deputados federais 2010: voto, distritos e partidos · cidades. o resultado da distribuição...
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Câmara dos Deputados
CEFOR - Brasil
Deputados Federais 2010: voto, distritos e partidos
8º Encontro da ABCP
AT03 - Eleições e Representação Política
Ricardo de João Braga: ricardo.braga@camara.gov.br1 André Sathler Guimarães: andre.sathler@camara.gov.br Ana Lúcia Henrique: ana.gomes@camara.gov.br
1 Os autores agradecem Gabriel Rocha Lima Amaral pela ajuda no tratamento e discussão dos dados. Os autores são servidores da Câmara dos Deputados e pesquisadores do seu Centro de Formação, Treinamento e Aperfeiçoamento.
8º Encontro ABCP Gramado, RS 1 a 4 de agosto, 2012
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Resumo: A relação entre os pleitos majoritários e proporcionais é elemento importante da dinâmica política brasileira. As coligações nas eleições majoritárias costumam ter reflexos importantes na configuração partidária e nos arranjos políticos do sistema proporcional de lista aberta. Por um lado facilitam o ingresso dos partidos menores no Congresso, por outro revigoram a presença dos fortes no Executivo em diferentes esferas. Na prática, a vitória de um candidato do partido à prefeitura parece fundamental para a reeleição da bancada na Câmara dos Deputados, mas até que ponto a coligação facilita a eleição para deputado federal em municípios cujo chefe do Executivo pertence a partidos coligados? Esta é uma das perguntas que a pesquisa que fundamenta o presente trabalho pretende responder. Para tanto, começa com os resultados eleitorais de 2010 para os quatro estados do Sudeste e verifica como se distribuem os votos dos deputados federais a partir de seus partidos em relação à configuração partidária eleitoral, isto é, a influência dos partidos da coligação e aqueles de fora da coligação nos resultados eleitorais da bancada federal. Os resultados preliminares apontam uma relação algo paradoxal entre partido do candidato a deputado federal e partido do prefeito na disputa para Câmara Federal. Neste sentido, reflete sobre o papel das coligações nas eleições proporcionais, agregando pesquisa e metodologia em um campo ainda pouco explorado na área de sistema partidário e de geografia do voto. Introdução
Este trabalho encontra-se em seus estágios iniciais e apresenta caráter exploratório. Trata-se de, para os quatro estados do Sudeste – São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo –, verificar como se distribuem os votos dos deputados federais a partir de seus partidos em relação à configuração partidária eleitoral, isto é, a influência dos partidos da coligação e aqueles de fora da coligação nos resultados eleitorais.
A forma de construção da argumentação e os primeiros resultados permitem iniciar um diálogo com ao menos três provocações que são em boa medida confluentes.
Em primeiro lugar a geografia do voto em sistemas proporcionais em distritos de grande magnitude, como é o caso brasileiro. Considerações sobre a existência e a natureza da conexão eleitoral no Brasil fazem refletir sobre a existência de “distritos informais” dentro dos grandes distritos formais, como se formariam as regiões de interesse de atuação dos deputados (em geral menores do que o Estado como um todo).
Em segundo lugar, considerações sobre o papel das coligações nas estratégias de sobrevivência eleitoral. As coligações nas eleições proporcionais no Brasil são acusadas de permitir a sobrevivência de partidos pequenos, sem expressão ou relevância no cenário nacional ou mesmo regional, o que se daria em prejuízo da funcionalidade do sistema político.
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Uma terceira provocação seria aquela do papel dos partidos na organização do governo. O sistema eleitoral proporcional de lista aberta incentivaria a baixa coesão partidária, a qual só poderia ser remediada na esfera de produção de políticas públicas pelos mecanismos de controle da agenda legislativa possuídos pelo Presidente da República e pelos líderes partidários.
Este artigo divide-se, além desta introdução, nas seguintes seções: uma primeira trata dos insights das linhas teóricas que se apresentam como provocações ao trabalho; uma segunda seção elucida aspectos metodológicos do trabalho; e a seção final traz a análise dos dados, que fundamenta a conclusão.
Provocações Teóricas e Metodológicas
“Distritos Informais” e inspiração metodológica
Silva, Biderman e Avelino Filho (20092) trazem importante contribuição
metodológica sobre a geografia do voto no Brasil para eleições legislativas. Após a
crítica dos índices já utilizados para verificar concentração ou desconcentração
espacial de votos (Ames,1995; Samuels, 2002; Pereira e Rennó, 2001; Crisp e
Desposato, 2004), apresentam dois índices trazidos da Economia Industrial, o Índice
G de Concentração Industrial e o Quociente Locacional – QL.
A presença ou não de distritos informais no Brasil relaciona-se com os
debates sobre a conexão eleitoral. Em perspectiva bastante influenciada pelos
estudos norte-americanos, avalia-se a distribuição espacial de votos dos
parlamentares e sua relação com perfis de atuação no Legislativo, em que
sobressai a ênfase em políticas paroquialistas, que distribuem benefícios
espacialmente concentrados com o intuito de fidelizar uma clientela política e
garantir a sobrevivência política do parlamentar (por exemplo, a clássica obra de
Mayhew, 1974).
Tanto em sua discussão estadunidense, quanto em sua transposição para a
realidade brasileira, há diversos fatores a serem problematizados em relação à
conexão eleitoral, como por exemplo o papel dos partidos na organização da ação
coletiva (Kiewiet e McCubbins, 1993) (Figueiredo e Limongi, 2001), as
características institucionais do processo orçamentário (Figueiredo e Limongi,
2 Também Avelino, Biderman e Silva, 2011.
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2008), o papel legislativo do Poder Executivo etc. O ponto ressaltado pela obra de
Silva, Biderman e Avelino Filho (2009) é aquele relacionado à presença ou não de
clientelas, pois a sustentação lógica da conexão eleitoral clássica dos modelos
distributivistas (Mayhew, 1974; Weingast e Marshall, 1983) exige concentração
espacial de eleitores/apoiadores de parlamentares.
Os índices QL e G partem de uma ideia contrafactual interessante. Assim
colocam os autores por meio de uma analogia:
Suponha que os votos de cada candidato fossem lançados por um helicóptero e caíssem nas mãos dos eleitores que os depositariam nas urnas em todo o estado. Nesta situação, espera-se encontrar para cada candidato maior número de votos em cidades com maior número de eleitores. Assim, a distribuição espacial esperada de votos seria aleatória com relação aos municípios em que haveria alguma concentração de voto, sendo apenas função do número de eleitores por cidade; ao mesmo tempo, seria homogênea com relação ao número de eleitores em cada sessão eleitoral do estado e,consequentemente, em cada município, pois não haveria influência da ação dos candidatos, mantendo a mesma relação em todas as cidades. O resultado da distribuição regional de votos caberia ao acaso e o deputado se elegeria pelo total de votos, sem importar sua distribuição espacial. (Silva, Biderman e Avelino Filho, 2009).
A ideia básica é que dado o conjunto de eleitores do distrito, qualquer subgrupo destes eleitores deveria apresentar as mesmas características da população. Se assim não fosse, seria porque a variável segundo a qual se escolheu o subgrupo é relevante para definir as características do eleitorado. Assim, o que importa são os desvios em relação à média, a variável que define estes grupos e a diferença em relação à média.
Mais adiante retomaremos o argumento para o objetivo deste artigo.
Sistema de Representação Proporcional e Coligações no Brasil
Embora os dois modelos mainstream de democracia - Reino Unido e Estados
Unidos - adotem o sistema majoritário para a eleição da câmara baixa, o sistema
proporcional de lista é a preferência em mais da metade dos países democráticos
(Nicolau, 2012a, p. 31). A maior parte deles, no entanto, adota o sistema de lista
fechada ou flexível. O Brasil encontra-se no pequeno rol de 13 países que adotam o
sistema eleitoral proporcional de lista aberta3.
3 São eles: Brasil, Chile, Chipre, Dinamarca, Equador, Finlândia, Letônia, Luxemburgo, Panamá, Peru, Polônia, Suíça. Suriname (Nicolau, 2012a)
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Para a literatura preponderante, a combinação de presidencialismo com um
sistema proporcional de lista aberta é receita para o fracasso e a ingovernabilidade
(Shugart and Carey, 1992; Ames, 2001), já que sistemas multipartidários não podem
contar com o apoio de maiorias disciplinadas no Congresso Nacional.
De fato, a análise das configurações partidários desde 1998 (primeira eleição
para a Câmara dos Deputados após a introdução da urna eletrônica) mostra que o
número de partidos representados na Câmara dos Deputados cresceu. O Brasil
conta hoje com 30 partidos parlamentares (TSE, 2012)4, sendo 23 (77%) deles
representados no Congresso Nacional, o que configura um fragmentação altíssima,
como pode ser visto na tabela abaixo.
Tabela 1: Índices de Concentração Partidária na Câmara dos Deputados (1998-2011)
Ano P HH F N
1998 18 0.1403 0.8597 7.1264
2002 19 0.1178 0.8822 8.4896
2006 21 0.1077 0.8923 9.2891
2011 22 0.0962 0.9038 10.3974
Nov 2011 23 0.0946 0.9054 10.5703
Fonte: Elaboração de Henrique baseada em dados da Secretaria Geral da Mesa da Câmara dos Deputados.
De acordo com o índice HH5, o “mercado partidário brasileiro” reflete um
capitalismo selvagem, variando de 0.1403 a 0.0946, enquanto que a fragmentação
(Rae, 1967) é alta, 90%, e o número efetivo de partidos parlamentares (Laakson
and Taagepera, 1979) cresceu de 7 a 11 no período.
A análise comparada, no entanto, tem mostrado que altas taxas de
fragmentação não colocam em risco sistemas presidencialistas (Przeworski,
Alvarez, Cheibub, & Limongi, 2000), corroborando pesquisa nacional que remete
aos poderes presidenciais atribuídos pela Constituição de 1988 e ao Regimento
Interno das casas legislativas, razões para o nosso “segredo eficiente”: um
presidencialismo de coalização racionalizado (Santos, 2001), onde o presidente
controla a agenda e o Congresso Nacional com votações coesas e partidariamente
orientadas, com um alto alinhamento ideológico (Figueiredo e Limongi, 2001; 4 Informação disponível em: http://www.tse.jus.br/partidos/partidos‐politicos. Acesso em: 26, jun, 2012. 5 Um índice econômico aqui usado seguindo a metodologia de (Nicolau, 2005, p. 6) .
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Santos, 2001). Há, no entanto, uma constante migração do peso dos partidos fortes
em direção aos partidos intermediários, como mostra a análise das configurações
partidárias no período entre 1998 e 2010, reforçada pelo ingresso do mais recente
partido, PSD, não captada pelas lentes dos índices de fragmentação internacional
(Henrique, 2012).
Historicamente, o Congresso Nacional e os partidos políticos estão entre as
instituições mais mal avaliadas no Brasil (Ibope Opinião, 2010). A literatura
culturalista concorrente à perspectiva do capital social (Putnam, 1993), a mídia e a
opinião pública atribuem a desconfiança política, e, especialmente, o ceticismo
político-representativo à percepção do mau desempenho da instituição (Offe, 1999)
e à reprovação ao comportamento dos atores políticos (Della Porta, 2000; Power &
Jamison, 2005), envolvidos em escândalos, de alta repercussão e divulgação, além
de suscetíveis ao viés interinstitucional da mídia (PORTO, 1996). A visão
institucionalista, no entanto, tende a relacionar à percepção de legitimidade as
escolhas institucionais, entre elas o sistema eleitoral. Tais condições inerentes
associadas a fatores contingentes acabam gerando uma pressão constante na base
de um ciclo de reformas eleitorais (Norris, 2009). Não por acaso Reformas
Eleitorais, em diferentes dimensões e acepções, são constantes na Nova República
e até mesmo antes dela (Rabat, 2002).
A percepção de fidedignidade entre votos e representação é considerada
fundamental para a qualidade de uma democracia consensual (Lijphart, 1999) e
como regime responsivo (Powell, 2005). O Brasil tem um dos mais baixos índices de
desproporcionalidade (Gallagher6): 2,5, de acordo com Nicolau (2012). O eleitor, no
entanto, não parece gostar do resultado das urnas, pelo menos, do desempenho
dos eleitos. A percepção de “justiça nas eleições” também é baixa em outras
democracias com lista aberta, como a Finlândia (Norris, 2009, p. 13), onde o índice
de Gallagher é de 3,2. No Brasil, ainda não dispomos de pesquisas neste sentido,
mas a preferência pela mudança para um sistema eleitoral majoritário (55%),
indicada pelo Instituto Data Senado em Março de 2011 (DataSenado)7 corroborada
6 O índice de Gallagher, ou índice de mínimos quadrados, compara a votação e a representação de todos os partidos que concorrem em uma eleição. Quanto amis próximo de zero, mais proporcional é o sistema (Nicolau, 2012a) 7 Available at http:www.senado.gov.br/noticias/opiniãopublica. Retrieved on April 25, 2010.
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pela Opinião Pública8 pode ser boa proxy para a insatisfação com resultado das
urnas.
Um ponto central nesta discussão é o papel da coligação, considerada
principal responsável pela percepção de distorção voto-assento, baixa identificação
partidária e pouca lembrança (recall) do nome do candidato (Moisés, 2010). De
acordo com a mesma pesquisa do DataSenado (2011), 53% dos brasileiros apoiam
o fim das coligações.
No Brasil, os partidos têm liberdade para coligar-se em todas as eleições.
Nos pleitos proporcionais, seus efeitos continuam mesmo depois do pleito, pois
permitem não só que os partidos somem seus votos com vistas a eleger seus
deputados, quanto determinam a distribuição das cadeiras sem respeitar a
proporção de votos entre os partidos de origem. Na prática, o Brasil tem um sistema
muito semelhante à Finlândia, onde a coligação cria uma lista única,
independentemente dos votos de cada partido, a partir das escolhas nominais dos
eleitores. No caso do Brasil, a combinação das coligações com o voto de legenda
gera outra distorção. O voto em uma legenda coligada não ajuda ao partido, porque
contabiliza o total de cadeiras da coligação. Este pode ser mais um fator importante
para nossa baixa identidade partidária (cerca de 60% do eleitorado não tem
preferência por qualquer partido, (Kinzo, 2005)).
Os partidos também são livres para se coligar diferentemente na disputa para
cada cargo. A verticalização foi instituída em 2002 por meio de uma interpretação
dada pelo TSE à Constituição9. Em 26 de fevereiro de 2002, o tribunal, consultado
pelo deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ), entendeu que o princípio pelo qual os
partidos se organizam impedia que alianças feitas nos Estados contrariassem
coligações nacionais. Em 26 de março de 2002, o tribunal atenuou a medida, ao
decidir que o partido que não lançasse ou apoiasse um candidato à Presidência
poderia se coligar com qualquer outro nos Estados. Seis partidos10 recorreram
contra a verticalização ao STF (Supremo Tribunal Federal) com duas ações diretas
de inconstitucionalidade. Em 18 de abril de 2002, o STF decidiu, por 7 votos a 4,
8 Como aumentar o peso do seu voto. Revista Veja, 2, set., 2011. 9 Verticalização é uma norma eleitoral, segundo a qual os partidos que se unirem para apresentar um candidato único à Presidência da República devem repetir a aliança nos estados, nos municípios e no Distrito Federal. 10 (PC do B, PT, PL, PSB e PPS, PFL)
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que não analisaria as ações, o que manteve a medida em vigor. O tribunal alegou
que a resolução do TSE constituía apenas uma interpretação da legislação vigente,
e não uma norma nova. Em resposta à decisão do STF, o Congresso Nacional
editou emenda constitucional (EC 52/2006) admitindo as coligações nas eleições
majoritárias e proporcionais sem obrigatoriedade de vinculação entre as
candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital e municipal. Desde então, as
coligações são matéria constitucional, o que dificulta qualquer alteração. Hoje, o
partido pode lançar um candidato único à Presidência e coligar-se a outras legendas
nos estados, municípios e no DF.
A Lei das Eleições (§1 º, art. 6º da Lei 9.504 de 1997) dá às coligações status
de partido. Desta forma, uma coligação pode apresentar uma lista de candidatos de
até duas vezes a magnitude do distrito (aumento de 100%). Graças ao sistema
proporcional o candidato mais votado nas últimas eleições, Tiririca, eleito com mais
de 1,3 milhões de votos, trouxe dois outros deputados com menos de 90 mil votos
em um distrito com quociente eleitoral de 304.533 votos válidos.
No que concerne à representação na Câmara dos Deputados, a coligação é
considerada fonte de dois tipos de distorção. Em primeiro lugar permite que
partidos pequenos vençam a cláusula de barreira do sistema brasileiro (que é o
quociente eleitoral, ou seja, a soma dos votos válidos no candidato da legenda e na
própria legenda dividida pela magnitude do distrito). Esta cláusula está implícita na
legislação e varia para cada distrito/unidade da federação, pois corresponde ao
quociente eleitoral (que varia de 12,5% em distritos com 8 deputados federais até
1,4% no estado de São Paulo, que conta com 70 deputados). Em segundo é
possível que partidos coligados, com poucos votos, elejam mais deputados que
outros partidos, sejam coligados ou não, com mais votos, porque a determinação
dos eleitos deriva não só dos votos da coligação, mas também do número de votos
nominais que ordena a lista da coligação.
Um dos incentivos reconhecidos para a formação de coligações é a
aglutinação de forças no apoio a candidatos majoritários, o que pode ser conferido
pelos altos índices de voto nas legendas dos candidatos à Presidência em eleições
gerais. Em 2010, por exemplo, os partidos com maior percentual de votos em
legenda para deputados federais foram o PT de Dilma Rousseff (26%) e o PSDB de
Serra (22%), percentuais muito acima do terceiro colocado, o PMDB (9,33%), que
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concorreu com candidato à vice-presidente na chapa do PT. Além disso, é comum
que partidos pequenos, quando coligados com maiores, tendam a concentrar seus
recursos de campanha em um só candidato (Nicolau, 2012a).
Contudo, sob a perspectiva da eleição proporcional, a coligação traz perdas e
ganhos, pois agrega mais votos ao grupo que se coliga, mas também traz mais
competidores para a formação da própria lista.
Os efeitos da coligação praticamente anulam a cláusula de barreira, sendo
ela o principal fator de desconcentração na configuração partidária conforme
apontam simulações de possíveis propostas da Reforma Política 2011 (Henrique,
2011). Por isso, a coligação é percebida como fonte de ganhos para os partidos
pequenos nas eleições legislativas e para os partidos grandes nas majoritárias, pois
são eles que, via de regra, indicam os concorrentes a esses cargos.
Eleições e configurações de partidos parlamentares envolvem fatores
multidimensionais, que muitas vezes escapam a uma abordagem única. É
necessária abordagem compreensiva, muitas vezes incorporando instituições não
formais, como indica a pesquisa estadunidense (Azari & Smith, 2012) e brasileira
(Henrique, 2012). Neste sentido, é útil buscar uma melhor compreensão do
mecanismo da coligação para os candidatos aos cargos do legislativo, para verificar
se a coligação apenas confere ganhos frente às restrições institucionais ou se ela
agrega força de votos ao grupo em disputa.
Arenas eleitoral, legislativa e governabilidade
A discussão sobre o funcionamento do governo brasileiro configurou-se a
partir de 1988 como a disputa entre duas percepções distintas. Uma delas
valorizava as características macro-institucionais do sistema político, como
federalismo, sistema eleitoral proporcional de lista aberta, multipartidarismo,
bicameralismo (Linz, 1990; Mainwaring, 1990). Outra conferia papel importante às
regras próprias do processo legislativo e ao papel legiferante do Poder Executivo
(Figueiredo e Limongi, 2001).
Ambas visões diferenciaram-se em boa medida em suas análises do
processo de governo, tocando em questões como agenda, poder de agenda,
disciplina partidária, fidelidade partidária, papel dos partidos. As macro-
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características institucionais alimentavam a ideia de falta de coesão e disciplina e a
dificuldade de aprovação de uma agenda de governo. A ênfase nas regras próprias
do processo legislativo e nos poderes legiferantes do Poder Executivo, por sua vez,
apresentavam um quadro mais benigno, pelo menos no tocante à capacidade de
implementação de uma agenda pelo governo (cf. seção anterior).
As diferentes perspectivas analíticas mostram-se fortes na medida em que
enfatizam as características institucionais de sua escolha. Contudo, tentativas de
composição de um quadro unitário a partir de ambas as perspectivas não se
mostraram tão frutíferas e sólidas quanto aquelas calcadas em pressupostos em
boa medida excludentes (um trabalho que busca fazer essa aproximação é o de
Pereira e Muller, 2003). A visão baseada nas macro-características tem suas
dificuldades em explicar constatações como fidelidade e coesão partidárias e
sucesso da agenda do legislativo (Ames, 2003). Já a ênfase nas regras internas do
processo legislativo e nos poderes legislativos do Poder Executivo parece construir
uma força contrária a equilibrar os elementos “desarticuladores” e “ingovernáveis”
trazidos pelas macro-características, mas não os agrega no arcabouço explicativo.
A corrente preponderante prioriza a democracia, cuja qualidade é avaliada
pela alternância de poder e do número de partidos parlamentares, e pela extensão
do sufrágio e do número de eleitores. Esta concepção, baseada em dimensões
normativas e formais (Dahl, 1977), acabou por supervalorizar o papel dos partidos
parlamentares e suas funções no governo (Key, 1964). Neste sentido, a
representação partidária ganhou tal importância que alguns autores advogam que a
democracia moderna, pelo seu aspecto representativo, não pode ser “sequer
pensada” sem eles (Dalton & Wattemberg, 2000), o que, para os críticos significa a
existência de uma verdadeira “partocracia” (Strom & Müller, 1999). Nesta
perspectiva, uma das questões que se coloca é saber se os partidos, que são vistos
como elementos centrais na organização da ação coletiva no Parlamento são de
fato incapazes de organizar e articular suas ações na arena eleitoral brasileira ao
abdicarem de sua identidade nas coligações, não trazendo da dinâmica dos pleitos
nenhum ganho organizativo para o mundo partidário.
Metodologia e Dados
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Índices são construtos matemáticos elaborados a partir de uma configuração
institucional própria. A análise comparada de sistemas eleitorais é complexa,
especialmente porque envolve regras próprias e nuances culturais, muitas vezes
sofrendo os efeitos do etnocentrismo (Norris, 2004; 2007). No Brasil, nas eleições
para a Câmara dos Deputados, o uso de índices internacionais para a avaliação dos
efeitos dos sistemas eleitorais nas configurações parlamentares é ainda mais
questionável pela existência de grandes, diversos e dispersos distritos com uma
magnitude média de 19 assentos, que tem um peso importante na determinação
dos partidos efetivos (Henrique, 2011; 2012).
No mesmo sentido, o presente trabalho lançou mão do insight metodológico
trazido pelo trabalho de Silva, Biderman e Avelino Filho (2009) (Avelino, Biderman e
Silva, 2011) para verificar o peso das coligações e/ou dos partidos do chefe do
Executivo municipal nas eleições para a Câmara Federal. Para tanto, trabalhou-se
com dados sobre o desempenho eleitoral dos candidatos a deputado federal no
pleito de 2010 discriminando as informações segundo seus próprios partidos e
partidos dos prefeitos eleitos em 2008. Nesta fase preliminar e exploratória, limitou-
se o trabalho aos quatro estados da região Sudeste.
O desempenho eleitoral tomou apenas os votos nominais para deputado
federal, excluindo brancos, nulos e votos em legenda. Há dois problemas com os
dados, mas que podem ser negligenciados sem perda significativa de informação.
Trata-se: i) da não identificação do prefeito de alguns municípios (problemas de
bancos de dados ou criação de municípios entre os anos de 2008 e 2010), mas que
são dados residuais (em Minas Gerais – estado onde se concentra o maior número
de municípios do País - e Espírito Santo, por exemplo, não houve problemas na
identificação de prefeitos), e ii) da possibilidade de mudança de partido de prefeitos
eleitos entre a data da eleição e a realização do pleito de 2010 – que também deve
ser residual devido às recentes restrições da Justiça Eleitoral a mudanças de
partido.
Para cada um dos estados quantificou-se:
I - o total de votos nominais conseguidos por candidatos a deputado federal para cada partido;
II – o total de votos nominais para deputado federal para cada município, agregando-os por partido do prefeito eleito.
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A partir dessas informações construiu-se a divisão dos votos dos candidatos a deputado federal segundo a divisão:
– municípios com prefeito do “mesmo partido”,
– municípios com prefeitos de “outros partidos da coligação”
– municípios com prefeitos dos “demais partidos”.
Buscou-se quantificar os votos nominais a deputado federal de cada partido
em cada grupo de municípios. Vale ressaltar que um município pode estar ao
mesmo tempo nas três categorias, a depender do partido do candidato a deputado
federal. Além disso, as coligações mudam para cada estado.
Seguindo a lógica dos índices QL e G apresentados por Silva, Biderman e
Avelino Filho (2009) contrastaram-se as proporções de votos de cada partido com
as proporções de votos totais nos municípios segundo os partidos dos prefeitos
eleitos em 2008. A tabela 2 traz um exemplo hipotético que ajuda a esclarecer a
apresentação e interpretar os resultados.
Tabela 2: Exemplo hipotético de distribuição de votos no Estado Y
Partido X Desempenho Relativo
Desvio em Relação à Média
“Mesmo partido” 30% 10% “Outros partidos da coligação” 18% -2% “Demais partidos” 15% -5%
Total 20% 0%
Elaboração dos autores a partir de dados hipotéticos.
A tabela é interpreda da seguinte forma:
- O partido X teve 20% dos votos no Estado Y.
- O partido X teve 30% dos votos em municípios com prefeitos eleitos do “mesmo partido” (no caso, partido X). Isto corresponde a um desvio positivo de 10 pontos percentuais em relação ao desempenho médio no Estado Y.
- O partido X teve 18% dos votos em municípios com prefeitos eleitos dos “outros partidos da coligação” (isto é, partidos da coligação com a exclusão do próprio partido X). Isto corresponde a um desvio negativo de 2 pontos percentuais em relação ao desempenho médio no Estado Y.
- O partido X teve 15% dos votos em municípios com prefeitos eleitos dos “demais partidos” (isto é, partidos que não integram a coligação de X). Isto corresponde a um desvio negativo de 5 pontos percentuais em relação ao desempenho médio no Estado Y.
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A ideia contrafactual de Silva, Biderman e Avelino Filho (2009) é que se a
distribuição de votos dos partidos fosse aleatória, provavelmente não haveria
diferença devida ao partido do prefeito eleito, em outras palavras, a média de
desempenho de 20% para o total do estado deveria estar replicada em qualquer
subgrupo escolhido, seja de partidos dentro ou fora da coligação. Se, de outra
forma, a distribuição de votos não for aleatória em relação aos partidos dos prefeitos
eleitos em 2008, haveria, para os subgrupos, desvios em relação à média total de
desempenho no Estado.
A tabela 2 (hipotética) mostra uma situação em que a distribuição de votos
para deputado federal não é aleatória em relação ao partido do prefeito. Por
exemplo, o partido X controla prefeituras/municípios nos quais ele teve 30% dos
votos totais. Já para os municípios com prefeitos de outros partidos da coligação,
esse desempenho caiu para apenas 18%. E o pior desempenho, enfim, foi
encontrado em municípios com prefeitos de partidos que não fazem parte da
coligação de X, 15% dos votos.
Apresentação de Dados e Análise
Em 2010, 26 partidos conseguiram votos para deputado federal no pleito na
região Sudeste. A exploração dos dados partiu de algumas hipóteses preliminares.
A principal hipótese era de que os candidatos a deputado federal conseguem
seu melhor desempenho nos municípios com prefeitos de seus próprios partidos. A
literatura evidencia o uso dos cargos no Legislativo como trampolim para cargos
majoritários (Samuels, 2003). Estaria implícito na ideia que haveria alguma forma de
articulação dos interesses partidários entre a prefeitura/município e os candidatos a
deputado federal. Esta articulação poderia ser tanto a atuação de cabos eleitorais
(numa perspectiva logística/operacional da campanha eleitoral), quanto talvez pela
predominância ideológica do partido do prefeito junto à população (numa
perspectiva da eleição como ação ideológica).
Uma segunda hipótese em certa medida contrária à primeira é que partidos
fortes teriam um perfil de desempenho diferente de partidos intermediários,
pequenos e/ou nanicos. A explicação para isso seria que partidos mais fortes, ao
objetivar as alianças para apoiar as eleições majoritárias, estariam abrindo mão de
ganhos nas eleições proporcionais – e talvez tendo desempenho pior em municípios
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com suas prefeituras. Já os partidos menores obteriam ganhos com as coligações,
com desempenho positivo nos municípios com prefeituras de seu partido e também
daqueles da coligação.
Para comparar o comportamento dos partidos a partir sua representação na
Câmara dos Deputados, utilizou-se a taxonomia de Tafner (1996) que classifica os
partidos como fortes, intermediários, pequenos e nanicos, conforme o tamanho
relativo da bancada na Câmara dos Deputados e sua representação em diferentes
distritos, ou ainda nacionalização. Este último critério mostra-se grande diferencial
da metodologia que, ao contrário dos índices internacionais, introduz este
importante fator para a força partidária no Brasil (Henrique, 2011; 2012),
principalmente em um trabalho que analisa possíveis ganhos nas eleições locais.
Em busca de um índice que comportasse estas peculiaridades, utilizou-se a
classificação de Tafner (1996), metodologia que compreende não só o peso relativo
do partido como também a sua capilaridade, avaliada pelo número de distritos
representados. De acordo com o autor, a conjugação destes fatores nos dá a
medida da força individual de cada partido, da seguinte forma:
Categoria Mínimo de Membros Mínimo de Distritos
Forte Pelo menos 10% (51) 18
Médio Pelo menos 5% (26) 9
Pequeno Mais do que 1% (5) 5
Nanico Pelo menos 1 1
Quadro 1: Categorias, de acordo com a classificação de Tafner.
De acordo com esta metodologia, os partidos eleitos em 2010 são classificados da seguinte forma:
Fortes: PT, PSDB e PMDB; Médios: DEM, PP, PR, PSB, PDT; Pequenos: PTB, PSC, PC do B, PPS, PV e PRB.
Ou como pode ser visto na tabela (2) a seguir:
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Tabela 2: Partidos Parlamentares de acordo com classificação de Tafner 54 Legislatura (2011-2015)
Partido Membros eleitos em 2010 Bancada (%) Distritos com
Representação
PT 88 17,15% 24
PMDB 78 15,20% 27
PSDB 53 10,33% 20
PP 44 8,58% 20
DEM 43 8,38% 21
PR 40 7,80% 19
PSB 34 6,63% 16
PDT 26 5,07% 14
PTB 22 4,29% 15
PSC 17 3,31% 11
PC do B 15 2,92% 10
PV 14 2.73% 8
PPS 12 2.34% 7
PRB 8 1.56% 7
PMN 4 0.78% 4
PTdoB 4 0.78% 4
PSOL 3 0.58% 2
PHS 2 0.39% 2
PRTB 2 0.39% 2
PRP 2 0.39% 2
PTC 1 0.19% 1
PSL 1 0.19% 1
Total 513 100.00% 27 districts
Fonte: Bancada eleita, Secretaria Geral da Mesa – Câmara dos Deputados. Elaboração Henrique.
Partidos Fortes Partidos Intermediários Partidos Pequenos Partidos Nanicos
Devido à pouca expressividade do número de votos dos partidos nanicos, e também ao não preenchimento das categorias de forma significativa, eles não foram contemplados na análise.
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Todas as análises e apresentações adiante são baseadas no desempenho
relativo do partido no estado e nos grupos de prefeituras, e nos desvios em relação
à média total (que é o desempenho no estado). No Anexo 1 são apresentados todos
os desvios em relação à média.
Desvios:
O gráfico 1 apresenta os desvios em relação à média para todos os partidos
nos quatro estados. Os valores foram agregados em três grupos: “Mesmo Partido”,
“Outros Partidos da Coligação” e “Demais Partidos”, e seus pontos foram ordenados
do maior para o menor. O gráfico deve ser lido da seguinte forma:
Para os candidatos a deputado federal, nos municípios de seu
mesmo partido o desempenho foi, na maioria das observações, acima
da média (se fosse igual à média, o valor seria zero).
O desempenho nos municípios com prefeitos de “outros
partidos da coligação” foi em parte superior à média e em parte abaixo
da média.
O desempenho nos municípios dos “demais partidos” foi
próximo da média em boa parte dos casos.
Gráfico 1: Desvios em Relação à Média: Todos os Partidos Fonte: TSE. Elaboração dos autores. A apresentação das médias condensa a informação (Gráfico 2). Como se
pode ver, o melhor desempenho médio dos partidos dá-se nos municípios com
prefeitos de seu próprio partido (que é o único valor positivo). Contudo, o pior
‐10,00%
‐5,00%
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
Mesmo Partido Outros Partidos da Coligação Demais Partidos
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desempenho dá-se nos municípios com prefeituras dos demais partidos da
coligação, e não naqueles fora da coligação.
Gráfico 2: Média dos Desvios em Relação à Média por posição partidária. Fonte: TSE. Elaboração dos autores.
Assim, a primeira hipótese parece se verificar em parte, pois há também
informações conflitantes. O gráfico 2 mostra que é melhor buscar votos em
municípios de prefeitos de partidos fora da coligação do que na própria coligação (à
exceção dos municípios com prefeitos do mesmo partido).
A apresentação dos dados por grupos de partidos também é interessante. O
gráfico 3 condensa as informações.
3,63%
‐0,67% ‐0,03%
‐1,00%
‐0,50%
0,00%
0,50%
1,00%
1,50%
2,00%
2,50%
3,00%
3,50%
4,00%
Mesmo Partido Outros Partidos da Coligação
Demais Partidos
Média
Mesmo PartidoOutros Partidos da
ColigaçãoDemais Partidos
Fortes 4,78% ‐1,05% ‐0,87%
Médios 4,96% ‐0,54% 0,38%
Pequenos 1,47% ‐0,56% 0,05%
‐2,00%
‐1,00%
0,00%
1,00%
2,00%
3,00%
4,00%
5,00%
6,00%
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Gráfico 3: Desvios em Relação à Média por Grupos de Tamanho de Partido.Fonte: TSE. Elaboração dos autores.
A agregação dos dados por tamanho de partidos mostra que os
partidos fortes apresentam desempenho melhor nos municípios de seus próprios
partidos, depois naqueles fora da coligação e por fim nos outros partidos da
coligação (mais abaixo ver-se-á que PT e PSDB têm perfis diferenciados do PMDB).
Não há novidade em relação à agregação geral.
Os partidos médios e pequenos apresentam um padrão de desempenho
similar. Estes têm desempenho superior à média nos municípios com prefeito do
próprio partido e naqueles fora da coligação. A média é puxada para baixo pelo
desempenho nos municípios com prefeitos dos demais partidos da coligação, com
desvio negativo. Em outras palavras, a pior situação é encontrada nos municípios
dos partidos coligados (que é similar ao caso dos partidos fortes).
Considerada a situação geral novamente, vê-se que mesmo discriminando
por tamanho de partido, a melhor opção seria não coligar na eleição para
deputado federal, pois os piores desempenhos se dão sempre nos municípios dos
demais partidos da coligação.
Ao desagregar os desempenhos por Estados, tem-se o seguinte (Gráfico 4):
Gráfico 4: Desempenho em Relação à Média por UF Fonte: TSE. (Elaboração: BRAGA, R.)
Novamente vê-se que o melhor desempenho sempre se dá no município com
prefeito do mesmo partido. Quanto ao desempenho nas demais categorias, apenas
em SP é mais vantajoso coligar-se do que disputar votos fora da coligação (por uma
SP MG RJ ES
Mesmo Partido 4,95% 3,16% 4,06% 2,53%
Demais da Coligação ‐0,48% ‐0,21% ‐0,31% ‐1,35%
Outros Partidos ‐0,53% 0,49% ‐0,04% ‐0,04%
‐2,00%
‐1,00%
0,00%
1,00%
2,00%
3,00%
4,00%
5,00%
6,00%
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diferença muito pequena). Nos demais estados, continua mais vantajoso disputar
votos em municípios fora da coligação do que naqueles da coligação (à exceção,
sempre, dos municípios com prefeito do próprio partido). Um dado interessante é
que o pior desempenho nos “demais da coligação” se dá no ES, que apresenta
coligações maiores do que os outros 3 estados11.
Em relação aos partidos, o padrão que se encontrou é de desempenhos
acima da média nos municípios de prefeitos do mesmo partido e desempenho
abaixo da média nas demais categorias. Este é o padrão para, por exemplo, PT,
PSDB, DEM e PDT. Já PMDB, PTB e PRB são os partidos que destoam da
tendência geral.
Abaixo os gráficos por partido apresentam as observações reais encontradas
em cada uma das UFs e também a média das observações na última coluna de
cada grupo (distinguida também por cor diferente).
Gráfico 5: Desempenho em Relação à Media – PT, 2010. Fonte: TSE. Elaboração dos autores.
11 Uma tendência geral do Brasil é que haja maior aglutinação de partidos em coligações onde há menos cadeiras em disputa. A lógica parece ser simples: onde há muitas cadeiras em disputa, desempenhos relativos menores podem garantir eleição de deputados, já quando há poucas cadeiras, o quociente eleitoral é alto e é preciso estar nas listas das grandes coligações para ter chances. O dado do ES pode mostrar que as coligações tornam a disputa de votos mais ferrenha dentro da própria coligação.
‐6,00%
‐4,00%
‐2,00%
0,00%
2,00%
4,00%
6,00%
8,00%
10,00%
12,00%
Mesmo Partido Demais da Coligação Outros Partidos
PT
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Gráfico 6: Desempenho em Relação à Media – PSDB, 2010.Fonte: TSE. Elaboração dos autores.
Gráfico 7: Desempenho em Relação à Media – DEM, 2010 Fonte: TSE. Elaboração dos autores.
‐4,00%
‐2,00%
0,00%
2,00%
4,00%
6,00%
8,00%
10,00%
Mesmo Partido Demais da Coligação Outros Partidos
PSDB
‐4,00%
‐2,00%
0,00%
2,00%
4,00%
6,00%
8,00%
10,00%
12,00%
Mesmo Partido Demais da Coligação Outros Partidos
DEM
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Gráfico 8: Desempenho em Relação à Media – PDT, 2010. Fonte: TSE. Elaboração dos autores.
Gráfico 9: Desempenho em Relação à Media – PMDB, 2010. Fonte: TSE. Elaboração dos autores.
‐6,00%
‐4,00%
‐2,00%
0,00%
2,00%
4,00%
6,00%
8,00%
10,00%
12,00%
14,00%
Mesmo Partido Demais da Coligação Outros Partidos
PDT
‐4,00%
‐2,00%
0,00%
2,00%
4,00%
6,00%
8,00%
10,00%
Mesmo Partido Demais da Coligação Outros Partidos
PMDB
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Gráfico 10: Desempenho em Relação à Media – PTB, 2010. Fonte: TSE. Elaboração dos autores.
Gráfico 11: Desempenho em Relação à Media – PRB, 2010. Fonte: TSE. Elaboração dos autores.
O comportamento de PT, PSDB, DEM e PDT adequa-se aos achados gerais
(na verdade o constituem em boa medida): melhores desempenhos nos municípios
de prefeitos do mesmo partido e desempenho variado entre os municípios dos
demais partidos da coligação e nos outros municípios.
‐4,00%
‐3,00%
‐2,00%
‐1,00%
0,00%
1,00%
2,00%
3,00%
Mesmo Partido Demais da Coligação Outros Partidos
PTB
‐1,40%
‐1,20%
‐1,00%
‐0,80%
‐0,60%
‐0,40%
‐0,20%
0,00%
0,20%
Mesmo Partido Demais da Coligação Outros Partidos
PRB
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PMDB, PTB e PRB, por outro lado, já apresentam um quadro menos claro.
Mesmo em municípios do próprio partido o desempenho em relação à média do
estado foi por vezes mais baixo12.
Conclusão
Uma primeira conclusão diz respeito a aspectos metodológicos. O trabalho
ganhará consistência na medida em que expandir sua amostra para mais estados e
realizar testes estatísticos mais sofisticados como regressão logística (logit) –
passos a serem dados na continuação da pesquisa.
Não obstante os aspectos metodológicos, os achados preliminares permitem
avançar sobre as provocações apontadas no início do trabalho.
Sobre a geografia do voto e a existência de distritos informais, nota-se que no
desempenho eleitoral dos candidatos a deputado federal é importante considerar o
direcionamento partidário dos municípios onde os votos são disputados. Não há um
campo igualmente aberto à disputa de votos, os candidatos devem considerar o
partido dos prefeitos.
É reconhecida a preocupação dos deputados federais com a eleição de
prefeitos e vereadores, mas os dados preliminares apontam para a possibilidade de
que seja privilegiada essa relação dentro dos próprios partidos. O apoio de
deputados federais a candidatos a prefeito e vereador de vários partidos não parece
consistente com os achados preliminares desta pesquisa. Seria interessante
avançar esta pesquisa para dados do passado, pois no momento atual a migração
partidária é bastante mais limitada do que já foi em período recente.
Esse alinhamento partidário permite também alimentar a discussão sobre a
existência das duas arenas na política nacional: eleitoral e legislativa. Se há alguma
relação positiva entre prefeitos e candidatos a deputado forjada sobre a sigla
partidária, pode haver desdobramentos de outras ordens, inclusive no Congresso,
que fortaleçam a coordenação e união do grupo. No caso de uma possível desunião
partidária, poderia, por outro lado, haver perdas eleitorais.
12 O PTB conseguiu, nos 4 estados, 1.168.497 votos nominais, já o PRB conseguiu 619.397. Desta forma, as variações têm algum sentido, não sendo apenas o caso de uma amostra pouco significativa.
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A dissociação total entre uma arena eleitoral e outra congressual, quando na
segunda o papel coordenador da sigla é significativo, não faz sentido diante dos
achados preliminares desta pesquisa. Para o parlamentar há um ganho em ser
partidário também no período eleitoral. Um ponto a questionar, contudo, é saber se
são os líderes partidários que conseguem coordenar essas ações ou se a sigla
permite articulações descentralizadas entre prefeitos e candidatos a deputado
federal. De toda forma, os achados preliminares permitem vislumbrar que os
partidos são organizações que contam na articulação entre políticos em diferentes
esferas: prefeituras e candidatos a deputado federal.
Quanto ao papel das coligações, parece que alguns partidos mostram um
perfil mais monolítico e não conseguem vantagens na eleição legislativa ao coligar-
se. Sobretudo partidos grandes e médios como PT, PSDB e DEM assistiram a uma
situação na qual seu desempenho nos municípios dos partidos coligados é inferior
ou igual ao desempenho nos municípios de partidos de fora da coligação, e sua
vantagem vem mesmo dos municípios com prefeitos do próprio partido. Como são
grandes, certamente também não auferem ganhos significativos em termos de
vencer a cláusula de barreira, pois não é um problema para tais partidos em geral
(no caso dos quatro estados, a cláusula de barreira é um problema apenas no ES e
sobretudo para o DEM).
Outra situação é a do PMDB. A cláusula de barreira não parece ser uma
preocupação do partido ao buscar a coligação. Por outro lado, ele não consegue
garantir sempre seus melhores desempenhos nos municípios com prefeitos do
próprio PMDB, pois há desempenhos positivos significativos em municípios com
prefeitos da coligação e de fora da coligação. Assim, a coligação para o PMDB não
parece ser algo certamente atrativo.
PTB e PRB, por sua vez, parecem buscar as coligações com vistas a
aumentar suas chances eleitorais na própria eleição proporcional, por serem
partidos menores e terem que lutar para vencer a cláusula de barreira. Contudo,
eles parecem não explorar bem seu desempenho nos municípios com prefeitos do
próprio partido. Para os demais partidos (apresentados no Apêndice 1), a cláusula
de barreira pode ser o problema que os leva a coligar, mas eles conseguem
explorar melhor os votos em municípios de seus próprios partidos.
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Um retrato final do quadro preliminar traçado permite conhecer o seguinte:
enquanto é, em geral, bastante favorável para os candidatos a deputado federal
disputarem votos em municípios com prefeitos de seu próprio partido, a coligação
não ajuda em nada a disputa por votos, pois a disputa em municípios com prefeitos
da coligação (à exceção do próprio partido) é muitas vezes menos lucrativa do que
a disputa em municípios fora da coligação. Assim, a coligação, em geral, não facilita
a penetração em municípios controlados por prefeitos de outros partidos.
O que explica a coligação, afora PMDB, PTB e PRB – que têm desempenho
dissonante ao restante do grupo – são razões estranhas à disputa nominal de votos,
mas sim, para os pequenos, a possibilidade de vencer a cláusula de barreira. Para
os grandes, é uma barganha que não trará ganhos de natureza eleitoral na disputa
para deputado federal. É realmente uma troca, em que alguns barganham pela sua
sobrevivência via eleições proporcionais e outros abrem mão de ganhos maiores
nessa seara em busca de outros objetivos que podem estar nas eleições
majoritárias ou outros objetivos políticos (como cargos no Executivo, no Legislativo,
etc.).
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Apêndice 1. SP MG
Mesmo P. Demais Col. Outros Missing Mesmo P. Demais Col. Outros Missing
PT 11,56% ‐4,74% ‐2,63% ‐1,11% 4,21% ‐2,75% ‐0,58%
PMDB ‐0,37% 0,03% 3,20% 3,75% ‐1,19% ‐0,48%
PSDB 8,76% ‐2,00% ‐1,91% 7,01% 8,07% ‐1,36% ‐1,48%
DEM 2,58% ‐0,94% ‐1,42% ‐3,12% 3,56% 1,71% ‐1,27%
PP 2,21% ‐0,01% ‐4,18% 2,96% 2,33% ‐1,51%
PR 8,96% ‐0,27% ‐0,13% ‐4,01% 8,46% ‐1,46% 12,00%
PSB 11,06% 4,79% ‐0,45% ‐7,78% 0,11% 0,36% ‐0,04%
PDT 6,79% ‐0,43% ‐0,86% 2,19% ‐0,09%
PTB 1,46% ‐0,06% 8,67% ‐0,07% 2,25% ‐0,37%
PSC 1,04% ‐1,01% 0,00% ‐1,28% 1,34% ‐0,01%
PC do B ‐0,17% 0,05% ‐0,52% 3,52% ‐0,28% 0,14%
PPS 3,62% ‐0,04% ‐0,13% 8,21% 7,98% ‐1,91% 0,53%
PV 7,97% ‐0,22% ‐1,46% ‐1,09% 0,02%
PRB ‐1,31% 0,09% ‐0,02% ‐0,76% ‐0,73% ‐0,02% 0,01%
RJ ES
Mesmo P. Demais Col. Outros Missing Mesmo P. Demais Col. Outros Missing
PT 2,65% ‐0,44% 5,29% 3,24% ‐2,27% ‐0,79%
PMDB ‐1,83% 3,45% 2,10% 0,25% 8,93% ‐0,41% ‐3,10%
PSDB 6,55% ‐2,83% ‐0,57% ‐2,41% 1,85% 3,54% ‐0,53%
DEM 11,61% ‐2,83% 0,11% ‐3,50% ‐0,31% ‐0,20% 0,04%
PP 0,13% ‐0,16% ‐1,38% 1,51% ‐2,24% 0,74%
PR 0,27% ‐0,08% 10,39% 10,82% ‐2,89% ‐1,13%
PSB 7,61% ‐0,03% ‐1,26% ‐6,60% ‐1,83% 3,38%
PDT 8,24% ‐0,84% ‐2,94% 12,26% ‐4,17% ‐1,09%
PTB ‐0,93% 0,01% ‐0,49% ‐2,60% ‐3,26% 0,61%
PSC 1,96% 0,27% ‐0,74% 11,33% 4,19% ‐1,09% 0,33%
PC do B 0,01% ‐2,28% ‐0,09% 0,03%
PPS 0,58% ‐0,01% ‐1,48% ‐2,89% ‐2,78% 0,53%
PV 0,01% ‐2,31% 2,92% ‐1,22% 0,45%
PRB ‐0,49% 0,02% ‐2,33% ‐0,46% 0,04% ‐0,01%
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