da escola pÚblica paranaense 2009€¦ · ensino do tema aparelho reprodutor humano como fonte...
Post on 03-Nov-2020
7 Views
Preview:
TRANSCRIPT
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
MAPAS CONCEITUAIS COMO INSTRUMENTO DE APOIO AO ENSINO DE CIÊNCIAS
Autor: Marcélia Ostapiv 1
Orientador: Hilário Lewandowski2
RESUMO
O presente trabalho foi realizado no Colégio Estadual Barão de Capanema Ensino Fundamental e Médio de Prudentópolis, com alunos da 7ª série do Ensino Fundamental. Teve como objetivo promover um processo de ensino-aprendizagem mais significativo para o aluno, trazendo os conceitos científicos abstratos para mais perto da realidade através da utilização de Mapas Conceituais, buscando resposta para indagações como; os Mapas Conceituais realmente auxiliam no processo de ensino aprendizagem de Ciências? Como? Em que proporção? O procedimento metodológico adotado consta de uma série de ações conjuntas onde se utilizou o ensino do tema Aparelho Reprodutor Humano como fonte geradora de dados. Os resultados obtidos revelam que o uso dos mapas conceituais colabora para que as atividades em sala de aula ocorram de forma organizada, colaborativa e integrada, favorecendo o processo de ensino-aprendizagem na construção do conhecimento, contribuindo para formar cidadãos críticos e reflexivos.
PALAVRAS – CHAVE: Mapas; Ciências; Metodologia; Aparelho Reprodutor.
ABSTRACT:
This work was performed at the Colégio Estadual Barão de Capanema elementary and high school in Prudentópolis, with students from 7th grade of elementary school. Aimed to promote a teaching-learning process more meaningful for students, bringing the abstract scientific concepts closer to reality through the use of Concept Maps, seeking answers to questions such as: the conceptual maps really help in the teaching learning Science? How? At what rate? The chosen method consists of a series of joint actions where we used the teaching of the subject Human Reproductive System as a source of data. The results show that the use of concept
1 Especialista em Metodologia do Ensino de Ciências, graduada em Ciências Biológicas, professora da Rede Estadual de Ensino, atuando no Colégio Estadual Barão de Capanema – Ensino Fundamental e Médio.2 Professor Doutor do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO.
maps helps that the activities are occurring in the classroom in an organized, collaborative and integrated approach, favoring the process of teaching and learning in the construction of knowledge, helping to form critical and thoughtful citiziens.
KEY - WORDS: Maps; Science; Methodology; reproductive system.
1 INTRODUÇÃO
A metodologia do ensino de ciências tem sido objeto de estudo permanente,
pois o cenário dos avanços e novas descobertas nas mais diversas áreas fazem
com que haja necessidade de mudanças no processo ensino e aprendizagem.
Novas investigações e proposições metodológicas se fazem necessárias,
além da utilização e busca de novos recursos, estratégias e formas de enfocar
conteúdos, tudo isso, visando tornar mais significativo o processo de
ensino/aprendizagem, bem como instrumentalizar sujeitos para o exercício pleno da
cidadania.
O professor de Ciências enfrenta muitos desafios para superar limitações
metodológicas ou mesmo conceituais que envolvem sua formação e o cotidiano
onde a escola está inserida. Com todos esses desafios a que o professor está ex-
posto durante o seu trabalho na disciplina de Ciências, ele precisa buscar inovações
na sua prática educativa e contribuir para o aprendizado consciente e contextualiza-
do.
A disciplina de Ciências não é estática e, portanto, em sala de aula não se
pode desconsiderar os avanços que ocorrem em todo o mundo. A escola deve
acompanhar as descobertas científicas e tecnológicas inseridas no cotidiano e tornar
os avanços e teorias científicas acessíveis para os alunos.
Para realizar um trabalho educativo fundamentado e motivador dentro da
disciplina de Ciências o professor deve possuir um profundo conhecimento teórico e
metodológico e dedicação para se manter atualizado no desempenho de sua profis-
são. Para muitos educadores esses desafios são agravados pela deficiência na sua
formação onde os conceitos e conteúdos são trabalhados de maneira rápida e sem
perspectiva de inserção na prática educativa.
Diante disso, o professor de Ciências tem o desafio de tornar o trabalho edu-
cativo dentro da disciplina motivador e significativo para o aluno, buscando valorizar
o conhecimento científico produzido historicamente na sociedade e tornando-o aces-
sível ao educando.
Os alunos do ensino fundamental da rede pública na maioria das vezes de-
param-se com metodologias que nem sempre promovem a efetiva construção de
seu conhecimento. Esse fato se agrava ainda mais quando se tratam de turmas
onde os alunos possuem limitações de acesso a informações e não estão familiari -
zados com o acesso a livros, sites e outras fontes de conhecimento.
Desse modo, o educador em Ciências possui inúmeros obstáculos para su-
perar e deve sempre buscar a construção de possibilidades de mudança e inova-
ções. Essa perspectiva pressupõe a busca por novas experiências e estratégias de
ensino visando tornar o ensino de qualidade para cumprir os objetivos da disciplina e
contribuir para o desenvolvimento de novas competências utilizando muito mais que
o livro didático.
Nesse sentido, os Mapas Conceituais podem ser um suporte apropriado
sendo de extrema importância para localizar os alunos na disciplina e nos
conteúdos, permitindo a ligação entre os conteúdos e o cotidiano, inter-relacionando
temas, formando assim uma rede que permite raciocinar de uma forma mais
dinâmica e holística.
O que se observa nos dias de hoje é a pequena utilização dos Mapas
Conceituais por parte dos educadores, registrando que muitos desconhecem o
potencial didático deste recurso pedagógico e por esse motivo não utilizam.
Como a disciplina de Ciências, por sua natureza, exige o domínio de muitos
conceitos básicos, os quais são inúmeras vezes apresentados de uma forma
aleatória e descontextualizada, perdendo sentido e significado para o aluno. Em
certos casos, esse fato leva o educando a perder o interesse pelo estudo, pois se
sente perdido em meio a tantos conceitos abstratos que não consegue estabelecer
relações entre esses conceitos e a realidade prática.
Essa indissociabilidade entre conteúdos, métodos e técnicas de ensino com-
promete a qualidade do ensino de Ciências e exige uma mudança no trabalho edu-
cativo que repercutirá nos objetivos educacionais e nas concepções de professore
se alunos sobre a importância da inovação em sala de aula.
Nesse contexto, a necessidade de inovação e mudança na prática educativa
requerem novas metodologias e instrumentos de trabalho, sendo o uso dos Mapas
Conceituais uma estratégia de organização de conceitos e assim oferecer recursos
para que os alunos possam explorar descobrir e utilizar o potencial deste importante
recurso didático.
O papel do professor de Ciências é auxiliar o aluno na compreensão de que
esta ciência é dinâmica e importante para o homem, para isso ele deve de investigar
novas formas de ensinar e criar critérios para uma prática pedagógica consoante
com o perfil da sociedade contemporânea. O objetivo desse estudo é utilizar os
Mapas Conceituais no processo de construção dos conhecimentos.
Além de propor a utilização dos Mapas Conceituais como recurso
pedagógico, buscando utilizar as inovações dentro do trabalho com os conteúdos de
Ciências, as novas práticas pedagógicas contribuem também para desenvolver o
senso crítico no aluno através do ensino contextualizado.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Revisão bibliográfica
O mundo contemporâneo caracteriza-se pela diversidade de informações
que podem ser acessadas de maneira cada vez mais rápida e fácil. Qualquer assun-
to é disponibilizado através de uma multiplicidade de meios de informação capazes
de instrumentalizar os sujeitos com conhecimentos de todas as áreas.
No entanto, tanta informação deve estar organizada de modo que os sujeitos
sejam capazes de mobilizá-los e fazer uso dos mesmos com vistas à resolução de
problemas e a produção de novos conhecimentos.
Nesse sentido, a utilização de Mapas Conceituais, poderá auxiliar os educa-
dores na sua tarefa de organizar o conhecimento, dando mais efetividade às infor-
mações, para que as mesmas venham a ser um suporte à construção de um sujeito
crítico, reflexivo, autônomo e transformador.
De acordo com Amabis e Martho (1990, p.230) “Mapas Conceituais são dia-
gramas bidimensionais que relacionam conceitos envolvidos em uma área do conhe-
cimento”.
O conhecimento e a compreensão das características que definem um con-
ceito constituem uma condição essencial para aprendê-lo e utilizá-lo em situações
práticas. Assim, a proposta básica dos Mapas Conceituais é tornar claras as rela-
ções existentes entre os conceitos diversos pertencentes a uma mesma área do co-
nhecimento.
Os Mapas Conceituais foram desenvolvidos no início da década de 1970 pela equipe de Joseph Novak para serem utilizados em pesquisas educacio-nais. No entanto logo se percebeu o valor dos mapas como técnica de ensi-no aprendizagem, e eles passaram a ser utilizados com sucesso tanto na área da educação como em outras atividades que envolvem estruturação de conhecimentos. Podemos descrever sua utilização das mais variadas for-mas e para sua construção devemos identificar os conceitos mais importan-tes em um determinado assunto (Novak e Gowin, 1984).
Os Mapas Conceituais tornam mais claras as idéias-chave que devem ser
focalizadas com qualquer conteúdo didático ou atividade de ensino-aprendizagem,
fornecendo um roteiro das etapas a serem seguidas para ligar proposições aos res-
pectivos conceitos e, assim, aumentando a precisão e a qualidade do trabalho peda-
gógico.
Em se tratando especificamente do ensino de Ciências, Novak e Gowin
(1984) abordam que pela diversidade de conceitos que a disciplina abarca, fica difícil
para os alunos a memorização de todos os conceitos, tornando o seu aprendizado
algo desprovido de sentido para os mesmos. Com o auxilio dos Mapas Conceituais,
fica mais fácil para os estudantes organizar o conhecimento através de associações
e relações hipotéticas.
De acordo com as Diretrizes Curriculares Estadual para o Ensino de Ciên-
cias (2006):
O aluno precisa encontrar sentido para o aprendizado a fim de construir-se enquanto sujeito, mobilizando os conhecimentos e utilizando-os como su-porte na constituição de sua identidade. Esse é o objetivo que a prática edu-cativa deve vislumbrar acima de tudo, pois a construção de subjetividades constitui condição preponderante para o exercício efetivo da cidadania. Ne-
nhum conhecimento pode formar sujeitos aptos à atuação autônoma na so-ciedade se não fizer sentido para quem ensina e para quem aprende (DCE, 2006).
Desse modo o aluno aprende se o conhecimento fizer sentido e ficar clara a
sua importância. Atualmente o aluno tem maior acesso a informações sobre o
conhecimento cientifico, no entanto, cabe à escola formar as bases para que esse
conhecimento possa ser aplicado como um meio alternativo para a resolução de
situações cotidianas.
Assim, os Mapas Conceituais constituem uma forma efetiva de organização
do conhecimento, por isso pode ser utilizado em qualquer atividade ou conteúdo de
ensino, trazendo para mais perto do aluno a decodificação e compreensão de
conceitos abstratos.
O uso dessa ferramenta permite a organização de idéias de maneira clara,
resumida e com estrutura hierárquica do geral para o específico. Tavares (2003, p.
05) complementa “o ser humano apresenta a tendência de aprender mais facilmente
um corpo de conhecimentos quando ele é apresentado a partir de suas idéias gerais
e mais inclusivas e se desdobrando para as idéias mais específicas e menos”.
Devido a essa ação facilitadora e flexível, os Mapas Conceituais podem ser
utilizados em diversas situações para diversas finalidades seja como técnica didática
seja como recurso de aprendizagem.
Os Mapas Conceituais servem para “ensinar usando organizadores prévios, para fazer pontes entre os significados que o aluno já tem e os que ele pre-cisaria ter para aprender significativamente a matéria de ensino, bem como para o estabelecimento de relações explícitas entre o novo conhecimento e aquele já existente e adequado para dar significados aos novos materiais de aprendizagem”, numa abordagem que atribui aos Mapas Conceituais o “po-der” de estruturar o pensamento do sujeito, por comparações a modelos ou mesmo por organizações de estratégias por parte do educador que permi-tam ao estudante entender como ele “precisa” pensar (MOREIRA, 2011).
E ainda complementa que os Mapas Conceituais são:
Instrumentos dinâmicos e à medida que o aluno desenvolve sua compreen-são e o conhecimento sobre o assunto que está sendo trabalhado, se fami-liarizando com a técnica da construção de mapas, aprende a realizar uma
leitura mais atenta de um texto e exercita a exposição de idéias com maior clareza (MOREIRA, 2011).
Desse modo, os alunos podem construir seus próprios mapas individualmen-
te ou colaborativamente para planejar pesquisas e projetos, preparar apresentações
e organizar a informação em categorias significativas, revisando e estudando o con-
teúdo ou resumindo as considerações principais de um texto.
Atividades assim incentivam o pensamento crítico e reflexivo, a criatividade e
reforçam a compreensão ajudando a identificar conceitos mal compreendidos e esti-
mulam o desenvolvimento linguístico. Os Mapas Conceituais como instrumentos aju-
dam no melhoramento das condições de aprendizagem e, quando desenvolvidos e
utilizados em sala de aula em grupos, apoiam a colaboração e a cooperação.
O mapa conceitual é uma representação gráfica da estrutura mental do co-nhecimento do indivíduo para a compreensão de novos conceitos e seus re-lacionamentos. O seu uso baseia-se nas premissas da aprendizagem signi-ficativa, que potencializa condições para melhora do aprendizado, do pensa-mento e da elaboração de dinâmicas de estudo, contribuindo para a cons-trução individual e colaborativa do conhecimento (JAQUES; ODA; GOMES, 2007, p.63).
Desse modo, considerando todo valor dos Mapas Conceituais para o apren-
dizado em sala de aula na disciplina de Ciências, os alunos de todos os níveis de
ensino podem ser orientados na sua construção. Após escolher um tema de acordo
com a grade curricular, o professor pode solicitar aos alunos que selecionem o con-
ceito principal a ser mapeado para a construção do conhecimento.
Novak e Gowin apontam alguns objetivos para a construção de Mapas Con-
ceituais pelos alunos em sala de aula:
Revelar o conhecimento prévio do aluno para desenvolver um módulo ou tó-pico; resumir conteúdos e fazer anotações de dados externos como um tex-to escrito ou exposições orais em aulas, seminários, apresentações; revisar e estudar a matéria. Avaliar (NOVAK e GOWIN, 1984).
Considerando a importância dos Mapas Conceituais, o professor deve enco-
rajar o aluno a adicionar, excluir, reorganizar a informação ou até mesmo iniciar no-
vamente seus mapas quando acharem necessário, pois o aprendizado significativo
ocorre apenas se for implementada uma metodologia de ensino problematizadora,
questionadora e de inventivo à descoberta.
O emprego desta estratégia pedagógica permite que o educando gerencie o seu ambiente de estudo, executando planejamentos, redação de relatórios, anotações com finalidade preparatória para as avaliações e integração dos conceitos estudados. Para os professores, contribui como metodologia de ensino de novos conteúdos, reforçando a compreensão das informações trabalhadas em sala de aula, verificando e avaliando a assimilação destes conteúdos por parte dos educandos (JAQUES; ODA; GOMES, 2007, p.63).
No âmbito da aprendizagem significativa, o Mapa Conceitual constitui uma
ferramenta de associação, inter-relação, discriminação, descrição e exemplificação
de conteúdos com um alto poder de visualização. É um recurso que canaliza a criati -
vidade porque utiliza habilidades a ele relacionadas, além da imaginação, da capaci-
dade de associar idéias, estabelecendo relações entre elas com flexibilidade e auto-
nomia quanto ao manuseio de um conteúdo.
Quem já tentou, alguma vez, construir um mapa conceitual, percebe de ime-diato que esta não é uma tarefa simples e, por isso mesmo, pode ser um desafio bastante rico. No mundo inteiro já há experiências de uso de Mapas Conceituais em atividades educacionais nos mais diferentes níveis (DUTRA E JOHANN, 2006, p. 04).
As mudanças no contexto educacional e as estratégias pedagógicas inova-
doras são o grande desafio da nova era educacional para o ensino-aprendizagem.
Nesse contexto os Mapas Conceituais entram como um instrumento para favorecer
esse aprendizado.
O grande desafio do professor é criar circunstâncias favoráveis para que
ocorra uma aprendizagem, instrumentalizando o aluno para aplicar conceitos abstra-
tos em situações práticas da vida cotidiana, solucionando problemas e transforman-
do a realidade.
Apesar de existirem desvantagens na sua utilização, percebemos que o seu uso proporciona muitos benefícios. Sabemos que qualquer estratégia peda-gógica, inovadora ou não, não está isenta de falhas ou de fatores que difi-cultam sua aplicação (JAQUES; ODA; GOMES, 2007, p.71).
A concretização da ação educativa de instrumentalizar o sujeito para que
este tenha acesso e consiga mobilizar o saber escolar, lembrando que tudo isso de-
penderá das estratégias utilizadas pelo professor em associação com o conhecimen-
to prévio do aluno e com o que ele aprenderá.
Assim, o uso dos Mapas Conceituais vem se destacando cada vez mais nas
instituições de ensino, por se constituírem de saberes fundamentais para a aborda-
gem efetiva dos conteúdos favorecendo uma ação docente comprometida com o de-
senvolvimento integral do aluno.
Moreira (2011) relata que “os Mapas Conceituais provocam profundas modi-
ficações na maneira de ensinar, de avaliar e de aprender’”.
A partir dos Mapas Conceituais construídos pelos alunos nas atividades em
sala de aula, o professor poderá conhecer melhor a forma como os alunos apren-
dem e organizam cognitivamente seus conhecimentos e aprendizagens novas. Com
essa análise do processo de aprendizagem os professores podem traçar estratégias
de ação e optar pelos melhores instrumentos para o aprendizado.
Quando um aprendiz utiliza o mapa durante o seu processo de aprendiza-gem de determinado tema, vai ficando claro para si as suas dificuldades de entendimento desse tema. Um aprendiz não tem muita clareza sobre quais são os conceitos relevantes de determinado tema, e ainda mais, quais as relações sobre esses conceitos. Ao perceber com clareza e especificidade essas lacunas, ele poderá voltar a procurar subsídios (livro ou outro material instrucional) sobre suas dúvidas, e daí voltar para a construção de seu mapa. Esse ir e vir entre a construção do mapa e a procura de respostas para suas dúvidas irá facilitar a construção de significados sobre conteúdo que está sendo estudado. O aluno que desenvolver essa habilidade de construir seu mapa conceitual enquanto estuda determinado assunto, está se tornando capaz de encontrar autonomamente o seu caminho no proces-so de aprendizagem (TAVARES, 2007, p.74).
Sob essa ótica, é valido afirmar que na interação com o conhecimento, pro-
fessores e alunos aprendem juntos, quando essa aprendizagem é realizada através
de estratégias de ação problematizadora e reflexiva, dizendo assim que houve a ver-
dadeira construção do conhecimento.
Esse conhecimento será realmente apropriado pelo aluno e não se perderá
no tempo, portanto, servirá de base para a produção de novos conhecimentos e no-
vas formas de ver, compreender e interpretar o mundo que os cerca. Nesse sentido,
o mapa conceitual se coloca como um facilitador da meta-aprendizagem para que o
aprendiz adquira a habilidade necessária para construir seus próprios conhecimen-
tos.
O educador que trabalha a disciplina de Ciências tem sido exposto a uma
série de desafios principalmente pela necessidade de inovar buscando atender as
exigências e avanços do mundo científico.
Hoje, o professor de Ciências só terá sua atuação efetiva se acompanhar as
contínuas descobertas científicas e tecnológicas e conseguir inserir no seu cotidiano
em sala de aula de modo que os alunos consigam assimilar e entender os avanços e
teorias científicas no ensino fundamental, deixando esse aprendizado e esses co-
nhecimentos numa forma acessível aos alunos.
Estar em sintonia com a produção cientifica contemporânea – para além daquela que tradicionalmente é abordada – e com os resultados da pesquisa em ensino de Ciências é algo imprescindível para uma atuação docente consistente, seja a dos professores de Ciências, seja a de seus formadores (DELIZOICOV [et al], 2007, p.23).
Desse modo, ensinar ciências é uma tarefa que exige pesquisa e dedicação,
buscando a inovação constante nos processos. Assim, o professor de Ciências deve
procurar alternativas e métodos de ensino onde o aluno consiga construir seu
conhecimento assimilando os saberes construídos e aprendendo também a inovar.
Nesse contexto, inovar na disciplina de Ciências é fundamental e necessário
para o aprendizado dos alunos dentro da proposta dos conteúdos curriculares para a
disciplina.
As Ciências Naturais como um conteúdo cultural relevante para viver, compreender e atuar no mundo contemporâneo, privilegiando conteúdos, métodos e atividades que favoreçam um trabalho coletivo dos professores e alunos com o conhecimento, no espaço escolar e na sociedade. Trata-se de conhecimentos de sentido prático e teórico, num esforço de não-dicotomização dessas duas dimensões, tanto no que diz respeito às atividades dos professores de organização, planejamento e avaliação das atividades em sala de aula como na forma de desenvolver os conteúdos específicos (DELIZOICOV [et al], 2007, p.23 e 24).
Os Mapas Conceituais podem ser inseridos dentro dessa visão de novos
métodos e atividades para favorecer a assimilação do conhecimento na disciplina de
Ciências. A construção dos Mapas Conceituais serve como apoio para tornar o
conhecimento teórico mais prático e claro para os alunos e, servem também para
que o professor planeje sua prática educativa pensando na incorporação de novos
métodos e torne o processo ensino-aprendizagem motivador, interessante e rico em
termos de conteúdos e métodos.
Desse modo, o trabalho com os conceitos nas disciplina de Ciências passa a
ser realmente compreendido e assimilado pelos alunos, deixando de serem
conceitos e conteúdos distantes do seu contexto, considerado difíceis e impossíveis
de aprender.
Novak e Gowin (1999, apud in Tavares 2011, p.02) propuseram que:
A construção de Mapas Conceituais como estruturador do conhecimento. Uma maneira de se construir um mapa conceitual de determinado conteúdo é nomear quais os seus conceitos mais importantes e a seguir o mais impor-tante dentre aqueles que foram listados. Dessa maneira se elege o conceito raiz desse mapa, e o passo seguinte seria a construção de uma segunda geração com a escolha dos conceitos imediatamente menos inclusivos que o conceito raiz. As gerações subseqüentes seriam construídas à semelhan-ça do que foi descrito para a segunda geração. O desdobramento de um conceito em outros conceitos menos inclusivos em uma dada ramificação de um mapa conceitual é chamado de diferenciação progressiva, pois aconte-cerá a elucidação das possíveis diferenças entre conceitos semelhantes (Novak e Gowin (1999, apud in TAVARES, 2011, p.02).
Na construção de um mapa conceitual o aluno consegue entender melhor os
conceitos e acabam identificando quais são mais relevantes e como estão conecta-
dos e quais as relações com o conhecimento que está sendo trabalhando.
É importante que o professor tenha conhecimento do conteúdo que será tra-
balhado e também conheça os Mapas Conceituais, explicando para os alunos como
devem ser construídos e qual sua utilidade dentro da disciplina de Ciências. Dessa
forma o aprendizado será mais proveitoso para o aluno lembrando que é fundamen-
tal que o primeiro contato com os Mapas Conceituais seja claro para que auxiliem no
aprofundamento dos conceitos e conteúdos trabalhados.
Os profissionais do novo milênio devem possuir habilidades e competências para o gerenciamento da informação através de vários processos, para ad-quirir, selecionar e utilizar esta informação, assim como construir novos co-
nhecimentos que requeiram a utilização de ferramentas que permitam esti-mular o processo de ensino-aprendizagem de forma significativa (JAQUES; ODA; GOMES, 2007, p. 65).
No ensino de Ciências, o professor que possui novas habilidades e
competências para tornar o processo de ensino-aprendizagem favorável. A busca
por novas formas de ensinar e aprender faz do professor um pesquisador constante
para poder sempre inovar em sua prática e, propor ao aluno a capacidade de
transformar a informação em conhecimento, trabalhando para formar sujeitos
críticos.
Dentro desse contexto:
Este processo de refletir sobre a informação, compreendê-la, avaliá-la, é co-dificado para a linguagem que utilizamos. O surgimento de novos horizon-tes, decorrentes do desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação, exigem que os educadores lancem mão de recursos e práti-cas pedagógicas que estimulem e incentivem no educando o pensamento crítico-reflexivo (JAQUES; ODA; GOMES, 2007, p.66.
Todo esse processo contribui para uma aprendizagem significativa que en-
volve a assimilação de novos conceitos e conhecimentos, buscando novas metodo-
logias e instrumentos de aprendizagem onde podem ser introduzidos os Mapas Con-
ceituais como apoio.
Fundamentados no princípio da aprendizagem significativa, Mapas Concei-tuais podem ser utilizados para fazer o levantamento do conhecimento pré-vio (antes da unidade didática) e para verificar as relações conceituais dos alunos (após a unidade didática). Neste último caso, é interessante compa-rar o conhecimento prévio com as novas relações conceituais que foram es-tabelecidas ao longo de uma seqüência de atividades (unidade didática) in-tencionalmente planejadas (SILVA, 2008, p. 08).
Esse trabalho com Mapas Conceituais na disciplina de Ciências auxiliam
também no processo de avaliação onde o professor pode comparar o conhecimento
prévio do aluno com o seu conhecimento após o trabalho educativo dentro dos
objetivos da disciplina.
Dessa forma, a construção de Mapas Conceituais pode fornecer muito mais
que um apoio para o estudo dos conteúdos, mas como possibilidade de constatar os
progressos dos alunos, suas dificuldades e também orientar o trabalho pedagógico
principalmente quando houver necessidades de correção para optar pelas melhores
formas de ensinar.
Para o adequado uso dos Mapas Conceituais, é necessário o conhecimento da teoria de aprendizagem significativa desenvolvida pelo psicólogo norte-a-mericano David Ausubel, que tem como premissa entender a aprendizagem como um processo de modificação do conhecimento, em vez de comporta-mento em um sentido externo e observável, e reconhecer a importância que os processos mentais têm nesse desenvolvimento (JAQUES; ODA; GO-MES, 2007, p.66).
A aprendizagem significativa é uma teoria de aprendizagem onde o processo
de construção do conhecimento é embasado em um estudo contextualizado e
concreto para o desenvolvimento.
Além de estimular o conflito cognitivo e as interações sociais na sala de aula, o mapeamento conceitual favorece um processo colaborativo horizontal (aluno-aluno), ou seja, interação entre alunos, que produz resultados diferentes do que aqueles obtidos na colaboração vertical (aluno-professor), ou seja, interação entre professor e alunos. Por todos esses motivos o mapeamento conceitual colaborativo apresenta um grande potencial transformador da dinâmica tradicional da sala de aula, alterando os papéis a serem desempenhados por alunos e professores durante o processo ensino-aprendizagem (SILVA, 2008, p.10).
Os Mapas Conceituais, portanto, além de servirem como instrumento de
aprendizado e fixação dos conteúdos, o trabalho em sala de aula contribui também
para desenvolver laços de colaboração entre os alunos e entre os professores e
alunos.
O detalhe importante para o trabalho com os Mapas Conceituais está
centrado nos esclarecimentos sobre sua utilidade e como construir os mapas dentro
dos conteúdos na disciplina de Ciências para que realmente sejam funcionais e
atendam os objetivos no processo educativo.
A técnica para a construção de mapas conceituais consiste primeiramente na identificação dos conceitos-chave do tema a ser mapeado ou estudado. Para limitar a quantidade de conceitos é importante considerar apenas o material a ser trabalhado, restringindo-se aos conceitos existentes nele, em geral de 6 a 10 conceitos, dependendo da extensão do material. Se o mapa incorporar outros conhecimentos sobre o assunto, além daquele contido no material estudado, conceitos mais específicos podem ser incluídos no mapa (PITTA, 2008, p. 16).
Para a construção do Mapa Conceitual as informações devem ser
ordenadas sempre de maneira hierárquica e outros conceitos podem ser
incorporados. Na medida em que vão sendo agregadas as informações, o mapa
(diagrama) vai sendo construído e fica completo.
Jaques, Oda e Gomes mencionam os passos para a construção dos mapas
conceituais:
a) o professor deve explicar brevemente, e com exemplos, os termos con-ceito e palavras-conectivas; b) selecionar um ponto de um tema de um livro, texto ou artigo, com o qual o aluno esteja familiarizado; c) convidar os alu-nos a realizarem a leitura do tema selecionado atentamente; d) construir uma lista dos conceitos-chave mais importantes do tema; e) ordenar os con-ceitos da lista, iniciando-se do mais geral e seguindo por ordem de redução dos conceitos essenciais; f) situar o conceito principal na parte superior do mapa e, a partir deste conceito, unir os conceitos secundários e terciários aos primários e secundários, ou seja, dos mais concretos ou mais específi-cos, que se colocaram na parte mais inferior, os conceitos devem ser uni-dos, através de linhas, com palavras conectivas que estabeleçam relações entre os conceitos; g) por último, assinalar graficamente as ligações que se relacionam aos conceitos pertencentes aos distintos ramos hierárquicos do mapa conceitual (JAQUE; ODA; GOMES, 2007, p. 72).
A construção dos Mapas Conceituais é uma possibilidade de interligação en-
tre os conceitos, estimulando o pensamento cerebral, organizando as idéias e favo-
recendo o aprendizado. O mapa conceitual, como ferramenta de aprendizado pode
ser de grande versatilidade onde se abandonam as técnicas tradicionais do proces-
so de ensino-aprendizagem demonstrando a importância da aprendizagem significa-
tiva para o processo de construção do conhecimento.
O professor pode propor a utilização dos Mapas Conceituais trabalhando
com os alunos os conceitos e posteriormente pedindo que os alunos listem os pri -
meiros conceitos que lhes vierem à mente e que se associem a esse conceito princi -
pal, desenhando um retângulo em volta dos demais conceitos, agrupando-os de
acordo com sub-temas de maneira que faça sentido e seja compreensível. Está aí
seu Mapa Conceitual.
Os conceitos organizados no diagrama devem ser ligados por meio de li-nhas, as quais devem ser rotuladas com uma ou mais palavras que explici-tem sua relação. Assim são construídas as proposições que expressam o significado da relação entre os conceitos. É aceitável o uso de setas quando se quer dar um sentido a uma relação, no entanto, deve-se tomar cuidado para não transformar o mapa conceitual num fluxograma (PITTA, 2008, p. 16).
É importante, também, conectar os conceitos partindo do conceito principal
através de uma linha na qual deve ser expressa a relação entre eles. Os alunos
devem ter tempo suficiente para que eles continuem com esse procedimento até
que consigam expressar seus pensamentos e todos os conceitos sejam
relacionados significativamente entre si numa ordem hierárquica, desde o conceito
principal.
Com a compreensão do processamento da aprendizagem no cognitivo dos
alunos e da importância da aprendizagem significativa dentro da disciplina de
Ciências, o professor pode lançar mão de técnicas e encaminhamentos
metodológicos mais adequados para atingir os objetivos da disciplina, sendo os
Mapas Conceituais importantes ferramentas nesse processo.
Não se deve esquecer que a aprendizagem é uma via de mão dupla onde
ambos os integrantes do processo ensinam e aprendem.
Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa e foi aprendendo socialmente que, historicamente, mulheres e homens descobriram que era possível ensinar. Foi assim, socialmente aprendendo, que ao longo dos tempos mulheres e homens perceberam que era possível – depois preciso trabalhar maneiras, caminhos, métodos de ensinar. Não temo dizer que inexiste validade no ensino de que não resulta um aprendizado em que o aprendiz não se tornou capaz de recriar ou de refazer o ensinado, em que o ensinado que não foi aprendido não pode ser realmente aprendido pelo aprendiz (FREIRE, 1996, p. 23).
O desafio da educação na atualidade é adequar-se as mudanças e inovar,
pensando na demanda de formar um novo perfil de cidadão. É preciso dinamizar
processos, promover a criação de novas formas de aprender e ensinar pensando no
contexto onde a escola está inserida e no avanço crescente da ciência e da
tecnologia.
Cabe ao professor de Ciências descobrir novos caminhos para a inserção
dos sujeitos na sociedade, preparando os alunos para o contexto atual, competitivo,
onde a construção do conhecimento é um mecanismo de interação social. Nesse
contexto os Mapas Conceituais podem auxiliar muito no aprendizado dos conteúdos
da disciplina de Ciências oferecendo situações concretas e vencer o desafio de
aprender e apreender os conceitos da disciplina.
Desse modo a escola estará contribuindo para a formação do aluno e
conseguindo vencer o desafio de instrumentalizar os sujeitos (alunos) para agir na
sociedade no sentido da transformação.
Tem se notado na prática pedagógica, que os alunos apresentam
dificuldades na compreensão da hierarquia entre conceitos e da subordinação das
partes na composição do todo, o que resulta muitas vezes num aprendizado de
memorização de conteúdos sem que entendam as diversas relações existentes
entre os mesmos. Os alunos são forçados a decorar sem que haja a sua assimilação
e ligação com o seu cotidiano ou com outros conceitos já incorporados em sua
estrutura cognitiva, tornado-se destituídos de significado.
Nesta ótica, o presente trabalho tem por objetivo promover um processo de
ensino-aprendizagem mais significativo para o aluno, trazendo os conceitos
científicos abstratos para mais perto da realidade através da utilização de Mapas
Conceituais. Busca utilizar Mapas Conceituais, como estratégia de organização de
conceitos e assim oferecer recursos para que os alunos possam explorar, descobrir
e utilizar o potencial deste importante recurso didático, buscando respostas para as
indagações como; os Mapas Conceituais realmente auxiliam no processo de ensino
aprendizagem de Ciências? como? em que proporção?
2.2 Estratégias de ação
O estudo foi desenvolvido dentro dos princípios político-pedagógicos da
SEED e norteado pelas Diretrizes Curriculares para o Ensino de Ciências do Estado
do Paraná, tendo como principal instrumento a pesquisa-ação.
Segundo Thiollent (1997, p.63):
A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e na qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 1997, p. 63).
Esse estudo foi implementado no Colégio Estadual Barão de Capanema –
Ensino Fundamental e Médio, com alunos da 7ª série do Ensino
Fundamental.
No primeiro momento foi feito um levantamento bibliográfico sobre o tema
“Aparelhos reprodutores” visando buscar subsídios teórico-metodológicos utilizando
diversas fontes de pesquisa (livros didáticos, enciclopédias, sites da internet, CD-Ro-
om e DVDs). Posteriormente a esse trabalho foi levantada a relação dos conceitos
científicos a serem trabalhados em sala de aula e, realizada a reunião de apresenta-
ção do projeto para a equipe pedagógica da escola.
Na sequência o projeto foi apresentado à comunidade escolar iniciando-se
as fases subsequentes desse estudo que são: realização do desenho do corpo hu-
mano; análises dos conhecimentos prévios dos alunos em relação ao conteúdo a ser
abordado; utilização e leitura do livro didático; levantamento das concepções prévias
dos alunos informando e registrando as partes do corpo humano; desenvolvimento
de atividades e avaliação.
Com a realização de atividade de desenho representando o corpo humano,
optando-se pelo desenho como ferramenta de expressão, os alunos devem levantar
as estruturas do aparelho reprodutor que conhecem para posteriormente comparar
com as informações do livro didático. Nessa atividade foi levantada uma listagem de
palavras: testículos, uretra, pênis, próstata, vesícula seminal, vagina, ovário e útero
que fazem parte dos aparelhos reprodutores para busca de significados relevantes e
de conceitos com ajuda do dicionário etimológico momento onde foi construído um
mapa conceitual, apresentando os mapas conceituais, sua aplicabilidade e regras
para elaboração dos mesmos, com posterior montagem de mapas conceituais – mo-
delos, com a participação dos alunos, sendo que os mapas construídos foram reali-
zados a partir de um tema específico pré-determinado.
Na sequência, em grupos os alunos construíram mapas conceituais a partir
de textos sobre tema específico: aparelho reprodutor com a apresentação dos ma-
pas construídos para os demais alunos.
Durante o segundo período do programa, também foi elaborado um objeto
de material didático – Unidade Didática para servir de apoio aos professores da edu-
cação básica propondo atividades destinadas a alunos de 7ª série do Ensino Funda-
mental. Também aconteceu a participação nos Grupos de Trabalho em Rede (GTR)
como tutora de professores da rede estadual de ensino para proporcionar a estes
subsídios teórico-metodológicos para o desenvolvimento de ações educacionais sis-
tematizadas melhorando a sua prática pedagógica e também apresentar e comparti -
lhar o objeto de estudo proposto e as ações a serem desenvolvidas na escola crian-
do espaço para discussão e melhoramento do trabalho proposto. Este intercâmbio
através do GTR contribuiu para que a metodologia de mapas conceituais fosse apli-
cada em sala de aula e as considerações e novas sugestões dos professores contri-
buíram para que a prática fosse melhorada.
Durante a fase de implementação do projeto, foram trabalhados os concei-
tos de mapas conceituais, apresentando sua importância e funcionalidade oportuni-
zando ao aluno o contato com uma ferramenta de aprendizado inovadora e que con-
tribuirá muito para o aprendizado dentro da disciplina de Ciências.
As atividades propostas para conhecer os mapas conceituais e aprender a
construí-los estão embasadas em atividades concretas, utilizando como tema o con-
teúdo: Aparelhos reprodutores: masculino e feminino e sexualidade.
Dentro desse conteúdo específico foi trabalhada a noção de mapa conceitual
e a construção desses mapas como apoio para a construção do conhecimento.
2. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A pesquisa bibliográfica realizada embasou o trabalho sobre a importância
dos Mapas Conceituais no processo educativo nas aulas da disciplina de Ciências
no Ensino Fundamental.
Com os dados bibliográficos levantados sobre os Mapas Conceituais que
segundo Novak e Gowin (1984) mencionam “os Mapas Conceituais foram
desenvolvidos no início da década de 1970 pela equipe de Joseph Novak para
serem utilizados em pesquisas educacionais. No entanto logo se percebeu o valor
dos mapas como técnica de ensino aprendizagem, e eles passaram a ser utilizados
com sucesso tanto na área da educação como em outras atividades que envolvem
estruturação de conhecimentos. Podemos descrever sua utilização das mais
variadas formas e para sua construção devemos identificar os conceitos mais
importantes em um determinado assunto”.
Com a sua utilização para assimilação dos conteúdos de Ciências, ficou
claro que o professor precisa trabalhar para uma aprendizagem significativa na
escola e para isso precisa inovar em sua prática docente buscando inserir
instrumentos e métodos de ensino que favoreçam a aprendizagem.
Outro ponto importante apontado nas pesquisas bibliográficas é que a
Ciência passa por constantes mudanças e desse modo o avanço do conhecimento
cientifico e da tecnologia não pode ser desconsiderado em sala de aula. O professor
deve buscar estratégias para tornar o ensino de Ciências dinâmico e os mapas
conceituais acabam se tornando importantes aliados nesse processo, como
norteadores do processo ensino-aprendizagem dos diversos conceitos e conteúdos
da disciplina de Ciências.
Todos esses dados obtidos durante as pesquisas serviram como apoio ao
GTR – Grupo de trabalho em rede da disciplina de Ciências para a elaboração do
material didático-pedagógico – Unidade Didática, contando que os professores que
interagiram e participaram do GTR trouxeram informações valiosas. Relatos de pro-
fessores como “os alunos que conseguem ter a noção da construção de mapas con-
ceituais dentro da disciplina de Ciências e Biologia, conseguem assimilar conceitos
e definições” e “utilizei os mapas conceituais em sala de aula primeiro construindo
um mapa com os alunos e depois desenvolvendo atividades em grupo e individuais,
assim os alunos aprenderam a utilizá-los para construir o conhecimento”, “eu já utili-
zava mapas conceituais parcialmente preenchidos e que eram preenchidos junta-
mente com os alunos” e, afirmam a contribuição da atividade em sala de aula.
Durante a aplicação do projeto de intervenção na escola foi escolhido o
tema: Aparelhos reprodutores: masculino e feminino sendo que foram realizadas as
seguintes atividades:
• Levantamento de dados sobre o conhecimento prévio em relação ao conteúdo proposto através do desenho Foram entregues folhas de sulfite aos alunos para que pudessem desenhar
representando seu corpo. O desenho foi livre, sem interferência do professor, tendo
em vista que desenhar é uma ferramenta extremamente poderosa de expressão.
Os alunos utilizaram sua criatividade e analisando os desenhos pode-se per-
ceber que quando se fala em representar o corpo humano as representações são as
mais variadas.
Entre as representações do corpo humano: 53% desenharam pessoas utili-
zando roupas, desde vestimentas completas até apenas trajes de banho; 5% dese-
nharam o corpo humano faltando membros inferiores e/ou superiores; 27% repre-
sentaram o corpo humano desenhando seus aparelhos reprodutores, sendo que
destes um aluno desenhou até estruturas internas e, 15% desenharam o corpo hu-
mano sem roupa (pelado), porém sem identificar os aparelhos reprodutores.
Essa atividade inicial foi uma iniciativa para motivar a curiosidade dos alunos
que puderam ver e comentar os desenhos dos colegas e foi percebida a visão dos
alunos sobre os aparelhos reprodutores, as informações negativas sobre isso, os mi-
tos, anseios e medos sobre o aprendizado desse conteúdo.
Na seqüência foi explorado verbalmente e discutindo junto aos alunos de
maneira geral, o que são os aparelhos reprodutores e sua importância para o ser hu-
mano, sem iniciar o trabalho com as estruturas que os compõem.
• Montagem do banco de dados sobre os aparelhos reprodutores para construção de Mapas ConceituaisPara a etapa seguinte foi entregue meia folha de papel sulfite para cada alu-
no sendo solicitado que cada um escrevesse as estruturas do aparelho reprodutor
feminino e do masculino que viessem a sua cabeça sem consultar livros ou os cole-
gas. Essa atividade foi desenvolvida para verificar o conhecimento prévio dos alunos
sobre os aparelhos reprodutores, onde eles representaram escrevendo as estruturas
que vinham à mente, separando o aparelho reprodutor feminino e o masculino.
As anotações feitas pelos alunos foram analisadas e na seqüência com auxi-
lio do livro didático e outros materiais como livros, revistas e enciclopédias. Os alu-
nos realizam uma pesquisa utilizando esses recursos citados acima dentro da temá-
tica aparelhos reprodutores, consultando as estruturas presentes e nos aparelhos re-
produtores femininos e masculinos e listaram no verso da folha sulfite. Na seqüência
puderam comparar suas anotações iniciais e suas anotações após a pesquisa.
Através das pesquisas, de maneira geral, 95% das respostas dos alunos
melhoraram sendo que destas, em mais de 60% o acréscimo superou 5 estruturas
corretas do aparelho reprodutor. Em relação a todas as estruturas dos aparelhos re-
produtores utilizadas corretamente antes e após a pesquisa temos os seguintes grá-
ficos, analisando a resposta de 25 alunos:
Gráfico 1 - Gráfico comparativo das respostas corretas sobre as estruturas dos aparelhos reproduto-res masculino e feminino antes e após a pesquisa
Fonte: OSTAPIV, 2011.
Gráfico 2 - Gráfico comparativo das respostas corretas sobre as estruturas dos aparelhos reproduto-res masculino e feminino antes e após a pesquisa
Fonte: OSTAPIV, 2011.
0
5
10
15
20
25
1 3 5 7 9 11 13
AntesDepois
0
5
10
15
20
25
14 16 18 20 22 24
Antes Depois
Esse fato leva a considerar que é importante buscar a realidade e o conheci-
mento prévio do aluno antes de iniciar um conteúdo, como ponto principal para ini-
ciar os trabalhos, planejar as atividades e optar pelo melhor método de ensino, pois
favorece a avaliação.
Com base nas estruturas levantadas pelos alunos e nas discussões feitas foi
construído um mapa conceitual juntamente com os alunos, tomando como base os
princípios de construção de mapas, valorizando o nível hierárquico e as funções das
estruturas, optando-se pelo aparelho reprodutor masculino. Em cima do mapa con-
ceitual construído foram trabalhadas anatomia e fisiologia do aparelho reprodutor
masculino. Os mapas conceituais contribuíram para a fixação de conceitos e assimi-
lação dos conteúdos, tornando o aprendizado mais claro e objetivo. Auxiliou o aluno
a esquematizar os conteúdos facilitando o estudo da disciplina e a assimilação do
conhecimento.
Os alunos puderam participar da construção de um mapa conceitual que ser-
viu como instrumento para nortear o estudo sobre as estruturas, enfocando os con-
ceitos e as definições de cada estrutura dentro do conteúdo de Ciências.
• Trabalho em Grupo
Antes dessa atividade foram apresentados modelos de mapas conceituais
para que os alunos entendessem melhor a proposta e a utilidade dos mesmos.
Na seqüência foi proposta uma atividade em grupo, sendo que os alunos fo-
ram divididos em grupos com 4 participantes e foi proposta a construção de um
mapa conceitual tendo como tema o aparelho reprodutor feminino. Os alunos inicial-
mente apresentaram dificuldades na síntese das informações e na construção objeti-
va do mapa conceitual. Por terem o hábito de copiarem os conceitos foi trabalhada a
leitura, interpretação e abstração da idéia principal dos conceitos e o poder de sínte-
se, com isso foram construídos os mapas conceituais que contribuíram para a assi-
milação dos conteúdos sobre aparelhos reprodutores, otimizando a aprendizagem e
fornecendo ferramentas para o estudo de outros temas dentro da disciplina de Ciên-
cias.
Os alunos puderam consultar o livro didático e outros livros para construir o
mapa conceitual. Após a elaboração dos mapas pelos grupos, eles foram transcritos
para um cartaz que foi apresentado para os demais alunos. A partir dos mapas cons-
truídos foram exploradas as funções e estruturas principais do aparelho reprodutor
feminino utilizando o livro didático, a TV pendrive e DVDs com vídeos sobre o tema.
• Avaliação da etapa realizada
Os alunos compararam os conceitos escritos inicialmente e os conceitos es-
critos após a pesquisa e, também analisaram em conjunto os mapas conceituais
construídos. Essa atividade de comparação e análise propôs uma reflexão sobre os
conhecimentos que os alunos traziam e os conhecimentos adquiridos ao longo das
atividades, em termos de aprendizagem os alunos aprenderam sobre as estruturas e
funções dos aparelhos reprodutores e como construir e analisar mapas conceituais.
Após realizaram atividades de construção e preenchimento de mapas con-
ceituais e também a análise complementar dos mapas conceituais construídos pelos
colegas para fixação sobre a utilização dos mapas conceituais como meio norteador
do processo ensino-aprendizagem.
Com a aplicação do projeto de intervenção e a utilização dos mapas
conceituais verificou-se que o processo ensino-aprendizagem ocorre de maneira
mais significativa e os alunos conseguem assimilar melhor os conteúdos da
disciplina, conforme as atividades realizadas e os dados já expostos nos gráficos 1 e
2, onde aparece uma melhora significativa no aprendizado que gira em média
56,15% analisando as respostas de torno de 25 alunos.
Caberá ao professor, portanto estar sempre apto para buscar novas
alternativas de ensino e para inserir procedimentos metodológicos que motivem os
alunos para o aprendizado. Dentro desse contexto os mapas conceituais podem
auxiliar muito e tornar os conceitos que eram considerados distantes e difíceis de
aprender para conceitos de fácil entendimento e instrumentos indispensáveis para a
construção do conhecimento, como se percebe a melhora de mais de 60% no
aprendizado sobre aparelhos reprodutores após a construção de mapas conceituais.
2.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos objetivos propostos e após a realização da analise dos resul-
tados obtidos junto aos alunos pode-se tirar algumas considerações com:
- O trabalho do professor na disciplina de Ciências envolve a valorização das
inovações, avanços do conhecimento cientifico e a busca constante para otimizar o
processo ensino-aprendizagem.
- O grande desafio dos professores é encontrar ferramentas que tornem a
aprendizagem mais significativa de modo que os conteúdos dentro da disciplina de
Ciências sejam realmente assimilados pelos alunos e se transformem em conheci-
mentos que tragam resultados mais satisfatórios para o aluno e para a sociedade.
- Os Mapa Conceituais que são representações gráficas de um conteúdo ou
de uma estrutura mental do conhecimento podem contribuir muito para que o aluno
compreenda novos conceitos e conteúdos e tenham ganhos de aprendizagem.
- O uso dos Mapas Conceituais na disciplina de Ciências baseia-se nas pre-
missas da aprendizagem significativa onde o papel do professor é fornecer subsídios
para que ocorra a melhora no aprendizado através da potencialização de atividades
dinâmicas que além de cumprir os objetivos da disciplina contribuem para o cresci-
mento individual e a colaboração na construção do conhecimento.
- O professor tem o papel de propor o uso desta estratégia pedagógica que
permite ao aluno planejar, organizar conceitos e elaborar diagramas que auxiliam no
entendimento dos conteúdos e na construção do seu conhecimento.
− Para os professores, o uso dos mapas conceituais contribui como meto-
dologia de ensino de novos conteúdos dentro da disciplina de Ciências, reforçando a
compreensão de conceitos trabalhadas em sala de aula,
- O mapa conceitual permite ao professor verificar e acompanhar a estrutu-
ração dos conceitos por parte dos alunos referente ao conteúdo proposto.
- Através do projeto de intervenção pedagógica foi possível colocar em práti-
ca os conhecimentos obtidos no levantamento bibliográfico. Com o conhecimento
adquirido foi possível utilizá-lo em sala de aula e aplicar os mapas conceituais como
ferramentas para a construção do saber e para uma aprendizagem significativa.
Os dados obtidos no presente estudo demonstram que o uso dos mapas
conceituais colabora para que as atividades em sala de aula ocorram de forma orga-
nizada, colaborativa e integrada, favorecendo o processo de ensino-aprendizagem
na construção do conhecimento, contribuindo para formar cidadãos críticos e reflexi -
vos.
3. REFERÊNCIAS
AMABIS, José Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues. Trabalhando com mapas de conceitos. São Paulo: Moderna, 1999.
DELIZOICOV, Demétrio; ANGOTTI, José André; PERNAMBUCO, Marta Maria. Ensi-no de Ciências: fundamentos e métodos. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2007.
DUTRA, Ítalo Modesto; JOHANN, Stéfano Pupe. Por uma abordagem construti-vista dos Mapas Conceituais. Rio Grande do Sul: UFRGS, 2006.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários para a prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996
JAQUES, André Estevam; ODA, Juliano Yasuo; GOMES, Celia Macorim. Mapa con-ceitual: abordagem da aprendizagem significativa. Revista da Educação. v. 7. n. 1. Umuarama: EDUCERE, jan./jun 2007.
MOREIRA, Marco Antonio. Mapas Conceituais e Aprendizagem Significativa. Dis-ponível em: http://www.if.ufrgs.br/~moreira/mapasport.pdf. Acessado em 15 mai 2011.
NOVAK, Joseph; GOWIN, Bob. Aprendendo como aprender. Cambridge University: Press, 1984.
NOVAK, Joseph; GOWIN, Bob. Aprendendo a aprender. 1999 In: TAVARES, Rome-ro. Aprendizagem significativa e o ensino de ciências. Disponível em: http://www.fisica.ufpb.br/~romero/pdf/ANPED-28.pdf. Acesso em 18 mai 2011.
PARANÁ. Diretrizes Curriculares Estaduais – Ensino de Ciências. Curitiba: SEED, 2006.
PITTA, Márcia Ortega. Estudos sobre encaminhamentos metodológicos na disciplina de Ciências. Londrina: Artigo PDE, 2008.
SILVA, Cícero da. A utilização de Mapas Conceituais como ferramenta para verificação das relações conceituais. São Paulo: USP, 2008.
TAVARES, Romero. Aprender a estudar. São Paulo: UNIFESP, 2003.
TAVARES, Romero. Construindo Mapas Conceituais. Ciência e Cognição. 2007. vol. 12. Disponível em: http://www.cienciasecognicao.org/. Acesso em 15 mai 2011.
THIOLLENT, M. Pesquisa-Ação nas Organizações. São Paulo: Atlas, 1997.
top related