ciclos de desenvolvimento humano e formação de educadores

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CICLOS DE DESENVOLVIMENTO HUMANO E FORMAÇÃO DE EDUCADORESArtigo de Miguel G. ArroyoPor Simone Marta N. da SilvaGraduanda do curso de Pedagogia da UERJ

RESUMO:

Os ciclos não são mais uma proposta isolada de algumas escolas e foram legitimados pela LDB.

Que tipo de profissional está sendo formado nessa modalidade de organização?

A REFLEXÃO ESTÁ ESTRUTURADA EM DUAS PARTES:

Reflete sobre o caráter formador do repensar das concepções e práticas de formação que acontecem na formação dos ciclos.

Reflete sobre as virtualidades formadoras de todo processo de desconstrução de uma estrutura centrada nas Temporalidades ou Ciclos do Desenvolvimento Humano.

Primeira: Segunda:

A organização da escola em ciclos está se tornando uma realidade em numerosas redes municipais e estaduais.

Muitas pessoas (professores, dirigentes, técnicos) estão empenhados na sua implementação.

Art. 23 da LDB: legitima essa modalidade de organização da educação básica.

Objetivo: Organizar os processos educativos.

Mas por que tanta tensão e curiosidade?

Algumas questões que baseiam esses sentimentos são:

A desconstrução da organização seriada a que todos estão acostumados ameaçam a auto-imagem dos professores;

O tipo de profissional que está sendo requerido;O tipo de profissional que está se formando nessa

modalidade.

QUESTIONANDO A CONCEPÇÃO PRECEDENTE DE FORMAÇÃO

QUESTIONANDO A QUESTÃO PRECEDENTE DE FORMAÇÃO A visão tradicional considera a qualificação de

profissionais como um pré-requisito ou uma precondição à implantação de mudanças na escola.

Polariza-se assim a vida em dois tempos:Teoria x Prática;Pensar x Fazer;Aprender x Fazer;Formação x Ação-intervenção;Trabalho intelectual x Trabalho manual Polariza-se e separa-se:Minorias pensantes x Maiorias ativas

A concepção tradicional faz com que a educação sirva apenas para treinar competências válidas de acordo com o mercado de trabalho, condicionando o profissional, além da apenas transmissão de informações.

Entendendo essa concepção, podemos não segui-la e sim superá-la.

COMO DEFINIR O PAPEL DO EDUCADOR?

COMO DEFINIR O PAPEL DO EDUCADOR? Seguindo nossa tradição, deveríamos esperar que toda

inovação deveria ser decretada, tutelada, regulamentada, autorizada.

Mas, não se implantarão propostas inovadoras, seguindo o que foi dito acima, listando o que queremos inovar, as competências que os educadores devem aprender e montando cursos de treinamento para formá-los.

Dessa forma, essas medidas, são pautadas na racionalidade técnica e na lógica dedutiva.

Assim, cabe aos educadores, repensarem seus papéis sociais e modificarem suas práticas, diante do que determina a legislação e as condições que lhe são oferecidas.

O PERMANENTE NO OFÍCIO DE MESTRE

O PERMANENTE NO OFÍCIO DE MESTRE Segundo Arroyo, as propostas que ele acompanha, não

seguem a lógica tradicional, mas pretende superá-la.

Já que, o ofício do mestre, do educador:

É impregnada de dimensões definidas socialmente;Se conformou ao longo da história, onde cada educador

dificilmente consegue fugir de estilos, práticas, identidades, que tem uma longa história;

É anterior à escola e nela se reproduz;Herdou saberes e técnicas antigos.

Onde é necessário um novo olhar para superar essa visão tradicional.

Pois, na prática educativa socializamos os aprendizados que adquirimos nessa pluralidade de vivências sociais e culturais.

E, organizando os processos educativos em Ciclos de Desenvolvimento Humano ou tendo como princípio o desenvolvimento humano, nos coloca ou recoloca na dimensão do fazer educativo, do ofício de educadores.

É o professor reflexivo. Segundo Schön (1992), o educador precisa de “reflexão na ação”. É o desafio de encontrar formas de ação que exprimem as aspirações verdadeiramente educativas.

CONCEPÇÕES DE CICLO QUE DEFORMAM

CONCEPÇÕES DE CICLO QUE DEFORMAM

Estão sendo implantados ciclos que não passam de amontoados de séries, ciclos de progressão continuada, ciclos de competência, de alfabetização.

Na maioria dessas propostas, a lógica seriada não é alterada, por vezes é reforçada e apenas o fluxo escolar pode ser amenizado com mecanismos de reprovação, de aceleração ou de adiamento da retenção.

Em que o perfil de professor muda nessas concepções de ciclo: elas formam ou deformam?

Há uma correspondência entre a lógica estruturante dos sistemas escolares, a concepção da prática de educação básica, o perfil de professor e as ênfases em sua formação.

Mas nas últimas décadas pouco se mudou com relação ao perfil do professor e as propostas de sua formação.

Podemos então supor que pouco vão mudar, apenas trocando série por ciclo.

Pois, se a concepção de educação básica e a lógica estruturante dos sistemas escolares não são alteradas, consequentemente o perfil do professor e as ênfases de sua formação serão praticamente as mesmas, com pequenos retoques em um treinamento precedente.

Esses retoques são mais nominais do que reais. O que significa um retrocesso.

A agregação do antigo primário (1ª a 4ª) em 1° ciclo e do antigo ginásio (5ª a 8ª) em 2° ciclo tem uma motivação administrativa: municipalizar o antigo primário.

Suspeita-se que a estrutura em ciclos termine por reduzir o direito popular à educação fundamental apenas a quatro séries, o dito 1° ciclo.

A concepção oficial é que a implantação de ciclos (amontoados de séries) seria para:

Acabar com a retenção;Acelerar o fluxo;Acabar com a defasagem idade-série. Essa visão de ciclos em nada mexe com as velhas

concepções de educação e de seu profissional, antes as reforça e as desqualifica.

Dessa forma, sem mudar o papel da escola e de seus profissionais, sem acrescentar nada novo a sua qualificação e apenas dando retoques na velha lógica seriada, estamos apenas ocultando e adiando os problemas crônicos.

Essa concepção de ciclo pode estar deformando e não formando um novo perfil de educador.

REQUALIFICANDO DIMENSÕES PERMANENTES DE NOSSO OFÍCIO

REQUALIFICANDO DIMENSÕES PERMANENTES DE NOSSO OFÍCIO

Que concepção de ciclos deve orientar a nova organização?

É uma procura nada fácil, de organizar o trabalho, os tempos espaços, os saberes, as experiências de socialização, respeitando as temporalidades do desenvolvimento humano.

Mas é assim que formam-se os Ciclos de Formação ou de Desenvolvimento Humano.

Procura-se superar a lógica seriada. Procura-se uma nova lógica estruturante.

É a preocupação em recuperar e repensar a concepção e a prática da educação básica.

Já que é a educação básica que inspira currículos, a didática, a organização escolar.

Com sua mudança, temos como consequência:A organização por ciclos;O perfil do educador e sua formação.

A concepção de organização da escola em ciclos vai depender da concepção da educação básica que nos orienta.

A LDB reforça essa ideia, recolocando a educação nos processos de desenvolvimento e formação humana e propõe uma nova organização da escola para dar conta das especificidades de cada tempo-ciclo de desenvolvimento dos educandos.

Assim, questiona-se a teoria e a prática.

São essas questões que requalificam o sentido do ofício de mestres.

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