aspectos psicológicos do câncer na mulher. o que é preciso ... psiclologicos do... · a...

Post on 01-Dec-2018

213 Views

Category:

Documents

0 Downloads

Preview:

Click to see full reader

TRANSCRIPT

Aspectos Psicológicos do Câncer na MULHER.

O que é preciso saber para acolher?

Maria Estelita GilPsicóloga Clínica

2012

11

Repercussões emocionais Repercussões emocionais frente ao Diagnóstico de frente ao Diagnóstico de

CâncerCâncerA comunicação de um diagnóstico de um

câncer

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 22

atinge a integridade do ego

levando à fragilidade e vulnerabilidade(Di Biaggi e Chiattone, 1993)

Sentimentos de:Sentimentos de:

• “sentença de morte”

• “mutilação”

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 33

• “humilhação”

• “menos-valia”

• “susto”

CASO NORTEADORCASO NORTEADOR

• Paciente : Maria• 47anos• Grande PortoAlegre- Plano de Saúde • Grande PortoAlegre- Plano de Saúde • Refere que não recorda o que aconteceu consigo nos meses de Janeiro e Fevereiro deste ano: “Agia como um robô, andava nas ruas e me perdia, isto me causava muito desconforto e me assusta até hoje”...Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 44

Reações:Reações:

• Refere que procurou o médico da clínica do seu plano saúde e este pediu exames,inclusive mamografia.

• Quando levou resultados o médico disse: “você está com um câncer do tipo malígno e invasor e eu não posso ajudá-la,procure um posto de saúde”.

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 55

Reações:Reações:

• Diz: “saí da clínica e não sabia para onde ir, não entendi nada, e quando cheguei em casa não lembrava o que tinha acontecido e tive dificuldade de tinha acontecido e tive dificuldade de explicar para minha família.”

• “ Muitas vezes me perdia e no meu trabalho eu não lembrava o que tinha que fazer, isto está me deixando muito assustada”...( ANGUSTIA)

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 66

Reações Traumáticas:Reações Traumáticas:

• “Será que eu vou voltar a ser uma pessoa normal”??

• “Eu fui bem atendida aqui e a médica • “Eu fui bem atendida aqui e a médica me explicou o que tenho e o tratamento que vou fazer.Quando falei sobre meu problema ela disse que vocês iriam me ajudar ...

77

Abordagens psicológicas para Abordagens psicológicas para amenizar o impacto do:amenizar o impacto do:

• Diagnóstico do câncer;

• Temores frente à cirurgia/anestesia;

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 88

• Temores frente à cirurgia/anestesia;

• Temores e angústias frente à mutilação;

• Temores frente a quimio e radioterapia;

InterconsultaInterconsulta

Significa a convergência de duas disciplinas que apresentam

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 99

disciplinas que apresentam importantes e substanciais

diferenças quanto aos critérios de saúde, linguagem, técnica, objetivo e

enquadre (Ferrari, 1992).

InterconsultaInterconsulta

Propõe também uma modificação na

estrutura assistencial centrada na

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 1010

estrutura assistencial centrada na

doença, incentivando uma forma de

tratamento centrada no paciente e

valorizando o papel da relação

médico, paciente e psicólogo.

Como dar o diagnósticoComo dar o diagnóstico

Médico e psicólogo (assistência)

(conduzir a entrevista)

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 1111

(conduzir a entrevista)ensino alunos Medicina (1),

alunos Psicologia (1), observadores

TécnicaTécnica• Estimular o ego observador (psicólogo);

• Desenvolver uma “escuta” especial neste momento;

• Estar atento aos sentimentos contratransferenciais);

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 1212

contratransferenciais);

• Auxiliar o paciente na própria conclusão do seu diagnóstico;

• Investigar o que ele quer saber sobre a sua doença (princípio de autonomia);

• Confirmar e acrescentar dados a partir do que o paciente relata;

• Mostrar que a equipe é continente frente à sua dor, temores, angústias, revolta e até frente a negativa de realizar qualquer tratamento proposto;

• Salientar a proximidade da equipe em

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 1313

• Salientar a proximidade da equipe em todas as etapas do tratamento (psicologia)

• Liberar a paciente somente quando ela demonstrar que houve uma reorganização de suas funções egóicas.

Após abordagem inicialApós abordagem inicial

• Oferecer e pontuar a continuidade doacompanhamento sistemático de todaequipe;

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 1414

• Demonstrar continência afetiva;

• Proposta de atendimento psicológico,individual com periodicidade de acordocom as condições da paciente(considerações geográficas, dependênciafamiliar, econômica, etc.)

ETAPAS E CARACTERÍSTICAS DA ETAPAS E CARACTERÍSTICAS DA ABORDAGEM PSICOTERÁPICA APÓS O ABORDAGEM PSICOTERÁPICA APÓS O

DIAGNÓSTICODIAGNÓSTICO

1. Cirurgia

• Preparo para cirurgia;

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 1515

• Visita ao leito;Reações da paciente após cirurgia;

• Alivio, tranqüilidade;• Expectativa dos tratamentos

complementares;

2. Quimioterapia e Radioterapia

• Continência frente aos tratamentos(Média 8 a 12 meses);

• Queixas constantes frente aos efeitoscolaterais, fragilidade;

• Ataque á feminilidade e sentimentos de

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 1616

• Ataque á feminilidade e sentimentos demutilação, vergonha, menos-valia (perdado cabelo, amenorréia, cansaço físico,perda da mama, modificação da mama);

• Temores frente ao “fantasma” derecidivas ou possibilidade de metástases;

3. Alta da Quimio e Radioterapia

• Resgate gradativo da feminilidade (crescimento do cabelo, reconstrução mamária);

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 1717

mamária);

• Aumento da resistência física;

• Retomada das atividades normais;

• Abordagem gradativa (quando presente motivação) funcionamento dinâmico da paciente;

• Espaçamento do Tema relativo ao câncer;

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 1818

câncer;

• Retorno da angústia de recidiva apenas no período dos exames de rotina.

Atendimento grupalAtendimento grupal1. REUNIÕES SEMANAIS

2. COORDENAÇÃO DA PSICÓLOGA

• Co-coordenação das estagiárias de

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 1919

• Co-coordenação das estagiárias depsicologia

• Convidados eventuais, residentes epreceptores da mastologia.

• Participação especial, voluntária doCentro da Mama (ex-paciente).

3. REGRAS

• Participação livre e espontânea;

• Participar quando quer e quando pode;

• Os temas são determinados pelosmembros do grupo;

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 2020

membros do grupo;

• Não existe nem certo nem errado;

• Espaço para chorar, expressar tristezas,angústias, medos, as evoluções, alegrias econquistas...

• Aberto aos familiares.

4. POPULAÇÃO

• Oscilante;

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 2121

• Pacientes e ex-pacientes (de até 17 anosatrás; de P. Alegre, Grande Porto Alegre einterior Teutônia, Tapes, Ivoti, N.Hamburgo,Nova Petrópolis ,EstânciaVellha,entre outros.

5. ASSUNTOS PRINCIPAIS:

• A mutilação do câncer;

• Resgate de novos valores;

• Da depressão à reconquista da

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 2222

• Da depressão à reconquista datranqüilidade.

• “Fantasmas” de recidiva;

• Questionamento constante dofuncionamento “neurótico” anterior aocâncer e motivação para “melhoras”.

Evolução Caso Norteador:Evolução Caso Norteador:

• Auxiliamos que a paciente entendesse que os lapsos de memória foram uma defesa para não “enlouquecer”... “Minha filha disse a “enlouquecer”... “Minha filha disse a mesma coisa, que eu precisei esquecer algumas coisas para não sobrecarregar meu cérebro”... “Incrível isso... Quer dizer que não estou louca??”

• 2323

Evolução caso Norteador:Evolução caso Norteador:

• Estimulamos que ela concluísse o que estava acontecendo ( estímulo do Ego Observador – livre do conflito)

• Maria diz que está aliviada e menos assustada. Reforçamos e oferecemos acompanhamento individual e grupal.

• Explicamos benefícios do grupo, pois iria encontrar seus pares com evolução positiva no tratamento CA.

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 2424

Evolução Caso Norteador:Evolução Caso Norteador:

• Maria é apresentada ao grupo e cada uma se apresenta, contando sua história e evolução.

• Maria relata seu histórico e seu drama em que se desorganizou muitas vezes e isso lhe assusta.

• Estimulo que as integrantes relatassem como foram suas experiências.

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 2525

Evolução caso NorteadorEvolução caso Norteador

• Cada paciente, frequentadoras do grupo, variando de 1 a 12 anos de participação e a voluntária com história de 30 anos após tratamento história de 30 anos após tratamento CA, referiram que tiveram experiências semelhantes e que entendiam como uma “defesa” para suportar as angustias do diagnóstico e todo o processo do tratamento.

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 2626

Evolução Caso Norteador:Evolução Caso Norteador:

• Maria demonstrou alívio e referiu que estava mais animada e tranquila , “eu estava ansiosa para participar do grupo, liguei para psicóloga para grupo, liguei para psicóloga para saber se era necessário fazer inscrição para participar. “ Agora vou para casa aliviada, sentindo que não sou louca”.

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 2727

Evolução caso Norteador:Evolução caso Norteador:

• Paciente B diz “ Deus te deu esse problema de memória para aguentar o peso do trauma de ter um câncer de Mama”. de Mama”.

• Paciente C diz “ Eu chegava no grupo e durante muito tempo só chorava e não conseguia falar, elas conseguiram me tirar do fundo do poço. Hoje sou diferente e feliz”

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 2828

Evolução Caso Norteador:Evolução Caso Norteador:

• Paciente C diz : “Todas nós tivemos em algum momento dificuldades de lembrar de muitas coisas, meu patrão que é médico sempre me dizia que que é médico sempre me dizia que isso era normal. O grupo me ajudou a entender o que acontecia e sempre que eu posso eu participo.”

• Maria diz: “vou vir sempre que eu posso, é bom sentir que sou normal”.

2929

Aspectos Importantes para Aspectos Importantes para desempenho Equipe:desempenho Equipe:• Colocar-se no lugar do – OUTRO• O Paciente tem que ter seu TEMPO para poder assimilar que é portador para poder assimilar que é portador de uma Doença Grave- CÂNCER

• O IDEAL : Paciente concluir que tem a doença e que ele possa verbalizar o diagnóstico : “então eu tenho aquela doença maligna?”

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 3030

Aspectos do Manejo:Aspectos do Manejo:

• Ajudar que o paciente continue o raciocínio ( ego observador) –Equipe:

• O que tu achas? ... Paciente:“ acho • O que tu achas? ... Paciente:“ acho que talvez sim...

• Equipe:E como é saber que sim? • Paciente: (emocionada) “fazer o que?, vou enfrentar ... O que vou fazer primeiro?

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 3131

Aspectos do Manejo:Aspectos do Manejo:

• Leitura da reação emocional;• Equipe: “Sabemos que não é fácil entender o que está acontecendo entender o que está acontecendo contigo.Aqui o espaço é teu...”

• Reação paciente...( Silêncio, Choro..)• Propiciar tempo para o choro, verborragia como forma organização pensamento entre outras...

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 3232

• Paciente com 49 anos, viúva-recidiva mamária – mastectomia

• Realizada profissionalmente

• Trabalho internacional

RELATO DE CASOSRELATO DE CASOS

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 3333

• Trabalho internacional

• Otimista, filhos afetivos e parceiros. Durante a Quimio conheceu namorado na internet

• Administrou feminilidade e sexualidade

• Recidivou em 2 anos, (pulmão) morreu em 3 meses.

Características Predominantes das Características Predominantes das pacientes atendidaspacientes atendidas

• Ruminativas• Controladoras• Núcleo masoquista• Onipotentes• Cuidadoras : esquecendo de cuidar de si mesmas.• Negação aspectos agressivos

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 3434

• Negação aspectos agressivos• Conseqüentemente não sabem “brigar” pelo seu espaço,

passando por “boazinhas” e “vítimas”• Pessimistas• Poucas atividade de lazer• Relações afetivas empobrecidas• Perdas importantes entre 2 a 4 anos, antes do

diagnóstico de CA.

Pacientes que tiveram atendimento brevePacientes que tiveram atendimento breve

• Otimistas

• Bom relacionamento familiar

• Relações afetivas com qualidade

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 3535

• Realização - Trabalho

• Atividades de lazer

• Não quiseram continuar atendimento, pois não se sentiram desadaptadas com o câncer e verbalizaram que “precisavam tocar a vida e esquecer este episódio”.

ASPECTOS PRÁTICOS:ASPECTOS PRÁTICOS:

• Viabilizar um documento de Declaração que a paciente necessita de condução para atendimento psicológico.psicológico.

• Orientar a busca do Voluntariado do HSL para:

• Fornecer próteses mamárias e perucas.

• Aspectos de :HumanizaçãoMaria Estelita GilMaria Estelita Gil 3636

“ Não importa o tempo que temos paraviver, importa a qualidade de cada momento que temos para viver ”.

Maria Estelita Gil

Maria Estelita GilMaria Estelita Gil 3737

Maria Estelita Gil

top related