E a mesma 36 CG acrescenta: O discernimento de
tais preferncias deveria contar com a
mais ampla participao possvel, tan-
to de toda a Companhia, como daqueles
que trabalham conosco na misso.
Desde o final da 36 Congregao Geral, vem se trabalhando no desenho
e na animao desse processo. As duas
primeiras reunies do Conselho Geral
Ampliado (Tempo Forte, em Roma/It-
lia), em junho e setembro de 2017, foram quase inteiramente dedicadas a essa ta-
refa. Foi assim que, durante o segundo
semestre do ano passado, o Pe. Geral nos
presenteou com essas trs magnficas
cartas: uma, sobre Nossa Vida e Misso;
outra, sobre Discernimento em comum; e
outra, na qual nos pede para participar
ativamente no discernimento das Prefe-
rncias Apostlicas Universais.
Estamos, agora, todos e todas nes-
te estado: em discernimento fazen-
do a nossa parte nele , isto , conver-
sando, buscando, perguntando-nos,
rezando pessoal e comunitariamente
sobre quais devem ser as Preferncias
Apostlicas da Companhia Universal.
Sero cinco, ou quatro, ou menos?
Isso cabe ao Pe. Geral decidir. A ns,
cabe colocar-nos em estado de discer-
nimento e deixar-nos interpelar por
Deus na histria e nos textos inspira-
dores, bem como propor, em nossas
comunidades e equipes apostlicas,
com as lentes de um corpo apostlico
universal, as preferncias que consi-
deramos indispensveis.
No h modelos de preferncias e o
Pe. Geral no tem querido condicionar o
dilogo e a busca de todo o corpo apost-
lico. Mas, na sua alocuo conclusiva do
ltimo Conselho Ampliado em Roma (ja-
neiro de 2018), ele nos ofereceu algumas
pistas que, a meu ver, constituem uma
chave fundamental para definir o que
pode se tornar uma Preferncia Apostli-
ca Universal; aqui, trs pequenos trechos:
As PAU so um esforo para ver o
nosso futuro com a luz do Senhor (Sl 35, Jo 8,12). Queremos que sejam fruto de um discernimento em comum do cor-
po apostlico da Companhia de Jesus,
expresso pela sua cabea e confirmado
pelo Santo Padre, de maneira que se tor-
nem um envio da Companhia por parte
da Igreja (n 2).
As PAU nos oferecero um horizonte
temporal de 2019-2029 para orientar as atividades apostlicas da Companhia.
Uma vez formuladas as PAU, faremos
o esforo para concretizar as metas que
queremos alcanar e desenhar alguns in-
dicadores que nos permitam saber que ca-
minhamos (n 3).
Cada uma das preferncias formu-
ladas deve ser encarnada:
a) Na Espiritualidade Inaciana
b) Em criar e acompanhar processos
sociais voltados para a justia
c) No apostolado intelectual
d) Nos modelos pedaggicos de educa-
o formal e informal
e) Na dimenso ecolgica
f) Na formao dos jesutas e dos com-
panheiros de misso (n 5).
Convido todos e todas, jesutas e
colaboradores, a fazer desses pargra-
fos motivo da nossa ateno e orao,
pois iluminam muito a contribuio
que estamos convidados a fazer no
discernimento de toda a Companhia.
CONVIDO TODOS E TODAS, JESUTAS E COLABORADORES, A FAZER DESTES PARGRAFOS MOTIVO DA NOSSA ATENOE ORAO[...]
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20 21Em Em
SJPAM REALIZA SEMINRIO
PARTICIPAO NA ASSEMBLEIADO CIMI NORTE I
REDE DE ENFRENTAMENTO DE TRFICO DE PESSOAS
Entre os dias 12 e 15 de feve-reiro, o Servio Jesuta Pan--amaznico SJPAM realizou um seminrio, em Leticia (Colmbia).
O encontro contou com as presen-
as do padre Rafael Moreno, da CPAL
(Conferncia dos Provinciais Jesutas
da Amrica Latina); de Mimi Cuq, da
iniciativa Entreculturas F e Alegria;
de Gianfranco Dulanto e Federica Pe-
trella, da ODP Peru; de Maria Teresa
Uruea; e dos padres Valrio Sartor e
Alfredo Ferro, do SJPAM.
Com o objetivo de fortalecer a relao do Servio Jesuta Pan-amaznico SJPAM com o Conselho Indigenista Missionrio
CIMI, o padre Valrio Sartor partici-
pou da 34 Assembleia do CIMI da Re-gio Norte I e dos encontros das equi-
pes que atuam nessa regional, entre
os dias 15 e 23 de fevereiro. Os eventos
Os integrantes da Rede de Enfren-tamento de Trfico de Pessoas da Trplice Fronteira (Brasil-Peru--Colmbia) realizaram uma ordinria,
que contou com a presena de 16 partici-pantes dos pases fronteirios. O encon-
tro aconteceu na casa dos jesutas, em
Leticia (Colmbia), no dia 24 de fevereiro.
O seminrio teve dois objetivos
principais: 1) Conhecer, reconhecer, re-visar e enriquecer o projeto do SJPAM; e
2) Pensar e elaborar uma proposta para a Rede Claver da CPAL no apoio ao SJPAM.
Segundo padre Alfredo, o encontro
foi um espao muito interessante, que
permitiu visibilizar o caminho per-
corrido e, ao mesmo tempo, projetar a
misso do SJPAM para os prximos dois
anos. O padre Valrio tambm ressalta
que, no encontro, foi possvel elabo-
rar o rascunho de um projeto que ser
Fonte: Carta Mensal Pan-Amaznia (n 46/Janeiro e Fevereiro 2018) Acesse www.jesuitasbrasil.com/cartapanamazonia e leia a ntegra desta e de outras edies.
aconteceram em Manaus (AM) e reu-
niram mais de 70 pessoas. Com o tema Novas e prprias for-
mas de organizao indgena frente
aos desafios atuais, os participantes
refletiram sobre a realidade do ndio
no Brasil. O secretrio nacional do
CIMI, Cleber Buzatto, fez uma anlise
de conjuntura no que tange situao
indgena no Brasil; j as lideranas in-
dgenas das regies amaznicas apre-
sentaram as formas de organizao de
seus povos e os desafios que enfren-
tam. Em outro momento do encontro,
houve a socializao dos trabalhos
das equipes, a formao sobre a espi-
ritualidade e os povos indgenas e a
prtica missionria do CIMI.
apresentado Rede Claver, com a fina-
lidade de buscar apoio s Oficinas de
Desenvolvimento (OD) das provncias
jesutas para atender prioridade, que
a Amaznia.
Na reunio, foram levantadas al-
gumas pautas como a retomada da ca-
minhada da Rede, a exposio de seus
objetivos para os novos integrantes e a
avaliao das atividades que vm sendo
desenvolvidas. Em um segundo mo-
mento, os participantes definiram o
planejamento das atividades para 2018,
que baseou-se em duas propostas: 1) Formao permanente dos integrantes
da Rede sobre o que o trfico huma-
no; e 2) Construo de um mapa sobre esta problemtica.
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22 23Em Em
COMPANHIA DE JESUS GOVERNO
PROVNCIA BRA PROMOVE MUDANAS EM SUA ESTRUTURA
Trs anos aps a unificao, perodo chamado de ad experi-mentum, a Provncia dos Jesu-tas do Brasil BRA inicia ajustes em
seu Estatuto, com o objetivo de tor-
nar sua estrutura mais leve e dinmi-
ca. Em outubro do ano passado, o Pe.
Arturo Sosa, Superior Geral da Com-
panhia de Jesus, em sua visita Pro-
vncia, apresentou, durante a reunio
com o Frum de Gesto Apostlica e a
Consulta Cannica, suas observaes
e sugestes, baseadas na avaliao
realizada por jesutas e muitos cola-
boradores leigos ao longo do primei-
ro semestre de 2017. Vale ressaltar que os resultados da avaliao foram
apresentados durante a II Assembleia
BRA, na Casa de Retiros Vila Kostka,
em Itaici (Indaiatuba/SP), em julho
do ano passado. luz dessa avalia-
o, o governo da Provncia, depois
de consultar os ento superiores das
Plataformas Apostlicas e a Consulta
Cannica, enviou uma proposta de
ajustes ou mudanas a serem feitas
no Estatuto BRA. Todos esses dados,
mais as informaes de muitas cartas
e o parecer do Assistente Regional fo-
ram a base para o Pe. Geral propor os
ajustes, explica o padre Joo Renato
Eidt, provincial dos Jesutas do Brasil.
Entre as mudanas, irmo Eud-
son Ramos, scio da Provncia BRA,
destaca a substituio dos nomes das
antigas Plataformas Apostlicas por
Ncleos Apostlicos. Essa nova no-
menclatura foi proposta pelo Pe. Ge-
ral e sua criao visa atender a cura
personalis e a cura apostolica que, es-
sencialmente, a misso do superior
que acompanha os jesutas e colabo-
radores em suas atuaes, afirma o
jesuta, acrescentando que os ncleos
so unidades geogrficas bem meno-
res do que as plataformas. Essa al-
terao busca diminuir o tempo que
os anteriores superiores gastavam se
deslocando de um lugar para o ou-
tro. Atualmente, j temos 16 ncleos confirmados. A principal mudana
ser na possibilidade de o superior
acompanhar bem mais de perto as co-
munidades, obras, jesutas e colabo-
radores. Existem ncleos ainda com
grande nmero de obras ou jesutas,
mas estamos dando passos para a me-
lhor qualificao desse acompanha-
mento, afirma.
Atualmente, j foram nomeados
14 superiores dos ncleos. Segundo irmo Eudson, a funo deles per-
manece conforme descrita nos docu-
mentos da Companhia de Jesus. No
h mudana em nenhum aspecto
que no seja j conhecido por todos.
Acompanhar pessoas e processos,
motivar o trabalho em rede e a trans-
versalidade de nossa misso, confor-
me o plano apostlico da BRA, so al-
gumas das atribuies confiadas aos
superiores nessa nova fase da Provn-
cia, ressalta.
Padre Joo Renato explica outra
mudana, a criao da funo de dois
novos delegados: um para a Prefe-
rncia Apostlica Amaznia e outro
para a Sade e Bem-Estar. Sobre o
primeiro, ele conta que esse jesu-
ta exercer a cura personalis e a cura
apostolica dos companheiros que atu-
am na Amaznia. Ele ter a funo
de dinamizar e acompanhar toda a
organizao apostlica da Provncia
BRA na Amaznia, sempre em sinto-
nia e comunicao com o provincial,
diz. J sobre o delegado para a Sade
e Bem-Estar, irmo Eudson conta que
ele ser responsvel pelo cuidado dos
jesutas que esto nas casas de sade
e bem-estar e, de forma mais ampla,
acompanhar tambm o programa de
sade da Provncia junto com o ges-
tor da sade. O intuito estabelecer
uma poltica de sade para toda a Pro-
vncia. Esse delegado ter autoridade
O Estatuto um documento que
apresenta a estrutura de governo
e o esprito apostlico que devem
animar e guiar a vida e a misso da
Provncia BRA.
-
22 23Em Em
tambm para acompanhar e receber
a conta de conscincia dos jesutas
destinados s Comunidades de Sade
e Bem-Estar, diz.
Outra importante mudana a
criao do Conselho para a Misso,
cuja finalidade auxiliar o governo
provincial na reflexo, no discerni-
mento e na organizao das ativida-
des apostlicas da Companhia de Je-
sus. Segundo padre Joo Renato, esse
conselho constitudo pelos cinco
secretrios (Colaborao com Ou-
tros e Servio da F e Espiritualidade;
Juventude e Vocaes; Justia Socio-
ambiental; Educao; e Parquias,
Santurios e Igrejas), pelos trs dele-
gados responsveis pela Prefern-
AS MUDANAS1) Criao de 16 Ncleos Apostli-cos, no lugar das sete Plataformas
Apostlicas (ainda sero includos
os Ncleos Apostlicos da Prefern-
cia Apostlica Amaznia).
2) Nomeao de dois delegados: um para a Preferncia Apostlica Ama-
znia e outro para a Sade e Bem-
-Estar dos jesutas. Ambos passam
a receber tambm a conta de cons-
cincia dos jesutas: o primeiro, dos
companheiros que esto na regio
amaznica e o segundo, dos que es-
to nas casas de sade e bem-estar.
3) Confirmao da funo de delega-do para a Formao, que agora tam-
bm passar a receber a conta de
conscincia dos jesutas que esto
em formao, bem como dos mem-
bros das equipes de formao em
cada uma das casas.
4) Criao de dois secretrios: Secretrio da Educao, respon-
svel por pensar essa atuao de
forma nica, em diferentes seg-
mentos (Bsica, Superior e Educa-
o Popular).
Secretrio para as Parquias, San-
turios e Igrejas.
5) Criao do Conselho para a Mis-so, em substituio ao Frum de
Gesto Apostlica.
6) Reunio dos Superiores, em subs-tituio ao Frum de Superiores.
7) Comisso Econmica, em subs-tituio Consulta Administrativa.
cia Apostlica Amaznia, pela Sade
e Bem-Estar e pela Formao , pelo
administrador provincial, pelo s-
cio e pelo provincial.
Alm do Conselho para a Misso,
importante ressaltar a importncia do
papel da Reunio dos Superiores, que
substitui o antigo Frum dos Supe-
riores. Esse espao ser de partilha,
formao e conhecimento de todos
os superiores da Provncia no contato
direto entre si e com o provincial. Em
fevereiro, houve a primeira reunio
do Conselho para a Misso e a dos Su-
periores que j foram nomeados at o
momento, explica irmo Eudson.
O provincial refora que essas mu-
danas visam ajudar os jesutas e co-
laboradores em sua atuao. A mis-
so especfica de cada obra apostlica
continua a mesma, assim como jesu-
tas e colaboradores leigos seguem
atuando nas obras apostlicas, afir-
ma. Para ele, a grande mudana est
no desafio de as pessoas aprenderem
a trabalhar em rede, em colaborao
e luz do discernimento. Essas trs
atitudes so orientaes que a 36 CG (Congregao Geral) coloca para toda
a Companhia de Jesus, diz. O jesuta
salienta que a tomada de conscin-
cia de que ningum dono de uma
obra apostlica ou de um apostolado
especfico, mas que, todos juntos, for-
mamos o Corpo Apostlico que est a
servio da misso de Cristo o modo
esperado de proceder de jesutas e co-
laboradores. E desejamos sempre que
esse Corpo Apostlico possa respon-
der aos apelos de Deus com alegria,
criatividade e ousadia, conclui.
-
24 25Em Em
COMPANHIA DE JESUS SERVIO DA F
OS 450 ANOS DO NASCIMENTO DE SO LUS GONZAGA
O menino Lus Gonzaga nasceu no dia 9 de maro de 1568, em Castiglione delle Stiviere (Itlia). Primognito de uma famlia
nobre, seu pai era marqus e sonha-
va uma vida de nobreza para o filho.
Lus foi educado no meio de prnci-
pes e frequentou os ambientes mais
sofisticados da alta nobreza italia-
na, porm sempre desejou uma vida
simples e de santidade. Evangelizado
pela me e inspirado pelas cartas dos
missionrios jesutas, decidiu ingres-
sar na Companhia de Jesus, contra-
riando os interesses do pai.
Em Roma, durante sua formao
religiosa, houve uma grave epidemia
que fez muitas vtimas. Lus compa-
deceu-se dos que sofriam e seu envol-
vimento foi tanto que tambm ficou
doente e morreu, com apenas 23 anos, em 21 de junho de 1591, data em que a Igreja celebra o seu dia. A histria
ELE UM EXEMPLO DE UMA JUVENTUDE COM IDEAL DE VIDA,COM COMPROMISSO COM O BEM DO PRXIMO, COMPROMISSO COM DEUSPe. Elcio
de So Lus inspiradora, pois ele foi
um jovem com grandes ideais e muito
perseverante. Uma pessoa de orao e de
profunda caridade. Caridade que pode
ser definida como compromisso com o
bem do prximo, afirma padre Elcio Jos
de Toledo, proco da Parquia de So Lus
Gonzaga, em So Paulo (SP).
Hoje, o santo jesuta considera-
do o padroeiro da juventude, dos estu-
dantes e dos doentes com HIV. Sobre
esse ltimo grupo, padre Elcio explica
que ele recebeu esse ttulo porque, na
poca da epidemia em Roma, arriscou
sua vida para ajudar os doentes. Es-
ses enfermos eram discriminados e
evitados pela sociedade, situao pa-
recida com os enfermos com HIV nos
dias atuais, conta.
Para comemorar os 450 anos de Lus, a Santa S proclamou o perodo de mar-
o de 2018 a maro de 2019 como o Ano Jubilar Aloisiano. Na capital paulista, a
Parquia So Lus Gonzaga est organi-
zando uma srie de festividades entre
maro e junho. Padre Elcio explica que,
alm das celebraes litrgicas, est
sendo programada uma grande festa
de aniversrio e vrios eventos religio-
sos e culturais para promover os ideais
de vida do santo. Ele um exemplo de
uma juventude com ideal de vida, com
compromisso com o bem do prximo,
compromisso com Deus, ressalta. O je-
suta conta tambm que a Parquia est
colaborando com a Edies Loyola para a
publicao da biografia Um homem cha-
mado Lus, lanado h alguns anos.
Padre Elcio lembra tambm que,
este ano, o Papa Francisco convocou
um snodo dos bispos que ter a juven-
tude como assunto principal e, em ja-
neiro de 2019, ocorrer a Jornada Mun-dial da Juventude JMJ, no Panam. A
preocupao dos bispos com a juven-
tude era tambm a preocupao de So
Lus Gonzaga a respeito de sua prpria
juventude e a de seus contemporne-
os. Por isso ele foi declarado padroeiro
da juventude e, com certeza, ser lem-
brado nos eventos citados para que o
padroeiro da juventude seja conhecido
e celebrado e, ao mesmo tempo, inter-
ceda pelos jovens, conclui. Viva So
Lus Gonzaga!
-
24 25Em Em
COMPANHIA DE JESUS DILOGO CULTURAL E RELIGIOSO
LIVRO DE JESUTA NOS CONVIDA A CONHECER MELHOR JESUS
No incio deste ano, o padre Ro-naldo Colavecchio, mestre em Teologia e professor da Facul-dade Diocesana So Jos (Fadisi), lanou
a obra Conhecendo melhor Jesus de Nazar:
Curso de Cristologia (Edies Loyola). No
livro, o jesuta demonstra conhecimento
de obras clssicas e renomadas da Cris-
tologia campo da cincia teolgica que
estuda Jesus , mas tambm consegue
apresentar, de modo simples, acessvel e
direto, a riqueza dessas obras para todos
os leitores. Ele explica que o livro uma
tentativa de levar o fiel comum ao uso de
um mtodo de ler e contemplar os Evan-
gelhos conhecido como histrico-crtico
que a Igreja Catlica assumiu, na pes-
soa do Papa Pio XII, em 1943, e que ainda no apreciado nem transmitida s no-
vas geraes na catequtica e em outras
instncias de formao.
A primeira parte da obra apresenta
uma orientao para pessoas que no tm
conhecimento do mtodo histrico. A
maioria dos catlicos nunca nem ouviu
falar desse tipo de leitura dos livros sagra-
dos. Geralmente, conhecem os textos sa-
grados tirando este ou aquele trecho que
querem abordar, afirma padre Ronaldo.
Nesse contexto, segundo o jesuta, no
leem cada Evangelho do incio ao fim
para sentir o desenrolar da narrao, que
nos mostra Jesus obediente sua identi-
dade de Filho Amado de Deus. J na se-
gunda parte do livro, o autor apresenta
os tpicos associados com a Cristologia
quando ministrada em um instituto
superior de ensino. Ele explica que an-
tes de cada uma das duas partes do livro,
o leitor encontra uma lista dos assuntos
que sero tratados e fundamentados
por numerosas citaes que mantm a
conscincia de que a fonte de tudo a
pessoa e a trajetria de Jesus de Nazar.
O autor conta que a inspirao para
escrever a obra nasceu da necessidade
de retomar os livros dos Evangelhos para
descobrir traos de um Jesus consciente
da sua identidade de Filho. Assim, o li-
vro apresenta pistas para o aprofunda-
COMO PESSOAS QUE ACREDITAM EM JESUS, DEVEMOS TER UMA SEDE DE CONHECER TUDO OQUE POSSAMOSSOBRE ELEPe. Ronaldo
mento do conhecimento de Jesus que nos
leva a evitar o moralismo, o fundamenta-
lismo, a alienao, em favor de um apreo
pela relao de amizade que Jesus quer ter
conosco, afirma.
Na percepo de padre Ronaldo, mui-
tos cristos vivem desanimados e, muitas
vezes, a f enfraquece diante das atraes
do mundo atual. Por isso, segundo ele, a
Igreja precisa de algo que renove, radical-
mente, nosso entendimento da f crist.
E aquilo que Deus nos deu que mais cor-
responde a esse desejo a figura de Jesus
de Nazar. Como pessoas que acreditam
em Jesus, devemos ter sede de conhe-
cer tudo o que possamos sobre ele. Isso
implica tambm um estudo feito com a
conscincia histrica que nos permite ver
Jesus dentro do seu contexto sociopolti-
co; que nos permite perceber melhor o que
o Evangelista est querendo comunicar a
ns pela maneira como ele apresenta um
Jesus condicionado por sua cultura, sua
piedade, sua realidade socioeconmica.
No significa, porm, que poderemos des-
cartar os outros mtodos mais habitual-
mente usados por pessoas simples e sem
maiores recursos, nem a maneira mais
intelectualizada na parte daqueles de uma
formao j adiantada, pois o uso do m-
todo histrico no anula outros mtodos,
mas, sim, os complementa, conclui.
Pe. Ronaldo (sentado) durante o lanamento do livro em Salvador (BA)
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26 27Em Em
COMPANHIA DE JESUS PROMOO DA JUSTIA SOCIOAMBIENTAL
ESCRITRIO JESUTA ACOLHE MIGRANTES VENEZUELANOS
No incio do ano, o Servio Jesu-ta aos Migrantes e Refugiados SJMR Brasil inaugurou o escri-trio de Boa Vista (RR), o terceiro no Pas.
Esse novo espao encontra-se onde, hoje,
est o maior fluxo de migrantes que atra-
vessam as fronteiras brasileiras. Dentre
eles, h um grande nmero de venezuela-
nos que deixaram a Venezuela por causa
da situao socio-poltico-econmica do
pas, que se agravou nos ltimos meses.
O Pe. Agnaldo Pereira Oliveira Jnior, di-
retor nacional do SJMR Brasil, diz que a
iniciativa de fundar o escritrio nasceu
do desejo de ser presena junto aos mais
necessitados. Queremos ser um porto
seguro para os migrantes e solicitantes de
refgio no Brasil, um lugar onde as pesso-
as possam sentir-se acolhidas, protegidas
e apoiadas em suas demandas, afirma.
Atualmente, segundo Cleyton Abreu,
coordenador do escritrio de Boa Vista,
os dois maiores desafios que essas pes-
soas enfrentam ao chegar no Brasil esto
relacionados fome e falta de moradia.
A acolhida na cidade precria por par-
te do poder pblico, pois existem apenas
dois abrigos pblicos. Outro problema
a fome, muitas pessoas chegam des-
nutridas e no existe uma ao social
sistmica para poder proteg-las. Ento,
elas so apoiadas pela sociedade civil
ou pelas igrejas, afirma. Ele cita outra
questo, a falta de incluso nos espaos
sociais como escolas, hospitais etc. e diz
que existe muita xenofobia, muito pre-
conceito e os migrantes acabam sendo
deixados de lado.
Nesse contexto, para acolher e estar
mais prximo dessas pessoas, o escrit-
rio atua por meio de trs reas centrais:
Setor de Proteo (social e jurdica),
Setor de Incidncia, junto ao poder
pblico e sociedade civil; e Setor de
Insero Laboral (qualificao pro-
fissional e ponte entre empregadores
e migrantes). Aqui, ns ajudamos de
diversas formas, especialmente com
a regularizao migratria, com docu-
mentao, seja para carteira de traba-
lho, para solicitao de refgio, para re-
sidncia. Apoiamos tambm questes
que envolvam a insero no mercado de
trabalho e damos suporte na elaborao
de currculos e mediao para trabalho.
Essas tm sido nossas principais aes
diretas de atendimento. Alm disso,
atuamos por meio da incidncia pol-
tica, que feita no legislativo estadual,
especialmente, mas tambm em todo o
mbito da administrao pblica, ex-
plica Cleyton.
Padre Agnaldo refora que, em Boa
Vista, os migrantes e refugiados de-
mandam mais presena da sociedade
civil articulada. Nossa presena na
fronteira deseja contribuir com as ou-
tras foras que tambm se encontram
naquela regio, para promover a globa-
lizao da esperana frente globaliza-
o da excluso e da indiferena, como
SJMR NO BRASILQuer saber mais sobre o Servio
Jesuta aos Migrantes e Refu-
giados no Brasil? Ento, acesse
www.jesuitasbrasil.com/SJMR
e leia a entrevista com o padre
Agnaldo Jnior.
Escritrio do Servio Jesuta aos Migrantes e Refugiados, em Boa Vista, foi inaugurado em janeiro
-
26 27Em Em
nos convidou o Papa Francisco durante
o encontro com os Movimentos Popu-
lares, realizado na Bolvia, em 2015. Ou seja, precisamos ser pontes e no mu-
ros, ressalta.
O espao inaugurado na capital
roraimense vai ao encontro do apelo
de Francisco e visa construir pontes.
A iniciativa no foi pensada isolada-
mente, mas, sim, em parceria com a
Fundao F e Alegria, que colabo-
rar nessa misso de acolhida. Padre
Agnaldo explica que as crianas mi-
grantes que esto nos abrigos no tm
nenhuma atividade e muitas no tm
certeza se tero acesso escola formal.
Assim, F e Alegria Brasil topou o de-
safio de atender essa demanda e partir
tambm para Boa Vista. Dividimos o
mesmo espao de atuao, tendo salas
destinadas s atividades de cada ins-
tituio. As duas equipes esto traba-
lhando de forma conjunta e apoiam-
-se mutuamente. Enquanto o SJMR
desenvolve seu trabalho de proteo e
promoo mais geral para as famlias
e pessoas migrantes e solicitantes de
refgio, F e Alegria, por meio da defe-
sa do direito educao de qualidade,
desenvolve seu trabalho de oferecer a
essas crianas migrantes momentos
formativos, que ajudam na integrao
cultura brasileira e no fortalecimen-
to dos vnculos familiares e comunit-
rios, afirma.
O Pe. Pedro Pereira da Silva, diretor
presidente nacional de F e Alegria, ex-
plica que, antes de ser uma fundao,
F e Alegria um movimento de Edu-
cao Popular Integral e de Promoo
Social e, por isso, vai sempre ao en-
contro da populao mais vulnervel.
Nesse momento, em que explode em
nosso Pas o fenmeno das migraes
e dos refugiados venezuelanos, F e
Alegria do Brasil vem com o servio so-
cioeducativo e de incidncia poltica.
Essa atuao visa assegurar s famlias
o servio de proteo bsica de carter
protetiva (apoiar e defender), preven-
tiva (impedir atos de violncia, xeno-
fobia e ausncia de direito) e proativa
(empoderamento) frente situao de
vulnerabilidade ou risco social aos mi-
grantes e refugiados, diz.
Segundo o coordenador da Unida-
de de F e Alegria Boa Vista, Jos Ro-
mero, a atuao da instituio ser im-
portante na regio. Nosso trabalho
desenvolver um processo de Educao
Popular integral e Promoo Social que
permita a ateno especial s crianas,
jovens e suas famlias migrantes em
situao de vulnerabilidade. Nosso
SAIBA MAISAcesse www.facebook.com/sjmrbelohorizonte e saiba mais sobre o trabalho do SJMR no Brasil. Para fazer doaes, envie
um e-mail para diretor@sjmrbrasil.org
QUEREMOS SER UM PORTO SEGURO PARA OS MIGRANTES E SOLICITANTES DE REFGIO NO BRASIL, UM LUGAR ONDE AS PESSOAS POSSAM SENTIR-SE ACOLHIDAS, PROTEGIDAS E APOIADAS[...]Padre Agnaldo
intuito gerar oportunidades para es-
sas pessoas, favorecendo a integrao
social, semeando valores, melhorando
sua qualidade de vida, incorporando a
aprendizagem, por meio da arte e da re-
creao como forma de incluso. Alm
disso, ajud-los a desfrutar os direitos
que a constituio e as leis fornecem
aos migrantes e refugiados, conta ele,
que tambm migrante venezuelano.
Os desejos e as expectativas para essa
misso so muitos, mas um, em parti-
cular, expressa o sentimento de todos
os colaboradores, voluntrios e jesu-
tas envolvidos com a iniciativa: que-
remos ser sinal de esperana, finaliza
Jos Romero.
F e Alegria oferecer atividades formativas para as crianas
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28 29Em Em
COMPANHIA DE JESUS JUVENTUDE E VOCAES
JESUTA ORDENADO PRESBTERO
O jesuta Jos Robson Silva Sou-sa, 36 anos, foi ordenado pres-btero no dia 17 de fevereiro. A cerimnia foi presidida pelo bispo em-
rito dom Gentil Delazari e aconteceu na
parquia Santo Antnio e So Pedro, em
Paranata (MT). Cerca de 900 pessoas participaram da ordenao que, segun-
do o jesuta, foi um bonito encontro da
famlia de f.
PROGRAMA MAGIS BRASIL LANA TEMA DE CAMPANHA
O Programa MAGIS Brasil, ao apostlica da Provncia dos Je-sutas do Brasil BRA junto s juventudes, escolheu o tema Ser mais
consciente para inspirar o trabalho com
jovens ao longo do ano de 2018. A partir dessa provocao, toda a rede de Cen-
tros, Casas e Espaos MAGIS se coloca
em unidade para a promoo de ativida-
des formativas, debates e aes que pro-
porcionem o aprofundamento necess-
rio sobre essa pauta comum.
Com a campanha, o Programa de-
seja ajudar os jovens a descobrirem o
mundo onde vivem e seus lugares nele.
Nesse sentido, quer inspirar a vivncia
da f madura e do engajamento social
crtico; ampliar a capacidade de anali-
sar a realidade e compreender as impli-
caes da vivncia diria do seguimen-
to a Jesus Cristo no mundo.
Para ajudar os Centros, Casas, Es-
paos MAGIS e demais obras jesuti-
cas a desdobrar o tema, o Programa
apresenta o Subsdio de Trabalho Ser
mais consciente. Ser magis. O material
composto de um texto-base para aju-
dar na reflexo sobre o tema da cons-
Em entrevista ao Portal Jesutas Brasil, Jos Robson fala de sua vida e de como
foi seu chamado vocacional para seguir Cristo, na Companhia de Jesus. Leia em:
www.jesuitasbrasil.com/ordenacaojoserobson
Pude ter a alegria de contar com ir-
mos evanglicos, amigos de caminha-
da e misso. Estiveram presentes, em
peso, muitas pessoas de diversas comu-
nidades da Parquia de Paranata e de
cidades prximas. Contei com o cari-
nho de meus familiares, companheiros
jesutas, padres Sacramentinos, irms
da Divina Providncia e Damas da Ins-
truo Crist, conta.
cientizao e vrios roteiros, para ins-
pirar a orao e a dinamizao do tema
com jovens. Acesse a rea Biblioteca
Virtual do site magisbrasil.com e faa
o download da publicao.
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28 29Em Em
COMPANHIA DE JESUS EDUCAO
COLGIO SO FRANCISCO XAVIER COMEMORA 90 ANOS
Em 12 de maro, o Colgio So Francisco Xavier completou 90 anos de histria. Uma histria do incio do sculo XX, quando os ja-
poneses comearam a imigrar para o
Brasil em busca de oportunidades de
trabalho. Com essa nova cultura pre-
sente no cotidiano brasileiro, surgiu a
possibilidade de evangelizar as crian-
as e apresentar a elas os preceitos do
cristianismo. Assim, em 1928, nasceu o Collegio Catholico Japons So Fran-
cisco Xavier, situado no bairro da Li-
berdade, em So Paulo (SP).
Em 1929, por solicitao do padre jesuta Guido del Toro, a instituio re-
cebeu um terreno na colina do Ipiranga,
bairro onde est localizada atualmente.
Na dcada de 1960, aps a instalao do segundo grau, atual Ensino Mdio, a ins-
tituio passou a ser reconhecida como
Colgio So Francisco Xavier.
Para comemorar a data, o Sanfra,
como a instituio carinhosamente
chamada, promoveu dias de festividades.
No sbado (10), houve uma grande festa, repleta de brincadeiras e muita diverso
para os alunos. No domingo (11), a comu-
No dia 25 de maro de 1943, era celebrada a primeira missa e o ato
acadmico de inaugurao do Col-
gio Loyola, em Belo Horizonte (MG).
nidade participou da missa festiva, segui-
da da inaugurao do Espao da Memria
e do lanamento do livro 90 histrias de uma nica histria, que rene depoimen-
tos de pessoas ligadas ao Sanfra e conta
um pouco da histria do Colgio.
Na segunda-feira (12), aconteceu a ce-rimnia da Cpsula do Tempo. Na ocasio,
objetos pedaggicos, fotos, trabalhos estu-
dantis, uniformes e pertences dos alunos
da Pr-Escola II, 1 Ano e 2 Ano foram guardados na cpsula, que foi lacrada e
ser aberta somente em 2028, quando a instituio completar 100 anos.
Participaram da cerimnia 33 alunos e suas famlias, alm de vrios jesutas
e superiores de outras comunidades.
Hoje, prestes a completar 75 anos, a
instituio conta com cerca de 2.600 alunos, do Ensino Fundamental ao Mdio, e est alinhada aos desafios
da educao para o novo milnio,
assumindo como misso a exceln-
cia acadmica para a vivncia dos
valores humanos e cristos.
-
30 31Em Em
NA PAZ DO SENHORPE. VICTORIANO BAQUERO MIGUELPor Pe. Carlos Henrique Mller e Pe. Jos Carlos Brandi Aleixo
O padre Victoriano Baquero Miguel nasceu em 13 de ju-nho de 1923, em Noceda del Bierzo, Len (Espanha). Foi batizado
no dia 18 de junho do mesmo ano, em San Justo de Cabanillas. Seus primei-
ros estudos aconteceram em Valbue-
na de Pisuarga, Palencia.
No dia 16 de junho de 1942, in-gressou na Companhia de Jesus, em
Salamanca (Espanha), onde emitiu os
primeiros votos no dia 16 de junho de 1944. Estudou Filosofia na universi-dade espanhola de Comillas, de 1947 a 1950. Depois do Magistrio em Vigo, na Espanha, no Colgio del Apstol
Santiago, de 1950 a 1953, veio para o Brasil. Em So Leopoldo, no Rio Gran-
de do Sul, fez os estudos de Teologia
no Colgio Cristo Rei, de 1954 a 1957.Foi ordenado presbtero, em So
Leopoldo, no dia 12 de dezembro de 1956, por dom Vicente Scherer. Sua Terceira Provao aconteceu em Trs
Poos, Volta Redonda (RJ), no ano de
1959, sendo instrutor o padre Csar Dainese. Emitiu os ltimos votos em
Goinia (GO), no dia 2 de fevereiro de 1961, onde os recebeu do padre Jos Maria Correa.
O padre Jos Carlos Brandi Aleixo,
colega de trabalho e companheiro de
comunidade no Centro Cultural de Bra-
slia (CCB), d o seguinte testemunho:
Em 1952, houve importante mu-dana na Provncia Jesuta do Brasil
Central. Os estados de Minas Gerais,
Gois e Esprito Santo passaram a cons-
tituir a Vice-provncia Goiano Mineira,
PADRE BAQUERO
VIVEU CONFORME
A MXIMA INACIANA:
EM TUDO AMAR E SERVIR
vinculada florescente Provncia espa-
nhola de Len. Esta, com a exitosa ex-
perincia de muitos anos de trabalho
nas Antilhas, passou a destinar ao Bra-
sil zelosos missionrios.
Victoriano Baquero, com ardor
apostlico mpar, trabalhou no Col-
gio dos Jesutas de Juiz de Fora (MG),
na Universidade Catlica de Goinia,
na Pontifcia Universidade Catlica do
Rio de Janeiro e no Centro Cultural de
Braslia (CCB). Nos seus ltimos quatro
anos, viveu na Belo-horizontina Resi-
dncia Luciano Brando e nela faleceu
em 24 de janeiro de 2018. Tive o privil-gio de conviver com ele, na capital bra-
sileira, de 1995 a 2012.
Victoriano Baquero conjugou, dina-
micamente, seus estudos de Humani-
dades, Filosofia, Teologia e Psicologia.
Na rea acadmica, merece particular
relevo seu labor no lanamento e con-
solidao do curso de Psicologia, na
Universidade Catlica de Gois.
Na leitura de catlogos anuais dos
Jesutas no Brasil, verificamos que
Pe. Baquero exerceu seu apostolado
em funes variadas e valiosas, como
orientador de Exerccios Espirituais;
fomentador de Comunidades Espiri-
tuais; assistente da Associao de An-
tigos Alunos da Companhia de Jesus
(ASIA); pregador; confessor; escritor
da Histria da Casa em que residia; e
membro do Centro de Teologia Espiri-
tual (CINTESP).
Padre Victoriano Baquero publicou
as seguintes obras: Otimismo vida, pessi-
mismo morte; Autobiografia; Processo de
Integrao; Afetividade integrada liber-
tadora; Psicoterapia centrada no corpo;
Aldeia Juvenil; Discernimento Vocacional.
Pessoas que o conheceram testemu-
nham sobre seus predicados: zelo apos-
tlico, desprendimento; disponibilida-
de; capacidade de consolar os aflitos.
Padre Baquero viveu conforme a mxi-
ma inaciana: Em tudo amar e servir.
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30 31Em Em
AGENDA
Centro Loyola de F, Cultura e Espiritualidade de GoiniaTema Descobrindo e cultivando o SER na tica crist psicoespiritual Local Goinia (GO)Professora Ir. Teresinha Del Acqua, OSFSite centroloyola.com.brTel.: (62) 3251-8403
Casa de Retiros Padre Anchieta CARPALocal Rio de Janeiro (RJ) Orientador Pe. Raniri de Arajo Gonalves, SJSite www.casaderetiros.org.brTel.: (21) 3322-3069
Casa MAGIS ManresaLocal Cascavel (PR)Site www.casamanresa.wix.com/siteTel.: (45) 3323-3648
Centro de Espiritualidade Cristo Rei CECREI Local So Leopoldo (RS)Orientador Pe. Miguel Schroeder, SJSite cecrei.org.brTel.: (51) 3081-4200
Centro MAGIS BurnierLocal Braslia (DF)Local Goinia (GO)Facebook www.facebook.com/CentroMagisBurnierTel.: (61) 3426-0400
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