cenÁrios e tendÊncias da economia · quadro comparativo. as fontes do crescimento: (a)...

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CENÁRIOS E TENDÊNCIAS DA ECONOMIA

Novembro de 2009

Prof. Ubiratan Iorio

Tópicos

I. Crescimento vs. flutuações cíclicas

II. Os “fundamentos” macroeconômicos

III. Cenários e Tendências

1. Causas e cronologia da crise; 2. A reação dos governos; 3. Reflexos no Brasil; 4. Cenários

tempo

PIBproduto potencial

(longo prazo)

produto efetivo

(curto prazo)

Crescimento versus flutuações cíclicas

Crescimento versus flutuações cíclicas (Brasil - 1946/2009*)

* estimativa para 2009: 0%; índice base 1900=100 e tendência linear

Crescimento versus flutuações cíclicas (Brasil - 1900/2009*)

* estimativa para 2009: 0%; índice base 1900=100 e tendência exponencial

crescimento

PM, PF, PC, PS, PR

O crescimento é um processo de acumulação generalizada de capital, que se traduz em uma ampliação contínua na capacidade de gerar oferta por parte do sistema produtivo.

oferta

longo prazo

acumulação de capital

demanda

curto prazo

flutuações

Quadro comparativo

As fontes do crescimento:

(a) “técnicas”

- quantidade, qualidade e alocação do trabalho e

do capital (físico, humano e tecnológico)

(a) institucionais

- éticas, morais e culturais

- políticas

- legais

A ECONOMIA COMO UM JOGO DINÂMICO E PARTICIPATIVO

Autoridades Fiscais Autoridades Monetárias

“Público”

Os três “jogadores”:

Os “fundamentos” macroeconômicos

Autoridades Fiscais

NFSP

Autoridades Monetárias - reservas internacs

- títulos públicos na carteira do Bacen

- moeda

- receitas - gastos - variação na dív. interna

- juros s/ a dív int

- variação na dív. externa- juros s/a dív ext

NFSP = Necessidades de financiamento do setor público (déficit nominal)

superávit primário

serviço da dív. interna

serviço da dív. externa

crédito doméstico

Em bom Português...

+ Gastos totais do Estado

(inclusive juros)

+ impostos

+ emissão de moeda

+ dívida interna

+ dívida externa

Não existem mágicas em Economia !!!

A Aritmética Simples do Déficit Público

inflação hoje (X)

política monetária atual (A)

expectativas quanto à política monetária futura (B)

expectativas quanto à política monetária futura

estado atual contas das públicas (C)

expectativas quanto ao estado futuro das contas públicas (D)

Logo, X = f (A, B, C, D)

Regimes cambiais

1. Câmbio flutuante

- flutuação “pura” - flutuação “suja” (dirty floating)

2. Câmbio fixo

- fixo propriamente dito - “crawling peg” - bandas cambiais

- Bandas cambiais : [EI , ES ]

- variável instrumental: taxa de juros (para atrair divisas e sustentar a taxa de câmbio e, assim, controlar a inflação).

Equivale a se tentar frear um carro segurando-o pela antena... (política monetária para sustentar o câmbio e política cambial para segurar a inflação)

“BANDAS CAMBIAIS” vs. “INFLATION TARGETING”

Bandas cambiais (10/3/95 a 14/01/99)

Bandas cambiais (10/3/95 a 14/01/99)

ma

r/9

5

jun

/95

set/9

5

de

z/9

5

ma

r/9

6

jun

/96

set/9

6

de

z/9

6

ma

r/9

7

jun

/97

set/9

7

de

z/9

7

ma

r/9

8

jun

/98

set/9

8

de

z/9

8

limites inferiores 0,88 0,91 0,97 1,05 1,12

limites superiores 0,93 0,99 1,06 1,14 1,22

10/3/1995 22/6/1995 30/1/1996 18/2/1997 20/1/1998 15/1/1999

R$/US$

- “Inflation targeting” (metas de inflação):

[ ¶ i , ¶ s ]

- variável instrumental: taxa de juros (para contro lar a demanda agregada e atingir a meta de inflação)

Equivale a frear o carro pisando no freio (política monetária para segurar a inflação e taxa de câmbio flutuando para efeitos de equilibrar o balanço de pagamentos).

Metas de inflação e inf lação observada (1999/2010)

ANO META (CENTRO)

IPCA

BANDA

1999 8% 8,94% 2

2000 6% 5,97% 2

2001 4% 7,67% 2

2002 3,50% 12,53% 2

2003 8,50% 9,30% 2,5

2004 5,50% 7,60% 2,5

2005 4,50% 5,69% 2,5

2006 4,50% 3,14% 2

2007 4,50% 4,46% 2

2008 4,50% 5,90% 2

2009 4,50% 2

2010 4,50% 2

Fonte: Bacen

Histórico das metas de inflação (1999/2010)

Obs: 2009 e 2010 – estimativas de mercado em setembro de 2009

Cenários e Tendências

Sumário

1. Causas e cronologia da crise

2. A reação dos governos

3. Reflexos no Brasil

4. Cenários

1. Causas e cronologia da crise

- “falhas de mercado” ou falhas de governo?

(processo de mercado vis-a-vis processo político)

- o conceito de ação humana e o mercado como um processo

de erros e tentativas

- a necessidade de regulamentação de ambos os processos: o

papel da Lei e da regulamentação

- Taxas de juros artificialmente baixas praticadas pelo Fed

- Enorme déficit orçamentário do governo americano

- Falhas de regulamentação (elevaram risco e alavancagem)

- Tratamentos desiguais para casos semelhantes (AIG, L Bro.)

- Manipulação da taxa de juros pelos EUA e da taxa de câmbio

pela China

- A “Dama de Espadas”

1. Causas e cronologia da crise

A pertinência da “Teoria Austríaca dos ciclos Econômicos”:

- O desemprego de hoje foi provocado pelas políticas inflacionárias de ontem. E que inflacionar ainda mais hoje, ao invés de combater o desemprego, só vai provocar mais desemprego no futuro, ou uma combinação entre mais desemprego e mais inflação.

- E a Grande Depressão dos anos 30 não foi causada por “deficiências dos mercados”, mas por políticas fiscais e monetárias artificialmente expansionistas levadas a cabo nos anos 20, assim como a crise atual foi plantada por políticas equivocadas praticadas nos anos 90!

1. Causas e cronologia da crise

- anos 90: EUA adotaram políticas fiscal e monetária excessivamente frouxas (que chegaram ao ponto de manter por mais de um ano a taxa de juros nominal em 1%, o que, descontada a inflação, significou a imposição, por parte do próprio Estado, de uma taxa de juros negativa); o governo americano criou duas empresas semi-públicas, a Fannie Mae e a Freddie Mac, para bancar a farra, especialmente no mercado de construção de imóveis e sua contrapartida financeira, o de hipotecas. Todos os americanos que desejassem uma casa própria teriam empréstimos fartos a juros praticamente nulos e, ainda por cima, em caso de problemas, sabiam que o governo garantiria os empréstimos com aquelas duas empresas, que foram finalmente estatizadas em setembro de 2008, logo após a quebra da Lehman Brothers.

- em maio/junho de 2006, houve um impacto setorial da alta de juros sobre as empresas de construção residencial

- em janeiro/fevereiro de 2007, sobre as empresas de financiamento imobiliário (inadimplência das hipotecas)

- em julho/agosto de 2007, a crise se transmitiu aos títulos lastreados nesses empréstimos

1. Causas e cronologia da crise

- E, a partir de setembro de 2008, todos sabem a história: colapso da Lehman Brothers, estatização das duas empresas (Fannie Mae e Freddie Mac), intervenção em uma das maiores seguradoras privadas (AIG); as intervenções do Fed já não são suficientes e o governo recorre aos contribuintes; o Tesouro anuncia um plano de US$ 700 bilhões para comprar ativos podres, mantendo a taxa de juros abaixo da inflação corrente (!), a União Européia decide comprar ações de bancos privados; o governo americano decide fazer o mesmo; pânico nas bolsas de valores em todo o mundo e alastramento da crise financeira para o mundo.

- Neste final de 2009, a crise amainou, mas há indícios de que uma nova “bolha” possa acontecer.

Os gráficos seguintes ilustram alguns desses pontos:

1. Causas e cronologia da crise

A regra de Taylor recomenda que quanto maiores (menores) forem:

- a inflação, - a taxa de juros real de equilíbrio- os desvios para mais da inflação observada em relação à meta de inflação e - os desvios do PIB corrente em relação à sua tendência histórica,

maior (menor) deve ser a taxa de juros fixada pelo Fed.

No entanto, as autoridades monetárias americanas (e europeias) ignoraram a regra de Taylor e outras semelhantes...

Os desvios em relação à “Regra de Taylor”

Os desvios em relação à “Regra de Taylor”

observado

indicado

Desvios em relação à Regra de Taylor observados na Europa

Percentuais

Preços dos imóveis, inadimplência e arrestos – EUA

Preços dos imóveis

Inadimplência

perda dos imóveis (arresto)

O “risco de contraparte” explica muitas coisas...

9 ago 2007

12 set 2008

medida de risco

(libor – OIS)

% “black swan”

Evolução da prime rate

- A crise tem suscitado diversas interpretações por parte de muitos analistas. A maioria dessas análises, infelizmente, padece de equívocos, sendo que o mais comum é o que atribui os problemas a uma pretensa “falha dos mercados”, principalmente os financeiros, que são vistos como puros “cassinos”. Se o diagnóstico é este, nada mais natural que o remédio recomendado seja aumentar o grau de intervencionismo dos governos nas economias. Parece que a velha tese de que “os mercados não funcionam” e que, portanto, o Estado precisa substituí-los vem ganhando força, como que ressuscitando as ideias intervencionistas que dominaram o mundo desde a crise de 1929 até o final dos anos 70.

-Diagnósticos errados levam, certamente, a terapias incorretas! O problema não está – contrariamente ao que muitos analistas sugerem – na “ausência” dos governos; está nos seus erros, omissões e excessos! É como disse o ex-presidente Ronald Reagan: “o governo não é a solução; ele é o problema”...

- Isto não quer dizer, obviamente, que os mercados não precisam ser regulamentados. Pelo contrário, se a regulamentação nos EUA fosse eficiente, os graus de risco e de “alavancagem” das instituições financeiras não teriam chegado aos níveis de 30 a 40 vezes (o do Bearn Sterns chegou a ser de 50 vezes), enquanto no Brasil situava-se entre 3 e 4 vezes.

2. A reação dos governos

- A tendência mundial tem sido a de aumentar substancialmente o crédito e o socorro. Isto só funcionará permanentemente se a confiança for restabelecida. A reação estatal foi marcada por um ativismo monetário e fiscal rápido, intenso e sem precedentes. O preço disso será alto, sem dúvida...

- Na verdade, a crise só terminará quando os maus investimentos (malinvestments) do passado, impulsionados por “poupança forçada”, ou seja, pela generosidade monetária dos bancos centrais, forem todos desmascarados. Crises dessa natureza, por mais que os governos adotem medidas de estímulos à liquidez, só terminam quando os efeitos dessas más alocações de recursos são eliminados, o que sempre é doloroso. Ou seja, será preciso que as “Damas de Espadas” escondidas nos balanços das instituições financeiras sejam reveladas e naturalmente eliminadas, o que, evidentemente, exigirá tempo.

- A administração anterior dos EUA cometeu um erro de diagnóstico, quando considerou o problema como uma crise dos créditos “sub-prime”, quando era de solvência, proveniente de classes múltiplas de ativos problemáticos.

Vejamos as inacreditáveis injeções de moeda e crédito e os fabulosos aumentos de gastos públicos (incluindo as operações de socorro) que os EUA e os países desenvolvidos vêm promovendo para “enfrentar” a crise:

2. A reação dos governos

Reservas livres dos bancos comerciais - EUA

Crescimento % das reservas livres dos bancos comerciais – EUA(ago 09/ago 08)

Crédito bancário nos EUA

Estoque de moeda nos EUA – M1

A desvalorização artificial do Yuan frente ao dólar contribuiu para agravar a crise

janeiro de 1981 a setembro de 2009

Taxa de câmbio Yuan/Dólar versus taxa de juros tida como alvo pelo Fed

Enquanto os EUA manipulavam os juros, a China fazia o mesmo com o câmbio...

A deterioração do Balanço de Pagamentos em conta corrente dos EUA

Balanço comercial – EUA

Taxa de câmbio – US/EURO

Taxa de desemprego nos Estados Unidos(jan/1967 a out/2009)

Taxa de desemprego na CEE(jan/1995 a maio/2009)

SUPERÁVIT (OU DÉFICIT) DO GOVERNO DOS EUA(1900 a 2009)

Dívida Pública Total do Tesouro dos Estados Unidos(junho/2009)

DÍVIDA PÚBLICA DO TESOURO DOS ESTADOS UNIDOS EM MÃOS DE ESTRANGEIROS (jan/2009)

0

100200

300

400

500600

700

800

CHINA

JAPÃO

OPEP

CARIBE

BRASIL

R UNID

O

RÚSSIA

LUXEM

B

TAIW

AN

HONG KO

NG

OUTROS

Série1

Dívida total: US$ 11,1 tri (78% do PIB); Dívida em mãos de estrangeiros: US$ 3,1 tri (22% do PIB) – PIB dos EUA: US$ 14,2 tri

CHINA JAPÃO OPEP CARIBE BRASIL R UNIDO RÚSSIA LUXEMB TAIWAN HONG KONG

OUTROS

739,6 634,8 186,3 176,6 133,5 124,2 119,6 87,2 73,3 71,7 725,4

(em US$ bi)

CEE - DÍVIDA PÚBLICA (PERCENTUAIS DO PIB)(até setembro de 2009)

3. Reflexos no Brasil

- o governo subestimou os efeitos da crise sobre a nossa economia: não se

tratava de uma simples “marola”...

- exacerbação do “cabo-de-guerra” dentro do governo (Fazenda x Bacen)

- as eleições de 2010 já prejudicam as defesas contra a crise

- os gastos de custeio e pessoal não param de aumentar em termos reais

- a qualidade de nossos “ajustes fiscais” tem sido muito baixa

- não existe coordenação entre os regimes monetário e fiscal

- o governo introduziu em outubro o IOF de 2% sobre a entrada de

capital estrangeiro

Por que a taxa de juros no Brasil é uma das mais altas do mundo?

causa básica:

- regime fiscal deficitário

fatores de agravamento:

- alta taxa de recolhimento compulsório

- alta tributação

- risco de inadimplência

Como o governo brasileiro reagiu à crise?

- do lado monetário: uma certa expansão do crédito (responsável)

- do lado fiscal: forte expansão nos gastos de custeio e pessoal,

(absolutamente irresponsável)

3. Reflexos no Brasil

Agregados monetários (jan06/ago09)

Preços

Obs: deflação no atacado (IGP-DI e IGP-M e inflação moderada no varejo (IPCA)

O EFEITO DA DEFLAÇÃO NA RECUPERAÇÃO ECONÔMICA

Apesar da retórica de que a deflação de preços é ruim para a economia - e que, por isso, deve ser evitada a todo custo -, o governo, felizmente, não tentou combatê-la. Ao contrário: por meio dos cortes de IPI, ele acabou por estimulá-la. E foi isso que ajudou a economia...

A deflação de preços - que normalmente é gerada por uma deflação monetária ou por uma expansão da oferta de moeda inferior à da demanda – é, em última instância, a cura das recessões. O governo dos EUA vem fazendo de tudo para impedir que os preços dos produtos americanos caiam. Com isso ele conseguiu apenas prolongar a recessão e aumentar o desemprego - que pulou de 4,7% em dezembro de 2007 para 9,7% em agosto último.

O governo brasileiro, felizmente, não teve a mesma “competência”. Como resultado, os preços das matérias-primas agrícolas e industriais no atacado apresentaram variação negativa de dezembro até agosto.

O que aconteceu com a economia brasileira é uma boa ilustração de como a deflação de preços abranda uma crise. A expansão monetária realizada (antes) pelo Banco Central gerou um aumento artificial da atividade econômica brasileira. Isso ocorreu simultaneamente a um boom econômico mundial, gerado pela expansão monetária praticada em conjunto pelos principais bancos centrais do mundo, liderados pelo Fed.

Como conseqüência, o desemprego no Brasil foi a níveis historicamente baixos e o setor industrial, estimulado pela demanda (artificial) externa, entrou em capacidade máxima. Veja a seguir a tabela mostrando a variação do emprego na indústria, tomando-se como base o nível 100 para janeiro de 2001.

A partir de 2007, em decorrência do boom mundial, o emprego na indústria decola, chegando ao ápice em setembro de 2008, mês em que a crise mundial tornou-se explícita. A partir dali a contração torna-se brusca, de modo que, já em março de 2009, o emprego caiu para níveis menores que os registrados em 2001.

Emprego

Déficit primário (%PIB)

Bloomberg

Desemprego (% PIB)

Bloomberg

Déficit Nominal (%PIB)

Bloomberg

Dívida Interna Líquida/PIB

Bloomberg

Superávit primário (1998/2009)

Déficit nominal e déficit operacional (1998/2009)

Déficit nominal e déficit operacional (1998/2009

A taxa básica de juros no Brasil(jan 2002/nov 2009 - % anuais)

COMPOSIÇÃO DA DÍVIDA PÚBLICA(% dos títulos por indexador) – Jun 2009

jun/09

Selic Câmbio Prefix. TR Preços Outros Open market

Selic Câmbio Prefix. TR Preços Outros Open market

28,2 0,7 24,6 1,2 21,8 0 22,6

TOTAL (R$ bi)

1707.5

As operações de mercado aberto referem-se ao saldo, corrigido pela taxa contratada, das operações de financiamento com prazo a decorrer, no último dia útil do mês;

DÍVIDA PÚBLICA (% DO PIB) – 1999/2009

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010ANO 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

% PIB 44,50 45,40 49,90 51,30 53,50 48,20 48,00 45,90 43,90 38,80 44,00

Taxas de crescimento do PIB em 2009 e 2010

(previsões do FMI em set/2009)

-10

-5

0

5

10

2009

2010

2009 -1,4 -3,8 -2,6 -4,8 -6 -2,3 1,5 -1,3 -6,5 5,4 7,5

2010 2,5 0,6 0,8 -0,3 1,7 1,6 4,7 2,5 1,5 6,5 8,5

Mundo

Desenvo

EUA EuroJapã

oCanadá

emergs

BRASIL

Rússia

ÍndiaChin

a

MundoDesenvs.

EUA Euro Japão Canadá

Emergs.

BRASIL

Rússia Índia China

2009 -1,0 -3,8 -2,6 -4,8 -6 -2,3 1,5 -1,3 -6,5 5,4 7,5

2010 3,0 0,6 0,8 -0,3 1,7 1,6 4,7 2,9 1,5 6,5 8,5

A previsão do FMI para a dívida pública das nações desenvolvidas em 2014 é de 118 % do PIB

BRASIL – CONTAS EXTERNAS (1985/jun 2009)

(US$ bi)

BRASIL – CONTAS EXTERNAS (1985/jun 2009)

Balanço Comercial Invs. Exts. Líqs.

Necs. de Fin. Ext.

1985-1989 13,5 -6,3 13,4

1990-1994 12,1 7 17,4

1995-2002 -1,1 22,3 50,9

2003/jun2009 35,1 22,2 30,5

(US$ bi)

Indicadores externos - jan/jun 2009 e jan/jun 2008

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

Invests. Exts.Líqs.

Bal.Comercial

Viagens Juros Lucros edividendos

2008

2009

2008 2009

Invests. Exts. Líqs. 16,71 12,684

Bal. Comercial 11,302 13,997

Viagens -2,635 -1,887

Juros -3,183 -4,095

Lucros e dividendos -18,993 -10,859

(US$ bi)

BALANÇO DE TRANSAÇÕES CORRENTES(19933/2009 – em R$ milhões)

Balanço de pagamentos do Brasil

85/89 90/94 95/02 03/09 (set)

US$bi %PIB US$bi %PIB US$bi %PIB US$bi %PIB

Balanço comercial 13,5 4,6% 12,1 2,7% -1,1 -0,2% 34,9 3,3%

Necessidades de financ. do BP

13,4 4,6% 17,4 3,9% 50,9 7,3% 31,1 2,9%

Investimentos externos líquidos

-6,3 -2,1% 7,0 1,6% 24,3 3,5% 24,9 2,4%

Fonte: Banco Central do Brasil

Taxa de desemprego no Brasil

(Out 2008 a Set 2009)

Taxa de desocupação Brasil

(set 08 a set 09)

Taxa de câmbio – REAL/US

(jan 1995 a out 2009)

http://research.stlouisfed.org/fred2/series/DEXBZUS?cid=284

Taxa de câmbio – REAL/EURO

(desde jul 2008 )

http://www.ecb.int/stats/exchange/eurofxref/html/eurofxref-graph-brl.en.html

Gastos Correntes Com Pessoal da União – Fonte MFBase: Até junho de 2009

(em R$ 1,00)

Itens Executivo Judiciário Legislativo Total

Diárias 240.423.970,00 24.027.197,00 2.338.779,00 266.789.946,00

Passagens 232.607.659,00 8.712.158,00 31.746.310,00 273.066.127,00

Alimentação 635.674.288,00 318.184.528,00 95.510.646,00 1.049.369.462,00

Total 1.108.705.917,00 350.923.883,00 129.595.735,00 1.589.225.535,00

1º 2º 3º

CRESCIMENTO DAS DESPESAS DE CUSTEIO DO EXECUTIVO (2003-2008)

Maiores altas

Presidência

Presidência com órgãos vinculados

Advocacia Geral da União

Desenvolvimento Agrário

Cultura

Justiça

Trabalho e Emprego

Maiores quedas

Transportes

Minas e Energia

Em R$ milhões correntes Em R$ milhões de 2008

variação variação

2002 2008 nominal 2002 real

97,5

268,0

42,5

227,7

109,7

575,0

9.450,0

1.760,0

978,4

552,6 467% 138,3 299,6%

1.100,0 310% 307,7 257,5%

140,8 231% 60,3 133,5%

566,9 149% 300,1 89,0%

267,8 144% 155,6 72,1%

1.399,0 143% 815,4 71,6%

22.660,0 140% 13.400,1 68,1%

602,0 - 65,7% 2.495,7 -75,9%

514,9 - 47,3% 1.387,4 -62,9%Fonte:Siafi

CRESCIMENTO DAS DESPESAS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA COM DIÁRIAS E LOCOMOÇÃO (2003-2008)

Diárias

Presidência (servidores civis)

Locomoção

(inclui órgãos vinculados)

Em R$ milhões correntes Em R$ milhões de 2008

variação variação

2002 2008 nominal 2002 real

6,9

11,2

18,2 164% 9,8 86%

40,5 262% 15,9 154,8%

Fonte:Siafi

Órgão Dez/02 Set/09 Variação Variação %

Legislativo 30.847 35.586 4.739 15,4

Judiciário 102.809 116.584 13.775 13,4

Executivo 1.649.413 1.930.486 281.073 17,0

Ex-territórios e DF 180.808 197.398 16.590 10,9

TOTAL 1.963.877 2.280.054 316.177 16,1

Efetivo de Pessoal da União) Fonte MF(Setembro de 2009 a Dezembro de 2002

Fonte: MF

4. Cenários

Qualquer que venha a ser a trajetória da economia mundial em 2010 e nos anos seguintes, as medidas corretas a serem adotadas por nosso governo seriam, resumindo:

- corte profundo em despesas de custeio

- mais investimentos públicos (especialmente em infraestrutura)

- reformas no Estado (tributária, fiscal, trabalhista, previdenciária e outras)

- isto permitiria que a relação dívida interna/PIB caísse fortemente, que a

política monetária fosse menos apertada, que o Banco Central promovesse

forte redução no recolhimento compulsório e que a taxa de juros caísse

rapidamente e de forma natural.

Tendo em vista que tais medidas dificilmente virão a ser adotadas, podemos admitir os seguintes cenários para a economia mundial e a brasileira:

O primeiro cenário é em forma de V, em que, após atingir o fundo do poço, a economia mundial iniciaria imediatamente uma recuperação;

PIB

tempo

PIB

tempo

PIB

tempo

PIB

tempo

CENÁRIOS (TEÓRICOS)

O segundo é um U, desenhado por um período de recessão seguido de recuperação sustentada;

O terceiro é um L, ou seja, após atingir o seu nível mais baixo, a atividade econômica nele permaneceria por um tempo bastante longo (a exemplo de toda a década de 30 nos Estados Unidos e da década de 90 no Japão);

E o quarto é um W, revelando uma alternância de aquecimentos com desaquecimentos, na tradição dos ciclos econômicos.

CENÁRIOS (PROVÁVEIS)

Em nível mundial, o cenário mais provável é um W: as economias dos EUA, da Europa e do Japão, aparentemente em recuperação, terão problemas pela frente já no segundo semestre de 2010, com alta probabilidade de uma nova bolha.

A economia chinesa deverá, também na iminência de uma bolha, crescer menos em 2010, o mesmo devendo ocorrer nas economias da Índia e da Rússia.

E a incrível expansão da moeda e do crédito aponta para riscos de inflação.

No que se refere à economia brasileira, também ficamos com o W, porque nossas autoridades, com vistas às eleições de 2010, estão tentadas – especialmente a Fazenda e o IPEA – a “estimular” a economia, o que está acarretando alguma recuperação, embora transitória; e porque nossas características institucionais e a velha prática de nossos governos de atuarem como meros apagadores de incêndios, sem atacarem as causas estruturais, estão mais fortes do que nunca no governo atual. Provavelmente, já em 2010 o Banco Central será forçado a elevar a taxa Selic, para evitar a explosão da inflação. O atual quadro eleitoral indica o risco de o Bacen abandonar o regime de câmbio flutuante e, portanto, o sistema de metas de inflação.

PIB Real (%) – (estimativas*)

2010 2011 2014

Mundo 3,1 1 4

Estados Unidos 1,5 1 2,1

Europa 0,3 0 2,1

América Latina 2,9 1,5 3,2

Japão 1,7 1 1,8

China 6,9 5 9

Rússia 1,5 0,5 5

Índia 5,9 4 7,6

Brasil 4,5 1 3,7

*Aster Asset Management – outubro de 2009

Inflação – preços ao consumidor (estimativas*)

2010 2011 2014

Mundo 2,9 3,8 4,5

Estados Unidos 2 3,5 4

Europa 1,2 2,5 3,5

América Latina 6,2 7,8 9,2

Japão 0,5 2 2,8

China 0,9 2,5 2,1

Rússia 11,2 13,5 14

Índia 7,8 8,5 9

Brasil 5 6,5 5,9

*Aster Asset Management – outubro de 2009

Taxas de juros oficiais (em % ao ano)

Barclays Capital e Aster Asset

Uma bolha em formação no Brasil

A bolha americana que estourou em 2008 teve sua origem na excessiva expansão de crédito imobiliário, assim como na manutenção de taxas de juros artificialmente reduzidas pelo Fed. Os principais veículos para a explosão do crédito imobiliário foram as semi-estatais Fannie Mae e Freddie Mac.

Dessa vez, o erro pode estar sendo feito no Brasil. Quando o Banco do Brasil divulgou seu último resultado, o ministro Guido Mantega chegou a convocar uma entrevista coletiva para celebrar o crescimento da carteira de crédito do banco, alertando que os bancos privados poderiam "comer poeira" se não seguissem o mesmo curso. Chega a ser temerário um ministro da Fazenda estimulando dessa forma o crescimento do crédito, num momento onde a cautela se faz necessária.

Somando-se o total de crédito concedido pelo Banco do Brasil, BNDES e Caixa Econômica Federal, chega-se a um crescimento de cerca de 30% comparado ao ano anterior. O total do passivo desses três bancos aumentou 36% nesse período, sendo que o patrimônio líquido deles permaneceu praticamente estável. Em outras palavras, o grau de alavancagem cresceu de forma impressionante. Esses bancos estatais possuem apenas um real de patrimônio para cada dezessete reais de passivo. São apenas R$ 70 bilhões de patrimônio sustentando um passivo acima de R$ 1,2 trilhão.

Em contrapartida, os dois maiores bancos privados do país, Itaú Unibanco e Bradesco, possuem pouco mais de R$ 1 trilhão de passivo, para quase R$ 90 bilhões de capital, uma alavancagem perto de 12 vezes. Ou seja, os bancos privados demonstram mais responsabilidade no que diz respeito ao grau de alavancagem.

Os governantes costumam focar nas próximas eleições, ignorando os riscos de suas medidas no longo prazo. Com uma quase obsessão pelos dados trimestrais do PIB, esquece-se do perigo da bolha de crédito.

É verdade que o patamar de crédito em relação ao PIB não é dos maiores no Brasil, se comparado ao nível dos países mais desenvolvidos. Segundo o Banco Central, o total de empréstimos bancários no país representa 37% do PIB, o maior valor desde o Plano Real, mas ainda bem abaixo da média dos países ricos. No entanto, o crescimento na margem tem sido espetacular, levantando dúvidas quanto à sustentabilidade dessa situação. Além disso, não se pode descartar a significativa redução na taxa Selic, que chegou ao menor patamar desde sua criação em 1986. Apenas nesse ano, a taxa já foi cortada em cinco pontos percentuais. Os efeitos disso costumam levar algum tempo para aparecer, mas é inegável que bastante lenha foi jogada na fogueira da economia.

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