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Biocombustíveis
Marina Cavalcanti Santos
Ecologia Energética – Departamento de Biologia Geral
Fonte : Jornal Estado de Minas
Biocombustíveis
• São materiais biológicos que, quando em combustão,
possuem a capacidade de gerar energia para realizar
trabalhos;
• São combustíveis orgânicos de fontes renováveis.
biomassabiocombustívelbioenergia
Biomassa
• Definição: “Fonte de Energia limpa (não poluente) e
renovável, disponível em grande abundância e
derivada de materiais orgânicos” (Silva, UNG).
• Todos os organismos fotossintetizantes podem ser
utilizados.
Principais biocombustíveis atuais
• Carvão vegetal derivado da madeira seca
• Biodiesel derivado de óleos vegetais
• Álcool/etanol derivado da cana de açúcar
• Biogás derivado de matéria orgânica através
dos biodigestores
Biomassa
• Atualmente, a matriz energética é composta
por petróleo (35%), carvão (23%) e gás
natural (21%). Em 25 anos, estima-se que a
demanda mundial energética tenha um
aumento de 80 %.
• Novas fontes de energia são sempre
necessárias (???)
Biodisel
• É um combustível biodegradável derivado de fontes
renováveis
• Pode ser produzido a partir de uma mistura de um álcool e
gorduras animais ou óleos vegetais.
• São diversas espécies vegetais no Brasil que podem ser
utilizadas tais como mamona, dendê (palma ), girassol,
babaçu, amendoim, milho, canela e soja, dentre outras.
• Reação é obtida por diferentes processos:
transesterificação (com um catalisador)
• O biodiesel substitui total ou parcialmente o óleo diesel de
petróleo em motores ciclodiesel automotivos (de
caminhões, tratores, camionetas, automóveis, etc) ou
estacionários (geradores de eletricidade, calor, etc).
• Cuidados com resíduos
• Usado puro ou misturado ao diesel em diversas
proporções (B2, B5...B100)
• No Brasil uma lei de janeiro de 2005 sugeriu a adição
voluntária de 2% ao óleo diesel comercializado. Em
2008 a B2 será obrigatória. A B5 será voluntária até
2012 e voluntária depois de 2013.
Etanol
• É um álcool, combustível de origem orgânica, obtido através da
fermentação de substâncias amiláceas ou açucaradas, como a sacarose
existente no caldo-de-cana, e também mediante a processos sintéticos.
• O Brasil foi pioneiro
• Inicialmente, o álcool etílico fazia parte da mistura de combustíveis
com a gasolina em automóveis, posteriormente desenvolve-se motores
especiais para esse combustível.
• Brasil é o maior produtor mundial de etanol
• Para abastecer 5% do mercado mundial de álcool
combustível, o Brasil precisará aumentar a sua
produção em seis vezes mais, atingindo 100
bilhões de litros.
Usina de lucros Os negócios com álcool no Brasil movimentaram bilhões no ano passado
2,9 bilhões de dólarescom a venda de álcool para misturar na gasolina 2,2 bilhões de dólarescom a venda de álcool combustível 766 milhões de dólaresem exportação para 46 países 373 milhões de dólarespara indústrias de alimentos, perfumes e cosméticos 19 milhões de dólarescom a venda de álcool como insumo para a indústria química Total 6,2 bilhões de dólares Fonte: Datagro
Biodigestor
• É um tanque protegido do contato com o ar
atmosférico, onde a matéria orgânica contida
nos efluentes é metabolizada por bactérias
anaeróbias. Os subprodutos obtidos são: o
biogás (gás inflamável), o biofertilizante (alta
qualidade), e o efluente mineralizado (tratado).
• A tecnologia de biodigestores já tem pelo menos duas décadas no Brasil. Iniciou-se
com modelos provenientes da e Índia e China (usado em larga escala)
Fonte: wikipedia
Biocombustíveis
A questão do balanço energético
Energia contida no biocombustívelTotal de energia fóssil investida
• Balanço negativo: a energia obtida com o biocombustível é
menor do que o total gasto para produzi-lo ( balanço do carbono)
• Levar em conta:
• gastos com infra-estrutura (instalações de refinarias, estradas
e armazéns onde há gasto de energia fóssil),
• transporte da mercadoria e na produção de N
Importância do Fertilizante Químico:Alto custo energético na produção de N
• Geralmente os balanços divulgados são positivos (consideram a energia
contida em subprodutos gerados muitas vezes não aproveitados )
Com cálculos refeitos, grande parte dos balanços energéticos
dão negativo
• Somente culturas de alta produção de biomassa e com baixa adubação
nitrogenada, como a cana-de-açúcar e dendê, têm apresentado balanços
energéticos altamente positivos (media de 8,7) (Fonte: Embrapa)
•EUA e EuropaTrabalhos mostram balanço negativo (biodiesel da canola, etanol do milho,
beterraba ou trigo)
Brasil (até 1999) – 0,5% produção mundial
•A planta (Elaeis Guineensis) é originária da África e
foi introduzida no Brasil no período colonial, pelos
escravos africanos.
A Amazônia Brasileira possui o maior
potencial para plantio de dendê no mundo (Embrapa)
O Dendê (Óleo de Palma)
Estudos sobre o balanço energéticoainda são incipientes...
Planta também exótica
Somente a Região Nordeste possui uma área de mais
de 3 milhões de hectares
com aptidão para o cultivo
da mamona.
Área, produção e produtividade da mamonano Brasil.
A Mamona
Soja
“A cultura da soja desponta como
a jóia da coroa do agronegócio
brasileiro” (Revista da Política
agrícola)
• Intenção de plantio superior a 22
milhões de hectares
Área, produção e produtividade de soja noBrasil.
Evolução da produção e da área plantada de soja no Cerrado (Fonte: CI – Brasil).
Biocombustíveis X Agricultura de Alimentos
Evolução do plantio de soja (A) e do plantio de mandioca (B) em uma área de fronteirado Piauí). Fonte CI - Brasil
• Substituição de cultivo de alimentos; problema grande em países
subdesenvolvidos onde a população sofre com a fome
• Cultivo de alimentos já sofre com:
– Esgotamento de aquíferos;
– Seca e altas temperaturas;
– Cultura da soja (alimento da indústria da carne)
• “É preciso ter produção em escala e isso pode concorrer com a produção
de alimentos” (Ricardo Oliveira, especialista em políticas públicas e gestão
governamental, da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia eEnsino
Superior – Fonte Estado de Minas)
•Retirada de vegetação natural: expansão de fronteiras agrícolas;
•Substituição de espécies nativas por exóticas (dendê, soja e
mamona);
•Monoculturas
• Esgotamento do solo, pesticidas, esgotamento de minerais;
Fonte LIMPA de energia???
•Essa substituição poderá gerar aumento do preço de alimentos
Ônus Ecológico
Evolução Da Produção Canavieira No Brasil
• Tecnológica queda dos custos de produção e
processamento da cana, tornando o Brasil imbatível nesta fatia
de mercado.
• Produção de cana triplicou desde 1975, ocupando hoje 8% da
área cultivada brasileira.
• O Brasil detém hoje cerca de 25% do mercado mundial de
exportações.
• Para atender a crescente demanda por álcool e açúcar nos mercados externo e
interno, o ideal seria a produção brasileira de 572 M t/ ano em 2013, um
acréscimo de 230 M t/ ano em relação a 2003 (produção de 345 M t).
• A meta é o incremento de pelo menos 150 M t, o que significaria um acréscimo
de 2,2 a 3 M de hectares de terra de cultivo.
• Necessidade de superar as dificuldades de negociação com o mercado externo, já
que possui preços de produção quase imbatíveis e capacidade de expansão
virtualmente ilimitada (?).
• De acordo com a EMBRAPA, haveria no Brasil 100 M ha destináveis à
agricultura, 90 M só no Cerrado. Outros 20 M poderiam se somar devido a
avanços na pecuária.
• Considera ainda a ocupação de novas áreas de cultivo, possibilitada pela
adoção de variedades adaptáveis. No entanto, não especifica quais seriam
estas áreas. (AMAZÔNIA?).
• O estudo considera, portanto, não haverem limitações para a expansão da
cultura, neste sentido (?).
Mapa com novas áreas prioritárias de conservação com importância extremamente alta (verde) e a área de potencial uso para produção de cana-de-açúcar (rosa). Fonte: Machado et al, 2007
No Cerrado, 70% dasáreas de alta importância biológica podem estar no front da expansão docultivo da cana-de-açúcar
Bioma onde são esperados os maiores impactos da expansão do agronegócio
Biocombustíveis podem ‘empurrar’ outrasatividades para áreas ainda preservadas
Fonte:Estado de Minas
“O crescimento de 58,31% na área destinada ao plantio de cana-de-açúcar no Centro-Oeste de Minas Gerais, onde estão as
nascentesdo São Francisco, põe em risco a vida no nascedouro do rio. Os
dadosreferentes ao avanço são da Federação da Agricultura do Estado deMinas Gerais (Faemg) e mostram o crescimento acelerado dos
canaviais,estimulado pelas novas perspectivas de uso do etanol. De
julho de 2006 a julho de 2007, a área reservada à cultura na regiãopassou de 22.842 hectares para 33.876 hectares. No mesmo
período,a produção aumentou de 1,7 milhão para 2,57 milhões de toneladas
por ano, o equivalente a um crescimento de 50,63%.Entre outras conseqüências para o meio ambiente, especialistas
destacam o assoreamento, contaminação do lençol freático, desmatamento e comprometimento das matas ciliares. As
empresas deAçúcar e álcool se defendem, alegando que trazem desenvolvimento,
Obedecem à legislação e a atividade não causa danos à natureza.“As pessoas que falam em ameaças estão desinformadas”, afirma
Luciano Rogério de Castro, superintendente do Sindicato da Indústriado Açúcar e do Álcool de Minas Gerais.”
Argumentos para o incremento da produçãoEstudo sobre a produção e uso do biodiesel, encomendado pelo governo (Núcleo
de Assuntos Estratégicos, 2005)
• Queda da emissão de CO2 atmosférico proveniente da queima de
combustíveis fósseis.
• Possibilidade de geração de excedente energético graças à
otimização do aproveitamento do bagaço da cana.
• Brasil apresenta sustentabilidade da base agronômica, com
tecnologia agrícola e disponibilidade de diversas variedades
genéticas.
• Capacidade de suporte industrial para destilarias, logística e
exportação.
• Possibilidade de geração de empregos diretos e indiretos,
mesmo com a redução do número de trabalhadores por
unidade do produto
Furos no Estudo
• A despeito da afirmação governamental a respeito do baixo
impacto ambiental, o mesmo estudo revela que:
• “Não são feitos de maneira homogênea, no Brasil, estudos
abrangentes de todos os aspectos relativos à sustentabilidade
ambiental da cultura de cana-de-açúcar”.
• “Nas regiões de maior produção, estão em curso programas para a
redução gradual da queima da cana, e o mesmo deverá ocorrer
com a proteção de nascentes e a redução da captação de água para
uso industrial”.
• Em SP(1997), em média 5 metros cúbicos de água (5000 L) são
captadas para o processamento de uma tonelada de cana. Esta
quantidade de biomassa produzirá em média 85,5 L de etanol e
140 Kg de bagaço, que poderia render mais 14 L de etanol com o
desenvolvimento de tecnologias que envolvem hidrólise de
compostos celulósicos.
• “Mantendo as exigências técnicas quanto à proteção
ambiental, é necessário buscar agilidade muito maior nos
trâmites de processos relativos às licenças ambientais, nos
empreendimentos em portos”.
• “Os custos prometem diminuir ainda mais, com melhorias na
produção, inovações radicais em variedades transgênicas...”.
• Em 1991: dos trabalhadores na agricultura de cana, 30% eram
especializados, 10% com treinamento médio e 60% com
pouca qualificação. No nordeste há 4 vezes mais
trabalhadores por unidade de produto que no sudeste : 38% da
mão-de-obra e 18% da produção.
• 30% da produção é feita por 60 000 produtores independentes.
Geração De Empregos
Distribuição Dos Trabalhadores E Nível De Escolaridade
ANOS DE ESCOLARIDADE
BRASIL % SUDESTE % NORDESTE%
4 a 7 28,0 36,4 14,7
1 a 3 27,3 29,1 27,6
> 8 13,2 17,4 8,9
< 1 31,5 17,1 48,8
• “Alta sazonalidade implica geralmente em empregos temporários, gerando
alta rotatividade, dificuldade de treinamento e conseqüentemente baixos
salários”.
• Em relação à geração de empregos, o estudo encomendado pelo governo
afirma laconicamente: “A qualidade dos empregos será superior”. E ponto
final, nenhuma linha a mais a respeito do assunto!
REFERÊNCIAS
•Produção de biocombustíveis: A questão do balanço energético. Segundo Urquiaga, Bruno José Rodrigues Alves,
Roberto Michael Boodey. Revista da Política agrícola, Ano XIV - Nº 1 - Jan./Fev./Mar. 2005
•Brasil. Ministério das Minas e Energia. Biomassa, biocombustível, bioenergia. Elaboração de Jorge Cals Coelho,
Brasília, 1982. Borges, Uta et al. PROÁLCOOL: economia política e avaliação sócio-econômica do programa
brasileiro de biocombustíveis. Aracaju, Universidade Federal de Sergipe, 1988. 168p.
•Mae-Wan Ho. 2006. Biocombustíveis: Devastação, fome & falsos créditos de carbono. Disponível em: http:
//resistir.info/ambiente/biodevastacao_p.html
•Pólo Nacional De Biocombustíveis. Disponível em: :http://www.polobio.esalq.usp.br/biocombustiveis.html
•Jornal Estado de Minas, 19 de Novembro de 2007
•Machado, Ricardo B.; Paglia, Adriano P.; Fonseca, Rafael L. Áreas e paisagens prioritárias no Cerrado, Pantanal
e Amazônia. Conservação Internacional, Brasília, DF. Available in the World Wide Web at: http://
www.conservation.org.br/ [20/nov/2007].
•Cadernos NAE / Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República – nº2 (jan. 2005) – Brasília: Núcleo
de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica,
2005
• http://www.polobio.esalq.usp.br/biocombustiveis.html
• Estado de Minas - Segunda-feira, 19 de Novembro de 2007
• Machado, Ricardo B.; Paglia, Adriano P.; Fonseca, Rafael L. Áreas e paisagens
prioritárias no Cerrado, Pantanal e Amazônia. Conservação Internacional,
Brasília, DF. Available in the World Wide Web at: http://www.conservation.org.br/
[20/nov/2007].
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