ementário de votos - prova

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Ementário Forense (Votos que, em matéria criminal, proferiu o Desembargador Carlos Biasotti, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Veja a íntegra dos votos no Portal do Tribunal de Justiça: http://www.tj.sp.gov.br ). Prova (Art. 155 e segs. do Cód. Proc. Penal) a) Prova em Geral Voto nº 11.444 Apelação Criminal nº 993.07.027578-2 Art. 1º , nº II, da Lei nº 8.137/90; art. 36 do Código Criminal do Império – O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos autos. Se elas não indicam com segurança a culpa do réu, será força pronunciar o “non liquet” e absolvê-lo. “Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição de pena” (art. 36 do Código Criminal do Império). – Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são necessárias, para sua condenação, provas tão claras como a luz meridiana: “probationes

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Ementário de Votos - Prova

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Ementário Forense(Votos que, em matéria criminal, proferiu o Desembargador Carlos Biasotti, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Veja a íntegra dos votos no Portal do Tribunal de Justiça: http://www.tj.sp.gov.br).

• Prova

(Art. 155 e segs. do Cód. Proc. Penal)

a) Prova em Geral

Voto nº 11.444

Apelação Criminal nº 993.07.027578-2

Art. 1º, nº II, da Lei nº 8.137/90;art. 36 do Código Criminal do Império

– O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos autos. Se elas não indicam com segurança a culpa do réu, será força pronunciar o “non liquet” e absolvê-lo.

–“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição de pena” (art. 36 do Código Criminal do Império).

– Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são necessárias, para sua condenação, provas tão claras como a luz meridiana: “probationes luce meridiana clariores” (cf. Giovanni Brichetti, L’Evidenza nel Diritto Processuale Penale, 1950, p. 111).

– Muita cautela devem ter os órgãos do Poder Judiciário ao reexaminar processo em que, na Primeira Instância, foi o réu absolvido. É que, mais próximo da causa e em contacto direto com o réu e testemunhas, como que inspiram o Juiz notáveis e puros influxos da Verdade. Donde a geral concepção de que a assinatura do Juiz em sentença absolutória deve interpretar-se por um novo e venerável testemunho a favor da inocência do réu.

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Voto nº 2678

Apelação Criminal nº 1.240.485/8

Art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal;art. 150, § 1º, do Cód. Penal

– A mera alegação de ser o réu viciado não obriga à realização do exame médico de dependência toxicológica. Importa que se demonstre, com documentos ou testemunhas idôneas, tratar-se efetivamente de caso patológico.

–“Quando grosseiramente inverossímil, a defesa do réu é mais um indício de sua culpabilidade” (Nélson Hungria, in Jurisprudência, vol. 13, p. 236).

– Não é para subestimar a palavra da vítima, a qual os Tribunais tiveram sempre em boa conta. Com efeito, falando pela via ordinária, quem mais abalizado a discorrer das circunstâncias de um fato, do que a pessoa que lhe foi protagonista?!

– Para qualificar o roubo, não é mister a apreensão da arma; basta que testemunhas lhe provem a existência, ou o réu o tenha confessado (art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal).

– Diz-se consumado o roubo se o agente, ainda que por breve lapso de tempo, teve a posse desvigiada da coisa subtraída à vítima mediante violência ou grave ameaça.

Voto nº 1075

Apelação Criminal nº 1.107.095/0

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal

–“A regra da livre convicção não desvincula o juiz das provas dos autos: quod non est in actis non est in mundo” (José Frederico Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. II, p. 298).

–“Julgar por livre convicção não é julgar livremente” (Min. Orosimbo Nonato; DJU 15.12.49, p. 4.289).

– Indícios, ainda que veementes, não autorizam condenação, que apenas na certeza depara fundamento legítimo.

– O regime prisional fechado é, pelo comum, o que mais convém à personalidade do autor de roubo, de seu natural violento e refratário à

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disciplina social. Mas, desde que primário e de bons antecedentes, não é defeso ao Juiz, tendo consideração aos graves e notórios malefícios do regime recluso, deferir-lhe o benefício do semiaberto (cf. art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).

– As prisões “não ressocializam ninguém, ao contrário, corrompem, aviltam, degradam, embrutecem” (Evandro Lins e Silva, Arca de Guardados, 1995, p. 62).

Voto nº 8753

Apelação Criminal nº 1.048.793-3/1-00

Arts. 214 e 224, alínea a, do Cód. Penal;arts. 225, §§ 1º, nº I, e 2º, do Cód. Penal

–“O nome de certos advogados debaixo de uma petição é meia prova feita do que está pedindo” (Laudo de Camargo, in Revista do Advogado, nº 36, março/92, p. 16).

–“Se o espírito humano, consoante a observação de Framarino, na maioria da vezes não atinge a verdade senão por via indireta (Lógica das Provas, I , p. 1, cap. III), esse fato mais acentuadamente se observa nos Juízos Criminais, onde cada vez mais a inteligência, a prudência, a cautela do criminoso tornam difícil a prova direta” (Bento de Faria, Código de Processo Penal, 1960, vol. II, p. 125).

Voto nº 8852

Embargos de Declaração nº 830.738-3/8-01

Arts. 535 e 619 do Cód. Proc. Penal

– Destinatário da prova, pode o Juiz, sempre com prudente arbítrio, indeferir a produção daquelas que, ao parecer, não influam na apuração da verdade (que é a alma e o escopo do processo) nem importem para a decisão da causa.

– Os embargos de declaração não rendem ensejo a reapreciação de matéria já decidida, pois não têm caráter infringente; armam só ao fim de desfazer ambiguidade, contradição ou obscuridade do acórdão (art. 619 do Cód. Proc. Penal).

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Voto nº 5887

Embargos Infringentes nº 328.656-3/1-03

Arts. 288 e 316 do Cód. Penalart. 71 do Cód. Penal

– Nisto de confissão, cumpre atender-lhe à força de convencimento: “A confissão do delito vale não pelo lugar em que é prestada, mas pela força de convencimento que nela se contém” (Rev. Trim. Jurisp., vol. 95, p. 564; rel. Min. Cordeiro Guerra).

–“O valor probante dos indícios e presunções, no sistema de livre convenci-mento que o Código adota, é em tudo igual ao das provas diretas” (José Frederico Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 1965, vol. II, p. 378).

– Pretender, em certos casos, prova extraordinária e superabundante da autoria criminosa será desconhecer a lição da experiência vulgar, pois há crimes que somente praticam sujeitos extremados nas artes da malícia e prevenidos contra as eventualidades. Repugna-lhes sempre a luz, por não desmentirem o adágio: O crime procura a sombra (arts. 288 e 316 do Cód. Penal).

Voto nº 806

Apelação Criminal nº 1.076.043/0

Art. 155, § 4º, nº II, do Cód. Penal;art. 155, § 2º, do Cód. Penal

– Muita vez é mister dar de mão a certo escrúpulo e suprir pelo raciocínio lógico o toque da evidência: à falta de prova plena, bastam indícios veementes, múltiplos e concordes, para demonstrar a autoria do fato incriminado.

– Aquele que foi achado na posse das coisas subtraídas à vítima e não soube justificá-lo, esse passa por autor do furto, crime cometido pelo comum às ocultas.

– É aplicável o privilégio do § 2º do art. 155 do Cód. Penal, se primário o réu e nenhum o prejuízo da vítima, o que se equipara ao pequeno valor da “res furtiva”, na conformidade de copiosa Jurisprudência.

– Não é o privilégio do art. 155, § 2º, do Cód. Penal incompatível com o furto qualificado; uma vez concorram os requisitos legais, pode o Juiz

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deferi-lo ao réu cujos antecedentes e personalidade o tornem merecedor do benefício. Esta é a lição de graves autores (v.g.: Damásio E. de Jesus e Paulo José da Costa Jr.) e a jurisprudência dos Tribunais (STF, STJ, TACrimSP, etc.).

Voto nº 826

Apelação Criminal nº 1.080.671/4

Art. 155, § 4º, nº III, do Cód. Penal

– Que melhor prova da culpa “lato sensu” do réu, do que ter sido preso na posse mesma da coisa furtada e haver encetado fuga à vista da Polícia?

– Isto de trazer alguém consigo coisas alheias e não saber explicar-lhes satisfatoriamente a origem vale por declaração de autoria de furto.

Voto nº 845

Agravo em Execução nº 1.089.719/7

Art. 2º, nº II, do Decreto nº 2.002/96 (Indulto)

– Tratando-se de matéria específica, é regra comum que somente poderá pronunciar-se a respeito dela, “ex professo”, o que tiver saber técnico. A razão disto anda em provérbio: “Mais sabe o tolo no seu, que o sisudo no alheio” (cf. Bluteau, Vocabulário, 1720, t. VII, p. 411).

– O laudo pericial vale por sua fundamentação, não pela autoridade de quem o subscreve; daqui o dever que têm os peritos de dar as razões de seu convencimento.

– Não esquecer a lição do conspícuo Mário Guimarães: “Os peritos são testemunhas técnicas. Mas o Juiz não ficará nunca adstrito à opinião deles” (O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 310). Isto mesmo dispõe a lei: “O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte” (art. 182 do Cód. Proc. Penal).

– Ao aplicar as disposições do decreto de indulto, deve o Magistrado fazê-lo com o mesmo espírito que lhe presidiu à promulgação: atenuar com a moderação da clemência o rigor do castigo.

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Voto nº 850

Apelação Criminal nº 1.075.121/0

Art. 129 do Cód. Penal

– Não há prova maior do que a confissão de boca própria (“Nulla est maior probatio quam proprio ore confessio”).

– Isto de ter sido feita na fase extrajudicial, não invalida a confissão. É doutrina que tem por fiador não menos que ao Pretório Excelso: “A confissão do delito vale não pelo lugar em que é prestada, mas pela força de convencimento que nela se contém” (Rev. Trim. Jurisp., vol. 95, p. 564; rel. Min. Cordeiro Guerra).

– Ainda que da última crueldade o ato que o sujeito praticou, não há fixar-lhe a pena máxima cominada ao delito, se primário e de bons antecedentes, sendo força atender ao pregão imortal de Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10), que, em nosso vulgar, responde assim: Justiça excessiva o mesmo é que injustiça.

Voto nº 900

“Habeas Corpus” nº 321.812/1

Art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal

– Não se conhece de “habeas corpus” preventivo de que não conste, precisa e claramente, a indicação da autoridade coatora, faltando-lhe pois uma das condições objetivas de procedibilidade: a legitimação passiva “ad causam”.

–“Allegare nihil et allegatum non probare paria sunt” (o que, em linguagem, quer dizer: nada alegar e não provar o alegado implicam o mesmo).

–“No Juízo criminal, todos os fatos devem ser provados, ainda quando não determinem controvérsia a seu respeito” (Bento de Faria, Código de Processo Penal, 1960, vol. I, p. 252).

Voto nº 903

Apelação Criminal nº 1.086.797/1

Art. 155, § 1º, do Cód. Penal

Page 7: Ementário de Votos - Prova

– Para autorizar condenação, não há mister seja a prova dos autos eloquente e prolixa; basta que induza à convicção de que o réu infringiu a ordem jurídica.

– Toda versão do réu que delire supinamente do conjunto probatório passa por argumento de sua culpa (“stricto sensu”).

Voto nº 986

Apelação Criminal nº 1.100.285/2

Art. 157, §§ 1º e 2º, do Cód. Penal

– Tratando-se de roubo impróprio (§ 1º do art. 157 do Cód. Penal), nenhuma relevância tem a falta de laudo de exame pericial da vítima; tem-

na apenas a hipótese do §3º do referido dispositivo, em que a ofensa física é elementar do tipo e, pois, ao órgão da Acusação incumbe provar-lhe a materialidade.

– Como o réu apresentou versão exculpatória dos fatos, cumpria-lhe prová-la, em bem de sua defesa e para imprimir seriedade às suas palavras. Se o não fez, desacreditou-se e confirmou a veracidade da imputação. É que, segundo o velho aforismo jurídico, “allegare nihil, et allegatum non probare, paria sunt” (o que, traduzido em vulgar, significa: nada alegar, e não provar o alegado, implicam o mesmo).

– É de reconhecer a causa especial de aumento de pena do inc. I do § 2º do art. 157 do Cód. Penal, ainda que não apreendida a arma que o agente empregara na prática do roubo, se provas idôneas lhe atestarem a existência.

Voto nº 991

Apelação Criminal nº 1.101.343/6

Arts. 157, § 2º, nº II; 29 e 70 do Cód. Penal

– Toda pessoa poderá ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc. Penal), ainda a criança, cujo depoimento será aferido à luz do conjunto probatório e segundo as regras da prudência humana.

Page 8: Ementário de Votos - Prova

– Embora direito do réu permanecer calado durante seu interrogatório, repugna à razão natural não queira defender-se pela palavra e com veemência o inocente acusado de fato grave. Em face de injusta acusação, geralmente se interpreta o silêncio por confissão de culpa.

–“É cousa tão natural o responder, que até os penhascos duros respondem, e para as vozes têm ecos. Pelo contrário, é tão grande violência não responder, que aos que nasceram mudos fez a natureza também surdos, porque se ouvissem, e não pudessem responder, rebentariam de dor” (Vieira, Cartas, 1971, t. III, p. 680).

Voto nº 1006

Apelação Criminal nº 1.097.559/7

Art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal

– O reconhecimento fotográfico é idôneo para legitimar um edito condena-tório, sobretudo quando conjugado com outros elementos de convicção.

– Concede-se que permanecer calado é direito de todo o réu, solenemente consagrado pela Constituição da República (art. 5º, nº LXIII). No entanto, há invencível implicância lógica entre o silêncio e o estado de inocência perante o injusto acusador. É que a razão natural pôs preceito que homem algum injustamente acusado deixasse de defender-se com energia e em todo tempo.

Voto nº 1084

Apelação Criminal nº 1.105.949/7

Art. 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal

– As provas do processo em que a vítima indicou, sem hesitar, como autor de roubo aquele mesmo que a Polícia deteve ainda na posse da “res furtiva”, essas pertencem ao número das que Beccaria denominou perfeitas: “demonstram de maneira positiva, que é impossível ser o acusado inocente” (Dos Delitos e das Penas, § VII; trad. Torrieri Guimarães).

– O aumento de metade da pena-base, à conta de tríplice qualificadora do roubo, é medida de incoercível necessidade social (reprimir com eficácia a criminalidade violenta) e traço de justiça retributiva: a exemplaridade da pena há de atender à intensidade da culpa do agente.

Page 9: Ementário de Votos - Prova

– Fechado é o regime prisional próprio de autor de roubo, pois somente esse responde à natureza do crime, gravíssimo, que atemoriza a sociedade e revela vasta deformidade moral em quem o pratica.

Voto nº 1108

Apelação Criminal nº 1.105.647/2

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal

– Que melhor prova da autoria de um crime, do que a acusação, firme e concordante, de testemunhas superiores a toda a exceção, e o reconheci-mento seguro do réu pela vítima?!

– Ainda que a principal de suas circunstâncias atenuantes, a menoridade relativa não permite a redução da pena aquém do mínimo legal.

– Isto de não ter sido apreendida arma em poder do réu não implica inocorrência da causa especial de aumento (nº I do § 2º do art. 157 do Cód. Penal), se prova idônea e cabal lhe demonstrou a existência.

– O regime prisional fechado é, pelo comum, o que mais convém à personalidade do autor de roubo, de seu natural violento e refratário à disciplina social. Mas, desde que primário e de bons antecedentes, não é defeso ao Juiz, tendo consideração aos graves e notórios malefícios do regime recluso, deferir-lhe o benefício do semiaberto (cf. art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).

– As prisões “não ressocializam ninguém, ao contrário, corrompem, aviltam, degradam, embrutecem” (Evandro Lins e Silva, Arca de Guardados, 1995, p. 62).

Voto nº 1119

Apelação Criminal nº 1.097.199/3

Art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal

– A justificativa inverossímil apresentada pelo réu, em cujo poder foi apreendida a “res furtiva”, e sua incriminação pelo comparsa bastam para elidir-lhe os protestos de inocência e autorizar condenação.

Page 10: Ementário de Votos - Prova

–“O valor probante dos indícios e presunções, no sistema de livre convenci-mento que o Código adota, é em tudo igual ao das provas diretas” (José Frederico Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. II, p. 378).

Voto nº 1211

Apelação Criminal nº 1.117.677/5

Arts. 157, § 2º, nº I, e 14, nº II, do Cód. Penal

– Nisto de reconhecimento, o ponto está em que seja seguro. O exagerado apego ao rito preconizado pelo art. 226 do Cód. Proc. Penal constitui, muita vez, escusado tributo ao “frívolo curialismo”, que o sábio Francisco Campos mandava proscrever, de férula em punho (cf. Exposição de Motivos do Código de Processo Penal, nº XVII).

– Nos crimes de roubo, a palavra da vítima ocupa o vértice da prova; por isso mesmo, sua falta poderá deitar crise à pretensão punitiva estatal e justificar a absolvição do acusado, com base no art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal.

– Se nada de valor a vítima trazia consigo, haverá só tentativa de roubo, por impropriedade relativa do objeto material (cf. Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 8a. ed., p. 516).

– Não há proibição legal de o Juiz conceder regime semiaberto a condenado não-reincidente a pena inferior a 8 anos (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal); a concessão de tal benefício unicamente é defesa ao réu condenado a pena que exceda a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos.

Voto nº 1536

Apelação Criminal nº 1.152.117/0

Arts. 157, § 2º, nº II, e 14, nº II, do Cód. Penal

– Que melhor prova da culpabilidade do réu, que haver confessado perante a autoridade a prática da infração penal, ter sido reconhecido firmemente pelas testemunhas e preso com parte das “res furtivae”?!

– A falta de recuperação integral das coisas subtraídas à vítima, sobretudo quando de ínfimo valor, não obsta ao reconhecimento da tentativa de

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roubo, se o agente não teve delas a posse tranquila e desvigiada, ainda que por breve lapso de tempo.

– A aplicação extremada da lei desfecha, não raro, em iniquidade: “Summum jus, summa injuria” (Cicero, “De Officiis”, I, 10).

– O regime prisional fechado é, pelo comum, o que mais convém à personalidade do autor de roubo, de seu natural violento e refratário à disciplina social. Mas, desde que primário e de bons antecedentes, não é defeso ao Juiz, tendo consideração aos graves e notórios malefícios do regime recluso, deferir-lhe o benefício do semiaberto (cf. art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).

– As prisões “não ressocializam ninguém, ao contrário, corrompem, aviltam, degradam, embrutecem” (Evandro Lins e Silva, Arca de Guardados, 1995, p. 62).

Voto nº 1591

Apelação Criminal nº 1.152.663/4

Arts. 155, e 14, nº II, do Cód. Penal

– É princípio jurídico, recebido pelo Código de Processo Penal em seu art. 156, que o ônus da prova incumbe àquele que alega. “Onus probandi ei qui dicit”.

– Dificuldades de caráter socioeconômico, só por si, não justificam o sacrifício do direito alheio, exceto em circunstâncias mui particulares, em que invencível perigo o imponha (art. 25 do Cód. Penal).

– Tratando-se de pena de curta duração, não é defeso ao Magistrado conceder ao condenado reincidente o benefício do regime semiaberto, se mais compatível com o critério de suficiência para a reprovabilidade e prevenção de novas infrações (art. 33, § 2º, letra c, do Cód. Penal).

Voto nº 1613

Apelação Criminal nº 1.149.467/1

Art. 121, § 3º, do Cód. Penal

Page 12: Ementário de Votos - Prova

– Dentre todas, é a Lógica a melhor prova: se, com o impacto, a vítima foi arremessada a distância, avulta a certeza de que ao menos um dos veículos trafegava em alta velocidade.

– Obra com culpa, na modalidade de imprudência, o motorista que, dirigindo em alta velocidade seu veículo, colide-o com bicicleta e provoca ferimentos letais em seu ocupante.

Voto nº 1795

Apelação Criminal nº 1.170.437/8

Art. 303 do Código de Trânsito

– É escusada, por dispendiosa e procrastinadora, a realização da prova pericial onde couber a testemunhal.

–“Mas, essa liberdade (de requerer) não se deve degenerar em abuso, por forma a paralisar a marcha do processo, com o propósito de retardar a administração da justiça ou de tumultuar a ordem processual (Bento de Faria, Código de Processo Penal, 1960, vol. II, p. 210).

– Obra com manifesta imprudência o motorista que, à noite, sem o preceder de sinal luminoso nem acender as luzes externas de seu veículo, põe-no em movimento, interceptando a trajetória de motocicleta, em cujo condutor provoca lesões corporais de natureza grave (art. 303 do Código de Trânsito).

– É princípio jurídico venerável que a culpa concorrente da vítima não exclui a do réu.

Voto nº 1893

Apelação Criminal nº 1.160.293/4

Art. 155 do Cód. Penal

– A bebida alcoólica — “privação de sentidos”, na expressão vulgar — pode eclipsar o entendimento e comprometer as reminiscências de quem narra fatos.

– No geral consenso dos doutos, a sentença condenatória, pelos gravíssimos inconvenientes que deita à vida do indivíduo, não deve ser proferida exceto

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nos casos de prova plena e incontroversa da materialidade do fato, de sua autoria e da culpabilidade do agente.

Voto nº 2246

Apelação Criminal nº 1.206.707/6

Art. 10 da Lei nº 9.437/97; art. 89 da Lei nº 9.099/95;art. 209 do Cód. Proc. Penal

–“Não estando presente o acusado é absolutamente impossível a suspensão condicional do processo” (Ada Pellegrini Grinover et alii, Juizados Especiais Criminais, 2a. ed., p. 258).

– Princípio universalmente recebido, a pesquisa da verdade real é a alma e o escopo do processo.

– Para esclarecimento da verdade e melhor inteligência dos fatos, nada obsta determine o Juiz, a todo o tempo antes da sentença, a inquirição de testemunha, que lho faculta o art. 209 do Cód. Proc. Penal.

– O simples porte de arma de fogo sem autorização legal tipifica a infração do art. 10 da Lei nº 9.437/97, independentemente da existência de perigo concreto.

Voto nº 2264

Apelação Criminal nº 1.204.165/8

Arts. 157, § 2º, ns. I e II, e 329 do Cód. Penal

– Será sempre louvável e nobre o empenho do Advogado que, sem olhar a tempo nem a sacrifícios, toma sobre si o encargo de atenuar o golpe que a Justiça Penal desferiu sobre a cabeça do réu. Há casos, no entanto, em que se lhe mostra de todo baldio o esforço, por ser impossível negar o que a evidência mostra.

– Responde pelo crime de roubo, em concurso material com o de resistência (art. 329 do Cód. Penal), o sujeito que, após a lesão do patrimônio alheio mediante violência ou grave ameaça, efetua disparos de arma de fogo contra policiais militares, resistindo-lhes à ordem de prisão.

Page 14: Ementário de Votos - Prova

Voto nº 2349

Apelação Criminal nº 1.202.373/5

Arts. 157, § 2º, ns. I e II, e 155 do Cód. Penal

– Inquestionável é a força probante dos indícios; mas, para que autorizem edito condenatório, é mister que, em apoio recíproco, por forma inequívoca e concludente, incriminem o acusado, com exclusão de toda a hipótese que o favoreça (cf. Rev. Tribs., vol. 169, p. 76).

– Na dúvida, o Julgador deve decidir conforme o estalão da prudência (o qual, unicamente, o guardará das insídias do erro judiciário) e absolver o réu.

–“A verossimilhança, por maior que seja, não é jamais a verdade ou a certeza, e somente esta autoriza uma sentença condenatória. Condenar um possível delinquente é condenar um possível inocente” (Nélson Hungria, Comentários ao Código Penal, 6a. ed., vol. V, p. 65).

– O reconhecimento do réu pela vítima de roubo é elemento precioso de indicação da autoria, mas deve aferir-se à luz do conjunto probatório, pois facilmente se engana o homem com as falsas aparências de verdade: “decipimur specie recti” (cf. Horácio, Arte Poética, v. 25).

Voto nº 2389

Apelação Criminal nº 1.213.821/6

Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;art. 455 do Cód. Proc. Penal

– Se não comparece à audiência de instrução criminal a testemunha que indicou, pode o Ministério Público requerer-lhe a apresentação coercitiva a Juízo, ou desistir de ouvi-la (art. 455 do Cód. Proc. Penal).

– Tratando-se de faculdade legal (art. 404 do Cód. Proc. Penal), não anula o processo a desistência, sem manifestação expressa da Defesa, de testemunha arrolada pela Acusação. No caso, porém, de testemunha comum, é defeso a uma das partes desistir de seu depoimento, sem concordância da outra.

– Basta a fundamentar sentença condenatória a palavra da vítima, se em harmonia com os mais elementos de prova dos autos. Personagem central do roubo, é quem está em melhores condições de descrevê-lo e indicar seu autor.

Page 15: Ementário de Votos - Prova

Voto nº 2541

Apelação Criminal nº 1.228.701/5

Arts. 155, § 4º, nº IV, e 14, nº II, do Cód. Penal

– O réu inocente não se exime de afirmá-lo já na primeira oportunidade em que pode fazê-lo. Se às perguntas da autoridade responde com o silêncio, dá logo a conhecer que não tem que dizer-lhe, situação anormal e absurda, em que soem achar-se unicamente os culpados de crime.

– O aforismo jurídico “testis unus, testis nullus”, outrora de largo prestígio, de presente só prevalece naquelas hipóteses em que faltam outros elementos de prova da materialidade e da autoria do fato criminoso. Mas, ainda que única a testemunha, se as “res furtivae” foram apreendidas em poder do réu, já não é lícito alegar insuficiência de prova para a condenação.

–“A menoridade deve prevalecer sobre todas as demais circunstâncias subjetivas e até mesmo em relação à reincidência” (Celso Delmanto, Código Penal Comentado, 3a. ed., p. 106).

Voto nº 2676

Apelação Criminal nº 1.224.029/1

Arts. 302, 303 e 203, nº V, do Código de Trânsito;art. 566 do Cód. Proc. Penal

– Não viola o direito de defesa, dogma basilar da Justiça punitiva, o despacho que, pelo reputar desnecessário (e talvez protelatório), indefere pedido do réu de conversão do julgamento em diligência para a realização de perícia complementar. É caso de discrição do Magistrado, ao qual compete avaliar se o objeto da pretensão pode influir na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa (art. 566 do Cód. Proc. Penal).

– Causa diz-se em Direito a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido (art. 13 do Cód. Penal).

– Ingente e inescusável é a imprudência do motorista que, desrespeitando regra fundamental de trânsito, ultrapassa pela contramão outro veículo em trecho demarcado por linha contínua (cf. art. 203, nº V, do Código de Trânsito).

– Procede com manifesta imprudência o motorista que, sem atender às condições do tráfego rodoviário, efetua manobra de ultrapassagem e colide seu veículo com outro, provocando acidente fatal. É que, nesse caso, devia

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respeitar a preferência do veículo que transitava em sentido contrário (cf. art. 29, nº X, alínea c, do Código de Trânsito).

– Ultrapassagem em via pública é manobra que motorista não deve efetuar sem extraordinária diligência e atenção.

Voto nº 2821

Apelação Criminal nº 1.216.529/3

Art. 26 da Lei nº 4.771/65 (Código Florestal);art. 37 da Lei das Contravenções Penais

– Nisto de prova, tem universal aplauso o velho brocardo chinês: uma fotografia é mais eloquente que um discurso, pois vale por mil palavras.

– A Defesa do Meio Ambiente acrescentou novo mandamento ao decálogo divino: Não desmatarás!

Voto nº 2884

Apelação Criminal nº 1.242.397/0

Art. 155, § 4º, nº II, do Cód. Penal;art. 78, § 2º, do Cód. Penal

– É princípio que rege a sistemática do processo que, sem prova do prejuízo, não se declara nulidade de ato algum (art. 563 do Cód. Proc. Penal).

– Não é prova ilícita a constituída de imagens animadas de aparelho eletrônico instalado em casa comercial com o intuito de controlar a atividade de empregados e clientes; desde que afixadas em local de público acesso (com preservação da intimidade das pessoas), o recurso às câmaras fotográficas passa por exercício regular de direito do proprietário da empresa.

– Por avantajar-se à simples substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos (art. 43 do Cód. Proc. Penal), nada obsta que o Magistrado conceda ao réu “sursis” especial (art. 78, § 2º, do Cód. Penal).

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Voto nº 2939

Apelação Criminal nº 1.257.165/9

Arts. 157, § 2º, ns. I e II, e 14, nº II, do Cód. Penal;art. 566 do Cód. Proc. Penal

– A liberdade de requerer das partes “não deve degenerar em abuso por forma a paralisar a marcha do processo, com o propósito de retardar a administração da justiça ou tumultuar a ordem processual” (Bento de Faria, Código de Processo Penal, 1960, vol. II, p. 210).

– Se “até nas obras de Deus há claros e escuros, pois da luz e das trevas compôs o dia natural”, como escreveu grave autor (Bluteau, Suplemento ao Vocabulário, 1727, 1a. parte, preâmbulo); se “até o Sol tem manchas”, conforme asseveram os astrônomos, que muito encerre um depoimento, em pontos secundários, baldas e senões?! Produto do entendimento humano, adivinham-se-lhe as imperfeições e fraquezas! Se concordes no essencial, merecem fé e podem servir de base ao edito condenatório.

– Há tentativa de roubo se o agente, logo perseguido e preso, não teve a posse tranquila da coisa subtraída, recuperada afinal pela vítima.

– A só presença de duas qualificadoras não obriga ao aumento da pena do roubo além do mínimo legal de 1/3, o que apenas se justifica nos casos em que praticado por grupo numeroso de agentes, mediante emprego de armas de extraordinário poder vulnerante.

– Não há proibição legal de o Juiz conceder regime semiaberto a condenado não-reincidente a pena inferior a 8 anos (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal); a concessão de tal benefício unicamente é defesa ao réu condenado a pena que exceda a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos.

Voto nº 3182

Recurso em Sentido Estrito nº 1.234.377/8

Art. 140 do Cód. Penal

– Impossível que é obstar a realização de ato processual já perfeito e acabado, tem-se por prejudicado recurso interposto com esse intuito.

– Como o escopo do processo é a pesquisa da verdade real, nenhum prejuízo pode trazer ao litigante de boa-fé a presença, nos autos, de provas obtidas por meio lícito e com observância do princípio do contraditório. Faz ao

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propósito aquilo dos velhos praxistas: “Quod abundat non nocet”. Em nosso vernáculo: o que abunda não dana.

– É a prova, consoante retrilhada parêmia, o farol que ilumina o Juiz na boa decisão da causa.

Voto nº 3202

Apelação Criminal nº 1.261.085/9

Art. 171 do Cód. Penal;art. 156 do Cód. Proc. Penal

– É ponto elementar da ciência do Direito que o ônus da prova compete àquele que alega (“onus probandi ei qui dicit”). Isto mesmo dispõe o Código de Processo Penal: “a prova da alegação incumbirá a quem a fizer” (art. 156).

– Cai nas penas do estelionato, pela manifesta violação do princípio da boa-fé, o agente que paga mercadoria com cheque alheio falsificado. Não lhe serve de escusa o argumento de que recebeu o cheque a estranho, se o não comprovou “ad satiem”, pois esta é comumente a defesa dos que, mediante fraude (falsificação), costumam induzir incautos a erro para obter vantagem ilícita (art. 171 do Cód. Penal).

Voto nº 3210

“Habeas Corpus” nº 391.258/9

Art. 89 da Lei nº 9.099/95;art. 647 do Cód. Proc. Penal

– A certidão do oficial de justiça tem fé pública e prevalece contra simples alegação da parte; somente a prova plena e inequívoca poderá abalar-lhe a presunção de veracidade.

– Nos processos judiciais, como aliás em tudo que se move na vida (que é movimento: a inércia é própria dos mortos), importa muito o princípio da provocação da parte interessada).

– Após a denúncia, a todo o tempo, enquanto não transitar em julgado a sentença condenatória, é possível a aplicação do disposto no art. 89 da Lei

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nº 9.099/95, pois se trata de norma penal que beneficia o acusado (“lex mitior”).

Voto nº 3254

Recurso em Sentido Estrito nº 1.266.281/1

Arts. 139 e 342 do Cód. Penal;art. 400 do Cód. Proc. Penal

– É direito do acusado peticionar e juntar aos autos os documentos que julgar úteis à sua defesa, o que a lei não somente prevê, mas parece persuadir, em obséquio à busca da verdade real, alma e escopo de todo o processo (art. 400 do Cód. Proc. Penal e art. 5º, nº XXXIV, alínea a, da Const. Fed.).

– Não comete crime de difamação a testemunha que presta depoimento sob o compromisso de dizer verdade, pois a intenção de narrar fatos exclui o dolo, ou “animus diffamandi”. Se faltar à verdade, incorrerá nas penas do falso testemunho, crime de ação penal pública (art. 342 do Cód. Penal).

Voto nº 3362

Apelação Criminal nº 1.285.115/2

Arts. 147 e 23 do Cód. Penal;art. 21 da Lei das Contravenções Penais

– Aquele que, para defender-se, invoca em seu prol circunstância excludente da criminalidade deve prová-la cumpridamente, sob pena de haver-se na conta de réu confesso (art. 23 do Cód. Penal).

–“O estado de ira não exclui a intenção de intimidar” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 9a. ed., p. 474).

Voto nº 3414

Apelação Criminal nº 1.257.089/8

Art. 121, § 3º, do Cód. Penal

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– Destinatário da prova, pode o Juiz, sempre com prudente arbítrio, indeferir a produção daquelas que, ao parecer, não influam na apuração da verdade (que é a alma e o escopo do processo) nem importem para a decisão da causa.

– Responde por homicídio culposo, por negligência, o médico que, embora informado que o paciente apresentava rigidez na nuca e dificuldade de flexão da perna — sintomas clássicos da meningite — , prescreve-lhe apenas soro com antitérmico, permitindo a agravação do mal, que desfecha em óbito (art. 121, § 3º, do Cód. Penal).

– Negligência “é a ausência de precaução e indiferença em relação ao ato realizado” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 9a. ed., p. 63).

– De todos os princípios que regem o processo penal, nenhum há mais benemérito de aceitação que este: Condenação exige certeza da culpabi-lidade do réu.

Voto nº 3453

Revisão Criminal nº 375.688/9

Art. 354 do Cód. Penal (motim de presos);art. 156 do Cód. Proc. Penal

– Aquele que invoca em sua defesa razão excludente de ilicitude jurídica, sem demonstrá-la cabalmente, incorre na censura de réu confesso, pois “a prova da alegação caberá a quem a fizer” (art. 156 do Cód. Proc. Penal).

– Cometem o crime do art. 354 do Cód. Penal (motim) os sujeitos que, recolhidos a prisão, rebelam-se contra sua disciplina e pervertem-lhe a ordem para satisfação de intuito comum, v.g., reação contra punições, fuga, etc.

– Em caso de revisão criminal, deve o peticionário provar, acima de dúvida, que a sentença afrontou a evidência dos autos; se não, prevalecerá a imutabilidade da “res judicata”.

Voto nº 3617

Apelação Criminal nº 1.298.693/8

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;art. 226 do Cód. Proc. Penal

Page 21: Ementário de Votos - Prova

– Não anula o ato de reconhecimento do réu a falta de sua prévia descrição pela vítima ou testemunha. As normas do art. 226 do Cód. Proc. Penal têm caráter mais suasório que imperativo: são recomendáveis, não exigíveis; sua aplicação está sujeita a contingências (se possível, reza o inc. II do referido dispositivo). O que verdadeiramente importa é que nenhuma dúvida abale o reconhecimento.

– Em ponto de roubo, a apreensão da “res” em poder do sujeito adquire desmarcado relevo: se não lhe justificar a posse, o mesmo será que admitir a autoria do crime.

– A palavra da vítima tem especial relevância na prova do roubo e de sua autoria: protagonista do fato criminoso, ninguém está mais capacitado a discorrer dele, nem interessado na realização da justiça.

– Não há proibição legal de o Juiz conceder regime semiaberto a condenado não-reincidente a pena inferior a 8 anos (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal); a concessão de tal benefício unicamente é defesa ao réu condenado a pena que exceda a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos.

Voto nº 4670

Revisão Criminal nº 407.564/0

Art. 155 do Cód. Penal;art. 621 do Cód. Proc. Penal

– O direito reprime, com toda veemência de que é capaz, a obtenção de provas por meio ilícito; àquele, no entanto, que o alegar caberá o ônus da prova, pois as exceções não se presumem.

– Em revisão criminal, deve o réu provar (não apenas alegar) que a sentença contrariou a evidência dos autos; se o não fizer, prevalecerá a autoridade do caso julgado, subsistindo os efeitos da condenação (art. 621, nº I, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 10.194

Apelação Criminal nº 891.302-3/3-00

Art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal

Page 22: Ementário de Votos - Prova

– Desde que acorde com os mais elementos de prova dos autos, a confissão policial constitui prova idônea de autoria delituosa e justifica edição de decreto condenatório.

– As provas do processo em que o réu indicou, sem hesitar, o receptador das coisas que furtara, apreendidas afinal pela Polícia, pertencem ao número das que Beccaria denominou perfeitas: “demonstram, de maneira positiva, que é impossível ser o acusado inocente” (Dos Delitos e das Penas, § VII; trad. Torrieri Guimarães).

Voto nº 10.287

Apelação Criminal nº 993.08.013771-4

Arts. 12, 14 e 18, nº III, da Lei nº 6.368/76;art. 35 da Lei nº 11.343/06;art. 2º da Lei nº 9.296/96;art. 202 do Cód. Proc. Penal

–“Não é inepta a denúncia que proporciona ao acusado a plena defesa assegurada pela Constituição Federal” (cf. STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 85, p. 70).

–“O princípio do contraditório impõe a regra de serem as testemunhas da acusação ouvidas antes das da defesa. A inversão da prova, entretanto, só anula a ação penal em caso de prejuízo para o réu”, que se não presume, aliás deve ser comprovado “ad satiem” (cf. Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 319).

– Desde que acorde com os mais elementos de prova dos autos, a confissão policial constitui prova idônea de autoria delituosa e justifica edição de decreto condenatório.

– A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui para logo a ideia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).

– A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente impõe-se-lhe demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).

– A prova, obtida mediante interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça em face de “indícios razoáveis da autoria ou participação em

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infração penal” (art. 2º da Lei nº 9.296/96), é lícita e, portanto, pode servir de fundamento a decreto condenatório.

–“Não há invalidar o resultado obtido em decorrência de interceptações telefônicas que foram realizadas mediante autorização judicial, nos termos da Lei nº 9.296/96” (Rev. Tribs., vol. 854, p. 559; rel. Min. Felix Fischer).

– A causa de aumento de pena do art. 18, nº II, da Lei nº 6.368/76 (“decorrer de associação”), já não subsiste e, pois, não pode ser reconhecida à luz da nova Lei de Drogas (Lei nº 11.343/06), que previu a circunstância apenas como crime autônomo (art. 35).

– A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 10.625

Apelação Criminal nº 993.08.045310-1

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;art. 226 do Cód. Proc. Penal

– Se arrimada a outros elementos de convicção, constitui a fotografia prova idônea para justificar edito condenatório porque, em princípio, reproduz os caracteres fundamentais extrínsecos do indivíduo, sendo-lhe não raro a cópia fiel.

– Nisto de reconhecimento, o ponto está em que seja seguro. O exagerado apego ao rito preconizado pelo art. 226 do Cód. Proc. Penal constitui, muita vez, escusado tributo ao “frívolo curialismo”, que o sábio Francisco Campos mandava proscrever, de férula em punho (cf. Exposição de Motivos do Código de Processo Penal, nº XVII).

– No caso de roubo, tem a palavra da vítima extraordinária importância para comprovar-lhe a materialidade e a autoria: parte precípua no evento criminoso, é a que está em melhores condições de, à luz da verdade sabida, reclamar a punição unicamente do culpado.

– É, por força, o regime prisional fechado o mais compatível com o autor de roubo, sobretudo se indivíduo que ostenta copiosos traços negativos de personalidade e se consagrou abertamente à vida fora da lei, de todo infenso às regras que disciplinam a convivência humana.

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Voto nº 10.306

Apelação Criminal nº 993.06.107566-0

Art. 155 do Cód. Penal

– Merece confirmada, por fundar-se em prova boa, a sentença que condena indivíduo filmado pelas câmaras fotográficas de segurança enquanto subtraía coisa alheia. Contra a versão pueril e inverossímil do réu, larápio matriculado, é a “imagem do furto” a que deve prevalecer (art. 155 do Cód. Penal).

– É argumento lógico irrefragável que a posse de coisa alheia sem justifi-cativa satisfatória induz à certeza de sua origem ilícita.

Voto nº 11.084

Apelação Criminal nº 990.08.068412-4

Art. 180, “caput”, do Cód. Penal

– Se arrimada a outros elementos de convicção, constitui a fotografia prova idônea para justificar edito condenatório porque, em princípio, reproduz os caracteres fundamentais extrínsecos do indivíduo, sendo-lhe não raro a cópia fiel.

– Acompanhado de outros elementos de convicção, o reconhecimento do réu pela vítima, ainda que por fotografia, constitui prova suficiente para a condenação, segundo jurisprudência do STJ (cf. Rev. Tribs., vol. 817, p. 505).

– Responde por receptação o agente que recebe, em proveito próprio ou alheio, veículo que sabia tratar-se de produto de crime (art. 180, “caput”, do Cód. Penal).

– No crime de receptação (art. 180, “caput”, do Cód. Penal), impossível que é desvendar os segredos da alma humana, somente as circunstâncias do fato revelarão se o agente obrou, ou não, com dolo; delas apenas é que se poderá inferir se lhe era do conhecimento a origem ilícita das coisas adquiridas em proveito próprio.

– É preceito mais que soberano em Direito Penal que uma condenação, pelos gravíssimos reflexos que deita à vida do acusado, unicamente poderá apoiar-se em prova plena e incontroversa. Mais do que simples referência à materialidade da infração penal, importa que a prova reunida na instrução faça esplender a culpabilidade do réu. Em isto faltando, será imperiosa a

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absolvição, por amor daquele princípio comum de interpretação da dúvida, recebido por todas as civilizações que se regem segundo a Lei e o Direito: “In dubio pro reo”.

Voto nº 11.302

“Habeas Corpus” nº 990.08.169267-8

Arts. 33 e 44 da Lei nº 11.343/06;arts. 185, 222, 563 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;art. 2º da Lei nº 8.072/90

– Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado, rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando os dias de sua permanência no cárcere.

– É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior que obstam à realização do ato processual.

– Nos casos que com prudente arbítrio considere excepcionais, pode o Magistrado, olhando pela segurança pública e pelos altos interesses da Justiça, adotar cautelas especiais na prática dos atos de seu ofício. Este é o espírito da Lei nº 11.900, de 8.1.2009, que deu nova redação ao art. 222 do Cód. Proc. Penal, cujo § 3º reza: a inquirição de “testemunha poderá ser realizada por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real (...)”.

– Andaria mal-avisado o Juiz que, de plano, levantasse mão das engenhosas conquistas tecnológicas, sob color de que poderiam, em tese, contrariar interesses particulares, esquecido de que lhes sobreleva sempre o interesse comum. Ao demais, é de varão acreditado pelo saber e virtudes viver de acordo com o seu tempo!

–“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).

–“Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa” (art. 563 do Cód. Proc. Penal).

– O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provi-sória (art. 44 da Lei nº 11.343/06).

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Voto nº 10.709

Apelação Criminal nº 993.07.069843-8

Arts. 157, § 2º, nº II e 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal;arts. 202, 226, 563 e 566 do Cód. Proc. Penal

– Se arrimada a outros elementos de convicção, constitui a fotografia prova idônea para justificar edito condenatório porque, em princípio, reproduz os caracteres fundamentais extrínsecos do indivíduo, sendo-lhe não raro a cópia fiel.

– Acompanhado de outros elementos de convicção, o reconhecimento do réu pela vítima, ainda que por fotografia, constitui prova suficiente para a condenação, segundo jurisprudência do STJ (cf. Rev. Tribs., vol. 817, p. 505).

– Depõe ordinariamente contra o interesse do réu seu silêncio na quadra do inquérito policial. Deveras, quando injusta a acusação, o inocente clama de contínuo à face do mundo, não se retrai ao silêncio, refúgio natural dos culpados.

– A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em harmonia com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e a condenação do réu.

– A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a Juízo para mentir.

– Diz-se consumado o roubo se o agente, ainda que por breve lapso de tempo, teve a posse desvigiada da coisa subtraída à vítima mediante violência ou grave ameaça.

– Embora seja o regime prisional fechado o que, de regra, convém ao autor de roubo, crime de extrema gravidade, a lei não proíbe que o Magistrado fixe o semiaberto ao réu primário, que o tenha praticado sem arma nem violência contra a vítima (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).

Voto nº 11.355

Apelação Criminal nº 993.06.121733-3

Arts. 157, § 3º, “in fine”; 14, nº II, e 29 do Cód. Penal;arts. 226, 381, 386, nº II, e 499 do Cód. Proc. Penal;art. 1º da Lei nº 2.252/54; art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90

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– É princípio geralmente recebido que vício do inquérito policial, peça de caráter apenas informativo, não se comunica à ação penal.

– Nisto de reconhecimento, o ponto está em que seja seguro. O exagerado apego ao rito preconizado pelo art. 226 do Cód. Proc. Penal constitui, muita vez, escusado tributo ao “frívolo curialismo”, que o sábio Francisco Campos mandava proscrever, de férula em punho (cf. Exposição de Motivos do Código de Processo Penal, nº XVII).

– Não cai sob a rubrica das nulidades nem viola direito das partes o despacho que, no prazo do art. 499 do Cód. Proc. Penal, indefere a realização de diligência que não seja cabal nem imprescindível à decisão da causa.

– Decisão que, em operação lógica do espírito, deduz de vigoroso contingente probatório a culpabilidade do agente não tolera a nota de mal funda-mentada, antes será padrão muito para imitar.

– A palavra da vítima de roubo, sobretudo quando em harmonia com outros elementos de convicção do processo, pode justificar decreto condenatório. Protagonista do fato criminoso, é pessoa a mais capacitada para dele discorrer e indicar seu autor.

–“Se o agente pratica homicídio tentado e subtração patrimonial tentada, a doutrina unânime ensina que responde por tentativa de latrocínio (art. 157, § 3º, in fine, c/c o art. 14, nº II)” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 603).

– Em pontos de coautoria, “quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas” (art. 29 do Cód. Penal), de tal arte que, no caso de latrocínio tentado, irrelevante é a circunstância de não ter sido o autor do disparo que feriu a vítima, pois todos os sujeitos obram com identidade de propósitos.

– Por expressa vontade da lei, o autor de latrocínio (ainda que tentado), crime da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena, inicialmente, sob o regime fechado (art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 11.450

Apelação Criminal nº 990.08.137788-8

Arts. 157, “caput”; 33, § 2º, alínea b, e 59 do Cód. Penal;arts. 202, 302, nº IV, e 381 do Cód. Proc. Penal;art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

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– A arguição de nulidade por falta de apreciação de teses da Defesa não prevalece contra a sentença cuja conclusão se mostre com elas incon-ciliável. É que “a sentença precisa ser lida como discurso lógico” (STJ; REsp nº 47.474/RS; 6a. Turma; rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro; DJU 24.10.94, p. 28.790).

– Pode dar-se o caso que o crime se tenha já consumado, “mas ainda existam indícios eloquentes e até inequívocos de que ele acaba de ser cometido. Já não há o fogo, mas existe a fumaça; a chama se apagou, mas a brasa está quente. (...) Nesse caso a lei presume a autoria e finge que o crime ainda está sendo cometido. Há uma presunção de autoria e uma ficção de flagrante. A situação aqui é análoga à do flagrante, é uma quase-flagrância” (Hélio Tornaghi, Curso de Processo Penal, 1980, vol. II, p. 34).

– Muita vez, o silêncio do acusado é a mais clara das explicações.

– Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se a roboram outros elementos do processo.

– Pequenas divergências nos depoimentos não bastam a fulminá-los, antes confirmam o adágio de que “a palavra é mau veículo do pensamento”. O que monta não são os acidentes, mas a substância: nesta é que se acha gravada a linguagem da verdade.

– O sujeito que, trazendo consigo coisas alheias, não lhes justifica de modo cabal a procedência, entende-se que é autor de crime; pois, em regra, nenhuma dificuldade tem o dono de provar que sua posse é legítima.

– Não há proibição legal de que o Juiz conceda ao condenado não-reincidente a pena inferior a 8 anos o benefício do regime semiaberto; o Código Penal, o que veda às expressas é que se conceda ele ao réu condenado a pena superior a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).

–“(...) se as circunstâncias judiciais foram consideradas favoráveis ao réu, fundando-se a fixação da pena-base no mínimo legal, é de rigor a imposição do regime prisional menos grave, pena de se ensejar a afirmação da existência de contradição do julgado” (STJ; HC nº 52.439-SP; 6a. T.; rel. Min. Hamilton Carvalhido; j. 24.5.2007; Boletim do STJ, nº 15/2007, p. 67).

Voto nº 11.465

Apelação Criminal nº 990.08.118183-5

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;art. 226 do Cód. Proc. Penal

Page 29: Ementário de Votos - Prova

– É questão fria nos pretórios da Justiça que as regras do art. 226 do Cód. Proc. Penal, de caráter suasório ou de recomendação, podem ser poster-gadas, se impossíveis de executar ou se o dispensar o caso concreto. Não acarreta, portanto, a nulidade do processo o reconhecimento do réu pela vítima, sem as formalidades legais, se esta lhe não pôs em dúvida a identidade física. O fim a que deve atender o ato do reconhecimento — não importando as circunstâncias de sua realização — é se o sujeito passivo, ao indicar o autor do roubo, fê-lo, ou não, com certeza e espontaneidade.

– Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se em harmonia com outros elementos do processo.

–“A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal” (Súmula nº 231 do STJ).

– O regime prisional fechado é o que, de regra, mais convém ao autor de roubo, sobretudo quando sua biografia revela práticas reiteradas de ilícitos penais graves.

Voto nº 11.527

Apelação Criminal nº 990.08.075573-0

Arts. 157, § 2º, nº I, e 59 do Cód. Penal;arts. 156, 202 e 226 do Cód. Proc. Penal

– Se arrimada a outros elementos de convicção, constitui a fotografia prova idônea para justificar edito condenatório porque, em princípio, reproduz os caracteres fundamentais extrínsecos do indivíduo, sendo-lhe não raro a cópia fiel.

– Acompanhado de outros elementos de convicção, o reconhecimento do réu pela vítima, ainda que por fotografia, constitui prova suficiente para a condenação, segundo jurisprudência do STJ (cf. Rev. Tribs., vol. 817, p. 505).

– Isto de álibi, “quem alega deve prová-lo, sob pena de confissão” (cf. Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 23a. ed., p. 159).

– A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em harmonia com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e a condenação do réu.

Page 30: Ementário de Votos - Prova

– A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a Juízo para mentir.

– O regime fechado, no início, é o que unicamente se aproposita ao autor de roubo (crime da última graveza e abjeção), que argui em quem o pratica entranhada rebeldia à disciplina social.

Voto nº 11.922

Apelação Criminal nº 993.03.048468-2

Arts. 155, § 2º; 14, nº II, e 44 do Cód. Penal;arts. 107, nº IV; 109, nº VI, e 110, § 1º, do Cód. Penal;arts. 61, 156 e 158 do Cód. Proc. Penal

– Destinatário da prova, pode o Juiz, sempre com prudente arbítrio, indeferir a produção daquelas que, ao parecer, não influam na apuração da verdade (que é a alma e o escopo do processo) nem importem para a decisão da causa.

– Aquele que traz consigo bem de terceiro, sem lhe provar a posse legítima, nisso mesmo dá a conhecer que o houve por meio criminoso.

– Satisfaz à vontade da Lei e aos preceitos da Justiça a decisão que, firme em prova plena e incontroversa, condena por tentativa de furto o sujeito que, após apoderar-se de artigos de supermercado, deixa à pressa o local, sem efetuar-lhes o pagamento, sendo por isso preso em flagrante. Ainda que interrompido o “iter criminis”, houve ataque ao patrimônio alheio, o que justifica a sanção penal.

– A substituição da pena privativa de liberdade por medida alternativa é providência de efeito salutar, uma vez que, sobre cooperar na reeducação do infrator, importa benefícios para a comunidade. Não tenha dúvida o Juiz em adotá-la generosamente (art. 44 do Cód. Penal).

– O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).

– Forma que é de prescrição da pretensão punitiva, a prescrição inter-corrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) rescinde a própria sentença condenatória, fulminando-lhe os efeitos (cf. Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

Page 31: Ementário de Votos - Prova

Voto nº 11.125

Apelação Criminal nº 993.04.024219-3

Arts. 157, § 2º, ns. I e II, e 159 do Cód. Penal;arts. 202 e 386, nº III, do Cód. Proc. Penal;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90

– Que melhor prova da autoria do crime que a confissão?! A lição é de R. Garraud: “parece uma prova superior a todas as outras. Habemus confitentem reum: a culpabilidade está estabelecida, não falta senão aplicar a lei” (Compêndio de Direito Criminal, 1915, vol. II, p. 208; trad. A.T. de Menezes).

– A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente impõe-se-lhe demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).

– Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 187).

– Não há desmerecer o valor da palavra da vítima; ao revés, sua condição de protagonista do evento delituoso é a que a credencia, sobre todos, a discorrer das circunstâncias dele.

– Tão só em casos excepcionais, de manifesta contravenção da verdade sabida, será lícito opor restrições ao teor de suas palavras. No geral, a palavra da vítima é a primeira luz que afugenta as sombras sob que se pretende abrigar a impunidade.

– Muita vez, o silêncio do acusado é a mais clara das explicações.

– A Lei nº 11.464, de 28.3.2007, atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

– O autor de extorsão mediante sequestro (art. 159 do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Page 32: Ementário de Votos - Prova

Voto nº 11.117

Apelação Criminal nº 990.08.109952-7

Arts. 155, § 4º, nº I, e 14, nº II, do Cód. Penal;art. 12 da Lei nº 1.060/50

– Está acima de crítica a decisão que condena por tentativa de furto o sujeito que, réu confesso, é detido na posse do produto do crime (arts. 155, § 4º, nº I, e 14, nº II, do Cód. Penal).

– Que melhor prova da culpabilidade do agente, do que haver admitido, sem rebuços, a autoria do fato criminoso?!

– Se conforme com os mais elementos de convicção dos autos, pode a confissão lastrear sentença condenatória, pois “continua sendo considerada como a prova por excelência” (Vicente de Azevedo, Curso de Direito Judiciário Penal, 1958, vol. II, pp. 61-62).

– Na aplicação do privilégio do art. 155, § 2º, do Cód. Penal, não importam somente o pequeno valor da coisa furtada e a primariedade do réu, senão também sua biografia social: “é necessário que o sujeito apresente antecedentes e personalidade capazes de lhe permitirem o benefício” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 566).

– No caso de não poder o réu ocorrer ao pagamento da taxa judiciária, é ao Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais que deverá pleitear a respectiva isenção ou parcelamento.

Voto nº 5951

“Habeas Corpus” nº 474.205-3/0-00

Arts. 121, § 2º, ns. I e IV, e 288 do Cód. Penal;arts. 41 e 214 do Cód. Proc. Penal

– Nos casos de “testemunhas protegidas”, autoriza-lhes o Provimento nº 32/2000 da Corregedoria Geral da Justiça a omissão “dos endereços e dados de qualificação” nos termos de seus depoimentos (art. 3º). Tal exceção não alcança, porém, o nome verdadeiro das testemunhas, que dele a denúncia fará sempre menção expressa (art. 41 do Cód. Proc. Penal), sob pena de configurar-se afronta ao direito de defesa, comum a todo o réu.

– Não basta que o réu tenha defesa, é mister que a tenha em sua plenitude, porque “só merece o nome de defesa a que for livre e completa” (J. Soares de Mello, O Júri, 1941, p. 16).

Page 33: Ementário de Votos - Prova

– A praxe de impor sigilo ao nome da testemunha contravém de rosto ao princípio do devido processo legal e, portanto, compromete a busca da verdade e a realização da justiça.

–“Na contagem dos prazos processuais adota-se o critério da razoabilidade. Em havendo justificação para o prolongamento cronológico, não há falar em ilicitude” (STJ; RHC nº 4.566-3; rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro; DJU 5.8.96, p. 26.418).

Voto nº 4629

Apelação Criminal nº 1.372.421/6

Art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal

– Testemunha presencial de furto, que aponta com firmeza seu autor, pode justificar a edição de decreto condenatório, se em harmonia com a mais prova dos autos (art. 155 do Cód. Penal).

– Embora os maus antecedentes do réu, por si sós, não sirvam a estribar juízo de culpabilidade, contudo parecem persuadi-lo, uma vez que, segundo a sabedoria das gentes,“todo homem é o que foi”.

Voto nº 5145

Apelação Criminal nº 1.407.249/0

Art. 157, § 3º, 1a. parte, do Cód. Penal; art. 33, § 1º, alínea a, do Cód. Penal

– Passam por provas perfeitas (e, portanto, autorizam edito condenatório) aquelas constituídas de testemunhos superiores a toda a exceção, pois excluem a possibilidade de inocência do réu (cf. César Beccaria, Dos Delitos e das Penas, § VII).

– Se qualificado pela lesão corporal grave (art. 157, § 3º, 1a. parte, do Cód. Penal), entende-se consumado o roubo, ainda que não tenha havido subtração patrimonial.

– O regime fechado, no início, é o que unicamente se aproposita ao autor de roubo (crime da última graveza e abjeção), que argui em quem o pratica entranhada rebeldia à disciplina social.

Page 34: Ementário de Votos - Prova

Voto nº 6045

“Habeas Corpus” nº 474.968-3/0-00

Art. 99, § 2º, do Estatuto do Idoso;art. 129 da Const. Fed.; Súmula nº 234 do STJ

– Há casos em que a atuação do representante do Ministério Público, mesmo na esfera da Polícia, não “repugna à natureza de suas funções de advogado da lei, fiscal da sua execução e promotor de justiça” (Eduardo Espínola Filho, Código de Processo Penal Anotado, 5a. ed., vol. VII, p. 233).

–“A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia” (Súmula nº 234 do STJ).

Voto nº 6327

Revisão Criminal nº 376.855-3/0-00

Art. 121, § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal;art. 621, nº I, do Cód. Proc. Penal

– Não é contrária à evidência dos autos decisão condenatória apoiada em laudo pericial e nas palavras de testemunhas presenciais idôneas, antes se reputa bem fundamentada, pois tem por si prova excelente (art. 621, nº I, do Cód. Proc. Penal).

–“Evidência é o brilho da verdade que arrebata a adesão do espírito, logo à primeira vista” (Hélio Tornaghi, Curso de Processo Penal, 1980, vol. II, p. 360).

–“Concurso de qualificadoras, previstas no mesmo tipo penal, aplica-se uma só, servindo a outra de circunstância judicial de agravação da pena” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 9a. ed., p. 220).

Voto nº 4541

Apelação Criminal nº 1.367.377/4

Art. 171, “caput”, do Cód. Penal;art. 156 do Cód. Proc. Penal

Page 35: Ementário de Votos - Prova

– É ponto elementar da ciência do Direito que o ônus da prova compete àquele que alega (“onus probandi ei qui dicit”). Isto mesmo dispõe o Código de Processo Penal: “a prova da alegação incumbirá a quem a fizer” (art. 156).

– Cai nas penas do estelionato, pela manifesta violação do princípio da boa-fé, o agente que paga mercadoria com cheque alheio falsificado. Não lhe serve de escusa o argumento de que recebeu o cheque a estranho, se o não comprovou “ad satiem”, pois esta é comumente a defesa dos que, mediante fraude (falsificação), costumam induzir incautos a erro para obter vantagem ilícita (art. 171 do Cód. Penal).

Voto nº 81

Apelação Criminal nº 1.026.933/2

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal

– Na livre apreciação da prova, o que monta não é o pormenor, senão o todo; não é a árvore, mas a floresta.

–“O direito de defesa é sagrado, mas não tem amparo o intento de medidas procrastinadoras e ineficazes à apuração da verdade” (Rev. Tribs., vol. 130, p. 234).

– Ainda que rude a crítica disparada à decisão de Primeiro Grau, sofre-se naturalmente na pessoa do advogado, em obséquio ao princípio da “libertas conviciandi”. É que “a primeira condição, no ministério do advogado, deve ser a liberdade. O advogado tem de ser inteiramente livre, para poder ser completamente escravo do seu dever” (Alfredo Pujol, Processos Criminais, 1908, p. 128).

– Vem a ponto notar, porém, que “a injúria é sempre um mau argumento: não é lógico, porque não desce da razão, brota do sentimento, por isso não convence, revolta; a injúria nada prova. No mais das vezes, ela é a razão do que não tem razão” (Eliézer Rosa, Novo Dicionário de Processo Civil, 1986, p. 46).

–“O julgamento é a arte de persuadir. Não o satisfaz uma argumentação evasiva. É preciso dar os motivos. Os motivos são a alma da sentença. Anima et quasi nervus” (JTACrSP, vol. 53, p. 235; rel. Gonçalves Sobrinho).

–“Para a nulidade, é indispensável falte à sentença, de todo, a fundamen-tação” (Eduardo Espínola Filho, Código de Processo Penal Brasileiro Anotado, 4a. ed., vol. IV, p. 73).

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– É coisa muito de lamentar que alguém comno o apelante — “ótimo policial”, no conceito dos colegas, e “querido de toda a população de Osvaldo Cruz” —, tenha concorrido para a prática de ação de tanta vileza (roubo). Tinha asas para voar... e preferiu rastejar na lama!

Voto nº 148

Apelação Criminal nº 1.036.811/5

Arts. 157, § 2º, nº I, e 180 do Cód. Penalart. 226 do Cód. Proc. Penal

–“Todas as variações graves são um indício positivo de mentira” (Mittermayer, Tratado da Prova em Matéria Criminal, 1871, t. II, p. 30; trad. Alberto Antônio Soares).

–“A recognição com os requisitos do art. 226 do Cód. Proc. Penal só se faz quando houver necessidade, conforme dispõe o citado artigo” (RJDTACrimSP, vol. 2º, p. 133; rel. Hélio de Freitas).

Voto nº 160

Apelação Criminal nº 1.037.587/9

Art. 180 do Cód. Penal

– A chamada do corréu, passível geralmente de reservas, pode entretanto, respeitadas certas cautelas, servir de prova da coautoria delituosa. Basta, se conforme com outros elementos dos autos, e com eles componha unidade lógica.

–“As declarações de corréu, desde que confirmadas por outros elementos que, postos com elas, em relação lógica, lhes confiram caráter de certeza, não podem deixar de ser acolhidas como prova suficiente para autorizar a condenação (Rev. Crim. nº 19.827; rel. Ferreira Leite; apud Camargo Aranha, Da Prova no Processo Penal, 1994, p. 102).

– Quando os elementos informativos e probatórios dos autos indicam ser a condenação do réu a única solução logicamente possível, não deve o Juiz ter escrúpulo de proferi-la.

– A prova plena e exuberante da autoria de um crime não é de todos os dias, pois os delinquentes matriculados costumam abater-lhe o vigor. Há mister,

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por isso, que ela se retempere com a força da lógica, a verdadeira rainha das provas.

Voto nº 539

Apelação Criminal nº 1.064.251/1

Art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal

– Nos crimes de roubo, o seguro reconhecimento do réu pela vítima, na Polícia, ainda que não renovado em Juízo, é prova que basta à decretação de edito condenatório;

– Configura “bis in idem”, que importa evitar, a exasperação da pena do réu pelos maus antecedentes e de igual passo pela reincidência; é que todo reincidente por força tem maus antecedentes.

Voto nº 2362

Apelação Criminal nº 1.206.289/3

Art. 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal;art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal

– Podem os elementos do inquérito policial autorizar edição de decreto condenatório; para o que, entretanto, é mister se achem em conformidade com o conjunto das provas.

– Isto de condenação exige prova plena e cabal, assim da autoria como da materialidade do fato e da culpabilidade do agente. A dúvida, segundo princípio universalmente recebido, fala em benefício do réu: “In dubio pro reo”.

–“No processo acusatório, o Juiz só tem a decidir qual das alegações é bem fundada: se as do acusador, se as do acusado; e não provando o primeiro plenamente as suas, a absolvição é a consequência incontestável” (Mittermayer, Tratado da Prova em Matéria Criminal, 1871, t. II, p. 285; trad. Alberto Antônio Soares).

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Voto nº 5277

Apelação Criminal nº 1.372.405/8

Art. 10, “caput”, da Lei nº 9.437/97

– A confissão do réu, ainda que prestada na Polícia, mostra-se atendível para ensejar veredicto condenatório, se acorde com as mais provas dos autos.

– Para condenação não há mister triunfe nos autos a evidência da responsabilidade criminal do réu; será bastante que os elementos coligidos, sob a égide do contraditório processual, lhe afastem a possibilidade de inocência.

– O simples porte de arma de fogo sem autorização legal tipifica a infração do art. 10, “caput”, da Lei nº 9.437/97, independentemente da existência de perigo concreto.

– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de Fogo, 1998, p. 107).

b) Produção Antecipada de Prova

(Art. 366 do Cód. Proc. Penal)

Voto nº 1370

Recurso em Sentido Estrito nº 1.141.375/0

Art. 10 da Lei nº 9.437/97;art. 366 do Cód. Proc. Penal

– Em obséquio ao princípio da analogia (cf. art. 3º do Cód. Proc. Penal), é o recurso em sentido estrito o apropriado a impugnar decisão que, nas linhas do art. 366 do referido estatuto, suspende o processo e o curso do prazo prescricional ou indefere produção antecipada de prova.

– Nisto de produção antecipada de prova (art. 366 do Cód. Proc. Penal), é mister atender ao requisito primordial da urgência. Consideram-se urgentes, para os efeitos do mencionado dispositivo legal, as provas que, por circunstâncias pessoais das testemunhas, primeiro que pela tirania

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implacável do tempo (“sepultura de todas as coisas”), se devam produzir desde logo, aliás poderão perder-se para sempre.

– Nem por ser o tempo o devorador de todas as coisas (“edax rerum”), haverão as coisas de fazer-se antes de seu tempo. O Magistrado, com prudente arbítrio, nisto como no demais, avaliará a conveniência de deferir, ou não, o requerimento que tire ao fim de abreviar a oportunidade da produção de provas, sob color de que urgentes.

Voto nº 1315

Mandado de Segurança nº 333.160/0

Art. 366 do Cód. Proc. Penal (produção antecipada de prova)

– Nisto de produção antecipada de prova (art. 366 do Cód. Proc. Penal), é mister atender ao requisito primordial da urgência. Consideram-se urgentes, para os efeitos do mencionado dispositivo legal, as provas que, por circunstâncias pessoais das testemunhas, primeiro que pela tirania implacável do tempo (que tudo acaba), se devam produzir desde logo, aliás poderão perder-se para sempre.

– Nem porque o tempo as devora (“edax rerum”), haverão as coisas de fazer-se antes de seu tempo. O Magistrado, com prudente arbítrio, nisto como no demais, avaliará a conveniência de deferir, ou não, o requerimento que tire ao fim de abreviar a oportunidade da produção de provas, sob color de que urgentes, na acepção do art. 225 do Cód. Proc. Penal.

Voto nº 5162

Mandado de Segurança nº 455.906/0

Art. 366 do Cód. Proc. Penal;art. 5º, nº LXIX, da Const. Fed.;art. 10, “caput”, da Lei nº 9.437/97

– Remédio jurídico-processual de rito sumário e eficaz, é sobretudo ao mandado de segurança que recorre o titular de direito líquido e certo para protegê-lo contra ilegalidade ou arbítrio de autoridade pública, ou obter-lhe a restauração quando violado (art. 5º, nº LXIX, da Const. Fed.).

– Nisto de produção antecipada de prova (art. 366 do Cód. Proc. Penal), é mister atender ao requisito primordial da urgência. Consideram-se

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urgentes, para os efeitos do mencionado dispositivo legal, as provas que, por circunstâncias pessoais das testemunhas, primeiro que pela tirania implacável do tempo (“sepultura de todas as coisas”), se devam produzir desde logo, aliás poderão perder-se para sempre.

– Nem por ser o tempo o devorador de todas as coisas (“edax rerum”), haverão estas de fazer-se antes de seu tempo. O Magistrado, com prudente arbítrio, nisto como no demais, avaliará a conveniência de deferir, ou não, o requerimento que tire ao fim de abreviar a oportunidade da produção de provas, sob color de que urgentes.

– O direito líquido, certo e incontestável, objeto do mandado de segurança, conforme os anais do Pretório Excelso, “é aquele contra o qual se não podem opor motivos ponderáveis, e sim meras e vagas alegações cuja improcedência o magistrado pode reconhecer imediatamente sem necessi-dade de detido exame” (apud Themistocles Brandão Cavalcanti, Do Mandado de Segurança, 1957, p. 128).

Voto nº 1675

Correição Parcial nº 1.154.663/3

Art. 366 do Cód. Proc. Penal (produção antecipada de prova oral)

– Em obséquio ao princípio da analogia (cf. art. 3º do Cód. Proc. Penal), é o recurso em sentido estrito o apropriado a impugnar decisão que, nas linhas do art. 366 do referido estatuto, suspende o processo e o curso do prazo prescricional ou indefere produção antecipada de prova.

– Nisto de produção antecipada de prova (art. 366 do Cód. Proc. Penal), é mister atender ao requisito primordial da urgência. Consideram-se urgentes, para os efeitos do mencionado dispositivo legal, as provas que, por circunstâncias pessoais das testemunhas, primeiro que pela tirania implacável do tempo (“sepultura de todas as coisas”), se devam produzir desde logo, aliás poderão perder-se para sempre.

– Nem por ser o tempo o devorador de todas as coisas (“edax rerum”), haverão elas de fazer-se antes de seu tempo. O Magistrado, com prudente arbítrio, nisto como no demais, avaliará a conveniência de deferir, ou não, o requerimento que tire ao fim de abreviar a oportunidade da produção de provas, sob color de que urgentes.

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Voto nº 6228

Recurso em Sentido Estrito nº 400.710-3/8-00

Art. 366 do Cód. Proc. Penal;art. 581, nº XVI, do Cód. Proc. Penal

– O recurso em sentido estrito é o apropriado a impugnar decisão que indefere pedido de decretação de custódia preventiva com base no art. 366 do Cód. Proc. Penal, por literal disposição de seu art. 581, nº V, que se aplica também, por analogia, aos casos de indeferimento de produção antecipada de prova.

–“A prisão preventiva não é obrigatória e sim facultativa; legitima-se pela necessidade, pela conveniência e pela oportunidade, que só podem ser bem apreciadas pelo juiz do processo” (Pereira de Vasconcelos; apud Costa Carvalho, Na Judicatura, 1925, p. 56).

Voto nº 1979

Recurso em Sentido Estrito nº 1.194.951/0

Art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal;art. 366 do Cód. Proc. Penal

– Em obséquio ao princípio da analogia (cf. art. 3º do Cód. Proc. Penal), é o recurso em sentido estrito o apropriado a impugnar decisão que, nas linhas do art. 366 do referido estatuto, suspende o processo e o curso do prazo prescricional ou indefere produção antecipada de prova.

– Nisto de produção antecipada de prova (art. 366 do Cód. Proc. Penal), é mister atender ao requisito primordial da urgência. Consideram-se urgentes, para os efeitos do mencionado dispositivo legal, as provas que, por circunstâncias pessoais das testemunhas, primeiro que pela tirania implacável do tempo (“sepultura de todas as coisas”), se devam produzir desde logo, aliás poderão perder-se para sempre.

– Nem por ser o tempo o devorador de todas as coisas (“edax rerum”), haverão estas de fazer-se antes de seu tempo. O Magistrado, com prudente arbítrio, nisto como no demais, avaliará a conveniência de deferir, ou não, o requerimento que tire ao fim de abreviar a oportunidade da produção de provas, sob color de que urgentes.

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Voto nº 6142

Mandado de Segurança nº 841.159-3/9-00

Art. 233 do Cód. Penal;arts. 366, “caput”, e 659 do Cód. Proc. Penal

– Nisto de produção antecipada de prova (art. 366 do Cód. Proc. Penal), é mister atender ao requisito primordial da urgência. Consideram-se urgentes, para os efeitos do mencionado dispositivo legal, as provas que, por circunstâncias pessoais das testemunhas, primeiro que pela tirania implacável do tempo (“sepultura de todas as coisas”), se devam produzir desde logo, aliás poderão perder-se para sempre.

– Nem por ser o tempo o devorador de todas as coisas (“edax rerum”), haverão estas de fazer-se antes de seu tempo. O Magistrado, com prudente arbítrio, nisto como no demais, avaliará a conveniência de deferir, ou não, o requerimento que tire ao fim de abreviar a oportunidade da produção de provas, sob color de que “urgentes”.

–“Se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou a violência ou coação ilegal, julgará prejudicado o pedido” (art. 659 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 5903

“Habeas Corpus” nº 468.959-3-0/00

Arts. 121, § 2º, nº IV, e 14, nº II, Cód. Penal;arts. 366 e 647 do Cód. Proc. Penal

– Instituto jurídico-processual destinado a garantir a liberdade de locomoção do indivíduo, o “habeas corpus” não é meio idôneo para impugnar decisão que, nos termos do art. 366 do Cód. Proc. Penal, determina a produção antecipada de prova testemunhal considerada urgente. A razão é que o momento da produção da prova oral não tem influência alguma no “status libertatis” do réu (art. 647 do Cód. Proc. Penal).

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Voto nº 3183

Apelação Criminal nº 1.269.363/7

Art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal;art. 366 do Cód. Proc. Penal

– Em obséquio ao princípio da analogia (cf. art. 3º do Cód. Proc. Penal), é o recurso em sentido estrito o apropriado a impugnar decisão que, nas linhas do art. 366 do referido estatuto, suspende o processo e o curso do prazo prescricional ou indefere produção antecipada de prova.

– Nisto de produção antecipada de prova (art. 366 do Cód. Proc. Penal), é mister atender ao requisito primordial da urgência. Consideram-se urgentes, para os efeitos do mencionado dispositivo legal, as provas que, por circunstâncias pessoais das testemunhas, primeiro que pela tirania implacável do tempo (“sepultura de todas as coisas”), se devam produzir desde logo, aliás poderão perder-se para sempre.

– Nem por ser o tempo o devorador de todas as coisas (“edax rerum”), haverão estas de fazer-se antes de seu tempo. O Magistrado, com prudente arbítrio, nisto como no demais, avaliará a conveniência de deferir, ou não, o requerimento que tire ao fim de abreviar a oportunidade da produção de provas, sob color de que urgentes.

c) Interceptação Telefônica

(Lei nº 9.296/96)

Voto nº 1734

Apelação Criminal nº 1.159.289/8

Art. 5º da Lei nº 9.296/96 (interceptação telefônica);art. 158, § 1º, do Cód. Penal (extorsão qualificada)

– A interceptação ilícita da comunicação telefônica, vista a certa luz, é o aniquilamento do mais nobre dos atributos do homem: a palavra.

– Apenas decisão fundamentada de Juiz fortemente esclarecido quanto aos fatos, e em obséquio a relevante interesse de ordem pública, poderá legitimar a drástica medida de interceptação de comunicação telefônica

Page 44: Ementário de Votos - Prova

para provar em investigação criminal e em instrução processual penal (art. 5º da Lei nº 9.296/96).

–“Laconismo da sentença não acarreta nulidade” (Rev. Forense, vol. 110, p. 226).

– Conforme o sistema do Código de Processo Penal, “nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa” (art. 563).

– A ninguém é lícito negar o que a evidência mostra.

– Embora crime formal, admite a extorsão tentativa, se o sujeito passivo, apesar de constrangido, não realiza a conduta pretendida pelo agente. Esta doutrina professam os penalistas de melhor nota: (Nélson Hungria, Comentários ao Código Penal, 1980, vol. VII, p. 77; Heleno Cláudio Fragoso, Lições de Direito Penal, Parte Especial, 11a. ed., vol. I, p. 217; Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 8a. ed., p. 534, etc.).

– Interpretar “é descobrir a vontade da lei” (Vicente de Azevedo, Apostilas de Direito Judiciário Penal, 1952, vol. I, p. 56).

– Para o Juiz que a profere, a sentença é sempre um monumento; a que prima pelo rigor da lógica jurídica, pela rara discrição e boa doutrina, esta se diz que foi aberta em bronze.

Voto nº 9787

Apelação Criminal nº 892.687-3/6-00

Arts. 12, 14 e 16 da Lei nº 6.368/76;art. 2º da Lei nº 9.296/96

– A prova, obtida mediante interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça em face de “indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal” (art. 2º da Lei nº 9.296/96), é lícita e, portanto, pode servir de fundamento a decreto condenatório.

–“Não há invalidar o resultado obtido em decorrência de interceptações telefônicas que foram realizadas mediante autorização judicial, nos termos da Lei nº 9.296/96” (Rev. Tribs., vol. 854, p. 559; rel. Min. Felix Fischer).

– A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui para logo a ideia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).

– A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o tipo do art. 16 não se mostra atendível, se o réu trazia consigo e guardava na residência considerável quantidade de substância entorpecente acondi-cionada em pacotes, apreendidos pela Polícia juntamente com pedaços de

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plástico e fita adesiva, pois tais circunstâncias revelam que o tóxico se destinava ao comércio ilícito, e não ao uso próprio.

– O crime do art. 14 da Lei nº 6.368/76 (associação para o tráfico) é autônomo e não se subsume ao tipo fundamental do art. 12 da mesma lei.

– A Lei nº 11.464, de 28.3.2007, atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto no 323

Apelação Criminal no 1.049.093/1

Art. 5º, ns. X e XI, da Const. Fed.art. 158 do Cód. Penal

– A menos se demonstre cumpridamente que foi obra de violência ou arbítrio, a confissão, ainda quando produzida na fase do inquérito policial, tem o cunho de prova excelente (“regina probationum”), porque não é o lugar onde se presta que a acredita, senão o poder de convencimento que encerra.

– A gravação sigilosa de conversa telefônica por um dos interlocutores não constitui meio ilícito de obtenção de prova e, portanto, não incide na censura do Direito nem afronta os incisos X e XI do art. 5º da Constituição Federal.

– Há mera tentativa de extorsão quando a vítima, à medida que pratica o ato exigido, comunica-o à polícia, que prende o sujeito ativo antes que obtenha o proveito injusto.

Voto nº 9967

Apelação Criminal nº 1.143.539-3/6-00

Arts. 12 e 14 da Lei nº 6.368/76; art. 2º da Lei nº 9.296/96;art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civilart. 202 do Cód. Proc. Penal

– A prova, obtida mediante interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça em face de “indícios razoáveis da autoria ou participação em

Page 46: Ementário de Votos - Prova

infração penal” (art. 2º da Lei nº 9.296/96), é lícita e, portanto, pode servir de fundamento a decreto condenatório.

–“Não há invalidar o resultado obtido em decorrência de interceptações telefônicas que foram realizadas mediante autorização judicial, nos termos da Lei nº 9.296/96” (Rev. Tribs., vol. 854, p. 559; rel. Min. Felix Fischer).

– Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 187).

– O crime do art. 14 da Lei nº 6.368/76 (associação para o tráfico) é autônomo e não se subsume ao tipo fundamental do art. 12 da mesma lei.

–“A melhor interpretação da lei é a que se preocupa com a solução justa, não podendo o seu aplicador esquecer que o rigorismo na exegese dos textos legais pode levar a injustiças” (STJ; Rev. Tribs., vol. 656, p. 188).

– Para que seja a pena justa, segundo a memorável lição do Marquês de Beccaria, não deve ter senão o grau de rigor suficiente para afastar os homens da senda do crime: “Perchè una pena sia giusta, non deve avere che quei soli gradi d’intensione che bastano a rimuovere gli uomini dai delitti” (Cesare Beccaria, Dei delitti e delle pene, § XVI).

– Se o aconselharem as circunstâncias do caso, poderá o Juiz fixar ao réu condenado por infração do art. 14 da Lei de Tóxicos regime inicial diverso do fechado, em obséquio ao preceito inscrito no art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil (denominada “lex legum” ou superdireito), que reza: “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”.

– A Lei nº 11.464, de 28.3.2007, atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 10.266

Apelação Criminal nº 993.08.012618-6

Arts. 158 e 14, nº II, do Cód. Penal;art. 386, nº II, do Cód. Proc. Penal

– Reputa-se de bom quilate — e, pois, merece preservada dos tiros da crítica — a sentença que, forte nas declarações da vítima, no testemunho policial e

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em gravações telefônicas, decreta a condenação de autor de crime de extorsão (art. 158 do Cód. Penal).

– Embora crime formal, admite a extorsão tentativa, se o sujeito passivo, apesar de constrangido, não realiza a conduta pretendida pelo agente. Esta doutrina professam os penalistas de melhor nota: Nélson Hungria, Comentários ao Código Penal, 1980, vol. VII, p. 77; Heleno Cláudio Fragoso, Lições de Direito Penal, Parte Especial, 11a. ed., vol. I, p. 217; Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 610, etc.).

– Se o agente, contudo, entra na posse (ainda que efêmera), do dinheiro exigido à vítima, reputa-se consumada a extorsão, pois obtivera vantagem indevida mediante grave ameaça.

Voto nº 10.287

Apelação Criminal nº 993.08.013771-4

Arts. 12, 14 e 18, nº III, da Lei nº 6.368/76;art. 2º da Lei nº 9.296/96; art. 35 da Lei nº 11.343/06;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90; art. 202 do Cód. Proc. Penal

–“Não é inepta a denúncia que proporciona ao acusado a plena defesa assegurada pela Constituição Federal” (cf. STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 85, p. 70).

–“O princípio do contraditório impõe a regra de serem as testemunhas da acusação ouvidas antes das da defesa. A inversão da prova, entretanto, só anula a ação penal em caso de prejuízo para o réu”, que se não presume, aliás deve ser comprovado “ad satiem” (cf. Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 319).

– Desde que acorde com os mais elementos de prova dos autos, a confissão policial constitui prova idônea de autoria delituosa e justifica edição de decreto condenatório.

– A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui para logo a ideia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).

– A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente impõe-se demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).

– A prova, obtida mediante interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça em face de “indícios razoáveis da autoria ou participação em

Page 48: Ementário de Votos - Prova

infração penal” (art. 2º da Lei nº 9.296/96), é lícita e, portanto, pode servir de fundamento a decreto condenatório.

–“Não há invalidar o resultado obtido em decorrência de interceptações telefônicas que foram realizadas mediante autorização judicial, nos termos da Lei nº 9.296/96” (Rev. Tribs., vol. 854, p. 559; rel. Min. Felix Fischer).

– A causa de aumento de pena do art. 18, nº II, da Lei nº 6.368/76 (“decorrer de associação”), já não subsiste e, pois, não pode ser reconhecida à luz da nova Lei de Drogas (Lei nº 11.343/06), que previu a circunstância apenas como crime autônomo (art. 35).

– A Lei nº 11.464, de 28.3.2007, atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

d) Fotografia

Voto nº 3876

Apelação Criminal nº 1.311.611/3

Art. 157, “caput”, do Cód. Penal;art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal

– Se arrimada a outros elementos de convicção, constitui a fotografia prova idônea para justificar edito condenatório porque, em princípio, reproduz os caracteres fundamentais extrínsecos do indivíduo, sendo-lhe não raro a cópia fiel.

– Não há proibição legal de o Juiz conceder regime semiaberto a condenado não-reincidente a pena inferior a 8 anos (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal); a concessão de tal benefício unicamente é defesa ao réu condenado a pena que exceda a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos.

Page 49: Ementário de Votos - Prova

Voto nº 4201

Apelação Criminal nº 1.322.727/1

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal

– Ainda que de ordinário sejam muito de estimar, as palavras da vítima perdem sua força probante quando assentam exclusivamente em reconheci-mento fotográfico, de feição em extremo precária.

– É princípio geralmente recebido que apenas a certeza autoriza a condenação do réu. Em caso de dúvida — presente, por força, no processo-crime onde o réu nega o que a vítima afirma —, a solução mais prudente será a que o absolver, por insuficiência de prova.

Voto nº 54

Apelação Criminal nº 1.031.251/1

Art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal

– A fotografia — diz Almeida Jr., socorrendo-se da lição de Altavilla —, “esbatendo os relevos, eliminando o colorido, faz frequentemente desaparecer impotantes notas diferenciais, o que leva a criar, não raro, uma correspondência de feição entre pessoas profundamente diferentes” (Lições de Medicina Legal, 7a. ed., p. 546).

–“Simples reconhecimento fotográfico não é prova suficiente para garantir um decreto condenatório” (JTACrSP, vol. 59, p. 212; rel. Castro Duarte).

–“A defesa tem direitos superiores aos da acusação, porque, enquanto houver uma dúvida, por mínima que seja, ninguém pode conscientemente condenar o seu semelhante” (João Mendes Jr., Processo Criminal Brasileiro, 4a. ed., p. 338).

Voto nº 544

Revisão Criminal nº 306.286/7

Art. 157 do Cód. Penal;art. 621, nº I, do Cód. Proc. Penal

Page 50: Ementário de Votos - Prova

– É contrária à evidência dos autos, e pois merece rescindida, a decisão que assenta em prova insegura, como o reconhecimento a que procede a vítima, só por fotografia, do acusado, que nega peremptoriamente a imputação.

– De todo imprestável é o reconhecimento que de autor de roubo faz a vítima, por fotografia, se não acompanhado de outros elementos de convicção.

–“(...) se dúvidas surgirem no espírito do juiz da revisão, a respeito da justiça ou injustiça da decisão, só lhe restará rescindir o aresto condenatório (...)” (José Frederico Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 347).

Voto nº 1006

Apelação Criminal nº 1.097.559/7

Art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal

– O reconhecimento fotográfico é idôneo para legitimar um edito condenatório, sobretudo quando conjugado com outros elementos de convicção.

– Concede-se que permanecer calado é direito de todo o réu, solenemente consagrado pela Constituição da República (art. 5º, nº LXIII). No entanto, há invencível implicância lógica entre o silêncio e o estado de inocência perante o injusto acusador. É que a razão natural pôs preceito que homem algum injustamente acusado deixasse de defender-se com energia e em todo o tempo.

Voto nº 1181

Apelação Criminal nº 1.097.117/8

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal

– Ainda que de ordinário sejam muito de estimar, as palavras da vítima perdem sua força probante quando assentam exclusivamente em reconhe-cimento fotográfico, de feição em extremo precária.

– É princípio geralmente recebido que apenas a certeza autoriza a condenação do réu. Em caso de dúvida — presente, por força, no processo-

Page 51: Ementário de Votos - Prova

crime onde o réu nega o que a vítima afirma —, a solução mais prudente será a que o absolver, por insuficiência de prova.

Voto nº 1404

Revisão Criminal nº 337.984/0

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal

– Sem lhe fazer rosto, têm os Juízes, em alguns casos, quebrado o formal rigor da Lei, animados do espírito em que, verdadeiramente, se resume o ofício de julgar, como o descreveu o emérito Hélio Tornaghi: “Os homens dependem mais da justiça que da lei; muito mais do juiz que do legislador. É utilíssimo para um povo ter boas leis; mas é melhor ainda ter bons juízes. O bom juiz resiste às leis manifestamente iníquas, corrige as imperfeitas, dá polimento e vida às excelentes e põe em prática a norma que se aproxima do ideal. E, sem arranhar as garantias do jurisdicionado, encontra meios de fazer justiça” (Curso de Processo Penal, 1980, t. I, p. XII).

– Não afronta a Lei quem leva a mira só na Justiça.

– Pelas universais restrições que se lhe opõem, destituído de valor probante é o método de reconhecimento de pessoas por fotografia, exceto se fortalecido por outros subsídios de convicção.

–“Se dúvidas surgirem no espírito do juiz da revisão, a respeito da justiça ou injustiça da decisão, só lhe restará rescindir o aresto condenatório” (José Frederico Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 347).

Voto nº 1427

Revisão Criminal nº 337.160/8

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal

– A confissão, os antigos já a reputavam documento de sumo alcance na pesquisa da verdade real: “não é um meio de prova. É a própria prova, consistente no reconhecimento da autoria por parte do acusado” (Vicente Greco Filho, Manual de Processo Penal, 1997, p. 229).

Page 52: Ementário de Votos - Prova

– O reconhecimento fotográfico tem sofrido veementes críticas, mas desde que apoiado em outros elementos de prova serve de meio idôneo para embasar condenação.

– Contrária à evidência, ao parecer comum da doutrina, é a decisão que se desabraça inteiramente das provas dos autos, de tal sorte que entre ela e o conjunto probatório não há mais que franca oposição lógica (art. 621, nº I, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 1743

Apelação Criminal nº 1.174.535/6

Arts. 157, § 2º, ns. I e II, e 155, § 4º, do Cód. Penal;art. 180, § 3º, do Cód. Penal

– Constitui princípio doutrinário altamente reputado que a sentença deve conformar-se com a denúncia, que lhe é o projeto (na voz latina: “sententia debet esse conformis libello”).

– Pelas universais restrições que se lhe opõem, destituído de valor probante é o método de reconhecimento de pessoas por fotografia, exceto se fortalecido por outros subsídios de convicção.

– Ainda seja o réu um símbolo do mal, não há condená-lo com base apenas em reconhecimento fotográfico.

– Adquirir alguém veículo a estranho, sem as cautelas que as transações comerciais requerem, configura elemento irrefutável de quebra do dever de cuidado objetivo, que é a essência lógica da culpa.

Voto nº 2884

Apelação Criminal nº 1.242.397/0

Art. 155, § 4º, nº II, do Cód. Penal;art. 78, § 2º, do Cód. Penal

– É princípio que rege a sistemática do processo que, sem prova do prejuízo, não se declara nulidade de ato algum (art. 563 do Cód. Proc. Penal).

– Não é prova ilícita a constituída de imagens animadas de aparelho eletrônico instalado em casa comercial com o intuito de controlar a atividade de empregados e clientes; desde que afixadas em local de público

Page 53: Ementário de Votos - Prova

acesso (com preservação da intimidade das pessoas), o recurso às câmaras fotográficas passa por exercício regular de direito do proprietário da empresa.

– Por avantajar-se à simples substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos (art. 43 do Cód. Proc. Penal), nada obsta que o Magistrado conceda ao réu “sursis” especial (art. 78, § 2º).

Voto nº 4543

Apelação Criminal nº 1.365.141/9

Art. 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal

– O réu inocente já o declara no inquérito policial, quando arguido pela autoridade a respeito da imputação; o que se mantém em silêncio (bem que direito seu), nisso mesmo dá a conhecer sua culpa. É que repugna ao bom senso nada responda o inocente a grave e injusta acusação.

– Se arrimada a outros elementos de convicção, constitui a fotografia prova idônea para justificar edito condenatório porque, em princípio, reproduz os caracteres fundamentais extrínsecos do indivíduo, sendo-lhe não raro a cópia fiel.

– A imobilização da vítima pelo agente, que a amarra para facilitar a perpetração do roubo, compreende-se na extensão do termo violência, que é um de seus atributos: não constitui a causa de agravação especial da pena prevista no inc. V do § 2o do art. 157 do Cód. Penal (restrição da liberdade do sujeito passivo).

– A só presença de duas qualificadoras não obriga ao aumento da pena do roubo além do mínimo legal de 1/3, o que apenas se justifica nos casos em que praticado por grupo numeroso de agentes, mediante emprego de armas de extraordinário poder vulnerante.

Page 54: Ementário de Votos - Prova

e) Reconhecimento

(Arts. 226 a 228 do Cód. Proc. Penal)

Voto nº 1211

Apelação Criminal nº 1.117.677/5

Arts. 157, § 2º, nº I, e 14, nº II, do Cód. Penal;arts. 226 e 386,nº VI, do Cód. Proc. Penal

– Nisto de reconhecimento, o ponto está em que seja seguro. O exagerado apego ao rito preconizado pelo art. 226 do Cód. Proc. Penal constitui, muita vez, escusado tributo ao frívolo curialismo, que o sábio Francisco Campos mandava proscrever, de férula em punho (cf. Exposição de Motivos do Código de Processo Penal, nº XVII).

– Nos crimes de roubo, a palavra da vítima ocupa o vértice da prova; por isso mesmo, sua falta poderá deitar crise à pretensão punitiva estatal e justificar a absolvição do acusado, com base no art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal.

– Se nada de valor a vítima trazia consigo, haverá só tentativa de roubo, por impropriedade relativa do objeto material (cf. Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 8a. ed., p. 516).

– Não há proibição legal de o Juiz conceder regime semiaberto a condenado não-reincidente a pena inferior a 8 anos (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal); a concessão de tal benefício unicamente é defesa ao réu condenado a pena que exceda a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos.

Voto nº 1212

Apelação Criminal nº 1.102.950/5

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penalart. 226, nº II, do Cód. Proc. Penal

– Recurso “é a expressão legal do instinto que leva todo o homem a não se sujeitar, sem reação, ao conceito ou sentença do primeiro censor ou juiz” (João Monteiro; apud Espínola Filho, Código de Processo Penal Brasileiro Anotado, 2a. ed., vol. V, p. 584).

Page 55: Ementário de Votos - Prova

– Não invalida o ato a inobservância da regra processual que dispõe seja colocada, ao lado de outras que se lhe assemelhem, a pessoa cujo reconhecimento se pretende. Tal providência não é de cunho obrigatório; será adotada apenas “se possível” (art. 226, nº II, do Cód. Proc. Penal).

–“A experiência demonstra que a verdade é mais frequente na boca dos homens que a mentira” (Antônio Dellepiane, Nova Teoria da Prova, 1958, p. 140; trad. Érico Maciel).

Voto nº 4881

Apelação Criminal nº 1.386.573/1

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal; art. 29, § 1º, do Cód. Penal; art. 226 do Cód. Proc. Penal

– As declarações da vítima de roubo (que se presume pessoa honesta) assumem o vértice da prova. Deveras, que melhor e mais forte argumento, com que se autorize alguém a discorrer de um fato, do que ter-lhe sido o protagonista?!

– Nos casos de roubo, a prisão em flagrante do réu, por efeito de incriminação direta da vítima e testemunhas, já lhe supõe a identificação, isto é, o reconhecimento; pelo que, será superfetação euremática (ou formalística) proceder a novo reconhecimento seu nos moldes do art. 226 do Cód. Proc. Penal.

–“Consuma-se o roubo quando o agente, mediante violência ou grave ameaça, consegue retirar a coisa da esfera de vigilância da vítima” (STF; rel. Min. Carlos Velloso; Rev. Tribs., vol. 705, p. 429).

–“Responde por roubos em concurso formal o sujeito que, num só contexto de fato, pratica violência ou grave ameaça contra várias pessoas, produzindo multiplicidade de violações possessórias” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 8a. ed., p. 518).

– O vigia ou sentinela do roubo tem participação de vulto e saliente, e não de somenos: dele depende o bom êxito da empreitada criminosa. Não há reconhecer-lhe, pois, a circunstância da participação de menor importância prevista no art. 29, § 1º, do Cód. Penal.

–“As atenuantes não permitem a redução da pena abaixo do mínimo previsto na lei para o crime” (STF; Rev. Tribs., vol. 644, p. 379).

– A só presença de duas ou mais qualificadoras não obriga ao aumento da pena do roubo além do mínimo legal de 1/3, o que apenas se justifica nos casos em que praticado por grupo numeroso de agentes, mediante emprego de armas de grosso calibre e alto impacto.

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– O regime prisional fechado é o que, em linha de princípio, convém ao autor de roubo, crime grave e torpe, que merece à sociedade repúdio sem tréguas nem quartel.

Voto nº 2188

Apelação Criminal nº 1.201.751/6

Art. 180, “caput”, do Cód. Penal;art. 226 do Cód. Proc. Penal

– Em se tratando de reconhecimento de pessoa levado a efeito em Juízo, não há mister atender à letra do art. 226 do Cód. Proc. Penal, uma vez que não é caso de reconhecimento formal, senão mera identificação.

– Viola o art. 180, “caput”, do Cód. Penal aquele que adquire veículo automotor sem documentação, pois ainda o sujeito de siso vulgar sabe que é essa a principal característica da coisa de origem criminosa.

Voto nº 2503

Apelação Criminal nº 1.214.983/4

Arts. 157, § 2º, ns. I e II, e 71 do Cód. Penal;art. 226 do Cód. Proc. Penal

– Ainda que não se guarde à risca o preceito do art. 226 do Cód. Proc. Penal, reveste-se de grande valor o reconhecimento do réu pela vítima no inquérito policial e em Juízo, de tal sorte que, se em harmonia com as mais provas dos autos, justifica a edição do decreto condenatório.

– Roubo: “consuma-se quando o agente, mediante violência ou grave ameaça, consegue retirar a coisa da esfera de vigilância da vítima” (Rev. Tribs., vol. 705, p. 429; rel. Min. Carlos Velloso).

– Apreendidas as “res furtivae” em poder de sujeito que lhes não saiba justificar a posse, ter-se-á por comprovada a autoria do crime.

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Voto nº 4974

Apelação Criminal nº 1.357.291/0

Arts. 157, “caput”, e 14, nº II, do Cód. Penal;art. 226, nº II, do Cód. Proc. Penal

– A vítima que incrimina com firmeza autor de roubo depara ao Juiz fundamento legítimo para o decreto condenatório, pela presunção de que não acusaria inocente, mas só aquele de quem pudesse receber as coisas que lhe foram subtraídas.

– Conforme a lição de renomados juristas, a regra do art. 226, nº II, do Cód. Proc. Penal é de caráter apenas suasório, não imperativo. Não se anula o ato de reconhecimento por não ter sido colocado o réu junto de outras pessoas: tal se observará, diz a lei, “quando possível”. “Trata-se de uma recomendação, não de uma exigência” (Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 13a. ed., p. 171).

Voto nº 2894

Revisão Criminal nº 371.154/7

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;art. 226, nº I, do Cód. Proc. Penal

– Em ponto de roubo, a apreensão da “res” em poder do sujeito adquire desmarcado relevo: se não lhe justificar a posse, o mesmo será que admitir a autoria do crime.

– A palavra da vítima tem especial relevância na prova do roubo e de sua autoria, pois, como o pregou o genial Vieira, “a nossa alma rende-se muito mais pelos olhos que pelos ouvidos” (Sermões, 1679, t. I, p. 31).

– Não anula o ato de reconhecimento do réu a falta de sua prévia descrição pela vítima ou testemunha. As normas do art. 226 do Cód. Proc. Penal têm caráter mais suasório que imperativo: são recomendáveis, não exigíveis; sua aplicação está sujeita a contingências (se possível, reza o inc. II do referido dispositivo. O que verdadeiramente importa é que nenhuma dúvida abale o reconhecimento.

Page 58: Ementário de Votos - Prova

Voto nº 2913

Apelação Criminal nº 1.254.965/4

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;art. 226 do Cód. Proc. Penal

– A palavra da vítima, como de quem sofreu diretamente grave ameaça ou violência, tem capital importância na identificação do autor do roubo e pode ensejar decreto condenatório, sobretudo se apoiada em outros elementos de convicção.

– Não anula o ato de reconhecimento do réu a falta de sua prévia descrição pela vítima ou testemunha. As normas do art. 226 do Cód. Proc. Penal têm caráter mais suasório que imperativo: são recomendáveis, não exigíveis; sua aplicação está sujeita a contingências (se possível, reza o inc. II do referido dispositivo). O que verdadeiramente importa é que nenhuma dúvida abale o reconhecimento.

– A só presença de duas qualificadoras não obriga ao aumento da pena do roubo além do mínimo legal de 1/3, o que apenas se justifica nos casos em que praticado por grupo numeroso de agentes, mediante emprego de armas de extraordinário poder vulnerante.

Voto nº 3617

Apelação Criminal nº 1.298.693/8

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;art. 226 do Cód. Proc. Penal

– Não anula o ato de reconhecimento do réu a falta de sua prévia descrição pela vítima ou testemunha. As normas do art. 226 do Cód. Proc. Penal têm caráter mais suasório que imperativo: são recomendáveis, não exigíveis; sua aplicação está sujeita a contingências (se possível, reza o inc. II do referido dispositivo). O que verdadeiramente importa é que nenhuma dúvida abale o reconhecimento.

– Em ponto de roubo, a apreensão da “res” em poder do sujeito adquire desmarcado relevo: se não lhe justificar a posse, o mesmo será que admitir a autoria do crime.

– A palavra da vítima tem especial relevância na prova do roubo e de sua autoria: protagonista do fato criminoso, ninguém está mais capacitado a discorrer dele, nem interessado na realização da justiça.

Page 59: Ementário de Votos - Prova

– Não há proibição legal de o Juiz conceder regime semiaberto a condenado não-reincidente a pena inferior a 8 anos (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal); a concessão de tal benefício unicamente é defesa ao réu condenado a pena que exceda a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos.

Voto nº 3877

Apelação Criminal nº 1.318.247/0

Art. 157, “caput”, do Cód. Penal;art. 226 do Cód. Proc. Penal

– As palavras da vítima, como de quem foi protagonista do evento criminoso, importam muito para aferir-lhe as circunstâncias, máxime a autoria, e podem justificar decreto condenatório, quando em harmonia com as mais provas dos autos.

– É questão fria nos pretórios da Justiça que as regras do art. 226 do Cód. Proc. Penal, de caráter suasório ou de recomendação, podem ser postergadas, se impossíveis de executar ou se o dispensar o caso concreto. Não acarreta, portanto, a nulidade do processo o reconhecimento do réu pela vítima, sem as formalidades legais, se esta lhe não pôs em dúvida a identidade física. O fim a que deve atender o ato do reconhecimento — não importando as circunstâncias de sua realização — é se o sujeito passivo, ao indicar o autor do roubo, fê-lo, ou não, com certeza e espontaneidade.

Voto nº 4069

Apelação Criminal nº 1.324.493/1

Art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal;art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal

– Preso nas circunstâncias do flagrante delito — que a literatura clássica penal define como “certeza visual do crime” — e reconhecido com firmeza pela vítima, cuja palavra, nos crimes de roubo, ocupa o vértice da prova, a condenação do réu será o único desfecho compatível com a análise pontual dos autos à luz do siso comum.

– Embora seja o regime fechado o que, em linha de princípio, verdadei-ramente condiz com a gravidade do roubo e com o caráter maligno de

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quem o pratica, a Lei não proíbe que o Magistrado defira ao condenado primário e menor de 21 anos o benefício do regime semiaberto (art 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).

Voto nº 4844

Apelação Criminal nº 1.374.559/1

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;art. 580 do Cód. Proc. Penal

– O reconhecimento seguro do réu pela vítima de roubo é prova suficiente à decretação do veredicto condenatório, pois repugna à boa razão tenha querido acusar inocente.

– Para o reconhecimento da qualificadora do art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal nada importa a falta de apreensão da arma utilizada na prática do roubo, se testemunhas maiores de toda a exceção lhe comprovaram a existência.

– A só presença de duas qualificadoras não obriga ao aumento da pena do roubo além do mínimo legal de 1/3, o que apenas se justifica nos casos em que praticado por grupo numeroso de agentes, mediante emprego de armas de extraordinário poder vulnerante.

f) Testemunha

(Arts. 202 a 225 do Cód. Proc. Penal)

Voto nº 1736

Apelação Criminal nº 1.171.431/1

Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal

– Notar de suspeitas e inidôneas declarações, só porque as prestaram policiais ou vítimas, seria imolar na ara do preconceito e da superstição. Toda pessoa pode depor (cf. art. 202 do Cód. Proc. Penal); pelo que, exceto se lhes prove mendacidade ou erro — ônus que incumbe àquele que o alegar (art. 156) —, as palavras do policial e da vítima devem receber-se como fidedignas.

Page 61: Ementário de Votos - Prova

– Diz-se consumado o roubo quando o agente, fora da esfera de vigilância de seu proprietário, e ainda que por breve lapso de tempo, tem a posse mansa e pacífica da coisa subtraída.

Voto nº 1737

Apelação Criminal nº 1.173.277/5

Art. 157, § 2º, ns. I e II, e 29 do Cód. Penal

– Isto de provir o libelo acusatório dos lábios da vítima ou de testemunha policial não o desmerece; protagonistas do evento delituoso, são pelo comum as pessoas mais abalizadas a descrevê-lo e identificar-lhe o autor. Suas palavras somente não servirão de fundamento à sentença condenatória no caso de a Defesa comprovar-lhes erro ou contravenção manifesta da verdade sabida.

– Suposto direito seu (art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.), o silêncio do réu, na Polícia, forçosamente se interpreta em seu desfavor, pois encontra os preceitos da razão natural. É que, arguido de crime grave e sem causa, calado só permanece quem está em culpa; o inocente, este se defende logo e com todo o vigor.

Voto nº 2011

Apelação Criminal nº 1.185.507/1

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal

– Reconhecido pela vítima e testemunhas como ao autor do roubo, e apreendidas em seu poder as “res furtivae”, de que outra prova mais havia mister o Juiz para dar o réu culpado e infligir-lhe pena?!

–“Se o agente foi de imediato perseguido e preso em flagrante, retomado o bem, não se efetivou a subtração da coisa à esfera de vigilância do dono, tratando-se, pois, de crime tentado” (Rev. Trim. Jurisp., vol. 102, p. 815; rel. Min. Rafael Mayer).

Page 62: Ementário de Votos - Prova

Voto nº 2246

Apelação Criminal nº 1.206.707/6

Art. 10, “caput”, da Lei nº 9.437/97;art. 89 da Lei nº 9.099/95;art. 209 do Cód. Proc. Penal

–“Não estando presente o acusado é absolutamente impossível a suspensão condicional do processo” (Ada Pellegrini Grinover et alii, Juizados Especiais Criminais, 2a. ed., p. 258).

– Princípio universalmente recebido, a pesquisa da verdade real é a alma e o escopo do processo.

– Para esclarecimento da verdade e melhor inteligência dos fatos, nada obsta determine o Juiz, a todo o tempo antes da sentença, a inquirição de testemunha, que lho faculta o art. 209 do Cód. Proc. Penal.

– O simples porte de arma de fogo sem autorização legal tipifica a infração do art. 10, “caput”, da Lei nº 9.437/97, independentemente da existência de perigo concreto.

Voto nº 2939

Apelação Criminal nº 1.257.165/9

Art. 157, § 2º, ns. I e II, e 14, nº II, do Cód. Penal;art. 566 do Cód. Proc. Penal

– A liberdade de requerer das partes “não deve degenerar em abuso por forma a paralisar a marcha do processo, com o propósito de retardar a administração da justiça ou tumultuar a ordem processual” (Bento de Faria, Código de Processo Penal, 1960, vol. II, p. 210).

– Se “até nas obras de Deus há claros e escuros”, pois da “luz e das trevas compôs o dia natural”, como escreveu grave autor (Bluteau, Suplemento ao Vocabulário, 1727, 1a. parte, preâmbulo); “se até o Sol tem manchas”, conforme asseveram os astrônomos, que muito encerre um depoimento, em pontos secundários, baldas e senões?! Produto do entendimento humano, adivinham-se-lhe as imperfeições e fraquezas! Se concordes no essencial, merecem fé e podem servir de base ao edito condenatório.

– Há tentativa de roubo se o agente, logo perseguido e preso, não teve a posse tranquila da coisa subtraída, recuperada afinal pela vítima.

Page 63: Ementário de Votos - Prova

– A só presença de duas qualificadoras não obriga ao aumento da pena do roubo além do mínimo legal de 1/3, o que apenas se justifica nos casos em que praticado por grupo numeroso de agentes, mediante emprego de armas de extraordinário poder vulnerante.

– Não há proibição legal de o Juiz conceder regime semiaberto a condenado não-reincidente a pena inferior a 8 anos (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal); a concessão de tal benefício unicamente é defesa ao réu condenado a pena que exceda a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos.

Voto nº 2949

Apelação Criminal nº 1.258.361/3

Arts. 157, § 2º, nº I, e 307 do Cód. Penal

– Não há subestimar o valor da palavra da vítima. Quando singular e sem liame com as mais provas dos autos, deve ser recebida com um grão de sal, em obséquio ao vetusto aforismo jurídico “testis unus, testis nullus”; mas, se com elas se conforma, assume a relevância e o prestígio de artigo de fé. Realmente, quem mais habilitado para discorrer de um fato, que a pessoa que lhe foi protagonista?!

– Tomado sob juramento, o testemunho de policial tem valor inquestionável na apuração de fato criminoso e somente pode ser postergado em caso de má-fé ou erro, que ao impugnante compete provar.

– Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa; não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).

– Ao Juiz, decerto, não esquecerão jamais aquelas palavras que o estilete imortal de Cícero imprimiu com letras de fogo: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).

– O regime prisional fechado é o compatível com o autor de roubo, pela muita gravidade do crime, ou pela ruim personalidade dos que o cometem, sujeitos pelo comum violentos, que assentaram praça na milícia da maldade.

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Voto nº 3104

Apelação Criminal nº 1.261.389/7

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal

– A vítima, atenta sua relevante posição no episódio criminoso, é a mais capacitada a depor das circunstâncias em que ocorreu e apontar-lhe o verdadeiro autor.

– Isto de não haver testemunhas do roubo não depõe a favor do réu, antes faz contra ele, porque indício claro de seu maior tirocínio na esfera da delinquência: concebeu a ideia criminosa e executou-a com absoluta confiança e certeza do bom êxito.

Voto nº 3340

Apelação Criminal nº 1.273.425/1

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;art. 33, § 2º, alínea c, do Cód. Penal

– A reinquirição de testemunhas em Segunda Instância é faculdade de que, a seu prudente aviso, usará o Juiz-Relator do processo em situações excepcionais, para resolver ponto relevante da causa, a cujo respeito se tenha mostrado francamente omissa ou lacunosa a prova, com notável dano da apuração da verdade substancial (art. 616 do Cód. Proc. Penal).

– Depõe ordinariamente contra o interesse do réu seu silêncio na quadra do inquérito policial. Deveras, quando injusta a acusação, o inocente não se retrai ao silêncio, antes clama de contínuo à face do mundo.

– Há tentativa de roubo se o agente, logo perseguido e preso, não teve a posse tranquila da coisa subtraída, recuperada afinal pela vítima.

– A só presença de duas qualificadoras não obriga ao aumento da pena do roubo além do mínimo legal de 1/3, o que apenas se justifica nos casos em que praticado por grupo numeroso de agentes, mediante emprego de armas de extraordinário poder vulnerante.

– Em caso de tentativa de roubo, se primário e de bons antecedentes o réu, não é defeso ao Juiz, tendo consideração aos graves e notórios malefícios do regime recluso, deferir-lhe o benefício do regime aberto (cf. art. 33, § 2º, alínea c, do Cód. Penal).

Page 65: Ementário de Votos - Prova

Voto nº 4246

Apelação Criminal nº 1.332.129/8

Art. 331 do Cód. Penal;art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal

– Conquanto se não deva, “a priori”, suspeitar de testemunhas policiais, manda a prudência se lhes recebam com cautela os depoimentos, quando não roborados por outros adminículos de convicção.

– Dúvida que perturbe o espírito do Magistrado será a que basta a endireitar-lhe os passos para o caminho da absolvição, em obséquio ao princípio de nomeada universal: “In dubio pro reo”.

– Dúvida, em Direito Penal, equivale a ausência de prova.

Voto nº 4885

Revisão Criminal nº 435.618/4

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;art. 156 do Cód. Proc. Penal

– Pequenas discrepâncias de testemunhos, em pontos acidentais, não debilitam a acusação, pois não impedem que do conjunto probatório se extraia a verdade substancial.

– Na revisão criminal, cabe ao réu comprovar, acima de toda a dúvida, que a sentença condenatória afrontou a evidência dos autos ou incidiu em erro. Se não se desempenhar desse ônus (que lhe toca, “ex vi” do art. 156 do Cód. Proc. Penal), será força indeferir-lhe o pedido.

Voto nº 5047

Apelação Criminal nº 1.404.627/1

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal; art. 33, § 2º,alínea b, do Cód. Penal

– A confissão judicial, por seu valor absoluto — visto se presume feita espontaneamente —, basta à fundamentação do edito condenatório.

Page 66: Ementário de Votos - Prova

– Diz-se consumado o roubo se o agente, ainda que por breve lapso de tempo, teve a posse desvigiada da coisa subtraída à vítima mediante violência ou grave ameaça.

– Ainda que presumível a veracidade de seus testemunhos, a palavra do policial não ostenta o caráter de verdade absoluta; se fortes indícios lhe debilitam o vigor, somente pode ser recebida “cum grano salis”: com prudência e discrição.

– Não há proibição legal de o Juiz conceder regime semiaberto a condenado não-reincidente a pena inferior a 8 anos (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal); a concessão de tal benefício unicamente é defesa ao réu condenado a pena que exceda a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos.

Voto nº 5145

Apelação Criminal nº 1.407.249/0

Art. 157, § 3º, 1a. parte, do Cód. Penal; art. 33, § 1º, alínea a, do Cód. Penal

– Passam por provas perfeitas (e, portanto, autorizam edito condenatório) aquelas constituídas de testemunhos superiores a toda a exceção, pois excluem a possibilidade de inocência do réu (cf. César Beccaria, Dos Delitos e das Penas, § VII).

– Se qualificado pela lesão corporal grave (art. 157, § 3º, 1a. parte, do Cód. Penal), entende-se consumado o roubo, ainda que não tenha havido subtração patrimonial.

– O regime fechado, no início, é o que unicamente se aproposita ao autor de roubo (crime da última graveza e abjeção), que argui em quem o pratica entranhada rebeldia à disciplina social.

Voto nº 5951

“Habeas Corpus” nº 474.205-3/0-00

Arts. 121, § 2º, ns. I e IV, e 288 do Cód. Penal;arts. 41 e 214 do Cód. Proc. Penal

– Nos casos de “testemunhas protegidas”, autoriza-lhes o Provimento nº 32/2000 da Corregedoria Geral da Justiça a omissão “dos endereços e

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dados de qualificação” nos termos de seus depoimentos (art. 3º ). Tal exceção não alcança, porém, o nome verdadeiro das testemunhas, que dele a denúncia fará sempre menção expressa (art. 41 do Cód. Proc. Penal), sob pena de configurar-se afronta ao direito de defesa, comum a todo o réu.

– Não basta que o réu tenha defesa, é mister que a tenha em sua plenitude, porque “só merece o nome de defesa a que for livre e completa” (J. Soares de Mello, O Júri, 1941, p. 16).

– A praxe de impor sigilo ao nome da testemunha contravém de rosto ao princípio do devido processo legal e, portanto, compromete a busca da verdade e a realização da justiça.

–“Na contagem dos prazos processuais adota-se o critério da razoabi-lidade. Em havendo justificação para o prolongamento cronológico, não há falar em ilicitude” (STJ; RHC nº 4.566-3; rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro; DJU 5.8.96, p. 26.418).

Voto nº 6139

Recurso em sentido Estrito nº 479.880-3/5-00

Art. 121, “ caput”, do Cód. Penal; arts. 408, “caput”, e 411 do Cód. Proc. Penal

–“O Ministério Público pode desistir da inquirição das testemunhas arroladas, sem que essa desistência cause qualquer prejuízo à defesa, pois, conforme o art. 404 do Cód. Proc. Penal, as partes podem desistir dos depoimentos de qualquer das testemunhas arroladas” (Rev. Tribs., vol. 744, p. 519: rel. Min. Sydney Sanches).

– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc. Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).

– Ainda que, em tese, possa absolver o réu com fundamento na legítima defesa, ao Juiz da pronúncia não é lícito fazê-lo senão quando comprovada a descriminante legal acima de toda a dúvida razoável (art. 23, nº II, do Cód. Penal).

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g) Apreensão da “Res”

Voto nº 1728

Apelação Criminal nº 1.165.083/7

Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal

– Embora direito que lhe assegura a Carta Magna (art. 5º, nº LXIII), o silêncio do réu, no interrogatório — exceto em circunstâncias excep-cionais, cuja prova lhe toca (art. 156 do Cód. Proc. Penal) —, interpreta-o de ordinário a inteligência humana por indício de culpa, uma vez não é próprio do inocente ouvir calado, braços cruzados sobre o largo peito, injusta acusação, mas repeli-la de toda a alma.

– A apreensão da “res furtiva” em poder do agente firma-lhe a presunção de réu de crime, se não provar a legitimidade da posse.

Voto nº 1774

Apelação Criminal nº 1.164.593/3

Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal

– O réu que permanece calado no interrogatório, ainda que direito seu (art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.), faz avultar a convicção de que é culpado, porque nenhum inocente ouve em silêncio injusta e infame acusação.

– A apreensão das “res furtivae” em poder do suspeito retira-lhe a esperança de ver proclamada sua inocência.

– A fixação do regime semiaberto a autor de roubo (art. 33, § 3º, do Cód. Penal) deve interpretar-se, não como fraqueza da Justiça, e sim como oportunidade excepcional que lhe concede de emendar-se do ato reprovável e indigno que praticou e reeducar-se para o convívio das pessoas de bem.

Voto nº 1791

Apelação Criminal nº 1.174.573/3

Arts. 155, § 4º, ns. I e IV, e 14, nº II, do Cód. Penal

Page 69: Ementário de Votos - Prova

– A apreensão da “res furtiva” em poder do agente constitui indício grave de culpabilidade, que se transforma em certeza e autoriza condenação, quando acompanhada de confissão extrajudicial.

– Se não foi decisiva para o deslinde da controvérsia penal e dela se retratou o réu em Juízo, não enseja a confissão policial diminuição de pena, uma vez que da circunstância atenuante obrigatória do art. 65, nº III, alínea d, do Código Penal são apanágio o arrependimento e o sincero propósito de emenda.

Voto nº 1806

Apelação Criminal nº 1.173.803/1

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;art. 10, “caput”, da Lei nº 9.437/97

– A apreensão da “res” em poder do agente faz presumir-lhe a autoria do roubo e legitima a edição do decreto condenatório, se não justificada cabalmente a posse.

– A só presença de duas qualificadoras não obriga ao aumento da pena do roubo além do mínimo legal de 1/3, o que apenas se justifica nos casos em que praticado por grupo numeroso de agentes, mediante emprego de armas de extraordinário poder vulnerante.

– O simples porte de arma de fogo sem autorização legal tipifica a infração do art. 10, “caput”, da Lei nº 9.437/97, independentemente da existência de perigo concreto.

Voto nº 1855

Apelação Criminal nº 1.174.977/5

Art. 155, “caput”, do Cód. Penal;art. 155, § 2º, do Cód. Penal

– Conquanto direito do réu permanecer calado, não entra em dúvida que esse teor de proceder faz contra ele, pois o inocente, levado do natural instinto, sempre se manifesta por palavras e atos em repúdio à injusta acusação.

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– Apreendidas em poder do agente as “res furtivae”, toca-lhe justificar, seguramente, sua posse; não o fazendo, nisso mesmo dará a conhecer a própria culpa. De feito, que melhor prova de autoria, do que estarem coisas subtraídas em poder de estranho, que não o saiba explicar suficientemente?!

– É aplicável o privilégio do § 2º do art. 155 do Cód. Penal, se primário o réu e de pequeno valor a coisa furtada (como tal considerado o que não excede ao salário mínimo).

Voto nº 1858

Apelação Criminal nº 1.173.793/1

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;art. 654, § 2º, do Cód. Proc. Penal

– Em ponto de roubo, a apreensão da “res” em poder do sujeito adquire desmarcado relevo: se não lhe justificar a posse, o mesmo será que admitir a autoria do crime.

–“No crime de roubo, a intimidação com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena (Súmula nº 174 do STJ).

– Mesmo que duas as agravantes do roubo, o aumento de pena deve corresponder ao mínimo legal (1/3), que só em casos excepcionais (v.g., número copioso de agentes, o tipo de armamento empregado, etc.) é lícito ultrapassar, porque extremada já a sanção corporal cominada ao tipo qualificado.

–“Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso do processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal” (art. 654, § 2º, do Cód. Proc. Penal).

–“É justo que, em caso igual, a mim e aos outros se aplique o mesmo direito (Demóstenes, A Oração da Coroa, 1877, p. 25; trad. Latino Coelho).

Voto nº 1996

Apelação Criminal nº 1.187.511/2

Art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal

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– A apreensão da “res furtiva” em poder de terceiro obriga-o à justificação da posse; aliás, passará por ilegítima e será argumento fortíssimo de autoria de crime.

–“No crime de roubo, a intimidação feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena” (Súmula nº 174 do STJ).

–“As atenuantes não permitem a redução da pena abaixo do mínimo previsto na lei para o crime (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 104, p. 736).

– Não há proibição legal de o Juiz conceder regime semiaberto a condenado não-reincidente a pena inferior a 8 anos (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal); a concessão de tal benefício unicamente é defesa ao réu condenado a pena que exceda a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos.

Voto nº 4229

Apelação Criminal nº 1.337.301/8

Arts. 157, § 2º, nº I, e 14, nº II, do Cód. Penal

– Embora direito do réu permanecer calado (art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.), interpreta-se de ordinário por assunção de responsabilidade criminal, porque nenhum inocente fica em silêncio quando injustamente acusado, antes repudia com toda a veemência a imputação delituosa.

– A apreensão da “res furtiva” em poder do agente, que o não saiba justificar, basta a definir-lhe a culpa (“lato sensu”), notadamente se estão seus protestos de inocência às testilhas com sua biografia penal, em que avultam crimes contra o patrimônio.

Voto nº 5042

Apelação Criminal nº 1.351.481/7

Art. 155, “caput”, do Cód. Penal

– A confissão judicial, por seu valor absoluto — visto se presume feita espontaneamente —, basta à fundamentação do edito condenatório.

– A decisão condenatória, baseada na confissão do réu em Juízo e na apreensão das “res furtivae” em poder das pessoas que indicou, não cai em

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censura, antes se mostra digna de confirmação por fundar-se em prova excelente.

Voto nº 5278

Apelação Criminal nº 1.364.439/7

Art. 155, § 4º, nº III, do Cód. Penal

– A apreensão da “res furtiva” em poder do suspeito retira-lhe a esperança de ver proclamada sua inocência, quando o não sabe justificar além de toda a dúvida sensata.

Voto nº 2091

Apelação Criminal nº 1.172.675/1

Art. 155, § 4º, ns. I e IV, e 71 do Cód. Penal

– Faz prova de autoria do furto não só o depoimento de testemunhas oculares, senão também a confissão do réu e a apreensão, em seu poder, de coisas pertencentes à vítima.

– É argumento lógico irrefragável que a posse de coisa alheia sem justificativa satisfatória induz à certeza de sua origem ilícita.

Voto nº 2092

Apelação Criminal nº 1.179.467/7

Art. 155, § 4º, ns. I e IV, do Cód. Penal

– A versão ingênua e fantasiosa do fato criminoso, demais de não obrigar ao convencimento, configura desmarcada desobediência ao velho adágio: para ruim defesa, melhor é nenhuma!

– A apreensão da “res furtiva” em poder do acusado firma-lhe a presunção de certeza da autoria, se não provar o contrário de modo pleno e inequívoco.

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Voto nº 2186

Apelação Criminal nº 1.203.975/5

Art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal

– Se ajustada às mais provas dos autos, a confissão do réu na Polícia prepondera à sua retratação em Juízo e serve de base legítima para condenação.

– A apreensão da “res furtiva” em poder do acusado, que o não saiba justificar, é argumento de culpabilidade, pois o dono facilmente prova o que é seu.

Voto nº 2204

Apelação Criminal nº 1.202.479/0

Arts. 155, § 4º, nº I, e 14, nº II, do Cód. Penal

– A apreensão da “res” em poder do imputado, que o não saiba justificar, basta a firmar-lhe a responsabilidade criminal, pois de ordinário per-tencem as coisas para a esfera de seu dono, que não de estranhos.

– Repugna à consciência jurídica e fere de rosto os princípios do Direito Penitenciário fixar a autor de furto, primário e de bons antecedentes, o regime da última severidade, se lhe facultava a lei até o aberto (art. 33, § 2º, alínea c, do Cód. Penal).

Voto nº 2322

Apelação Criminal nº 1.201.955/1

Art. 155, § 2º, do Cód. Penal

– A par da confissão extrajudicial do réu, a apreensão das “res furtivae” em seu poder constitui indício veemente de autoria criminosa, que se transforma em certeza na falta de justificação razoável para a posse de coisas alheias.

– A aplicação do privilégio do art. 155, § 2º, do Cód. Penal entende-se por benefício ao réu primário e de bons antecedentes, demais de exaltação do

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sentimento de justiça do Magistrado, a quem não importa mais o rigor punitivo que o ideal de recuperação do infrator.

Voto nº 2335

Apelação Criminal nº 1.192.517/6

Art. 155, § 4º, ns. I e IV, do Cód. Penal

– É princípio de razão lógica, geralmente recebido, que o possuidor de coisa alheia, que o não saiba justificar, entra na conta de autor de crime. É que, de ordinário, as coisas permanecem na esfera de vigilância de seu dono, que não de estranho.

– O regime prisional semiaberto é o adequado ao infrator empedernido e infenso às regras que disciplinam o convívio social (art. 33 do Cód. Penal).

Voto nº 2488

Apelação Criminal nº 1.209.041/4

Art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal;art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

– Embora direito assegurado pela Constituição da República a todo o preso (art. 5º, nº LXIII), calado só permanece perante o acusador aquele cuja culpa lhe impede defender-se com todas as potências da alma.

– O sujeito que, trazendo consigo coisas alheias, não lhes justifica de modo cabal a procedência, entende-se que é autor de crime; pois, em regra, nenhuma dificuldade tem o dono de provar que sua posse é legítima.

Voto nº 4605

Apelação Criminal nº 1.373.017/4

Art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal;art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal

Page 75: Ementário de Votos - Prova

– A apreensão das “res furtivae” em poder do suspeito retira-lhe a esperança de ver proclamada sua inocência.

– Se de curta duração a pena privativa de liberdade, não é defeso ao Juiz determinar que o réu a cumpra sob o regime semiaberto, ainda que reincidente. O que lhe, taxativamente, proíbe a lei é conceder o benefício ao reincidente condenado a pena superior a 4 anos (cf. art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).

Voto nº 5070

Apelação Criminal nº 1.401.353/8

Arts. 155, § 4º, nº II, e 14, nº II, do Cód. Penal; art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

– Embora direito assegurado pela Constituição da República a todo o preso (art. 5º, nº LXIII), calado só permanece perante o acusador aquele cuja culpa lhe impede defender-se com todas as potências da alma.

– O sujeito que, trazendo consigo coisas alheias, não lhes justifica de modo cabal a procedência, entende-se que é autor de crime; pois, em regra, nenhuma dificuldade tem o dono de provar que sua posse é legítima.

– Nos crimes patrimoniais, assume a palavra da vítima notável relevo e, se em harmonia com a mais prova dos autos, serve de carta credencial para a condenação do réu.

Voto nº 2505

Apelação Criminal nº 1.212.971/9

Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal

– Aquele que, suspeito de crime, é achado na posse de coisa alheia, corre-lhe o dever de comprovar sua boa origem, sob pena de confissão de autoria.

– A ameaça, ainda que verbal, é idônea a tipificar o crime do art. 157 do Cód. Penal. Em verdade, pode consistir em “palavras, gestos ou atos”; o próprio anúncio do roubo já configura a grave ameaça (cf. Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 9a. ed., p. 532).

Page 76: Ementário de Votos - Prova

Voto nº 2556

Apelação Criminal nº 1.204.293/6

Art. 155, “caput”, do Cód. Penal

– O réu inocente já o proclama na fase do inquérito, pois é princípio de Direito Natural que todo o homem ofendido está autorizado a defender-se; donde se conclui que, acusado injustamente, em silêncio fica apenas aquele que não pôde afastar de si o labéu de culpado.

– A apreensão da coisa pertencente à vítima em poder de terceiro e já prova bastante para dá-lo incurso em juízo de censura, se não souber explicá-lo. A razão é que, de ordinário, as coisas estão com seu dono.

– Há furto consumado se o agente, embora por breve lapso de tempo, teve a posse tranquila e desvigiada da “res furtiva”.

Voto nº 2580

Apelação Criminal nº 1.223.453/9

Art. 155, “caput”, do Cód. Penal;art. 33, § 3º, do Cód. Penal

– Àquele que tem consigo coisas alheias incumbe provar-lhes exaustiva e convincentemente a posse legítima, sob pena de incorrer na letra da lei.

– A apreensão das “res furtivae” em poder do suspeito retira-lhe a esperança de ver proclamada sua inocência.

– A fixação do regime semiaberto a autor de furto, primário e menor de 21 anos, posto que de péssimos antecedentes, deve interpretar-se, não como fraqueza da Justiça, e sim como oportunidade excepcional que lhe concede de emendar-se do ato reprovável e indigno que praticou e reeducar-se para o convívio das pessoas de bem (art. 33, § 3º, do Cód. Penal).

Page 77: Ementário de Votos - Prova

Voto nº 2644

Apelação Criminal nº 1.235.575/6

Art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal;art. 10, ”caput”, da Lei nº 9.437/97

– O acusado que admite, ainda que na Polícia, a autoria do fato criminoso e descreve, com todas as circunstâncias, a atuação do cúmplice, depara ao Magistrado os subsídios bastantes à edição de decreto condenatório, sobretudo se em harmonia com as mais provas dos autos.

– É fora de questão a ilicitude de proceder do indivíduo que, sem licença da autoridade, traz à cintura, mesmo sob a alegação de que necessária à defesa pessoal, arma de fogo de capacidade vulnerante: proíbe-o expressamente a Lei (art. 10,“caput”, da Lei nº 9.437/97).

Voto nº 2669

Apelação Criminal nº 1.238.157/3

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;art. 68, parág. único, do Cód. Penal

– Elementos de alto valor probatório, a apreensão da “res furtiva” em poder do acusado e seu firme reconhecimento pela vítima autorizam edito de condenação.

– Exegese escorreita do art. 68, parág. único, do Cód. Penal faz preceder a causa de aumento à de diminuição, no concurso entre ambas. É a lição da doutrina: “As causas de aumento e de diminuição da pena devem atuar em momentos sucessivos. Em primeiro lugar o Juiz aplica as causas de aumento; depois, as de diminuição. Não pode a sentença fazê-las incidir ao mesmo tempo, compensando-as” (Damásio E. de Jesus, Comentários ao Código Penal Anotado, 8a. ed., p. 220).

Voto nº 2866

Apelação Criminal nº 1.254.051/1

Art. 155, § 4º, ns. I e IV, do Cód. Penal;art. 62, nº I, do Cód. Penal

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–“Quando grosseiramente inverossímil, a defesa do réu é mais um indício de sua culpabilidade” (Nélson Hungria, in Jurisprudência, vol. 13, p. 236).

– Vale por meia confissão a apreensão da “res” em poder do agente, o qual, se o não justificar satisfatoriamente, terá procedido como réu confesso.

Voto nº 2946

Apelação Criminal nº 1.257.383/8

Art. 155, “caput”, do Cód. Penal;art. 28, nº II, do Cód. Penal

– Só a embriaguez completa e involuntária, proveniente de caso fortuito ou força maior, dispõe a lei que é causa dirimente de responsabilidade criminal, não a voluntária (art. 28, nº II, do Cód. Penal). A regra geral cifra-se à teoria da “actio libera in causa”: quem quer a causa, quer o efeito.

– Isto de a Polícia ter apreendido em poder do réu o produto do furto é indício formidável de sua autoria, que não se desfaz senão por provas perfeitas e irrefutáveis, a cargo da Defesa.

Voto nº 2956

Apelação Criminal nº 1.247.205/1

Arts. 155, § 4º, nº IV, e 14, nº II, do Cód. Penal

– Reconhecido pela vítima e testemunhas como ao autor do roubo, e apreendidas em seu poder as “res furtivae”, de que outra prova mais havia mister o Juiz para dar o réu culpado e infligir-lhe pena?!

– Que melhor prova da culpabilidade do réu do que ter sido preso em flagrante e, pois, naquelas circunstâncias que a doutrina clássica do Direito nomeia por “certeza visual do crime”?! Detido na posse da coisa alheia, sem que o justificasse, nisso mesmo o réu deu a conhecer que praticara o ilícito penal.

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Voto nº 4801

Apelação Criminal nº 1.349.643/8

Art. 155, “caput”, do Cód. Penal;art. 386, nº III, do Cód. Proc. Penal

– Achado na posse de coisa alheia, sem que o saiba justificar, dá a conhecer o réu que a houvera por meio criminoso, pois o detentor legítimo nenhuma dificuldade encontra para explicar a origem de tudo que lhe vem às mãos.

– Não incorre na censura de ilegalidade a decisão que, firme no princípio da insignificância do bem jurídico protegido e da mínima reprovabilidade social do fato, rejeita denúncia oferecida contra sujeitos que, na inclemência da miséria e sem teto a que se recolher, furtam galinhas para acudir às primeiras necessidades. Punidos já pelos rigores da própria vida, em contínuas privações, era escusado fazer recair sobre eles, com todo o peso, o gládio da Justiça.

– Mesmo quando conspirem os elementos constitutivos do crime, sempre se reconheceu ao Juiz discrição para, firme no princípio da insignificância do bem jurídico protegido e da mínima reprovabilidade social do fato, absolver o réu, por atipicidade de conduta (art. 386, nº III, do Cód. Proc. Penal).

– Ao Juiz a Lei determina — e não apenas assegura — que, no aplicá-la, atenda “aos fins sociais” e “às exigências do bem comum” (art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil). Casos haverá em que lhe será força repelir, com retidão e sabedoria, o libelo no qual se compraziam já nossos maiores: “regimentos não se executam senão nos pobres; leis e prisões não se guardam, senão contra os desamparados” (Diogo do Couto, Diálogo do Soldado Prático, 1790, p. 19).

–“Aplica-se o princípio da insignificância (ou da bagatela) se o agente é pessoa em estado de miserabilidade, que abateu três animais de pequeno porte para subsistência própria” (STJ; REsp nº 182.487-RS; rel. Min. Fernando Gonçalves, 6a. T.; j. 9.3.99; DJU 5.4.99, p. 160).

Voto nº 5227

Apelação Criminal nº 1.411.845/2

Arts. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal

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– A apreensão da “res furtiva” em poder de terceiro que lhe não saiba justificar a posse, constitui indício veemente de autoria de crime, pois, segundo o aforismo jurídico, a coisa, onde quer que esteja, é de seu dono (“res ubicumque est sui domini est”).

–“A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal” (Súmula nº 231 do STJ).

– O regime prisional fechado é, pelo comum, o que mais convém à personalidade do autor de roubo, de seu natural violento e refratário à disciplina social. Mas, desde que primário e de bons antecedentes, não é defeso ao Juiz, tendo consideração aos graves e notórios malefícios do regime recluso, deferir-lhe o benefício do semiaberto (cf. art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).

Voto nº 3214

Apelação Criminal nº 1.263.049/4

Art. 155, “caput”, do Cód. Penal;art. 89 da Lei nº 9.099/95

– Àquele que é surpreendido na posse de coisa alheia toca provar, plena e definitivamente, que a houve por modo lícito, senão cairá na conta de autor de crime.

– A confissão (por antonomásia, a rainha das provas), autoriza a condenação do réu, se em harmonia com o conjunto probatório.

– Se o acusado responde a outro processo, há óbice invencível para que receba o benefício do “sursis” processual (art. 89 da Lei nº 9.099/95).

Voto nº 3417

Apelação Criminal nº 1.280.219/1

Art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal

– A confissão judicial, por seu valor absoluto — visto se presume feita espontaneamente —, basta à fundamentação do edito condenatório.

– A decisão condenatória, baseada na confissão do réu em Juízo e na apreensão das “res furtivae” em poder das pessoas que indicou, não cai em

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censura, antes se mostra digna de confirmação por fundar-se em prova excelente.

– O regime fechado no início é o que unicamente se mostra adequado ao indivíduo para quem o crime tem sido o pão negro de cada dia.

Voto nº 3435

Apelação Criminal nº 1.287.169/2

Art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal;art. 155, § 2º, do Cód. Penal

– É inevitável a edição de decreto condenatório contra o réu em cujo poder foram apreendidas as “res furtivae”, se há concordância lógica entre os depoimentos dos policiais que lhe deram voz de prisão e as palavras incriminadoras da vítima.

– Consuma-se o furto quando o agente retira a coisa da esfera de vigilância e disponibilidade da vítima e sobre ela exerce posse tranquila e desvigiada.

Voto nº 3475

Apelação Criminal nº 1.288.675/1

Art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal

– A apreensão da “res furtiva” em poder de terceiro que lhe não saiba justificar a posse, constitui indício veemente de autoria de crime, pois, segundo o aforismo jurídico, a coisa, onde quer que esteja, é de seu dono (“res ubicumque est sui domini est”).

– De nada valem os protestos de inocência do réu, se o conjunto probatório o incrimina implacavelmente. Aliás, em pontos de furto, deve receber-se com reserva e cautela a versão exculpatória do réu, gatuno contumaz, que sabia conjugar o verbo “rapio” em todos os seus tempos (art. 155 do Cód. Penal).

Page 82: Ementário de Votos - Prova

Voto nº 3502

Apelação Criminal nº 1.277.247/1

Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal

– A palavra da vítima, que o incrimina com segurança, é prova que basta à condenação de autor de roubo, sobretudo se apreendida em seu poder a “res furtiva”. É que não pode enganar-se alguém acerca do sujeito que a roubou, se o reconhece de pronto e ainda tem entre mãos o produto do crime (art. 157 do Cód. Penal).

Voto nº 3540

Apelação Criminal nº 1.286.619/2

Art. 155, “caput”, do Cód. Penal;art. 33, § 1º, alínea b, do Cód. Penal

– A apreensão da “res furtiva” em poder do acusado, que o não saiba justificar, é argumento de culpabilidade, pois o dono facilmente prova o que é seu.

– Não repugna à consciência jurídica nem quebranta a vontade da lei a decisão que defere a réu (mesmo reincidente) o regime semiaberto, se condenado a pena de curta duração, de que já cumpriu parte em estabelecimento próprio de regime fechado porque preso em flagrante delito. É máxima vulgar que o rigor da Justiça há de sempre temperar-se com a equidade (art. 33, § 1º, alínea b, do Cód. Penal).

Voto nº 4836

Apelação Criminal nº 1.346.911/3

Art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal;art. 226 do Cód. Proc. Penal

– Àquele que tem consigo coisas alheias incumbe provar-lhes exaustiva e convincentemente a posse legítima, sob pena de incorrer na letra da lei.

Page 83: Ementário de Votos - Prova

– A apreensão das “res furtivae” em poder do suspeito retira-lhe a esperança de ver proclamada sua inocência.

– É questão fria nos pretórios da Justiça que as regras do art. 226 do Cód. Proc. Penal, de caráter suasório ou de recomendação, podem ser postergadas, se impossíveis de executar ou se o dispensar o caso concreto. Não acarreta, portanto, a nulidade do processo o reconhecimento do réu pela vítima, sem as formalidades legais, se esta lhe não pôs em dúvida a identidade física. O fim a que deve atender o ato do reconhecimento — não importando as circunstâncias de sua realização — é se o sujeito passivo, ao indicar o autor do roubo, fê-lo, ou não, com certeza e espontaneidade.

– A falta de apreensão da arma empregada no roubo não obsta ao reconhe-cimento da qualificadora (inc. I do § 2º do art. 157 do Cód. Penal), se testemunhos idôneos lhe comprovarem a existência.

Voto nº 5240

Apelação Criminal nº 1.359.035/2

Art. 155, § 4º, nº I, Cód. Penal

– A confissão, ainda que feita na Polícia, tem alto valor e, se não provar o confitente que foi obra de coação, poderá servir de fundamento a decreto condenatório.

– Ampara-se em boa prova (e, pois, merece confirmada) a decisão que condena autor de furto com base em sua confissão e no testemunho de quem lhe recebeu, para guardar, as “res furtivae”: nenhum escrúpulo pode obstar conclusão que procede de raciocínio lógico.

Voto nº 3583

Apelação Criminal nº 1.291.197/5

Arts. 155, § 4º, nº IV, e 14, nº II, do Cód. Penal

– Aquele que traz consigo bem de terceiro, sem lhe provar a posse legítima, nisso mesmo dá a conhecer que o houve por meio criminoso.

– Satisfaz à vontade da Lei e aos preceitos da Justiça a decisão que, firme em prova plena e incontroversa, condena por tentativa de furto o sujeito que, após apoderar-se de artigos de supermercado, deixa à pressa o local, sem

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efetuar-lhes o pagamento, sendo por isso preso em flagrante. Ainda que interrompido o “iter criminis”, houve ataque ao patrimônio alheio, o que justifica a sanção penal.

Voto nº 3691

Apelação Criminal nº 1.298.203/9

Arts. 155, § 4º, ns. I e IV, e 71 do Cód. Penal

– Passa por princípio de razão lógica interpretar-se contra o acusado o seu silêncio, pois não é próprio de inocente relegar sua defesa para as barras da Justiça quando, no empenho da busca da verdade, podia já deduzi-la na Polícia.

– A sabedoria dos Tribunais tem assentado que a apreensão de bens de terceiro em poder do acusado, sem que lhe ofereça explicação plausível, constitui excelente prova de autoria de crime e enseja condenação.

Voto nº 3943

Apelação Criminal nº 1.318.439/8

Arts. 157, § 2º, nº I, e 14, nº II, do Cód. Penal;art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal

– Àquele que tem consigo coisas alheias incumbe provar-lhes exaustiva e convincentemente a posse legítima, sob pena de incorrer na letra da lei.

– A apreensão das “res furtivae” em poder do suspeito retira-lhe a esperança de ver proclamada sua inocência.

– Há tentativa de roubo se o agente, logo perseguido e preso, não teve a posse tranquila da coisa subtraída, recuperada afinal pela vítima.

– Embora seja o regime fechado o que, em linha de princípio, verdadei-ramente condiz com a gravidade do roubo e com o caráter maligno de quem o pratica, a Lei não proíbe que o Magistrado defira ao condenado primário e menor de 21 anos o benefício do regime semiaberto (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).

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Voto nº 3944

Apelação Criminal nº 1.317.049/1

Arts. 155, § 4º, ns. I e IV, e 14, nº II, do Cód. Penal

– A apreensão da “res furtiva” em poder do agente, que o não saiba justificar, basta a definir-lhe a culpa (“lato sensu”), notadamente se estão seus protestos de inocência às testilhas com a biografia penal, em que avultam crimes contra o patrimônio.

– Sob pena de sancionar verdadeiro paradoxo ou abusão lógica, deve o Juiz afastar a qualificadora do rompimento de obstáculo (art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal), no caso de arrombamento ou quebra de vidro para subtração de toca-fitas do interior do veículo. É que o furto do próprio carro não qualifica a infração penal, porque praticada a violência contra a coisa.

Voto nº 4008

Apelação Criminal nº 1.326.427/8

Art. 155, “caput”, do Cód. Penal

– Conforme opinião altamente reputada, todo aquele que, surpreendido na posse de coisa alheia, não lhe justifica a procedência, passa por autor de crime.

– Não há considerar crime de bagatela o furto de coisa de valor igual ao salário mínimo, praticado por indivíduo que faz do crime profissão; apenas o criminoso ocasional ou esporádico pode invocar em seu prol essa causa excludente da tipicidade penal, no caso de irrelevância do bem jurídico ofendido (art. 155 do Cód. Penal).

Voto nº 4225

Apelação Criminal nº 1.336.967/2

Art. 155, “caput”, do Cód. Penal;art. 44, § 3º, do Cód. Penal

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– A confissão judicial, por seu valor absoluto — visto se presume feita espontaneamente —, basta à fundamentação do edito condenatório.

– A decisão condenatória, baseada na confissão do réu em Juízo e na apreensão das “res furtivae” em poder das pessoas que indicou, não cai em censura, antes se mostra digna de confirmação por fundar-se em prova excelente.

– Pena de curta duração, por crime cometido sem violência a pessoa, pode o Juiz determinar que o réu a cumpra sob o regime semiaberto, ainda que reincidente. Solução é esta que se conforma com os princípios da política criminal, sobretudo o da reação penal mínima.

Voto nº 4766

Apelação Criminal nº 1.342.099/9

Arts. 155, “caput”, e 71 do Cód. Penal

– A apreensão da “res furtiva” em poder do acusado, que o não saiba justificar, basta à fundamentação do decreto condenatório, pois de regra o possuidor de boa-fé não tem dúvida nem dificuldade em declarar como lhe veio às mãos coisa alheia (art. 155 do Cód. Penal).

Voto nº 5262

Apelação Criminal nº 1.362.969/4

Art. 89 da Lei nº 9.099/95;art. 155, § 4º, ns. I e IV, do Cód. Penal

– Instituto destinado a beneficiar unicamente o infrator de vida pregressa inculpável, o benefício da suspensão condicional do processo não se aplica a acusado que tenha outros feitos criminais em andamento (art. 89 da Lei nº 9.099/95).

– A apreensão de coisa alheia em seu poder, sem que o saiba justificar, e a incriminação firme da vítima, debilitam implacavelmente os protestos de inocência do réu e autorizam-lhe a condenação.

– Afigura-se irrepreensível sentença que, firme na prova dos autos — máxime na palavra da vítima e na apreensão da “res” —, condena por furto ladrão que, após subtrair violão e tentar carregá-lo, é alcançado e detido pela Polícia.

Page 87: Ementário de Votos - Prova

h) Chamada do Corréu. Delação

Voto nº 1775

Apelação Criminal nº 1.175.019/4

Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal

– Se concorde com a mais prova dos autos, serve de base legítima para a condenação do comparsa a palavra do réu que o incrimina, após confessar a própria atuação delituosa.

– A concessão do regime semiaberto a autor de roubo passa, muita vez, por pedra de toque do alto siso do Magistrado, pois não é de bom exemplo enviar às sombras do cárcere próprio de criminosos empedernidos e reincidentes condenado primário, de vida limpa, sobretudo quando mal alcançara o estágio cronológico da responsabilidade penal (art. 33, § 3º, alínea b, do Cód. Penal).

Voto nº 2957

Apelação Criminal nº 1.262.631/4

Art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal;art. 44, § 2º, “in fine”, do Cód. Penal

– Nos casos de furto, a apreensão da “res aliena” em poder do suspeito, que o não saiba justificar, vale por indício veemente da autoria do fato criminoso e possibilita a edição de decreto condenatório.

– A delação do réu é subsídio valioso para a prova da autoria do crime e, se em harmonia com outros elementos do processo, autoriza condenação.

–“A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal” (Súmula nº 231 do STJ).

Page 88: Ementário de Votos - Prova

Voto nº 3144

Apelação Criminal nº 1.255.393/1

Art. 155, § 4º, ns. I e IV, do Cód. Penal;art. 44, § 2º, do Cód. Penal

– A delação do comparsa e a apreensão da “res furtiva” em poder do acusado são graves indícios de sua culpabilidade e justificam-lhe a condenação, se em harmonia com os mais elementos de convicção reunidos no processado.

– A pena privativa de liberdade superior a um ano será substituída por duas restritivas de direitos, ou por uma restritiva e multa (art. 44, § 2º, do Cód. Penal).

Voto nº 5246

Apelação Criminal nº 1.359.885/5

Art. 155, § 4º, ns. I e IV, do Cód. Penal;art. 202 do Cód. Proc. Penal

– A delação do comparsa é prova firme e valiosa da autoria do furto, se conforme com os demais elementos de convicção dos autos (art. 155 do Cód. Penal).

– A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a Juízo para mentir.

Voto nº 6195

Apelação Criminal nº 481.091-3/4-00

Art. 157, §§ 1º e 3º, do Cód. Penal;arts. 563 e 564 do Cód. Proc. Penal

Page 89: Ementário de Votos - Prova

– A falta de nomeação de curador a réu menor para o interrogatório extrajudicial, suposto irregularidade vitanda, não implica nulidade do processo. A razão é que “o vício do inquérito policial não se projeta na ação penal, uma vez que se trata de peça meramente informativa” (STF; RHC nº 56.092, DJU 16.6.78, p. 4.394; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 21a. ed., p. 435).

– Nulidade de ato processual somente se declara em face de prova plena e incontroversa de prejuízo às partes, ou se “houver influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa” (arts. 563 e 566 do Cód. Proc. Penal).

– Não é frágil nem inseguro, senão forte e conclusivo — e, pois, autoriza condenação — o conjunto probatório constituído de delação do corréu e apreensão, em poder dos acusados, de bens pertencentes à vítima de latrocínio (art. 157, §§ 1º e 3º, do Cód. Penal). A lógica, no alto dizer dos velhos tratadistas, é a melhor das provas.

i) Perícia

(Arts. 158 a 184 do Cód. Proc. Penal)

Voto nº 1795

Apelação Criminal nº 1.170.437/8

Art. 303 do Código de Trânsito

– É escusada, por dispendiosa e procrastinadora, a realização da prova pericial onde couber a testemunhal.

–“Mas, essa liberdade (de requerer) não se deve degenerar em abuso, por forma a paralisar a marcha do processo, com o propósito de retardar a administração da justiça ou de tumultuar a ordem processual” (Bento de Faria, Código de Processo Penal, 1960, vol. II, p. 210).

– Obra com manifesta imprudência o motorista que, à noite, sem o preceder de sinal luminoso nem acender as luzes externas de seu veículo, põe-no em movimento, interceptando a trajetória de motocicleta, em cujo condutor provoca lesões corporais de natureza grave (art. 303 do Código de Trânsito).

– É princípio jurídico venerável que a culpa concorrente da vítima não exclui a do réu.

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Voto nº 3483

Apelação Criminal nº 1.290.067/9

Art. 155, § 4º, ns. III e IV, do Cód. Penal;art. 158 do Cód. Proc. Penal

– Não cai sob a rubrica das nulidades nem viola direito das partes o despacho que, no prazo do art. 499 do Cód. Proc. Penal, indefere a realização de diligência que não é cabal ou imprescindível à decisão da causa.

– A qualificadora do emprego de chave falsa (“micha”) não depende de perícia, pois não se trata de circunstância que deixa vestígio, podendo-a destarte o Juiz reconhecer mediante prova oral idônea (art. 155, § 4º, nº III, do Cód. Proc. Penal).

–“A confissão não é um meio de prova. É a própria prova, consistente no reconhecimento da autoria por parte do acusado” (Vicente Greco Filho, Manual de Processo Penal, 1997, p. 229).

Voto nº 3618

Apelação Criminal nº 1.297.833/4

Arts. 157, “caput”, e 14, nº II, do Cód. Penal;art. 149 do Cód. Proc. Penal

– Ainda que o requeira a Defesa, não está obrigado o Juiz a ordenar seja o acusado submetido a exame médico-legal, se não houver dúvida sobre sua integridade mental ou indicar-lhe alguma circunstância do processo a necessidade da realização da providência (art. 149 do Cód. Proc. Penal).

– Conforme a comum opinião dos doutores, pode consistir em palavras, gestos ou atos a grave ameaça do roubo.

– Contra as declarações tímidas e isoladas do réu prevalece a palavra da vítima, a qual, se concorde com as mais provas dos autos, permite a edição de decreto condenatório.

(Em breve, novas ementas).