como nascemos de novo pelo espírito santo - livro
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A474 Alves, Silvio Dutra Como nascemos de novo pelo Espírito Santo./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2016. 110p.; 14x21cm 1. Salvação. 2. Regeneração. I. Título. CDD 234
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Sumário
Regeneração.............................................................
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Deus Planejou Dois Nascimentos Para
Cada Pessoa...............................................................
20
A Necessidade da Regeneração.......................
24
A Necessidade de Toda Pessoa.......................
53
A Regeneração ou Novo Nascimento...........
62
Regeneração e Verdadeiro Livre Arbítrio..
73
A Regeneração (John Owen)............................ 76
4
Regeneração
São poucas as pessoas que sabem que para
alcançar o céu é necessário nascer duas vezes
neste mundo. O primeiro nascimento é natural,
do qual todos os homens são participantes, mas
o segundo nascimento é espiritual, e nem todos chegam a nascer esta segunda vez, pela qual nos
é dado acesso ao reino do céu.
Se a lagarta morrer antes de virar crisálida, ela não poderá se transformar em borboleta; de
igual modo, se o homem morrer sem passar
pela experiência deste segundo nascimento, ele
não pode voar para dentro do reino de Deus.
Na verdade, desde o primeiro casal formado no Jardim do Éden, Deus iniciou a nova criação
espiritual, e um dos seus primeiros integrantes
foi Abel, filho de Adão e Eva, e esta ainda se encontra em pleno curso pelos filhos que são
gerados para Deus, por meio da fé nEle.
É a isto que o apóstolo Tiago se refere em sua epistola, ao dizer: “Segundo a sua própria
vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade,
para que fôssemos como que primícias das suas
criaturas.” (Tiago 1.18)
Na verdade, o que ocorre é uma ressurreição espiritual, um novo nascimento de quem estava
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morto em delitos e pecados. Em Cristo, o
pecador sai da morte espiritual para renascer
numa nova vida que é eterna.
Daí o apóstolo Paulo ter afirmado o
seguinte: “Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis
que tudo se fez novo.” (II Coríntios 5.17), ou seja,
faz parte desta nova criação espiritual que Deus está fazendo em meio ao mundo natural ao
longo dos séculos. Esta nova criação somente
será concluída quando o número dos salvos
estiver completo, o qual é conhecido tão somente pelo Senhor.
O apóstolo João se refere aos que são gerados de tal forma, com as seguintes palavras: “os quais
não nasceram do sangue, nem da vontade da
carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” (João 1.13)
Estando de posse destas informações podemos entender melhor o diálogo que foi travado entre
nosso Senhor e Nicodemos:
“Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? porventura pode
tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?
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Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do
Espírito, não pode entrar no reino de Deus.
O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.
Não te admires de eu te haver dito: Necessário vos é nascer de novo.
“O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim
é todo aquele que é nascido do Espírito.” (João 3.3-8)
Desde o Velho Testamento, Deus havia prometido este novo nascimento; daí Jesus ter
repreendido a ignorância de Nicodemos sobre
este assunto, apesar de ser um mestre religioso
em Israel.
“E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de
carne.”(Ezequiel 36:26)
Somos informados que este novo nascimento é produzido pelo Espirito Santo, para que
alcancemos a condição de sermos espirituais,
pois é dito que o que é nascido da carne é carne, e espiritual é somente aquele que é nascido do
Espírito Santo. E também, que permanece
debaixo da vontade de Deus gerar este novo
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nascimento, porque somente Ele sabe quem
será gerado de novo pelo Espirito.
Esta regeneração, assim como quando uma criança é trazida do ventre de sua mãe para a luz
do mundo, ocorre uma única vez, no momento
mesmo em que a pessoa se converte a Cristo, e é justificada e perdoada de seus pecados.
Por ela há uma transformação muito grande no coração que é regenerado (nascido de novo) que
passa agora a se inclinar para Deus e adorá-Lo,
bem como a amar Seus mandamentos; e por
outro lado, a odiar toda forma de pecado.
A consciência é mais do que despertada na
regeneração, pois é vivificada pelo Espírito Santo, de modo que o senso do que é aprovado e
do que é reprovado por Deus é restaurado.
A fé que passa a habitar no coração regenerado leva-o a compreender as coisas relativas ao
reino de Deus, e mesmo aquilo que não pode ser
visto ou ouvido pelos sentidos naturais, passa a ser conhecido em espírito pelo crente.
Na regeneração Deus começa a destruir tudo o que pertence ao velho homem, e começa a
formar um novo homem semelhante a Cristo.
A palavra regeneração significa, literalmente, gerar de novo. É uma palavra adequada para
traduzir as duas palavras gregas que foram
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usadas por Jesus em seu diálogo com
Nicodemos, registradas em Jo 3.3,7: genetós
(gerar, nascer) e anoten (de novo, do alto).
A doutrina da regeneração se refere portanto ao
novo nascimento operado pelo Espírito Santo.
A JUSTIFICAÇÃO, a obra da redenção, pela qual Jesus pagou o preço do resgate, pelos nossos
pecados, é a base através da qual os que creem
no seu nome são justificados por Deus, consistindo a justificação no livramento da
condenação eterna, pela remoção da culpa do
pecador, pelo resgate da maldição da lei e da
plena aceitação do crente por Deus, por lhe ter sido imputada a justiça de Cristo.
Agora, toda esta libertação e obtenção dos méritos de Cristo, têm da parte de Deus, um
propósito supremo em vista: que o crente seja
transformado à imagem de Jesus (Rom 8.29). O crente é justificado/salvo para ser purificado do
pecado e para viver em santidade fazendo a
vontade de Deus.
É aqui que entra o trabalho do Espírito Santo.
A justificação foi obtida pela graça, mediante a fé. E do mesmo modo o recebimento da nova natureza, pela regeneração operada pelo
Espírito também é pela mesma graça e fé. Na
verdade, tanto a justificação quanto a
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regeneração ocorrem simultânea e
instantaneamente, no momento em que o
pecador se arrepende e se converte a Cristo. A
mesma fé que justificou é assim a mesma fé que regenerou o crente. Deste modo, a regeneração
é também pela graça, mediante a fé, conforme
Jesus afirmou claramente a Nicodemos (Jo 3.14,15,18).
É impossível que alguém seja justificado sem que seja também regenerado. Daí Jesus ter
afirmado a Nicodemos a necessidade que ele
tinha, como qualquer pessoa, de nascer de novo
(regeneração) para poder ver o Reino de Deus. E definiu a fé genuína, que conduz o pecador à
salvação, livrando-o da condenação (Jo 3.18),
como a fé que não somente justifica, mas
também regenera.
No mesmo diálogo com Nicodemos Jesus afirmou que a vida eterna, que é obtida através
da regeneração, é concedida em razão do amor
de Deus pelos pecadores.
Na regeneração o crente recebe uma nova natureza, pela sua participação na natureza divina (II Pe 1.4), sendo esta também designada
na Bíblia por novo coração, novo homem, nova
criatura, dentre outras designações.
Entretanto, a velha natureza ou natureza terrena, apesar de ter recebido a sentença de
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morte na cruz (Rom 6.6), não é removida do
crente, neste mundo, e será mais ativa ou
menos, proporcionalmente ao nível de
consagração do mesmo a Deus.
O espírito é purificado e fortificado pela graça que flui através da nova natureza recebida na
conversão.
O crente tem portanto duas naturezas. Não duas personalidades ou dois espíritos. Seu espírito foi vivificado pelo Espírito Santo e está agora sujeito
à influência destas duas naturezas: a terrena e a
divina.
A terrena deve ser mortificada continuamente pelo Espírito Santo (Col 3.5; Rom 8.13) para que o crente possa viver em novidade de vida.
A regeneração vem de cima e é obra divina. Não pode ser produzida pelo homem (Jo 1.12,13; 3.6,7).
O apóstolo Pedro se refere à regeneração do crente como resultante de uma semente
incorruptível, a Palavra de Deus (I Pe 1.23,24). Uma semente incorruptível produz uma vida
incorruptível e permanente. Isto significa que a
regeneração dá ao crente vida eterna. A velha
natureza morre porque a sua semente é corruptível. Por isso, o filho de Deus em sua
nova natureza não conhecerá a morte espiritual
ou eterna, porque Cristo está nele e Ele é a
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ressurreição e a vida (Lc 20.36; Jo 3.16; 5.24;
6.47,57,58; 8.51; 10.28; 11.26; II Tim 1.10; I Jo 5.13).
O Espírito Santo supre a nova natureza com vida. Ele concede graça, graça sobre graça.
Jesus afirma que assim como Ele vive, nós
viveremos também; e que aquele que nEle crê
nunca perecerá. Isto uma referência à onipotência divina para preservar a nova vida
que recebemos pela fé.
O espírito do crente não perecerá eternamente. Ele não estará separado de Deus na eternidade,
como ocorrerá com os espíritos daqueles que
não têm a Cristo, e que estão condenados à
morte eterna.
Quando a Bíblia fala portanto de mortificação da natureza terrena (Col 3.5), não se refere à
destruição da alma, mas à sua purificação do pecado, pela destruição das obras da carne pelo
Espírito, quando nos sujeitamos a Deus.
Tendo sido regenerados, somos um só espírito com Cristo (I Cor 6.17; 10.16,17), isto significa que
o nosso espírito está ligado ao Senhor, sem que
a nossa personalidade seja anulada, de forma
que quando o nosso espírito está purificado do pecado, isto se deve ao fato de estar
prevalecendo em nós o poder e a influência da
natureza divina. Mas isto não ocorrerá sem que
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o busquemos, sem que nos esforcemos para
fazer a vontade de Deus e estar em Sua presença.
Quando deixamos de nos consagrar a Deus, para que o Espírito Santo nos santifique, quem haverá de prevalecer será a natureza terrena,
e em vez do fruto do Espírito, o que se verá em
nós serão as obras da carne (Gl 5.16-25).
O apóstolo Paulo se refere à inclinação da carne (natureza terrena) como sendo inimizade
contra Deus (Rom 8.7a) que não está sujeita à
lei de Deus e nem mesmo pode estar (Rom 8.7b).
A natureza terrena não somente está incapacitada para fazer a vontade de Deus, mas
está sobretudo em estado de permanente
inimizade contra Deus. A palavra usada é um
substantivo (inimizade) indicando assim um estado, uma condição, uma natureza, e não um
adjetivo (inimiga) que indicaria uma simples
qualidade, e não a condição total do ser.
O pecado corrompeu a natureza de todos os homens, e estes estão inclinados por sua própria
natureza a fazer o mal, de maneira que a carne
sempre luta contra o Espírito, e esta
contaminação da natureza terrena permanece ainda naqueles que têm sido regenerados,
porque a concupiscência da carne não se sujeita
à lei de Deus.
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A glória tem passado para sempre da natureza terrena. Esta é a sua própria condenação. É
loucamente orgulhosa. O coração é
inteiramente corrupto. Por isso a natureza terrena deve ser repudiada, e devemos atentar
para a nova natureza recebida na regeneração,
porque a velha jamais poderá ser melhorada. Está irremediavelmente corrompida.
É certo que ainda há mesmo no pior dos pecadores, resquícios da imagem e semelhança
original com que o homem foi criado por Deus. Podemos ver alguns traços de bondade, de
justiça, de amor e de outras virtudes, mas estão
contaminadas pelo pecado. O grande edifício da
natureza humana ruiu por terra quando Adão pecou e é em ruínas que tal natureza é
encontrada em quaisquer dos seus
descendentes. Há uma ou outra coluna rachada,
mas ainda de pé, aqui, e ali, mas no meio dos destroços e do pó da destruição causada pelo
pecado. A salvação consiste na remoção destes
destroços para a construção de uma nova vida,
por meio de uma nova natureza que não pode ser destruída, como a primeira.
Sem o novo nascimento não poderíamos portanto viver em conformidade com a vontade
de Deus. O novo nascimento é uma transformação radical: por meio dele
recebemos a nova natureza que nos faz amar o
que aborrecíamos, e aborrecer o que amávamos
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contra a vontade de Deus. A regeneração faz
diferentes nossos costumes, nossos
pensamentos e nossas palavras (II Cor 5.17).
Alguns dizem que o pecado reina na carne do homem, em seu corpo físico, mas não no seu
espírito, que segundo eles é perfeito e não pode pecar. Isto não é verdadeiro porque o espírito do
homem também está sujeito ao pecado, daí a
exortação de I Tes 5.23 e II Cor 7.1. Devemos lembrar dos poderes do espírito, e dentre estes
a imaginação, o pensamento e a vontade, que
estão contaminados pelo pecado. Quem não
peca é a nova natureza, pois que é divina. Como já comentamos anteriormente, é a sua ação
sobre o espírito do homem que mortifica a velha
natureza e purifica o espírito do pecado, e
imprime nele as virtudes de Cristo, no trabalho progressivo da santificação.
Não há nenhuma desobediência na nova natureza. Não há nela qualquer mancha do
pecado. Ela nunca erra, morre ou transgride.
Porque ela é como Deus, santa, pura, perfeita e
separada do pecado. A nova natureza está destinada a nos amadurecer na perfeita imagem
de Deus.
É por isso que o trabalho do Espírito em relação à velha natureza é de mortificação, baseado no
fato de ter sido a mesma crucificada com Cristo.
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Ela não pode portanto ser reformada, porque não pode ser melhorada. Temos o testemunho
dos muitos que têm tentado tal cousa e
têm fracassado. Alguns procuram refrear sua natureza, mas não o conseguem. É como se
o leopardo tentasse se livrar de suas manchas.
Ainda que alguém conseguisse reformar a velha natureza, esta não seria a obra que Deus exige.
Ele não quer reformas, mas renovação. Ele não
deseja um coração melhorado, mas um coração novo (Ez 36.26,27; Lc 9.23).
O homem não é regenerado mediante seus próprios esforços. Poderá reformar-se em
muitos aspectos. Livrar-se de muitos vícios, mas
não há quem possa nascer em Deus pelo próprio
poder. Por mais que lute, não conseguirá.
E mesmo que o conseguisse não iria para o céu, porque teria violado uma das condições para tal, a saber, a de nascer do Espírito Santo.
Não há regeneração sem santificação. E
não pode existir verdadeira santificação onde não houve regeneração.
O Espírito Santo desperta, convence, ilumina, limpa, guia, preserva, consola, confirma,
aperfeiçoa e usa os crentes. Nunca damos um
passo em direção ao céu sem o Espírito Santo e
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nem conduzimos outros no caminho do céu
sem Ele.
O novo nascimento do Espírito é a vida do crente e da igreja. Se o Espírito Santo é apagado, a
morte reina, e a igreja é um sepulcro. Daí a
ordenança bíblica para não se apagar o Espírito
(I Tes 5.19), mas encher-se dEle (Ef 5.18).
Um crente autêntico é aquele que nasceu de novo do Espírito Santo. O mesmo Espírito que o
regenerou é o mesmo Espírito que haverá de infundir no crente a necessidade da busca da
santificação, porque a santidade é a
essência mesma da natureza de Deus, e por
conseguinte, da nova natureza que recebemos no novo nascimento. As cousas de Deus
ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus (I
Cor 2.11b). Só podemos conhecer e viver o que
Deus nos deu gratuitamente, mediante as palavras ensinadas pelo Espírito Santo (I Cor
2.12,13). É por isso que há crentes espirituais e
crentes carnais. Estes últimos vivem pela
influência da natureza terrena (carne) e não da nova natureza, e o domínio das obras da carne
(ciúmes, contendas etc) sobre suas vidas prova
que apesar de terem sido regenerados, vivem
como pessoas carnais, e não espirituais, conforme lhes conviria viverem, por terem sido
justificados e feitos novas criaturas em Cristo (I
Cor 3.1-3).
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Daí a importância da ministração da Palavra de Deus pela sua pregação e ensino, por parte
daqueles que o Espírito tem levantado para
liderar a igreja, com vistas à edificação dos crentes e seu aperfeiçoamento espiritual (Ef
4.11,12), e também a necessidade de todos
se aplicarem no corpo de Cristo à oração, à adoração e à prática das boas obras. Pois estes
são, dentre outros, meios pelos quais somos
fortalecidos com poder, mediante o Espírito
Santo, no homem interior (Ef 3.16), sendo transformados de glória em glória, na própria
imagem do Senhor (II Cor 3.18).
Ilustrações do que é a natureza terrena:
. Lc 6.7,8 - ardilosa.
. Lc 6.46 - naturalmente inclinada à desobediência.
. Lc 9.40,41 - incrédula.
. Lc 9.46-48 - procura suplantar os seus semelhantes.
. Lc 9.54-56 - vingativa.
. Lc 12.1 - está sujeita à hipocrisia.
. Lc 12.15 - avarenta (desejo de ter mais do que necessita).
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. Lc 12.22, 29 - ansiosa e inquieta.
. Lc 15.29,30 - invejosa.
. Lc 17.3,4 - não inclinada a perdoar.
. Lc 18.1 - não dada à oração, especialmente à oração perseverante.
. Lc 18.9-12 - orgulhosa e julga ter méritos diante de Deus.
. Lc 22.45,46 - negligente e insensível.
. Lc 22.61 - covarde.
. Jo 2.23-25 - busca o que é da sua conveniência hipocritamente.
. Jo 6.26 - interesseira.
. Jo 7.7 - está inclinada naturalmente para as más obras.
. Gl 2.11-14 - preconceituosa e dissimulada.
Estes poucos exemplos não são suficientes para demonstrar que nada devemos dispor para a carne (natureza terrena), mas sim viver em
novidade de vida, revestidos de Jesus, segundo
a nova natureza ? (Rom 13.14)
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Por isso, o apóstolo Paulo declara abertamente: "Porque eu sei que em mim, isto é, na minha
carne, não habita bem nenhum. Pois o querer o
bem está em mim; não porém o efetuá-lo." (Rom 7.18). Somente o poder da graça de Jesus pode
libertar o próprio crente desta escravidão que a
natureza terrena lhe impõe de não ser capaz de realizar o bem mesmo quando deseja praticá-lo
(Rom 8.25).
Daí Jesus afirmar: "Importa-vos nascer de novo." (Jo 3.7b). E o Espírito Santo acrescentar pela boca
de Paulo, a única forma de se vencer a carne,
depois der ter sido regenerado: " Andai no Espírito e jamais satisfareis a concupiscência da
carne." (Gl 5.16).
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Deus Planejou Dois Nascimentos Para
Cada Pessoa
O primeiro nascimento é natural de uma
cabeça única e comum a todas as pessoas, a qual
é Adão, o único homem cujo corpo foi criado diretamente por Deus.
A própria Eva foi criada a partir de uma das costelas de Adão, e assim pode-se dizer, que o
primeiro homem, Adão, foi singular no tocante
à sua criação.
Todos os que foram gerados a partir daquele primeiro casal, o são por modo natural.
Este foi então o primeiro nascimento planejado por Deus, a saber, o natural.
O segundo nascimento é sobrenatural de uma também única cabeça comum a todos os que
nascem de tal modo sobrenatural, a qual é Cristo.
Por este segundo nascimento se obtém a natureza espiritual, celestial e divina.
Todo aquele que não tiver nascido uma segunda vez em Cristo não terá portanto a vida espiritual,
celestial e divina, e não terá o seu corpo
ressuscitado com a glória dos corpos celestiais,
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depois da morte, ou então transformado,
quando Cristo vier arrebatar para o céu aqueles
que tiveram este segundo novo nascimento.
Por isso nosso Senhor disse que a carne para nada aproveita, porque o que é nascido da carne é carne, ou seja, os que nasceram apenas de
Adão, nasceram com uma vida apenas natural e
terrena.
Quem dá a vida do céu neste segundo novo nascimento é o Espírito Santo, daí nosso Senhor ter dito em sequência no Novo Testamento, que
é o espírito quem vivifica.
A Bíblia afirma que em Adão todos morrem, ou seja, todos permanecem separados da vida
celestial e espiritual de Deus, sem possuí-la em
suas naturezas terrenas, por causa do pecado, que arruinou tal natureza.
Mas se afirma também que são vivificados com a vida divina, celestial e espiritual, todos aqueles
que estão em Cristo, por terem nascido uma
segunda vez por meio dEle, o qual nos transmite neste segundo nascimento espiritual, não por
uma transmissão hereditária genética de uma
estrutura orgânica natural, como a que
recebemos de Adão, mas a Sua própria vida celestial, por meio da habitação do Espírito
Santo em nós, que forma com o nosso espírito,
um só espírito.
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Por isso nosso Senhor disse a Nicodemos em relação a toda a humanidade: “vos é necessário
nascer de novo”.
Ele disse isto porque sem este segundo nascimento o homem não cumpre o propósito
de Deus na sua criação, porque o homem foi
criado para esta vida eterna do céu, e não apenas para esta vida passageira natural e terrena que
temos enquanto neste mundo.
Lembremos que Deus é espírito ao refletirmos sobre este assunto tão crucial e verdadeiro.
E esta vida espiritual que nos conduzirá à ressurreição em glória do nosso corpo é obtida simplesmente pela graça e mediante a fé.
A graça e a fé que nos são concedidos como um dom pela segunda cabeça na qual temos este segundo novo nascimento, a qual, como já
dissemos antes, é nosso Senhor Jesus Cristo. O
único no qual podemos encontrar tal vida
eterna.
Daí nos dizer o apóstolo João em sua primeira epístola o seguinte:
“Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o
gerou também ama ao que dele é nascido.” (I Jo
5.1)
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O que o apóstolo está dizendo é que pela fé em Cristo se renasce com a vida de Deus, e que
todos os que têm este novo nascimento amam
aquele que o gerou, a saber, o próprio Deus, e também ama aos que nascem de tal modo, ou
seja, todos os seus irmãos na fé em Cristo.
E nos diz ainda o apóstolo o seguinte em relação à vida eterna que recebemos por causa da fé em
nosso Senhor Jesus Cristo:
“10 Aquele que crê no Filho de Deus tem, em si, o testemunho. Aquele que não dá crédito a Deus
o faz mentiroso, porque não crê no testemunho que Deus dá acerca do seu Filho.
11 E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida
eterna; e esta vida está no seu Filho.
12 Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida.
13 Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus.” (I Jo 5.10-13)
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A Necessidade da Regeneração
“Não se surpreenda pelo fato de eu ter dito: É
necessário que vocês nasçam de novo.” João 3:7
Não precisamos nos espantar com a existência
de alguns mistérios em nossa santa fé, pois existem mistérios em todos os lugares. Na
natureza há milhares de coisas que não
podemos compreender. Em nossos próprios
corpos há mistérios inexplicáveis. Se refletirmos apenas por um instante, há
mistérios até mesmo em questões tão comuns,
como a de um alimento que é gradualmente
digerido e absorvido por nosso organismo até ser transformado em carne. Quão impossível
seria para nós fazê-lo através de qualquer
processo químico ou pelo uso de aparelhos
mecânicos, vemos que há mistério em cada ser humano – uma câmara secreta em que os olhos
humanos não conseguem contemplar. Há
mistérios em torno de nós neste exato
momento. Se formos para fora deste edifício, assim como Nicodemos (João 3:8)
podemos observar que o vento sopra. Nós
sabemos que o vento sopra, pois podemos ouvi-
lo; mas não sabemos de onde ele vem ou para onde vai. Portanto, há mistérios na Natureza, há
mistérios em nossos próprios corpos, e há
mistérios em torno de nós, mesmo nas coisas
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mais simples, logo não é estranho haver
mistérios no Reino de Deus!
No entanto, Cristo, usando a metáfora do vento,
nos mostra que o mistério é um fato e que o mesmo pode ser aplicado na prática, pois,
embora nós não entendemos tudo sobre o
vento, sabemos quando ele sopra. E embora não possamos compreendê-lo, podemos fazer uso
dele. O vento tem sido empregado de diversas
maneiras na atividade humana, e não é
necessário compreendê-lo, a fim de utilizá-lo. Um homem pode ser um admirável marinheiro
e ainda não saber nada sobre a origem do vento.
Mas se ele apenas souber como içar, ou navegar,
ou recolher sua vela, ele se sairá muito bem. Assim é com os mistérios do Reino de Deus,
embora não possamos entendê-los, o uso
prático dos mesmos é uma questão de tal
simplicidade que devemos sair bem ao aprendermos o que são eles.
Não vou tentar explicar o mistério do novo nascimento – isso vai além da minha
capacidade. Eu só posso explicar seus resultados. Mas há um ponto sobre o qual quero
fixar sua atenção, que é este: se você nunca foi
salvo, você deve experimentar este novo
nascimento. “Dever é para o rei”, dizemos, e foi o Rei dos reis que disse “Você deve nascer de
novo”. Esta é uma Verdade de Deus que não
pode ser posta de lado! “Você deve nascer de
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novo”. Se você quer entrar no Reino de Deus, ou
apenas ver este Reino – se você nunca se
reconciliou com Deus, a quem você tanto
ofendeu – “Você deve nascer de novo.”
Mas, o que é nascer de novo? Eu já disse que eu não posso explicar como o Espírito de Deus
opera sobre os não-regenerados, tornando-os
em novas criaturas em Cristo Jesus. Eu sei que Ele geralmente opera por meio da Palavra –
através da proclamação da Verdade do
Evangelho. Podemos afirmar que Ele trabalha
na mente humana de acordo com as leis da mente, primeiramente iluminando o
entendimento. Ele então controla o juízo,
influencia a vontade e muda os afetos. Mas,
acima de tudo, podemos descrever que há um poder maravilhoso que Ele exerce e que deve
permanecer entre os mistérios insondáveis,
mesmo que nunca possamos compreender.
Esse mesmo poder produz um efeito maravilhoso que transforma o homem em um
novo homem, como se ele tivesse voltado à sua
insignificância nata e nascido de novo em uma
esfera superior! Uma nova natureza é criada dentro dele, embora a velha natureza não seja
totalmente erradicada. Ela acabará sendo
destruída, mas ela não é destruída inicialmente.
Então, uma nova natureza nasce dentro deste novo homem, uma natureza que odeia o que a
velha natureza amava, e ama o que a velha
natureza odiava - uma nova natureza
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semelhante à natureza de Deus! Veja essa
maravilhosa frase encontrada na segunda
epístola de Pedro: “para que por elas vocês se
tornassem participantes da natureza divina” (II Pedro 1:4). Em sua primeira epístola, Pedro
escreve: “vocês foram regenerados, não de uma
semente perecível, mas imperecível, por meio da palavra de Deus, viva e permanente.” (I Pedro
1:23). Essa semente viva é plantada dentro de
nossos corações, então ela começa a crescer,
“primeiro o talo, depois a espiga e, então, o grão cheio na espiga” (Marcos 4:28). O novo
nascimento é a implantação dessa semente da
vida dentro da alma – é a criação de uma vida
nova, Divina e imortal dentro de nós. Nós devemos ter essa vida ou, então, não poderemos
ver ou entrar no Reino de Deus.
Minha mensagem é a necessidade imperativa de regeneração, e gostaria em primeiro lugar mostrar a vocês que o novo nascimento é uma
grande necessidade. E, em segundo lugar,
pergunto: todos nós já tivemos essa
experiência?
I. Primeiramente, então, quero mostrar a vocês que o novo nascimento é uma grande
necessidade.
Que é uma necessidade isso é certo, porque foi o próprio Jesus que disse: “Você precisa nascer
de novo”, e Jesus não se engana. A menos que
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estejamos prontos para rejeitá-lo
completamente, nós devemos crer que Ele é o
Mestre Infalível enviado de Deus. Ele disse:
“Você precisa nascer de novo”, se você nunca foi salvo, deve considerar que você precisa deste
novo nascimento. Jesus tinha um espírito gentil
e amoroso.
Ele nunca impôs fardos pesados sobre os ombros dos homens que eles não fossem
capazes de suportar. Ele era tão gentil que as
criancinhas se reuniram em volta dEle, e Jesus tomando-as em seus braços as abençoou. Estou
certo que se ele pudesse ter dito: “Você pode
entrar no Reino dos Céus sem experimentar o
novo nascimento,” Ele teria dito isso.
Contudo, Ele disse: “Como é estreita a porta, e apertado o caminho que leva à vida!” (Mateus
7:14), e Jesus falava a Verdade de Deus. Lemos
também em outras passagens que felizmente os portões da misericórdia foram abertos, ao dizer:
“Se alguém tem sede, venha a mim e beba” (João
7:37). E Seu último convite do Evangelho é este,
“e quem quiser, beba de graça da água da vida” (Apocalipse 22:17). As palavras destes textos se
tornam mais solenes, pois elas saíram dos lábios
dAquele que não exclui nenhuma alma da
eterna felicidade, a menos que a Verdade de Deus exigisse que Ele o fizesse. É o mais amável,
gentil e amoroso Cristo que disse: “Você precisa
nascer de novo”, e assim fecha-se e tranca-se o
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portão do Céu contra a admissão do não-
regenerado!
A necessidade de regeneração é universal, pois Cristo dirigiu essa mensagem a um homem que
pertencia a uma classe de pessoas que poderiam ser isentas do novo nascimento se fosse
possível. Nicodemos era um homem que
sinceramente desejava conhecer a Verdade e saber a respeito do caminho da salvação. Ele foi
a Cristo, não como um traidor que articulava
acusá-lo em Seu discurso, mas ele foi até Cristo
com um profundo desejo de aprender o que o Mestre enviado de Deus tinha para lhe dizer.
Nicodemos não poderia entrar no Reino de Deus
até que ele nascesse de novo, nem o maior
estudioso da Palavra, nem o mais fervoroso pesquisador da Verdade de Deus! É algo
excelente ter um coração honesto e uma mente
sincera, mas mesmo assim Cristo diz a tais
pessoas: “Você precisa nascer de novo.” Agrada-me conhecer pessoas de mentes sinceras,
mesmo que sejam contrárias ao Evangelho, pois
frequentemente tenho percebido que a
honestidade dessas pessoas os obrigam a ceder às reivindicações do Evangelho, quando elas são
confrontadas. Vários dos primeiros seguidores
de Cristo eram simples, pescadores, singelos à
sua maneira, mas mesmo assim eles precisavam ser nascidos de novo – não importa
quão boa uma pessoa pode ser, ou como ela
seriamente busca conhecer a Verdade de Deus,
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ela não pode escapar da necessidade que se
aplica a toda a raça humana! “Você precisa
nascer de novo”.
Além disso, Nicodemos era um homem sábio, conhecia as Escrituras. Para ser um rabino era
necessário uma educação completa nas
Escrituras do Antigo Testamento e, sem dúvida, Nicodemos era igual ao resto do Sinédrio à qual
ele pertencia. Mas o estudo das Escrituras, por
mais admirável que seja, não salvará a alma
humana sem o novo nascimento. Não se trata meramente da leitura a respeito de Cristo,
mas ter Cristo formado em nós, a esperança da
Glória, que realmente irá nos salvar. Foi o
Espírito de Deus que escreveu as Palavras deste livro abençoado, e é este mesmo Espírito que
deve escrever essas Verdades em nosso
coração, ou então essas mesmas Verdades, o
que diz respeito a salvação, não terá nenhum valor para nós. Nenhum conhecimento que
você possa adquirir, até um doutorado em
teologia – nenhuma habilidade em transmitir
conhecimentos aos outros, mesmo que você seja um mestre em Israel – serão capazes de
fazê-lo entrar no Céu sem ser nascido de novo!
Além de Nicodemos ser um homem sábio, ele era um homem naturalmente bom, Nicodemos era um homem muito religioso. Ele foi “Um
homem entre os fariseus, um dos principais
entre os judeus.” (João 3:1). Os fariseus era
31
integrantes de uma seita religiosa – eles
cumpriam a Lei ao pé da letra e todas as
minúcias dos rituais eram cuidadosamente
atendidos por eles. Eles eram grandes seguidores do jejum, da caridade, e das
repetições das orações. Eles pertenciam ao alto
clero, e mesmo assim Cristo disse para o fariseu mais consciente: “Você precisa nascer de novo.”
O fariseu era conhecido por dar o dízimo da
hortelã, do endro e do cominho, e coam as
moscas de seu vinho que ele bebe, ou ele pode abster-se dele por completo – mas tudo isso de
nada lhe valeu ao menos que ele nasça de novo!
A regeneração é uma necessidade universal
para toda raça humana. Esta mensagem serve tanto para uma congregação de reis e príncipes,
membros reais e bispos, como para uma
congregação de vendedores de verduras,
bêbados, prostitutas e presidiários. A todos os nascido de mulher, não existe uma única
exceção para esta necessidade: “Você precisa
nascer de novo.”
Essa necessidade é evidente se consultarmos a autoridade das Escrituras. Considere o que as Escrituras dizem a respeito do que o homem é
por natureza. A Palavra de Deus nunca nos
lisonjeia. Ela nos diz que “não há um justo, nem
um sequer. Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus. Todos se
extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis.
Não há quem faça o bem, não há nem um
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só”(Romanos 3:10-12). “Toda cabeça está
enferma e todo coração fraco. Desde a planta do
pé até a cabeça não há nele coisa sã, senão
feridas, e inchaços, e chagas podres” (Isaías 1:5,6). “Enganoso é o coração, mais do
que todas as coisas, e desesperadamente
corrupto” (Jeremias 17:9). Agora, se esta for a sua arruinada condição, “você precisa nascer de
novo”, se você quiser entrar no Reino de Deus.
Remendá-lo, fazer uma correção na sua vida,
reformá-lo, nada disso será proveitoso – você precisa ser nova criatura, nada menos que isso
será suficiente para você.
“Nem todas as formas exteriores na terra,
Nem ritos que Deus nos deu,
Nem a vontade do homem, nem sangue, nem o nascimento,
Pode elevar uma alma para o céu.
A vontade soberana de Deus somente
Cria-nos herdeiros da Graça
Nascidos à imagem de Seu Filho,
Uma nova raça peculiar.”
Lembre-se também daquilo que o próprio Evangelho exige dos homens. Os homens
33
podem ouvir o Evangelho, pois eles têm ouvidos,
mas eles não podem compreendê-lo até que o
Espírito de Deus abra suas mentes e corações
para recebê-lo. Até o dia em que acontecer isso aos homens, assim como foi nos dias de Cristo
que, embora eles terem ouvidos, não ouvem, e
embora nós falamos, eles não percebem, pois como pode o homem carnal entender as coisas
espirituais? O coração não-regenerado não
consegue compreender o Evangelho, assim
como um cavalo não pode compreender a astronomia – isso é totalmente além da
compreensão do homem carnal! Quando
usamos uma simples metáfora, o homem não-
regenerado a toma como literalmente, assim como Nicodemos fez quando o Senhor lhe disse:
“Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não
nascer de novo” (João 3:3), e ele tolamente
perguntou: “Como ele pode entrar pela segunda vez no ventre de sua mãe e nascer de novo?”
Quando Cristo falou à mulher, junto ao poço de
Sicar, sobre a água da vida, ela disse a Ele:
“Senhor, dê-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem precise voltar aqui para
tirar água” (João 4:15). E, hoje, quando Cristo diz
a respeito do pão da comunhão, “Tomai e comei,
isto é o meu corpo” (Marcos 14:22), a mente carnal diz que o pão é transformado em carne,
não tendo o discernimento espiritual para ser
capaz de compreender até mesmo a mais
simples metáfora que o Senhor Jesus Cristo teve o prazer de usar! As coisas espirituais devem ser
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discernidas espiritualmente e, portanto, a
mente carnal não pode discerni-las!
A Graça perceptível no coração do Evangelho está totalmente acima do alcance do homem. O
Evangelho diz: “Arrependei-vos”. O homem não regenerado ama seus pecados e não vai se
arrepender deles. Ele só carrega em seu peito e,
até que sua natureza seja alterada, ele nunca vai olhar para eles com horror e tristeza. O
Evangelho diz: “Acredite, jogue fora toda
confiança em seus próprios méritos e creiam
em Jesus”. Mas a mente carnal é orgulhosa e ela diz: “Por que eu deveria crer e ser salvo pelas
obras de outra pessoa? Eu quero fazer alguma
coisa por mim mesmo para que eu possa ter
algum crédito por isso, seja por boa intenção, ou boas orações, ou boas obras de algum tipo.”
Arrependimento e fé são desagradáveis para os
não regenerados – eles preferem repetir mil
orações formais do que uma lágrima solitária de verdadeiro arrependimento! Eles trabalhariam
em seu caminho para o céu, mesmo que se eles
tivessem de passar pelo inferno para chegar lá,
ao invés de receber a salvação simplesmente por nada, como um dom de Deus por meio de
Jesus Cristo. Irmãos e irmãs, devemos ser
nascidos de novo, porque a Verdade do
Evangelho não pode ser compreendida e os comandos do Evangelho não podem ser
obedecidas, exceto onde o Espírito de Deus
trabalha na regeneração do coração!
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Quanto aos privilégios do Evangelho, como a comunhão com Cristo, o que o homem não-
regenerado estaria interessado sobre isso?
Acesso a Deus, a aceitação do Amado, adoção na família de Deus – ele não sabe nada sobre essas
coisas e não quer saber sobre elas. Dar-lhe a
prosperidade em seus negócios e a felicidade em sua casa, e ele estará perfeitamente
satisfeito sem os tesouros do Pacto da Graça e
sem a salvação do no Senhor Jesus Cristo. Você
pode chamá-lo para o banquete do Evangelho, mas ele não virá, pois ele não vê motivo para ir.
Você pode convidá-lo, e você tem o dever de
fazer isso, mas ele irá dizer: “Acabei de comprar
cinco juntas de bois e estou indo experimentá-las. Por favor, desculpe-me ”, ou “eu devo ir ter
com a minha esposa, somos recém-casados, por
isso peço a ti que me desculpe.”(Lucas 16:19-20)
Ele prefere não fazer nada, ao invés de ir para o banquete cujo amor eterno se transborda,
porque até que ele seja regenerado, não poderá
apreciar os privilégios que o Evangelho
apresenta a ele.
E, irmãos e irmãs, “vocês precisam nascer de novo”, porque é impossível para vocês entrarem
no Céu sendo não-regenerados. Na Terra você
não pode ter paz com Deus sem o novo
nascimento. Deus nunca irá se reconciliar com a carne. A carne é algo sujo, que deve ser
repudiada. A velha natureza deve ser morta e
enterrada. A ordenança do batismo de crentes
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destina-se a nos ensinar sobre a grande Verdade
de Deus. O despojar da imundície da carne não é
feito através da circuncisão, mas através da
Nova Aliança na qual a carne é enterrada completamente! Deve ser considerado que a
carne seja morta e enterrada com Cristo e, então
ser imediatamente colocada de lado de uma vez por todas. Ó, que o Espírito Santo trabalhe isso
com cada um de nós! “A carne e o sangue não
podem herdar o Reino de Deus” (I Coríntios
15:50). E o que, em nossa mente natural, é chamado de carne não pode herdar o Reino de
Deus. É preciso morrer e ser totalmente
repudiada como algo corrupto! Nós só podemos
entrar no Céu através da posse da vida celeste em virtude de termos sidos feitos novas
criaturas em Cristo Jesus. Vocês, queridos
amigos, sabem experimentalmente o que isso
significa?
Ainda tenho que fazer a seguinte observação: essa necessidade não é para ser ignorada.
Querido ouvinte, você pode fazer o que bem
desejar, e acredito que você realmente irá
buscar a salvação de sua alma, mas enquanto você tem feito o seu melhor e dado o seu
máximo, mesmo assim você precisa nascer de
novo! Mesmo que você se dedique
diligentemente no estudo das Escrituras, ainda assim você precisa nascer de novo. Você já
percebeu a importância que Cristo colocou na
questão de examinar as Escrituras? Leia
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corretamente, o texto diz: “Examinais as
Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida
eterna, e são elas que de mim testificam; E não
quereis vir a mim para terdes a vida” (João 5:39,40). Muitos leitores da Bíblia se contentam
com suas leituras bíblicas, mas eles nunca vão a
Cristo! Assim, examinar a Bíblia apenas não é suficiente para a salvação, “Você precisa nascer
de novo”. Se você se tornar, a partir deste
momento, tornar habitual a devoção particular
e constante o atendimento às ordenanças públicas de Cristo, esta declaração ainda
persiste: “Você precisa nascer de novo”. Para
você ser salvo, você deve ter um novo coração e
um espírito reto e estes você não pode obter por si mesmo. Uma árvore pode ter um novo ramo,
mas não pode mudar a sua natureza. “Você
precisa nascer de novo, nascer do alto”, assim
nos diz o nosso Salvador. Há uma obra que precisa ser feita em você, uma obra da qual é
impossível para você, uma obra que somente
Deus, O Espírito Santo, Ele mesmo, pode
executar, ou então você não poderá ver a face de Deus.
Sim, e além de todas as coisa que você pode fazer, os ministros podem fazer o possível por
você, mas eles não podem te levar para o céu,
nem fazê-lo filho de Deus – você deve nascer de novo. Agradeço a Deus por todo avivamento que
produz resultados genuínos, mas apenas porque
me alegro em avivamentos verdadeiros, eu
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tremo quando penso nos muitos supostos
convertidos que só são convertidos na vaidade e
em outras ilusões – e não na fé verdadeira em
Jesus Cristo. Eu vos desafio, através do Deus vivo, que todos vocês, não confiem por mera
empolgação ou por entusiasmo como um solo
de salvação! Vocês devem ser feitos novas criaturas em Cristo Jesus – sua natureza deve ser
alterada – a inclinação atual e o conteúdo de sua
vida devem ser alterados, não por argumentos
humanos e convicções, mas pelo poder do Espírito Santo, ou então no Reino de Deus você
não poderá entrar! Todos os pais de orações,
pregadores e ministros de orações, e avivalistas
do mundo não podem salvar uma única alma! É preciso nascer de novo, e quanto a nascer de
novo, eles não podem efetuar o milagre – que
Deus possa abençoar o ensino deles, mas o
Espírito Santo deve receber toda a glória por isso – pois somente Ele efetua esta maravilhosa
mudança!
Permitam-me também dizer-vos que não há nada no mundo que substitui o lugar do ser
nascido de novo:
“Poderia seu zelo não conhecer descanso
Poderiam suas lágrimas fluir”
E este texto ainda permaneceria verdadeiro: “Você precisa nascer de novo.” Na frente dos
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portões do Céu, para cada um de vocês a
pergunta é formulada: “Você pode mostra as
provas e as evidências do novo nascimento?”
Em caso afirmativo, você poderá entrar. Mas se não, você não poderá, de modo algum, entrar no
Reino dos Céus.
Esta necessidade é urgente para todos vocês. Sinto-me como se pudesse me colocar diante de vocês e chorar, ao dizer: “Você deve nascer de
novo.” Eu já lhe disse repetidas vezes sobre o
julgamento que está por vir, mas isso não te
afeta. Eu tenho pregado a ti sobre a vida, morte e ressurreição de Cristo; mas isso não te comove.
Em pouco tempo você estará em seu leito de
morte e ninguém será capaz de ajudá-lo nessa
altura, a menos que você tenha nascido de novo! Em pouco tempo você estará na eternidade e, a
menos que você seja nascido de novo, você será
conduzido da eterna Presença de Deus para as
densas trevas, onde haverá choro, gemidos e ranger de dentes! Ó senhores, “vocês precisam
nascer de novo” ou vocês serão condenados!
“Vocês precisam nascer de novo” ou vocês
nunca poderão ficar entre as multidões vestidas de branco que entoarão hinos de louvores a
Jesus! Pelo amor que temos por vocês,
declaramos que vocês devem nascer de novo!
Lágrimas de uma mãe, as orações de um pai, as súplicas de um ministro, todos parecem clamar
a Deus: “Senhor, nossos filhos, nossos ouvintes
precisam nascer de novo. Ó, faça esse grande
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milagre pelo Seu amor e misericórdia!” Eu
posso estar fadigando vocês se continuar
batendo na mesma tecla, mas eu quero destacar
esta Verdade de Deus em vossas almas. Não importa muito se você lembra o que eu digo ou
o que qualquer outro pregador diz, pois
podemos errar, mas a nossa mensagem, é a verdade infalível de Deus – escreva em letras
maiúsculas – VOCÊ DEVE NASCER DE NOVO!
II. Agora, em segundo lugar, gostaria rapidamente de responder à seguinte questão:
VOCÊ JÁ EXPERIMENTOU ESTE NOVO NASCIMENTO? Talvez alguém diga: “Bem, eu
nasci de novo através do batismo. Disseram-me
que no meu batismo, eu fui feito ‘um membro
do corpo de Cristo, um filho de Deus e um herdeiro do Reino dos Céus’.” Sim, lhe foi dito
isso, mas vou fazer-lhe uma pergunta, você
realmente adquiriu tudo isso através de um
batismo? Eu fui aspergido quando era criança, mas eu sei que não me tornei um membro de
Cristo, um filho de Deus e um herdeiro do Reino
dos Céus! Sei que nada dessas coisas se
apoderou em mim, pois logo que pude, voltei para o pecado e continuei nele. Eu não era
nascido de novo, estou certo disso, até que
quando tinha 15 anos de idade o Senhor trouxe a
salvação para minha alma através da obra regeneradora do Espírito Santo e assim passei a
confiar em Jesus como meu Salvador. Vocês
dizem que seu livro de oração ensina que
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nascemos de novo no batismo, mas volto a
perguntar-lhe: “Você nasceu?” Você já viveu
como alguém que nasceu de novo? Você já
amou as coisas divinas? Você realmente foi um filho de Deus? Você realmente odiava o pecado
e colocou sua confiança em Cristo? Se já, não
negarei os fatos. Mas quando vejo milhares de pessoas que disseram ter sido nascidas de novo
pelo batismo, e são tão ruins como os bêbados,
os caluniadores, adúlteros e até assassinos que
não foram aspergidos, eu realmente não posso colocar qualquer confiança no tal “batismo”
como esse! O fato é, a regeneração batismal é
uma mentira, uma invenção perversa do
papado, sem a menor garantia na Palavra de Deus! Não se tem notícia de alguém que nasceu
de novo pelo batismo, isso é impossível!
Regeneração, nas Escrituras, é sempre colocada
lado a lado com fé, como qualquer um pode perceber ao ler as Escritura, buscando conhecer
a Verdade de Deus que é revelada. Não há nada
nos chamados sacramentos em que uma alma
pode descansar para a salvação. Se você tiver sido batizado e até mesmo ter sido imerso, que é
o único e verdadeiro batismo, a menos que o
Espírito de Deus te regenerou: “Você precisa
nascer de novo, nascido do alto”.
Alguém pergunta: “Como vou saber se sou nascido de novo?” Bem, uma das primeiras
evidências de regeneração é a fé em Jesus
Cristo, onde quer que haja uma sincera
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confiança em Jesus Cristo, o novo nascimento
deve ter sido experimentado. Esta crença foi
descrita por Cristo como “a obra de Deus.”
Quando ele foi questionado: “Que faremos para executarmos a obras de Deus?” (João 6:28), Ele
respondeu: “A obra de Deus é está: que creias
naquele que ele enviou” (João 6:29). Para Nicodemos, Jesus disse: “Quem crê nEle não
será condenado.” (João 3:18). Para os judeus que
procuravam matá-lo, Ele disse: “Em verdade,
em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê nAquele que me enviou, tem a
vida eterna.” (João 5:24). Então essa fé é a
evidência da posse da nova vida que durará para
sempre – esta vida que é transmitida na regeneração.
Outra evidência do novo nascimento é o arrependimento. Tristeza pelo pecado é um dos
claros sinais da nova natureza. O recém-nascido cristão odeia os pecados que ele antes amava, e
continua a odiá-los. E quanto mais ele vive, mais
ele lamenta por aqueles que ele cometeu. Seu
ódio ao pecado cresce com seu crescimento na graça divina, e o pecado é tão odioso para um
homem quando ele é mais santificado
plenamente. Quanto mais nos aproximamos do
Céu, mais envergonhado seremos por termos sidos culpados diante de Deus.
Oração sincera é outra evidência de certeza da regeneração. O que foi dito a Ananias sobre
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Saulo de Tarso, como uma prova de que ele era
“um vaso escolhido” para o Senhor? “eis que ele
está orando” (Atos 9:11). Não foi em um
encontro de oração que ele estava orando, mas orava sozinho – e o homem que tem o hábito de
comunhão com Deus em oração secreta é um
homem vivo, pois a oração é a respiração vital da alma. Um dos sinais que uma criança recém-
nascida está viva é o choro – quando um homem,
em sua própria alma, chora diante de Deus, você
sabe que ele é uma criança viva do Deus vivo.
Você também sabe se nasceu de novo, perguntando a si mesmo a seguinte questão:
Você sente uma nova vida dentro de você a qual
nunca teve antes? “Bem”, alguém diz, “Eu
nunca experimentei qualquer mudança que eu saiba. Eu sempre fui bom.” Então receio em te
informar que você possui uma opinião errada de
si mesmo, e você nunca foi “bom”. “Bem”, diz o
homem hipócrita, “eu realmente acho que não há qualquer mudança, como você tem nos
falado”. Ah, mas a questão não é o que você acha
– o que diz o texto: “Você precisa nascer de
novo.” “Mas”, outros dizem, “nós tivemos pais piedosos. Tivemos um excelente exemplo
diante de nós. Fomos levados, quando éramos
crianças, para ouvir a Palavra de Deus e temos
servido regularmente nos ministérios durante os nossos dias”. Tudo isso não altera o fato,
“Você precisa nascer de novo”, ou então todos
estes privilégios irão apenas aumentar sua
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responsabilidade! Jesus ainda lhe diz: “Se não
vos converterdes e não vos fizerdes como
crianças, de modo algum entrareis no Reino dos
Céus.” (Mateus 18:3). “Arrependam-se e cada um de vocês seja batizado” (Atos 2:38), foi a
resposta do apóstolo Pedro a quem lhe
perguntou o que eles deviam fazer para serem salvos. O arrependimento é necessário em cada
caso – deve haver essa mudança radical que te
fará detestar o que você uma vez amou e amar o
que uma vez detestava. Não me atrevo a diminuir um ponto ou um til da absoluta
necessidade deste caso, pois terei que
responder no dia do julgamento de Deus tudo
aquilo que estou a lhe dizer. Se eu te lisonjear em alguma vã esperança a qual não há nenhuma
base sólida, no último round você poderia me
dizer: “Você nos enganou na crença de que
éramos salvos quando não estávamos!” Eu não faria isso e, portanto, eu digo a você: “Você
precisa nascer de novo.”
Você, então, sente esta nova vida dentro de você? Você deseja algo que nunca teve? Você
espera o que você nunca teve antes? Você teme o que você nunca teve antes? Na verdade, você
já entrou em um novo mundo onde as coisas
velhas já passaram e todas as coisas se fizeram
novas? Você se sente como aquela mulher que disse: “Ou o mundo está totalmente mudado, ou
então sou eu”? E é este o resultado da mudança
que ocorreu em você – agora você ama a Deus,
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agora você procurar agradar a Ele, as coisas
espirituais são agora realidades para vocês,
agora o sangue de Jesus é sua única confiança –
só agora você deseja ser santo, como Deus é santo? Se há uma nova vida em você, por mais
fraca que seja, embora seja apenas como a vida
de uma criança recém-nascida, você é nascido de novo e pode se alegrar neste abençoado feito!
“Ah”, alguém diz, “Temo que este tipo de pregação seja muito desencorajadora para
muitas pessoas.” Bem, como isso irá desencorajá-los? “Isso irá desanimá-los de
tentarem se salvar.” Mas é isso que eu quero
fazer! Gostaria não somente desencorajá-los a
tentar essa tarefa impossível, mas para colocá-los em desespero a respeito disso! Quando um
homem se desespera totalmente ao perceber
que não é capaz de salvar a si mesmo, é então
que ele clama a Deus para salvá-lo – então acredito que não há oportunidade melhor
do que desencorajar um homem que busca fazer
qualquer coisa para salvar a si mesmo!
“Bem”, diz outro, “mas isso é capaz fazer os pecadores olharem para dentro.” É? Eu já disse
uma palavra sobre os pecadores olhar para
dentro? Eu não disse que você mesmo pode
fazer nascer de novo, mas eu disse que “você precisa nascer de novo” pela operação eficaz do
Espírito Santo. Certamente que isso não faz com
que pecadores olhem para dentro! Isso os faz
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parecerem superiores a Alguém que é
infinitamente maior que eles mesmos. O fato é,
caros amigos, que a pregação da necessidade do
novo nascimento deve ser mantida porque é verdade. É na Palavra de Deus e, como tudo que
está escrito, está escrito para um propósito
definido e não deve ser colocado em segundo plano, ou não deve ser assim tratado.
Acredito que onde quer que haja o trabalho da Graça na alma, a pregação da necessidade do
novo nascimento aprofunda esse trabalho. Eu
sei que muitos professam vir a Cristo e espero que eles realmente cheguem até Ele, embora
eles nunca tenham sentido o que alguns de nós
experimentamos quando estávamos sob a
convicção de pecado. Bem, se eles forem até Cristo, está tudo certo e fico feliz. Mas eu ainda
sou um crente da moda-antiga do tipo de
conversão e eu não acho que há muitos novos
nascimentos sem dores, ou que muitas almas vêm para Cristo sem alarmes de consciência e
muita tristeza no coração por causa do pecado.
Quando me converti, pecadores costumavam ir
dessa maneira a Cristo. Pela fé eles olharam para Ele, Aquele quem transpassaram por causa
de seus pecados e lamentaram por Ele como
alguém que está em amargura pelo seu
primogênito. Acho que raramente tenho visto uma autêntica conversão que não tenha sido
baseada, em alguma medida, na aversão ao
pecado, ódio ao ego e completo desprezo de
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qualquer outra salvação, exceto pela Soberana
Graça de Deus. Lembrem-se, irmãos e irmãs,
que “o que é nascido da carne é carne” (João 3:6)
e nada mais, e – “Toda carne é como a erva, e toda a glória do homem como a flor da erva.
Secou-se a erva, e caiu a sua flor.” (I Pedro 1:24).
É apenas “a Palavra do Senhor” e a obra do Senhor, que permanece para sempre (ver I
Pedro 1:25)! Por isso peço que se houver
qualquer obra em você que seja a obra de Deus
e, não minha obra ou a obra de qualquer homem íntegro, mas sim a verdadeira obra de Deus o
Espírito Santo.
Se eu estivesse em um estado de ansiedade sobre a minha alma e ouvisse um sermão como este, eu me sentiria assim: “Ó, como sou
dependente do Espírito de Deus!” Seria
obrigado a suspirar, no profundo de minha
alma, esta oração: “Ó Senhor, salva-me!” Acredito que isso me levaria,
desesperadamente fazer qualquer coisa para
me salvar, lançar-me nos braços do Salvador
que poderia me dar o Espírito pelo qual eu poderia nascer de novo. E lembre-se que no
momento que um pecador fizer isso, ele nascerá
de novo. Assim que ele se lançar sobre Cristo,
ele passará da morte para a vida e o milagre da regeneração será trabalhado nele!
Acredito, queridos amigos, que quando nós solenemente pregamos a necessidade de
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regeneração, isso tem um bom efeito de
derrubar tudo o que for falso nos homens e toda
falsidade que vem da humanidade. Você pode
criar cogumelos sem qualquer impureza que pretender, mas a Rosa de Saron precisa de um
solo diferente que este! Você pode facilmente
criar homens e mulheres que se dizem cristãos e que serão muito sérios durante um ou dois
meses, e depois voltarão para o mundo
novamente. É o Espírito Santo sozinho quem
cria a vida que é eterna! No caso daqueles que são meros professos, uma pequena reprovação
os fazem irem embora pois eles ficam
ofendidos, mas estes não são verdadeiros
possuidores da Graça Divina.
O que é plantado pelo nosso Pai celestial nunca será arrancado, mas perdurará todos os testes
que podem ser aplicados a ele. Sei que quando
fui ver o ministro para fazer uma profissão de
minha fé em Cristo, eu esperava que ele me testasse e me sondasse; pois eu queria que ele
me revelasse se eu era um hipócrita ou vivia no
autoengano – e eu acho que cada genuíno
convertido se sente desse mesmo jeito que eu e sentia. Pois nós não queremos nenhum trabalho
superficial. Nós não queremos que o trabalho
seja desleixado, queremos que seja feito
cuidadosamente, de modo que ele irá durar por toda a eternidade! Eu não quero ter nenhuma
paz exceto a paz verdadeira através do precioso
sangue de Jesus. Clamar, “Paz, paz” onde não há
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paz, é algo terrível que com certeza terminará
em desespero avassalador, ou então em
presunção fatal o que é ainda pior.
Estou certo de que a pregação da necessidade de
regeneração é uma das maneiras mais eficazes para prejudicar a causa de Satanás, pois nada
mais valerá para a conversão de um grande
pecador, um líder do exército do diabo. John Bunyan disse certa vez uma coisa muito
estranha. Ele disse que tinha grandes
esperanças a respeito da geração seguinte a sua,
porque os jovens em seu tempo eram tão maus. Ele pensou que se eles fossem salvos – e ele
esperava que muitos deles fossem – tão grandes
pecadores que eles eram, os fariam grandes
santos. Ele próprio sabia que ele tinha sido um grande pecador e o que a Graça de Deus tinha
feito nele – e isso lhe deu esperança pelos
outros. Foi uma forma estranha de colocá-lo,
mas ele estava certo. E se o Senhor pegar algum grande pecador daqui e transformar ele ou ela
em um(a) santo(a), que grande transformação
aconteceria em seus lares! Talvez isso afetaria
uma paróquia inteira! Eu conheci alguns líderes do pecado, cuja conversão realmente teve uma
influência maravilhosa sobre toda a região onde
moravam – os que era beberrões e zombadores
entre eles disseram um ao outro: “Você ouviu falar o que aconteceu com o velho Tom?” “Não,
o que aconteceu com ele?” “Ele diz que se
converteu! Eu o encontrei outro dia e disse-lhe:
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‘Quais são as novidades?’ E ele disse para mim,
‘A melhor novidade que eu já ouvi é que Cristo
Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores,
dos quais eu sou o maior.’ Eu não consigo entender o que aconteceu com ele!” Então, todo
mundo dirá: “Há algo nessa religião que se
apossou dele”.
Lembro-me bem, no meu primeiro pastorado, o momento em que o maior bêbado de
Waterbeach entrou para a Igreja. Sua conversão
lotou o lugar de uma só vez! As pessoas diziam:
“Bem, se o ministério desse jovem homem tem sido uma bênção para um velho pecador como
este, há algo nesse ministério, você pode confiar
nisso!” E elas vieram de curiosidade para ouvir a
Palavra de Deus. Os melhores guardas florestais são aqueles que eram caçadores furtivos e os
melhores pregadores para grandes pecadores
são aqueles que também já foram como estes
grandes pecadores! Esses pregadores conhecem os meandros do coração de um
pecador e eles podem falar por experiência
própria em vez de teoria. Quando um homem já
esteve no fogo e ainda possui o seu cheiro, ele é aquele a avisar aos outros para não se meter
com o fogo e por meio de tais pecadores, salvos
pela graça, Deus sacode o reino de Satanás e
transporta pecadores para o Reino do Seu Filho amado! Conversões como estas, assim como
todas as genuínas conversões, só podem ser
obras do Espírito Santo.
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Peço a todos vocês que amem o Espírito Santo, pensar nEle sempre com a mais profunda
reverência. Cristãos, homens e mulheres, que
foram vivificados pelo Seu poder, invoquem Seu poder para repousarem sobre vocês sempre que
forem para obra de Deus, pois sem Ele nada
podem fazer! Orem no Espírito Santo, preguem no Espírito Santo e não acreditem na conversão
de uma única alma à parte do Espírito de Deus!
Ide e pregai, “Crê no Senhor Jesus Cristo, e será
salvo”, plena e livremente, mas lembre-se que sua pregação não pode, por si só, levantar uma
alma de seu estado caído. Este será o vosso
conforto, que o Espírito de Deus irá trabalhar
com você e através de você, se confiar nEle e depender inteiramente dEle! Digo-vos,
pecadores, todos vocês sem exceção, que, se
vocês se achegarem a Jesus Cristo e
simplesmente confiar Nele, vocês terão a salvação, e a assegurarão de uma vez!
Mas a minha confiança em qualquer resultado da minha proclamação do Evangelho não é
baseada em minha esperança de que você estará
tão bem dispostos a vir, ou sobre a minha confiança de que a minha maneira de colocar a
Verdade de Deus vai levar você a vir a Cristo.
Não! Não tenho uma sombra de confiança, seja
em cima de você ou sobre mim! Mas eu tenho essa confiança, que se eu fielmente pregar Jesus
Cristo e este crucificado, Ele irá chamar os
pecadores para si mesmo e acredito que Ele irá
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salvar alguns fora desta congregação, embora
eu não saiba quem eles possam ser. Você é como
um monte de limalhas de aço e cinzas diante de
mim – não é meu dever separá-lo. Meu dever é confiar no magnetismo de um ímã que poderá
fazê-lo! Você que aceitar a Cristo como seu
Salvador irá recebê-lo – você que não O aceitar perecerá em seus pecados!
Mas se você aceitar a Cristo, é porque o Espírito de Deus levou a fazê-lo e lhe deu o novo
nascimento, que te permite a fazer isso! Se você
rejeitá-lo, em sua própria cabeça esteja o seu
sangue para sempre. Este é um assunto solene. Espero que o que eu disse te fará pensar, antes
de ir para sua cama, você se livrará da ideia de
que esta é uma questão irrelevante para ser
atendida sempre que quiser e brincar com isso sempre quando quiser – mas que, ao invés disso,
cada um irá dizer: “Ó Deus, eu vejo que só Você
pode me salvar! Você pode me esmagar, ou você
pode me salvar. Não tenho nenhuma reclamação sobre Ti. Se Você me destruir, Tu
serás Justo, no entanto, salva-me, Senhor, pelo
amor de Seu Filho amado! “Amém.
Por Charles Haddon Spurgeon (Traduzido e adaptado por Silvio Dutra)
53
A Necessidade de Toda Pessoa
“Necessário vos é nascer de novo” João 3:7
Vamos discorrer sobre a experiência chamada
regeneração – ou novo nascimento - sem a qual
ninguém pode ver o reino do céu e muito menos
entrar nele.
A transformação pessoal que é realizada pelo novo nascimento é extraordinariamente
completa. O novo nascimento ou regeneração é
o processo que é algo mais do que uma mudança, é uma criação. É algo mais do que
uma mudança de vida ou de ter uma religião
apropriada, pois não diz: “necessário vos é ser
lavados, necessário vos é ser melhorados, necessário vos é ser elevados”; mas diz:
“necessário vos é nascer de novo”. Não basta
que a vida presente, tal como se vê, seja
renovada, nem que a natureza existente receba um vigor renovado e uma nova tendência, mas
que tem que se receber uma vida nova e
nenhuma melhoria da vida presente ocupará seu lugar.
É também muito mais que uma mudança de opinião. O texto não diz: “vocês têm que mudar suas opiniões e absorver novos conceitos”, mas
diz: “necessário vos é ter uma nova natureza;
necessário vos é nascer de novo”. Se o Espírito
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Santo muda a natureza, então se realiza o novo
nascimento; e somente isto é o que pode levar
um homem ao céu; pois necessita se converter
numa nova criatura em Cristo Jesus.
O que quer dizer tudo isso? E qual é o significado desta mudança tão completa? Acaso as palavras
não querem dizer evidentemente que deve ser gerada em nós uma nova natureza? Uma nova
vida tem que ser implantada em nós, é uma vida
que está completamente ausente até que a graça
divina a implante em nós.
Ainda que o homem pudesse ter percorrido muitos caminhos e experimentado muitas
sensações, no instante em que nasce de novo é
um estranho em uma terra estranha, e é conduzido em um caminho que não conhece e
em sendas que nunca viu. Nossos pontos de vista
sobre tudo o que nos rodeia são inteiramente diferentes porque o Espírito Santo nos mudou.
Não basta que um homem se levante influenciado pela pregação de um sermão e
diga: “O sermão me impressionou e me comoveu, e eu acho que fui convertido”. Há uma
grande diferença entre dizer: “nasci de novo” e
realmente experimentar o nascimento celestial.
Não bastará fazer uma profissão nem sequer mantê-la honrosamente durante anos, pois, ai,
alguns quase pareceram apóstolos, e contudo,
foram por completo filhos da perdição. Você
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tem que chegar a conhecer vitalmente em sua
própria alma, e em verdade, no que consiste que
a carne seja crucificada com Cristo e que uma
nova vida seja implantada em você sobrenaturalmente por obra do Espírito Santo,
ou do contrário, você não poderá entrar no
Reino de Deus.
Em segundo lugar o novo nascimento é um mistério maravilhoso quanto à sua maneira.
Assim, não devemos nos intrometer em um
segredo divino pois “o vento sopra de onde quer, e você escuta o som; mas nem sabe de
onde vem nem para onde vai; assim é todo
aquele que é nascido do Espírito”. Quem poderia
saber como o Espírito Santo atua? Sabemos que atua por meio da Palavra de Deus, que bendiz a
verdade que se lê em um livro ou o que se escuta
do ministro: isto sabemos, mas como é que
penetra no coração, como gera em nós a vida espiritual, quem poderia responder senão
unicamente Deus?
É um mistério quanto ao caráter sobrenatural da operação, pois invariavelmente a verdadeira regeneração é sempre sobrenatural. Não há
dúvida de que a influência moral faz muito pelos
homens, que as relações, frequentemente,
melhoram os costumes e os hábitos dos homens, de que a educação pode produzir
grandes resultados especialmente se é do tipo
correto; e não há dúvida de que a humanidade
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pode chegar a desenvolver-se muito no que é
admirável, honesto, amável e de bom nome.
Mas isto é insuficiente para o novo nascimento,
e é, na verdade, algo completamente diferente. O Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade
tem que vir para atuar em nós da mesma
maneira que Deus atuou na criação deste mundo, ou, do contrário, não nascemos de novo.
Não é suficiente que, por nós mesmos, e com a
energia de nossa velha natureza comecemos a
orar, a nos arrepender, e assim sucessivamente, pois tudo o que provém de nossa carne seguirá
sendo carne; mas na regeneração, quem
começa por infundir a vida é o Espírito Santo, e
por isso a nova natureza começa a orar e a se arrepender. O que é nascido do Espírito, é
espírito, e, portanto, o novo nascimento deve ser
uma operação espiritual para produzir essa
natureza espiritual sem a qual não se pode ver nem entrar nas coisas de Deus.
Quando nascemos do alto clamamos: “Abba, Pai”, pois a adoção nos dá os direitos de filhos,
mas somente a regeneração nos dá a natureza de filhos. Como somos filhos, Deus envia o
espírito de Seu Filho a nossos corações pelo qual
clamamos: “Abba, Pai”.
Irmãos, que privilégio emana da relação que surge do novo nascimento, pois então nosso Pai
se compromete a nos apoiar, consolar, educar e
a tudo que seja necessário para nossa perfeição
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no dia da nossa volta para casa quando o
veremos face a face. O que pode acontecer a um
homem que seja tão grande como nascer de
novo?
Nosso primeiro nascimento nos faz filhos de Adão; nosso segundo nascimento nos faz filhos
de Deus. Ao nascer da carne herdamos a corrupção; devemos nascer de novo pelo
Espírito para herdarmos a incorrupção. Vimos a
esse mundo como herdeiros da dor porque
somos filhos do homem caído; nossa nova vida entra no novo mundo sendo herdeira da glória
porque descende do segundo Homem, do
Senhor do céu, a saber de Jesus Cristo.
A vida celestial é muito manifesta, principalmente pelo fato de haverem certos
sinais que sempre acompanham e atestam o
novo nascimento. As pessoas podem ter nascido
de novo, e contudo, podem não ser capazes de ver como nós certos pontos de doutrina; mas há
algumas coisas sobre as quais todos os
regenerados estão de acordo. Para começar,
toda alma que é nascida de novo se arrepende de seu pecado – da sua condição de possuir uma
natureza corrompida pelo pecado. Se um
homem vive em seu pecado tal como costumava
fazer, não deve achar que é um homem que nasceu duas vezes, ou se enganará
grandemente. Se pode olhar ao pecado à mesma
luz que o fazia antes, se pode encontrar prazer
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nele, sim, se não se afasta dele sinceramente e
não o deprecia e busca a misericórdia de Deus
para que o apague, ele não sabe nada do que é a
regeneração. Além disso, todos os regenerados têm fé; todos concordam que a única base de sua
esperança é o sangue e o mérito de Jesus.
Adiciono a isto, que todos os que são nascidos de
novo do Espírito oram com orações que brotam do coração.
Esta nova vida, o novo nascimento, é uma coisa muito manifesta pelo poder que implanta nos
homens, uma vez que teve tempo para desenvolver-se. No princípio, os convertidos
tremem e são fracos, mas se eles receberam a
nova vida, recobram forças e há um poder nela
pelo qual se regozija a igreja e pelo qual treme o demônio. Este poder, por certo, pode manter-se
restrito pela incredulidade e por outras
loucuras, mas deve ter um pleno campo de ação
e não deve ser reprimido jamais.
Vocês podem ser ricos ou podem ser pobres, mas “necessário vos é nascer de novo”. Podem
ser inteligentes, podem ser educados, podem
ser talentosos, mas “necessário vos é nascer de novo”. Muitas coisas são desejáveis, mas uma
coisa é necessária, imperativamente
necessária: nascer de novo.
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Se você não nasceu de novo, não tem qualquer vida espiritual. O primeiro nascimento lhe deu
vida corporal e vida mental, mas não lhe deu
vida espiritual; não poderia fazê-lo, pois o que é nascido da carne, é carne e nada mais. Esta vida
espiritual nos vem do céu, pois é de procedência
divina. Não se encontrava em nós e neste mundo. Ela nos vem do Alto.
Se você não tiver esta nova vida espiritual estará morto em delitos e pecados, e também morto
para tudo o que tem a ver com bênçãos espirituais:
Na vida espiritual primeiro temos que ser receptores e o pecador que continua morto não
pode receber nada enquanto Deus não o vivificar. Frequentemente os santos de Deus são
consolados, instruídos e enriquecidos
espiritualmente sob a pregação da Sua Palavra; mas é a sua nova natureza espiritual que recebe
o enriquecimento.
Agora, alguém diz: “Isto é muito desalentador. Gostamos de ouvir: creiam unicamente, e serão salvos. Nos alegra que nos digam: todo aquele
que crer no Senhor Jesus Cristo tem vida eterna,
mas isto nos angustia, pois não abre a porta tão
amplamente como nós desejaríamos”. Acreditem em mim, me alegra bastante falar-
lhes sobre o livre e amplo Evangelho da graça.
Minha mais frequente afirmação é: “olhai para
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Cristo e serão salvos todos os confins da Terra”.
Mas, ao mesmo tempo, Deus não quer que vocês
sejam edificados sobre um falso fundamento,
ou que sua fé e sua confiança estejam afastadas da verdade que é estar realmente vivendo em
Jesus. O fato é que seus esforços, suas ações e
seus méritos, todas essas coisas, em sua melhor expressão, têm que ser um fracasso e é algo bom
que lhe digamos isso. “Mas, que hei de fazer?”,
diz alguém. Me permitam lembrar que essa não
é a pergunta que você deve fazer, pois se a obra de salvação dependesse do que você deve fazer,
certamente ela não seria feita. Poderia fazer a
pergunta: “O que devo fazer para ser salvo?” mas
lhe indicaríamos que não faça nada e diríamos: creia no Senhor Jesus Cristo para que seja salvo.
A obra da salvação do pecado é a obra do Espírito
de Deus em você.
A fé olha o sangue de Jesus para o perdão do pecado, e logo põe o olhar Nele pelo Seu Espírito
para vencer o poder do pecado dentro do seu
coração, e não olha em vão; mas se olhar para
qualquer outra parte, vai procurar até que seus olhos se cansem, mas não verá nunca seu desejo
cumprido.
Queremos que separem o olhar do que está em vocês ou do que pode vir de vocês, e confiem no
que Cristo fez na cruz, no que o Pai de
misericórdia espera fazer ainda, e no que o
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Espírito Santo é enviado a fazer especificamente
em vocês para que sejam salvos.
Oh, comecem a orar pedindo o poder divino! Não confiem nunca em nada que não seja a obra
divina em seu espírito.
Partes de um sermão de Charles Haddon Spurgeon, adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.
62
A Regeneração ou Novo Nascimento
"Se alguém não nascer de novo, não pode ver o
reino de Deus." (João 3:3)
Os nossos pensamentos estão principalmente
ocupados em nossas vidas diárias, nas coisas
mais necessárias para a existência. Ninguém reclama que, em tempos de escassez, o preço do
pão esteja presente com frequência nos lábios
das pessoas, uma vez que estão convencidas de
que a questão é de importância vital para a maior parte da população; por isso ninguém
reclama, mesmo se têm que ouvir discursos
demagógicos perpétuos e ler artigos de jornais
que abordam esses temas.
Então eu posso oferecer a mesma desculpa esta manhã para trazer a você o tema da
regeneração. É um tema de importância vital e absoluta; é o eixo principal do Evangelho; é o
ponto onde a maioria dos cristãos concordam,
sim, todos os que são cristãos sinceros e
verdadeiros. Este é um tópico que pertence à própria base da salvação. É o fundamento da
nossa esperança do céu, e como temos de ter
muito cuidado com o fundamento de nossa
estrutura, de igual maneira devemos ser muito diligentes para saber se somos realmente
nascidos de novo, tendo devidamente nos
certificado disso para a eternidade.
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Convém, então, que nos examinemos com frequência; e o dever do ministro é expor
aqueles temas que conduzem ao autoexame e
que tendem a controlar as mentes e provar os corações dos filhos dos homens.
Eu vou primeiro tecer alguns comentários sobre o novo nascimento; em segundo lugar, vou explicar o que significa que somos incapazes de
ver o reino de Deus se não nascermos de novo.
Muitos há que acham que são pessoas piedosas, e que interpretam o seu papel tão exageradamente que somos capazes de detectar
a fraude. Contudo a maioria das pessoas
consideram que são verdadeiramente cristãs.
Têm estudado algumas biografias, e às vezes contam extensos relatos sobre a experiência
divina, que tomaram emprestado das biografias
de homens santos; eles estiveram com os
cristãos, e sabem como falar como eles; e se são observados, ninguém iria identificá-los. Você é
um membro da igreja; foi batizado; participa da
Ceia do Senhor; talvez seja um diácono ou
presbítero; é tudo o que um cristão pode ser, exceto que não tem um coração cristão. Você é
um sepulcro caiado, ainda cheio de podridão
por dentro, embora lindamente decorado no
exterior. Bem, tenham cuidado, tenham cuidado! É impressionante ver o quanto você
pode trazer um homem para ser um cristão, e
ainda, porque não nasceu de novo, a regra
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absoluta o exclui do céu; e, por toda a sua
profissão com toda a pompa de sua piedade
professada, e todas as galas vistosas de
experiência, ele tem que ser transportado para fora das portas do céu.
Senhor Spurgeon, você é pouco caridoso. Não me importo com o que você diz sobre isso; pois nunca quero ser mais caridoso do que Cristo.
Não fui eu quem disse isso; foi Cristo quem
disse. Eu não sou o autor desta verdade, mas
simplesmente o seu porta-voz. Pois está escrito: "Aquele que não nascer de novo, não pode ver o
reino de Deus."
Trata-se simplesmente da Palavra de Deus. Se a
rejeitam, o fazem por sua própria conta e risco. Creia nela e a receba, eu lhes suplico, porque
provem dos lábios do Altíssimo.
Mas observem agora como essa regeneração é obtida. Eu não acho que há pessoas aqui que
sejam tão profundamente insensatas a ponto de
crer na doutrina da regeneração batismal. No
entanto, tenho que me referir a ela brevemente, pois há alguns que ensinam que por algumas
gotas de água borrifadas no rosto de uma
criança, a criança torna-se regenerada. Se esse é
o evangelho: que todos esses que são assim batizados são regenerados e salvos, só podemos
dizer que seria o dever de todos no mundo
anular o evangelho imediatamente, porque é
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tão incompatível com os princípios comuns da
moralidade, que é impossível que seja de Deus,
senão do diabo, porque é fato notório que
muitos destes que são assim batizados veem a ser grandes transgressores da vontade de Deus
quando crescem. Mas algumas pessoas
continuam afirmando que todos são regenerados quando são batizados. Bem, se você
pensar assim, se apega aos seus próprios
pensamentos; e não posso ajudá-lo.
Simão, o Mago foi certamente uma exceção; foi batizado por causa da profissão de sua fé, mas
longe de ser regenerado por seu batismo,
porque vemos que Pedro lhe disse. " vejo que
estás em fel de amargura e laço de iniquidade" E, no entanto, ele foi um destes “regenerados”,
porque ele tinha sido batizado. Ah, essa
doutrina, basta ser alguém sensato para rejeitá-
la imediatamente!
Nós afirmamos também que um homem não é regenerado por seus próprios esforços. Um
homem pode reformar-se muito, e isso é bom e
está muito bem; todos devem fazê-lo. Um homem poderia descartar muitos vícios, e
deixar muitas concupiscências e vencer muitos
maus hábitos, mas ninguém no mundo pode
fazer a si mesmo nascido de Deus; ainda que lutasse ao máximo, nunca poderia alcançar o
que está além de seu poder. E, fixem bem, se
pudesse nascer de novo por si mesmo, ainda não
66
iria para o céu, porque não há outro ponto que
teria violado a condição: "o que não é nascido do
Espírito, não pode ver o reino de Deus" De modo
que os melhores esforços da carne não alcançam esta altura, a saber, nascer de novo
pelo Espírito de Deus.
E agora devemos dizer que a regeneração consiste nisto: Deus, o Espírito Santo, de uma
maneira sobrenatural, - fixem que por
sobrenatural quero me referir precisamente ao
que significa em sentido estrito - sobrenatural, mais que natural - que funciona nos corações
dos homens , que pelas operações do Espírito
divino são convertidos em homens
regenerados. Mas sem o Espírito, nunca podem ser regenerados. E a menos que Deus o Espírito
Santo, que "opera em nós tanto o querer quanto
o realizar", opere na vontade e na consciência, a
regeneração é uma impossibilidade absoluta, e, portanto, também a salvação.
"Como!", diz alguém, - "você quer dizer que Deus intervém absolutamente na salvação de cada
homem para regenerá-lo?" De fato, é o que eu digo; na salvação de cada pessoa há um exercício
real de poder divino, pelo qual o pecador morto
é revivido, o pecador sem vontade é convertido
em um ser disposto, o pecador desesperadamente endurecido recebe uma
consciência sensível; e aquele que rejeitou a
Deus e desprezou a Cristo, é conduzido a se
67
lançar aos pés de Jesus. Isso pode ser chamado
de uma doutrina fanática. Nós não podemos
evitá-lo. É uma doutrina da Escritura, e isso é o
suficiente para nós. "Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus; o que é
nascido da carne é carne; e o que é nascido do
Espírito é espírito."
Deve haver uma operação divina; a operação pode ser chamada de um milagre se você quiser;
é, em certo sentido. Deve haver uma
intervenção divina, uma obra divina, uma influência divina, caso contrário, você pode
fazer o que quiser, porém sem isso perecerá
eternamente e estará arruinado, porque "se
alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus ."
A mudança é radical; dá-nos uma nova natureza, faz-nos amar o que nós odiávamos, e odiar o que nós amávamos; nos coloca em um novo
caminho; muda nossos hábitos, muda nossos
pensamentos, nos torna diferentes na vida
privada e pública. Assim que, estando em Cristo, isto se cumpre: "Se alguém está em Cristo é uma
nova criatura; as coisas velhas já passaram; eis
que tudo se fez novo."
E agora nos voltamos para o segundo ponto. Espero ter explicado em que consiste a
regeneração, para que todos possam ver o que é.
Agora, o que significa a expressão "ver o reino de
68
Deus"? Isso significa duas coisas. Ver o reino de
Deus na Terra é ser um membro da igreja
mística, é desfrutar dos privilégios e liberdade
do filho de Deus. Ver o reino dos céus significa ter poder na oração, comunhão com Cristo, ter
comunhão com o Espírito Santo, e produzir e
gerar todos estes frutos abençoados e felizes, que são o efeito da regeneração.
Em um sentido mais elevado, "ver o reino de Deus" significa ser admitido ao céu." Se alguém
não nascer de novo" não pode saber sobre as coisas celestiais na terra, e não pode desfrutar
das bênçãos celestiais para sempre; "não pode
ver o reino de Deus".
Eu acho que posso passar por alto o segundo ponto sem comentários, e proceder a notar em
terceiro lugar, porque razão "aquele que não
nasce de novo, não pode ver o reino de Deus". E
vou limitar meus comentários ao reino de Deus no outro mundo. Bem, ele não pode ver o reino
de Deus porque estaria fora de lugar no céu. Um
homem que não nascer de novo não poderia
desfrutar o céu. Há uma impossibilidade real na natureza, que o impede de desfrutar qualquer
das bênçãos do Paraíso. Talvez pensem que o
céu consiste naqueles muros cheios de joias,
naqueles portões de pérolas e ouro; não é assim; essa é a habitação do céu. O céu mora ali, mas
não é o céu. O céu é um estado que é constituído
aqui, o qual é formado no coração; constituído
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pelo Espírito de Deus dentro de nós, e a menos
que Deus o Espírito nos tenha renovado, e nos
tenha feito nascer de novo, não podemos
desfrutar das coisas do céu. Todo mundo percebe claramente que é impossível que um
caracol construa uma cidade; e é igualmente
impossível para um pecador sem transformação poder apreciar o céu.
É fácil entender o motivo disto: um sermão é muitas vezes demasiado longo para vocês;
cantar louvores a Deus é um esforço inútil sem substância. Consideram que até a casa de Deus é
muito tediosa. O que fariam onde se louva a
Deus dia e noite? Se apenas um curto discurso
aqui é muito cansativo, o que pensariam da conversa eterna dos redimidos ao longo dos
tempos sobre as maravilhas do amor redentor?
Se a companhia dos justos é muito cansativa
para você, então o que seria a sua companhia por toda a eternidade?
O único céu que há é o céu dos homens espirituais, o céu de louvores, o céu do deleite em Deus, o céu da aceitação no Amado, o céu da
comunhão com Cristo. Agora, se vocês não
entendem nada sobre isso; não poderiam
apreciá-lo se o tivessem; seriam incapazes de fazê-lo. Vocês mesmos, são sua própria barreira
para o céu por causa do fato de que não
nasceram de novo.
70
Então, quando Deus diz que você não pode ver o reino dos céus, significa que é sua própria
incapacidade de apreciar o céu que vai impedi-
los de entrar lá.
Mas há outras razões pelas quais esses portões sagrados excluem para sempre a impureza, o
pecado e a vergonha. Há razões além daquelas que são encontrados em vocês mesmos, para
que não possam ver o reino de Deus a menos que
tenham nascido novamente. Pergunte àqueles
espíritos que estão diante do trono: “anjos, principados e potestades, vocês desejam
que os homens que não amam a Deus, que não
acreditam em Cristo, que não nasceram de
novo, morem aqui?", eu os vejo como que olhando de cima, e ouço a resposta: "Não, uma
vez que lutamos contra o dragão e o expulsamos,
porque nos tentou para que pecássemos! Nós
não deveríamos ter aqui os ímpios e não os teremos. Estas paredes de alabastro não devem
ser marcadas por dedos sujos e lascivos; o
pavimento branco do céu não deve ser
manchado e sujo pelos pés profanos de homens ímpios. Não!" Eu vejo mil lanças eretas, e os
rostos de fogo de miríades de serafins sobre os
muros do paraíso. "Não, enquanto estes braços
tiverem força, e essas asas tiverem poder, nenhum pecador vai entrar aqui."
Agora eu me volto para os santos no céu, resgatados pela graça soberana: "Filhos de Deus,
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vocês querem que o ímpio entre no céu sem
nascer de novo?” Vocês que são homens
amorosos, estão dispostos que os pecadores não
nascidos de novo sejam admitidos assim como vocês foram? Eu vejo Ló se levantar e gritar:
"Admitir no céu! Não! Como! Devo ser
humilhado novamente pelo comportamento dos sodomitas, como fui uma vez?" Eu vejo
Abraão, que dá um passo adiante, e diz: "Não, eu
não posso ter vocês aqui. Já sofri o suficiente por
causa deles enquanto eu estava na terra: suas ilusões e suas provocações, suas conversas tolas
e vã maneira de viver nos maltratavam e
afligiam. Não quero que estejam aqui."
Mas, há uma outra razão: Deus mesmo disse: ". Se alguém não nascer de novo, não pode ver o
reino de Deus." O quê pecador! Você está
escalando as muralhas do paraíso quando Deus
está pronto para jogá-lo para as profundezas do inferno? Por acaso o afrontarias com
semelhante descaramento? Deus o tem dito e
você pode lutar com o Todo-Poderoso? Oh!, Ele
iria rir de você. Não pense que pode vencê-lo. Ele selou a entrada do paraíso antes de você, e não
há nenhuma entrada para você. O Deus da
justiça diz: "Eu não recompensarei o ímpio com
o justo; não vou ter o meu refúgio belo e gracioso manchado por homens perversos e
maus. Se eles se arrependerem, vou ter
misericórdia deles, mas se não se
72
arrependerem, vou quebrá-los e ninguém lhes
libertará."
(A regeneração ou novo nascimento operado
pelo Espírito Santo é instantâneo e ocorre no momento mesmo da nossa conversão inicial a
Cristo, quando também somos, ao mesmo
tempo, justificados (considerados justos aos olhos de Deus) também instantaneamente e
para sempre, por causa da nossa fé em Jesus
Cristo. A obra do Espírito Santo que se segue a
isto é a da santificação progressiva que durará até o dia da nossa convocação para estar para
sempre com o Senhor em nossa morada
celestial. É pela santificação que o trabalho da
mortificação das obras da carne prosseguirá, bem como o correspondente revestimento de
Jesus Cristo pela implantação do fruto do
Espírito em nós – nota do tradutor).
Partes de um sermão de Charles Haddon SPURGEON, traduzidas e adaptadas pelo Pr
Silvio Dutra.
73
Regeneração e Verdadeiro Livre Arbítrio
O homem tornou-se tão decaído que ele não é
capaz de cumprir a lei. É mais fácil o etíope mudar a sua pele ou o leopardo as suas
manchas, do que aquele que está acostumado a
fazer o mal aprender a fazer o bem (Jeremias
13:23); mas o que o homem não é capaz de fazer, por causa da perversidade da carne, Deus
executa dentro dele, efetuando nele o querer e o
realizar segundo a Sua boa vontade. Oh, que graça sublime é esta, que, enquanto perdoa
nossa falta de vontade, também remove nossa
carência de poder!
E, queridos amigos, não é uma maravilhosa prova da graça que Deus faz isto sem destruir o
homem em absolutamente qualquer grau? O
homem é uma criatura com uma vontade (um
arbítrio), um "livre arbítrio" como eles às vezes é chamado, uma criatura que é responsável pelas
suas ações; assim Deus não vem e muda nossos
corações por um processo físico, como alguns
parecem imaginar, mas por um processo espiritual no qual ele nunca arruína nossa
natureza, mas torna a nossa natureza correta.
Se um homem se torna um filho de Deus, ele ainda tem uma vontade (um arbítrio). Deus não
destrói o delicado mecanismo da nossa
natureza, mas ele o coloca na marcha adequada.
74
Nós nos tornamos cristãos com a nossa própria
total aprovação e consentimento; e nós não
guardamos a lei de Deus por qualquer
compulsão a não ser a doce compulsão do amor. Nós não a obedecemos porque nós não
poderíamos fazer o contrário, mas nós
obedecemos porque nós não queremos fazer diferente, porque nós passamos a nos deleitar
nela, e isto me parece a maior maravilha da
graça divina.
"Deus não destrói o delicado mecanismo da nossa natureza, mas ele o coloca na marcha
adequada."
Vejam, queridos amigos, como são diferentes o
modo de agir de Deus e o nosso. Se você derruba um homem que está vivendo uma vida má, e o
põe em cadeias, você pode torná-lo honesto pela
força; ou se você o deixa livre, e restringe-o por meio de leis do parlamento, você pode mantê-lo
sóbrio se ele não puder adquirir nada para
beber, você pode fazer com que ele fique
maravilhosamente quieto se você puser uma mordaça na boca dele; mas esse não é o modo de
Deus agir.
Ele que pôs o homem no Jardim de Éden e nunca pôs qualquer paliçada ao redor da árvore do conhecimento do bem e do mal, mas permitiu
que o homem fosse um agente livre, faz
exatamente o mesmo nas operações da Sua
75
graça. Ele deixa o seu povo entregue às
influências que estão dentro de cada um, e ainda
assim eles andam corretamente, porque eles
são tão transformados e renovados pela Sua graça que eles se deleitam em fazer aquilo que
antes eles detestavam fazer.
Eu admiro a graça de Deus agindo assim. Nós teríamos feito o relógio em pedaços, quebrado
metade das rodas e feito novas ou algo assim.
Mas Deus sabe como deixar o homem tão
homem quanto ele era antes da sua conversão, e ainda assim fazê-lo tão completamente um
novo homem que as coisas antigas já passaram
e tudo se fez novo.
E isto é muito bonito também: que quando Deus escreve a Sua lei nos corações do Seu povo, Ele
faz com que este seja o modo de preservação
deles. Quando a lei de Deus é escrita no coração de um homem, aquele coração divinamente
torna-se propriedade real, porque o nome do
Rei está lá, e o coração no qual Deus escreveu o
Seu nome jamais pode perecer.
Por Charles Haddon Spurgeon
76
A Regeneração
É claro que quem vive e morre não regenerado
não pode ser salvo.
Não há salvação da desgraça eterna para quem não foi libertado do estado de pecado.
Se pudéssemos ser salvos sem a regeneração, sem a renovação das nossas naturezas, não
haveria consequentemente a necessidade de que todas as coisas fossem criadas novamente
por Jesus Cristo.
Se os homens podem ser salvos estando ainda na condição maligna que nos trouxe a queda de
Adão, então Cristo morreu em vão.
Jesus disse: "se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus" (João 3:3).
Aquilo que Jesus, nesse versículo, chama de "nascer de novo", Ele chama de "nascer do
Espírito" nos versículos cinco e seis, porque é somente a obra do Espírito Santo que faz esta
regeneração (João 6:63; Romanos 8:11).
Deus nos salva segundo a Sua misericórdia, pelo lavar regenerador e renovador do Espírito
Santo, ou seja, pela renovação de nossa natureza
77
(Tito 3:5; João 1:13; Tiago 1:18; 1 João 3:9). Portanto,
claro está quem faz essa obra de regeneração.
Mas agora precisamos descobrir como Ele o faz
e que meios utiliza.
A VISÃO PELAGIANA DA REGENERAÇÃO
Segundo o Pelagianismo Deus dá graça a todo aquele que ouve a pregação da lei e do evangelho.
Os que ouvem são persuadidos a se arrependerem e a crerem por meio das
promessas do evangelho e das intimações da lei.
As coisas ensinadas e ordenadas na lei e no evangelho são vistas não apenas como boas em
si mesmas, mas como tão absolutamente
razoáveis que qualquer um as receberia alegremente se não fossem tão
preconceituosos, ou não escolhessem
deliberadamente continuar na sua vida de
pecado.
O homem tem apenas que ponderar cuidadosamente sobre essas promessas do
evangelho e intimações da lei para se livrar
desses preconceitos e assim reformar a si mesmo.
Quando o homem crê no evangelho e o obedece por sua livre escolha e arbítrio, recebe, então, o
78
dom do Espírito Santo, passa a desfrutar de
todos os privilégios do Novo Testamento, tem
direito e faz jus a todas as promessas referentes
tanto à vida presente quanto à vida futura. Assim dizem os Pelagianos.
Desse modo o homem converte a si mesmo, e assim ficam de fora a graça do nosso Senhor Jesus Cristo e a obra de regeneração do Espírito
Santo.
Tudo o que se precisa é a capacidade de persuadir o homem a se arrepender do seu pecado e a crer e a obedecer ao evangelho.
Vamos agora olhar mais de perto o cerne dessa doutrina errada do Pelagianismo, ou do livre-
arbítrio.
Como é que alguém é convencido a desistir do mal e a fazer o bem, segundo o Pelagianismo?
A pessoa é persuadida pelas doutrinas, mandamentos, promessas e intimidações da Palavra de Deus.
O principal meio pelo qual a Palavra de Deus é trazida às almas dos homens é o ministério da
Igreja.
A pregação da Palavra de Deus é o único meio ordinário exterior que o Espírito Santo usa na
regeneração do adulto.
79
Essa pregação da Palavra de Deus é, como meio exterior, suficiente o bastante para trazer
alguém ao arrependimento e à fé.
A revelação de Deus e da Sua mente é suficiente o bastante para ensinar aos homens tudo o que
necessitam crer e fazer, para que possam ser convertidos a Deus e comecem a obedecê-Lo.
Assim, primeiro, os homens ficam inescusáveis se não responderem à pregação do evangelho
(Isaías 5:3-5; Provérbios 29:1; 2 Crônicas 36:14-
16).
Segundo, a regeneração resulta como resposta à Palavra pregada (2 Coríntios 4:15; Tiago 1:18; 1
Pedro 1:23).
Qual é então a natureza e o resultado de persuadir as pessoas a que sejam boas? Pode
porventura a má árvore produzir frutos bons? Segundo o padrão da justiça de Deus, o homem,
com sua natureza caída no pecado não pode
produzir os bons frutos esperados por Deus,
especialmente, o de estar unido em espírito a Seu Filho Jesus Cristo, em submissão amorosa
à Sua vontade.
A natureza da obra do Espírito Santo é que ensinar à mente do homem, a mente e a vontade
de Deus e o seu dever para com Ele.
80
É bem verdade que o primeiro propósito da revelação divina é o de informar e iluminar a
mente e nos dar a conhecer a vontade de Deus
(Mateus 4:15,16; Lucas 4:18,19; Atos 26:16-18; 20:20,21,26,27).
É necessário que primeiro se ensine ao homem sobre a necessidade de regeneração e o que dele
se requer quanto a isso.
Assumindo-se que a mente está iluminada e informada, então, quando a Palavra de Deus é
pregada, uma poderosa obra de persuasão leva
forçosamente o não-regenerado a render-se a ela e a obedecê-la.
Sim, a Palavra de Deus é em si mesma poderosamente persuasiva, mas até que nasça
de novo, o não-regenerado não pode e não irá
ser persuadido por ela.
E quando falamos em não regenerado estamos nos referindo àqueles que não nasceram de
novo do Espírito Santo.
O não-regenerado precisa ser persuadido de que isso não são "fábulas engenhosamente inventadas" (2 Pedro 1:16).
As coisas da Escritura não são meras verdades, são verdades divinas. São coisas que "a boca do
Senhor o disse". Somente quando alguém
nascer de novo é que irá crer nisso.
81
Os não-regenerados precisam ser convencidos de que as coisas pregadas são boas, amáveis e
excelentes.
Precisam ser convencidos de que somente a fé em Deus pode levá-los à máxima felicidade.
Precisam ser convencidos de que a única forma de serem aceitos por Deus e o único modo pelo
qual Ele se reconciliará com eles, é através da fé
na morte sacrificial do Seu Filho.
Eles devem ser convencidos da pecaminosa depravação das suas almas e da sua total
incapacidade para fazerem qualquer bem
aceitável a Deus, sem que primeiro nasçam de novo pelo Seu Espírito.
Todas essas verdades são verdades divinas, e, portanto, ao ouvi-las a pessoa precisa ser convencida de que foram reveladas por alguém
que tem autoridade divina.
Não apenas a mente precisa ser persuadida, mas
o coração também precisa ser despertado a desejar e a querer sinceramente aceitar essas
coisas para a salvação.
Dizem os Pelagianos que se a pregação da Palavra de Deus for feita com grande eloquência
e competência oratória, os homens então, serão
persuadidos a se arrependerem e a crer.
82
Paulo, contudo, rejeita completamente isso no seu ministério. Ele diz: "A minha palavra e a
minha pregação não consistiram em linguagem
persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder" (1 Coríntios 2:4).
Alguns tentam alegar que as palavras "do Espírito e de poder" implicam que a capacidade de Paulo fazer milagres era acessório para
convencer os homens.
Mas isso vai contra todo o ensinamento dele nesse mesmo capítulo e também contra a
concordância dos melhores expositores.
A verdadeira eficácia da pregação não está na esperteza da capacidade retórica dos homens,
nem em poder corroborar a pregação com
milagres, mas em duas coisas:
(1) É necessário que a pregação seja instituída por Deus. Ele ordenou a pregação da Sua Palavra
como o único meio exterior para a conversão
das almas dos homens (1 Coríntios 1:17-20; Marcos 16:15,16; Romanos 1:16).
(2) O poder que torna a pregação eficaz no coração dos homens para a salvação deles está
exclusivamente nas mãos de Deus.
Para algumas pessoas a pregação faz-se eficaz para a salvação, para outras, para perdição.
83
Deus também concede aos Seus pregadores, àqueles a quem designou, capacidades e dons
espirituais essenciais para pregar a Sua Palavra
(Efésios 4:11-13).
Assim, pois, a capacidade para persuadir a que se arrependam e creiam no evangelho por meio da pregação repousa na vontade soberana de
Deus.
Os Pelagianos e todos os que creem que os pecadores devem em primeiro lugar se
arrepender e crer antes de nascer de novo,
dizem que a única obra que o Espírito Santo faz na pregação é convencer a mente natural e não
convertida pela apresentação de motivos,
argumentos e razões, e que é somente por isso
que o pecador é convencido e persuadido a arrepender-se.
O pecador, portanto, arrepende-se e crê por seu livre-arbítrio e decisão.
Já mostramos, no entanto, que a mente humana
é tão corrompida e depravada que, se a pregação não for acompanhada do poder regenerador do
Espírito Santo, nenhum pecador será
persuadido a arrepender-se e a crer.
O meio exterior para a conversão é, portanto, a pregação da Palavra de Deus.
84
A regeneração é a operação interior necessária para persuadir os homens a responderem à
pregação; é uma obra transformadora, não um
mero convencimento produzido nas almas dos homens pelo Espírito Santo, como iremos
demonstrar agora.
Se o Espírito Santo não faz nada além de apresentar razões, argumentos e motivos para a
conversão, a vontade da pessoa não-regenerada
permanecerá insensível.
Se depender do não-regenerado arrepender-se
e crer antes que o Espírito Santo faça a Sua obra de regeneração, isso nega, consequentemente,
que a salvação procede da soberania de Deus.
É bem verdade que a vontade do não-regenerado pode resistir e recusar o evangelho
e a graça que acompanham sua pregação.
Mas é falso afirmar que Deus seja incapaz de efetuar em nós uma obra de graça que não pode
ser resistida (irresistível) e que conduzirá infalivelmente à conversão.
É falso afirmar que esta obra da graça que Deus pode operar em nós pode ser resistida e
rejeitada.
É falso dizer que a vontade do não-regenerado pode ou não fazer uso dessa graça de Deus,
segundo o seu querer.
85
É falso concluir que a capacidade para se converter pertence tão-somente ao pecador, e
que Deus não pode regenerar e trazer o pecador
à conversão sem que este primeiro lhe dê a sua aprovação. Isso é Pelagianismo.
Tais coisas são falsas porque concedem a nós mesmos toda a glória pela nossa regeneração e conversão, e não à soberana graça de Deus.
Também são falsas porque deixam ao homem a decisão de quem vai para o céu ou não.
A despeito do propósito de Deus em salvar, e a despeito da encarnação e redenção de Cristo,
ninguém poderia ser salvo e Deus teria frustrados e desapontados Sua soberana
vontade e propósito.
Tais coisas são falsas porque este ensinamento é contrário à Escritura, a qual nos afirma que a
conversão, do começo ao fim, depende da graça
de Deus (Filipenses 2:13).
Deus opera em nós o querer a conversão, e a realiza pelo Seu soberano poder.
Se a regeneração nada mais for que convencer alguém a ser bom, então nenhum fortalecimento sobrenatural e real foi
concedido à alma, não obstante os preconceitos
tenham sido removidos da mente.
86
Segundo essa doutrina o homem não necessita de tal poder sobrenatural, pois tem sido capaz
em si mesmo, pelo poder da sua própria
vontade, de sobrepujar a sua natureza depravada, pecadora e corrupta, de remover
todos os erros e preconceitos da sua mente e de
elevar-se a uma tal santidade de vida que se torna completamente aceitável a Deus.
Esse é o poder do livre-arbítrio no qual alguns
têm crido e ensinado.
Tais pessoas negam que o homem precisa primeiramente nascer de novo antes que possa fazer qualquer coisa que seja agradável e
aceitável a Deus.
Alguns ensinam que a graça de Deus ilumina a mente, e tudo o que o homem precisa fazer é
escolher o bem que a graça de Deus lhe
apresentou, que essa graça então irá operar juntamente com a sua escolha e vontade
trazendo assim um novo nascimento à alma.
Mas tudo o que a graça de Deus faz aqui é iluminar a mente, instigar os desejos e auxiliar à
vontade, e isso apenas para convencer a pessoa
a arrepender-se e crer.
Não se concede à alma qualquer poder verdadeiro. A vontade é deixada completamente
87
livre para cooperar ou não com essa graça,
conforme arbitrar.
Isso nega também toda a graça de Cristo e torna-a totalmente inútil para a salvação.
Atribui ao livre-arbítrio do homem a honra da sua conversão.
Faz com que o homem dê a luz a si mesmo, o que
não tem o menor sentido.
Destrói a analogia entre a obra do Espírito Santo ao formar o corpo natural de Cristo no ventre
[da mulher] e a obra do Espírito Santo ao formar
Seu corpo místico na regeneração.
Torna a obediência e o ato de viver para Deus, meras atitudes humanas naturais, e não consequência da mediação de Cristo.
Não concede ao Espírito de Deus maior poder em nos regenerar do que o poder de um
pregador da Palavra ou de um orador que,
loquaz e emotivamente, convence alguém a se voltar do mal para fazer o bem.
Não oramos a Deus por nada exceto por aquilo que Ele nos prometeu conceder.
Será então que alguém ora para que Deus meramente o persuada, ou aos outros, a crer e a
obedecer?
88
Oram as pessoas para serem convertidas ou para converterem a si mesmas?
A Igreja de Deus tem orado sempre para que Deus opere essas coisas em nós.
Os que estão verdadeiramente preocupados com as suas almas oram para que Deus os traga
ao arrependimento e fé verdadeiros, para que
Ele opere essas coisas graciosamente em seus corações.
Oram para que lhes conceda fé por causa de
Cristo e que a faça crescer neles e que Ele possa neles operar, pela sublime grandeza do Seu
poder, o querer e o realizar segundo o Seu bel-
prazer.
É contrário a toda experiência cristã pensar que por meio de todas essas orações, e com todos os
exemplos de oração que a Escritura nos dá, nada mais desejamos senão que Deus nos persuada,
anime e instigue a agir por nossa própria
capacidade e habilidade a produzir as respostas
às nossas orações por nossos próprios esforços.
Orar fervorosa e importunamente com zelo ardente por aquilo que o homem mesmo é bem capaz de fazer, e que não pode ser feito a menos
que ele queira por sua própria e livre escolha, é
ridículo.
89
Zombam de Deus os que oram para que Ele lhes faça aquilo que podem fazer por si mesmos.
Suponha-se que o homem tenha a capacidade de crer e arrepender-se.
Suponha-se que a sua capacidade para crer e se arrepender dependa tão-somente do seu livre-arbítrio e que Deus não pode, por Sua graça,
operar nele, exceto persuadi-lo a que se
arrependa e creia, e a apresentar-lhe boas
razões pelas quais ele deva assim proceder; que propósito haveria em orar a Deus?
Para que pedir a Deus que lhe conceda fé e arrependimento?
É por muitos acharem que têm em si mesmos o poder de crer e de se arrepender quando assim
o quiserem, que se pensa que as orações cristãs são inúteis e tolas.
Contudo, é tão fácil persuadir alguém a regenerar a si mesmo, convencendo a si mesmo
a se arrepender e a crer, quanto o é persuadir um cego a ver, ou um aleijado a andar
normalmente, ou um morto a se levantar da
sepultura.
Conclusão da visão pelagiana. A regeneração não é a obra do Espírito Santo em convencer
pecadores a que se arrependam e creiam.
90
COMO SE DÁ A REGENERAÇÃO
O Espírito Santo usa a lei e o evangelho quando regenera alguém.
Não ocorre apenas uma obra moral, há também, na regeneração, a atuação direta do Espírito na
mudança da natureza, nas mentes ou almas dos homens.
É nisso que devemos persistir, senão toda a glória da graça de Deus perde-se, e a graça que nos chega por meio de Cristo será
negligenciada.
Paulo fala-nos a respeito dessa obra direta do
Espírito: "para saberdes qual é (...) a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos,
segundo a eficácia da força do seu poder; o qual
exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos" (Efésios 1:18-20).
Ao poder aqui citado atribui-se uma sobre-excelente grandeza, pois foi por meio dele que
Cristo ressurgiu fisicamente dos mortos.
Paulo queria que soubéssemos que o mesmo poder supremo que Deus exerceu em Cristo ao
ressuscitá-Lo de entre os mortos é o mesmo poder sublime que o Espírito Santo exerce em
nós, na regeneração, ao nos fazer ressuscitar da
morte espiritual para a vida espiritual.
91
Por esse mesmo supremo poder somos guardados por Deus para o dia da salvação.
É por causa da operação contínua desse poder soberano nos cristãos que eles são guardados de caírem de modo a se perderem eternamente.
Está escrito que, em nós, Deus cumpre "todo o desejo da Sua bondade, e a obra da fé com poder"
(2 Tessalonicenses 1:11; 2 Pedro 1:3).
Assim pois, a obra da graça na conversão é chamada pela Escritura de criação, vivificação,
formação, doação de um novo coração.
Tudo isso demonstra que uma verdadeira obra é realizada nas almas dos homens. E todas essas
atividades são atribuídas a Deus.
É Deus que, pela Sua vontade, nos recria, nos vivifica e nos gera novamente.
Mas quando a regeneração é-nos imputada, tais atividades se expressam passivamente.
Somos criados em Cristo Jesus. Somos feitos novas criaturas. Somos nascidos de novo. Todas
essas coisas seriam impossíveis de ocorrer se não fossem efetuadas por Deus, o Espírito Santo.
A Escritura, portanto, claramente nos ensina que o Espírito Santo efetua de fato uma obra
92
eficaz, direta e poderosa em nossas almas e
mentes quando Ele nos regenera.
Essa é uma obra infalível, o que significa que Ele
não comete erros em realizar a Sua obra naquele que escolhe para regenerar.
Não se pode resistir a ela; é sempre vencedora.
Se Deus intenta regenerar alguém, tal pessoa é regenerada e não pode de modo algum resistir à
vontade de Deus quanto a isso.
Se uma obra qualquer da graça começa em alguém e não resulta na regeneração e salvação dessa pessoa, é porque Deus jamais a intentou
regenerar, e portanto não efetuou nela essa tal
obra.
Há aqui um importante princípio doutrinário a se aprender.
Quando o Espírito Santo intenta regenerar alguém Ele remove todos os obstáculos, supera
toda resistência e oposição, e produz infalivelmente o resultado que pretende. Ele,
como o vento, sopra onde quer, e não onde
queira a vontade do homem.
Quando faz em nós a Sua obra de regeneração o Espírito Santo opera segundo a natureza das
nossas mentes, corações e vontades, sem as
subjugar, forçar ou ferir.
93
Ele age em nossas almas segundo a Sua natureza, poder e habilidade.
Eis alguns exemplos da Bíblia. "Converte-me, e serei convertido" (Jeremias 31:18). "Leva-me tu,
correremos após ti" (Cantares de Salomão 1:4).
Deus nos atrai com "cordas humanas" (Oséias 11:4). A obra é em si mesma descrita como
persuasão. "Deus persuadirá Jafé" (Gênesis 9:27).
Tal obra é também descrita como "atrair",
"seduzir". "Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração"
(Oséias 2:14).
Assim como nessas obras do Espírito Santo, a regeneração também em nada fere as nossas
faculdades naturais.
Na regeneração o Espírito Santo não causa na mente grandes e arrebatadoras impressões.
Nem opera em nós como fez com os profetas, por meio de especial inspiração, de modo que
suas mentes e órgãos do corpo fossem não mais
que instrumentos passivos, usados por Ele acima das suas condições e atividades naturais.
Mas, Ele opera nas mentes dos homens em e por meio das suas condições naturais, através da
influência e impressão diretas causadas neles
pelo Seu poder. "Cria em mim, ó Deus, um
94
coração puro e renova dentro de mim um
espírito inabalável" (Salmos 51:10).
O Espírito Santo "é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar" (Filipenses 2:13).
Portanto, o Espírito Santo não coage nem força a vontade. A vontade é destruída, quando forçada.
Na parábola da grande ceia quando o dono da
casa ordena a seus servos que tragam mais
pessoas, ele diz: "sai pelos caminhos e atalhos e obriga a todos a entrar" (Lucas 14:23).
Isso não significa, "forçai-os a entrar a contragosto", antes, pelo contrário, denota a
certeza de que o convite sobrepujará ao espanto
e à incredulidade deles, de que deverão ser
convidados dentre todas as gentes.
Mas, o arbítrio do não regenerado está alienado "à vida de Deus" (Efésios 4:18).
Isso é, está cheio e possuído de ódio contra o que é espiritualmente bom.
Está em contínua oposição à vontade de Deus pois jaz debaixo do poder da mente carnal a qual
é Sua inimiga (Romanos 8:7).
Contudo, apesar dessas coisas, o Espírito Santo vence toda oposição e triunfa na Sua obra.
95
Entretanto, bem podemos perguntar, como pode isso ser feito sem que se force ou se coaja a
vontade?
Na obra de conversão a Deus, a graça e a vontade reagem entre si.
A princípio a graça e a vontade não-regeneradas opõem-se uma à outra.
A graça, todavia, prevalece vitoriosa sobre a vontade não-regenerada e rebelde, pelos motivos seguintes.
A vontade não-regenerada opõe-se cheia de inimizade contra a graça quando lhe é
apresentada pela Palavra de Deus.
Desse modo os homens resistem ao Espírito, pois resistem à pregação da graça.
Se tão-somente a graça for apresentada à vontade, os homens sempre lhe resistirão.
A inimizade em seus corações prevalecerá contra a pregação.
Mas a obra de regeneração é interior, transformadora da essência da nossa natureza.
A pregação dessa obra de regeneração não está dirigida à vontade, e não pode, portanto, sofrer a
96
sua oposição, mas opera eficazmente nela,
renovando-a maravilhosamente.
No primeiro ato da conversão a vontade não quer nem deseja ser a primeira a agir para ser
regenerada.
Ao contrário, ela antes é renovada pela regeneração para só então desejar ou escolher.
A vontade jaz passiva e inerte até que seja despertada pelo Espírito Santo na regeneração.
Ocorre uma secreta operação de poder onipotente e interior que produz ou opera em
nós o desejo de sermos convertidos a Deus.
Tal operação age em nossa vontade de tal maneira que nós, livres e alegremente,
desejamos aquilo que Deus quer que desejemos
e escolhamos, que é fazer a Sua vontade.
O Espírito Santo compreende as nossas almas extraordinariamente mais do que nós jamais o
poderíamos.
Assim, ao efetuar em nossas almas a Sua obra de regeneração, Ele cuida delas
maravilhosamente, preservando-as e, sem cercear em nada a liberdade da nossa vontade,
operando nelas eficazmente a regeneração e a
conversão a Deus.
97
Aprendemos, portanto, dois grandes princípios bíblicos:
(1) Aprendemos que o feito da conversão, mais especificamente o ato de crer, é obra exclusiva
de Deus. É Ele quem opera em nós a conversão, e quem nos concede a fé.
A Escritura nada diz sobre qualquer poder concedido ao homem que o capacite a crer antes
que creia.
Objeção. E quanto àquilo que Paulo diz: "posso todas as coisas em Cristo que me fortalece" (Filipenses 4:13 - ACF)?
Resposta. Se o versículo for lido cuidadosamente nada se encontrará nele que
afirme que a uma pessoa não-regenerada se
conceda a condição que a capacite a concretizar
o seu primeiro ato de fé em Cristo.
Paulo só está falando de um recurso que há nele como crente.
O regenerado recorre à graça que habita o seu íntimo. O não-regenerado não possui esta graça
interior.
A Palavra de Deus cria a fé
A Palavra de Deus, através de uma obra criadora, opera a fé em nós (Efésios 2:10; 2 Coríntios 5:17).
98
A primeira obra de Deus em nós é nos capacitar a querer (Efésios 2:13).
Agora, desejar crer é o mesmo que crer.
Deus efetua isso em nós pela graça.
Ele opera em nós sem a nossa ajuda, a vontade jaz passiva.
Mas a vontade, em sua própria natureza, pode ser trabalhada pelo Espírito Santo que pela Sua
graça a desperta para a fé e a obediência.
Se Deus é capaz de restaurar a vida e a saúde a um corpo morto, muito mais pode Ele em
restaurar a vontade ao seu propósito original de
criação.
Alguns creem e ensinam que a todos quantos é pregado o evangelho é concedido o poder para nele crer, conquanto assim escolham fazer.
Citam Marcos 16:16 que ensina que todo o que não crê já está condenado. Mas, argumentam,
que não lhes parece justo que eles sejam
condenados eternamente a menos que tenham
a capacidade de crer no evangelho quando este lhes for pregado.
Não há remédio para os pecados daqueles que não creem (João 8:24). Mas, a incapacidade para
crer é culpa exclusiva do homem (João 12:39). Os
99
que recusam o evangelho fazem-no por sua
própria escolha (Mateus 23:37; João 5:40).
A Escritura ensina claramente que os homens são totalmente incapazes de crer (João 12:39; 1 Coríntios 2:14).
Não foi concedido a todos os homens conhecerem os mistérios do Reino dos Céus,
mas somente a alguns (Mateus 11:25; 13:11).
"A fé não é de todos" (2 Tessalonicenses 3:2).
Somente os eleitos de Deus possuem fé (Tito 1:1; Atos 13:48).
Também ser-nos-ia decepcionante que a Escritura nos dissesse que Deus opera a fé em
nós, se na verdade Ele não fizesse tal coisa
(Filipenses 1:29; 2:13).
Jesus nos afirma que ninguém pode ir até Ele se
isso não lhe for concedido pelo Pai (João 6:65).
Paulo nos assevera que a fé pela qual somos salvos "não vem de vós; é dom de Deus" (Efésios
2:8).
A Bíblia seria enganadora ao nos afirmar que a fé é dom de Deus para nós, não sendo ela nada
disso, mas algo que podemos obter por nós
mesmos.
100
Deus nos concede arrependimento
A Bíblia ensina claramente que Deus ao converter o pecador, pelo mesmo poder pelo qual Cristo foi levantado dos mortos, efetua nele
verdadeiramente uma obra de fé e
arrependimento (2 Timóteo 2:25; Atos 11:18).
É arrependimento e fé verdadeiros que Deus opera em nós, não uma mera capacidade para se
arrepender e crer que, ao obtê-la, podemos ou
não usar segundo o nosso agrado.
(2) O segundo princípio bíblico que aprendemos é que Deus ao operar em nós a fé e o
arrependimento, Ele o faz segundo Seu poder, e que tal obra, infalivelmente efetuada, não pode
ser resistida pela vontade do homem.
A mente bem instruída pela graça, indicará a necessidade de se renunciar ao ego, ou seja, a si
mesmo, e isto consiste basicamente no ato de se
renunciar a fazer a própria vontade, para poder
fazer a vontade de Deus.
Ao operar a regeneração, o Espírito Santo remove todo sentimento de rejeição e vence,
para Cristo e Seu evangelho, toda a resistência
(Deuteronômio 30:6).
Paulo explica o que é possuir um coração circuncidado (Colossenses 2:11).
101
É o despojamento do corpo dos pecados da carne pela circuncisão de Cristo, isto é, pela
nossa conversão a Deus.
Nenhum homem jamais circuncidou o seu próprio coração.
Nenhum homem pode dizer que, pelo poder da sua própria vontade, começou a fazê-lo e que
Deus então o ajudou pela Sua graça.
A circuncisão do coração feita pelo Espírito Santo remove a cegueira, a obstinação e a
teimosia que habitam naturalmente em nós.
A circuncisão do coração remove todos os preconceitos da mente e do coração que
impedem e resistem à conversão.
Portanto, se toda essa resistência e oposição são removidas, como pode o coração resistir à operação da graça para a salvação? (Vide
Ezequiel 36:26,27; Jeremias 24:7; 31:33; Isaías
44:3-5).
É certo orarmos a Deus para que faça em nós e nos outros aquilo que Ele prometeu?
Devemos orar por nós e pelos outros para que a obra da nossa conversão seja renovada,
preservada e aperfeiçoada.
102
Disse Paulo, "Estou plenamente certo de que Aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus"
(Filipenses 1:6).
A regeneração é obra completa e acabada, mas também é o começo da obra da santificação.
Enquanto estivermos neste mundo a santificação não terá a sua obra completada e
como tal, necessita de ser continuamente
renovada.
Santificação é levar continuamente à morte o restante do pecado que há em nós e o
crescimento e o fortalecimento contínuos da
graça de Deus em nós.
E é certo que oremos a Deus para que efetue nos outros a mesma obra que opera em nós.
Será que Deus faz realmente em nós aquilo que Ele prometeu fazer?
Se não faz, onde estão pois a Sua verdade e fidelidade?
Acaso Ele prometeu nos converter tão-somente se nos convertermos a nós mesmos?
Se Deus não opera em nós aquilo que prometeu é porque Ele não pode ou porque não quer. Mas
nada disso pode ser dito de Deus.
103
O alvo dessas promessas é o coração.
Antes da operação da graça o coração está "petrificado".
Ele pode fazer o tanto que uma pedra faz para agradar a Deus.
Um coração petrificado é obstinado e teimoso.
Mas Deus diz que vai extirpar esse coração (Ezequiel 11:19).
Ele não diz que vai tentar fazer isso, nem que nos dará algum poder de modo que o possamos por
nós mesmos, mas que Ele vai tirá-lo fora.
Quando Deus diz que o vai tirar, isso significa que Ele infalivelmente o tirará e que nada O
pode impedir de o tirar.
Ele nos promete dar um novo coração e um novo espírito. "Dar-vos-ei coração novo e um novo espírito". (Ezequiel 36:26).
Ele faz isso para que O temamos e andemos em Seus caminhos.
Ele prometeu escrever a Sua lei em nossos corações. Isso simplesmente indica que Ele
colocará dentro de nós a capacidade de andar
em obediência diante dEle (Atos 16:14).
104
Se alguém resiste à pregação desta verdade, e resiste à mudança de coração de pedra em
coração de carne, isto é um sinal, de que não foi
chamado eficazmente por Deus, porque se o tivesse sido, certamente não resistiria nem à
mensagem e nem à operação do Espírito Santo
na realização de tal transformação.
A graça da regeneração
A regeneração é chamada de "ressurreição" ou "dar vida" (Efésios 2:5; João 5:25; Romanos 6:11). A
obra é em si mesma a nossa regeneração (Efésios 4:23,24; João 3:6).
O Espírito Santo atua na mente
Ele concede entendimento (1 João 5:20).
Por causa do pecado o homem ficou sem entendimento da pessoa de Deus e da Sua
vontade (Salmos 49:12,20; Jeremias 4:22;
Romanos 3:11).
Davi ora por entendimento (Salmos 119:34), Paulo ora em prol dos crentes para que
experimentem a revelação de Cristo (Efésios
1:17,18).
Ele com isso quer significar iluminação subjetiva para que sejamos capacitados a
compreender aquilo que está revelado, não
novas revelações objetivas.
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Paulo não orou para que os crentes de Éfeso recebessem novas revelações.
Existe um "olho" no entendimento do homem.
Olho que consiste na capacidade de ver as coisas espirituais.
Algumas vezes se diz que é cego, que está em
trevas, que está fechado.
Tais descrições nos ensinam que a mente natural não pode conhecer a Deus pessoalmente para salvação, e é incapaz de ver,
isto é, de discernir as coisas espirituais.
Abrir esse olho, é obra do Espírito da graça (Lucas 4:18; Atos 26:18).
Ele primeiramente faz isso ao nos conceder o Espírito de sabedoria e revelação.
Em segundo lugar nos dá um coração para conhecê-Lo (Jeremias 24:7).
Há, portanto, na conversão um ato eficaz,
poderoso e criativo do Espírito Santo sobre e nas mentes dos homens, que lhes capacita a ver ou
discernir as coisas espirituais de forma
espiritual.
É o que se chama de renovação das nossas mentes (Efésios 4:23; Colossenses 3:10;
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Romanos 12:2; Tito 3:5). Por meio dela é que Deus
concede luz às nossas mentes (2 Coríntios 4:6).
O Espírito Santo atua na vontade
A expressão "morto em pecados" refere-se à vontade naturalmente corrompida do não-
regenerado.
Essa vontade deve ser considerada de duas maneiras. Pode ser vista como a faculdade vital
e racional das nossas almas, ou pode ser vista como um livre e governante princípio, sendo a
liberdade a sua essência ou natureza.
É esta vontade, portanto, que é restaurada pelo Espírito Santo na nossa conversão.
O Espírito Santo implanta nela um novo princípio de vida espiritual e santidade.
Se o Espírito não operar direta e eficazmente sobre a vontade, se não criar na vontade um
novo princípio governante de fé e obediência, se
não determinar infalivelmente todos os livres atos da vontade, então, toda a glória da nossa
conversão recai sobre nós e a vontade
continuaria resistindo a Deus, como ocorria
antes da conversão .
Seria, então, segundo o erro do pelagianismo, pelo arbítrio da nossa vontade livre e obediente
107
ao evangelho que nos tornaríamos diferentes
dos demais que não atendem ao evangelho.
Todas as afirmações desse tipo vão contra o ensinamento de Paulo (1 Coríntios 4:7).
Se é pelo nosso livre-arbítrio que somos salvos, então o propósito de Deus de converter uma mera alma poderia ser frustrado.
Deus pode determinar a salvação de uma alma, mas depois que Ele fez tudo o que deveria ser feito ou poderia ser feito, se, todavia, a vontade
[do homem] permanecer imutável, e Deus nada
pode fazer para renovar essa vontade, tal alma
não será convertida.
Assim é frustrado o desígnio de Deus.
Isso é contrário aos testemunhos de Cristo
(Mateus 11:25,26; João 6:37; Romanos 8:29).
Se for possível ninguém crer nEle pelo exercício da própria vontade humana, também não
podem ser infalivelmente cumpridas as promessas de Deus a Jesus quanto ao grande
número de pessoas que haveriam de nEle crer.
Tudo então dependeria da livre e indeterminada vontade do homem, se ele cresse ou não em
Jesus Cristo, e a salvação seria "de quem quer" e
"de quem corre" e não de Deus que tem
108
misericórdia de quem lhe apraz ter misericórdia
(Romanos 9:14,15).
Assim pois, fazer o propósito de Deus salvar pela graça depender das vontades dos homens não é
consistente com o sermos "feitura dEle, criados
em Cristo Jesus" (Efésios 2:10).
Diante dessa suposição, os homens nem sabem pelo que oram quando oram a Deus pela
conversão de si mesmos ou de outros.
Assim pois, uma tal obra do Espírito Santo em nossas vontades é necessária para que sejam
curadas e se lhes extirpe a corrupção.
A vontade deve ser libertada do estado de morte espiritual para ser capacitada a viver para Deus;
deve ser renovada e submetida a um novo princípio governante de fé e obediência.
O Espírito Santo nos torna nova criaturas
Tudo isso é obra do Espírito Santo.
Ele nos traz à vida; nós que estávamos mortos em nossos delitos e pecados.
Dá-nos um novo coração e põe em nós um novo espírito.
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Escreve a Sua lei em nossos corações para que possamos conhecer e executar a Sua vontade e
assim andar em Seus caminhos.
É Ele quem opera em nós o querer e o efetuar da Sua boa vontade. É Ele quem transforma os
outrora mal dispostos e obstinados em solícitos
e obedientes, e isso pela livre escolha e vontade deles mesmos.
Desse mesmo modo implanta em nossos corações um prevalecente amor a Deus, que faz
as nossas almas se apegarem a Ele a aos Seus caminhos com gozo e satisfação (Deuteronômio
30:6; Colossenses 2:11).
Por sua própria natureza o coração é depravado de tal forma que a mente e a vontade buscam atender à concupiscência que nele há (Gálatas
5:24; Tiago 1:14,15).
Mas o Espírito Santo circuncida o coração com a sua lascívia e desejos, e enche-nos de amor santo e espiritual, alegria, temor e gozo.
O Espírito Santo não modifica a essência de nossos desejos mas os santifica e os guia com
Sua luz salvadora e com o Seu conhecimento.
Assim Ele associa os desejos ao seu objeto apropriado que é Cristo.
Conclusão:
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Nas Escrituras a salvação é atribuída diretamente a Deus ou especificamente ao Seu
Espírito (1 Pedro 1:3; Tiago 1:18; João 3:5,6,8; 1 João
3:9).
As Escrituras excluem a vontade do homem de qualquer parte ativa na regeneração (1 Pedro
1:23; João 1:13; Mateus 16:17; Tito 3:5; Efésios
2:9,10).
por John Owen, em domínio público.
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