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CONSCIÊNCIA AMBIENTAL E PEGADA ECOLÓGICA DOS
GRADUANDOS DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI
Janice Soares dos Anjos – janiceanjos@hotmail.com
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) - Departamento de Ciências
Biológicas e da Saúde.
39100 000 – Diamantina – Minas Gerais
Ana Caroline Diniz Silva - ancarolinedsilva@yahoo.com.br
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) - Departamento de Ciências
Biológicas e da Saúde.
Paulo Ricardo de Souza – prsouza22@hotmail.com
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) – Faculdade de Ciências
Agrárias
Resumo: As ações antrópicas têm sido imperativas em relação ao meio natural, estando o homem a
enfrentar desafios sem precedentes no que se refere à capacidade limitada dos ecossistemas em
sustentar o atual nível de consumo material, atividades econômicas e crescimento populacional,
causando consequências desastrosas ao meio ambiente. Frente a essa realidade surgem os
indicadores de sustentabilidade, uma ferramenta muito eficaz é a Pegada Ecológica, ela aborda as
dimensões humanas das alterações ambientais globais induzidas pelo metabolismo energético-
material daquele socioecossistema urbano. Neste sentido, objetivou-se analisar o comportamento dos
acadêmicos de Ciências Biológicas da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e
entender suas percepções em relação ao consumismo e ao desenvolvimento sustentável, analisando
assim se as disciplinas ofertadas no curso sobre a temática ambiental influenciam de fato seus hábitos
de vida. O levantamento de dados foi realizado através da aplicação de um questionário e da Pegada
Ecológica a 30 estudantes dos anos iniciais e 30 dos anos finais do Curso. No entanto, os acadêmicos
dos períodos finais apresentaram um maior conhecimento e consciência em relação à educação
ambiental, em comparação aos discentes dos períodos iniciais. Em contrapartida pode-se observar
que os graduandos dos períodos iniciais do curso apresentaram uma pegada ecológica menor. Tal
fato contradiz a lógica de que pessoas que têm um maior conhecimento e sabem a importância da
conservação ambiental, comportam-se de forma consciente. No entanto, quando se coloca este
conhecimento em prática, as atitudes para a conservação do meio ambiente e diminuição do consumo
são praticamente ausentes.
Palavras-chave: Consumismo, Impacto Ambiental, Estudantes
ENVIRONMENTAL AWARENESS AND ECOLOGICAL FOOTPRINT
OF UNDERGRADUATE OF BIOLOGICAL SCIENCES UNIVERSITY
OF FEDERAL AND VALES OF JEQUITINHONHA MUCURI
Abstract: Anthropogenic actions have been imperative in relation the natural environment, being the
man to face unprecedented challenges with regard to the limited capacity of ecosystems to sustain the
current level of material consumption, economic activities and population growth, causing disastrous
consequences for the environment . Facing this reality arise sustainability indicators, a very effective
tool is the Ecological Footprint, it addresses the human dimensions of global environmental change-
induced energy metabolism stuff that urban socioecossistema. In this sense, it is aimed to analyze the
behavior of academics of Biological Sciences, Federal University of the Jequitinhonha and Mucuri
and understand their perceptions regarding consumerism and sustainable development, thereby
analyzing the disciplines offered in the course on environmental issues influence of suit their lifestyle.
The survey was conducted through a questionnaire, and Ecological Footprint to thirty students from
the early years, and thirty years of the final of the course. However, scholars of the final period had a
greater knowledge and awareness regarding environmental education, compared to students from
early periods. However it can be observed that graduates of the earlier periods of the course showed a
smaller ecological footprint. This fact contradicts the logic that people who have a greater knowledge
and know the importance of environmental conservation, behave consciously. However, when you put
up this knowledge into practice, attitudes toward environmental conservation and reduced
consumption are practically absent.
Keywords: Consumerism, Environmental Impact, Students
1. INTRODUÇÃO
As ações antrópicas têm sido imperativas em relação ao meio natural, estando o homem a
enfrentar desafios sem precedentes no que se refere à capacidade limitada dos ecossistemas em
sustentar o atual nível de consumo material e as atividades econômicas, juntamente com o crescimento
populacional, causando consequências desastrosas ao meio ambiente (Cidin, 2004).
A sociedade de consumo tem, claramente, um forte encanto e traz consigo muitos benefícios
econômicos. Também seria injusto argumentar que as vantagens obtidas por uma geração anterior de
consumidores não deveriam ser compartilhadas pela geração seguinte. Todavia, o aumento disparado
do consumo na última década – e as projeções alucinantes que logicamente dele derivam – indica que
o mundo como um todo se verá, em breve, enfrentará um grande dilema (Gardner et al., 2004).
Os programas televisivos, a internet, os cinemas dos Shoppings Centers e as vitrines são convites
para o consumismo e responsáveis pela padronização dos mesmos gostos e das mesmas preferências
por produtos descartáveis. No espaço escolar, constatamos que as crianças são persuadidas a usarem
produtos da moda, para não serem excluídas do grupo (Teruya, 2008).
Penna (1999), que evidencia o hábito consumista das populações humanas, acredita que a tarefa da
redução do consumo será árdua, sendo necessário reverter valores culturais enraizados.
Como afirma Mendonça (2007), a questão ambiental encontra-se dentro de um contexto bastante
complexo. Devido a sua natureza interdisciplinar e interinstitucional, como ressalta o autor, essa
questão demanda uma postura integrativa de diferentes áreas do conhecimento. Além disso, a própria
Constituição Federal estabelece que é dever do Poder Público “promover a educação ambiental em
todos os níveis do ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente” (art. 225,
§1º, VI/CF).
Neste contexto, as universidades, no papel de formadoras de novos profissionais, são locais onde
temas como disposição do lixo e valores culturais da sociedade consumista devem ser discutidos e
estudados, não só por estudantes da área ambiental, mas por todos os demais cursos de graduação
(Mateus et al., 2012).
Todavia, na discussão acadêmica relacionada aos temas parece que um consenso ainda é algo
muito distante, principalmente porque as mais diversas áreas do conhecimento influenciadas pelas
mais diferentes correntes ideológicas e conceituais – se acham aptas a contribuir com a discussão e,
mais que isso, não existe nenhuma definição conceitual do que seja consumo que seja consensual,
como já foi dito (Mello, 2006).
Para tanto, é necessário que haja ferramentas que permitam a identificação de padrões sustentáveis
de desenvolvimento que considerem aspectos técnicos, ambientais, econômicos e sociais. Frente a essa
realidade surgem os indicadores de sustentabilidade que constituem instrumentos que permitem
mensurar as modificações nas características de um sistema, utilizados para avaliar o desempenho
quanto a sua funcionalidade na implantação do desenvolvimento sustentável (Firmino et al., 2009).
Uma ferramenta muito eficaz é a Pegada Ecológica, ela aborda as dimensões humanas das
alterações ambientais globais induzidas pelo metabolismo energético-material daquele
socioecossistema urbano e demonstra que para sustentar o seu megametabolismo, são demandadas
quantidades colossais de matéria e energia, ao tempo em que se produz resíduos e emissões
desestabilizadoras, criando-se uma poderosa teia de exploração e carga sobre os recursos naturais, cuja
extensão de influências tem escopo global (Dias, 2002).
Segundo a WWF (2007), a Pegada Ecológica mostra até que ponto a forma de viver do ser
humano está de acordo com a capacidade do planeta de oferecer, renovar seus recursos naturais e
absorver os resíduos que são gerados por muitos e muitos anos. Deve ser levado em consideração que
o espaço é dividido com outros seres vivos e que é preciso cuidar da geração atual e das próximas.
2. OBJETIVO
Neste sentido, objetivou-se com o presente estudo analisar o comportamento dos acadêmicos de
Ciências Biológicas da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e
entender suas percepções em relação ao consumismo e ao desenvolvimento sustentável, analisando
assim se as disciplinas ofertadas no curso sobre a temática ambiental influenciam de fato seus hábitos
de vida.
3. METODOLOGIA
3.1 Área de estudo
Em 2013, a UFVJM completará 60 anos de existência, considerando sua fundação em 1953 como
faculdade. Mas nos termos de hoje, como universidade, é ainda uma jovem instituição, com pouco
mais de sete anos, com um crescimento vertiginoso. A graduação presencial do Campus JK –
Diamantina (MG), oferece 24 cursos e conta com aproximadamente 4259 estudantes matriculados em
2012. Para o nosso estudo foi selecionado o curso de graduação de Ciências Biológicas que tem como
um dos objetivos formar profissionais que sejam capazes de estabelecer relações entre a ciência,
tecnologia e sociedade; atuar em prol da preservação da biodiversidade, considerando as necessidades
de desenvolvimento sustentável.
3.2 Levantamento de dados
O levantamento de dados foi realizado através da aplicação de um questionário (Apêndice 1)
composto de três perguntas simples e objetivas que continham aspectos da temática ambiental, como
consumismo e conceito de sustentabilidade, e em seguida foi realizada a aplicação da Pegada
Ecológica. Os pesquisadores identificaram-se como graduandos do curso de Ciências Biológicas e
pediram permissão ao professor que lecionava a aula para realizarem as entrevistas. As ferramentas de
pesquisa foram aplicadas a 20 estudantes dos anos iniciais (1º e 2º períodos) e 20 dos anos finais (7º e
8º períodos) do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri. Desta forma, analisou-se de forma comparativa as declarações dos alunos dos períodos
iniciais com as declarações dos acadêmicos dos períodos finais. Os entrevistados participaram da
pesquisa de forma voluntária e anônima, sendo que as declarações foram redigidas por eles mesmos,
posteriormente guardadas e analisadas pelos pesquisadores. Em seguida foram agrupadas para
comparações posteriores, a fim de avaliar o grau de conhecimento que estes acadêmicos têm sobre o
consumo sustentável ao entrarem na universidade e ao saírem dela, objetivando assim identificar se o
curso contribui ou não para a formação de cidadãos cada vez mais engajados em prol do consumismo
consciente e da preservação dos recursos naturais.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Consumo sustentável – Declarações dos alunos dos 1º e 2º períodos do curso de
Ciências Biológicas da UFVJM (As declarações dadas pelos acadêmicos foram transcritas para este
trabalho conforme escritas por eles)
O primeiro questionamento foi utilizado para avaliarmos a concepção dos alunos sobre o que
é consumo sustentável, e se estes alunos têm uma percepção definida e clara entre a relação do
consumo excessivo e a degradação do meio ambiente.
Fig I. O que você entende por consumo sustentável?
As declarações analisadas demonstram um conhecimento superficial sobre o tema, e revelam
uma grande confusão conceitual existente sobre o consumo sustentável, como pode ser notado abaixo:
“Consumo com inteligência sabedoria e responsabilidade”.
“Um consumo consciente que não prejudique as gerações futuras”.
“Ganhar dinheiro para poder comprar”.
“Que preserva mais o ambiente”.
“É o consumo que se dá de maneira adequada, analisando as fontes de energia”.
Nas questões seguintes as perguntas foram utilizadas para avaliarmos se os acadêmicos tinham
a conscientização de que o consumismo excessivo é uma forma de degradação do meio ambiente.
Fig II. Quando você vai fazer compras, escolhe os produtos pela qualidade ou pelo valor? Por quê?
Com esta pergunta analisou-se o grau de consumismo dos entrevistados, e notou-se que
aqueles que compram pensando no valor, são mais consumistas, pois a quantidade é o foco principal.
Já aqueles que compram pela qualidade, normalmente, compram produtos inspecionados, dentro das
normas obrigatórias, que consequentemente terão uma vida útil muito maior, desta forma compraram
em menor quantidade e em uma maior faixa de tempo. Dentre os entrevistados somente um
compreende a relação de valor e qualidade como um fator determinante no consumismo não
consciente e prejudicial ao meio ambiente. Abaixo alguns exemplos de declarações obtidas nesta
pergunta:
“Pela qualidade, porque às vezes valor baixo ou alto nem sempre é sinal de coisa boa”.
“Pelo valor, porque a compra fica barata e não me preocupo com a qualidade”.
“Os dois quesitos, pois sei que o valor baixo não pode ser o único critério para analise”.
Na ultima questão analisamos o consumismo desnecessário e socialmente incrementado como
uma forma de terapia emocional.
Fig III. Você faz compras quando está deprimido, com raiva ou com medo? Por quê?
Os resultados obtidos revelaram que a grande maioria dos acadêmicos entrevistados não
consegue associar o consumismo desnecessário como um fator de degradação do meio ambiente, e
referem-se à questão financeira como uma barreira para que não se pratique o ato, como foi relatado
por alguns discentes que não compram por não terem recursos monetários para isso. Somente um
entrevistado respondeu de acordo com as expectativas do estudo. Abaixo alguns exemplos de
declarações dadas:
“Nunca, porque dinheiro não é algo que tenho aos montes para isso, e também compro apenas o
necessário”.
“Nunca, Porque faço compras quando é realmente necessário”.
“Nunca, pois essa atitude demonstra problemas psicológicos mais graves, piorando a situação”.
Juntamente com as questões apresentadas acima, aplicou-se para os acadêmicos a “Pegada
Ecológica”.
O WWF-Brasil, uma organização não-governamental dedicada à conservação da Natureza,
apresenta, o conceito de Pegada Ecológica. Por meio dele, percebemos que nossa trajetória pelo
planeta deixa “marcas”, “pegadas”, de acordo com a forma como caminhamos. Poderemos também
estimar o quanto da Natureza “utilizamos” para sustentar nossas formas de moradia, alimentação,
locomoção e lazer, ou seja, o nosso estilo de vida. Assim, identifica-se uma relação direta entre o
simples fato de fazer compras em um supermercado e a queda nos índices de biodiversidade no
planeta. O WWF-Brasil acredita que a Pegada Ecológica não é apenas uma nova forma de se trabalhar
as questões de educação ambiental, às quais se dedica desde 1971, ano em que a Rede WWF iniciou
suas atividades no Brasil. A Pegada é também uma ferramenta de leitura e interpretação da realidade,
pela qual poderemos enxergar, ao mesmo tempo, problemas conhecidos, como desigualdade e
injustiça, e, ainda, a construção de novos caminhos para solucioná-los, por meio de uma distribuição
mais equilibrada dos recursos naturais, que se inicia também pelas atitudes de cada indivíduo.
Fig IV. Análise da Pegada Ecológica
Através da análise dos resultados da Pegada Ecológica, verificou-se que apenas 30% dos
alunos entrevistados dos períodos iniciais do curso de Ciências Biológicas apresentaram uma pegada
ecológica que está um pouco acima da capacidade do planeta, sendo que seriam necessárias duas
terras, enquanto 70% precisariam de três terras, para que cada um dos alunos tenham os recursos
necessários para o seu consumo e descarte dos seus resíduos. Este dado é agravante, pois estes valores
estão acima da Pegada Ecológica média do brasileiro – 2,9 ha/pessoa, para o ano de 2012, de acordo
com o Relatório Planeta Vivo, da WWF-Brasil.
Por meio da análise dos questionários, pôde-se perceber a deficiência apresentada entre os
alunos dos 1º a 2º períodos do curso de Ciências Biológicas da Universidade dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri quando o assunto é desenvolvimento sustentável e suas implicações na
formação da cidadania individual e coletiva. Tendo em vista que na sociedade dos dias atuais, os
objetos não são adquiridos exclusivamente por sua utilidade, mas também pelo prestígio, bem estar,
realização e felicidade que sua posse oferece. Neste novo cenário, as identidades dos cidadãos
passaram a se configurar pelo consumo, e o “status”, muitas vezes, pode ser medido pelo que se
consome, conduzindo a sociedade contemporânea a um consumo desnecessário, ostentatório,
excessivo e perdulário (COSTA; TEODÓSIO, 2011). A globalização tem contribuído de forma
significativa para a disseminação da cultura de consumo. Ela favorece a circulação de produtos,
imagens e ideias em escala mundial, transformando o mundo em uma espécie de supermercado global.
4.2 Consumo sustentável - declarações dos alunos dos 7º e 8º períodos do curso de ciências
biológicas da ufvjm (As declarações dadas pelos acadêmicos foram transcritas para este trabalho
conforme escritas por eles).
Valendo-se do mesmo método de análise dos questionários anterior, obteve-se o seguinte resultado:
Fig V. O que você entende por consumo sustentável?
“Consumo sustentável abrange o uso consiste da água, de energia elétrica, compras conscientes
(comprar o que necessário, evitando desperdício). Doar o que você não utiliza, porque pode ser de
grande valia para outra pessoa”.
“Consumo sustentável significa consumir com consciência, levando os impactos ambientais em
consideração. Significa que se deve pensar no planeta na hora de fazer comprar e pensar também no
destino que vai ser dado a essa compra feita. Era o que todos deveriam fazer, no entanto no mundo
que vivemos atualmente, com os costumes que temos e os maus hábitos, pensar em consumismo
sustentável é fácil, difícil é colocar em pratica”.
“Adotar praticas que venham contribuir para um menor impacto ao meio ambiente, garantindo que
as gerações futuras possam ainda, utilizar os recursos naturais”.
Os resultados encontrados mostram que estes acadêmicos possuem uma bagagem de
conhecimento bem mais desenvolvida acerca do tema, sendo esta obtida possivelmente através de
disciplinas que visam à formação de profissionais conscientes e mais preparados para atuarem em
defesa do meio ambiente.
Fig VI. Quando você vai fazer compras, escolhe os produtos pela qualidade ou pelo valor? Por quê?
Como relatado anteriormente o consumismo é o que dita as regras no mundo atual, fato este
confirmado pelos resultados apresentados acima, por mais que as pessoas têm o conhecimento de que
o consumismo excessivo é uma forma de degradação do meio ambiente, elas não conseguem se verem
totalmente livres do ato. Se compararmos os dias atuais com os de vinte e/ou trinta anos atrás, pode-se
ver como a educação ambiental ganhou, e vem ganhando espaço na sociedade; porém essa mesma
sociedade degrada hoje bem mais o meio ambiente, do que a vinte e/ou trinta anos atrás.
Fig VII. Você faz compras quando esta deprimido, com raiva ou com medo? Por quê?
Percebe-se que o fator financeiro é a barreira principal para a diminuição do consumo, e não
os impactos gerados ao meio ambiente. Dado observado também na análise dos questionários dos
graduandos dos anos iniciais, porém notou-se que os acadêmicos que cursavam os anos finais do curso
já possuíam uma clareza maior a respeito do consumo excessivo, associando este como um fator de
degradação do meio ambiente.
Fig VIII. Pegada Ecológica
De acordo com os dados obtidos com os questionários observamos que, o conhecimento
acerca da educação ambiental, preservação do ambiente natural e a consciência em relação ao
consumismo está melhor esclarecido e detém maior presença nos alunos dos sétimos e oitavos
períodos. Tal fato pode ser explicado pela consciência e aquisição de conhecimento, nas disciplinas
cursadas durante a formação do aluno em sua graduação. No entanto, os alunos que estão nos períodos
iniciais do curso apresentaram uma pegada ecológica menor em relação aos períodos finais do curso.
De acordo com os dados adquiridos com os questionários, observamos que, não houve
diferença significativa em relação ao gênero, pois as respostas adquiridas não apresentaram alterações
expressivas.
O levantamento realizado, analisado de forma geral, revela a precariedade de conhecimento
dos alunos em relacionar o consumismo como uma forma de degradação do meio ambiente. Cada ato
de consumo é um gesto de dimensão planetária que pode tornar o consumidor um cúmplice de ações
desumanas e ecologicamente prejudiciais, ou pode torná-lo corresponsável pela geração de emprego,
pela preservação de ecossistemas, pela reciclagem de materiais, pelo combate à poluição (MANCE,
1999). As massas costumam ignorar os impactos socioambientais decorrentes do consumo, pois só
conseguem vislumbrar diretamente o objeto de seu desejo, que é produto da fase final do processo
produtivo. Grande parcela da sociedade ignora os impactos inerentes da extração e beneficiamento da
matéria prima, o impacto do transporte da mercadoria até o consumidor final e, principalmente, fica
alheia a destinação final dos resíduos gerados.
5. CONCLUSÃO
Portanto afirma-se que, os acadêmicos dos períodos finais apresentaram um maior conhecimento e
consciência em relação à educação ambiental, em comparação aos discentes dos períodos iniciais.
Em contrapartida pode-se observar que os graduandos dos períodos iniciais do curso apresentaram
uma pegada ecológica um pouco menor. A diferença foi pouco significativa, porém tal fato contradiz a
lógica de que pessoas que têm um maior conhecimento e sabem a importância da conservação
ambiental, comportam-se de forma consciente na preservação ambiental e diminuição do consumo. No
entanto, quando coloca-se este conhecimento em prática, as atitudes para a conservação do meio
ambiente e diminuição do consumo são praticamente ausentes, desta forma, deve-se aguçar a
consciência coletiva de toda a população, de maneira eficaz, através de oficinas e projetos de
Educação ambiental.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Texto: Mônica Pilz Borba; Coordenação: Larissa Costa e Mariana Valente; Supervisão: Anderson
Falcão – Brasília: WWF Brasil, 2007. 38 p.
APÊNDICE 1
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM
Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde - FCBS
Departamento de Ciências Biológicas e da Saúde – DCBio
Caro Graduando,
Convidamos você a participar de uma pesquisa realizada pelos alunos da UFVJM em um
trabalho para uma disciplina do curso. A sua identificação será mantida em sigilo e os dados
coletados não serão disponibilizados para nenhum tipo de avaliação. Se você quiser saber mais
sobre a pesquisa entre em contato com a aluna:
Janice Soares – E-mail: janiceanjos@hotmail.com
Questionário
Ciências Biológicas - ______ período
Sexo:________________
Idade:_______________
1) O que você entende por consumo sustentável?
2) Quando você vai fazer compras, escolhe os produtos pela qualidade ou pelo valor? Por quê?
3) Você faz compras quando esta deprimido, com raiva ou com medo? Por quê?
a) Sempre;
b) Às vezes;
c) Nunca.
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