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AZULEJARTEPublicação dos alunos de Experiência Artística de Cultura Moderna da Universidade Federal do Maranhão | Ano 2014
PAULO CÉSAREM DETALHES
AZULEJARTE
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Um passeio pela trajetória de vida do artista plástico maranhense Paulo César revela suas motivações e o amor pela arte
tista plástico revela que suas primeiras influências musicais aconteceram por meio do choro, também popularmente chamado de chorinho, um gênero de música popular e instrumental brasileira, que surgiu no Rio de Janeiro, em meados do século XIX, e que revelou grandes nomes, como Chiquinha Gonzaga e Pixinguinha. Sua mãe era contadora de histórias e desenhista. Essas e outras aventuras pelo meio artístico levaram a família de Paulo César a ser proprietária de um cinema no interior do estado do Maranhão.
Na adolescência, Paulo Cesar cursou o ensino fundamental (antigo ginásio) no CEMA/TVE, escola que foi projetopiloto no Brasil na metodologia de ensino com uso de televisor em
Quem estuda na Universidade Federal do Maranhão tem o privilégio de apreciar de perto os azulejos que revestem as mesas das praças do Centro de Ciências Humanas (CCH), am biente que reúne acadêmicos e professores de várias graduações, além da comunidade em geral, que passa a vivenciar o universo intelectual da instituição. É no CCH que são encontradas obras, como pinturas, monumentos, esculturas, além de intervenções artísticas que fomen tam a expansão das ciências huma nas. Basta dar uma breve caminha da pelos corredores do prédio para se perceber as criações que encantam e colorem os quatro cantos do cená rio rústico e estudantil, adornados por produções do artista plástico mara nhense Paulo César.
Ludovicense, o despertar para as artes de Paulo César veio na infância. Como seu pai tocava cavaquinho e violão, o ar
sala de aula. Até graduar se em Educação Artística e Plástica, pela Universidade Federal do Maranhão, em 1985, o artista percorreu um vitorioso caminho no cenário artístico local conquistando o Prêmio Escultura na Areia, promovido pela TV Difusora, em 1972. Foi por meio do contato com Elyan, nascido Luis Carlos Bacelar, outro artista plástico especialis ta em azulejaria, que Paulo Cesar passou a desenvol ver um rico e detalhista trabalho com os azulejos, as tradicionais peças de porcelana que possuem extremo valor à população ludovicense, sendo a capital São Luís conhecida mundialmen te como a Cidade dos Azulejos, em virtude do extenso patrimônio artísticocultural encontrado no Centro Histórico.
TENHO CONSCIÊNCIADE PINTAR COM AMOR
AZULEJARTE
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É possível descrever que tipo de estilo ou movimento artístico você mais admira?
Sou Figurativo
Tens preferência por algum artista em
especial? Henry Matisse, Van
Gogh, Berninni, Rodyn, Antonio Almeida, Ciro Falcão, Edson Mondego, Darel, Ruben Ger sheman, Glauco Rodrigues e Oswald Gueld.
E qual o período artístico mais lhe
fascina? Gosto muito do final
do século XIX e a primei-ra me tade do século XX. Foi um período de ruptu-ras pelos novos paradig-mas entre o embate da recém-inventa da câmera fotográfica, do cinema e da Arte de atelier com a tradicional pintu ra. Essa guerra de campos entre a máquina e o artista ren-
deu muito.
Andando pelos corredores e espaços abertos do Centro de Ciências Humanas,
na Universidade Federal do Maranhão,
é possível perceber várias obras suas. Como se deu esse
processo de produzir obras para aquele
centro? Aprendi muito vendo-
Você tem mais de 40 anos dedicados às artes plásticas. É possível relembrar
qual foi sua primeira obra ou aquela que
marcou sua carreira neste período?
Essa resposta é qua-se impossível ser precisa, nesse aspecto não há um marco zero. Mas posso dizer que a primeira vez em que fui percebido ou descoberto pelo público e pessoas importantes no meio cultural de São Luís foi em 1972, quando par-ticipei de um concurso de Escultura na Areia, pro-movido pela TV Difuso-ra, na Praia do Araçagy, quando conquistei o prê-mio aos 12 anos de idade.
É possível descrever em que locais estão
expostas parte do seu acervo artístico? Nem eu sei ao certo o
paradeiro de tudo que já fiz, mas tenho obras pontuais. Algumas podem ser encontradas no Centro de Cultura Popular Domin-gos Vieira Filho (Centro Histórico), há também um painel sobre a Fé do Cato-licismo Popular e a outra, que eu me lembre, e talvez seja a última que fiz, está no Restaurante Le Bistrô, na Praia de São Marcos. Trata-se de um painel de Azulejos. Expus em muitos lugares aqui em São Luis, nos museus e nas extintas galerias públicas, que ti-veram seu auge nas déca-das de 1970 e 1980. Expus também em outros esta-dos, como Ala goas, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Ceará, Piauí, Paraná e Pará. Também não posso deixar de men cionar que tive obras ex postas em ou-tros países, como França, Alemanha e Cana dá. Para mim, tudo isso é mais do que a realização de um sonho.
mestres e artistas bem próximos a mim, como Nagy Lajos, Elyan, Anto-nio Al meida e JJ Lobato. Inventei -me nessas mistu-ras e afi nidades. Em um, eu amava a cor, noutro, o desenho, noutro, seu com-portamento pessoal e nou-tro, o discurso. Acho que algo forte no meu traba-lho é a presença hu mana da gente simples e a pró-pria cidade velha de São Luís (com seus 402 anos). Portanto, utilizei di versos suportes, como papel, tela, gesso, azulejo e cerâmica.
Seria possível descrever suas obras
de antes e agora? No início, eu apenas
era um trilhador e inquie-to. Já com a década de 1980, em 82, quando me senti maduro para rea-lizar a primeira obra in-dividual, pois me definia possuidor de um estilo. Fiz então “Fuga dos Azu-lejos”, que falava sobre as
pessoas pobres que vi viam nos casarões deca dentes do Centro Histórico. Eram As Ruínas Humanas. O tempo avançou, e com ele, me senti caminhar adian-te. Acho que mudei tec-nicamente, agora, estou mais seguro e sere no, mas acho que minha essência é a mesma. Sem pre tive como alvo o so cial e que fossem reparas injustiças contra os mais fracos e a natureza.
Houve alguma mudança de estilo
e utilização das técnicas?
Me vejo hoje com di-visões de águas e acabo utilizando de discursos apológicos. As retomadas ao começo são frequentes e vejo essas retrospecções, às vezes, como necessárias para lembrarmos o que fo-mos, o que somos e o que precisamos reaprender com nossa essência inicial.
De que forma seu temperamento e
personalidade são refletidos em suas
obras? Sou uma pessoa emo-
tiva, o amor e a dor me dominam. Atualmente, às vezes tenho que ser frio por estratégia de sobre-vivência. O mercado de obras de Arte, muitas ve-zes, é perverso. A sorte do suces so comercial de al-guma fase sua acaba lhe escravizando a um enges-samento.
Há alguma interferência de
temas ideológicos naquilo que é
retratado nas suas obras?
Acho que a resposta an terior inicia esta res-posta. Pois uma notícia na im prensa local, nacio-nal ou mundial pode ser um fato para meu dialo-go pictóri co, da mesma forma que as paixões me regem e movimentam. Aí me vejo como seres distin-tos, mas intensos em cada situação, ora um ser po-lítico ou, outrora, um ser apaixonado.
Seu trabalho carrega algum sentido
simbólico? Muito, claro. Eu mes-
mo não tenho a capa-cidade de pontuar esse estudo. Mas do lado de
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• Prêmio de escultura na areia; promovido pela TV Difusora,Praia do Araçagi 1972;
• Frequenta Atelier do Artista Azulejador Elyan (Luis Carlos Bacealr), no bairro do Filipinho do Artista Azulejador, com quem começou nessa arte, nos anos 1975-76.
• Ao lado de Antonina Jansen, dividiu espaço no atelier, na Rua Afonso Pena, para produção de Artes do Fogo, com cerâmica, azulejos, faianças e porcelanas, entre 1978 a 1985.• Técnico Tradutor e Interprete de Francês, do Liceu Maranhensee Aliança Francesa-1978
• Oficineiro da Secretaria De Desporto e Lazer do Maranhão (SEDEL), em 1980. • Licenciado em Educação Artística e Plástica, na Universidade Federal do Marahnão (UFMA), 1985. • Oficineiro do SESC, no Projeto Ciranda de Arte, nos anos 1989-90.
• Estágio em Conservação e Restauro de Azulejos de Fachada, Museu do Azulejo, em Lisboa, com bolsa Virtuose do Ministérioda Cultura do Brasil.
• Professor do Quadro do Departamento de Artes da UniversidadeFederal do Maranhão desde 1994. Nesse curso de Ed. Artistisca tem orientado trabalhos monograficos com foco na cerâmicae azulejaria, dentre outros temas proximos.
• Prêmio Coletiva de Maio, da Fundação Memória Republicana, em 1995.
• Implanta no Maranhão os três primeiros Cursos de Formação e Extensão em Restauro e Manufatura de Azulejos Antigos, projetos sociais para jovens carentes em idade de risco. Sendo o de maior foco o curso de Capacitação Solidária, de Ruth Cardoso, ocorrido nas dependências do Museu Histórico e Artístico do Maranhão, em 2000.
• Pós-Graduado /Especialista em História do Maranhão-UFMA 2004.
• Convidado pelo Núcleo Gestor do Centro Histórico e Gabinete do Prefeito Tadeu Palácio para atuar como Mestre-Artesão em manufatura azulejar com tecnologias antigas no curso de formação da Escola de Azulejaria de São Luis, em 2005.
• Atualmente dedica-se a construção do novo atelier e produção de azulejos para revestimento desse espaço na Zona Rural da ilha de São Luís.
fora uma crítica espe cializada sim, apenas re futarei o óbvio, pois tenho consciência de pintar com amor, e esse amor é uma paixão que fica impregnada nas minhas inten ções.
Como cria suas obras? Através de pintura, desenhos,
ou de forma imediata? É, como já falei antes, a criação
se passa desde uma manchete vista num jornal televisivo, isso norteia um tema de forma sócio-político, ou a uma questão mais intima e pessoal.
Quais os processos utiliza dos em suas criações?
As técnicas são uma das carac-terísticas mais marcantes no meu trabalho. Acho que, nessas horas, meu lado educador acaba me pos-suindo. Gosto das reutilizações in-ventadas, desde o Cubismo, de Pablo Picasso e Braque, como o “Object Touveé”, “Read Mady” instalações e performance e Conceitualismos.
Tem preferência por alguma técnica?
Ultimamente prefiro fazer meus próprios azulejos em argila. Esse lado da cerâmica sempre me fasci nou.
Tem preferência por quais cores, tons e imagem?
Quando estou nas telas, nos gua-ches sobre papel, sou meio Ma tisse, meio Van Gogh... Aí oscilam contras-tes violentos em azuis pro vençais e laranjas. Quando naazule jaria, prefiro todos os tons de azul cobal-to, pois me identifico com esse monocrômico azul da dinastia Ming (chinês), que teve no Portugal bar-roco a mesma intensidade;
A arte para você é a retratação da realidade, ou o reflexo do
imaginário do artista? A realidade e a imaginação se
completam, é dual, uma forquilha. A Arte é assim para mim.
Em suma, o que a arte representa para você?
São meus valores éticos e espiri-tuais. Jamais conseguiria ter sobrevivi do se não tivesse essa cer-teza e clareza desde a minha infân-cia quando brin cava com tabatinga na beira do rio.
LINHA DO TEMPO
Produção Ítalo Miqueias Araripe
Edição e Fotografia Raysa Guimarães
Diagramação Dâmaris Costa
Revisão Rayssa Alves
Reportagem Moisanielson AlvesEX
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NT
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