ata de julgamento de recurso concorrÊncia aa nº 01
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ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO
CONCORRÊNCIA AA Nº 01/2015
Em 10 de julho de 2015, reuniram-se a Comissão Especial de Licitação para análise das
razões de recurso apresentadas, no âmbito da Concorrência supramencionada, em
22/06/2015, pela Licitante CDA DESIGN LTDA , em face de decisão proferida pela referida
Comissão no âmbito do Julgamento das Propostas Técnicas que apresentou a pontuação e
as notas técnicas das Licitantes CDA DESIGN LTDA , FSB ESTRATÉGIA EM COMUNICAÇÃO LTDA e TOMSIC E WIEDEMANN DESIGN LTDA, conforme Ata de
Julgamento das Propostas Técnicas, publicada em 15/06/2015.
I. HISTÓRICO
Por intermédio da IP GP/DEDIV nº 01/2015, aprovada em 06/01/2015 pela Diretoria do BNDES, foi autorizada a realização de procedimento licitatório para a contratação de empresa para prestação de serviço de criação e conceituação gráfica, diagramação, editoração, fechamento de arquivo, gravação de mídia digital, impressão e acompanhamento gráfico, conforme especificações detalhadas no Projeto Básico.
Realizada pesquisa de mercado pela Unidade Demandante, apurou-se o valor global
estimado de até R$ 9.286.649,96 (nove milhões, duzentos e oitenta e seis mil, seiscentos e
quarenta e nove reais e noventa e seis centavos).
Após a definição da modalidade Concorrência, o respectivo Edital foi aprovado e o certame
foi divulgado através dos meios de comunicação de praxe (Jornal O Globo, pág. 27, site do
BNDES e DOU, seção 03, pág. 125, todos no dia 04/02/2015), tendo sido agendada a
Sessão Pública Inaugural para o dia 23/03/2015, às 14:30h, no portal Comprasnet.
Não houve impugnação ao Edital, apenas pedidos de esclarecimentos.
Na data designada, compareceram 4 (quatro) Licitantes, tendo sido todos credenciados.
Em seguida, procedeu-se ao recebimento de todos os envelopes de todos os Licitantes,
devidamente lacrados.
Os Envelopes nº 2 (Proposta Técnica Capacidade Técnico–Criativa (VIA NÃO
IDENTIFICADA), nº 3 (Proposta Técnica - Capacidade Técnico–Criativa (VIA
IDENTIFICADA), nº 4 (Proposta Técnica: Experiência do Licitante) e nº 5 (Proposta de
Preços) dos Licitantes, foram lacrados e rubricados pela Comissão Especial de Licitação e
pelos representantes dos Licitantes.
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Posteriormente, às 15h15min, foi realizada a abertura do Envelope nº 1, contendo os
documentos de Habilitação, os quais foram numerados e rubricados pela Comissão Especial
de Licitação e pelos Licitantes.
Foi informado aos presentes que os documentos de habilitação seriam analisados
posteriormente, em reunião interna, pelos membros da Comissão Especial de Licitação,
sendo seu resultado divulgado através de publicação no Diário Oficial da União e na página
do BNDES (www.bndes.gov.br).
Deste modo, a Ata de Julgamento de Habilitação foi publicada no dia 01/04/2015,
comprovada a adequação aos requisitos exigidos no Edital, as Licitantes CDA DESIGN LTDA, FSB ESTRATÉGIA EM COMUNICAÇÃO LTDA e TOMSIC E WIEDEMANN DESIGN LTDA foram consideradas habilitadas.
Em relação à empresa I - COMUNICAÇÃO INTEGRADA EIRELI, ao consultar o Portal da
Transparência (http://www.portaldatransparencia.gov.br/ceis), foi constatada a sanção
administrativa de declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração
Pública, prevista no artigo 87, inciso IV, da Lei nº 8666/93.
Foi verificado que tal sanção foi aplicada pelo Ministério da Educação, publicada no Diário
Oficial da União, Seção 1, página 17, no dia 12/02/2015 e que a data de vigência é até
11/08/2015.
Como o subitem 2.3, inciso II, do Edital da Concorrência nº 01/2015, determina que está
impedido de participar da Concorrência o Licitante que esteja cumprindo esta penalidade, a
Comissão Especial de Licitação entendeu que a empresa I - COMUNICAÇÃO INTEGRADA EIRELI estava impedida de participar da Concorrência nº 01/2015, com base no referido
subitem.
Aberto o prazo para a manifestação de intenção de recurso, a Licitante I - COMUNICAÇÃO INTEGRADA EIRELI, apresentou, tempestivamente, o seu recurso, o qual teve seu
provimento negado pela Comissão Especial de Licitação, que manteve a sua decisão no
sentido de não classifica-la, com base no inciso II do subitem 2.3, inciso II, do Edital, tendo
em vista a sanção de inidoneidade aplicada pelo Ministério da Educação (artigo 87, inciso
IV, Lei nº 8666/93), que estava em vigor e também vigorava na data da abertura da licitação
em 23/03/2015 e na data do julgamento da habilitação, em 24/03/2015. Posteriormente, o procedimento licitatório foi submetido à Autoridade Superior que, em 20
de abril de 2015, negou provimento ao recurso interposto, por força da declaração de
inidoneidade expedida pelo Ministério da Educação. Em 28 de abril de 2015, foi publicado no DOU aviso informando o julgamento do recurso
interposto e intimando os licitantes para a sessão pública de abertura das propostas
técnicas no dia 05/05/2015, às 15h, no escritório do BNDES no Rio de Janeiro.
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Em 30/04/2015 a Impetrante I - COMUNICAÇÃO INTEGRADA EIRELI enviou um e-mail
para o e-mail licitações@bndes.gov.br, informando que havia obtido liminar no STJ para
suspender registro do seu nome no cadastro CEIS efetuado pelo Ministério da Educação
até o julgamento do mérito do Mandado de Segurança nº 21694, e solicitando o seu retorno
ao certame, entretanto, os membros da Comissão Especial de Licitação, assessorados
pelos advogados do Departamento de Licitações do BNDES, negaram provimento ao
pedido de reconsideração apresentado pela Licitante I COMUNICAÇÃO INTEGRADA EIRELI, mantendo a decisão de não classifica-la, com base no inciso II do subitem 2.3 do
Edital.
Em 05/05/2015 foi realizada a sessão de abertura dos Envelopes n° 2 (Proposta Técnica
Capacidade Técnico–Criativa (Via Não Identificada) e nº 4 (Proposta Técnica: Experiência
do Licitante), para que fosse realizado o julgamento das propostas técnicas. Nesta sessão
foram abertos os envelopes n° 2 (Proposta Técnica Capacidade Técnico–Criativa (Via Não Identificada) dos 4 (quatro) licitantes, inclusive da Impetrante, que já estava
desclassificada. O seu envelope também foi aberto pois os Envelopes nº 2 não eram
identificados, já que o julgamento dessa etapa (capacidade técnico-criativa) foi realizado sob
anonimato, com base nos itens 6 e 8.8 do Edital da Concorrência nº 01/2015.
Em 20/05/2015, foi publicado no Diário Oficial da União, o Aviso de Abertura de Diligência,
no qual, a Comissão Especial de Licitação, em atenção ao princípio da competitividade, e
com esteio no art. 43, § 3º, da Lei n.º 8.666/93 e no subitem 6.7 do Edital, deliberou pela
instauração de diligência a fim de esclarecer as informações constantes nos documentos de
Proposta Técnica apresentados pelos Licitantes CDA DESIGN LTDA., FSB ESTRATÉGIA EM COMUNICAÇÃO LTDA., e TOMSIC E WIEDEMANN DESIGN L TDA.
No dia 15/06/2015 foi publicado no Diário Oficial da União, Seção 3, pág. 106, aviso
comunicando o julgamento das propostas técnicas, bem como a intimação dos licitantes
para em, 17/06/2015, comparecerem à Sessão Pública de identificação dos licitantes,
conforme prevê o subitem 8.13 do Edital.
Na Ata de Julgamento das Propostas Técnicas, devidamente publicada no DOU e
disponibilizada no site do BNDES, a Comissão Especial de Licitação fixou as notas técnicas
referentes à Experiência dos Licitantes, constantes do Envelope nº 4 (Proposta Técnica:
Experiência do Licitante) e as notas das Propostas Técnicas Capacidade Técnico-Criativa,
constantes do Envelope n° 2 (Proposta Técnica Capacidade Técnico–Criativa (Via Não Identificada) .
No julgamento das Propostas Técnicas, a Comissão Especial de Licitação desclassificou um
licitante com base no subitem 18.1.2.6, “a” e “b” do Anexo I ao Edital - Projeto Básico, que
estabelecia que seria desclassificada a licitante que: (a) não alcançasse no total a nota
mínima de 70 (setenta) pontos na proposta técnica geral e (b) obtivesse mais de uma nota 1
(não satisfatório) em qualquer critério da capacidade técnico-criativa. No momento do
julgamento, conforme consta na Ata, esse licitante desclassificado não pôde ser identificado,
uma vez que sua desclassificação foi com base na baixa pontuação da capacidade técnico-
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criativa (apócrifa), e pela impossibilidade de alcançar a pontuação técnica geral mínima na
soma com a o critério experiência do licitante.
Considerando que o julgamento das propostas técnicas de capacidade técnico-criativa foi
realizado sob anonimato, com base em propostas apócrifas, conforme previsto nos subitens
8.8 a 8.12 do Edital, fez-se necessária a realização de sessão pública a fim de abrir os
Envelopes n° 3 (Proposta Técnica Capacidade Técnico–Criativa (Via Identificada), para
verificar a quais licitantes cabiam as notas concedidas para as propostas técnicas de
capacidade técnico-criativa, e, inclusive, para identificar qual licitante havia sido
desclassificado (subitem 8.8 e seguintes do edital).
Assim sendo, conforme previsto no subitem 8.14 do Edital, na data de 17/06/2015, foi
realizada a sessão pública de abertura dos Envelopes n° 3 (Proposta Técnica Capacidade
Técnico–Criativa (Via Identificada) para que, após cotejamento com as Propostas Técnicas
Capacidade Técnico–Criativa (Via Não Identificada), fossem identificados os licitantes. Nesta sessão pública foi identificado que o Licitante B, que havia sido desclassificado por
insuficiência de nota técnica, nos termos do subitem 18.1.2.6 do Anexo I - Projeto Básico, foi
o Licitante I COMUNICAÇÃO INTEGRADA EIRELI , que já havia sido desclassificado por
estar impedido de participar da presente Licitação.
As Notas Técnicas atribuídas aos Licitantes foram as seguintes:
LICITANTE Nota
Experiência das Licitantes Item 18.1.1 Projeto Básico
Nota Capacidade Técnico criativa Item 18.1.2 do Projeto Básico
NOTA TÉCNICA FINAL
ÍNDICE TÉCNICO
FSB ESTRATEGIA EM COMUNICAÇÃO LTDA.
27 53,11 80,11 1,00
CDA DESIGN LTDA.
17 62,50 79,50 0,99
TOMSIC E WIEDEMANN DESIGN LTDA.
25 54,43 79,43 0,99
Como na sessão pública realizada no dia 17/06/2015 o representante da Licitante CDA DESIGN LTDA manifestou a intenção de interpor recurso, a Comissão Especial de Licitação
suspendeu os trabalhos para a apresentação das razões de recurso no prazo de até 5
(cinco) dias úteis a contar daquela data.
Os Licitantes CDA DESIGN LTDA e TOMSIC E WIEDEMAN DESIGN LTDA interpuseram,
tempestivamente, recurso contra o julgamento das propostas técnicas.
II. RAZÕES RECURSAIS
Em suas razões recursais, a CDA DESIGN LTDA , apresentou a seguinte alegação:
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À COMISSÃO ESPECIAL DE LICITAÇÃO DO BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL – BNDES (designa da pela ADE nº 07/2015, de 09/02/2015) Referente: Edital de Concorrência AA nº 01/2015 – BNDES
Objeto: Contratação de serviços de criação e conceituação gráfica, diagramação,
editoração, fechamento de arquivo, gravação de mídia digital, impressão e
acompanhamento gráfico, conforme especificações do Edital e de seus Anexos.
CDA DESIGN LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº
01.008.486/0001-77, com sede na Rua João Berutti, 108, Bairro Chácara das Pedras- Porto
Alegre - RS, por seu representante legal infra-assinado, vem perante Vossa Senhoria,
conforme artigo 109, I, da Lei 8666, e os itens 19.1 e 19.2 do edital, interpor RECURSO ADMINISTRATIVO da fase de proposta técnica, de acordo com os fundamentos de fato e
de direito que seguem. I - TEMPESTIVIDADE DO RECURSO A recorrente propõe o presente recurso administrativo em licitação na data de hoje, via
Sedex com entrega de 24 horas, portanto dentro dos exatos 5 dias uteis estabelecido no
caput do artigo 109 da Lei nº 8666 e do Edital.
Também na data de hoje será enviado o presente recurso à Comissão Especial de
Licitação, por e-mail, via eletrônica solicitada pela recorrente e aprovada pela presidente da
CEL, na sessão de abertura dos envelopes da proposta técnica, no dia 17 de junho de 2015,
com o testemunho de todos os presentes.
De qualquer forma, sustenta que o meio eletrônico (através de e-mail) para apresentação do
presente recurso é idôneo, mesmo se a via impressa não fosse enviada em tempo. De
acordo com o item 26.10 do edital e aplicação analógica do artigo 154 do CPC, do artigo 1o.
lei nº 9.800, de 26 de maio de 1999, bem como dos artigos 2º e 10 da Lei nº 11.280, de 16
de fevereiro de 2006, os recursos administrativos devem ser aceitos na forma eletrônica, por
e-mail com assinatura digital, uma vez que atendem a finalidade a que se referem.
Por outro lado, na forma do estatuído no artigo 22 da Lei nº 9.784, de 1999, que trata dos
processos licitatórios, os atos do processo administrativo não dependem de forma
determinada senão quando a lei expressamente a exigir.
II – FATOS Trata-se a ora recorrente, CDA Design Ltda., de uma empresa com muita experiência,
reconhecida nacionalmente por atender clientes de grande porte e com diversas premiações
no setor, com vasta experiência inclusive na área objeto do edital e que, como tal, engajou-
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se no processo licitatório em epígrafe com uma proposta que se encontra totalmente de
acordo com o edital de Concorrência Pública AA nº 01/2015 – BNDES.
De fato, durante o período de preparação da documentação de habilitação, para a proposta
técnica e proposta de preço, a CDA preocupou-se em atender às exigências da Lei de
Licitações e do Edital em questão, com todo o rigor, eficiência e profissionalismo.
Iniciada a concorrência pública para nessa ocasião efetivar a entrega de todos os envelopes
e a abertura de envelopes de habilitação, evento ocorrido no dia 23 de março de 2015, às
14h30min, na local definido no edital, no Rio de Janeiro, esta primeira sessão do processo
de licitação contou com a participação de quatro empresas, quais sejam: i Comunicação
Integrada EIRELI, CDA Design Ltda., FSB Estratégia em Comunicação Ltda., e Tomsic e
Wiedemann Design Ltda. Foi informado aos presentes que os documentos de habilitação
seriam analisados posteriormente, em reunião interna, pelos membros da CEL e seu
resultado seria divulgado através de publicação no Diário Oficial da União e na página do
BNDES, e que a documentação de habilitação dos licitantes seria disponibilizada
digitalmente. Nessa ocasião, os demais envelopes foram lacrados e rubricados pelos
membros da CEL e representantes legais de todas as empresas presentes.
De acordo com ata de 24 de março de 2015, a CEL decidiu-se pela habilitação das
empresas CDA Design Ltda., FSB Estratégia em Comunicação Ltda., e Tomsic e
Wiedemann Design Ltda., e pela inabilitação da i Comunicação Integrada EIRELI Ltda. A
empresa inabilitada interpôs recurso o qual não foi provido pela CEL, decidindo-se pela
manutenção da inabilitação da empresa recorrente. As demais empresas, inclusive a ora
recorrente, não interpuseram recursos.
Cumpridos todos os atos da fase de habilitação, agendou-se para o dia 5 de maio de 2015 a
sessão na qual ocorreu a abertura dos envelopes de n° 2 (proposta técnica capacidade
técnico–criativa, via não identificada) e nº 4 (proposta técnica: experiência do licitante, via
identificada), cujos documentos foram numerados e rubricados pela Comissão Especial.
De acordo com ata do dia 18 maio de 2015 a CEL, com fundamento no princípio da
competitividade, no art. 43, § 3º, da Lei n.º 8.666/93 e no subitem 6.7 do EDITAL, instaurou
diligência a fim de esclarecer as informações constantes nos documentos de Proposta
Técnica apresentados pelas três licitantes habilitadas. Cumprindo tais diligências, a ora
recorrente CDA enviou todos os documentos comprobatórios dos itens solicitados.
No dia 17 de junho de 2015 ocorreu a sessão para divulgação do julgamento das propostas
técnicas, com a divulgação do resultado das notas das propostas técnicas relativas a
capacidade técnico–criativa e das propostas técnicas relativas à experiência das licitantes.
Conforme divulgou-se nesse ato, portanto, a seguinte classificação relativa a esta fase:
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O representante legal da CDA Design Ltda., empresa ora recorrente, tendo infelizmente
constatado que parte das notas atribuídas às empresas não consideraram os critérios
estabelecidos no edital (e as respectivas notas de esclarecimento), na lei e na CF, propõe o
presente recurso administrativo em licitação, com base no art. 109, inciso I, alínea b, da Lei
de Licitações, para efeito de impugnar avaliação e outros atos administrativos em fase de
propostas técnicas.
A CDA ora recorrente não concorda com parte das notas atribuídas na proposta técnica
relativa à experiência da licitante conforme passará a dispor.
II - DO DIREITO À REVISÃO DA AVALIAÇÃO DE PARTE DOS CRITÉRIOS DA PROPOSTA TÉCNICA DA CDA DESIGN LTDA: EXPERIÊNCIA DA LICITANTE PARA MAIOR
De acordo com o item 18.1.1.1, a proposta técnica: experiência do licitante, a experiência
profissional da empresa será avaliada por meio de apresentação de peças cuja criação seja
comprovada por meio de atestado(s), expedido(s) por pessoa(s) jurídica(s) de direito público
ou privado ou por meio de crédito nominal. Cada peça só será pontuada uma única vez. De
tal modo, refere-se a experiência operacional da licitante de todo o planejamento efetuado
para, atendendo o edital, demonstrar ser a empresa que melhor atenderá ao abjeto da
licitação. Sendo assim, a licitante, envolveu-se de modo a identificar entre suas criações
passadas e aquelas de seus colaboradores inseridos e envolvidos no cumprimento do
contrato futuro, apresentando assim as peças representativas desta experiência.
Não há no edital qualquer especificação relativa à época de elaboração da peça em relação
ao vínculo da expertise daquele que se insere à empresa ou já inserido na mesma em
relação à peça criada. Por outro lado, no que tange a elementos da peça em si, aos critérios
relativos a livros (critério 4 e 5) a comissão julgadora não considerou os elementos especiais
dos livros especiais apresentados pela CDA. Sendo assim, a ora recorrente passa a
demonstrar as razões de seu desacordo com a avaliação de parte dos pontos pelas as
peças na Proposta Técnica: Experiência do Licitante.
1) Critério 3: Livro (qualquer especificação gráfic a) Conforme pode ser verificado na documentação disponível no processo licitatório em
questão, a CDA Design, ora recorrente, listou cinco livros dentro do critério “livro de qualquer
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especificação gráfica”, todos acompanhados de atestado da editora, com indicação do
número da página no qual se encontra o respectivo atestado, da quantidade de livros
comprovados e a pontuação pretendida na sua respectiva Proposta Técnica.
Em diligência da CEL, solicitou-se como segue: “É necessário que a licitante apresente
atestado que comprove que a peça é de sua criação. O atestado apresentado menciona que
foram realizados serviços de editoração e diagramação, não mencionando que foi realizada
a criação gráfica da peça, além de não vincular a peça à licitante, mas à profissional Mônica
Luce Bohrer.” Ciosa de cumprir com a solicitação, a ora recorrente forneceu um novo
atestado agora incluindo explicitamente que a Sra. Mônica Luce Bohrer realizou a criação
gráfica de cada uma das peças e cópia Contrato de Prestação de Serviços da mesma com a
CDA.
Ocorre que, de acordo com o que constou na tabela de notas divulgada em relação ao
quesito “Experiência do licitante”, no critério 3 “Livro - qualquer especificação gráfica”, item
18.1.1.2, do Anexo I – Projeto básico, verificou-se que a CEL não concedeu os 5 pontos
válidos do quesito (restando o mesmo ZERADO), sob a alegação de que “....não há
comprovação de vínculo da profissional com a licitante, na época da confecção da peça, de
modo que não é possível atribuir a experiência à CDA” e esta decisão não coaduna-se com
o edital, com a Lei de licitações e seus princípios, nem com a CF, conforme passamos a
argumentar:
Conforme pode ser verificado por acurada análise do edital, não há qualquer previsão da
qual possa depreender-se que, como experiência da licitante, seriam consideradas apenas
as peças produzidas por profissional que estivesse vinculada à empresa na época da
confecção de determinada peça. A experiência de uma pessoa jurídica é resultado do seu
acervo humano. Experiência da empresa, específica para o cumprimento determinado
contrato objeto de um processo licitatório, portanto, está e deve estar ligada àquela do
componente humano que estará comprometido à execução do objeto da licitação.
De acordo com o estabelecido no edital relativo à interpretação das regras do mesmo edital,
item 13.11, “As normas disciplinadoras desta licitação serão interpretadas visando à
ampliação da disputa entre os Licitantes e à obtenção da proposta mais vantajosa, desde
que não comprometam os interesses do BNDES, bem como a finalidade e a segurança da
contratação.” Deste modo, o próprio edital estabelece como critério interpretativo aqueles
que levem a ampliação da disputa e ao atendimento do interesse da obtenção da proposta
mais vantajosa para o BNDES.
De fato, ao verificarem-se as notas técnicas da CDA relativas à capacidade técnico-criativa,
observa-se que a ora recorrente é aquela que possui nota criativa quase 10 (dez) pontos
acima das demais concorrentes e, não fosse a interpretação restritiva ao interesse da
administração, e não estabelecida no edital dada às regras relativas às notas da experiência
do licitante, a mesma estaria em primeiro lugar. O BNDES e a CEL ao interpretar as regras
previstas no edital e eventualmente suprir as lacunas em razão da ausência de precisão,
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portanto, estão vinculados ao mandamento do disposto no item 13.11, sob pena de
descumprir o princípio da vinculação ao edital.
Por certo que em uma licitação de técnica e preço, a capacidade técnico-criativa, decidida
na análise de propostas apócrifas, sem identificação das empresas licitantes, é aquela que
melhor atente aos interesses da administração e aos princípios de transparência, lisura,
interesse público e garantia da isonomia. Portanto, diante de tal realidade, a CEL não pode
reduzir o caráter competitivo e o atendimento da proposta mais vantajosa ao conferir uma
interpretação restritiva à avaliação de critérios da proposta técnica de experiência da
licitante, muito menos, impondo disposição a uma das empresas concorrentes sobre tema
que o edital foi silente, entendimento este que resultou em franco prejuízo à garantia de uma
franca competição da ora recorrente com as demais empresas no certame.
Neste sentido a decisão do TCU, Processo TC nº 001.997/2015-7. Acórdão nº 382/2015 –
Plenário. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues. Diário Oficial da União [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 12 mar. 2015. Seção 1, p. 90: “[…] nos itens […] do edital,
há exigência de qualificação técnica com expressões vagas, considerando que não se
definiu o que seria “quantidade compatível”, e ficou obscura a referência ao “item
pertinente”, afrontando os princípios do julgamento objetivo, da transparência e da isonomia,
previstos no art. 5º do Decreto 5.450/2005 e no art. 3º da Lei nº 8.666/93, e a jurisprudência
do TCU (Acórdãos 970/2014-TCU-Plenário, 1.443/2014- TCU-Plenário e 6.679/2014-TCU-1ª
Câmara). (grifos nossos).
Por outro lado, de acordo com o previsto no Edital, “DÚVIDAS SOBRE O EDITAL: As
dúvidas acerca do presente Edital deverão ser encaminhadas à Gerência de Licitações 4 do
BNDES, em até 2 (dois) dias úteis anteriores à data da sessão pública inaugural, através do
e-mail licitacoes@bndes.gov.br, devendo ser informados, no campo ‘assunto’, a modalidade
e o número da licitação (Concorrência AA no 01/2015 – BNDES). As respostas serão
divulgadas no endereço eletrônico www.bndes.gov.br.” Seguindo o disposto, portando, no
edital, várias perguntas de esclarecimentos foram encaminhadas à Gerência de licitações,
as quais, como é o entendimento pacífico da doutrina e da jurisprudência, passam a fazer
parte do Edital, obrigando as empresas participantes e a Administração Pública, no caso o
BNDES.
Pois bem, conforme o questionamento de nº 13, em e-mail enviado pela Gerência de
licitações 4 no dia 09 de março de 2015, 16h36min, por mpach@bndes.gov.br, em nome de
licitacoes@bndes.gov.br, justamente sobre a experiência da licitante, tendo em vista a
equipe que comporia com a licitante para o cumprimento do contrato, a Comissão
esclareceu que a comprovação é relativa à experiência técnica do profissional, de modo que
não havia a necessidade de que as peças tivessem sido produzidas por profissionais
enquanto funcionários da licitante. Bastaria, portanto, que se comprovasse a autoria da
criação das peças.
Apesar de não ser necessário fazer prova neste momento do vínculo jurídico da equipe (que
seria até 15 dias da assinatura do contrato, na forma do item 5.1 do Anexo I do edital), a
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CDA, ciosa de preparar-se da melhor forma possível para a futura eventual execução do
contrato objeto do Edital, buscou formar a equipe com expertise necessária desde logo e
formulou Contrato de Prestação de Serviços com a Sra. Mônica, assegurando-se de que a
mesma estaria comprometida com a CDA, atendendo o art. 30, inciso I, da Lei de Licitações.
Como verificou-se, a exigência de prova na época da proposta era tão somente da autoria,
por parte do profissional indicado, em relação às peças a serem pontuadas. A recorrente
ofereceu as peças desta excelente profissional como experiência profissional, atendendo o
que foi esclarecido com a resposta de esclarecimento supra indicada, combinada com Lei
de Licitações, uma vez que o Edital era silente sobre a temporariedade da execução das
peças.
Importante frisar que a ora recorrente, caso os elementos de avaliação estivessem claros,
poderia ter oferecido outros livros, teria feito outras opções, de modo que não pode ser
prejudicada por regra criada posteriormente, quando da efetiva avaliação.
Como já está consolidado no Superior Tribunal de Justiça, os esclarecimentos prestados
pela Comissão de Licitação em complemento ao edital possuem caráter vinculante, tanto
para as empresas licitantes, como para a Administração Pública. De tal sorte que a decisão
da CEL, ao zerar a pontuação da CDA no critério 3, relativo aos livros de qualquer
especificação gráfica, está em absoluto desacordo com o esclarecimento por ela mesma
prestada em consulta tempestiva realizada. Neste sentido segue ementa do MS 13.005-DF,
caso pragmático e representativo do entendimento do STJ sobre o tema, onde foi relatora a
Ministra Denise Arruda, em 10 de outubro de 2007:
MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. LICITAÇÃO. OBRAS PARA A
TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO. FALTA DE MOTIVAÇÃO DO ATO
EMANADO DO SR. MINISTRO DE ESTADO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL. DECADÊNCIA
DO DIREITO DE IMPUGNAR O EDITAL. LITISPENDÊNCIA. PRELIMINARES
AFASTADAS. RECURSO ADMINISTRATIVO PROVIDO PARA INABILITAR O
CONSÓRCIO FORMADO PELAS IMPETRANTES. INOBSERVÂNCIA DAS NORMAS DE
REGÊNCIA DA LICITAÇÃO EM COMENTO. ESCLARECIMENTOS PRESTADOS PELA
COMISSÃO DE LICITAÇÃO EM COMPLEMENTO AO EDITAL 2/2007. CARÁTER
VINCULANTE. ALTERAÇÃO DAS REGRAS NO MOMENTO DA APRECIAÇÃO DO
RECURSO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. SEGURANÇA CONCEDIDA. (...) 4.
Consoante dispõe o art. 41 da Lei 8.666/93, a Administração encontra-se estritamente
vinculada ao edital de licitação, não podendo descumprir as normas e condições dele
constantes. É o instrumento convocatório que dá validade aos atos administrativos
praticados no curso da licitação, de modo que o descumprimento às suas regras deverá ser
reprimido. Não pode a Administração ignorar tais regras sob o argumento de que seriam
viciadas ou inadequadas. Caso assim entenda, deverá refazer o edital, com o reinício do
procedimento licitatório, jamais ignorá-las. (...). 10. Quanto ao caráter vinculante dos
esclarecimentos prestados, ressalta o doutrinador Marçal Justen Filho que "é prática usual,
fomentada pelo próprio art. 40, inc. VIII, que a Administração forneça esclarecimentos sobre
as regras editalícias. A resposta formulada administrativamente apresenta cunho vinculante
11
para todos os envolvidos, sendo impossível invocar o princípio da vinculação ao edital para
negar eficácia à resposta apresentada pela própria Administração". Acrescenta, ainda, que
"a força vinculante da resposta ao pedido de esclarecimento envolve as hipóteses de
interpretação do edital. Ou seja, aplica-se quando há diversas interpretações possíveis em
face do ato convocatório. Se a Administração escolhe uma ou algumas dessas
interpretações possíveis e exclui outras (ou todas as outras), haverá vinculação"
("Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos". 11ª ed., São Paulo:
Dialética, 2005, pp. 402/403). 11. Sobre o assunto, já se manifestou o Superior Tribunal de
Justiça, no sentido de que "a resposta de consulta a respeito de cláusula de edital de
concorrência pública é vinculante; desde que a regra assim explicitada tenha sido
comunicada a todos os interessados, ela adere ao edital" (REsp 198.665/RJ, 2ª Turma, Rel.
Min. Ari Pargendler, DJ de 3.5.1999). (...) 13. Verifica-se, portanto, ser ilegal o ato
impugnado no presente mandado de segurança - que inabilitou o consórcio formado pelas
impetrantes -, visto que não observou os esclarecimentos exaustivamente prestados pela
Comissão de Licitação, que vincularam tanto os licitantes como a própria Administração. É
inviável que as regras para demonstração de qualificação técnica sejam alteradas no
momento da apreciação do recurso administrativo interposto. Conforme já destacado, não
há previsão específica no Edital 2/2007 sobre a utilização de atestados decorrentes de
obras realizadas em consórcio, de modo que devem ser obedecidos os critérios indicados
nas informações prestadas pela Comissão de Licitação, que, repita-se, consignaram que os
atestados relativos a obras desenvolvidas anteriormente em consórcio serão considerados
em sua totalidade para cada uma das empresas consorciadas, independentemente do
percentual de sua participação no consórcio, desde que não haja discriminação expressa da
responsabilidade de cada uma pela execução de partes distintas da obra. 14. Ressalte-se
que não se está afirmando que essa seria a melhor forma de verificar a qualificação técnica
dos licitantes, nem caberia tal providência ao Poder Judiciário. O que está sendo examinado
é, tão-somente, a conformação entre o ato emanado do Sr. Ministro de Estado da
Integração Nacional e os esclarecimentos prestados pela autoridade competente que devem
ser observados pelas partes envolvidas. 15. Caso a Administração, posteriormente,
concluísse pela inadequação do critério adotado para a demonstração da qualificação
técnica dos participantes do certame, não haveria óbice a que procedesse à alteração das
condições estabelecidas, desde que desse publicidade a tal ato, abrindo novo prazo para
possibilitar aos licitantes a adaptação das propostas a serem apresentadas. O que não é
possível é ignorar as regras por ela mesma impostas e que orientaram os licitantes na
elaboração de suas propostas. 16. Segurança concedida para anular o Despacho do Sr.
Ministro de Estado da Integração Nacional que homologou o Parecer CONJUR 1.255/2007 e
o Parecer da Comissão Especial de Licitação que deu provimento ao recurso administrativo
interposto pela Construtora Norberto Odebrecht S/A., reconhecendo-se o direito líquido e
certo das demandantes, em consórcio, de participarem da próxima fase do certame.
Cabe ainda salientar que o comando constitucional, os princípios do processo licitatório, o
entendimento do TCU e o da doutrina convergem no sentido de não haver necessidade de
qualquer relação, anterior à licitação, dos profissionais que atendem às exigências de
capacidade técnica da empresa licitante. De mais a mais o edital nada mencionou sob este
aspecto.
12
Sendo assim, não pode ser considerada esta exigência de que o profissional estivesse
vinculado à empresa licitante na época da elaboração da peça em se tratando de
experiência da licitante, sob pena de estar ferindo o princípio da vinculação ao instrumento
convocatório, segundo o qual a Administração e o licitante, ao observarem as normas e
condições estabelecidas no ato convocatório, “nada poderá ser criado ou feito sem que haja
previsão no instrumento de convocação”, e o princípio do julgamento objetivo, segundo o
qual o administrador deve observar critérios objetivos definidos no ato convocatório para
julgamento da documentação e das propostas, e que afasta a possibilidade de o julgador
utilizar-se de fatores subjetivos ou de critérios não previstos no instrumento de convocação,
ainda que em benefício da própria Administração.
Ainda que no Edital estivesse prevista a necessidade de vínculo do profissional que realizou
a peça apresentada com a licitante na época da confecção da peça, esta contraria o
mandamento de cumprimento absoluto da Lei de Licitação, na forma das normas contidas
no caput, inciso II e do § 5º do artigo 30, as quais vedam expressamente tal exigência.
De acordo com a Lei de Licitações, a documentação técnica relativa à qualificação técnica
quanto à experiência (aptidão para desempenho da atividade licitada) limitar-se-á (art. 30,
caput) à comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível,
em características, quantidades e prazos, com o objeto da licitação, bem como da
qualificação de cada um dos membros da equipe técnica que se responsabilizará pelos
trabalhos (art. 30, inciso II). Está vedada a exigência de comprovação de atividade ou de
aptidão com limitações de tempo ou de época ou ainda em locais específicos, ou quaisquer
outras não previstas nesta Lei, que inibam a participação na licitação (§5ª). Neste sentido, a
limitação do reconhecimento da experiência de profissional da ora recorrente através de
peça de autoria elaborada em época em que esteja comprovadamente vinculado à empresa
ora recorrente desatenta cabalmente ao estabelecido na Lei de Licitações.
Por outro lado, a resposta de esclarecimento da CEL de licitação do BNDES anteriormente
indicada, com base na qual a empresa ora recorrente decidiu as peças a serem
apresentadas como experiência da licitante, coaduna-se com o entendimento maior do TCU,
Acórdão do Plenário nº 1110/2007 Plenário, como segue: “(...) ACORDAM os Ministros do
Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as razões expostas pelo
Relator, em: (...) 9.2. determinar à (...) que: (...) 9.2.4.5. a abstenha-se de exigir que o
profissional indicado na comprovação de capacitação técnico-profissional pertença ao
quadro da licitante previamente à data da licitação (art. 30, § 1º, inciso I);9.2.4.6.preveja, no
instrumento convocatório, a possibilidade de o profissional indicado na comprovação de
capacitação técnico-profissional ser vinculado à licitante por meio de contrato de prestação
de serviços, celebrado de acordo com a legislação civil comum (Acórdãos 2.297/2005-TCU-
Plenário, 361/2006-TCU-Plenário, 291/2007-TCU-Plenário e 597/2007-TCU-Plenário);(...)”
(grifos nossos)
O voto prolatado pelo Exmo. Sr. Ministro Benjamin Zymler, condutor do Acordão no
2.297/2005-Plenário, atinge o cerne da questão: “(...) 14. As exigências de qualificação
técnica, sejam elas de caráter técnico profissional ou técnico operacional, portanto, não
devem ser desarrazoadas a ponto de comprometer a natureza de competição que deve
13
permear os processos licitatórios realizados pela Administração Pública. Devem constituir
tão somente garantia mínima suficiente para que o futuro contratado demonstre,
previamente, capacidade para cumprir as obrigações contratuais. (...)”
A norma contida no inciso XXI do art. 37 da Constituição Federal brasileira faz voz
inquestionável, pois no processo licitatório não pode ser exigido, no que se refere à
capacidade técnica, exigências outras que não sejam aquelas indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações resultantes em caso de adjudicação da empresa, uma vez
vencedora em um processo licitatório. In verbis o dispositivo constitucional prescreve que
“somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à
garantia do cumprimento das obrigações”. A limitação temporal de que a peça seja
produzida enquanto sócio, empregado ou prestador de serviço da empresa desconsidera o
fim a que serve a prova de tal experiência e justifica a pontuação das empresas
participantes, já que a experiência técnica da licitante serve à garantia do cumprimento das
obrigações que pretende assumir com a Administração Pública.
De tal modo, a não pontuação de todas as peças apresentadas pela ora recorrente sob
alegação de que inexiste “....comprovação de vínculo da profissional com a licitante, na
época da confecção da peça” afronta o direito da recorrente de tal forma que a CDA Design
deverá receber na íntegra todos os cinco pontos a que faz jus por ter atendimento
integralmente ao critério 4: Livro (qualquer especificação gráfica) da Proposta Técnica:
experiência do licitante.
2) Critério 4 – Livro especial A ora recorrente, no quesito Critério 4 – Livro especial, listou cinco livros especiais, todos
acompanhados de atestado da editora, com indicação do número da página de sua
Proposta Técnica em que se encontra o respectivo atestado, da quantidade de livros
comprovados e a pontuação pretendida. Existe prova de vínculo da profissional com a ora
recorrente (tema exaustivamente tratado no item III.1 supra) e não houve qualquer pedido
de diligência relativamente a estes livros.
Ocorre que, de acordo com o que constou na tabela de notas divulgada em relação ao
quesito “Experiência do licitante”, no critério 4: Livro especial, item 18.1.1.2, do Anexo I –
Projeto básico, verificou-se que a CEL não concedeu os 5 pontos válidos do quesito
(restando o mesmo ZERADO), sob a alegação de que “Não pontuou pois não apresenta 4
ou mais elementos especiais descritos no edital.”, decisão esta que não coaduna com as
características das peças que a empresa ora recorrente apresentou, com o entendimento do
Edital e com as demais regras relativas ao processo licitatório.
De acordo com o que está previsto no Anexo I, do Projeto Básico, item 18.1.1.2, página 59,
a CEL especifica como item de pontuação a existência de livro especial com ao menos
quatro dos itens especiais elencados, a saber:
- Impressão 4 x 4 cores;
- Capa dura ou flexível;
- Papel especial;
14
- Sobrecapa;
- Acabamentos especiais – douração, verniz, faca.
Antes de mais nada, é indispensável colocar em pauta a definição técnica de itens
especiais. Existe dubiedade no entendimento do que seja impressão 4 x 4 cores (se as
mesmas referem-se à capa, ao miolo, ou ambos). Por outro lado, a referência a papéis
especiais, objeto de questionamento, também não restou clara no Edital. Por fim, no que
refere-se aos acabamentos (no item de preenchimento lista três tipos, mas no corpo do
Edital vale-se da referencia à etecetera), trata-se de lista exemplificativa justamente porque
modernamente são utilizadas novas técnicas e novos materiais além dos ali citados e que,
para aferimento de experiência técnica da licitante, somente pode ser considerada como
uma lista exemplificativa e não exaustiva, sob pena de que os elementos avaliativos
restritivos da avaliação da proposta, ao invés de atenderem o interesse público da licitante
BNDES, para efeito de poder selecionar a empresa que melhor possa atender a demanda
licitada, descumprir com os princípios do julgamento objetivo, entre outros, da competição,
da finalidade, da motivação e do interesse público.
Sendo assim, sobre papel especial, é mister destacar que em resposta ao Questionamento
18, de 21 de maio de 2015, publicado no Portal do BNDES, sobre definição de papel
especial, a resposta do BNDES foi a seguinte: “Nos livros essencialmente textuais editados
pelo BNDES, costuma-se empregar os papéis do tipo Offset ou Pólen, não sendo esses
considerados papéis especiais. Já nos livros especiais, geralmente são empregados papéis
de diferente qualidade e com custo mais elevado, sendo o exemplo citado (Couché Matte)
considerado um papel especial. ”
Portanto, depreende-se que não são considerados papéis especiais Offset e Pólen. E que
seriam papeis especiais aqueles de diferente qualidade e com custo mais elevado, a
exemplo do Couché Matte. Portanto, preço elevado e qualidade diferenciada é um critério
reconhecido pela licitante em sua resposta para determinar ser especial um item de livro. Os
livros apresentados pela licitante foram confeccionados em papel Couché, com gramatura
de 115g a 150g, o que os qualificam como realizados em papéis especiais, caracterizando o
cumprimento da exigência editalícia por parte da licitante.
Por outro lado, no que se refere a acabamentos especiais, de acordo com os termos do
próprio edital, em seu Anexo I, no Projeto básico, item 2.5.4.1, página 32, quando especifica
o que sejam os livros impressos entre as publicações impressas objeto da contratação, a
que se refere o Edital e, novamente, após a planilha de precificação das publicações
impressas (página 50), descreve textualmente: “Entende-se por livro especial aquelas que
tiverem 4 ou mais elementos especiais. Elementos especiais: impressão 4x4; capa dura ou
flexível; papel especial; sobrecapa; acabamentos especiais como douração, verniz, faca etc.
Os demais livros podem ter até 3 elementos especiais.” Mais além, na pág. 98, novamente
descreve acabamentos especiais listando douração, verniz e faca como exemplo: “2.5.2.1.
Entende-se por livro luxo aquelas que tiverem 4 ou mais elementos especiais. Elementos
especiais: impressão 4/4; capa dura ou flexível; papel especial; sobrecapa; acabamentos
especiais como douração, verniz, faca etc. Os demais livros podem ter até 3 elementos
especiais.”
15
Além da palavra etecetera usada no edital indicar que douração, verniz e faca são
exemplos, deixa claro que o BNDES considera outros modernos acabamentos como
especiais.
De acordo com o §1º, inciso I do artigo 46 da Lei de Licitações, a avaliação e classificação
das propostas técnicas será de acordo com os critérios pertinentes e adequados ao objeto
licitado, definidos com clareza e objetividade no instrumento convocatório, de modo que os
critérios utilizados que não considerem o que de fato está sendo licitado contraria o
comando da Lei de Licitações.
É importante destacar, na defesa dos interesses estéticos e econômicos, que atualmente
existem diversos outros acabamentos especiais em substituição ao verniz, como o Prolan,
amplamente utilizado por sua versatilidade e alta resistência. Além disso, alguns dos
acabamentos citados no Anexo IV, como a douração, datada do século XII, estão
praticamente em desuso, tanto pela questão de modernidade gráfica e impacto ambiental
quanto por custos de produção. O Prolan (plastificação fosca) é considerado pelas
empresas que comercializam livros impressos como acabamento especial. Não há como
interpretar a lista constante no item 18.1.1.2 do critério 4 de forma isolada de todo do Edital,
uma vez que justamente a experiência que se pede é para cumprir o objeto da contratação.
De mais a mais, em atenção ao esclarecimento referente ao questionamento 18 supra
indicado e que, como já sustentado no item II.1, vincula à Administração, a interpretação do
elemento Acabamentos Especiais deve ser compreendida como o acabamento de preço
elevado ou qualidade diferenciada, como por exemplo douração, verniz, faca, etc.
Plastificação especial fosca, como o Prolan, é sim um acabamento especial.
Restringir o entendimento do que sejam livros especiais ou considerar especiais apenas
determinados tipos de papel ou acabamento em detrimento de outros é frustrar o princípio
da competição, segundo o qual, nos certames de licitação, o gestor deverá sempre buscar
maior número de competidores interessados no objeto licitado. Por outro lado, e atentando a
este princípio, a Lei de Licitações veda estabelecer, nos atos convocatórios, exigências que
possam, de alguma forma, admitir, prever ou tolerar, condições que comprometam,
restrinjam ou frustrem o caráter competitivo da licitação. Ainda que as notas da experiência
do licitante sejam classificatórias, as mesmas poderiam perfeitamente gerar a
desclassificação efetiva de empresas licitantes porque exigiu-se uma nota mínima. De
qualquer maneira, considerar determinados elementos de impressão gráfica melhores que
outros ofende o respeito ao interesse público da licitante, frustra a efetiva competição entre
as empresas concorrentes e fere o princípio da isonomia.
Especificamente, portanto, à avaliação dos livros especiais apresentados, a partir do
comentado supra, cumpre discorrer caso a caso. Em primeiro lugar, no que se refere ao
conjunto de 03 livros da escritora Martha Medeiros, “Paixão crônica, Liberdade crônica e
Felicidade crônica”, a licitante apresentou os seguintes itens: sobrecapa dura; faca especial
para a caixa de sobrecapa; impressão 4 x 4 cores na capa; capa flexível com verniz nos
16
livros; e acabamento em Prolan, com reserva em verniz U.V. Portanto, foi cumprida a
exigência em no mínimo 4 itens elementos de pontuação, o que leva inevitavelmente à
pontuação para este livro.
Com relação aos livros “Os miseráveis”, As mil e uma noites”, e “Dom Quixote”, a licitante
apresentou os seguintes itens: impressão 4 x 4 cores na capa e miolo; acabamento da capa
em Prolan; capa dura; e papel especial Couché liso 150g. Portanto, foi cumprida a exigência
em no mínimo 4 itens, o que leva inevitavelmente aos três pontos solicitados para estes
livros.
Com relação ao livro “É tudo família! Sobre a filha da nova namorada, sobre o irmão da ex-
mulher do papai e outros parentes”, a licitante apresentou os seguintes itens: capa dura;
impressão 4 x 4 cores na capa e miolo; acabamento da capa em Prolan; e papel especial
Couché liso 115g. Portanto, foi cumprida a exigência em no mínimo 4 itens, o que leva
inevitavelmente ao 01 ponto solicitado para este livro.
Um detalhe importante na classificação da licitante FSB, no item livros especiais, na qual foi
agraciada com 3 pontos, foi a apresentação de três peças com capa em acabamento Prolan
(Livro comemorativo dos 60 anos Nova América e Livro comemorativo de 70 anos do
Sindicato das Seguradoras de São Paulo), e também o Relatório Anual 2012 (Grupo
Andrade Gutierrez) com capas em plastificação fosca (Prolan). A CDA requer, portanto, em
nome da isonomia de tratamento prevista pela lei 8.666, os pontos integrais obtidos em
nossos livros especiais.
De tal modo, a não pontuação de todas as peças apresentadas pela ora recorrente sob o
argumento de que “....não pontuou pois não apresenta 4 ou mais elementos especiais
descritos no edital” afronta o direito da recorrente. A nota CDA no critério 4, Livro especial
(com no mínimo quatro dos itens especiais elencados) da Proposta Técnica - experiência do
licitante, deverá ser revista pela respeitável CEL e, assim, para que lhe sejam atribuídos
todos os cinco pontos a que faz jus.
3) Critério 8: criação gráfica para exposição Conforme pode ser verificado na documentação disponível no processo licitatório em
questão, a CDA Design, ora recorrente, listou duas peças dentro do critério 8: criação
gráfica para exposição, todos acompanhados de atestado, com indicação do número da
página no qual se encontra o respectivo atestado, da quantidade de criações gráficas e a
pontuação pretendida na sua respectiva Proposta Técnica.
Em diligência da CEL, solicitou-se como segue: “A licitante apresentou como peça um
convite produzido para a exposição, mas o item "criação gráfica para exposição" se refere
ao conjunto criativo de uma exposição (painéis, ambientação) e não a uma peça de
divulgação isoladamente, como um convite. O convite e o atestado apresentados não
comprovam que a licitante criou o conjunto expositivo. Caso tenha criado, como não é
possível enviar um conjunto expositivo fisicamente, a licitante pode apresentar a peça por
meio de fotografias que retratem a exposição, sua ambientação e elementos criados. Vale
ressaltar que não basta apresentar arte aplicada, pois não comprova que foi efetivamente
17
realizada. Além disso, o atestado apresentado não vincula a peça à licitante, mas ao
profissional Roger Monteiro. É necessário que a licitante apresente atestado que comprove
que a peça é de sua criação.” Atendendo a solicitação da diligência, a ora recorrente
forneceu as fotografias que retratam a exposição e documentos que comprovam, através da
ligação da CDA com o autor, a autoria da mesma. Porém, apesar da pontuação máxima de
2 pontos possível neste quesito, a licitante obteve nota zero nos itens Exposição 2013/Gato
mia, cachorro late, ego mata, e também no item Exposição 2013 Um novo horizonte, sob a
alegação de que “não pontuou pois por meio dos documentos apresentados não é possível
atribuir a criação do conjunto expositivo à CDA. ”
Ora, a criação de todo o conjunto expositivo dos dois eventos foi realizada pelo profissional
criativo Roger Monteiro, que na época das exposições inclusive tinha vínculo profissional
com a CDA através da empresa Linha Gráfica Ltda., cujo contrato foi apresentado durante a
diligência. Os contratos de trabalho do Sr. Roger Monteiro à empresa LINHA GRÁFICA
EIRELI - ME, de Prestação desta referida empresa à CDA e de uma declaração, sob as
penas da lei, de que o Sr. Roger faz parte da equipe que executa suas atividades para a
CDA. Os documentos entregues tempestivamente atendendo as diligências da CEL
serviram para demonstrar que a expertise do Sr. Roger, parte da equipe que compõe a CDA
e que faz parte da equipe planejada para executar o objeto da licitação em sendo
adjudicada, colocam a CDA em condições de atender o interesse público e do BNDES da
melhor forma possível.
Como sustentado anteriormente, para efeito de considerar a capacidade técnica da licitante
em razão de sua expertise acumulada, a prova do vínculo do autor, mesmo se não fosse da
época da autoria da peça, é suficiente para tanto.
Não há, como já mencionado, qualquer indicação no Edital de que a expertise a ser
pontuada não pudesse ser considerada através do vínculo do autor à empresa licitante, ora
recorrente. Por outro lado, a resposta ao questionamento de nº 13, em e-mail enviado pela
Gerência de licitações 4 no dia 09 de março de 2015, 16h36min, e que vincula o BNDES,
comprovação é relativa à experiência técnica do profissional, de modo que não havia a
necessidade de que as peças tivessem sido produzidas por profissionais enquanto
funcionários da licitante. Bastaria, portanto, que se comprovasse a autoria da criação das
peças.
Como já anteriormente citado, a segundo o artigo 30 da Lei de Licitações, a documentação
relativa à experiência (aptidão para desempenho da atividade licitada) limitar-se- àquela
necessária para comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e
compatível, em características, quantidades e prazos, com o objeto da licitação. E,
demonstrando a experiência da licitante através de sua equipe, a CDA Design, ora
recorrente, demostrou que o seu conjunto humano disponível para atender o objeto da
licitação é suficiente para resguardar as garantias necessárias e são vedadas quaisquer
limitações relativas à exigência de comprovação de atividade, ainda que não previstas na
Lei, que inibam a participação na licitação (§5ª, do artigo 30 da Lei de licitações).
18
Neste sentido, a limitação do reconhecimento da experiência de profissional da ora
recorrente através de peça de autoria elaborada por profissional cuja ligação com a CDA
está plenamente demonstrada, sob o fundamento de que não é possível atribuir a criação do
conjunto expositivo à CDA, desatende cabalmente ao estabelecido na Lei de Licitações,
seus princípios e na própria CF, art. 37. Além do que, o fundamento apresentado para não
atribuir pontos deste critério não se coaduna com aquele usado para não atribuir no critério
3, prova da falta de clareza e objetividade indispensáveis no julgamento das propostas
técnicas (46, §1º, I da Lei de Licitações).
Requer, portanto, a pontuação máxima pelas duas peças apresentadas no Critério 8:
criação gráfica para exposição de 2 pontos, por cumprir integralmente todos os requisitos de
experiência do item 18.1.1.2 do Anexo I, comprovados antes e durante a diligência através
de atestados e fotos (anexo tal).
III – PEDIDOS Na forma do artigo 109, I, b, da Lei nª 8666,
REQUER que sejam revistas as notas técnicas da CDA Design Ltda., ora recorrente,
referentes aos critérios 3, 4 e 8 da Proposta técnica: Experiência do licitante, passando a
receber o total dos pontos validos em cada um dos quesitos.
REQUER que, na forma do § 2o do artigo 109 da Lei nª 8666, seja conferido o efeito
suspensivo ao recurso interposto.
REQUER, ainda, que as decisões a serem proferidas sejam adequadamente
fundamentadas, indicando-se os pressupostos de fato e de direito que as subsidiarem,
consoante o artigo 50, inciso V da Lei no 9.784/99, para a remota hipótese de necessidade
de controle posterior do ato.
Não sendo acolhidos os pedidos, em todo ou em parte, REQUER que se faça este recurso
administrativo subir à autoridade superior, em consonância com o previsto no § 4°, do art.
109, da Lei n° 8666/93, comunicando-se aos demais licitantes para as devidas
impugnações, se assim o desejarem, conforme previsto no § 3°, do mesmo artigo do
Estatuto.
Nestes Termos,
Pedimos Deferimento.
Porto Alegre, 22 de junho de 2015
Miguel Angelo Casagrande
CPF 251.448.630-00
Representante Legal da CDA Design Ltda.
19
III. CONTRARRAZÕES RECURSAIS Em 03 de julho de 2015, a Licitante FSB ESTRATÉGIA EM COMUNICAÇÃO LTDA .,
apresentou, tempestivamente, suas contrarrazões recursais com o seguinte teor: ILUSTRÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DA COMISSÃO ESPECIAL DE LICITAÇÕES DO
BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E SOCIA L - BNDES
Ref.: Contrarrazões de Recurso Administrativo Concorrência AA nº 01/2015
FSB ESTRATÉGIA EM COMUNICAÇÃO LTDA. (“FSB”), inscri ta no CNPJ/MF sob o nº
10.770.313/0001-82, pessoa jurídica de direito privado, com sede na Rua São José, nº 70, 8º
andar, Centro, Rio de Janeiro/RJ, através do seu procurador abaixo assinado, vem,
respeitosa e tempestivamente, à presença de V.S., interpor CONTRARRAZÕES em razão
do resultado da fase de propostas técnicas, pelas razões a seguir expostas:
DA TEMPESTIVIDADE
A FSB tomou ciência dos Recursos interpostos na Concorrência em epígrafe em 26 de junho
de 2015, através da publicação no Diário Oficial da União. Dessa forma, tempestiva a
presente resposta.
Demonstrada a tempestividade, passamos a discorrer sobre os pontos abordados
equivocadamente nos Recursos das licitantes TOMSIC E WIEDEMANN DESIGN LTDA.
(“REFINARIA DESIGN”) e CDA DESIGN LTDA. (“CDA”) , conforme descrito a seguir.
DOS FATOS
1) DAS IRREGULARIDADES APONTADAS PELA REFINARIA DES IGN
1.1. Livros Especiais e seus elementos
O recurso da licitante em questão é baseado unicamente no fato do Edital tratar de forma
objetiva os elementos contidos nos livros especiais em sua Proposta Técnica (item 2.5.4.1,
Pg. 32 c/c item 18.1.1.2, Pg. 59, todos do Edital). Porém, a Recorrente incorre em erro ao
apresentar sua tese, conforme veremos a seguir:
20
Na fase inicial de seu recurso alega que não pontuou o quesito 18.1.1.2 ao comprovar sua
experiência através de livro especial, comparando, equivocadamente, com o item 2.5.4.1.
O item 18.1.1.2 elenca objetivamente os elementos mínimos que devem estar presentes
nos livros especiais a serem pontuados nesta licitação. Portanto, para qualquer empresa
pontuar, deveria apresentar cada livro especial contendo, no mínimo, 4 (quatro) dos
elementos a seguir:
• Impressão 4/4;
• Capa dura ou flexível;
• Papel especial;
• Sobrecapa;
• Acabamentos especiais: douração, verniz, faca.
Vale ressaltar que este item trata da comprovação de experiência das empresas licitantes. É
justamente ao comparar com o ponto 2.5.4.1 que a recorrente incorre em erro. Este último,
conforme divisão do Edital, trata da caracterização de livros especiais em razã o dos
custos a serem informados por cada licitante para a s publicações impressas .
Nesse caso, a caracterização de livros especiais é divergente do item em que o Edital solicita
a comprovação de experiência do licitante (18.1.1.2). O Edital é claro ao separar a descrição
de ambos os itens, alterando inclusive a competência de cada um. Destaca-se a
apresentação, a seguir, dos livros especiais apresentados pela REFINARIA DESIGN, não
contendo em nenhum deles o mínimo de 4 (quatro) dos elementos especiais:
- “Um olhar especial Sul”; “Um olhar especial Amazônia”; “Um olhar especial Nordeste”;
e “Um olhar especial Centro Oeste”:
Contém apenas dois dos elementos especiais expressamente relacionados no Edital em
seu item 18.1.1.2: Sobrecapa / Capa dura ou flexível;
- “60 anos BNDES”:
Contém apenas três dos elementos especiais expressamente relacionados no Edital em
seu item 18.1.1.2: Sobrecapa / Capa dura ou flexível / Acabamentos Especiais verniz.
A licitante ainda compara ao exigido neste Certame o material apresentado em outro
momento, atestado pelo BNDES como livro especial. Ora, é legítimo cada certame
estabelecer regras próprias em cada processo. Neste Edital, para comprovar a experiência
com livros especiais, cada licitante deveria seguir o exigido neste Edital, conforme suas
21
regras. E, portanto, está clara e objetiva a exigência deste Certame ao pontuar os elementos
especiais a serem julgados.
Nesse ínterim, o Edital também traz o critério de julgamento das propostas técnicas pela
Comissão Especial, considerando a experiência das empresas licitantes na execução de
serviços similares ao licitado e a Capacidade técnico-criativa. Portanto, o atestado assinado
pelo BNDES e os respectivos livros apresentados pela recorrente nesta licitação, apenas
seriam passíveis de pontuação caso possuíssem os requisitos elencados neste Edital, já que
o Certame não aceitava qualquer livro especial e sim aqueles que adotassem 4 (quatro) dos
elementos definidos.
Resta-se claro que a FSB foi a única licitante que atendeu ao critério estabelecido no item
18.1.1.2, já que utilizou 4 (quatro) dos elementos elencados neste item.
Conclui-se, portanto, que a Comissão atendeu perfeitamente ao critério de jul gamento
elencado pelo Edital, seguindo o Princípio da Vincu lação ao Certame , aceitando
somente o exigido por ele, valendo-se, inclusive do Princípio da Livre Concorrência ,
desprezando a disputa desleal entre as licitantes.
2) DAS IRREGULARIDADES APONTADAS PELA CDA
2.1. Atestado comprovando experiência em nome de pe ssoa física (1)
Mais uma vez verifica-se que as recorrentes não compreenderam o item do Edital que exige
a comprovação de experiência das empresas licitantes. Verifica-se neste item que cada
licitante deve comprovar a experiência da empresa que participar da concorrência. Ou seja,
nesse quesito não cabe a comprovação de prestação de serviços através de um profissional,
pessoa física, e sim a comprovação de prestação de serviços pela Pessoa Jurídica
participante da presente concorrência.
A CDA realiza uma verdadeira confusão ao apresentar o Atestado emitido pela empresa
L&PM Publibook Livros e Papéis Ltda. declarando a prestação dos serviços pela profissional
Monica Luce Bohrer, ressalta-se pessoa física. Em nenhum momento o Atestado menciona a
prestação de serviços pela empresa CDA, Pessoa Jurídica participante da licitação.
Tanto é que o próprio atestado destaca serviços de criação, editoração e diagramação
realizados anteriormente à assinatura do Contrato de Prestação de Serviços com a Sra.
Monica Luce Bohrer, evidenciando a não participação da CDA nesses serviços. Vale
ressaltar que o Contrato firmado com a Sra. Monica pode ser encerrado a qualquer
22
momento, deixando a CDA de ter a única profissional com experiência para prestar os
serviços elencados, requisito este fundamental à garantia do cumprimento das obrigações
que pretende assumir com o BNDES.
Tal raciocínio da CDA viola, inclusive, o princípio da livre concorrência, já que bastaria
qualquer licitante firmar contrato de prestação de serviços com pessoas físicas ou jurídicas
que efetivamente tenham prestado os serviços exigidos em Edital, e não a própria licitante.
Aqui se demonstra que a experiência técnica não seria, por óbvio, da empresa licitante e sim
de um parceiro.
Adiante, a CDA comete novo equívoco ao mencionar o “Questionamento 13” realizado pelo
BNDES. O Questionamento 13 é claro ao se referir ao item 6.1 do Edital - “Equipe da
Contratada”, diferente do que solicita a recorrente: pontuação do item 18.1.1.2 (experiência
da empresa ). Novamente há verdadeira confusão da CDA ao apontar um item do Edital
como resposta de outro item, comprovando a incompreensão do Certame e a consequente
não apresentação dos documentos nos termos do Edital.
Para a licitante comprovar os requisitos de perfil profissional (item 6.1, pg. 39 Edital), não há
necessidade das peças terem sido produzidas enquanto funcionário da licitante. No entanto,
para pontuar o quesito do item 18.1.1.2 a licitante deveria comprovar a sua experiência, ou
seja, da sociedade CDA . Em nenhum momento, com esses Atestados apresentados, a
empresa comprova sua experiência.
Ao contrário do que argumenta, o julgamento realizado pela Comissão foi absolutamente em
conformidade com o solicitado pelo Edital, prezando pela concorrência leal, julgamento
objetivo e pela vinculação ao Certame.
2.2. Livro especial com elementos especiais
Em seu recurso na página 12, a CDA alega que mesmo listando e apresentando cinco livros
especiais, a Comissão não concedeu a pontuação já que não apresenta 4 ou mais elementos
especiais descritos no Edital.
Novamente a CDA não compreende o Edital. Neste item comete o mesmo erro da recorrente
REFINARIA DESIGN já exposto no Capítulo 1 da presente resposta, ao realizar a leitura do
item 2.5.4.1 e supor que condiz com o disposto no item 18.1.1.2 do Edital.
23
O Edital é completamente objetivo ao tratar dos elementos especiais que devem ser
adotados pelas licitantes ao apresentar sua comprovação de experiência, não se valendo de
“etc” neste item, conforme alega a recorrente, vejamos (18.1.1.2):
• Impressão 4/4;
• Capa dura ou flexível;
• Papel especial;
• Sobrecapa;
• Acabamentos especiais: douração, verniz, faca.
Os livros apresentados pela Recorrente CDA limitaram-se aos seguintes elementos
especiais:
- Coleção “Paixão Crônica”, “Liberdade Crônica” e “Felicidade Crônica”:
Contém apenas três dos elementos especiais expressamente relacionados no Edital em
seu item 18.1.1.2: Sobrecapa / Capa / Acabamento Especial verniz;
- “Dom Quixote”:
Contém apenas três dos elementos especiais expressamente relacionados no Edital em
seu item 18.1.1.2: Capa/ “4/4” / Papel Especial;
- “Os Miseráveis”:
Contém apenas três dos elementos especiais expressamente relacionados no Edital em
seu item 18.1.1.2: Capa/ “4/4” / Papel Especial;
- “As mil e uma noites”:
Contém apenas três dos elementos especiais expressamente relacionados no Edital em
seu item 18.1.1.2: Capa/ “4/4” / Papel Especial; e
- “É tudo família”:
Contém apenas três dos elementos especiais expressamente relacionados no Edital em
seu item 18.1.1.2: Capa/ “4/4” / Papel Especial.
Além disso, os livros especiais apontados acima não poderiam ser pontuados de nenhuma
forma, já que foram feitos pela profissional Monica Luce Bohrer, não integrante da CDA.
Resta claro que a I. Comissão executou seu julgamento com precisão ao não pontuar os
Livros Especiais destacados acima apresentados pela CDA, já que o contrário, como pedem
as Recorrentes, seria validar uma concorrência desleal.
24
2.3. Atestado comprovando experiência em nome de pe ssoa física (2)
Mais uma vez a recorrente CDA solicita a pontuação do item de comprovação da experiência
através de atestado apresentado em face de pessoa física e não da empresa licitante,
conforme transcorrido no item 2.1 relatado acima.
O Atestado apresentado para pontuar a experiência da licitante é dirigido ao profissional
“Roger Monteiro”, não havendo qualquer citação à empresa CDA. Nesse caso, assim como o
do item 2.1 acima, o Atestado deveria ser emitido contra a empresa CDA, já que a
experiência deve ser relacionada à empresa conforme disposto no item 18.1.1.2 do Edital.
O Contrato de Prestação de serviços realizado incorre no mesmo fato do assinado com a
Sra. Monica. Dessa forma, a I. Comissão novamente incorre em perfeito julgamento ao não
pontuar o documento, já que em nenhum momento o Atestado menciona a CDA.
2.4. DA DEFESA DA FSB
Por fim, a CDA ainda destaca como “um detalhe importante” que a FSB “foi agraciada com 3
pontos” no item livros especiais. Verifica-se aqui o único momento em que a CDA se
manifesta corretamente em seu recurso, pois vejamos:
- Livro Comemorativo dos 60 anos Nova América:
Contém, dentre outros, quatro dos elementos especiais expressamente relacionados no
Edital em seu item 18.1.1.2: Sobrecapa / Capa / “4/4” / Papel Especial;
- Livro Comemorativo 70 anos do Sindicato das Seguradoras de São Paulo:
Contém, dentre outros, quatro dos elementos especiais expressamente relacionados no
Edital em seu item 18.1.1.2: Sobrecapa / Capa / “4/4” / Papel Especial;
- Relatório Anual 2012 Grupo Andrade Gutierrez:
Contém, dentre outros, os cinco elementos especiais expressamente relacionados no Edital
em seu item 18.1.1.2: Sobrecapa / Capa / “4/4” / Papel Especial / Acabame ntos
Especiais - douração e verniz localizado ; e
- Relatório Fundo Vale:
Contém, dentre outros, os cinco elementos especiais expressamente relacionados no Edital
em seu item 18.1.1.2: Sobrecapa / Capa / “4/4” / Papel Especial / Faca.
25
Como seria diferente se a FSB foi a única licitante capaz de compreender o Certame,
apresentando exatamente os livros especiais contendo, no mínimo, 4 (quatro) dos elementos
solicitados no Edital? A recorrente tenta confundir a Comissão ao conectar pontos
divergentes do Edital e relacionar os esclarecimentos formulados a itens completamente
diferentes dos contemplados nesses esclarecimentos.
As licitantes poderiam, inclusive, realizar questionamentos específicos no que tange a este
item, no entanto, lançaram mão deste direito. As licitantes REFINARIA e CDA simplesmente
adotaram a mesma interpretação em dois pontos do Edital que abordam quesitos
completamente distintos para a apresentação de documentos e sua consequente pontuação.
Portanto, a FSB solicita a esta D. Comissão que refute o discurso da Recorrente CDA,
mantendo a nota atribuída à FSB.
DO PEDIDO
Em razão de todo o exposto nesta peça, visando garantir o atendimento aos princípios
norteadores dos procedimentos licitatórios, às disposições legais e à correta compreensão do
Certame, com o devido respeito, a FSB solicita a V.S. desta Comissão de Licitação que:
a) Seja dado provimento ao presente Recurso e, principalmente, à defesa apontada no item
2.4 acima, mantendo a nota da FSB;
b) Sejam improvidos os Recursos das licitantes REFINARIA DESIGN e CDA por não
atenderem ao disposto no Edital, pelas razões expostas neste instrumento;
c) Seja dada continuidade ao presente certame, com a convocação para a abertura das
Propostas de Preço das Licitantes.
Termos em que,
Pede deferimento.
Rio de Janeiro, 02 de julho de 2015.
LOUISE LIMA
OAB/RJ 166.781 MICHELLE MONTEIRO
111800033 - IFP/RJ FSB ESTRATÉGIA EM COMUNICAÇÃO LTDA.
26
IV. ANÁLISE DAS RAZÕES E DAS CONTRARRAZÕES RECURSAI S 1) Livro (qualquer especificação gráfica) - Experiê ncia da Licitante:
Primeiramente, é importante destacar como ocorreu a análise pela Comissão Especial de
Licitação referente aos 5 (cinco) livros mencionados pela Recorrente CDA, a fim de avaliar a
sua experiência técnica operacional, quais sejam: Morte no Nilo - Agatha Christie, O mistério
dos sete relógios - Agatha Christie, Por que não pediram a Evans? - Agatha Christie,
Maigret e o informante - Georges Simenon e Meu amigo Maigret - Georges Simenon.
Considerando que a documentação apresentada pela Recorrente CDA, no seu envelope de
proposta técnica, referente a estes 5 (cinco) livros não apresentava todas as informações
necessárias para receber os pontos previstos no subitem 18.1.1.2, a Comissão Especial de
Licitação, em atenção ao princípio da competitividade, e com esteio no art. 43, § 3º, da Lei
n.º 8.666/93 e no subitem 6.7 do Edital, deliberou pela instauração de diligência a fim de
esclarecer as informações constantes nos documentos apresentados.
Em sua Ata de Deliberação por Diligência, datada de 18 de maio de 2015, a Comissão
Especial de Licitação estabeleceu o quanto segue com relação aos 5 (cinco) livros
apresentados pela Licitante:
“É necessário que a licitante apresente atestado qu e comprove que a peça é de sua criação . O atestado apresentado menciona que foram realizados serviços
de editoração e diagramação, não mencionando que foi realizada a criação gráfica
da peça, além de não vincular a peça à licitante, mas à prof issional Mônica Luce Bohrer.”
Diante da determinação da Comissão, a Recorrente CDA apresentou novo atestado de
capacidade técnica, o qual estabelece que a Sra. Monica Bohrer realizou a criação gráfica
de cada uma das peças, bem como a cópia de um Contrato de Prestação de Serviços
Condicionado a Evento Futuro, celebrado entre ela e a Sra. Monica Luce Bohrer, o qual
estipula que a prestação de serviços está condicionada a uma eventual contratação da
Recorrente pelo BNDES, caso vença o certame em questão.
Assim sendo, com base na documentação apresentada inicialmente e na documentação
apresentada em sede de diligência, a Comissão Especial de Licitação realizou o seu
julgamento consignando na Ata de Julgamento de Propostas Técnicas o quanto segue:
“Não pontuou pois não há comprovação de vínculo da profissional com a licitante
na época da confecção da peça, de modo que não é possível atribuir a experiência
à CDA.”
27
É importante destacar que, de acordo com as disposições do Edital, os atestados de
capacidade técnica a fim de comprovar a experiência técnico operacional da Recorrente
deveriam estar em seu nome (Empresa Licitante), o que não ocorreu. Ademais, a Comissão
Especial de Licitação em seu julgamento acima citado indicou que até aceitaria um atestado
em nome da profissional Monica Bohrer, caso restasse comprovado que o serviço por ela
executado tivesse sido realizado na qualidade de contratada da Recorrente, o que também
não ocorreu.
Diante de todo o exposto, não foram conferidos os pontos aos 5 (cinco) livros apresentados
pela Recorrente CDA, já que, com base na documentação apresentada no envelope de
proposta técnica e em sede de diligência, não restou comprovada a realização pela Licitante
do serviço atestado, como requisita o Edital.
A Recorrente alega, equivocadamente, em seu recurso que a decisão da Comissão Especial
de Licitação de não conferir os 5 (cinco) pontos aos 5 (cinco) livros que apresentou, não se
coaduna com o Edital, com a Lei nº 8.666/93 e com a Constituição Federal, já que deveria
ter aceitado como qualificação técnica operacional os atestados de capacidade técnica
apresentados em nome da Sra. Monica Bohrer, que celebrou com a Recorrente CDA
contrato de prestação de serviços condicionado a evento futuro, qual seja, a eventual
contratação da Recorrente pelo BNDES, caso vença a licitação em questão.
Vale ressaltar que esse contrato foi assinado em 23/02/2015, ou seja, após a publicação do
aviso de licitação desta concorrência, que ocorreu em 04/02/2015.
A Recorrente alega, também equivocadamente, que não há qualquer previsão no Edital de
que como experiência do licitante seriam consideradas apenas as peças produzidas por
profissional que estivesse vinculada à empresa na época da confecção de determinada
peça. Para embasar o seu argumento, a Recorrente alega que enviou um questionamento
(Questionamento nº 13) sobre experiência do licitante e a Comissão Especial de Licitação
esclareceu que a comprovação é relativa à experiência técnica do profissional , de modo
que não havia necessidade de que as peças tivessem sido produzidas por profissionais
enquanto funcionários da licitante e que bastaria que comprovasse a autoria das peças.
É importante destacar que a Recorrente fez uma grande confusão com os conceitos de
qualificação técnica profissional e qualificação técnica operacional, como também
interpretou mal o Edital e a resposta ao questionamento formulado, conforme pode ser
verificado a seguir.
O jurista Marçal Justen Filho:1esclarece as diferenças existentes entre a capacidade técnico
operacional e a capacidade técnico profissional:
1 Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos”. 14ª ed. São Paulo: Dialética, 2010. p. 436
28
“O desempenho profissional e permanente da atividade empresarial conduz ao
desenvolvimento de atributos próprios da empresa. Um deles seria sua capacidade
de executar satisfatoriamente encargos complexos e difíceis.
Utiliza-se a expressão 'capacitação técnica operaci onal' para indicar essa modalidade de experiência, relacionada com a ideia de empresa. Não se trata de haver executado individualmente uma certa ativid ade, produzida pela atuação pessoal de um único sujeito.
Indica-se a execução de um objeto que pressupôs a conjugação de diferentes
fatores econômicos e de uma pluralidade (maior ou menor) de pessoas físicas (e,
mesmo, jurídicas). O objeto executado revestia-se de complexidade de ordem a
impedir que sua execução se fizesse através da atuação de um sujeito isolado.
Portanto, não se tratou de experiência pessoal, ind ividual, profissional. Exigiu-se do sujeito a habilidade de agrupar pessoa s, bens e recursos, imprimindo a esse conjunto a organização necessária ao desempenho satisfatório. Assim, a experiência seria das pessoa s físicas – mas não dessas pessoas individualmente . Esse conjunto de pessoas físicas enfrentou desafios e
problemas e os resolveu através da conjugação de seus esforços comuns. Cada
uma das pessoas físicas, isoladamente, contribuiu com uma parcela para o êxito
conjunto. Portanto, a perspectiva de enfrentar problemas no futuro e continuar a
superá-los pressupõe a manutenção dessa organização.
A qualificação técnica operacional consiste em qual idade pertinente às empresas que participam da licitação. Envolve a com provação de que a empresa, como unidade jurídica e econômica, partici para anteriormente de contrato cujo objeto era similar ao previsto para a contratação almejada pela Administração Pública. (...) Em síntese, a qualificação técnica operacional é um requisito referente à
empresa que pretende executar a obra ou serviços licitados. Já a qualificação técnica profissional é requisito referente às pessoas físicas que prestam serviços
à empresa licitante (ou contratada pela Administração Pública).”
Sobre o tema, vale destacar trecho exarado do julgamento da Apelação nº 0021853-
52.2013.8.26.0053, do Tribunal de Justiça de São Paulo – SP, que ao analisar caso
semelhante entendeu que a Licitante não poderia se aproveitar de experiência alheia para
comprovar que possuía os conhecimentos técnicos necessários para a Licitação:
APELAÇÃO nº 0021853-52.2013.8.26.0053
APELANTE: IDEAL TERRAPLENAGEM LTDA.
APELADO: PRESIDENTE DA COMPANHIA DOCAS DE SÃO SEBASTIÃO
INTERESSADO: CONSTRUTORA BRASÍLIA GUAÍBA LTDA.
COMARCA: SÃO PAULO
VOTO Nº 1340
29
LICITAÇÃO. Inabilitação do licitante por ausência de comprovação de capacidade
técnica. Decisão administrativa lastreada nas disposições do edital. Inteligência do
artigo 30 da Lei Federal nº 8.666/93. Capacidade técnica operacional do licitante que não se confunde com a qualificação técnica do p rofissional por ele indicado . Recurso de apelação desprovido.
(...)
“Evidente que por cuidar a capacitação técnica operacional de exigência relativa à
anterior experiência da licitante, como requisito de segurança para a contratação
administrativa, não é admissível que se pretenda que um atestado como o de fls.
97, emitido em nome de terceiro COMEC CONSTRUÇÕES MECÂNICAS LTDA.
possa servir para comprovar os conhecimentos práticos da apelante para executar
a obra.
Em verdade, ao utilizar a palavra atestado, na alínea b.1, do item 6.1.2, o edital quis
se referir à certidão de acervo técnico, como deixam a entrever as alíneas i, ii, iii, iv
e v (fls. 34).
Aliás, de todo ilógico se pretender que a capacitaç ão operacional possa ser transferível de uma empresa a outra, pela simples c ontratação do responsável técnico por obra ou serviço executado por uma delas , porque tal capacitação se dá por um conjunto de fatores organizacionais de determinada empresa e não pela atuação isolada de um técnico.”
Neste mesmo sentido foi a resposta da Comissão Especial de Licitação ao questionamento
nº 13 citado pela Recorrente, cujo teor é o seguinte:
“Questionamento nº 13 (...) Pergunta 2 : Como forma de comprovação de perfil do Coordenador perguntamos
se os livros editorados por este precisam ter sido todos realizados enquanto
funcionário ou prestador de serviço da licitante ou se a comprovação do perfil é
pessoal e o histórico do profissional é que deve ser considerado?
Resposta do BNDES : No item 6.1. a comprovação é relativa ao profissional, de
modo que não há necessidade de que as peças tenham sido produzidas enquanto
funcionário da licitante. Basta que se comprove a autoria da criação das peças.”
Como pode ser verificado, diferentemente do que alega a Recorrente, o Questionamento nº
13 não se refere à Experiência do Licitante (qualificação técnico operacional), prevista no
subitem 18.1.1 do Anexo I ao Edital – Projeto Básico, e sim à qualificação técnica
profissional prevista no subitem 6.1 do Anexo I ao Edital – Projeto Básico, que define os
requisitos de perfil profissional da equipe contratada.
Como não poderia ser diferente, a Comissão Especial de Licitação, em consonância com o
entendimento da jurisprudência, esclareceu que para a comprovação da capacidade
30
técnico profissional do Coordenador não há necessidade de que as peças tenham sido
produzidas enquanto funcionário da licitante, bastando que fique comprovada a autoria das
peças.
O item 6.1, citado expressamente no Questionamento nº 13, é claro ao se referir à Equipe
Profissional a ser disponibilizada para a execução contratual.
Vale ressaltar que nesta licitação não foi prevista pontuação para a capacidade técnica
profissional, mas sim somente para a capacidade técnica operacional, relacionada,
obviamente, à EMPRESA LICITANTE.
Com base nesta simples distinção de conceitos, todos os argumentos da Recorrente caem
por terra. Em nenhum momento a Comissão Especial de Licitação exigiu temporariedade da
execução das peças para atribuir pontuação na experiência da Licitante ou exigiu que um
profissional indicado para comprovação técnico profissional pertencesse ao quadro da
empresa previamente à data da licitação.
Conforme acima esclarecido, os atestados de capacidade técnica apresentados a fim de
pontuar a experiência do Licitante devem ser apresentados em seu nome, já que como bem
destaca o doutrinador Marçal Justen Filho, envolve a comprovação de que a empresa, como
unidade jurídica e econômica, participara anteriormente de contrato cujo objeto era similar
ao previsto para a contratação almejada pela Administração Pública.
Nenhum dos atestados de capacidade técnica apresentados para os itens em comento,
citavam a Recorrente CDA, mas sim uma profissional, que após a realização de diligência
pela Comissão Especial de Licitação, foi verificado que sequer era contratada da Recorrente
quando elaborou a peça.
A Comissão Especial de Licitação só poderia pontuar atestados de capacidade técnica
expedidos em nome da Recorrente a fim de comprovar a sua experiência técnico
operacional. Como esses atestados foram apresentados no envelope de proposta técnica
em nome de uma terceira pessoa, a Comissão considerou a possibilidade desta terceira
pessoa ter elaborado as peças na qualidade de contratada da Recorrente CDA, por isso
deliberou pela realização de diligência, visando ampliar a competitividade do certame.
Como a Recorrente também não comprovou esta possibilidade na diligência, não restou à
Comissão outra opção senão a de não conferir pontos a ela, já que como foi salientado no
julgado acima citado, a capacitação técnico operacional é intransferível, pois tal capacitação
se dá por um conjunto de fatores organizacionais de determinada empresa e não pela
atuação isolada de um técnico, que no caso em tela sequer era seu contratado.
Ora, seria impensável atribuir pontos pela capacidade técnica operacional de uma empresa
com base em algo que ela não realizou.
31
Por outro lado, o Edital do presente certame também exigiu a qualificação técnico profissional , ao fixar no subitem 6.1 do Anexo I ao Edital – Projeto Básico, a comprovação
de requisitos de perfil profissional, na Reunião Preliminar, que ocorrerá mediante convocação do BNDES, em até 15 (quinze) dias corrid os após a assinatura do contrato com o licitante vencedor da licitação.
É para esta qualificação técnica profissional que a Comissão Especial de Licitação
determinou no Questionamento nº 13 que não há necessidade de que as peças tenham sido
produzidas enquanto funcionário da licitante, bastando que fosse comprovada a autoria da
criação das peças. Isto se deve ao fato de que aqui o objetivo não é auferir a experiência da
empresa, e sim do profissional que deverá integrar a equipe da contratada para a execução
do objeto do contrato com o BNDES, conforme consignado na resposta ao Questionamento
13, que mencionou expressamente o item 6.1 do Anexo I ao Edital – Projeto Básico.
Cumpre destacar que o julgamento das propostas técnicas se referiu tão somente à
capacidade técnica operacional do Licitante, já a qualificação técnica dos profissionais
contratados pela vencedora do certame só será auferida durante a execução contratual.
Diante do exposto, resta claro e evidente que para comprovar que atende ao quesito
“Experiência da Licitante”, a Recorrente não poderia se valer da qualificação técnica de
outra pessoa física ou jurídica respaldada no simples fato de contrato futuro de prestação de
serviços com estas.
2) Livro Especial - Experiência da Licitante :
A fim de comprovar sua experiência no critério livro especial, a Recorrente CDA listou 5
(cinco) livros acompanhados de atestado, quais sejam: As mil e uma noites - Daniel Bardet,
Livro Os miseráveis/Victor Hugo - Daniel Bardet, Conjunto Martha Medeiros (Paixão crônica,
Liberdade crônica e Felicidade crônica), Livro É tudo família! Sobre a filha da nova
namorada, sobre o irmão da ex-mulher do papai e outros parentes - Alexandra Maxeiner e
Livro Dom Quixote/Miguel de Cervantes - Jean-Blaise Mitildjian
A Comissão, ao analisar a documentação apresentada, conferiu nota zero a todos os livros,
sob o seguinte argumento: “ Não pontuou pois não apresenta 4 ou mais elementos especias
descritos no edital.”
Ademais, vale destacar que os atestados de capacidade técnica apresentados para estes
livros não estão em nome da Recorrente, como deveriam, e sim em nome da profissional
Monica Bohrer, apresentando, portanto, o mesmo problema acima citado, no que tange aos
livros de qualquer especificação gráfica, já que não podem ser considerados como
experiência técnico operacional da Recorrente, pois não foram por ela realizados.
32
Todavia, estes livros sequer foram objeto de diligência, já que não atendiam às
especificações técnicas exigidas no subitem 18.1.1.2 do Anexo I ao Edital – Projeto Básico,
o qual estabelece o quanto segue:
“18.1.1.2. A experiência a ser comprovada deve ser relativa aos seguintes serviços: (...)
Livro especial (com no mínimo quatro dos itens espe ciais elencados: impressão 4/4; capa dura ou flexível; pa pel especial; sobrecapa; acabamentos especiais – douraç ão, verniz, faca)
Pontos
Cada livro 1
A Recorrente alegou em seu recurso que a decisão da Comissão Especial de Licitação de
não pontuar os livros apresentados não se coaduna com as características das peças que
apresentou, com o previsto no Edital e com as demais regras relativas ao processo
licitatório.
Foi ressaltado pela Recorrente que o Edital utiliza a expressão etecetera ao se referir a
acabamentos de livros especiais no subitem 2.5.4.1, que trata do objeto, tornando tal lista
exemplificativa e que, portanto, não há como interpretar a lista constante no subitem
18.1.1.2 de forma isolada de todo o Edital.
Primeiramente, é importante frisar que se este é o entendimento da Recorrente, deveria ter
sido objeto de Impugnação ao Edital, nos termos do subitem 13.1 do Edital e do § 1º do art.
41 da Lei nº 8.666/93, o que não foi feito pela Recorrente e por nenhum outro Licitante,
tendo ocorrido, portanto a preclusão.
Não pode a Recorrente pretender atender a um item do Edital, que no caso é a Experiência
Técnica da Licitante, como base no disposto em outros itens do Edital, que tratam de
assunto completamente distinto, que é a execução contratual, o qual em momento algum
cita o acabamento tido como especial pela Recorrente.
Como demonstrado acima, o Edital, em seu item 18.1.1.2, apresenta lista exaustiva ao
especificar os itens especiais que seriam considerados como experiência, quais sejam:
impressão 4/4; capa dura ou flexível; papel especial; sobrecapa; acabamentos especiais –
douração, verniz, faca.
A Comissão julgou que os livros apresentados pela Recorrente só continham três
elementos, a saber:
Conjunto Martha Medeiros (Paixão crônica, Liberdade crônica e Felicidade crônica):
sobrecapa, faca e verniz.
33
As mil e uma noites - Daniel Bardet, Os miseráveis/ Victor Hugo - Daniel Bardet, É tudo família! Sobre a filha da nova namorada, sobre o ir mão da ex-mulher do papai e outros parentes - Alexandra Maxeiner e Dom Quixote/Miguel de Cervantes - Jean-Blaise Mitildjian : capa dura, impressão 4/4 e papel especial.
Em relação às alegações da empresa Recorrente, cabem os seguintes esclarecimentos:
A) Impressão 4/4 : na análise dos livros apresentados pelos Licitantes só foram
considerados como 4/4 livros com impressão integral em quatro cores.
A Recorrente alega que o Edital não está claro se a impressão 4/4 se refere à capa, ao
miolo ou a ambos.
Cumpre destacar que se o Edital não fez qualquer restrição, conclui-se que todo o livro deve
apresentar a impressão 4/4.
Mas se ainda assim a Recorrente tivesse dúvidas ou discordasse desta previsão do Edital,
deveria ter enviado questionamento à Comissão Especial de Licitação ou mesmo
impugnado o Edital, o que não fez, tendo ocorrido, portanto, preclusão.
B) Capa flexível : com base no entendimento do mercado gráfico, considera-se capa flexível
uma versão intermediária entre a capa dura e a brochura, que apresenta recursos da capa
dura, como debruns e folhas de guarda, mas sem a base de papelão, sendo, portanto,
menos rígida que esta. Os livros da coleção da autora “Martha Medeiros” não apresentam
esse tipo de capa, mas sim o modelo brochura.
C) Laminação fosca (Prolan): o acabamento “laminação fosca” não foi considerado por
não constar na lista do subitem 18.1.1.2 do Anexo I ao Edital – Projeto Básico, que trata da
Experiência do Licitante. Isso se deve ao fato de a produção do BNDES não considerar tal
acabamento “especial” já que se costuma utilizar laminação fosca nos livros editados,
inclusive nos periódicos que não demandam criação no bojo do contrato de design e têm
sua impressão realizada por gráfica contratada.
A Recorrente alega também que como no Questionamento nº 18 o BNDES informou que
papéis do tipo Offset ou Pólen não são considerados papéis especiais, e que nos livros
especiais são empregados papéis de diferente qualidade, com custo mais elevado, a
Comissão entende que o preço elevado é considerado como um elemento dos acabamentos
especiais, e que, portanto, a laminação fosca (Prolan) deveria ser considerada como
especial.
Mais uma vez destacamos que o edital é claro ao estabelecer que para fins de aferição da experiência do Licitante só seriam considerados acabamentos especiais a douração, o verniz e a faca (subitem 18.1.1.2 do An exo I ao Edital – Projeto Básico) .
34
Não há etecetera no referido subitem, que é exaustivo e objetivo como deve ser a previsão
de critérios de julgamento.
Deste modo, com base no princípio de vinculação ao Edital, a Comissão só poderia pontuar
as peças que apresentassem os acabamentos especiais elencados no Edital.
Com base no art. 41 da Lei nº 8.666/93 “a Administração não pode descumprir as normas e
condições do edital ao qual se acha estritamente vinculada.” Assim sendo, não restava outra
opção à Comissão Especial de Licitação senão a de considerar como especiais somente os
itens expressamente elencados no subitem 18.1.1.2 do Anexo I ao Edital – Projeto Básico,
que trata da Experiência do Licitante.
Sobre o tema vale destacar os ensinamentos de Marçal Justen Filho2:
“O Edital é o fundamento de validade dos atos praticados no curso da licitação, na
acepção de que a desconformidade entre o edital e os atos administrativos
praticados no curso da licitação se resolve pela invalidade destes últimos. Ao
descumprir normas constantes do Edital, a Administração frustra a própria razão de
ser da licitação. Viola os princípios norteadores da atividade administrativa, tais
como a legalidade, a moralidade e a isonomia.”
Neste mesmo sentido é o entendimento jurisprudencial:
ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. LICITAÇÃO. EDITAL. EFEITO
SUSPENSIVO. DEFERIMENTO.
1. A autora não atendeu às exigência do edital, de modo que admitir que
permaneça no certame implicaria fragilização e ofensa ao princípio da vinculação
ao instrumento convocatório, além de privilégio indevido a um dos concorrentes
(com o afastamento de critério estabelecido objetivamente no edital e aplicado a
todos), o que fere o princípio da igualdade.
2. A jurisprudência do eg. Superior Tribunal de Justiç a é firme no sentido de que o princípio da vinculação restringe o próprio a to administrativo às regras editalícias, impondo a desclassificação do licitant e que descumprir as exigências previamente estabelecidas . (Decisão nº AG 50270697920144040000,
Quarta Turma, Relatora Vivian Josete Pantaleão Caminha, D.E. 16/04/2015 –
Tribunal Regional Federal 4ª Região)
CONTRATAÇÃO PÚBLICA – EDITAL – VINCULAÇÃO – OBSERVÂNCIA
“A Administração deve ater-se às condições fixadas no edital, ao qual se acha estritamente vinculada, sob pena de afrontar o basi lar princípio da isonomia ,
2 Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 10ª ed., Ed. Dialética, pág.395.
35
insculpido no art. 3º desta lei . (Decisão nº 456/1998, Tribunal de Contas da União
- Plenário, Rel. Min. Humberto Guimarães Souto, DOU de 07.08.1998)
A Recorrente também alega que a Licitante FSB ESTRATÉGIA EM COMUNICAÇÃO LTDA. recebeu 3 (três) pontos por apresentar três peças com capa em acabamento Prolan,
quais sejam: Livro comemorativo dos 60 anos Nova América, Livro comemorativo de 70
anos do Sindicato das Seguradoras de São Paulo e Relatório Anual 2012 (Grupo Andrade
Gutierrez), e que, portanto, ela também deveria ter recebido tais pontos.
Cumpre esclarecer que a Comissão Especial de Licitação não conferiu pontuação pelo uso
de laminação fosca pela FSB ou por qualquer outro licitante, tendo sido atribuída pontuação
pelos seguintes itens, a saber:
- Livro Comemorativo 60 anos Nova América: sobrecapa, faca, capa dura, impressão 4/4 e
papel especial;
- Livro Comemorativo 70 anos do Sindicato das Seguradoras do estado São Paulo:
sobrecapa, faca, capa dura, impressão 4/4 e papel especial;
- Relatório Anual 2012 Grupo Andrade Gutierrez: sobrecapa, faca, impressão 4/4, papel
especial e verniz.
Assim, verifica-se que a Comissão Especial de Licitação cumpriu rigorosamente o Edital,
que previu de forma exaustiva e objetiva os requisitos de pontuação, que não foram
adequadamente cumpridos pela Recorrida e foram cumpridos pela licitante FSB nos
documentos em questão.
3) Criação Gráfica para Exposição – Experiência da Licitante: Para o cumprimento deste item do Edital a Recorrente CDA, no envelope de proposta
técnica, apresentou intenção de pontuar pelas seguintes peças: Exposição - 2013 e Um
Novo Horizonte e Exposição - Gato Mia Cachorro Late Ego Mata.
Considerando que a documentação apresentada pela Recorrente referente a estas peças
não apresentava todas as informações para receber os pontos previstos no subitem
18.1.1.2, a Comissão Especial de Licitação, em atenção ao princípio da competitividade, e
com esteio no art. 43, § 3º, da Lei n.º 8.666/93 e no subitem 6.7 do Edital, deliberou pela
instauração de diligência a fim de esclarecer as informações constantes nos documentos
apresentados pela Recorrente.
Em sua Ata de Deliberação por Diligência, datada de 18 de maio de 2015, a Comissão
Especial de Licitação estabeleceu o quanto segue:
36
“A licitante apresentou como peça um convite produzido para a exposição, mas o
item "criação gráfica para exposição" se refere ao conjunto criativo de uma
exposição (painéis, ambientação) e não a uma peça de divulgação isoladamente,
como um convite. O convite e o atestado apresentados não comprovam que a
licitante criou o conjunto expositivo. Caso tenha criado, como não é possível enviar
um conjunto expositivo fisicamente, a licitante pode apresentar a peça por meio de
fotografias que retratem a exposição, sua ambientação e elementos criados. Vale
ressaltar que não basta apresentar arte aplicada, pois não comprova que foi
efetivamente realizada. Além disso, o atestado apresentado não vincula a peça à
licitante, mas ao profissional Roger Monteiro. É necessário que a licitante apresente
atestado que comprove que a peça é de sua criação.”
Após a realização da diligência, ao analisar a documentação recebida, a Comissão Especial
de Licitação, ao realizar seu julgamento, não conferiu pontos às peças apresentadas, sob o
seguinte argumento:
“Não pontuou pois por meio dos documentos apresentados não é possível atribuir a
criação do conjunto expositivo à CDA.”
A Recorrente alega em seu recurso que a criação do conjunto expositivo dos dois eventos
foi realizada pelo profissional Roger Monteiro, que na época das exposições inclusive tinha
vínculo profissional com a CDA através da empresa Linha Gráfica Ltda., cujo contrato foi
apresentado durante a diligência.
Primeiramente, é importante destacar que o atestado de capacidade técnica emitido pela
galeria Tina Zappoli se refere à criação e produção das “peças gráficas das exposições”,
não deixando claro se o serviço prestado se resume ao material de divulgação (como
convite e catálogo apresentados pela Recorrente) ou a um conjunto expositivo
(comprovação solicitada pelo edital e pela resposta a seus questionamentos).
Vale ressaltar que por meio das fotografias apresentadas na diligência referentes à
exposição Gato Mia, Cachorro Late, Ego Mata não é possível comprovar a existência de um
conjunto gráfico criativo de uma exposição (painéis, ambientação) – o que vemos são
quadros e esculturas expostos. Já no caso da exposição 2013 - Um Novo Horizonte,
identifica-se uma sinalização com o nome da “sala” e uma unidade visual básica na
exposição dos quadros, o que também não atende ao solicitado no edital.
Nos dois casos, as exposições são coletivas de diversos artistas, dentre os quais o próprio
Roger Monteiro, listado no convite como expositor. Vale ressaltar que o Edital exige a
comprovação da experiência da licitante na criação gráfica de conjuntos expositivos e não a
criação de artes plásticas.
Assim sendo, as peças apresentadas não atendem ao Edital.
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Somados ao fato de que as peças apresentadas não atendem ao solicitado no Edital, não
há comprovação de que estas tenham sido realizadas pela Licitante e sim pelo Sr. Roger
Monteiro, que é empregado da empresa Linha Gráfica Ltda., que por sua vez possui um
contrato de prestação de serviços em vigor com a Recorrente CDA, ou seja, pela
documentação apresentada no envelope e na diligência, os trabalhos submetidos à
pontuação técnica não foram realizados pela empresa licitante CDA, mas sim por um
profissional vinculado a uma outra empresa que presta serviços à CDA.
Ora, pelas mesmas razões acima elencadas no que tange à Sra. Monica Bohrer, não há
como a Recorrente pretender comprovar a sua experiência técnico operacional com base na
experiência de um terceiro.
IV. CONCLUSÃO Diante do exposto, verifica-se que a irresignação da Recorrente CDA é baseada em
interpretações equivocadas do Edital. Todos os pontos levantados pela Recorrente foram
construídos em cima de argumentações confusas que destoam das previsões objetivas e
claras do Edital.
Pelas razões acima expostas, decide-se por negar integralmente provimento ao recurso
apresentado pela Licitante CDA DESIGN LTDA , mantendo-se o julgamento da Comissão
Especial de Licitação no que tange às peças apresentadas pela Recorrente e pela FSB ESTRATÉGIA EM COMUNICAÇÃO LTDA.
Por oportuno, é submetido o presente procedimento licitatório ao Sr. Superintendente da
Área de Administração, nos termos do subitem 10.3 do Edital e no art. 109, §4º da Lei nº
8.666/93, para julgamento do recurso em instância superior.
Comissão Especial:
SIMONE CARVALH O MESQUITA
Presidente
FERNANDA DE SOUZA LIMA DA
COSTA E SILVA
Membro
LUISA DE CARVALHO E SILVA
Membro
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FIRMO MENEZES DO COUTO NETO FLÁVIA CASTELLAN BRAGA
Membro Membro
LIZA ALICE FEINGOLD GUTTMANN
Membro
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