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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ
FACULDADE CEARENSE
CURSO DE TURISMO
THAMIRYS LIMA BARBOSA
PAINÉIS COLONIAIS DA IGREJA MATRIZ DE SÃO JOSÉ DE RIBAMAR:
REPRESENTAÇÃO TURÍSTICA CULTURAL E RELIGIOSA
FORTALEZA
2013
THAMIRYS LIMA BARBOSA
PAINÉIS COLONIAIS DA IGREJA MATRIZ DE SÃO JOSÉ DE RIBAMAR:
REPRESENTAÇÃO TURÍSTICA CULTURAL E RELIGIOSA
Monografia submetida à aprovação da Coordenação do Curso de Turismo do Centro Superior do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Graduação.
FORTALEZA
2013
Bibliotecário Marksuel Mariz de Lima CRB-3/1274
B238p Barbosa, Thamirys Lima
Painéis coloniais da igreja matriz de São José de Ribamar:
representação turística, cultural e religiosa / Thamirys Lima
Barbosa. Fortaleza – 2013.
47f. Il. Orientador: Profª. Esp. Paula Roberta de Oliveira Leite.
Trabalho de Conclusão de curso (graduação) – Faculdade
Cearense, Curso de Turismo, 2013.
1. Turismo cultural. 2. Religiosidade - painéis. 3. São José
de Ribamar. I. Leite, Paula Roberta de Oliveira. II. Título
CDU 338.48
THAMIRYS LIMA BARBOSA
PAINÉIS COLONIAIS DA IGREJA MATRIZ DE SÃO JOSÉ DE RIBAMAR:
REPRESENTAÇÃO TURÍSTICA CULTURAL E RELIGIOSA
Monografia como pré-requisito para obtenção do título de bacharelado em Turismo, outorgado pela Faculdade Cearense – Fac, tendo sido aprovada pela banca examinadora composta pelos professores.
Data da aprovação: ____/_____/______
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
Professora Esp. Paula Roberta de Oliveira Leite
__________________________________________________
Professora Me. Ariane Queiroz Souza
__________________________________________________
Professor Esp. Mansueto da Silva Brilhante
À minha Mãe Maria de Fatima.
À minha irmã Fabiene Oliveira.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar a Deus, que me deu força para lutar pelos meus objetivos.
A minha Mãe Maria de Fatima,e a minha irmã Fabiene, que me proporcionaram de várias
formas a oportunidade de estudar.
À minha orientadora, Professora Paula Leite, que me cobrou e me ajudou a realizar o
sonho de ser uma graduada.
A William Ladislau, que me compreendeu e me motivou em todos os momentos.
Aos meus colegas de faculdade, que me ajudaram a desenvolver este trabalho.
“Deus não tem religião”.
(Mahatma Gandhi)
RESUMO
O Turismo Cultural e Religioso estão interligados quanto as suas características e
práticas, um completando o outro. Então, no momento em que se analisa o
desenvolvimento destes em uma localidade específica, verifica-se, também, todo um
contexto englobando a população local e seus costumes. Este estudo primeiramente irá
apresentar a visão geral sobre esses dois tipos de Turismo, com afirmações de diversos
autores e análises feitas dentro de uma localidade escolhida que será Aquiraz através de
uma pesquisa bibliográfica. Após esse início, o trabalho expõe os dados históricos de
Aquiraz, da Igreja Matriz de São José de Ribamar e, do objeto de estudo, os painéis
coloniais localizados no forro da Igreja. O objetivo em questão será a análise do nível de
conhecimento dos moradores com relação aos Painéis. A metodologia aplicada para a
obtenção dessas informações foi o Estudo de caso nos arredores da Igreja Matriz com os
moradores da cidade. Neste, foi traçado um perfil dos entrevistados quanto ao sexo, às
atividades exercidas, á idade, dentre outros. As outras perguntas eram sobre os painéis,
com elas, foi detectado com este estudo que uma grande maioria da população de
Aquiraz não tinha conhecimento sobre os mesmos e se tinham, não sabiam o que
representavam. Detectou-se, também, a falta de conhecimento das próprias pessoas que
trabalham com o Turismo na cidade, além de pouco investimento nessa área e
principalmente a qualificação das mesmas. Diante dos fatos apresentados, afirma-se que
o Turismo tem grande importância na cidade de Aquiraz e propõe-se um planejamento
quanto à prática desta atividade com uma melhor desenvoltura, para que, assim, ações
como a reforma que está acontecendo neste ano sejam constantes e a valorização destes
patrimônios se encaixem nos hábitos da população e na conscientização do visitante.
Palavras-chave: Turismo Cultura Religiosidade Painéis.
ABSTRACT
The Cultural and Religious Tourism are intertwined as their characteristics and practices,
one complementing the other. So, when it examines the development of these in a specific
location there is also an entire context encompassing the locals and their customs. This
study will first present the overview of these two types of tourism, with statements from
various authors and analyzes within a locality chosen to be Aquiraz through a literature
search. After this beginning, the work exposes the historical data of Aquiraz, the Church of
St. Joseph of Ribamar and object of study, Panels colonial located in the lining of the
Church. The object in question is the analysis of the level of knowledge of residents
regarding the panels. The methodology used to obtain this information was the case study
around the Church with the townspeople. This was drawn a profile of respondents by
gender, activities performed, age, among others. And other questions were on the panels,
which was detected with this study that a large majority of the population of Aquiraz had
not known about them, and if they had, they knew what they represented. It was also
detected lack of knowledge of the very people who work with the tourism in the city, and
little investment in this area and especially the qualification of the same. Given the facts
presented, it is stated that tourism is of great importance in the city of Aquiraz and
proposes a plan and the practice of this activity with greater ease, so that actions like
reform that is happening this year, and are constant valuation of these assets fit into the
habits of the population and awareness of the visitor.
Keywords: Tourism Culture Religion Panels.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 Basílica Menor/Aparecida do Norte SP ..................................................... 19
FIGURA 2 Hospício dos Jesuítas/ Aquiraz ................................................................. 22
FIGURA 3 Mapa de localização/ Aquiraz ................................................................... 23
FIGURA 4 São José de Ribamar ............................................................................... 24
FIGURA 5 Igreja São José de Ribamar, foto recente da Matriz ................................ 26
FIGURA 6 Reforma da Igreja Matriz .......................................................................... 26
FIGURA 7 Teto da Igreja Matriz/ Painéis Coloniais ................................................... 28
FIGURA 8 Casamento de Maria e José ..................................................................... 29
FIGURA 9 Sonho de José e Visita a Isabel ............................................................... 30
FIGURA 10 O nascimento de Jesus .......................................................................... 30
FIGURA 11 A Circuncisão .......................................................................................... 31
FIGURA 12 A Visita dos Magos ................................................................................. 32
FIGURA 13 Apresentação no Templo ....................................................................... 33
FIGURA 14 A fuga para o Egito ................................................................................. 33
FIGURA 15 Jesus aos doze anos .............................................................................. 34
FIGURA 16 O Lar de José ......................................................................................... 35
FIGURA 17 Vida em Família ..................................................................................... 35
FIGURA 18 A despedida de José ............................................................................. 36
FIGURA 19 Local onde foi aplicado o Estudo de caso ............................................. 39
FIGURA 20Gráfico sobre sexo dos entrevistados ................................................... 39
FIGURA 21 Gráfico sobre a Faixa Etária ................................................................. 40
FIGURA 23 Gráfico Morador de Aquiraz ................................................................. 42
FIGURA 24 Gráfico Atividades ................................................................................ 43
FIGURA 25 Gráfico Conhecimento sobre os Painéis .............................................. 44
FIGURA 26 Gráfico Representatividade dos Painéis .............................................. 45
FIGURA 27 Gráfico Sabe quem pintou os Painéis? ................................................ 46
FIGURA 28 Gráfico Importância Cultural dos Painéis ............................................. 47
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 11
2TURISMO: EVOLUÇÃO E CONCEITOS........................................................ 13
2.1 Turismo Cultural ......................................................................................... 16
2.2 Turismo Religioso...................................................................................... 18
3. IGREJA MATRIZ DE SÃO JOSÉ DE RIBAMAR.......................................... 19
3.1 Município de Aquiraz .................................................................................. 20
3.2 Histórico de São José de Ribamar ............................................................ 22
3.2.1 Igreja de São José de Ribamar............................................................... 24
3.3 Interior da Igreja Matriz: PainéisColoniais .............................................. 25
4PESQUISA ..................................................................................................... 34
4.1 Estudo de Caso .......................................................................................... 35
4.2 Análise dos Dados ...................................................................................... 42
5CONCLUSÃO .................................................................................................. 44
REFERÊNCIAS.................................................................................................. 46
APÊNDICE......................................................................................................... 47
11
1 INTRODUÇÃO
A atividade turística representa, dentro do segmento econômico, uma das mais
rentáveis do mundo, gerando renda, emprego e desenvolvimento para a localidade que a
pratica. Afirma-se, então, que seu crescimento tornou-se de certa forma esperado.
O Turismo configura-se em vários tipos, com características específicas que
identificam tanto o que irá ser praticado quanto a localidade que o representa. Turismo de
Negócios, de Aventura, de Saúde, de Sol e Praia, todos esses possuem valores e razões
para serem praticados, movimentam um mercado de grande influência e fazem parte da
identidade da comunidade local.
Neste trabalho acadêmico será abordado especificamente dois tipos de
Turismo, o Religioso e o Cultural, relacionados a um objeto de estudo que será os Painéis
da Igreja Matriz de São José de Ribamar. Estes tipos de Turismo se relacionam dentro
dos aspectos históricos no município envolvido, no caso Aquiraz, e ainda criam a
identidade física e cultural da cidade, estimulando a mesma a priorizar a sustentabilidade
dos bens para que o Turismo seja sempre praticado e desenvolvido.
A religiosidade está diretamente relacionada à cultura, o desenvolvimento de
uma precede a outra, pois o motivo „fé‟ é considerado um aspecto que atrai pessoas, por
isso cria-se uma identificação com o local onde esta é praticada, daí a relação com a
cultura. Fazendo esta análise com o objeto de estudo deste trabalho, a Igreja Matriz de
São José de Ribamar demanda o Turismo Religioso é uma das mais tradicionais da
região, mas também é considerada um atrativo do Turismo cultural, pois sua estrutura
física foi construída no século XVIII. Então, os dois tipos de Turismo então relacionados,
pois os dois atraem pessoas e também são fixados como características da cidade.
Diante da relação citada no parágrafo anterior, o motivo da realização deste
trabalho primeiramente está relacionado com a necessidade de identificação do Turismo
(Religioso/Cultural) na localidade. Diante dessa identificação, outro ponto a ser analisado
será a representatividade da Igreja Matriz de São José de Ribamar e sua importância
dentro do contexto turístico, justificando-se então, a composição deste trabalho.
O objetivo geral será a relação do Turismo Religioso e Cultural com a Igreja
Matriz de São José de Ribamar, expondo seus aspectos históricos e ainda seu trajeto até
tal patamar de representatividade no contexto turístico. Em linhas específicas, objetiva-se
12
explanar a ligação deste atrativo com os moradores, verificando sua importância.
Objetiva-se ainda explorar o lado interno da Igreja mencionada, dando valia aos painéis
encontrados dentro da mesma, com a intenção de detectar o conhecimento dos
moradores para com estes painéis.
Em atrativos turísticos muito conhecidos, sugere-se a indagação se os
moradores da localidade estudada são de fato conhecedores destes atrativos. No caso
deste trabalho acadêmico, eles reconhecem a importância dos painéis do interior da Igreja
São José de Ribamar e o que os mesmos representam? Para a exposição das respostas
complementares a esta problemática, será feito, além da pesquisa bibliográfica, o estudo
de caso. Neste último um questionário aplicado na comunidade será base para se traçar
um perfil dos moradores e de seu conhecimento sobre os painéis da Igreja. Subtende-se
que, como os painéis e a Igreja representam um importante ponto histórico da cidade de
Aquiraz, a população saiba o que os representa, ou seja, conheçam a história tanto da
Igreja quanto dos painéis.
O trabalho apresentado será composto de quatro capítulos. No primeiro,
expõe-se uma introdução do tema a ser discutido e seus segmentos. Logo em seguida,
no segundo, conceitua-se Turismo e os dois principais tipos relacionados ao objeto de
estudo que são: Turismo Cultural e Religioso. No capitulo três é posta em análise a Igreja
de São José de Ribamar em Aquiraz, Ceará, juntamente com seus aspectos históricos,
localização e ainda aplicada a metodologia em cima dos painéis localizados em seu
interior, sendo seguido de uma análise dos dados obtidos através da mesma, estas
informações serão expostas no capítulo seguinte (quatro). Finalizando sua composição, a
conclusão deste estudo e suas referências bibliográficas.
13
2TURISMO: EVOLUÇÃO E CONCEITOS
O surgimento do Turismo como atividade econômica teve início na Idade
Antiga, a prática desta atividade seria a demanda de deslocamentos vindos através dos
Jogos Olímpicos. Esse evento, que acontecia de quatro em quatro anos, atraia não só
atletas, mas também um fluxo muito grande de espectadores, e foi a principal motivação
para que as pessoas desta época se deslocassem em busca de entretenimento e lazer.
Os jogos em Olímpia não movimentavam apenas a cidade, mas todo seu entorno, que, na
época dos jogos, criava pontos de alojamento e alimentação para servir os visitantes.
Após este início, a prática do Turismo ganhou cada vez mais adeptos durante o Império
Romano, surgindo, assim, novas motivações para deslocamentos como: busca de águas
termais, teatro, dentre outros. Com a queda do Império Romano e a destruição das vias
de acesso à cidade através das guerras acontecidas, ficou cada vez mais difícil manter
tanto o progresso do comércio quanto a prática da atividade do Turismo, deu-se vazão,
então, ao fim deste período inicial do Turismo. ¹
Na Idade Média, o Turismo ressurgiu novamente através das peregrinações até
Jerusalém. Em meio a estas motivações religiosas, o peregrino francês AymericPicaud
elaborou o que foi considerado o primeiro roteiro turístico impresso. ²
A partir de 1282, inicia-se o intercâmbio de professores e alunos entre as
universidades europeias. Estas foram viagens não oficiais em que jovens, acompanhados
de seus professores, iam a outros países para conhecer costumes, hábitos e idioma.
Marcaram essa época pelo fato de serem realizadas por pessoas de classes sociais
privilegiadas e eram consideradas um tour de aventura e lazer.³
O termo “Tour”, conforme Barreto (1995, p.43),“significa viagens de ida e
volta”.Esta afirmação de Barreto se encaixa no momento da história do Turismo citado no
parágrafo anterior, quando uma das várias motivações de deslocamento seria o
conhecimento.
¹Refer: www.meguiabrasil.com/historiadoturismo.php
²Refer: www.meguiabrasil.com/historiadoturismo.php
³Refer: http://busca.unisul.br/pdf/88287_Victor.pdf
14
Outro ponto marcante da Idade moderna seria a realização das grandes
navegações com intuitos comerciais, mas que não deixavam de serem consideradas
práticas do Turismo pelo contato que estas pessoas tinham com outras e também por
consequência de vastos deslocamentos. Nesta época também surgiram os hotéis para
atender a demanda de viajantes.¹
No século XVII, surgiu a necessidade de melhorias nas vias de acesso e nos
transportes por conta do grande interesse das pessoas de se viajar. Inovações
tecnológicas tornaram os meios de deslocamento mais rápido e moderno, permitindo as
pessoas atravessar grandes distâncias antes só alcançadas com muitos dias de viagens.²
Neste momento, Barreto (1995, p. 50) afirma que: “John Palmer introduziu a
diligência para transporte rápido de correspondência e, juntamente com as cartas,
começou a levar passageiros”. De acordo com Dias (2005, pág. 34) não foram só estes
avanços tecnológicos que contribuíram para os acontecimentos do século XIX, houve
também a descoberta do vapor como fonte de energia, que permitiu o deslocamento de
grandes quantidades de pessoas.
Para Dias (2005, p. 35) Thomas Cook foi quem praticamente iniciou a época
moderna do turismo, utilizando o meio de transporte que foi inventado após a Revolução
Industrial e que foi considerado o transporte mais seguro e confortável da época, o trem.
Com isso, Dias (2005, p. 35) diz que:
A mais significativa contribuição do Cook foi organizar uma viagem com um pacote de serviços incluídos, com transporte, acomodação e atividades no local de destino, procedimento que passou a ser copiado em todo o mundo.
A viagem organizada por Thomas Cook foi um grande, se não o mais
importante marco para o desenvolvimento do Turismo como atividade. Nesta, o viajante
não precisava se preocupar com acomodação e transporte, pois no pacote contratado
todos esses pontos eram incluídos. Deu-se então, o nascimento do pacote turístico,
modelo analisado e moldado de acordo com o interesse da pessoa que irá pagar por ele.
¹Refer: www.meguiabrasil.com/historiadoturismo.php
²Refer: www.meguiabrasil.com/historiadoturismo.php
15
Nos anos seguintes a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), surgiram pontos
marcantes na prática da atividade que influenciam até hoje os diversos segmentos do
Turismo: as transformações nos meios de hospedagem com inovações e credibilidade
nos serviços oferecidos; a existências de operadoras turísticas; a evolução dos
transportes com o surgimento da aviação comercial; o forte crescimento das indústrias; e
o nascimento da internet, que chegou para atender uma necessidade essencial dentro do
meio: a comunicação. ¹
Segundo Moesch (apudGastal/Castrogiovanni 2003, p.33), no Brasil o Turismo
como fenômeno social começou após o ano de 1920 e seu surgimento esteve vinculado
ao lazer. Somente pelo ano de 1950, se torna mais popular, mas ainda praticado por
pessoas de posse. Na década de 60/70 passa a organizasse oficialmente e no ano de
1966 é criada a Embratur, Empresa Brasileira de Turismo, onde gerou espaço na
sociedade para que esta área também fosse um centro de análise acadêmica,
desencadeando a criação do curso superior de turismo.
Em um aspecto geral, a conceitualização do Turismo aparece de forma
bastante variada na visão dos autores. Um dos mais conhecidos conceitos sobre o
assunto é o da Organização Mundial de Turismo (apud DIAS, 2006, p.10) que descreve o
turismo como o setor que compreende “as atividades que praticam as pessoas durante
suas viagens e estadias em lugares diferentes ao seu entorno habitual, por um período
consecutivo inferior a um ano, com o objetivo de lazer, negócios ou outras”, seria então
uma atividade diferente do cotidiano da pessoa e em um outro local que não seja sua
moradia.
Outra definição de Turismo é explanada por Mongenroth (apud Barreto, 2003,
p.10) da seguinte forma:
Tráfego de pessoas que se afastam temporariamente do seu lugar fixo de residência para deter-se em outro local com o objetivo de satisfazer suas necessidades vitais e de cultura ou para realizar desejos de diversas índoles, unicamente como consumidores de bens econômicos e culturais.
¹Refer: http://busca.unisul.br/pdf/88287_Victor.pdf
16
É importante destacar que o uso do termo ambiente usual tem por finalidade
excluir as viagens dentro da área habitual de residência, as viagens frequentes ou
regulares entre o domicílio e o lugar de trabalho e outras viagens dentro da comunidade
com caráter de hábito. Na citação anterior o autor já cita também uma visão econômica
dentro da realidade do Turismo. Então, o Turismo moderno passa a agregar não só a
questão do lazer e do conhecimento com o contato de pessoas de localidades diferentes,
mas também o âmbito econômico, importantíssimo para „alimentar‟ o setor, fazendo do
mesmo um ciclo de renda para as pessoas envolvidas.
Em uma definição holística, JafarJafari (apud BENI, 2007, p.36) afirma que o
Turismo “é o estudo do homem longe de seu local de residência, da indústria que satisfaz
suas necessidades, e os impactos que ambos, ele e a indústria, geram sobre os
ambientes físicos, econômico e sociocultural da área receptora”. Este autor expõe a
questão da área receptora e levanta discussões sobre os impactos causados na mesma
diante da prática do Turismo.
Os elementos mais importantes de todas essas definições são o tempo de
permanência, o caráter não lucrativo da visita e, um ponto que é pouco explorado pelos
autores: a procura por prazer por parte dos turistas, ou seja, o Turismo é uma atividade
que a pessoa procura prazer por livre e espontânea vontade.
2.1Turismo Cultural
Desde antigamente até os dias atuais, a cultura continua a ser uma das
principais motivações de viagens, sendo alterado somente o estilo de visitação a atrativos
turísticos culturais. Ao afirmar isso, podemos adicionar que, de certa forma, a cultura
sempre esteve próxima à prática do Turismo, e as pessoas que o praticam são detentoras
da mesma. Os estudos desta relação foram iniciados na década de 60 pelos antropólogos
e logo desenvolvidos nos anos seguintes.
De forma conceitual, o Ministério do Turismo (2010, p.15) define Turismo
Cultural como
A compreensãodas atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos significativos do patrimôniohistórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando epromovendo os bens materiais e imateriais da cultura.
17
Na definição do Ministério do Turismo pode-se observa já a preocupação na
valorização dos bens além da relação já estabelecida de Turismo e Cultura. Os
„elementos significativos‟ citados são todos os bens que identificam uma localidade e, no
contexto turístico, atraem visitantes para a mesma.
Em uma visão mais pessoal de cultura, Barretto (2007, p. 14) faz a seguinte
afirmação
Os antecedentes para o conceito de cultura remontam ao século XVIII. Na Alemanha. O termo Kultur, proveniente da burguesia intelectual, tinha significado de cultivo, progresso pessoal rumo à perfeição espiritual. Referia-se a questões pessoais e nacionais. Estava associado ao conceito de Bildung, relacionado a educação, instrução e formação.
Esta definição a relação da cultura com o Turismo não é totalmente explanada,
pois esta é explorada de uma forma mais pessoal, ou seja, ainda não se reconhecia a
expansão do Turismo e os benefícios que o mesmo poderia agregar até mesmo a
formação pessoal de quem poderia praticá-lo na época.
Na opinião de Silberberg apud Barretto (2007, p. 84) o Turismo Cultural
teoricamente seria uma troca de benefícios entre turista e comunidades locais
O turismo cultural de acordo com a premissa teria menos efeitos negativos nos núcleos receptores, e durante um tempo seu aumento proporcional foi bem recebido. Por outro lado trata-se de pessoas que procuram um contato íntimo com a população local, respeitando seu modo de vida, sem pretender impor seu padrões; são pessoas que se adaptam com facilidade a cultura local e consomem estados de espírito em lugar de coisas materiais.
Como o autor afirma na citação, o Turismo Cultural praticado na comunidade
receptora seria uma troca de feitos que beneficiaria ambos se ocorrido de maneira
correta. Na teoria, seria um „ciclo perfeito‟, mas na prática nem sempre acontece desta
forma. Dentro deste ciclo, o uso turístico deve atuar de forma que fortaleça a cultura local,
incentivando estratégias de preservação do patrimônio em função da promoção de ser
valor econômico.
A relação entre Turismo e Cultura pode também ser explorada de duas formas:
a primeira é a motivação de pessoas em conhecer diferentes culturas e a segunda é o
uso da atividade turística como meio para valorização da identidade cultural e sua
preservação.¹
¹Refer: www.adetunorp.com.br
18
.Para a Organização Mundial do Turismo apud Barretto (2007 p. 87),
O turismo cultural inclui o conhecimento da cultura e dos ambientes culturais, compreendendo a paisagem do lugar. Nesses atributos encaixam-se sítios arqueológicos, monumentos históricos e outras manifestações artísticas do local, bem como os valores e formas de vidas, o patrimônio, as artes visuais e performáticas, as indústrias e os idiomas, as atividades cotidianas, as tradições e as formas de recreação da população local.
A definição da OMT relata que o Turismo Cultural não é uma simples visita a
determinado monumento. Para ser tido como experiência, este tipo de Turismo precisa
ser vivenciado de forma correta, ou seja, compreensível aos olhos de quem o está
praticando. Então, as informações devem ser passadas da melhor forma possível durante
a visitação, objetivando melhor vivência e conhecimento sobre o assunto abordado.
2.2 Turismo Religioso
O Turismo Religioso insere-se no contexto turístico como uma tipologia do
Turismo Cultural, que irá também determinar suas motivações de acordo com a
necessidade e vontade do turista, é caracterizado também pela prática religiosa em
eventos e espaços, sendo estes inseridos em uma atividade turística.¹
Seu histórico é citado na Idade Média, durante as peregrinações à Jerusalém,
sendo que alguns autores relatam que a motivação „fé‟ é identificada até mesmo antes
desse fato e considerada uma das primeiras a levar as pessoas a se deslocarem. Na Era
Cristã, os fiéis começaram a cultivar o hábito de viagens de caráter religioso a mosteiros e
conventos da Síria, do Egito e de Belém, a fim de encontrar-se com pessoas religiosas e
pedir-lhes orações, bênçãos e curas. Também foi o início da longa série de visitas a
igrejas e santuários em cujos terrenos encontravam-se os restos mortais de mártires
célebres e aos locais por onde Cristo, seus apóstolos e discípulos passaram, viveram e
morreram.²
¹Refer: www.turismo.gov.br
²Refer: www.turismoreligioso.org.br
19
Este tipo de turismo normalmente possui três abordagens principais: a
abordagem espiritual, onde a maior motivação é a pratica da atividade que proporcione a
aproximação com Deus, onde o participante encara a peregrinação como parte de sua
religião; a abordagem sociológica, o turismo religioso é um meio para o participante
conhecer melhor a história do grupo a qual pertence; e a abordagem cultural, a visita a
lugares de culto e a santuários é um modo do indivíduo compreender as religiões, que
influenciam as nossas sociedades, no plano histórico, sociológico e simbólico.¹
Nos tempos atuais, o Turismo Religioso é um dos segmentos que mais cresce
no mundo, principalmente no Brasil, envolvendo toda sua economia, cultura, políticas
sociais e ambientais de um destino turístico. As principais características que denominam
este tipo de Turismo são: fazer parte do turismo cultural onde o turista adquiri novos
conhecimentos através de manifestações religiosas, arquitetura de igrejas e museus
sacros; ser um tipo de segmento que envolve um grande envolvimento de pessoas, que
se deslocam de seu local de origem para outro destino permanecendo alguns dias,
consequentemente gerando renda local ao consumirem bens e serviços.²
Nesta cidade há um planejamento bem amplo no desenvolvimento do Turismo,
pois a mesma chega a receber perto de 10 milhões de visitantes ao ano. Então, para que
o mesmo aconteça é preciso toda uma organização não só na preservação dos atrativos,
mas também nas ofertas dos serviços e produtos durante a visita. (Refer:
www.brasil.gov.br/sobre/turismo/tipos-de-turismo/turismo-religioso)
O Turismo Religioso é um segmento ainda em expansão no Brasil e sujeito a
uma maior organização e planejamento, pois há muitas cidades que tem o atrativo
religioso e praticam o Turismo há anos, mas causam diversos fatores que surgem como
consequências para a comunidade local.
No próximo capítulo serão traçadas as características do objeto de estudo
deste trabalho, a Igreja Matriz de São José de Ribamar, dentro do contexto dos dois tipos
de Turismo que a mesma está inserida, o Cultural e o Religioso.
3 IGREJA MATRIZ DE SÃO JOSÉ DE RIBAMAR
¹Refer: www.forma-te.com
²Refer:www.turismoreligioso.org.br
20
Sendo esta a primeira paróquia do estado do Ceará, fundada pelos jesuítas no
ano de 1713, a Igreja de São José de Ribamar tornou-se um atrativo de grande valor da
cidade de Aquiraz e que movimenta um intenso fluxo turístico à região.¹
O objetivo proposto neste trabalho será a análise da Igreja em questão, sua
importância dentro do âmbito turístico e, em uma visão mais aprofundada, a
representatividade de seu interior, através de um estudo de caso relacionado aos painéis
encontrados em sua área interna.
A Igreja localiza-se no município de Aquiraz, situado a27 quilômetros da cidade
de Fortaleza. Este possui influências portuguesas com casarões típicos e calçadas largas
e ainda traços barrocos e neoclássicos em sua arquitetura.²
Será exposta ainda, a história de São José de Ribamar, santo que deu nome a
Igreja e que movimenta o Turismo Religioso/Cultura do município de Aquiraz.
3.1 Município de Aquiraz
Como dito anteriormente, Aquiraz foi a primeira vila da Capitania, criada por
despacho datado de 13/02/1699 por ordem de El-Rei de Portugal. Foi criada para que El-
Rei mantivesse o controle de sua autoridade sobre as outras autoridades da época e, em
1910 a vila recebe a nomeação de São José do Ribamar do Aquiraz. Em 1713 tornou-se
definitivamente a sede municipal e por volta de 1727, recebeu os jesuítas para a
construção de um hospício para residência de dez padres da congregação, momento
esse retratado ainda no altar da Igreja Matriz.³
O Real Hospício, como era chamado, foi construído no ano de 1727 e era
utilizado também como Seminário de alunos internos para onde os moradores do Ceará e
Piauí enviavam seus filhos. (Referência: www.santoinacio.com.br) Enfim, o mesmo é
sinônimo de grande representatividade para a história do município.
A figura a seguir mostra as ruínas do hospício dos jesuítas em uma visão
interna.
¹Ref: www.identidadesdopatrimonio.blogspot.com.br
²Ref: www.defender.org.br
³Ref: www.aquiraz.ce.gov.br
21
FIGURA 2: Hospício dos Jesuítas/ Aquiraz FONTE: www.dacadeirinhadearruar.blogspot.com.br
No segmento turístico, Aquiraz é conhecido por seu amplo litoral e belezas
naturais. Estas atraem um fluxo turístico bastante elevado, sendo conhecidas como as
praias de maior beleza do litoral Cearense. O município é constituído pelas seguintes
praias: Porto das Dunas, Prainha, Iguape, Barro Preto, Batoque e Presídio. Além do
Turismo ligado à natureza, Aquiraz traz na arquitetura da cidade toda sua história
retratada em monumentos como: Casa da Câmara e Cadeia, hoje Museu Sacro São José
de Ribamar, Casa do Capitão-Mor, dentro outros.
A histórica do povo de Aquiraz e a de seus primeiros habitantes se dá através
de mistura de etnias como: os índios Potyguaras e outras tribos tupi, portugueses,
religiosos e militares que habitaram a região com o intuito de catequizar os índios e ainda
a proteção das terras contra a invasão de outros povos europeus.¹
Aquiraz está localizada a 27 quilômetros de Fortaleza e sua principal via de
acesso é a CE040. O mapa que será mostrado na figura 3 caracteriza-se como um mapa
turístico, pois o mesmo explora os principais atrativos turísticos do município de Aquiraz.
A CE040 mencionada como principal via de acesso foi reformada recentemente e insere-
se como ponto positivo da pratica do Turismo na região, pois ocasiona benefícios não só
para o turista, mas também para a população local que por alguma ocasião necessita se
deslocar para as cidades vizinhas ou até mesmo para capital.
¹Ref: www.dacadeirinhadearruar.blogspot.com.br
22
A seguir, a figura mostra o mapa de localização tanto para a cidade de Aquiraz
quanto para suas diversas praias turística.
FIGURA 3: Mapa de localização/ Aquiraz FONTE: www.dacadeirinhadearruar.blogspot.com.br
3.2 Histórico de São José de Ribamar
Sobre o padroeiro do município de Aquiraz, há muitas lendas, tanto sobre o seu
aparecimento quanto relacionado a seus milagres. Sua influência é tão forte entre os
moradores que a cidade passou mais de duzentos anos sendo nomeada de São José de
Ribamar do Aquiraz.
Segundo Galvão (2010,p.83),
São José é padroeiro dos artistas, dos artesãos, dos operários, dos carpinteiros, do matrimônio de da família. É padroeiro também da juventude, dos viajantes, dos desterrados e dos agonizantes. É invocado pelos aflitos com problemas de moradia e pelos que se encontram em situação desesperadora.
São José é visto como um dos santos mais populares da Igreja Católica. Sua
popularização em Aquiraz foi conquistada através de histórias lendárias que predominam
até os dias de hoje quando se levanta as hipóteses de seu aparecimento. Uma dessas
lendas descreve que o „São José de Botas‟, como é conhecido, se tornou popular por
23
estar trajado para viagem, com mantos e botas, fazendo menção aos bandeirantes, estes
percorreram todo o país executando missões católicas. Segundo histórias populares, a
imagem que hoje está localizada no altar-mor da Igreja Matriz, veio navegando de
Portugal e foi encontrada boiando as margens de uma das praias da região. A princípio,
os moradores quiseram levá-la para um outro local, mas a mesma tornou-se tão pesada
que ninguém conseguiu deslocá-la.
Quando entraram em conformidade de que a imagem iria permanecer na
comunidade e iria ser levada ao altar da Igreja Matriz, a mesma tornou-se sem peso
algum, permitindo seu deslocamento de maneira simples. Diante deste fato, foi batizado
como padroeiro da cidade. ¹
O Santo representa a simplicidade e a perseverança dos moradores de
Aquiraz, tanto ele quanto a sua história é um atrativo de grande importância no âmbito do
Turismo, pois eles quem movimentam a maior parte da economia da cidade e ainda não
deixam que fiquem esquecidas suas origens
A seguir, imagem deste Santo que é uma belíssima obra de arte do século
XVIII.
FIGURA 4: São José de Ribamar FONTE: www.cearaemfotos.blogspot.com.br
¹Ref: www.defender.org.br/2010
24
3.2.1 Igreja de São José de Ribamar
Pode ter sido construída no final do século XVIII para início do século XIX. Em
seus 300 anos de existência, a Igreja Matriz é símbolo de representação religiosa e ainda
uma das principais atrações turísticas do Estado.
Na época onde se tinham motivos para construção de uma igreja na
comunidade, Nobre (apud Galvão, 2010, p.95) configura seu início afirmando que,
Quando em 1713 a Vila São José de Ribamar foi definitivamente instituída na beira do Rio Pacoti, seus moradores sabiam que sem um patrimônio cujos rendimentos cobrissem as despesas da Câmara e sem uma igreja para servir de matriz na freguesia seus adversários acabariam transferindo novamente a Vila. Trataram então de providenciar a construção da Igreja Matriz.
De acordo com a citação, a construção a Igreja, de início, serviu como uma
necessidade do momento relacionada a economia e a politicagem da época. Logo após o
surgimento do Santo (São José de Ribamar) e este ser colocado em seu altar, a Igreja
tornou-se símbolo de religiosidade, atraindo pessoas de toda a região para esta prática.
A Igreja Matriz exibe em sua arquitetura o estilo ecletismo, com a
predominância de detalhes barrocos e neoclássicos, estes apareceram através das várias
modificações que passou ao longo do tempo. Detalhes que permanecem firmes como as
três grandes portas almofadadas na entrada principal e o púlpito de madeira lavrada
impressionam por sua originalidade. ¹
Nas figuras abaixo se pode observar os traços da Igreja de antigamente e de hoje. Passada por várias reformas, a mesma continua sólida e de grande valor histórico-cultural. FIGURA 5:Igreja São José de Ribamar FONTE: www.dacadeirinhadearruar.blogspot.com.br
25
FIGURA 6: Reforma da Igreja Matriz FONTE: Arquivo Pessoal
Na figura anterior é mostrada a mais recente reforma na Igreja Matriz, além da
estrutura física da Igreja, os painéis estão sendo restaurados. Segundo Barroso (apud
Galvão, 2010, p. 98), “em 1877 foram edificadas as torres, os corredores da capela e a
sacristia, obras do vigário Padre Matias Pereira de Oliveira, falecido no ano de 1887”.
Dentre as reformas mais significativas, Barroso (apud Galvão, 2010, p. 9) cita que foi as
realizadas entre os anos de 1905 a 1911, foram feitos os fechamentos de cinco janelas,
abertura de oito óculos, reparos no telhado, pintura dos altares, púlpito, grades, reboco
externo, caiamento geral e pintura das partes de madeira”.
Em relação ao seu valor como patrimônio cultural, a Igreja Matriz, apesar de
suas sucessivas alterações descaracterizadoras, permanece com elementos que a
elevam como atrativo importantíssimo para o município de Aquiraz. Por este motivo, a
mesma é protegida pelo Tombo Estadual do Ceará, através do Decreto Número 16.237
de 30 de novembro de 1983. (Citação: Livro de Tombo da Igreja de Aquiraz. Fortaleza:
Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, 1983, p.11).
3.3 Interior da Igreja Matriz: Painéis Coloniais
Os painéis coloniais encontrados no teto da Igreja Matriz em Aquiraz, no total
de doze obras, são obras que narram a vida do santo padroeiro da cidade, São José.
Segundo Galvão (2010, p.19),
26
Não se sabe ao certo quando e quem pintou esses painéis. Além das doze pinturas há três octógonos em branco. Supõe-se que índios ou nativos da região, orientados por missionários da Companhia de Jesus, fizeram as pinturas, sendo interrompidos em 1759, com a expulsão dos jesuítas. Estima-se também a influência de outras ordens religiosas na constituição das obras como: franciscanos, capuchinos, carmelitas, oratorianos e seculares.
A divulgação da existência dessas pinturas históricas é de grande importância,
pois com ela chama-se atenção das autoridades e estudiosos para que estas obras sejam
analisadas e preservadas da forma que deveriam ser, pois estas descrevem não só a
trajetória de constituição do município de Aquiraz, mas também de uma parte do estado
do Ceará.
O significado dessas pinturas, na visão dos moradores de Aquiraz, é
determinado de várias formas: a de que são passagens bíblicas da vida de Jesus,
representando a Santa Ceia, a Crucificação e a Ressurreição, dentre outros.
O fato é que a representação mais correta é de que os painéis descrevem a
história de José na Sagrada Família. A foto mostra também os três espaços que não
foram pintados possivelmente por causa da expulsão dos jesuítas como comentado
anteriormente. O historiador ClarivalValladares (apud Galvão, 2010, p.30) após uma visita
ao local, afirmou que “as pinturas são feitas de óleo sobre o tabuado, em caxotões e
representam a vida de São José, Nossa Senhora e Jesus”.
A baixo, a figura mostra o teto da Igreja Matriz com as doze pinturas à mostra.
27
FIGURA 7: Teto da Igreja Matriz/ Painéis Coloniais FONTE: www.dacadeirinhadearruar.blogspot.com.br
Em caráter interpretativo, os painéis serviriam para uma transmissão de
conhecimentos bíblicos, pois, segundo o Padre Marcos Mendes de Oliveira (apud Galvão,
2012, p.31), “desses diferentes quadros se pode fazer toda uma catequese sobre a
Sagrada Família”. Então, há hipóteses de que um dos motivos de constituição e pintura
desses painéis seja exatamente esse, o de catequização. Motivo este citado nas palavras
de Argan (apud Galvão, 2010, p.31), este afirma que
As obras de arte como pinturas, os vitrais, as esculturas eram meios de perpetuar na memória os ensinamentos bíblicos dos sermões. As imagens exerciam significativa função de comunicação persuasiva, especialmente quando deflagrada a crise religiosa do século XVI.
Então, segundo a citação, a questão religiosa foi a primeira das causas para os
painéis serem pintados. No entanto, os mesmos inserem-se hoje em dia no contexto
turístico, pois todas essas hipóteses de quem ousaram na constituição e quais foram os
autores destas pinturas atraem visitantes à Igreja Matriz e, consequentemente cresce o
Turismo na cidade de Aquiraz.
28
Na descrição dos painéis coloniais, o primeiro deles mostra a cerimônia de
união de José e Maria. A figura abaixo retrata este momento inicial.
FIGURA 8: Casamento de Maria e José Fonte: www.olharaprendiz.com.br
Após o painel representando o casamento de Maria e José, logo ao lado,outro
painel apresenta „o sonho de José‟.No terceiro painel, a visita de Maria à Isabel é
representada na pintura.Nas figuras a seguir pode-se observar os detalhes citados.
FIGURA 9 Sonho de José l FONTE: www.olharaprendiz.com.br
29
FIGURA 10: Visita a Isabel FONTE: www.olharaprendiz.com.br
O quarto painel retrata o nascimento de Jesus. A seguir, a quarta obra citada.
FIGURA 10: O nascimento de Jesus FONTE: www.olharaprendiz.com.br
O quinto painel, encontrando na fileira central do forro da Igreja Matriz estão
em maior altura do teto, são os mais estreitos e compridos e os menos manchados. Esta
30
obra se remete à Circuncisão, ou seja, ao batismo do judeu. Pode-se observar os
elementos citados na figura abaixo..
FIGURA 11: A Circuncisão FONTE: www.olharaprendiz.com.br
O painel de número seis representa a Visita dos Magos.
FIGURA 12: A Visita dos Magos FONTE: Pessoal (30.05.13)
31
O sétimo painel representa a apresentação de Jesus ao templo. Abaixo, o
sétimo painel retratado na figura.
FIGURA 13: Apresentação no Templo FONTE: www.olharaprendiz.com.br
O painel de número oito representa a fuga de José, Maria e Jesus para o Egito.
FIGURA 14: A fuga para o Egito FONTE: www.olharaprendiz.com.br
No painel de número nove, Jesus fala com doutores, em um templo de
Jerusalém. Na imagem a seguir, o painel citado.
32
FIGURA 15: Jesus aos doze anos FONTE: www.olharaprendiz.com.br
A décima obra apresenta o lar de José. Logo abaixo, o painel dez.
FIGURA 16: O Lar de José FONTE: Pessoal (30.05.13)
O painel onze mostra a vida em família, aspectos do cotidiano da vida de José
representado na infância de Jesus.
Na imagem a seguir pode-se observar os elementos citados.
33
FIGURA 17: Vida em Família FONTE: Pessoal (30.05.12)
No painel que encerra a série dos doze pintados no forro da capela da Igreja
Matriz de Aquiraz é representada a despedida de José. Na figura abaixo, o painel doze.
FIGURA 18: A despedida de José FONTE: www.olharaprendiz.com.br
Após a exposição dos doze painéis e de suas características, no próximo
capítulo será analisado a representação dos mesmos na cidade de Aquiraz.
34
4 PESQUISA
Definido nos capítulos anteriores o significado de Turismo de forma geral,
Turismo Cultural e Turismo Religioso, pode-se observar a intensa relação do Turismo
Cultural e Religioso na cidade de Aquiraz, especialmente na história citada da Igreja
Matriz São José de Ribamar. Após este início com as devidas apresentações, o objetivo
do trabalho seria expor o conhecimento e a importância que os moradores possuem para
com os painéis coloniais localizados no interior da Igreja Matriz.
Para que este objetivo citado no parágrafo anterior fosse atingido, inicialmente
houve uma visita à localidade para se obter um conhecimento da área, da rotina dos
moradores e da frequência de visitas à Igreja Matriz. Nessa visita também se teve a
oportunidade de manter contato com moradores mais antigos da cidade, que deram
depoimentos sobre sua história e os fatos que presenciaram no decorrer dos anos.
O primeiro método utilizado neste trabalho foi a pesquisa bibliográfica. Após a
pesquisa, foi-se aplicado um Estudo de caso na localidade, mais especificamente com
pessoas encontradas no entorno da Igreja Matriz. Através do Estudo de caso, os
moradores irão apresentar suas opiniões e seu conhecimento sobre os painéis e Igreja
em si, relacionando também estes à prática do Turismo na cidade.
Com todas as informações obtidas através da metodologia aplicada, será
analisada a seguinte problemática: os moradores têm consciência do valor do interior da
Igreja Matriz de São José de Ribamar, no caso os Painéis Coloniais, e de importância
histórica? Estes painéis constituem o objeto de estudo deste trabalho acadêmico e os
mesmos serão analisados neste capítulo na visão dos moradores.
35
4.1 Estudo de Caso
Após a visita a Aquiraz e o reconhecimento da área e dos frequentadores da
Igreja Matriz, foi aplicado o Estudo de caso especificamente no dia 30/05/2013. A
princípio, não tinha muita gente, até por ser um dia da semana, mas após o início da
missa observou-se a chegada de um número maior de pessoas. Foi verificado que na
identidade da população de Aquiraz consta que há de fato um costume de frequentar a
Igreja, essa cultura se propaga de geração em geração. Logo, foi proposital a visita
durante a semana para que fossem escolhidos somente moradores para responder o
questionário, pois nos finais de semana a informação é de que nunca falta turistas,
mesmo a Igreja não estando em época de festividades, que normalmente acontecem no
mês de março.
As oito perguntas foram aplicadas com um número total de 50 pessoas, quatro
destas perguntas traçam um perfil da pessoa entrevistada e as outras quatro indagam
sobre os painéis coloniais do forro da Igreja Matriz. As pessoas entrevistadas foram
escolhidas de forma aleatória, o único pré-requisito deveria que esta fosse natural do
município de Aquiraz. A imposição deste pré-requisito foi dada para seguir a proposta
deste trabalho que é de investigar a representação dos painéis na visão dos moradores
locais.
Tendo em posse o Estudo de caso com as perguntas e estando no ambiente
certo, ou seja, na praça ao lado da Igreja Matriz, foi dado início a distribuição das
perguntas e a obtenção das respostas. De início, as pessoas não se interessaram muito
em ajudar, mas depois foi-se conseguindo outras dispostas a responder tais questões. A
praça e o pátio da Igreja, normalmente em horários de missas, ficam bem movimentados.
Foi aproveitada a movimentação citada para a busca de informações sobre os painéis
através do questionário aplicado.
Com as perguntas iniciais foi traçado um perfil das pessoas que estavam
respondendo o questionário. A primeira delas procura saber quem costuma frequentar
mais a Igreja Matriz: mulheres ou homens. Dentre o total de pessoas entrevistadas, 80%
delas são do sexo feminino e, por sua vez, 20% correspondem ao sexo masculino, como
mostra o gráfico abaixo.
36
FIGURA 20: Gráfico sobre sexo dos entrevistados Fonte: Pessoal
O gráfico mostra que a maioria das pessoas que frequentam a Igreja Matriz são
mulheres. Este fato se dá muitas vezes pela religiosidade familiar, onde um dos costumes
das mulheres é de ir à Igreja. Mas, hoje em dia, a religião é propagada em ambos os
sexos, embora este costume ainda seja mais do sexo feminino.
O segundo questionamento foi relacionado a idade dos entrevistados. No dia
em que foi aplicado o Estudo de caso, as pessoas que se interessaram responder tinham
das mais variadas idades. Então, na porcentagem mostrada no gráfico abaixo, foi traçado
este perfil.
FIGURA 21: Gráfico sobre a faixa etária
A porcentagem da idade das pessoas que responderam ao questionário de
perguntas não está relacionada com a frequência que estas vão à Igreja, fosse comparar,
os jovens de idade entre 15 e 20 anos frequentam bem menos do que as pessoas acima
80%
20%
Sexo
Feminino
Masculino
28%
60%
12%
Faixa Etária
De 15 a 20 anos
De 20 a 35 anos
Acima de 35anos
37
de 35 anos. Já na posição de entrevistado, somente 12% deles tinham mais que 35 anos,
28% de 15 a 20 anos e a grande maioria, ou seja, 60% das pessoas que se dispuseram a
responder estão na faixa de 20 a 35 anos de idade.
A questão da idade também está relacionada ao do costume familiar como a do
sexo. Muitas vezes a influência da família não determina se tal indivíduo será ou não
religioso, por isso, este dado é algo muito relativo, sua análise terá que ser feita de
pessoa para pessoa e observando todo o contexto em que a mesma está inserida antes
de se determinar algo.
A terceira pergunta também relacionada ao perfil traçado dos moradores
indaga se os mesmos moram na cidade de Aquiraz. Muitas pessoas responderam que
moram integralmente no município, ou seja, não se deslocam para outras cidades com o
intuito de desempenhar atividades como estudo e trabalho, estes normalmente com faixa
etária acima dos 30 anos. Outra parte são de pessoas que moram no município, mas se
deslocam para Fortaleza todos os dias para trabalhar ou estudar, estes normalmente
jovens entre 15 e 25 anos. O gráfico mostrado abaixo relata a porcentagem das pessoas
que responderam as perguntas que se encaixam nestas categorias mencionadas.
FIGURA 23: Gráfico Morador de Aquiraz
Relacionando as informações do parágrafo anterior e do gráfico mostrado, 60%
das pessoas da cidade de Aquiraz moram na cidade mas, todos os dias se deslocam para
realizar uma atividade (trabalho ou estudo) em outra cidade, normalmente Fortaleza. A
questão da movimentação dessas pessoas não reprime os costumes adquiridos em sua
40%
60%
Morador de Aquiraz
MoramIntegralmente
MoramParcialmente
38
cidade natal nem fazem com que as mesmas deixem de frequentar a Igreja. Já a outra
porcentagem, a de 40%, são de pessoas que moram integralmente no município, ou seja,
desempenham suas atividades sem se deslocarem para outras cidades.
A quarta pergunta está diretamente ligada à terceira esta indaga sobre as
atividades que o entrevistado desempenha: trabalha ou estuda. Neste caso, têm-se três
situações: só estuda, só trabalha ou os dois. O motivo da mesma está diretamente ligada
à terceira pergunta é que, normalmente as pessoas que se caracterizam na terceira
situação mostrada (trabalha e estuda), moram parcialmente em Aquiraz, ou seja, se
deslocam para outra cidade para executarem estas atividades, uma grande parte delas
são jovens. O gráfico abaixo expõe as informações sobre esta quarta pergunta e se divide
nas três situações citadas, sendo que delas, 40% de pessoas somente trabalham, 30% de
pessoas somente estudam e 30% trabalham e estudam.
FIGURA 24: Gráfico Atividades
Analisando as informações do gráfico, normalmente as pessoas que moram
integralmente na cidade de Aquiraz são as que só estudam ou as que não tiveram
oportunidade ainda de se deslocar, não se adequando necessariamente em todos os
casos, pois pode haver situações nos outros casos em que estas pessoas residam na
própria cidade, sem precisar se deslocar para outras afim de desempenhar estas
atividades (trabalho e estudo).
Depois do perfil dos moradores traçado anteriormente, a partir da quinta
pergunta foi indagadas questões sobre o objeto de estudo deste trabalho: os painéis
40%
30%
30%
Atividades
Só Trabalha
Só Estuda
Trabalha eEstuda
39
pintados no forro da Igreja Matriz. Seguindo a seqüência, os entrevistados foram
interrogados se tinham conhecimento sobre os painéis da Igreja Matriz de São José de
Ribamar. Esta questão se tornou polêmica em sua estrutura, pois muitos deles sabiam
sobre a história da Igreja, mas não dos painéis. Muitos deles frequentam a Igreja e nunca
tinham notado as pinturas no forro da Igreja, muito menos o que significavam. Na análise
das informações obtidas, foi observado que uma grande maioria de 70% das pessoas não
tinham conhecimento dos painéis, 20% sabem de sua existência mas não o que de fato
representam e 10% sabem que existem e de sua história. O próximo gráfico irá expor
estas informações em forma de porcentagem para uma melhor análise e representação
dos fatos apresentados no texto.
FIGURA 25: Gráfico Conhecimento sobre os Painéis
Nesta questão foi verificado realmente que uma grande maioria das pessoas
que residem em Aquiraz não tem conhecimento sobre os Painéis. As possíveis
explicações para este resultado são duas: muitas delas não tiveram oportunidade de ter
contato com documentos ou livros que comprovem as passagens da história da cidade ou
que, mesmo convivendo com os atrativos (igreja e painéis) não tiveram interesse de saber
o que estes representam. As pessoas que constituíram os 10% mostrados, que sabem da
existência dos painéis e conhecem sua história.
A pergunta a seguir indaga aos entrevistados se os mesmos conhecem o que
os painéis narram. As respostas relatam que 70% delas não sabem o que os painéis
70%
20%
10%
Conhecimento sobre os Painéis
Não conhecem
Sabe que existemas não dahistória
Sabem que existee conhecem ahistória
40
representam e as outras 30% tem conhecimento da mesma por intermédio de alguma
pessoa da família ou de um livro. O gráfico abaixo expõe as informações citadas.
FIGURA 26: Gráfico Representatividade dos Painéis
Em relação a grande diferença das pessoas que tem conhecimento sobre os
Painéis da Igreja Matriz de Aquiraz, esse resultado é o difícil acesso aos poucos registros
encontrados na cidade. O livro que conta a história dos Painéis é muito difícil de ser
adquirido e restrito na Secretaria da Igreja. Então, as pessoas, além de não ter
oportunidade de ter contato com estas informações, muitas vezes não se interessam de
pesquisar em outras fontes.
A sétima pergunta ainda está relacionada às pessoas que têm conhecimento
sobre os Painéis. Esta indaga aos entrevistados se os mesmos têm conhecimento de
quem pintou os quadros. Uma grande maioria, não sabe quem os pintou. Estes
representam 90% do total de entrevistados. Os outros 10%, que são pessoas que
realmente conhecem a história tanto da Igreja Matriz quanto dos Painéis respondem que
sim, mas com hipóteses. A maioria delas acha que os jesuítas tiveram participação
nessas pinturas pelos motivos já apresentados: catequização, tentar implantar a
religiosidade nas pessoas encontradas na vila (Aquiraz), dentre outros. A seguir, o gráfico
demonstrando a avaliação dos resultados desta questão.
70%
30%
Representatividade dos Painéis
Não sabem
Sabem
41
FIGURA 27: Gráfico Sabe quem pintou os Painéis?
A grande maioria da população não sabe quem pintou os painéis, mas não se
tem registro nos documentos oficiais que descrevem a história da cidade e da Igreja quem
foram de fato os pintores destas obras. Na verdade, as pessoas que responderam que
sabem (10%) não têm a certeza desta informação. Sabem elas que tiveram influência dos
jesuítas e que realmente há a hipótese de que eles mesmos tenham executado o trabalho
de pintura, mas não existem provas de que este fato tenha acontecido.
A oitava e última pergunta foi intencionalmente integrada ao Estudo de Caso
para análise do nível de representação cultural dos atrativos da cidade para os próprios
moradores. Em cidades que tem naturalmente um potencial turístico como Aquiraz, é
importante que esta análise seja feita para que a população se relacione bem com a
prática do Turismo e o tenha sempre de forma benéfica.
Então, a pergunta indaga ao entrevistado o que os Painéis da Igreja Matriz
representam para esta pessoa, se esta os considera importantes. No gráfico abaixo, 80%
das pessoas afirmam a importância dos Painéis para a Cultura da cidade de Aquiraz e
que devem ser mais estudados e analisados tecnicamente. Já 20% dos entrevistados
afirmam que, como não tem conhecimento nenhum sobre os Painéis, estes ficam
obscuros quanto a sua importância para a cidade, afirmando não reconhecer sua
representatividade.
90%
10%
Sabe quem pintou os Painéis?
Não
Sim
42
FIGURA 28: Gráfico Importância Cultural dos Painéis
Diante das respostas verificadas no gráfico anterior, detecta-se de fato a
importância dos Painéis em um contexto Cultural da cidade, em contraposição a maioria
dos moradores não os têm como patrimônio, apenas reconhecem que estes são
importantes elementos históricos.
4.2 Análise de Dados
Com as informações obtidas com os moradores,pode-se perceber as pessoas
utilizam do atrativo maior, no caso a Igreja Matriz, mas no momento da divulgação do
conhecimento sobre a mesma e de seu interior a maioria delas deixam a desejar. Os
motivos para esse não conhecimento dos fatos históricos ocorridos na cidade são vários,
desde a falta de documentos comprovativos e de pessoas que propaguem esse
conhecimento até mesmo a falta de interesse por parte do morador.
Dentro do contexto do Cultural e Religioso, os moradores expuseram, durante
o método aplicado, às atividades que fazem parte dos costumes da cidade uma delas é a
pratica religiosa de se frequentar a Igreja. Apesar de serem hábitos rotineiros, quando
indagados sobre os Painéis, a maioria delas não sabiam de sua representatividade e
muito menos o que narravam. Afirma-se que os mesmos são importantes culturalmente
para a cidade, mas não sabem o porquê. Apenas uma porcentagem mínima sabia dos
Painéis e o que os mesmos significavam na história da cidade de Aquiraz, estas pessoas
são funcionários da Igreja, o Padre e as Irmãs, ou pouquíssimos moradores.
80%
20%
Importância Cultural dos Painéis
Importantes paraa Cultura dacidade
Não reconhecesua importância
43
Em relação ao perfil dos entrevistados, observaram-se idades variadas. Foi
verificado também que as pessoas que, no momento da pesquisa estavam à caminho da
Igreja, não mais se encaixam no aspecto de que jovens não são religiosos. Detectou-se
que a prática da religiosidade atinge todas as idades.
Diante das informações obtidas sobre o conhecimento dos moradores para
com os Painéis, verificou-se a importância dos mesmos no contexto cultural e religioso da
cidade. A história desses Painéis deveriam ter uma atenção maior e um estudo mais
aprofundado sobre sua estrutura, para que assim o Turismo possa explorá-los de forma
positiva e benéfica, para que assim preservem com todos seus aspectos históricos.
44
5 CONCLUSÃO
Diante das respostas apresentadas, afirma-se, então, que os Painéis da Igreja
Matriz são pouco conhecidos não só pelos moradores, mas também por pessoas que
frequentam diariamente a Igreja. Estes sabem que os Painéis são importantes
culturalmente, mas não sabem direito como eles foram para ali, quem os pintou, em quais
momentos históricos os mesmos surgiram e, principalmente, sua narração. Apesar da
porcentagem ser muito alta em relação às pessoas que sabem de alguma coisa sobre os
Painéis, ainda sim a cidade de Aquiraz se posiciona como uma localidade amplamente
turística por sua cultura e religiosidade.
Concluiu-se, que os efeitos positivos relacionados ao Turismo
(Cultural/Religioso) foram que, apesar do não conhecimento da população em relação aos
Painéis, como dito no parágrafo anterior, a cidade continua sendo apta a desenvolver esta
atividade de forma bastante benéfica para a comunidade.
Como toda comunidade que desenvolve o Turismo, além dos efeitos positivos
existe também os negativos, e o principal deles seria a falta de planejamento e
investimentos para com o desenvolvimento da atividade. No dia da visita onde foi aplicado
o questionário observou-se uma reforma na Igreja e a restauração dos Painéis, isto é, os
governantes estão investindo na melhoria dos atrativos e este efeito negativo detectado
poderá ter sido modificado, bastando, assim, a preservação do que está sendo feito no
momento para que todos usufruam da forma correta.
Como dito, os Painéis e a Igreja Matriz estão sendo reformados. Então, estima-
se que o fluxo de turistas aumente e, o mais importante, o interesse para com este
atrativo se torne maior, pois, para se desenvolver uma atividade turística é preciso não só
qualidade no serviço, mas também qualificação das pessoas que irão apresentar os
atrativos aos visitantes. Como dar oportunidade a pessoas locais se estas não conhecem
a história da própria cidade? A proposta seria estudo e análises sobre os atrativos e a
história da cidade, documentar o que for detectado e só assim qualificar pessoas para
trabalhar em cima destas informações, passando para o visitante os fatos que realmente
aconteceram e a grandeza da representatividade tanto da Igreja Matriz de São José de
Ribamar quanto de seus Painéis históricos.
45
Verificou-se a importância das análises expostas neste trabalho acadêmico
com o intuito de se avaliar o conhecimento dos moradores da cidade de Aquiraz em
relação aos Painéis coloniais localizados no forro da Igreja Matriz e percebeu-se a falta de
conhecimento dos mesmos em relação à história da própria cidade natal. As análises
feitas serviram para se ter uma ideia com mais amplitude sobre o assunto e abordá-lo de
forma mais precisa, sendo este muitas vezes esquecido de ser comentado na rotina dos
moradores e também no âmbito turístico, por falta de informações.
46
REFERÊNCIAS
BARRETO, Margarita. Manual de iniciação ao estudo do turismo. Campinas:SP2003 BENI, Mário Carlos. Análise estrutural do turismo. São Paulo, 2003. BRASIL. Ministério do Turismo. Turismo Cultural: orientações básicas. / Ministério do Turismo, Secretaria Nacional de Políticas de Turismo, departamento de estruturação, articulação e Ordenamento. Brasília, 2010. BRITTO, Janaina; FONTES, Nena. Estratégia para eventos: uma ótica do marketing e do turismo. São Paulo: Aleph, 2002. COELHO, Teixeira. Dicionário crítico de política cultural: cultura e imaginação. São Paulo: Iluminuras, 1997. DIAS, Reginaldo. Turismo e patrimônio cultural: recursos que acompanham o crescimento das cidades. São Paulo: Saraiva, 2006. DIAS, Reinaldo. Introdução ao Turismo. São Paulo: Atlas, 2005. GASTAL, Susana, CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos. Turismo na pós-modernidade (des)inquietações. Porto Alegre 2003
MATIAS, Marlene. Organização de eventos: procedimentos e técnicas.Barueri, SP: Manole, 2007. SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2000.
47
APÊNDICE
1. Sexo
( ) Masculino ( ) Feminino
2. Idade
( ) Entre 15 e 20 anos ( ) Entre 20 e 35 anos
( ) Acima de 35 anos
3. Mora na cidade de Aquiraz?
( ) Sim ( ) Não
4. Desempenha quais atividades?
( ) Trabalha ( ) Apenas Estuda
5. Você conhece os painéis da Igreja são José de Ribamar em Aquiraz?
( ) Sim ( ) Não
6. Sabe o que eles narram?
( ) Sim ( ) Não
7. Sabe quem os pintou? Quem?
( ) Sim ( )Não
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8. O que os painéis representam culturalmente para você?
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