as crianças e as redes sociais corrigido
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Escola Secundária Quinta do Marquês Curso de ciências e tecnologias - Aplicações informáticas
Oeiras, 2012/2013
Trabalho realizado por:
João Gonçalves nº19, 12ºC
Maria João Cabral nº21, 12ºC
Professora orientadora:
Fátima Santana
“As redes sociais e as crianças”
2
Índice
Introdução ........................................................................................................................ 3
Palavras-chave .................................................................................................................. 4
O que são as redes sociais? .............................................................................................. 5
Redes sociais mais conhecidas ......................................................................................... 7
Facebook ....................................................................................................................... 7
Youtube ......................................................................................................................... 8
Skype ............................................................................................................................. 8
Redes sociais pedagogicamente criadas para crianças .................................................... 9
GiantHello ..................................................................................................................... 9
Imbee .......................................................................................................................... 10
.................................................................................................................................... 10
ScuttlePad ................................................................................................................... 10
Privacidade das redes sociais ......................................................................................... 12
Ao nível pessoal .......................................................................................................... 12
Ao nível empresarial ................................................................................................... 13
Problemas advenientes do uso das redes sociais .......................................................... 15
Cyberbullying .............................................................................................................. 15
Isolamento .................................................................................................................. 16
Medidas de precaução ................................................................................................... 18
Conclusão........................................................................................................................ 20
Anexos I .......................................................................................................................... 22
Anexo II ........................................................................................................................... 24
Referência bibliográfica .................................................................................................. 22
“As redes sociais e as crianças”
3
Introdução
Depois da televisão e dos videojogos, surge agora a temática da utilização das redes
sociais pelas crianças, tão presente no quotidiano de um grande número de pessoas,
ou mesmo na grande maioria das pessoas dos países mais desenvolvidos.
O objetivo deste trabalho é o de fornecer às pessoas em geral, mas especialmente aos
pais e educadores, melhor informação sobre a relação dos mais novos com os meios
de comunicação, no sentido de promover uma utilização mais crítica e criteriosa.
Nos últimos tempos, tem-se assistido a um crescimento exponencial do uso das redes
sociais, sendo inegável o seu impacto no processo de socialização e de comunicação
das pessoas que as utilizam. Assim, serão abordadas algumas das redes sociais com
maior peso na sociedade, entre elas, o Facebook que é considerada a maior rede deste
tipo. Por outro lado, serão também apresentadas algumas redes sociais para crianças,
que nasceram da necessidade de criar novas plataformas onde jovens e crianças
possam estar mais protegidos. Será igualmente importante estudar o impacto que as
redes sociais acabam por ter na nossa vida pessoal, e na sociedade em geral, e em
especial na vivência dos mais novos. Por último, há que conhecer os riscos da sua
utilização e as medidas de segurança a adotar, para que assim possamos aproveitar
todo o potencial benéfico das redes sociais.
É este o contributo que se espera dar com a elaboração deste trabalho, inserido no
âmbito da disciplina de Aplicações Informáticas B, da Escola Secundária Quinta do
Marquês, durante o ano letivo 2012/2013.
“As redes sociais e as crianças”
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Palavras-chave
Redes sociais, internet, crianças, avanço tecnológico, website, privacidade.
“As redes sociais e as crianças”
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O que são as redes sociais?
Rede social é um termo que provém da ligação entre um grupo de pessoas. Desde os
tempos mais remotos, as pessoas criam grupos com interesses em comum com o
objetivo de os partilhar e mesmo de socializar.
Duarte, Quandt e Souza, três especialistas brasileiros em redes informáticas, no seu
livro O Tempo das Redes, definem as redes sociais do seguinte modo: "Uma rede social
é uma estrutura social composta por pessoas ou organizações, conectadas por um ou
vários tipos de relações, que partilham valores e objetivos comuns. Uma das
características fundamentais na definição das redes é a sua abertura e porosidade,
possibilitando relacionamentos horizontais e não hierárquicos entre os participantes.
Redes não são, portanto, apenas uma outra forma de estrutura, mas quase uma não
estrutura, no sentido de que parte de sua força está na habilidade de se fazer e
desfazer rapidamente" (Duarte, Quandt e Souza; 2008, p.156).
Por outro lado, as redes sociais na Internet são páginas da Web que facilitam a
interação entre os membros em diversos locais. Elas existem para proporcionar meios
diferentes e interessantes de interação.
Boyd e Ellison, investigadores americanos na área das redes sociais, definem redes
sociais como: "Serviços baseados na Web que permitem aos indivíduos: (1) construir
um perfil público ou semipúblico dentro de um sistema limitado; (2) articular uma lista
de outros utilizadores com quem eles compartilham uma conexão; (3) ver e percorrer
as suas listas de conexões e aquelas feitas por outras pessoas dentro do
sistema." (Boyd e Ellison; 2007, p. 211)
As redes sociais têm adquirido importância crescente na sociedade moderna e podem
ser agrupadas em diferentes categorias:
Redes de relacionamentos (Facebook, MySpace, Twitter,…);
Redes profissionais (LinkedIn);
Redes comunitárias (redes sociais em bairros ou cidades);
Redes políticas;
E outras redes com objetivos e interesses específicos.
“As redes sociais e as crianças”
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Um ponto em comum entre os diversos tipos de rede social é o compartilhamento de
informações, conhecimentos, interesses e esforços em busca de objetivos comuns. Por
este motivo, tem-se intensificado a formação de novas redes sociais, bem como a sua
utilização, o que em última análise pode contribuir para o fortalecimento da sociedade
civil, num contexto de maior participação democrática e mobilização social.
“As redes sociais e as crianças”
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Redes sociais mais conhecidas
O Facebook é um site e serviço de rede social que foi criado por Mark Zuckerberg, com
a colaboração dos seus colegas americanos Dustin Moskovitz e Chris Hughes e do
brasileiro Eduardo Saverin, enquanto frequentavam a Universidade de Harvard. Foi
lançado no dia 4 de fevereiro de 2004 e até final do mesmo mês foram registados no
serviço mais de metade dos estudantes de Harvard. Rapidamente se expandiu a outras
universidades americanas, aos Estados Unidos e a todo o mundo. Em 4 de outubro de
2012, o Facebook atingiu a marca de 1 bilião de utilizadores ativos, o que significa que
em média 316.455 pessoas aderiram por dia, ou 13.185 em cada hora, ou ainda, 219
pessoas vão aderir no próximo minuto! Estes números dão-nos uma noção clara da
dimensão desta rede e do seu impacto na sociedade.
As pessoas ao registarem-se no site podem criar um perfil pessoal, adicionar outros
utilizadores como amigos e trocar mensagens. Além disso, os utilizadores podem
participar em grupos de interesse comum de outros utilizadores, organizados por
escola, trabalho, ou outras características. O Facebook permite que qualquer pessoa
que declare ter pelo menos 13 anos de idade possa tornar-se utilizador registado do
site, visto que para o registo não é necessário apresentar qualquer tipo de documento
de identificação.
Vários estudos comprovam que o Facebook é a rede social mais utilizada mensalmente
em todo o mundo por utilizadores ativos. Dados estatísticos revelam que nos Estados
Unidos, em maio de 2011, o Facebook teve 138,9 milhões de visitantes. Em abril de
2010, cerca de 41,6% da população americana tinha uma conta neste mesmo site.
Contudo, o crescimento de mercado do Facebook começa agora a estabilizar nalgumas
regiões, diminuindo assim o ritmo de adesão de novos utilizadores.
“As redes sociais e as crianças”
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Youtube
O YouTube é um site que permite que os seus utilizadores carreguem e compartilhem
vídeos em formato digital. Foi fundado em fevereiro de 2005, por Chad Hurley, Steve
Chen e Jawed Karim, que foram três importantes pioneiros do PayPal1.
Antes do lançamento do YouTube em 2005, havia poucos métodos simples à
disposição dos utilizadores normais de computadores para colocar os seus próprios
vídeos na Internet. Com enorme facilidade de utilização, o YouTube permite a
qualquer pessoa publicar um vídeo na Internet que pode ser visto por milhões de
pessoas poucos minutos após a sua colocação. A grande variedade de tópicos
cobertos pelo YouTube tornou o compartilhamento de vídeo uma das práticas mais
significativas na utilização da Internet, enquanto veículo social e cultural.
Skype
Skype Technologies é uma empresa global de comunicação via Internet, permitindo
comunicação de voz e vídeo grátis entre os utilizadores do software. O Skype está
disponível em 27 idiomas e é usado em quase todos os países. Gera receitas através de
serviços que permitem comunicação de e para telefones fixos e móveis, caixas de
mensagens, transferência de chamadas e personalização, incluindo tons de chamada e
avatares. Este meio de comunicação faz com que as grandes distâncias à escala
mundial deixem de ser um problema para a comunicação. Através do Skype é possível
conferenciar e dialogar com qualquer pessoa de qualquer parte do mundo.
1 Famoso site da Internet ligado à gestão de transferência de fundos.
Figura 1 - Cartoon de uma página do Skype
“As redes sociais e as crianças”
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Redes sociais pedagogicamente criadas para crianças
As redes sociais para crianças surgem da necessidade de integrar as crianças e jovens
no meio online. Devido ao crescimento exponencial das redes sociais, verificou-se uma
grande curiosidade por parte das crianças para a sua utilização. Em consequência
disso, criaram-se redes sociais especialmente indicadas para crianças e jovens
adolescentes, que queiram ingressar no mundo virtual. Uma das principais
características destas redes é a maior privacidade e segurança quando comparadas
com as anteriormente referidas. Assim, e para melhor informar os pais e educadores
sobre as formas seguras para os seus filhos ou educandos navegarem na internet,
importa dar a conhecer algumas das redes sociais pedagogicamente criadas para
crianças.
GiantHello
O GiantHello inclui jogos sociais online, permite enviar convites para ligação a amigos
que se conhecem na vida real, criar páginas de perfil personalizadas, usar mensagens
internas, publicar fotos, comentar fotos, enviar mensagens instantâneas, criar páginas
de fãs de celebridades e produtos favoritos, mas sempre e unicamente entre os seus
amigos. Também os anúncios publicitários que estão disponíveis, publicados com base
na atividade dos utilizadores, foram previamente analisados relativamente à sua
adequação.
Em termos de segurança, o GiantHello requer o consentimento parental antes das
crianças poderem usufruir de todas as funcionalidades do site, impede o acesso dos
motores de busca aos textos e às fotos publicadas pelas crianças, filtra linguagem
imprópria e oferece controlos parentais que permitem aos pais suspender ou eliminar
a conta dos filhos. Ainda ao nível da segurança, as crianças navegam num círculo
fechado de amizades, isto é, apenas podem comunicar com terceiros que convidaram
pessoalmente e, ao verem o perfil de um amigo, apenas são exibidos os amigos
mútuos. Se uma criança quiser adicionar um amigo, tem de enviar um código especial
ou imprimir um convite para entrega em mão. Desta forma, o GiantHello não permite
que estranhos contactem a criança, até porque o site não permite ligações aleatórias.
No GiantHello as crianças só conseguem comunicar com os seus amigos reais.
“As redes sociais e as crianças”
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Imbee
O Imbee anuncia-se como uma rede social que permite aos jovens partilharem e
ligarem as suas vidas e os seus mundos através de uma experiência de media social
única. Permitindo partilhar “playlists”, fazer novas amizades a nível global, conversar
com amigos, partilhar vídeos, obter
notícias sobre a cultura pop e muito
mais. Em termos de segurança, o
Imbee disponibiliza configurações
de segurança a gerir pelos pais e
exige a autenticação da identidade,
através de cartão de crédito, por
parte dos pais ou de um professor.
Até que os pais autorizem a conta
da criança, esta não terá acesso a todas as funcionalidades do site. A partir daí, o
Imbee disponibiliza configurações de segurança que permitem aos pais definirem
parâmetros adequados à idade e relacionados com as atividades online da criança.
ScuttlePad
Concebido para crianças dos 6 aos 11 anos de idade, o ScuttlePad oferece às crianças
um local para interagirem online, ligarem-se aos amigos e divertirem-se escolhendo
palavras e construindo frases, enquanto estão protegidas e aprendem os fundamentos
da segurança online. No ScuttlePad as crianças aprendem os rudimentos da vida social
em rede, criando perfis seguros, partilhando informação apropriada e atualizando os
seus “status” de uma forma responsável. Para este efeito, os utilizadores podem
atualizar os seus “status” e fazer comentários a partir de listas de verbos e sujeitos pré-
aprovados, o que ajuda os mais novos a aprender a construir frases, para além de
ajudar a melhorar a gramática dos utilizadores mais crescidos. Para aderirem ao
ScuttlePad os pais registam os filhos usando os seus próprios endereços de email e
criam nomes de utilizador e palavras-passe únicas. No ScuttlePad as crianças podem
encontrar os seus amigos e fazer novos amigos, quer morem na mesma rua, quer
estejam no outro lado do globo. Em termos de segurança, o ScuttlePad ensina às
Figura nº 1 - Perfil imbee
“As redes sociais e as crianças”
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crianças as noções básicas sobre a socialização em rede e sobre a importância da
privacidade online, enquanto estas se divertem ligando-se aos seus amigos.
“As redes sociais e as crianças”
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Privacidade das redes sociais
Privacidade é a habilidade de uma pessoa em controlar a exposição e a disponibilidade
de informações acerca de si. Nas redes sociais há uma grande partilha de informação.
A população em geral não tem consciência das consequências adjacentes ao publicar
algo na internet. Quando colocamos um comentário, uma imagem ou um vídeo num
blog ou numa outra qualquer página online, essa informação não pode ser eliminada.
Uma vez divulgada online vai ficar visível a qualquer pessoa. É deste modo, que a
nossa privacidade e segurança pode ser posta em causa ao navegar na internet.
Assim sendo, é necessário alertar para os limites de privacidade que é necessário
estabelecer na partilha dos nossos interesses online.
"Os limites das redes não são limites de separação, mas limites de identidade. (...) Não
é um limite físico, mas um limite de expectativas, de confiança e lealdade, o qual é
permanentemente mantido e renegociado pela rede de comunicações” (Duarte;
Quandt; Souza; 2008, p.21).
Ao nível pessoal
Os utilizadores deixaram de ser passivos e passaram eles próprios a produzirem os
seus próprios conteúdos e a disponibilizá-los online, através das redes sociais,
permitindo realizar estas transferências de uma forma perfeitamente transparente. No
entanto, e apesar das redes sociais disponibilizarem uma série de medidas de
segurança e privacidade, estas são igualmente uma séria ameaça. Esta situação tem
um elevado grau de exposição, em particular a exposição a múltiplas ameaças e riscos.
Uma das principais ameaças à segurança e privacidade dos utilizadores é proveniente
do tipo de conteúdos e de informação que os utilizadores partilham nas redes sociais.
Um pequeno exemplo: uma foto divertida hoje partilhada no Facebook pode tornar-se
uma foto comprometedora no futuro. Imaginemos que se trata de um grupo de
amigas que decidiram tirar uma foto em frente da escola e a imagem foi colocada num
determinado evento no Facebook. As raparigas podem ser identificadas nessa mesma
imagem e o Facebook faz uma conexão direta com o perfil da rapariga. Essa imagem
“As redes sociais e as crianças”
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contém assim informações sobre a vida daquelas crianças, que as torna mais expostas.
E poderá vir a ser utilizada por alguém com más intenções.
Os conteúdos partilhados num dado momento numa rede social, podem vir a ser
distribuídos e partilhados por inúmeros utilizadores e vão persistir na rede social,
mesmo que a conta do utilizador seja removida da rede. Não há retorno.
Um estudo realizado pela empresa Sophos2 chegou a conclusões assustadoras sobre o
comportamento dos utilizadores no Facebook, em relação aos dados que revelam.
O facto de os utilizadores estarem tão disponíveis para tanto partilhar da sua própria
informação pessoal no Facebook, faz com que o risco de ocorrência de ataques de
roubo de identidade ou outros aumentem consideravelmente.
O estudo revelou que:
• 46% dos utilizadores do Facebook aceitam pedidos de amizade de estranhos;
• 89% dos utilizadores na faixa etária dos 20 divulgam a sua data de aniversário;
• quase 100% dos utilizadores divulgam o seu endereço de email;
entre 30 a 40% dos utilizadores listam dados sobre a sua família e amigos.
Este site foi gradualmente acomodando um leque muito variado de pessoas, passando
também a ser utilizado pelos mais jovens. Com base em dados de maio de 2011, da
revista Consumer Reports, existiam 7,5 milhões de crianças menores de 13 anos com
subscrições no Facebook, violando os termos de serviço do próprio site. Esta violação
pode levar à publicação de informação pessoal das crianças que contribui para uma
maior exposição destas aos perigos que nos rodeiam.
Ao nível empresarial
Do mesmo modo, numa perspetiva empresarial e profissional, estas redes sociais
podem ser uma ameaça. Hoje em dia, as empresas recorrem frequentemente às redes
sociais como uma forma complementar de verificar o perfil dos candidatos a postos de
2 Fornecedora de software e de hardware de segurança, incluindo antivírus, antisspyware, antisspam,
controle de acesso de rede, servidores para proteção de sistemas de e-mail, entre outros.
“As redes sociais e as crianças”
14
trabalho. Adicionalmente existe o sério perigo de quebra de confidencialidade pelo
facto dos colaboradores de uma organização poderem divulgar informação interna das
suas organizações, e esta ficar disponível para um grande e variado número de
pessoas.
Num estudo recente, realizado pela Sophos, no qual estiveram envolvidas cerca de 500
empresas, chamadas a responder a um inquérito, cerca de 60% consideraram que o
Facebook constitui uma das principais ameaças à segurança e privacidade da
informação das suas organizações3.
De facto, o Facebook tem vindo a crescer exponencialmente nos últimos tempos,
fazendo com que a sua dimensão o torne um alvo preferencial para ameaças de
diversos tipos.
Do ponto de vista da privacidade, o Facebook é extremamente agressivo em termos de
violação “consentida” dessa mesma privacidade. A mudança da política de privacidade
do Facebook mudou há algum tempo, passando a apresentar valores de partilha com
toda a rede social, de informação pessoal. Ou seja, por defeito, se nada for feito por
parte do utilizador, todos os seus dados e conteúdos são partilhados com toda a rede,
para sempre.
A isto acresce o facto de que os utilizadores das redes sociais e da Internet de um
modo geral têm muito pouca consciência das implicações inerentes à divulgação da
sua informação pessoal e privada em redes pessoais.
3 Resultados do estudo no Gráfico 1 apresentado no anexo I
“As redes sociais e as crianças”
15
Problemas advenientes do uso das redes sociais
O mundo da tecnologia, tal como tudo, tem o seu lado bom e o seu lado mau. Devido à
facilidade dos vários serviços que se encontram à disposição, o número de crimes por
via virtual tem vindo a aumentar. Nesta área, daremos maior ênfase ao Cyberbulling,
por ser uma das mais graves consequências do enorme crescimento das redes sociais.
Por outro lado, a utilização excessiva dos serviços online pode levar a problemas de
índole pessoal, como o vício e o isolamento à sociedade.
Cyberbullying
O Cyberbullying é uma prática que consiste em gozar, difamar ou humilhar o próximo.
Cyber por acontecer num meio tecnológico. Bullying, um conceito recente, mas
associado a um comportamento que sempre existiu, nomeadamente nas escolas.
Segundo a psicóloga Ana Tomás Almeida, o Bullying ocorre “quando se pensa existir
perseguição e humilhação prolongada por parte de uma ou mais pessoas que se
servem do seu poder para intimidar outra mais fraca que passa a ser vitima num
relacionamento em que precisamente o poder e a desigualdade dificultam que a
última se proteja.”
Com o aparecimento e uso das tecnologias, nomeadamente das redes sociais da
Internet, apareceu o Cyberbullying, onde os agressores aproveitam, por exemplo, as
fotos e o endereço eletrónico das vítimas para difamarem a sua imagem.
É um fenómeno crescente em Portugal, em especial entre os jovens, porque estes não
têm plena consciência das consequências destes atos e são os que mais aderem às
novas tecnologias.
Tito de Morais, responsável pelo site Miúdos Seguros na Net, considera que nas
escolas, não há um levantamento do fenómeno, nem procedimentos para lidar com
casos, que acabam por não ser reportados. Só quando houver suicídios é que vai
aparecer uma proposta legislativa a sério.
O professor João Amado, da Faculdade de Psicologia da Universidade de Coimbra,
também afirma que apesar de não existirem dados estatísticos em Portugal, sabe-se
“As redes sociais e as crianças”
16
através dos testemunhos de professores que é um fenómeno que está a crescer e a
ocorrer com maior frequência. O Cyberbullying é uma prática antiga, mas agora
assume outra dimensão pelo recurso a novos meios tecnológicos como a internet, o
telemóvel e os suportes digitais. O Cyberbullying abrange também insultos,
comentários obscenos, imagens comprometedoras publicadas nas redes sociais, e-
mails com ameaças ou agressões filmadas que acabam à vista de todos num vídeo do
YouTube. Como a Internet protege os anónimos, muitos sentem-se encorajados a levar
a cabo vinganças, atos de gozo, ou assustar pessoas conhecidas.
Nas escolas, este tipo de comportamento acontece a partir dos dez anos e é
geralmente uma forma de pontenciar e agravar ações de Bullying físico.
Segundo a socióloga Luzia Pinheiro: "Na altura da definição da sexualidade, entre os 13
e 15 anos, pode ter consequências muito negativas sobre a vítima como depressão e
mudança de escola. Nos casos mais extremos, pode levar ao suicídio, como já
aconteceu nos EUA". As conclusões da mesma socióloga revelam outro dado
importante: "Num universo de 43 inquiridos, cerca de 40% seria capaz de recorrer ao
Cyberbullying, mesmo que a maioria não tenha consciência do que isso é, nem das
suas consequências".
Por desconhecerem o que é o Cyberbullying, por vergonha ou por desvalorizarem um
insulto, as vítimas não se queixam. Por isso, o fenómeno está muito pouco explorado,
concordam os especialistas.
Isolamento
O individualismo e a solidão têm vindo a ser uma tendência marcante das sociedades
contemporâneas e estão hoje entre os fenómenos socioculturais mais preocupantes,
sendo objeto de muitos estudos no âmbito da Sociologia.
Com os novos produtos tecnológicos, muitas ações, que antes eram resolvidas
presencialmente, são agora solucionadas apenas com o clique de um mouse ou por
uma conversa ao telefone. Para a psicóloga brasileira Carla Herondina, o isolamento
social é consequência da sociedade globalizada em que vivemos e pode torna-se um
grave problema quando leva à depressão ou solidão.
“As redes sociais e as crianças”
17
“As novas tecnologias vieram para facilitar a vida e temos que aproveitar os benefícios
que ela nos oferece, mas não podemos ficar reféns dela. Como as relações humanas
dependem do contato físico, quem utiliza muito o computador ou o celular, por
exemplo, com certeza pode ser uma pessoa mais estressada e infeliz”, afirma
Herondina.
Muito do tempo gasto na internet, a navegar em redes sociais, jogar jogos, ver
notícias, ouvir música, entre outras atividades, rouba o tempo de muitos utilizadores
que poderia ser dedicado a encontros familiares, passeios, festas e outros prazeres da
vida.
Em suma, é necessário dar maior atenção à forma como a Internet está a ser usada,
principalmente pelas crianças e jovens. Os utilizadores devem desfrutar das
possibilidades oferecidas pela Internet, sem permitir que tal exerça domínio sobre as
atividades sociais “do mundo real”, a ponto das pessoas se tornarem prisioneiras desta
fantástica ferramenta e passarem a viver longe do convívio social.
Alguns estudos mostram que quanto mais tempo é gasto na Internet, mais a pessoa se
isola da sociedade e por consequência maior a tendência para a depressão. Uma
pesquisa realizada pela Universidade de Berkeley, com jovens entre 18 e 25 anos,
mostrou que 6% dos indivíduos passaram três ou mais horas em redes sociais. Um
outro estudo realizado pela Universidade de Stanford mostrou que há uma correlação
entre o número de horas utilizadas em redes sociais e o isolamento social. No anexo II
apresentamos um gráfico com o resultado daquela pesquisa, considerando três tipos
de interação com as pessoas: telefone, família e eventos sociais.
“As redes sociais e as crianças”
18
Medidas de precaução
As redes sociais tornaram-se muito populares por proporcionarem um ambiente
aberto, de livre expressão, onde as pessoas com os mais diversos interesses se sentem
à vontade para se expressarem e se relacionarem com outras pessoas com a mesma
afinidade, estabelecendo assim amizades virtuais. Muitas destas amizades têm apenas
um caráter virtual, pois os amigos jamais se encontraram, escondendo-se aqui o maior
perigo para as crianças que possuem um perfil nas redes sociais: o perfil falso! Para
criar um perfil numa rede social não é necessário nenhum documento de identificação
ou comprovante de endereço. Apenas alguns dados básicos são solicitados podendo o
usuário falsear as informações fornecidas. De facto, muitos perfis falsos são criados
diariamente por pessoas de má índole que estão ali presentes com o objetivo de aliciar
crianças. A pedofilia e o tráfico de drogas, por exemplo, são frequentemente
explorados nas redes sociais fazendo diariamente milhares de vítimas inocentes.
Por este motivo, as redes sociais devem ser utilizadas de uma forma racional e, acima
de tudo, importa perceber quais os dados a partilhar e que tipos de conteúdos
podemos disponibilizar e para quem. Um conjunto simples de medidas de precaução
pode melhorar em muito a privacidade dos utilizadores e reduzir o risco de exposição a
algumas das possíveis ameaças. As principais recomendações são as seguintes:
Usar corretamente as listas de amigos;
Proteger os seus álbuns de fotografias;
Evitar que as histórias apareçam no feed de news dos seus amigos;
Proteger-se contra histórias publicadas por outras aplicações;
Tornar privada a sua informação de contacto;
Evitar fotografias que possam ser embaraçosas;
Tornar privadas as suas relações.
Em relação à segurança dos menores nas redes sociais e outros sites da Internet, só o
acompanhamento dos pais durante as atividades online da criança podem prevenir
casos de abuso sexual, cyberbullying e outros problemas. Ao navegar junto com os
filhos, os pais têm a a possibilidade de os instruir para o uso ético e seguro da internet,
orientando-os para os perigos e armadilhas virtuais. As crianças não podem ser
“As redes sociais e as crianças”
19
abandonadas durante o seu processo de aprendizagem no uso de recursos e serviços
da internet, especialmente as redes sociais, tornando-se autodidatas. Para tal, é
indispensável a prévia e adequada preparação dos pais nesta matéria para então
poderem ensinar os seus filhos com responsabilidade e segurança.
“As redes sociais e as crianças”
20
Conclusão
As redes sociais têm sofrido um crescimento exponencial nos últimos anos. Estas
foram criadas com o intuito de facilitar as comunicações a longa distância e assim
aproximar as pessoas e diminuir as barreiras entre os países de todo o mundo. O
Facebook é uma das redes sociais mais vulgarmente frequentadas, destacando-se
entre as restantes, também pelo enorme número de utilizadores, o Youtube e o Skype.
Devido ao desenvolvimento das redes sociais na sociedade houve um aumento
significativo dos perigos online. Assim, a necessidade de criar locais online seguros foi
aumentando. Sob a liderança de psicólogos, foram então desenvolvidos projetos de
redes sociais que pudessem introduzir crianças e adolescentes no mundo virtual de
forma mais segura. Destacam-se pela sua qualidade e adequabilidade às crianças, o
Imbee, o Gianthello e o Scuttlepad.
Contudo existem outros problemas que não se resolvem com o aumento da segurança
online. O mais preocupante é o isolamento social, que tem vindo a ser cada vez maior
neste mundo tão tecnológico em que vivemos e que deve ser combatido.
Na elaboração deste trabalho, a principal dificuldade residiu na escolha dos tópicos a
abordar, de forma necessariamente sucinta, dado o manancial de informação
disponível.
Além disso, é um tema em constante atualização, quer ao nível da evolução dos
conceitos, quer pelo desenvolvimento tecnológico, com o aparecimento quase diário
de novos equipamentos eletrónicos, novas aplicações informáticas e outros
dispositivos.
Apesar dos condicionalismos apresentados, pudemos concluir claramente que as redes
sociais em geral e as redes especificamente criadas para crianças, como tudo na vida,
têm prós e contras.
As redes sociais para crianças podem contribuir para melhorar a preparação das
crianças e dos jovens para o futuro, na medida em que vivemos num mundo cada vez
mais tecnológico.
“As redes sociais e as crianças”
21
No entanto, há certos aspetos a ter em consideração. A internet é um mundo
altamente viciante, principalmente para os jovens. Muitas das crianças perdem
demasiado tempo no computador, o que não é nada aconselhável a quem está em
crescimento e necessita de diversificar vivências e aprender com novas experiências.
Os jovens ao nascerem numa época de um grande desenvolvimento tecnológico,
muitas vezes acabam por não desfrutar do que deve ser um crescimento normal e
apropriado.
“As redes sociais e as crianças”
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Referência bibliográfica
Redes Sociais. Wikipédia [Em linha] 12 Nov. 2012. [Consult. Out. 2012]. Disponível na Internet: <URL: http://pt.wikipedia.org/wiki/Rede_social>. ISSN 0872-1548.
Pereira, Sara; Pereira, Luís; Pinto Manuel – Internet e redes sociais [Em linha]. EDUMEDIA - Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Edição 2011 [Consult. Out. 2012]. Disponível na Internet: <URL: http://www.lasics.uminho.pt/edumedia/wp-content/uploads/2012/01/Redes-sociais.pdf>. ISBN.
Morais, Tito de - 7 redes sociais para crianças [Em linha]: http://www.miudossegurosna.net/artigos/2011-03-04.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Facebook
http://sistemas-humano-computacionais.wikidot.com/capitulo:redes-sociais#toc1
http://www.paisefilhos.pt/index.php/atualidade/noticias/5387-net-pais-procuram-informacao-nos-media
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=54774&op=all
http://webappsec.netmust.eu/2010/02/06/a-privacidade-e-a-seguranca-nas-redes-sociais/
http://www1.ionline.pt/conteudo/53059-cyberbullying-judiciaria-recebe-uma-queixa-dia
http://pplware.sapo.pt/informacao/cyberbullying-o-que-como-combater/
http://www.brasilescola.com/sociologia/isolamento-social.htm
Boyd; Ellison (2007). Social network sites: Definition, history, and scholarship. Journal of Computer-Mediated Communication, p.211
Duarte, Fábio; Quandt, Carlos; Souza, Queila (2008). O Tempo Das Redes. Editora Perspetiva S/A
“As redes sociais e as crianças”
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Anexo I
Gráfico 1
Gráfico 1 - Principais ameaças à segurança e à privacidade - valores percentuais entre as principais redes
sociais
60% 18%
17% 4%
1%
Principais ameaças à segurança e privacidade
Facebook Myspace Twitter Linkedin Outros
“As redes sociais e as crianças”
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Anexo II
Gráfico 2
Gráfico 2 - Estudo sobre o aumento do isolamento social relacionando a percentagem de interação
social com o número de horas despendidas online.
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