desenvolvimento histÓrico do constitucionalismo pÁtrio – a experiÊncia constitucional...
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DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DO CONSTITUCIONALISMO PÁTRIO – A
EXPERIÊNCIA CONSTITUCIONAL BRASILEIRA
A CONSTITUIÇÃO IMPERIAL DE 1824
Para melhor compreensão dos aspectos jurídicos recomenda-se a
leitura do texto no link http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?
codigo=2 .
Lembre-se de que o direito acaba retratando um determinado
momento histórico, razão pela qual é indispensável se saber os fatos históricos
relevantes que influenciaram determinada legislação.
Para nosso estudo a independência é um marco
histórico relevante. Com a independência surgia um novo Estado dentre outros
Estados e carecia de reconhecimento. Mas, junto com o reconhecimento, era
importante que esse Estado tivesse uma Constituição. Então, 1822 é a data a
ser lembrada.
Em 07 de setembro de 1822 o Brasil deixava de ser Reino Unido e
passava a ser um país. Era o resultado de um processo longo com passagens
marcantes como o dia do Fico – 09 de janeiro de 1822, que se seguiu a
chamada do Príncipe Regente para voltar a Portugal. Já nessa época ficava
clara a pretensão de Portugal de recolonizar o Brasil. Duas correntes políticas se
formaram: O Partido Português e o Partido Brasileiro, que, com idéias
revolucionárias liberais, lutava pela independência.
Dom Pedro de Orleans e Bragança, sensibilizado com a causa
emancipacionista, nomeia José Bonifácio como Ministro. Passava a ter e poder
exercer soberania perante outros países. Divulga os apoios recebidos em nosso
país. De um lado sofre pressão de José Bonifácio, conservador, e de outro a
pressão é de Gonçalves Ledo, representante dos liberais. Segue-se o dia do
Fico.
Em 13 de maio de 1822, Dom Pedro por decreto determina que
qualquer ordem de Portugal devia ter o seu CUMPRA-SE. Gonçalves Ledo e
outros radicais liberais pressionam D. Pedro, que convoca em 3 de junho de
1822 a Assembléia Nacional Constituinte, com a rejeição por parte de José
Bonifácio, que acaba aceitando-a. Nesse momento havia mais do uma pista do
que estava por vir. A nossa independência já havia sido superada internamente.
Já tínhamos até a nossa Marinha organizada. O Príncipe Regente foi chamado
de volta a Portugal, o que o levou a declarar a Independência do Brasil.
O Brasil precisava ser reconhecido oficialmente. Tínhamos um Chefe
de Governo, D. Pedro I – Imperador do Brasil, mas necessitávamos de um
reconhecimento que foi inicialmente feito pelos Estados Unidos da América e
pelo México. Portugal teria exigido do Brasil 2 milhões de libras esterlinas para
que reconhecesse de direito o que já havia de fato. Esse dinheiro foi conseguido
pelo Brasil junto à Inglaterra, emprestado.
Com a independência a realidade brasileira não se alterou
significativamente. Os pobres continuaram pobres e talvez nem tenham se dado
conta do acontecido. Aqueles que estiveram ao lado de D. Pedro e o apoiaram
com poder, foram bem aquinhoados no novo Governo.
Colhe-se do site
http://www.artigos.com/artigos/sociais/direito/constituicao-de-1824-_-3235/artigo/
o seguinte texto relativo à dissolução da Assembléia Nacional Constituinte:
Criação da Assembléia Constituinte, suas metas, dissolução da
mesma
No dia 3 de junho de 1822, quando D. Pedro ainda governava o
Brasil na qualidade de Príncipe Regente, foi convocada uma
Assembléia, cuja missão era elaborar a primeira Constituição do
País. Os participantes desta Assembléia, que eram, em sua maioria,
representantes de ricos proprietários de terra de vários locais do
País, iriam se reunir na cidade do Rio de Janeiro. Em conseqüência
da dificuldade dos meios de comunicação, somente no dia 3 de
maio de 1823 a Assembléia Constituinte pôde dar início ao
trabalho de elaboração do projeto constitucional. O grupo
predominante dentro da Assembléia era o Partido Brasileiro.
Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, irmão de José Bonifácio, à
frente de uma comissão de seis deputados, foi encarregado de
redigir o anteprojeto da Constituição. O conteúdo deste anteprojeto
revelava a sua linha antiabsolutista. O anticolonialismo significava a
oposição às idéias do Partido Português e o antiabsolutismo
traduzia-se pela preocupação de se evitar uma demasiada
concentração de poder nas mãos do Imperador. Neste último
aspecto, o objetivo era reduzir o poder de D. Pedro e valorizar o
poder do Legislativo. Por exemplo: segundo o anteprojeto, as Forças
Armadas da Nação deviam obediência às ordens do Poder
Legislativo e não de D. Pedro. Nessa Assembléia não esteve, de
maneira alguma, representada a grande massa da população.
Por falta de renda, os homens simples do poder não tinham o
direito de eleger os seus representantes. As camadas
populares continuavam afastadas do processo político, uma
vez que o anteprojeto elaborado estabelecia como condição
para ser eleitor uma renda baseada na farinha de mandioca.
Por isso, esse anteprojeto ficou conhecido como a Constituição da
Mandioca. Assim, somente os grandes senhores rurais do Partido
Brasileiro estavam plenamente capacitados a participar da vida
pública. Os comerciantes portugueses eram excluídos do processo
eleitoral, porque possuíam renda em dinheiro e a Constituição
estabelecia que a renda fosse em farinha. Por outro lado, o povo,
sem dinheiro e sem farinha, também ficava a margem do poder
político.
A intenção manifestada pela Assembléia de elaborar uma
Constituição que diminuiria o poder imperial, evidentemente,
causou profunda irritação e D. Pedro I. Sua atitude política, para
fazer frente à Assembléia, foi aproximar-se do Partido Português,
que apoiava suas idéias absolutistas. Além do mais, o Partido
Português também era favorável a que D. Pedro lutasse pelos seus
direitos como legítimo herdeiro d trono português. O Partido
Brasileiro, percebendo a resistência do Imperador em aceitar o
conteúdo do anteprojeto constitucional, passou a fazer-lhe oposição
política. Os irmãos Andrade lideravam uma campanha de críticas a
D. Pedro através do jornal A Sentinela da Liberdade que, em uma de
suas edições, publicou um artigo bastante ofensivo ao corpo de
oficiais portugueses, que fazia parte do Exército imperial. Os oficiais
organizaram-se, então, para punir o farmacêutico David Pamplona,
provável autor do artigo, que foi cruelmente espancado. Ao tomar
conhecimento deste fato, a Assembléia exigiu que o Imperador
apurasse os autores desta violência, para depois impor-lhes severas
penas. D. Pedro, entretanto, não estava nada inclinado a obedecer a
tais exigências. Ao contrário, conseguindo apoio das tropas
imperiais, decretou a dissolução da Assembléia, no dia 12 de
novembro de 1823. Inúmeros deputados e líderes do Partido
Brasileiro, não aceitando a atitude de D. Pedro acabaram reagindo,
mas foram imediatamente presos. Entre estas pessoas, encontrava-
se o próprio José Bonifácio, que foi expulso do Brasil. D. Pedro,
apoiado pelo Partido Português, tornava-se o senhor absoluto da
situação. (Texto com algumas correções)
Apesar de dissolver a Assembléia Constituinte prometendo
convocar nova Assembléia, D. Pedro assim não o fez, e em 26 de novembro de
1823, pouco mais de uma semana depois, organizou um Conselho de Estado
composto por 10 membros e 1824 publicou um projeto que, sem passar pela
Assembléia Constituinte passou a ser a nova Constituição do Brasil jurada em
25 de março.
São, assim, características importantes dessa Constituição:
1. Foi outorgada
2. Um governo monárquico unitário e hereditário.
3. Voto censitário (baseado na renda) e descoberto (não secreto).
4. Eleições indiretas, onde os eleitores da paróquia elegiam os
eleitores da província e estes elegiam os deputados e senadores. Para ser
eleitor da paróquia, eleitor da província, deputado ou senador, o cidadão
teria de ter, agora, uma renda anual correspondente a 100, 200, 400, e 800
mil réis respectivamente.
5. Catolicismo como religião oficial (Ver: Art. 5º Constituição do
Império e Art. 103 da Constituição do Império)
6. Submissão da Igreja ao Estado.
7. Quatro poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador. O
Executivo competia ao imperador e o conjunto de ministros por ele
nomeados. O Legislativo era representado pela Assembléia Geral, formada
pela Câmara de Deputados (eleita por quatro anos) e pelo Senado
(nomeado e vitalício). O Poder Judiciário era formado pelo Supremo Tribunal
de Justiça, com magistrados escolhidos pelo imperador. Por fim, o Poder
Moderador era pessoal e exclusivo do próprio imperador, assessorado pelo
Conselho de Estado, que também era vitalício e nomeado pelo imperador.
8. Era semi-rígida. (Art. 178 Constituição do Império)
Sugestão de vídeo na Internet sobre a Independência do Brasil:
http://www.youtube.com/watch?v=UGs91PpIIkY&feature=related
A PRIMEIRA CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA – 1891
O Ato Adicional – Lei 16 de 12 de agosto de 1834 – foi precursor
da Federação (O Brasil durante o Império era um Estado Unitário) – O que é um
estado Unitário?
A República (forma de governo) e a Federação (forma de
Estado) guardam um certa relação entre si. A idéia de um Governo monárquico
não é compatível com a descentralização (política, administrativa e legislativa)
em um Estado.
A República no Brasil foi instalada pelo Decreto 01, de 15 de
novembro de 1889, juntamente com o Estado Federal:
DECRETO Nº 1, DE 15 DE NOVEMBRO DE 1889
Proclama provisoriamente e decreta como forma de governo da
Nação Brasileira a República Federativa, e estabelece as normas
pelas quais se devem reger os Estados Federais
O GOVERNO PROVISÓRIO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS
DO BRASIL
DECRETA:
Art 1º - Fica proclamada provisoriamente e decretada como a
forma de governo da Nação brasileira - a República Federativa.
Art 2º - As Províncias do Brasil, reunidas pelo laço da
Federação, ficam constituindo os Estados Unidos do Brasil.
Art 3º - Cada um desses Estados, no exercício de sua legítima
soberania, decretará oportunamente a sua constituição definitiva,
elegendo os seus corpos deliberantes e os seus Governos locais.
Art 4º - Enquanto, pelos meios regulares, não se proceder à eleição
do Congresso Constituinte do Brasil e bem assim à eleição das
Legislaturas de cada um dos Estados, será regida a Nação brasileira
pelo Governo Provisório da República; e os novos Estados pelos
Governos que hajam proclamado ou, na falta destes, por
Governadores delegados do Governo Provisório.
Art 5º - Os Governos dos Estados federados adotarão com urgência
todas as providências necessárias para a manutenção da ordem e
da segurança pública, defesa e garantia da liberdade e dos direitos
dos cidadãos quer nacionais quer estrangeiros.
Art 6º - Em qualquer dos Estados, onde a ordem pública for
perturbada e onde faltem ao Governo local meios eficazes para
reprimir as desordens e assegurar a paz e tranqüilidade públicas,
efetuará o Governo Provisório a intervenção necessária para, com o
apoio da força pública, assegurar o livre exercício dos direitos dos
cidadãos e a livre ação das autoridades constituídas.
Art 7º - Sendo a República Federativa brasileira a forma de
governo proclamada, o Governo Provisório não reconhece nem
reconhecerá nenhum Governo local contrário à forma
republicana, aguardando, como lhe cumpre, o pronunciamento
definitivo do voto da Nação, livremente expressado pelo
sufrágio popular.
Art 8º - A força pública regular, representada pelas três armas do
Exército e pela Armada nacional, de que existam guarnições ou
contingentes nas diversas Províncias, continuará subordinada e
exclusivamente dependente de Governo Provisório da República,
podendo os Governos locais, pelos meios ao seu alcance, decretar a
organização de uma guarda cívica destinada ao policiamento do
território de cada um dos novos Estados.
Art 9º - Ficam igualmente subordinadas ao Governo Provisório da
República todas as repartições civis e militares até aqui
subordinadas ao Governo central da Nação brasileira.
Art 10 - O território do Município Neutro fica provisoriamente sob a
administração imediata do Governo Provisório da República e a
Cidade do Rio de Janeiro constituída, também, provisoriamente,
sede do Poder federal.
Art 11 - Ficam encarregados da execução deste Decreto, na parte
que a cada um pertença, os Secretários de Estado das diversas
repartições ou Ministérios do atual Governo Provisório.
Sala das Sessões de Governo Provisório, 15 de novembro de 1889,
primeiro da República.
MARECHAL MANUEL DEODORO DA FONSECA
Chefe do Governo Provisório
S. Lôbo, Rui Barbosa, Q. Bocaiuva
Benjamin Constant, WandenkoIk Correia.
A Primeira Constituição da República somente entraria em vigor
em 24 de fevereiro de 1891. O seu grande móvel foram os ideais Federalistas
apurados da Constituição Norte-americana de Filadélfia de 1791.
Esta Constituição vigorou durante todo período da chamada
Velha República, sofrendo uma única modificação (1927). Seus grandes
idealizadores foram Prudente de Moraes e Rui Barbosa.
Suas principais características foram:
1. Fortalecimento das províncias, que passaram a ser denominadas
de Estados e seus governantes de Presidentes.
2. Esses Estados passaram a gozar de autonomia e passaram a ter
suas Constituições, que não podiam contrariar a Constituição da República.
3. Foram consagrados os três poderes clássicos, abolido o Poder
Moderador.
4. O Presidente da República era eleito pela via direta para um
mandato de 04 (quatro) ano, vedada a reeleição. O Vice-presidente também
era eleito de forma autônoma em relação ao Presidente da República.
5. O Presidente da República podia ser responsabilizado por atos de
governo (O que nã ocorria com o Imperador)
Crimes de Responsabilidade
a) Câmara dos Deputados – Juízo de
processabilidade.
b) Senado - Julgamento
Crimes comuns STF
6. Reconhece a liberdade religiosa (art. 72 § 3º e 7º)
7. Possibilita a criação da doutrina brasileira do Habeas Corpus. (art.
72)
8. Quanto às regras eleitorais e de direitos políticos, o voto no Brasil
continuaria "a descoberto" (não-secreto) – a assinatura da cédula pelo
eleitor tornou-se obrigatória – e universal. Por "universal" deve ser entendido
o fim do voto censitário (Constituição de 1824 – a condição de eleitor
decorria da sua renda, porque ainda se mantiveram excluídos do direito ao
voto os analfabetos, as mulheres, os praças-de-pré, os religiosos sujeitos à
obediência eclesiástica e os mendigos.
A CONSTITUIÇÃO DE 1934 – (A CONSTITUIÇÃO DE WEIMAR)
O mundo vivia uma nova era, em que eram reconhecidos
direitos pertencentes ao ser humano enquanto integrado no meio social. O
Estado já não era somente o ente que devia reconhecer e respeitar direitos do
homem ser individual. Já estava sendo ultrapassado o reconhecimento dos
direitos individuais. Entravam os chamados direitos de segunda geração.
O México, em 1917 e a Alemanha em 1919 já tinham adotado
Constituições sociais.
Assim, as maiores inovações são sentidas no campo dos
direitos sociais e econômicos. A atuação do Estado nesse aspecto é
reformulada, com profundos reflexos na repartição de competências tributárias.
Suas principais características foram:
1. Promulgada.
2. Aumento dos poderes do Poder Executivo.
3. Altera o funcionamento do Poder Legislativo, estabelecendo o
Senado como casa auxiliar, parecendo um bicameralismo técnico. O Senado
também aparece como coordenador dos poderes (art. 88) e responsável
pela guarda da Constituição (art. 91, II/IV)
4. Define os direitos políticos e cria o voto feminino, apesar das
restrições do art. 109.
5. Cria a Justiça Eleitoral como órgão do Poder Judiciário.
6. Cria na Constituição capítulos referentes à ordem econômica e
social.
7. Estabelece, no âmbito do controle de constitucionalidade os
institutos da;
a) Reserva de plenário.
b) Ação direta interventiva
c) A participação do Senado no controle de constitucionalidade.
A CONSTITUIÇÃO DE 1937 – A POLACA.
Recomenda-se a leitura do artigo no site
http://pt.wikipedia.org/wiki/Era_Vargas , com a devida crítica diante da
observação acerca da ausência de citação das fontes.
O período conhecido como República Velha se encerra em
1930, com a assunção de Vargas ao poder, apesar de Júlio Prestes ter sido
eleito rompendo com a tradicional alternância de escolha de candidatos entre
São Paulo e Minas Gerais, no que ficou conhecido como Política do Café com
Leite.
A sua ruptura com a Constituição de 1891 e a sua proximidade
com os tenentes o fez imaginar que poderia sustentar essa ruptura. A
Constituição de 1934 surgiu sob pressão e a certeza de Vargas de que teria que
ceder, mesmo tendo sido vitorioso da Revolução de 1932.
Porém, em 1937, sob ideais integralistas,
base do fascismo, e tendo os comunistas como sérios opositores (Sugestão de
leitura: Olga), Vargas consegue implantar o que chama de Estado Novo. A
Constituição de 1937 é a expressão de um Estado forte, com um Governo
centralizador, nos moldes dos Estados Duros, por isso o nome de Polaca,
porque foi baseada na Constituição da Polônia.
Suas principais características foram:
1. Centralização do Poder nas mãos do Presidente.
2. Previsão inócua da responsabilidade do Presidente da República,
já que seu julgamento era competência do Conselho Federal, com
integrantes majoritariamente por ele indicados. (art. 50 c/c art. 75, d)
3. Podia interferir no funcionamento da Câmara e até dissolvê-la (art.
75 b e e)
4. A possibilidade de adotar medidas excepcionais sem controle pelo
próprio Judiciário e, até mesmo, a possibilidade de suspender a própria
Constituição.
5. A previsão de plebiscito para aprovar a Constituição, jamais
realizado.
6. Prestou-se a uma grande discussão sobre o Júri.
7. O Senado é substituído pelo Conselho Federal.
Obs.: O final da 2ª Guerra fez com que Vargas enviasse ao Congresso a Lei
Constitucional 9, prevendo a eleição direta para Presidente da República e a Lei
Constitucional 15, sobre a Assembléia Constituinte para uma nova Constituição.
A CONSTITUIÇÃO DE 1946 – O PÓS-GUERRA.
O fascismo foi derrotado e o Brasil escapou por pouco dessa
derrota, já que apoiou os vitoriosos já ao “apagar das luzes”. Essa derrota
impunha ao Brasil um movimento rumo à democracia. Era preciso acompanhar
as tendências mundiais1.
1
Getúlio Vargas foi deposto com o golpe militar em 29 de outubro
de 1945. Nas eleições do mesmo ano ele volta como Senador e participa da
Assembléia Constituinte, instalada em 02 de fevereiro de 1946, não assinando a
Constituição promulgada em 18 de setembro daquele ano.
Essa Constituinte é marcada pela diversidade de seus
integrantes. Há críticas no sentido de que não havia efetiva participação de
segmentos sociais, apesar dessa multiplicidade, já que o médico era
empresário, dono de clínica ou hospital, o engenheiro, era empresário, dono de
construtora, etc.
Como novidade pouco acrescentou, já que o período não foi
profícuo ao constitucionalismo. A Constituição manteve legislação social do
? O Brasil enfrentou a 2ª Guerra Mundial sob o punho de ferro do regime
getulista. Em 1940, Vargas citou em um discurso as qualidades do Eixo, o que
fez que todos acreditassem que em breve o Brasil se uniria a ele, até porque, o
Estado Novo era um governo de cunho fascista.
Porém, segundo Euclides Quandt de Oliveira "...entre os dias 15 e 21 de
agosto de 1942, os cinco navios brasileiros Baependi, Aníbal Benévolo,
Araraquara, Itagipe e Arará foram torpedeados na costa nordestina (Sergipe e
Bahia)...." e, após uma longa negociação com o governo dos Estados Unidos,
fez com que o Brasil, no mesmo ano, se unisse aos aliados, declarando guerra à
Alemanha.
Neste período, Vargas assinou o Tratado de Washington com o presidente
norte-americano Roosevelt, garantindo a produção de 45 mil toneladas de látex
para as forças aliadas, o que impulsionou o ssegundo ciclo da borracha,
trazendo progresso para a região da Amazônia e também colonização, uma vez
que só do nordeste do Brasil foram para a Amazônia 54 mil trabalhadores,
destes a maioria do Ceará.
( trecho retirado do site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Era_Vargas )
Estado Novo, apesar de se direcionar ao liberarismo e não ter a chancela de um
movimento trabalhista. Na verdade é uma legislação trabalhista tuteladora, no
dizer de Marcello Cerqueira na obra sugerida ao final para leitura. Há a
incorporação de normas do direito internacional.
Suas principais características foram:
A incorporação no seu texto de dispositivos sobre...
1. A igualdade de todos perante a lei;
2. A liberdade de manifestação de pensamento, sem censura, a não
ser em espetáculos e diversões públicas;
3. A inviolabilidade do sigilo de correspondência;
4. A liberdade de consciência, de crença e de exercicio de cultos
religiosos;
5. A liberdade de associação para fins lícitos;
6. A inviolabilidade da casa como asilo do indivíduo;
7. A prisão só em flagrante delito ou por ordem escrita de autoridade
competente e a garantia ampla de defesa do acusado;
8. Extinção da pena de morte;
9. Separação dos três poderes.
10. A inclusão da Justiça do Trabalho como órgão do P. Judiciário.
11. O Presidente devia ser eleito para mandato de 5 anos, pela via direta. O
Vice-presidente também era o Presidente do Senado Federal.
12. O Legislativo volta a ter a forma bicameral tradicional
13. Regula o acesso à Justiça, ainda que atrelado ao direito individual.
14. Cria mecanismo de assistência judiciária, sem que ele consiga superar a
barreira econômica que impede o efetivo acesso de todos à Justiça.
A CONSTITUIÇÃO DE 1967 – A DITADURA MILITAR.
Em 31 de março de 1964 há o golpe militar, chamado por alguns
de revolução. Com a renúncia de Jânio Quadros, seu vice-presidente, que fora
também eleito como o segundo candidato mais votado à Presidente, João
Goulart, assume a presidência com inúmeros questionamentos de segmentos
sociais.
Tentou-se evitar o efetivo governo de Jango acenando-se com
uma Emenda Constitucional instituindo o regime parlamentarista, o que
possibilitou a sua posse em 07 de setembro de 1961. Até janeiro de 1963 o
Brasil viveu o governo sob o regime parlamentarista, derrubado através de
plebiscito antecipado, cuja previsão para realização era 1965.
Com a queda de Jango, ainda sob a égide da Constituição de
1946, são editados Atos Institucionais, sendo o mais famoso deles aquele
denominado AI-5. Era preciso governar e, sob o pretexto de enfrentamento da
corrupção e subversão, dava-se origem a uma nova ordem jurídica sem uma
nova Constituição.
Em 15 de março de 1967 entra em vigor uma nova Constituição,
elaborada por um Congresso Nacional instituído como Assembléia Constituinte
através do AI-4. Ela é apontada como semi-outorgada ou, por outros, como
outorgada.
Suas principais características foram:
1. Concentra no Poder Executivo a maior parte do poder de decisão;
2. Confere somente ao Executivo o poder de legislar em matéria de
segurança e orçamento e, assim, de uma forma geral permite que esse
poder se aproxime das funções legislativas – O Decreto-lei é marcante sob
esse aspecto;
3. Estabelece eleições indiretas para presidente, com mandato de
cinco anos;
4. Militariza a Presidência da República, dando às Forças Armadas
uma força gigantesca;
5. Tendência à centralização, embora pregue o federalismo;
6. Estabelece a pena de morte para crimes de segurança nacional;
7. Restringe ao trabalhador o direito de greve;
8. Ampliação da justiça Militar;
9. Abre espaço para a decretação posterior de leis de censura e banimento.
10. Até certo ponto de forma surpreendente, ela cria o
mecanismo de controle direto de constitucionalidade com a legitimação do
Procurador Geral da República para a representação perante o Poder
Judiciário. (art. 114, I, L, da CRFB)
Em 1969 há uma emenda constitucional, por muitos apontada como nova
Constituição. O AI-5 (Base de legislação do Planalto) é a base legal para a
atuação do P. Executivo, que, de uma penada, permite a suspensão de
direitos políticos, permite a decretação do confisco de bens, permite a
intervenção nos Estados e Municípios mesmo sem previsão constitucional,
suspende o habeas corpus e veda que o Judiciário exerça jurisdição sobre
qualquer ato atinente ao governo militar.
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