concepções de justiça e john rawls

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Cavaco e Maria estão casados há 3 anos. Não têm filhos e não pretendem tê-los. Ele trabalha como corrector de bolsa e ela é dentista. Auferem bons ordenados e vivem num bom apartamento de Lisboa, Belém. Como não têm dependentes a seu cargo, poucas deduções podem fazer nos impostos que pagam. E pagam bastante. Contudo, boa parte dos seus impostos que pagam são destinados a financiar coisas que não beneficiam. É o caso dos infantários e das novas escolas que o governo quer construir e de investimentos em auto-estradas que nunca ou raramente utilizarão.

Justiça

Retributiva• Refere-se às punições e

castigos que Estado inflige a quem comete crimes e infracções.

Distributiva• Refere-se ao que cada qual

vai receber o que é devido quer em termos de encargos necessários ao funcionamento da sociedade e do Estado quer em termos de benefícios (saúde, educação…)

O que é a Justiça

• Ponto de vista igualitário.• Teoria que defende um tratamento igual, uma

vez que não há diferenças relevantes entre os seres humanos. Os igualitaristas defendem que numa sociedade justa cada pessoa deve receber uma igual parte dos benefícios que a sociedade proporciona e dos encargos que ela exige.

Objecções

Os seres humanos têm diferentes características

As pessoas têm méritos diferentes

Diferentes desempenhos merecem diferentes reconhecimentos.

O igualitarismo é um ideal pouco defendido na prática

O que é a justiça?

• Ponto de vista utilitarista:• É justo o que é socialmente justo. Por isso,

deve dar-se a cada um o que é devido mas tendo em conta o interesse global da sociedade.

• Será justa uma sociedade que , apesar das desigualdades, promove mais o bem-estar geral.

Objecções

O Princípio da Utilidade pode gerar situações de injustiças

poderá haver casos em que o interesse geral colide com os interesse individuais.

As pessoas têm direitos que não devem ser violados seja em que condição for

O que é a justiça

• Ponto de vista da igualdade de oportunidades• Todos devem ter uma igual oportunidade de

conseguir empregos e posição social que permitam uma vida economicamente decente e mesmo a constituição de riqueza, dependendo dos resultados ou do mérito ou do esforço ou da competência.

Objecções

Existem pessoas que já estão à partida em vantagem.

Iguais condições à partida traduzem-se em resultados diferentes.

John Rawls

Princípios da Justiça

1921-2002

Concepção de justiça

• Justiça como equidade – Numa sociedade que se queira justa dever-se-á encontrar um conjunto de princípios que favoreçam a equidade, isto é, a igualdade perante a escolha e reduza ao mínimo os conflitos decorrentes das formas como os diversos sujeitos encaram a distribuição dos benefícios.

• Só se tolera a desigualdade se esta permitir que os menos favorecidos fiquem o melhor possível.

Teoria da Justiça como Equidade • Principais características: • Ao contrário do utilitarismo, como doutrina teleológica, o

contratualismo é deontológico: os princípios da justiça estão definidos e dão-nos noções de bem e de pessoa, ao contrário do utilitarismo que se subjaz às questões diárias.

• Não pretende a maximização do bem, mas sim do justo.• Defende abertamente o primado do indivíduo na primordial escolha

inicial dos princípios, tornando-o a base de um sistema liberal.• A sociedade bem ordenada é vista como um sistema de cooperação

que visa obter vantagens recíprocas, regulada por princípios que são escolhidos por sujeitos colocados numa posição inicial que obedece às regras da equidade.

Conflitos entre princípios de justiça

• se uma sociedade garantir o acesso a uma determinada escolaridade a todos os seus cidadãos e ao mesmo tempo exigir que essa escolaridade seja assegurada por uma escola da área de residência, no caso de uma pessoa preferir uma escola fora da sua área de residência por ser mais competente e estimulante, gera-se um conflito entre a igualdade de oportunidades no acesso à educação e a liberdade de escolher a escola que cada um acha melhor.

Os Princípios da Justiça

• Princípio da liberdade igual: A sociedade deve assegurar a máxima liberdade para cada pessoa compatível com uma liberdade igual para todos os outros.

• Princípio da oportunidade justa: As desigualdades económicas e sociais devem estar ligadas a postos e posições acessíveis a todos em condições de justa igualdade de oportunidades.

• Princípio da diferença: A sociedade deve promover a distribuição igual da riqueza, excepto se a existência de desigualdades económicas e sociais gerar o maior benefício para os menos favorecidos.

Os princípios

• 1º Princípio• É o princípio fundamental. Exige-se o máximo

de liberdade possível que não interfira com a liberdade dos outros.

• A liberdade não pode, em condição alguma, ser sacrificada em nome da felicidade geral (se todos tiverem atingido um nível de vida acima do limiar da pobreza).

Os princípios

• 2º PrincípioCada um deve ter as mesmas oportunidades de

acesso às várias funções do estado. Assemelha-se a uma corrida de atletismo e às posições que ocupam no início. Os mais qualificados ocupam os lugares de relevo , mas a todos deve ser dada oportunidade de obterem qualificação.

Os princípios

• 3º Princípio: Um sistema de ensino pode permitir aos estudantes mais dotados o acesso a maiores apoios se, por exemplo, as empresas em dificuldade vierem a beneficiar mais tarde do seu contributo, aumentando os lucros e evitando despedimentos.

Os Princípios

• A desigualdade justifica-se se:a) Beneficiar todos os membros da sociedade,

em especial os menos favorecidos.b) Se for uma condição necessária e suficiente

para incentivar uma maior produtividade.

Argumentos

• O argumento intuitivo da igualdade de oportunidades.

Ninguém merece ver as suas escolhas e ambições negadas pela circunstância de pertencer a uma certa classe social ou raça.

Argumentos

• A Posição Original

• - Igualdade original (correspondente ao estado natural dos contratualistas clássicos).

• - Os sujeitos devem possuir os requisitos fundamentais de racionalidade e liberdade.

• - Instauração do véu de ignorância.

Véu de ignorância

• Entende-se por esta expressão uma suspensão da situação - económica, social, religiosa, qualquer forma de preconceito, fortuna natural ou circunstâncias sociais - que cada sujeito possui. Pretende-se que a escolha seja absolutamente racional, livre de qualquer tendência que pudesse interferir numa situação de «pureza» existencial

Mundo 1: 9, 8, 3;Mundo 2: 10, 7, 2;Mundo 3: 6, 5, 5.

Regra Maximin

Suponhamos que cada mundo corresponderia à distribuição de bens de primeira necessidade. Qual a decisão a tomar se à partida não soubéssemos a circunstância de cada pessoa?

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