cidades-brics - policy brief
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7/23/2019 Cidades-BRICS - Policy Brief
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Policy Brief
Cidades - BRICS
Abril de 2012Ncleo de Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade
BRICS Policy Center / Centro de Estudos e Pesquisa BRICS
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7/23/2019 Cidades-BRICS - Policy Brief
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Cidades - BRICS
Policy Brief
Abril de 2012Ncleo de Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade
BRICS Policy Center / Centro de Estudos e Pesquisa BRICS
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7/23/2019 Cidades-BRICS - Policy Brief
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BRICS POLICY CENTER POLICY BRIEFCidades-BRICS
Autores: Pedro Claudio Cunca Bocayuva, Srgio Veloso dos Santos Jnior, MoniseRaquel Valente da Silva.
Colaborao: Luisa Reis de Freitas, Andr Jobim Martins, Flvia Regina Aref
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Cidades-BRICS
1. Sumrio Executivo
Os territrios urbanos e cidades
de todo o mundo constituem-se como
espaos concretos necessrios para a
manuteno dos fluxos de dinheiro,pessoas, mercadorias e servios que
sustentam o processo de expanso do
capitalismo global. Devido
importncia que vm crescentemente
assumindo na atual conjuntura, os
BRICS e suas cidades aparecem cada
vez mais como protagonistas desse
processo.
A forma como os BRICS vm
utilizando suas cidades e redes de
cidades central para a concretizao
desse quadro de novos protagonismos.
Neste texto argumentamos que
possvel analisar a forma como as
cidades dos pases BRICS se inserem
na globalizao a partir de
caractersticas e processos comuns a
todas elas. Por essa razo,
entendemos que possvel examin-
las a partir de uma categoria analtica
que denominamos cidades-BRICS. A
fim de consolidarmos nossa
argumentao a respeito das cidades-
BRICS, procuramos:
i. Examinar a forma com
que a globalizao se impe sobre o
territrio e o Estado, implicando novas
escalas hierrquicas e uma nova
complexidade de relaes entre
poderes de diferentes escalas
espaciais;
ii. Examinar a importncia
que as cidades desempenham para a
realizao da globalizao a partir de
trs elementos centrais dos territrios
urbanos: sua capacidade produtiva,
seu potencial como mercado
consumidor e seu papel como centrogerenciador das dinmicas capitalistas
que fundamentam a globalizao;
iii. Definir as categorias de
megacidadee cidade globalde modo a
contrastar com a noo de cidade-
BRICS;
iv. Definir cidade-BRICS a
partir de sua especificidade no comoterritrio produtivo, mas sim como
territrio produtores de novas
lideranas e protagonismos para o
cenrio internacional;
Concluiremos este texto
argumentando que as cidades-BRICS,
ao constiturem-se como grandes
oportunidades de investimento e porconsolidarem-se cada vez mais como
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BRICS POLICY CENTER POLICY BRIEFCidades-BRICS
Autores: Pedro Claudio Cunca Bocayuva, Srgio Veloso dos Santos Jnior, MoniseRaquel Valente da Silva.
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pontos nodais essenciais para o
funcionamento do capitalismo global,
apresentam-se como espaos
concretos para a articulao de
cenrios propcios para a cooperao e
estabelecimento de estratgias
compartilhadas entre pases. Nesse
sentido, mais do que plos produtores
de novas lideranas, as cidades-
BRICS apresentam-se como centrais
para a concretizao do processo de
constituio dos BRICS como um
bloco.
2. Introduo
No sculo XXI, presenciamos o
aprofundamento da revoluo urbana.Como demonstra a figura 1, uma
percentagem cada vez maior da
populao global vive e
crescentemente viver em cidades. No
centro desse cenrio esto Brasil,
Rssia, ndia, China e frica do Sul, os
BRICS. No que concernem esses cinco
pases, o fenmeno da intensificao
econmica e social da cidade, da
produo do espao urbano pelo
capital e pelo Estado, constitui-se
como uma base slida para o
desenvolvimento socioeconmico que
sustenta o crescente protagonismo que
eles vm desempenhando na atual
conjuntura poltica e econmica
internacional.
Essa rpida e extensa urbanizao
sntese de um longo processo de
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desenvolvimento desigual centrado na
concentrao de capital em centros
urbanos e, consequentemente, no
xodo rural. O resultado foi a formao
de macrorregies urbanizadas, de
regies metropolitanas e cidades-
regies, de redes de cidades mdias e
pequenas e a constituio de inmeras
megacidades com mais de dez milhes
de habitantes em todo o mundo.
Alm disso, tais processos
convergiram para a formao de zonas
e regies urbanas integradas a redes
de mercadoria, servios, capitais e
informaes essenciais para a
manuteno do capitalismo global. Nos
territrios urbanos, nas redes de
cidades, nas megacidades e cidades
globaiso capitalismo global encontra o
conjunto de elementos, tanto infra
quanto superestrutural, necessrios
para sua sobrevivncia (SASSEN,
2010; SOJA, 1993). A formao de
redes de cidades integradas s
dinmicas capitalistas , portanto,aspecto fundamental para a
manuteno do capitalismo global.
Nas ltimas dcadas, os pases e
cidades que compem os BRICS tm
se integrado e se constitudo cada vez
mais como protagonistas nos grandes
movimentos que sustentam os fluxos
globais de capital. Desde a realizaode megaeventos esportivos, que
transformam os BRICS em territrios
atraentes para investimentos, at a
constituio de centros de qualificao
profissional e inovao tecnolgica,
que os possibilitam ocuparem posies
mais centrais na produo tecnolgica
global, as cidades dos BRICS vm
crescentemente aproximando-se de
posies centrais no cenrio
internacional.
Observar a forma como os BRICS
se inserem na globalizao remete,
portanto, a uma identificao das
caractersticas e funes dos
processos de desenvolvimento scio-
espacial do tecido urbano. Este Policy
Brief, tem como objetivo argumentar
que possvel abordar as cidades dos
pases BRICS a partir de uma
categoria analtica nica, que
denominamos cidades-BRICS. Como
argumentaremos adiante, h um
conjunto de agendas e caractersticas
comuns s principais cidades-BRICS
que nos permite agrup-las em umanica categoria analtica.
Para tal, antes de abordarmos
diretamente a ideia de cidades-BRICS,
procuramos analisar, na primeira e
segunda sees, a relao que se
estabelece entre cidades e Estados no
mbito da globalizao e aprofundar a
compreenso acerca da funo que ascidades desempenham na realizao.
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Na seo seguinte, apresentaremos as
noes de megacidade e cidade global
a fim de, na quarta seo, apresentar,
finalmente, a noo de cidades-BRICS
como megacidades com atributos de
cidades globais. A combinao de
caractersticas de megacidades com
atributos de cidades globais, em uma
conjuntura econmica e poltica
marcada pela transformao no rol dos
principais atores que disputam e
sustentam o cenrio econmico e
poltico internacional, confere s
cidades-BRICS uma capacidade
fundamental: situarem-se como vetores
decisivos para a consolidao de
novos protagonismos exercidos na
globalizao.
Concluiremos este artigo
argumentando que, para alm de
constiturem pilares fundamentais para
a sustentao do capitalismo global, as
cidades-BRICS so arenas para que
os prprios BRICS consolidem-se
como um bloco coeso e no somentecomo um conjunto de atores que
caminham para maior protagonismo e
centralidade no cenrio internacional.
3. Estados, cidades e novas escalas
hierrquicas
O amplo processo que hojeentendemos como globalizao diz
respeito a fenmenos de
hipermobilidade, tanto fsica quanto
virtual, que sustentam fluxos de
mercadoria, servios, pessoas e
dinheiro por todo o globo (HARVEY,
2005a; 2008; SASSEN, 2010). O
padro que organiza e centraliza as
dinmicas polticas e econmicas que
possibilitam esse processo encontra-
se, segundo David Harvey (2004;
2008), enraizado nas polticas
liberalizantes constitudas no mbito do
Consenso de Washington, na dcada
de 80 do sculo XX. Consequncias
dessas polticas foram, entre outras, o
desmantelamento de medidas de bem-
estar social de cunho keynesiano, que
limitavam e regulavam a mobilidade do
capital, e a abertura de setores
pblicos s dinmicas do mercado
internacional.
Como consequncia da
expanso de polticas neoliberais pelo
globo, o advento da globalizao
significou mudanas profundas na
forma como os Estados exercem poder
sobre o territrio e na forma como as
relaes e dinmicas sociais
acontecem nas escalas locais e
regionais. No contexto da globalizao,
o conjunto de polticas neoliberais
impe novas presses ao espao e
poder nacional, forando o Estado a se
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reinventar (SASSEN, 2010). A
autoridade formal, exclusiva e
soberana dos Estados sobre o territrio
nacional trincada, o que gera um
novo conjunto de desafios para a
manuteno das atribuies estatais
tradicionais de conteno de processos
sociais, planejamento e gesto.
Segundo Sassen (2010), essa
perda do poder nacional pressiona
para que polticas pblicas nacionais
sejam conduzidas e centradas no nvel
regional ou municipal. Mesmo que
tenham o seu poder soberano
colocado em xeque, os Estados
encontram nas cidades e nas redes de
cidades espaos estratgicos para o
exerccio de seu poder efetivo atravs
de investimentos e polticas pblicas
no territrio urbano.
A globalizao, portanto, ao
trincar a autoridade formal do Estado,
forando-o a reinventar-se, faz com
que as escalas local, regional e
subnacional emerjam como espaos
nos quais o Estado pode restabelecer,
de certa forma, suas atribuies e
poderes tradicionais de conteno e
planejamento social. Na configurao
scio-geogrfica da globalizao, a
relao entre os poderes nacional,
regional e municipal acontece sobre
uma nova escala hierrquica, que situa
as cidades e redes de cidades, como
um lugar mais concreto para o
exerccio e aplicao de polticas
pblicas do que o Estado em si.
Nesse novo contexto, para que
os Estados possam afirmar suas
atribuies tradicionais a partir de
polticas pblicas aplicadas nas
cidades, faz-se necessria certa
articulao de interesses e demandas
entre as instncias de poder nacional,
regional e municipal. Dessa forma, as
transformaes sociais e polticas que
sustentam o processo da globalizao
instauram um cenrio no qual as
relaes entre centros de autoridade
globais, nacionais, regionais e
municipais se do em um patamar de
complexidade mais elevado,
demandando maior esforo de
articulao e negociao e estratgias
compartilhadas.
4. A importncia das cidades para a
globalizao
Ao mesmo tempo em que a
relao entre cidade e Estado central
para a necessidade estatal de
reinventar suas atribuies e poderes
tradicionais, as cidades veem nessa
relao uma possibilidade de realizar
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suas aspiraes de potencializar sua
capacidade de produo e de atrao
e acmulo de capital. Ao estabelecer
um cenrio de articulao de
interesses, planejamentos e
estratgias com o Estado, as cidades
passam a receber investimentos
estatais que visam melhoria de suas
infraestruturas, possibilitando o
melhoramento da qualidade de vida de
seus cidados ao mesmo tempo em
que tornam seus territrios urbanos
mais atrativos para receber fluxos de
capital privado de outras partes do
globo.
Ao se afirmarem como espaos
concretos para o exerccio de polticas
pblicas (SASSEN, 2008; 2010), os
territrios urbanos retomam sua
posio central na consolidao de
processos sociais, polticos e
econmicos, assumindo novas funes
e importncia fundamentais para o
processo de expanso do capitalismo
global. Nesta seo apontaremos trsrazes para situarmos os territrios
urbanos como elementos fundamentais
para a realizao da globalizao.
Em primeiro lugar, ao longo do
processo de expanso da globalizao,
os territrios urbanos passaram a
substituir as fbricas como espao
concreto para produo. SegundoHenri Lefebvre (1976), processos de
desenvolvimento e crescimento urbano
constituem metforas da
espacializao da modernidade e do
planejamento estratgico da vida
cotidiana urbana, cujos objetivos
seriam o xito das relaes voltadas
para a produo. O capitalismo teria
sua sobrevivncia assegurada pelo
estabelecimento de espacialidades
cada vez mais instrumentais e
especializadas. Nesse contexto, as
cidades seriam, ento, aglomeraes
especializadas de concentrao de
capital, tanto fixo quanto mvel, assim
como espaos de reserva da mo-de-
obra necessria para a consolidao
de um cenrio produtivo, tanto de
manufaturas quanto de prestao de
servios.
A revoluo urbana, como
definida por Lefebvre (1970), denota
um conjunto de transformaes que
atravessam toda a sociedade
contempornea e promovem um
deslocamento de uma configuraoscio-geogrfica, na qual predominam
as questes de crescimento econmico
a partir de processos de
industrializao, para outra, marcada
pela centralidade da questo urbana,
da vida cotidiana na cidade, na
definio de processos de
desenvolvimento econmico. SegundoDavid Harvey (1973), ao comentar e
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criticar a argumentao de Lefebvre
(1970), a industrializao, que um dia
foi produtora do urbanismo, , no atual
contexto de expanso do capitalismo
global, produzida por ele.
De forma complementar ao
argumento de Lefebvre, David Harvey
(2005a) sustenta que o capitalismo
mantm-se vivo, tambm, por meio da
construo de infraestruturas sociais e
fsicas que visam a potencializar e dar
continuidade circulao do capital. A
continuidade da circulao de capital,
por sua vez, sustenta-se na expanso
da capacidade de escoamento e
absoro de mercadorias, ou seja, no
tamanho e potencial dos mercados
consumidores, o que nos conduz
segunda razo para a importncia
fundamental das cidades para a
globalizao.
Os territrios urbanos, ao
serem espaos que, de maneira geral,
concentram investimentos e pessoas
com certo poder aquisitivo,apresentam-se como importantes
mercados para a absoro e circulao
da produo global. Dentro do padro
liberal que regula a globalizao
(HARVEY, 2008), h certa hegemonia
de uma lgica operacional que situa
como essencial a capacidade
competitiva dos territrios dentro dadiviso internacional do trabalho.
Nesse cenrio, as cidades podem,
portanto, buscar melhorar sua posio
atravs de investimentos na
instrumentalidade e especializao de
seu territrio para potencializar sua
capacidade produtiva, mas tambm
podem buscar aumento de
competitividade atravs de
investimentos que potencializem sua
capacidade de consumo (HARVEY,
2005b).
O ponto central seria, portanto,
atrair investimentos que possibilitem o
aumento do consumo de massa.
Assim, tanto para potencializar sua
capacidade produtiva, quanto alcance
de seu mercado interno de consumo,
as cidades tm de se mostrar como
lugares inovadores, estimulantes,
criativos e seguros para se viver ou
visitar, para diverso ou consumo. A
reconstruo de regies urbanas
degradadas e esquecidas, a inovao
cultural e a melhora das infraestruturas
urbanas de mobilidade e de moradiapassam a ser, ento, objetivos
estratgicos fundamentais para a
participao das cidades na
globalizao.
H, ainda, uma terceira razo
para situarmos as cidades e os
territrios urbanos como espaos
fundamentais para a realizao daglobalizao. Alm de seus atributos
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como territrios produtivos, que
possibilita processos de produo e
oferta de servios, e de sua
capacidade de acumulao,
escoamento e circulao de
mercadorias e servios, as cidades e
territrios urbanos podem se destacar
pelo papel distinto que ocupam como
ponto de controle e gerenciamento das
dinmicas capitalistas (SASSEN, 2010;
SOJA, 1993).
Ao constiturem-se como
espaos concentradores das estruturas
de gerenciamento, acarretando num
agrupamento de profissionais
qualificados, que desempenham as
funes de chefia e controle das
corporaes, instituies, organizaes
e empresas centrais para a
globalizao, as cidades passam,
tambm, a concentrar dispositivos de
controle e disciplina. Assim, tornam-se
espaos de armazenamento de
recursos administrativos em torno dos
quais a globalizao se constri.
5. Megacidades e Cidades Globais
Nas sees anteriores
buscamos demonstrar que
possibilidades e potencialidades as
cidades e os territrios urbanos
oferecem para a realizao da
globalizao. A partir desse ponto do
texto nos voltamos para a anlise de
como os BRICS e suas cidades se
inserem na globalizao. Entendemos
que possvel, devido ao conjunto de
caractersticas e fenmenos
semelhantes que atravessam a maioria
das principais cidades dos pases
BRICS, analisar a forma como as
cidades dos pases BRICS se inserem
na globalizao por meio de uma
categoria analtica nica, que
denominamos cidades-BRICS.
Para construirmos nosso
argumento importante, antes, situar
as cidades-BRICSem relao a outras
categorias analticas que nos permitem
abordar e analisar processos de
desenvolvimento urbano, como
megacidades e cidades globais. O
ponto que buscaremos defender que
as cidades-BRICS aproximam-se da
noo de megacidade, mas que vm
crescentemente assumindo funes de
cidades globais.Segundo definio oficial das
Naes Unidas (UN HABITAT, 2008),
megacidade determinada em termos
populacionais, referindo-se a centros
urbanos de alta densidade demogrfica
cuja populao ultrapassa os 10
milhes de habitantes1. No entanto,
essa definio claramente arbitrria,j que diversas cidades que
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apresentam caractersticas de
megacidades, como Johanesburgo, por
exemplo, no poderiam ser
categorizadas como tal. Por essa
razo, alguns autores, como Bugliarello
(1999) e Van Der Ploeg e Poelhekke
(2008), entendem ser mais apropriado
definir megacidades a partir do
conjunto de caractersticas e
fenmenos comuns a elas.
Segundo Bugliarello (1999),
megacidade um fenmeno
primariamente de pases em
desenvolvimento, que remete a
processos de precarizao e
concentrao e crescimento
demogrfico exacerbado em territrios
urbanos de desenvolvimento
espontneo e no planejado. Devido a
essas caractersticas, megacidades
seriam aglomerados urbanos vidos
por investimentos, internos ou
externos, que propiciassem a
melhorassem suas condies de
infraestruturas urbanas e criassempostos de trabalho que pudessem
assimilar sua populao, possibilitando
a reduo da pobreza e mobilidade
social.
Por sua vez, ainda que
indiquem que as altas taxas de
crescimento demogrfico seja uma
caracterstica importante para adefinio de megacidade, Van Der
Ploeg e Polhekke (2008) entendem
que essa varivel somente uma das
que definem uma megacidade.
Segundo os autores, as altas taxas de
crescimento populacional nas
megacidades so decorrncia do
processo da globalizao que
pressionam por movimentos
migratrios em larga escala em direo
a centros urbanos. Sendo assim, a
insero na globalizao uma
varivel fundamental para a definio
do termo. Megacidades seriam,
portanto, grandes aglomeraes
urbanas impactadas frontalmente pela
expanso das dinmicas que
sustentam a globalizao.
A relao entre globalizao e
megacidades desvenda outras
importantes variveis. Megacidades,
por caracterizarem-se como
aglomerados populacionais e
apresentarem diversos pontos de
precariedade, constituem-se como
oportunidades para o crescimento dosmercados internos de seus pases e
como reservas de pessoas vidas por
trabalho e melhores condies de vida.
Ou seja, megacidades apresentam-se
como territrios urbanos com grande
potencialidade tanto para produzir,
quanto para consumir, constituindo-se
como oportunidades de negcios einvestimentos para investidores tanto
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de pases desenvolvidos quanto em
desenvolvimento. Nas megacidades,
portanto, precariedades tornam-se
sinnimos de oportunidades de
investimentos.
Alm disso, na megacidade
existe um conjunto de modos de
produo e prticas sociais que
definem usos e relaes do espao
marcadas pela diversidade. Isso
significa que inmeras agendas,
processos e ritmos acompanham as
formas sociais na sua relao com a
diversidade de contextos ligados ao
processo de acumulao capitalista,
bem como s resilincias dos modos
de vida inscritos nas praticas
cotidianas da grande maioria da
populao. Simultaneidades,
complexidades e diversidades fazem
parte de um tecido urbano difuso
constitudo em uma paisagem que
um grande mosaico de formas sociais
e de contextos que combinam o
capitalismo avanado e globalizado,com precariedades e necessidades
imediatas de melhoria na infraestrutura
e na qualidade de vida de boa parte de
sua populao.
Por sua vez, cidades globais
so, segundo Peter Hall (1984),
centros de poder poltico e de
organizao governamental, assimcomo centros internacionais de
comrcio, funcionando como
entrepostos para seus pases e, s
vezes, para pases vizinhos. Por essa
perspectiva, cidades globais
caracterizam-se como centros de
atividade profissional avanada, de
produo de conhecimentos cientficos
e tecnolgicos, de acmulo e difuso
de informao e de consumo.
Cidades globais so, portanto,
espaos concretos onde so
elaboradas e concretizadas polticas
que constroem e expandem a lgica de
mercado capitalista. Tais polticas, que
emergem da separao artificial entre
poltica e economia, entre Estado e
Sociedade Civil, acarretam na derrota
de medidas que visam a diminuir ou
regular os fluxos de capital global. A
consequncia direta dessas medidas
para as prprias cidades globais
refletindo tambm na forma como as
megacidades procuram se articular
frente aos imperativos da globalizao
a transformao do espao urbanoem um territrio altamente produtivo,
que, nos termos de Lefebvre (1976),
viria a substituir a fbrica como centro
de produo.
Exemplo de cidade global,
Nova Iorque foi um importante
laboratrio para os processos sociais e
polticos, ocorridos ao longo dasltimas dcadas do sculo XX, que
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modificaram as bases das polticas de
classe, das formas de acumulao e
redefiniram a funo do Estado. Por
meio de polticas do chamado city-
marketing e de processo de tolerncia
zero, essa cidade tornou-se espao
concreto para redefinir estratgias que
a transformassem em um territrio
funcional para o novo ciclo de
acumulao capitalista. O controle
social da populao, a utilizao da
mquina do Estado e a construo de
um conjunto de elementos imagticos,
se traduziram na experincia de
glamorizao e centralidade do espao
urbano como objeto passvel de
absoro e alongamento do
investimento.
Megacidadese cidades globais
surgem, ento, como categorias que se
complementam como instrumentos de
anlise centrais para a compreenso
da forma como o processo de
expanso do capitalismo global se
relaciona com a maneira como ascidades so geridas e transformadas.
Apresentada como uma categoria que
remete tanto a megacidades quanto a
cidades globais, a noo de cidade-
BRICS busca expressar a forma
especfica como os BRICS se inserem
na agenda da transformao produtiva
da globalizao.
6. Cidades-BRICS
O centro de nosso argumento
que as cidades-BRICS so
megacidades com atributos de cidades
globais e, devido a essa combinao,
situam-se como vetores decisivos para
a consolidao de novos
protagonismos exercidos na
globalizao.
Cidades como Rio de Janeiro,
Johanesburgo, Nova Dlhi, Shanghai
ou Moscou no se encaixam
exclusivamente em uma ou outra das
definies acima de megacidade ou
cidade global. No so centros
gerenciais consolidados das dinmicase relaes capitalistas globais, assim
como no so territrios urbanos
simplesmente adequados aos
imperativos e demandas de produo e
consumo capitalista. A noo de
cidades-BRICS busca exprimir a
existncia de certa personalidade
prpria na forma como elas inserem asi mesmo e seus pases na
globalizao.
Se buscarmos analisar as
definies de megacidade e cidade
global a partir das trs razes para a
importncia das cidades na
globalizao, percebemos que as
megacidades podem ser interpretadas
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como territrios urbanos com alto
potencial produtivo e de consumo.
Para concretizar esse potencial, elas
se inserem de forma perifrica na
globalizao, adequando seu territrio
para a instalao de estruturas que
possibilitam que fluxos globais de
capital passem pelo seu territrio,
aumentando sua capacidade
competitiva e a qualidade de vida de
suas populaes. J cidades globais
seriam tipos ideais para a terceira
razo. Ao constiturem-se como
centros gerenciais, assumem posio
central e desempenham funes
protagonistas na consolidao das
lgicas e paradigmas que sustentam o
capitalismo global.
No caso das cidades-BRICS, o
ponto no somente adequar seu
territrio para a instalao de
estruturas que atraiam capital e
converter seu territrio urbano em
plataformas de maior competitividade.
O ponto fazer com que essacompetitividade e capital instalado em
seu territrio permitam a elas e aos
seus pases transformarem-se em
protagonistas do jogo global. Os
BRICS se concretizam cada vez mais
como protagonistas no cenrio
internacional devido forma como
suas cidades-BRICS convertem seus
territrios urbanos em espaos
concretos para a produo de novas
lideranas. Mais do que territrios
competitivos, as cidades-BRICS so
territrios produtores de novos
protagonismos.
Na conjuntura das ltimas
dcadas do sculo XX, quando
transformaes sociais e polticas
ensejadas pelo paradigma neoliberal
eram replicadas automaticamente em
pases endividados, os BRICS
situavam-se como atores perifricos,
com pouco ou nenhum poder de
barganha. No atual contexto, todavia,
os BRICS situam-se como pilares para
a manuteno das dinmicas de
produo e circulao de mercadorias
e servios que sustentam o
capitalismo. Assim, os pases BRICS
se apresentam como espaos
atraentes para que pases menos
poderosos possam deixar de mimetizar
as demandas de atorestradicionalmente mais fortes, como os
Estados Unidos e Inglaterra, e
escolherem caminhos mais
convergentes com sua prpria
realidade de pases em
desenvolvimento (RAMAMURTI e
SINGH, 2009).
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Esse novo contexto deprotagonismo dos BRICS no cenrio
internacional se concretiza devido ao
poder regional que exercem e ao fato
das economias desenvolvidas
encontrarem-se em situaes de crises
extremas, no tendo condio de
sozinhas, lidarem com as contradies
cclicas do sistema capitalista. No
entanto, h ainda dois fatores que se
sobrepem aos apontados acima: a
pujana do crescimento econmico,
que acompanha a curva do
crescimento desenvolvimento de seus
territrios urbanos (figura 2); e o
quadro de articulao de interesses
entre os poderes nacionais, regionais e
municipais, que fortalecem tanto osEstados quando as cidades-BRICS.
Assim, as cidades-BRICS, ainda que
tenham de lidar com dilemas oriundos
de sua condio como megacidades,
passam a se constituir como pontos
nodais importantes e essenciais para
as redes de cidades globais, que
comandam e gerenciam a
globalizao.
Essa especificidade das
cidades-BRICS advm da existncia
de uma trplice agenda comum
maioria das cidades e redes de
cidades dos pases BRICS, que
possibilita, ao mesmo tempo, os altos
ndices de mobilidade social,
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qualificao profissional, melhoria da
qualidade de vida e,
consequentemente, a projeo dos
BRICS como atores fundamentais para
a sobrevivncia do capitalismo global.
Essa tripla agenda diz respeito :
1- A agenda da atratividade de
capital, que se relaciona diretamente
com a quantidade de megaeventos que
os pases BRICS vm recebendo na
ltima dcada, e com processos de
city-marketing;
2- A agenda da mobilidade social,
que remete a processos de
gentrificao e de qualificao
profissional;
3- E a agenda do direito cidade,
sustentada pela constante presso dos
pobres e precarizados que migram
para territrios urbanos em busca de
melhores condies de vida.
A agenda a atratividade de
capital se pauta na nova diviso
internacional do trabalho e na
acumulao flexvel de capital, queaprofundam a reestruturao do
sistema capitalista. Sua traduo no
plano da vida urbana exige uma
gigantesca reestruturao espacial,
que visa adequao do espao
urbano ao paradigma de governana
neoliberal, a partir da insero da
racionalidade administrativa privada no
exerccio do poder estatal (HARVEY,
2008). A noo de governana indica
que o pblico e o privado caminham
juntos na constituio de
transformaes que aumentem a
intensidade do fluxo de capital que
atravessa o territrio urbano.
Por isso, um recorte especfico e
uma caracterstica destacada das
cidades-BRICS que a operao de
transferncia realizada pelas
administraes locais para foras do
capital privado, como ocorreu em Nova
Iorque, agora sintetizada em um
modelo de gesto pblica estratgica
baseada no city-marketing.
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O fato que o city-marketing se
tornou um objetivo e um compromisso
das administraes locais,
transformando os governantes
municipais em agentes de uma
construo imagtica, incentivadores e
articuladoras de novas redes de
negcios. Alm disso, cria na esfera da
opinio e da sociedade civil, incluindo a
universidade, uma vasta rede de apoio
e sustentao para a produo de um
consenso urbano, que sustenta a
conveno capitalista e orienta a
dinmica da acumulao a partir da
legitimao do uso do recurso pblico
para construir gigantescas
infraestruturas e assegurar as
dinmicas jurdicas adequadas para o
capitalismo global.
A agenda de promoo de
megaeventos se inscreve nesse
contexto de esforos por maior atrao
de investimentos. Pois, por se
tratarem, como os Jogos Olmpicos ou
a Rio+20, de eventos que mobilizam
um gigantesco fluxo de pessoas de
diversas regies do globo para uma
mesma cidade, demanda uma
preparao de infraestruturas que se
constitui como oportunidades de
investimento concretas.
Nas ltimas dcadas, os pases
BRICS vm apresentando altas taxas
de crescimento econmico (figura 3) e
de incremento da classe mdia (figura
4), que sustenta o fenmeno de
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gentrificao. Gregory et al. (2009)
definem gentrificaocomo:
Middle-Class settlement in renovated
or redeveloped properties in older,
inner-city districts formerly occupied
by a lower-income population. The
process was first named by Ruth
Glass, as she observed the arrival of
the gentry and the accompanying
social transition of several districts incentral London in the early 1960s. A
decade later, broader recognition of
gentrification followed in large cities
such as London, San Francisco,
New York, Boston, Toronto and
Sydney undergoing occupational
transition from an industrial to a
post industrial economy. But more
recently gentrification has been
identified more widely in Southern
and Eastern Europe and also in
some major centres in Asia and
Latin America. (GREGORY e ET
AL., 2009, p. 273)
Esse cenrio indica um
processo em curso de mobilidadesocial, que variveis, pelo aumento do
poder aquisitivo de sua populao
(figura 5). O rpido crescimento
econmico e demogrfico de Brasil,
China e ndia, por exemplo, devero
dar origem a uma classe mdia de
propores gigantescas concentradas
nos territrios urbanos (figura 6).
Na sociedade gentrificada, o
mundo do automvel, do espetculo,
do entretenimento industrializado e do
consumo de bens durveis se amplia a
partir da expanso dos sistemas de
crdito e das polticas
desenvolvimentistas que propiciam que
um nmero cada vez maior de pessoas
se insira numa verso atualizada da
vida moderna.
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No entanto, mobilidade social
no se limita somente ao aumento do
poder aquisitivo e ao incremento da
classe mdia. Diz respeito, tambm, ao
aumento de condies de qualificao
profissional, que possibilitam que
funes baseadas em inovaes
tecnolgicas, com empregos mais
especializados e complexos, possam
ser exercidas, melhorando sua posio
na diviso internacional da produo.
Exemplo disso so os investimentos
indianos na construo de centros de
produo tecnolgica, como a Hi-Tech
City na regio de Hyderabad, assim
como o distrito de Kunshan, em
Shanghai, na China, ou a rede de
instituies de pesquisa em inovao
tecnolgica na extrao de petrleo no
Rio de Janeiro, Brasil, que permite que
a cidade no seja somente produtora
de petrleo, mas sim da tecnologia
para extra-lo.
J a agenda do direito cidade
(LEFREBVRE, 2001) se constri na
afirmao de programas que visam
transformar todos os lugares em
centro, dotados de polticas pblicas,
infraestruturas e qualidade de vida
para uma quantidade cada vez maior
da populao. Dessa forma, a
precarizao e a informalizao,
caractersticas das megacidades que
atravessam as cidades-BRICS, se
constituem como alvos de um amplo
conjunto de transformaes voltadaspara o territrio das periferias e favelas
por meio da construo de moradias
populares, da urbanizao planejada e
inclusiva e de estratgias que visam
aumentar o crdito popular.
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O incremento da migrao para
os territrios urbanos aumenta a
quantidade de conflitos urbanos por
territrio, por direitos civis e por
melhores condies de vida. Esse
cenrio pressiona os poderes
municipais, regionais e nacionais para
que a agenda da atratividade de capital
seja tambm voltada para o desafio de
superar quadros sociais de
desigualdade, precarizao e
informalizao. Dessa forma, a agenda
da mobilidade social converge com a
do direito cidade completando um
quadro de reduo da pobreza e
melhora da qualidade de vida que no
se mede somente pelo crescimento do
poder de compra ou do acesso ao
crdito, mas tambm pela diminuio
das desigualdades e assimetrias no
territrio urbano.
Assim, a partir dessa trplice
agenda podemos apontar algumas
caractersticas fundamentais das
cidades-BRICS, so elas:
1- desenvolvimento urbano
recente, em curso acelerado e de alta
complexidade, que geram problemas
sociais e disponibilidade de fora de
trabalho barata;
2- concentrao de setores de
modernizao empresarial e
tecnolgica em escala razovel, o que
situa as cidades-BRICS como centros
gerenciais capazes de disputar o
protagonismo da globalizao com
cidades globaistradicionais;
3- economia dirigida, planejada ou
com forte interveno do Estado, fruto
de articulao de interesses, o que, de
certa forma, as separa da noo de
megacidades;
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4- promoo de atratividade a
partir do aquecimento das atividades
culturais, esportivas e de gerao de
inovao cientfica e tecnolgica;
5- adotam polticas de atrao de
novos capitais para transformao
urbana em alta escala a partir da
parceria pblico/privada;
6- so centros regionais
fundamentais para a projeo dos
interesses e aspiraes nacionais no
cenrio internacional.
7. Concluso
Uma espcie de processo
paradoxal colocou os BRICS no centroda cena global. Nascido como um
acrnimo deu vida a uma metfora que
serve para novos arranjos econmicos
e polticos, gerando efeitos em cadeia
e tornando vivel a possibilidade de
novas relaes de fora e de um novo
status quo na globalizao. No centro
desse processo esto as cidades-
BRICS, que sustentam as aspiraes e
necessidades de seus pases ao se
constiturem como plos de atrao de
investimentos e como espaos
concretos para a aplicao de polticas
pblicas. Alm disso, devido ao fato de
converterem riscos em oportunidade e
de demandarem estratgias
compartilhadas para sanarem suas
precariedades e melhorar suas
estruturas urbanas, as cidades-BRICS
constituem-se como arenas propcias
para dilogos e cooperao
internacional.
O fato de serem as cidades-
BRICS as atuais grandes receptoras
de capital de todo o globo, o que as
permite sustentar altas taxas de
crescimento econmico, como
demonstra o (figura 7), as fortalece
tanto poltica quanto economicamente.
Assim, concluiremos esse Policy Brief
argumentando que as cidades-BRICS
consolidam um cenrio propcio para a
gerao de compromissos polticos e
estratgias de desenvolvimento
compartilhadas que permitem aos
governos nacionais dos cinco pasesBRICS aprofundarem suas relaes, e,
dessa forma, consolidar os BRICS
como um bloco coeso.
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Ainda que se constituam cada
vez mais como espaos concretos e
necessrios para a realizao da
globalizao, as cidades-BRICS
apresentam problemas estruturais que
comprometem a qualidade de vida de
boa parte de sua populao. Por essa
razo, h fortes demandas por
investimentos e polticas pblicas que
diminuam a precarizao das
infraestruturas urbanas e possibilitem
que mobilidade social no reflita
somente o aumento de poder
aquisitivo, mas tambm a melhoria das
condies de vida cotidiana de um
nmero cada vez maior da populao.
Nesse contexto, polticas de
urbanizao de favelas e periferias,
projetos culturais e a necessidade de
aumentar a oferta de trabalho e
aperfeioar a infraestrutura urbana,
entre outros fatores, oferecem
condies reais de articulao e
cooperao institucional centrado nas
potencialidades e necessidades
urbanas.
Iniciativas como essa
constroem cenrios de cooperao
internacional a partir de objetivos
comuns de qualificao extensiva de
mo-de-obra, de gerao de postos de
trabalho nos territrios urbanos e de
inovaes tecnolgicas que permitam a
melhoria das infraestruturas de
mobilidade, saneamento, moradia e
conectividade nas cidades. Tais
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objetivos aproximam as capacidades,
potencialidades e experincias das
cidades estabelecendo, portanto, um
cenrio propcio ao dilogo entre
autoridades municipais que
complementa e expande as instncias
de dilogo e debate entre autoridades
nacionais.
J existem iniciativas por parte
dos governos dos BRICS que
demonstram a importncia que as
cidades-BRICS desempenham na
construo dos BRICS como um bloco.
Nos dias 2-3 de dezembro de 2011,
representantes dos cinco pases
BRICS se reuniram na cidade de
Sanya, Provncia de Hainan, China,
com o objetivo de estabelecer
colaboraes de nvel local para
promover o desenvolvimento comum e
enfrentar os desafios da urbanizao.
O I Frum de Cooperao de Cidades
Irms e Governos Locais dos BRICS
representou a consolidao do
compromisso estabelecido j na IIICpula dos BRICS, realizada em abril
de 2011, tambm em Sanya, e visa se
estabelecer como um mecanismo de
apoio s Reunies de Lderes dos
BRICS, realizando encontros anuais.
Iniciativas como o Frum de
Cidades Irms, deixa claro que a
resoluo das precariedades urbanas terreno frtil para a construo de
processos de aproximao entre os
BRICS. No momento atual do longo
processo de desenvolvimento dos
BRICS, as cidades e redes de cidades
convertem riscos em oportunidades,
tanto pela sua capacidade de
concentrar investimentos e, assim,
gerar mais postos de trabalho e
aquecer o mercado interno, quanto
pela sua potencialidade de projetar
internacionalmente os interesses
nacionais e estabelecer arenas de
cooperao e coeso entre os cinco
pases.
Por essa razo, conclumos
esse texto argumentando que as
cidades-BRICS apresentam-se como
vetores de transformao dos
protagonismos da globalizao ao
mesmo tempo em que abrem o
caminho para que os BRICS exeram
protagonismo de forma coesa e
articulada.
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