capitania de pernambuco. a revolta dos mascates 1710- 1711

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Capitania de PernambucoCapitania de Pernambuco

A Revolta dos A Revolta dos MascatesMascates

17101710 - 1711- 1711

Pernambuco no século XVIII: Recife e Olinda A cidade de Olinda entrara em decadência com

a dominação holandesa. Recife assumira o controle político da capitania

após a expulsão dos invasores e não se dispunha a perder esta posição.

A velha nobreza pernambucana, concentrada em Olinda, sustentava sua importância.

A burguesia portuguesa, que aumentava expressivamente, manifestava o interesse de transferir a sede da administração da capitania para Recife, de onde dirigia os negócios da produção regional pelo investimento de seus capitais.

Crescia Recife, enquanto Olinda perdia o fausto do passado.

Relato do padre Gonçalves Leão sobre Relato do padre Gonçalves Leão sobre o antagonismo entre nobres e o antagonismo entre nobres e mascates:mascates:

“Uma das coisas em que o demônio apurou mais os ardis de seus enredos para continuarem os ódios e as guerras em Pernambuco foi a divisão em que duas parcialidades deixaram toda a gente desta terra. Tanto a que seguia a parte de Recife como a outra nobreza moviam para isto os ânimos de todos, de tal sorte que pais e filhos, maridos e mulheres, irmãos, enfim, amigos e parentes, e do mesmo modo brancos e pretos, grandes e pequenos, machos e fêmeas eram nas opiniões de uma e outra parte tão diversos e encontrados que se não dava meio de poderem concordar.”

Citado por: MELLO, Evaldo Cabral de. A fronda dos mazombos: nobres contra mascates : Pernambuco 1666-1715. 2.ed. rev. São Paulo: Ed.34, 2003. p.311

Atividade 1:Atividade 1:

De acordo com o relato do padre, quais seriam as causas das revoltas em Pernambuco?

Para o padre, esta situação teria solução?

O governador da Capitania, Sebastião de Castro e Caldas, endossou as pretensões dos mercadores de Recife, praticamente

desconhecendo a existência de Olinda como sede do poder político local, o que provocou hostilidades entre o governador e a Câmara

de Olinda. Em carta Régia de 19 de novembro de 1709, o monarca autorizou a

delimitação de limites do novo município de Recife, até então subordinada a Olinda. Castro e Caldas, apressando-se em executar

a ordem, fez erigir o Pelourinho e, dessa forma, elevou Recife à categoria de Vila, instalando também o governo municipal.

Figura: Rua da Cruz, de F. Krauss(sculpt) e Emilio Bauch (del), s.d., Recife.

Olinda resolveu agir violentamente. Armados, os revoltosos marcharam para Recife, de que

se apoderaram facilmente. Destruíram o pelourinho, rasgaram o foral régio que

criara a vila e queimaram as listas dos eleitos para a Câmara.

O governador Castro e Caldas, depois de um atentado, fugira para a Bahia, sob a proteção do governador-geral

de lá. Os rebeldes de Olinda estiveram indecisos quanto à

escolha do sucessor para o governo da Capitania. Finalmente, o Bispo D. Manuel Álvares da Costa foi

chamado a assumir o governo, mas este deveria assinar um requerimento.

A revoltaA revolta::

Trecho do requerimento dos Trecho do requerimento dos revoltosos:revoltosos:

“Que se destrua a vila de Recife para nunca mais haver; (...) que todos os contratos serão arrematados na cidade de Olinda, como cabeça que é de Pernambuco;(...) Que por demora, que possa haver em quaisquer pagamentos, não se cobrarão juros, nem levarão lucros alguns.(...) Que todos os governantes serão fidalgos, e se não meterão com os contratos, nem outros negócios, pelo grande prejuízo que recebe o povo. Que sejam desterrados os que acompanham Sebastião de Castro e seus cúmplices, e que seus bens confiscados. Que sejam tidos e havidos por traidores ao povo. (...) Que o reverendo bispo não entregará o governo ao novo sucessor sem que se lhe prometa em nome de el-rei, fazer cumprir e guardar os capítulos acima.”

Fonte: HOLANDA, Sérgio Buarque de. Historia geral da civilização brasileira. 2. ed. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1963. t.1- vl. 2 (texto adaptado)

Atividade 2:Atividade 2:

Por este requerimento, o Bispo se comprometeria a governar de acordo com os interesses de Olinda.

Aponte os interesses dos nobres de Olinda presentes neste requerimento.

“...o grande número de que se compôs este motim, suponho pela experiência que tenho não passam os empenhados no sobredito levantamento mais de que dez a doze homens(...) dos que se acham com maiores dívidas aos mercadores, que é quase toda a gente de que se compõe o povo de Recife.(...) Para livrar-se dos seus credores, procurando juntamente melhorar de fortuna, são mui capazes de converter para qualquer traição e de oferecer à França aquelas capitanias...”

Trecho da carta de Caetano de Melo Trecho da carta de Caetano de Melo de Castro sobre o conflito em de Castro sobre o conflito em Pernambuco.Pernambuco.

Fonte: Mello, Evaldo Cabral de. A fronda dos mazombos: nobres contra mascates : Pernambuco 1666-1715. 2.ed. rev. São Paulo: Ed.34, 2003.

Atividade 3:

a) Para o autor desta carta, qual seria o verdadeiro motivo do levante dos olindenses?

b) Volte ao requerimento dos amotinados e identifique no texto um trecho que comprove ou não a afirmativa de Caetano de Melo.

O acerto de contas:O acerto de contas: Os mercadores de Recife vinham sendo alcunhados

de mascates. Informados da vitória de Olinda, planejaram um

ajuste de contas. O capitão-mor da Paraíba, João da Maia da Gama,

cooperou com eles. Certos do sucesso, anunciando que Castro Caldas

voltaria, levantaram-se contra Olinda. O bispo fora aprisionado e, sob coação, escreveu

uma circular às autoridades do interior para que aceitassem os novos sucessores que visavam à

restauração do governo legítimo.

Felix José Machado Vasconcelos foi mandado de Lisboa para assumir o governo da capitania.

Exigiu que o bispo reassumisse para transmitir-lhe o governo.

Foi bem recebido por ambos os lados, que buscavam conquistar o novo governador.

Contudo, Felix Vasconcelos revelou-se partidário, assumindo o lado dos mascates.

Alegando que descobrira uma conspiração contra sua vida, ativou uma perseguição aos envolvidos. Várias

pessoas foram presas e tiveram os bens confiscados. A Câmara de Olinda recorreu ao rei, reclamando uma

providência para por fim às perseguições. Em 7 de abril de 1714 foram mandadas suspender as

violências.

Atividade final:

A partir de suas conclusões anteriores, elabore um texto sobre a revolta dos mascates em Pernambuco.

Trecho do requerimento Trecho do requerimento dos revoltosos:dos revoltosos:

“Que se destrua a vila de Recife para nunca mais haver; (...) que todos os contratos serão arrematados na cidade de Olinda, como cabeça que é de Pernambuco;(...) Que por demora, que possa haver em quaisquer pagamentos, não se cobrarão juros, nem levarão lucros alguns.(...) Que todos os governantes serão fidalgos, e se não meterão com os contratos, nem outros negócios, pelo grande prejuízo que recebe o povo. Que sejam desterrados os que acompanham Sebastião de Castro e seus cúmplices, e que seus bens confiscados. Que sejam tidos e havidos por traidores ao povo. (...) Que o reverendo bispo não entregará o governo ao novo sucessor sem que se lhe prometa em nome de el-rei, fazer cumprir e guardar os capítulos acima.”

Fonte: HOLANDA, Sérgio Buarque de. Historia geral da civilização brasileira. 2. ed. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1963. t.1- vl. 2 (texto adaptado)

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