da cooperação simples a cooperação complexa
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5/28/2018 Da cooperao simples a Cooperao Complexa
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Da cooperao simples a Cooperao Complexa: a evoluo histrica do capital e
suas formas de produo de mercadorias.
A dimenso emancipatria do capital
O capitalismo, como modo de produo de mercadorias, extremamente
revolucionrio, como observou Marx, esse sistema transformou o mundo em um
grande mercado interligado por todas as formas possveis de comunicao, o que
Keynes vai chamar de carter progressista do capitalismo, para ele esse sistema
possibilitou um avano no modo de produo de bens e servios na qual todos
poderiam desfrutar dessa produo e que ela se renovava constantemente. Marx nos
Grundrissevai descrever esse aspecto do capital como sendo a misso civilizadora do
capital.
Limites e contradies do capital
Essa funo civilizadora do capital, como diz Marx, encontra-se imersa em
uma contradio, pois as necessidades humanas s podem ser supridas na forma de
mercadorias e essas s so produzidas segundo o seu valor de troca e no o seu valor
de uso, ou seja, o capitalismo s produz aquilo que tem uma margem de lucro maior e
no para atender as necessidades sociais. Como podemos observar reside, nesse modo
de produo na qual o capital se encontra inserido, uma contradio contnua; de um
lado o capital, como fora motriz do desenvolvimento da fora produtiva de bens de
uso e servios, e do outro esse desenvolvimento limitado pela a valorizao do valor.
As trs formas de produo de mercadorias (cooperao simples, Manufatura e a
Grande indstria) e a superao das contradies do capital.
Essas trs formas de produo no decorrer da histria, uma tentativa do
capital adequar o processo produtivo a exigncia de valorizao do valor. Quanto
diviso do trabalho, na manufatura o trabalhador um trabalhador coletivo
combinado, e esse faz parte de um corpo coletivo de trabalho, na qual cada um deles
executa suas funes como sendo pertencente de todo o processo produtivo. Alm
disso, nessa forma de produo os instrumentos de trabalho so diversificados eadaptados funo exclusiva do trabalho parcelado. Essa forma de produo criada
pela manufatura atende algumas necessidades de valorizao do valor que a
cooperao simples no conseguira atingir, no entanto essa base tecno-material,
produzido pela manufatura, no conseguiu abarcar todas as necessidades de
valorizao e expanso do valor, e um dos motivos por que, na manufatura, a base
material domina a fora social, ou seja a produo depende da vontade dos artesos e
sem ele no pode haver produo, esse seria um fator subjetivo.
Outro aspecto pertinente, que impedia a manufatura de atingir a valorizaodo valor, era a sua produo que se realizava, em sua maioria, na forma de valor de
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uso e no de valor de troca, pois suas mquinas e ferramentas eram produzidas por ela
mesma, fazendo com que o valor de uso, a produo das maquinas, se contra posse a
o valor de troca, a produo das mercadorias que seria trocada por mais capital, desse
modo o capital no se encontra como sujeito autnomo, para resolver essa
contradio, na qual o capital necessita se autonomizar e se transformar em forasocial dominante, entra em campo o modo de produo de mercadorias denominado
de Grande Indstria, nessa forma de produo que essas contradies so
finalmente abolidas, pois diferentemente da Cooperao simples e da manufatura na
grande indstria o capital que coordena a produo, no havendo mais uma
dependncia do trabalhador, pois o crescimento do emprego do capital constante
maior do que o do capital varivel, da fora de trabalho.
A grande indstria, diferente dos modos de produo que a antecedeu, criou o
seu mercado prprio, pois as mercadorias por ela produzidas eram trocadas pordinheiro que era dada a classe trabalhadora pela a venda da sua fora de trabalho,
fazendo com que houvesse uma valorizao do valor, pois essas mercadorias, que
eram essenciais a sobrevivncia da classe trabalhadora, eram propriedade do capital.
Essa relao de dependncia do trabalhador com o capital faz com que ele
esteja sempre disposio da venda da sua fora de trabalho. sendo assim, quanto
maior a massa de salrios pagos pelo capital, maior o mercado de que dispe aqueles
capitalistas que produzem mercadorias que entram no consumo pessoal do
trabalhador.
No entanto vale a pena destacar que o capitalismo no depende somente desse
mercado que abastecido pelo dinheiro dos salrios dos trabalhadores, existe um
mercado mais dinmico e mais valoroso que realizado entre os prprios capitalistas,
nas trocas e aquisies de mquinas e matrias-primas para a produo de
mercadorias. Esse mercado determinado pelo prprio capital, j que quanto mais
gastam na compra dessas matrias-primas, para a efetivao da sua produo, mais
mercados existe para as suas mercadorias. Isso se torna mais claro quando analisamos
o conceito de Capital Industrial, que na sua fase de circulao se apresenta de duas
formas, capital-dinheiro, na qual o valor adiantado precisa convertesse em fora de
trabalho e meios de produo, e capital-mercadoria, que quando esse dinheiro
transformado em produo e essa produo em mercadoria destinado a o mercado, e
na sua fase de produo o capital se apresenta em forma de capital produtivo.
Nos modos produtivos anteriores a grande indstria essas formas, a qual o
capital assume, se encontravam sendo como formas de diferentes capitais. Como
podemos perceber o capital assume varias formas, ele passa de capital dinheiro para
capital produtivo e depois a capital mercadoria ate chegar de novo a forma de
dinheiro, o capital se encontra inserido dentro desse ciclo de valorizao intermitente,
e essa acumulao limitada to somente pelo o tempo que esse capital leva para
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voltar a assumir de novo a forma de capital-dinheiro, ou seja, no processo produtivo
da grande indstria o capital encontra seus limites de expanso somente nele mesmo.
Desse modo na grande indstria que o capital encontra sua forma de
produo mais adequada, e por encontrar a sua forma mais adequada onde a
contradio capital e trabalho se encontram mais desenvolvida. E diante dessa
contradio a classe trabalhadora se ver obrigada a se auto-organizar como classe para
defender os seus interesses. Essa auto-organizao da classe trabalhadora fez Marx
acreditar que a grande indstria era a ltima forma de produo de mercadorias,
considerando que ela cria, pela primeira vez na historia do capitalismo, as condies
objetivas e subjetivas para a revoluo proletria.No entanto Marx estava enganado
na sua anlise, pois a luta de classes algo da qual no se pode prever o seu resultado
final, pode-se apenas concluir de que algo necessrio, mas seus resultados so
imprevisveis.
Acumulao sem desenvolvimento
Marx nos Grundrisse especula sobre a possibilidade de uma nova forma de
produo de mercadorias superior a grande indstria, C. Offe j assinalava essa nova
forma de produo como no contendo mais no tempo de trabalho a medida objetiva
do valor, ele credita essa caracterstica ao surgimento do setor de servio, ao qual no
se aplica a mesma racionalidade que a da produo industrial, por isso ele denomina
esse setor como um corpo estranho dentro da produo capitalista.
J A. Giannoti defendia que o mercado no mais o mediador da socializao
do trabalho, no seu lugar est uma forma de socializao de faz-de-conta, nessa
nova forma de socializao do trabalho a medida necessria do trabalho se torna
arbitraria subjetiva; transformasse no que ele chama de sociabilidade travada. Nesta
mesma linha de pensamento est J. Habermas que comunga com este a ideia de que o
trabalho no mais a medida do valor, mais isso se deve por que a cincia se
transformou na fora produtiva por excelncia, fazendo com que o trabalho vivo no
seja mais o criador da riqueza capitalista, ele acrescenta ainda que utopia da sociedade
do trabalho chegou ao fim, pois a abolio da posse privada dos meios de produono significou em um governo dos trabalhadores, e o desenvolvimento das foras
produtivas representou uma ameaa a o futuro da humanidade.
Cabe aqui apreendermos tambm o pensamento de Francisco Oliveira a
respeito da atual fase do capitalismo, para ele a funo do estado como reprodutor
desse sistema, foi imprescindvel, pois possibilitou o desenvolvimento do progresso
tcnico fazendo com que a explorao do trabalho no seja a nica fonte de
valorizao do valor. Mas Oliveira tem um pensamento diferente do de Habermas,
quanto ao fim da utopia da sociedade do trabalho, pois para ele o Welfare States(Estado de bem-estar) necessrio para a realizao dessa utopia, j que essa
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mediao transforma interesses privados das classes trabalhadoras em interesses
pblicos, ou seja, de importncia de toda a sociedade:
o fundo publico amarrou os interesses dos capitalistas e dos trabalhadores
numa dialtica conspiratria, de tal modo que as vontades das classes s pode se
afirmar quando mediada pela vontade universal, a vontade geral da sociedade, que
transcende o mbito dos interesses imediatos das classes.
As mudanas na atual fase do capitalismo so profundas de tal modo que
Oliveira passa a chamar essa nova fase de Modo social-democrata de produo,pois
essa fase est alm dos limites de racionalidade da produo capitalista. Essa nova
forma de produo j podia ser vista em O capitalde Marx, a questo agora saber se
essa atual fase do capitalismo marca uma ruptura, ou s o desdobramento para a
superao das contradies da grande indstria, para se melhor adequar s condies
de valorizao do valor. Se o mercado no mais auto reflexivo e a economia no
mais fora social dominante, no cabe mais a luta de classes, j que essa no tem mais
com quem travar sua batalha, como destacou Mc Carthy a reflexo agora dirigida a
humanidade como tal, e no a um grupo especifico, fazendo com que essa reflexo
ganhe um carter annimo.
Francisco de Oliveira vai concordar com as mesmas ideias de Mc Carthy, pois
para ele os interesses privados s podem ser alcanados quando passam a ser
interesse de todos, tanto dos capitalistas como dos proletrios. Se for assim como a
classe trabalhadora pode se livrar da explorao capitalista, se essas duas classes no
so mais portadoras de interesses antagnicos? Para Oliveira o socialismo no mais se
constri com a derrota dos capitalistas, mais sim com a conciliao das duas classes
que anteriormente tinham ideias antagnicas, pois essas classes agora se reconhecem
como portadoras de interesses mtuos, pois elas fazem parte de uma comunidade
(Welfare State), e somente o ps-Welfare abriria espao para o socialismo, um
consenso que seria fruto da vontade das classes em buscar a racionalidade do melhor
argumento.
Todo esse processo por qual passou o capitalismo pode ser intendido como umprocesso de evoluo em busca da valorizao do valor. Essa nova fase na qual se
encontra o capitalismo, e suas formas de produo de mercadorias, pode ser
apreendida sob a forma de Cooperao Complexa, que nada mais do que uma
sntese das formas de produo, na qual anteriormente fizeram parte a cooperao
simples, a manufatura e a grande indstria.
Cooperao Complexa e o movimento de absolutizao do capital
Para Rosa Luxemburgo a transformao do mundo em mercado a cu aberto,
isso implicaria com o fim do capitalismo, pois no havendo como escoar o excedente
da produo capitalista no teria com extrair a mais-valia, fazendo com que o sistema
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entrasse em falncia. Lnin concordava, em parte, com Luxemburgo, pois para Lnin o
imperialismo como ltima fase de expanso do capitalismo era um anncio da
revoluo Socialista. Pela primeira vez, o mundo se encontra inteiramente partilhado,
de tal modo que, no futuro, unicamente se poder pr a questo de novas partilhas,
isto , da transio de um possuidor para outro e no da tomada de posse deterritrios sem donos (Lnin, 1979).
A o contrrio do que pensaram esses dois tericos, a expanso e criao de um
mercado mundial no significou o fim da extrao da mais-valia to pouco o
surgimento da revoluo socialista, o que realmente aconteceu principalmente a partir
dos anos 70, foi um crescimento vertical dos mercados, ou seja, no se criou novos
mercados, mas sim se potencializou os mercados j existentes. O que antes, na grande
indstria, era uma multiplicidade de formas autonomizadas de existncia do capital,
passa agora, na cooperao complexa, a ser uma nica unidade de produo, umanica empresa atua em todos os ramos da produo ao mesmo tempo fazendo com
que outras empresas no venham a faturar parte do valor por ela produzida. Em sua
forma imediataessa nova forma de produo-cooperao complexa- atinge, de uma
s vez, as trs formas de existncia do capital; capital-dinheiro, capital-produtivo e
capital-mercadoria, justamente nessa fase que o capital atinge o pice de seu
desenvolvimento histrico.
Essa nova fase do capitalismo exigiu uma reinveno da diviso social do
trabalho que se nota na organizao interna das empresas, o que a sociologia do
trabalho vai chamar de reestruturao produtiva, pois o trabalhador que antes
desempenhava uma funo especifica, passa agora a comandar a totalidade das
funes do processo de trabalho. Desse modo a reestruturao produtiva cria um
novo tipo de trabalhador coletivo combinado, esse novo trabalhador um trabalhador
individual, que junto dos demais trabalhadores realiza a unidade das diferentes formas
do trabalho coletivo. Para melhor realizar essas transformaes do modo de
organizao interno do processo de trabalho o sistema capitalista tem que enfrentar
as instituies que anteriormente regulamentavam a relao trabalho capital. Por isso
o capital necessita do afastamento do estado, como mediador dos conflitos entrecapital e trabalho, para atingir uma liberdade de contratao da fora de trabalho.
Nesta nova forma de produo de mercadorias, na qual a economia se
encontra cada vez mais globalizada, o capitalismo necessita de uma enorme liberdade
para que possa transitar nos mais diversos investimentos sem haver fronteiras que o
limite. O liberalismo se impe novamente comoa forma poltica de regulamentao
mais adequada. Portanto para que o capital desfrute de uma liberdade se faz
necessrias a presena de algumas condies tais como; rediviso do trabalho social,
reestruturao produtiva e o neoliberalismo.
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Evidncias Empricas
Cabe aqui destacarmos que a cooperao complexa, como sntese de todos os modos
de produo que as antecederam, o marco de desenvolvimento do sistema
capitalista e de superao de suas contradies o estgio de acumulao sem
desenvolvimento, para tal entendimento iremos destacar algumas comprovaes
empricas:
1.Centralizao do capital, como forma predominante de investimento. No secria mais novos mercados, apenas se associa novos capitais aos j existentes,
um claro exemplo desse fenmeno as fuses das grandes multinacionais que
atuam em um mesmo setor do mercado.
2.Financeirizao da riqueza, como forma dominante de produo e realizaodo valor. Reduzindo a ao e autonomia das politicas pblica.
3.Aumento substancial da produo de descartveis, fazendo com que no stenhamos um problema com o destino final dos descartveis, mas tambm
criando uma cultura do imediatismo varrendo fora as relaes estveis e
duradouras.
4.O crescente aumento dos nveis de desemprego, invertendo a lgica decrescimento econmico e aumento da massa trabalhadora. Traduzindo isso em
nmeros hoje no mundo inteiro temos nveis aceitveis de desemprego que
chegam casa dos 6 a 7%, que colocando em nmeros absolutos temos uma
massa de mais de 800 milhes de desempregados, que fazendo uma analogia
simplista equivale a 13 Brasis, se levarmos em conta que a fora de trabalho
brasileira de 60 milhes. Esses nmeros alarmantes da OIT um quadro
considerado pelos especialistas como irreversvel.
5. Precarizao das relaes de trabalhoe por que no dizer em um retorno asvelhas relaes de produo de mercadorias. Hoje o que prevalece so as
longas jornadas de trabalho, tanto nas empresas como trabalho domiciliar no
remunerado, outro fator os contratos de trabalho temporrios.
Cooperao complexa e a luta de classes
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