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artigo tcnico
Projeto bsico de salas limpas Parte 1
J. Fernando B. Brittoautor: Eng. J. Fernando B. Britto, engenheiro mecnico,
scio da Adriferco Engenharia, secretrio do GEC-4 e
membro do conselho editorial da Revista da SBCC
contato: adriferco@gmail.com
1. Projeto bsico de salas limpas
1.1. O que sala limpa?
Segundo a definio dada na NBR 13413, sala limpa
o ambiente no qual o suprimento e a distribuio do
ar, sua filtragem, os materiais de construo e procedi-
mentos de operao visam controlar as concentraes
de partculas em suspenso no ar, atendendo aos nveis
apropriados de limpeza conforme definido pelo usurio e
de acordo com normas tcnicas vigentes.
Atualmente, de forma a no apenas controlar, mas,
acima de tudo, garantir continuamente a qualidade na
execuo de diversas atividades industriais e de servi-
os, vrias atividades vm demandando sua execuo
em ambientes controlados.
Isto no mais uma necessidade apenas das re-
as ligadas nutrio e sade (humana ou animal), tais
como: alimentos & bebidas, medicamentos, cirurgia &
tratamento mdico, bancos de tecidos, etc.
Diversos processos industriais, onde se requer alta
preciso e garantia total da qualidade, tais como: micro-
mecnica, microeletrnica, pintura, injeo e extruso
de plsticos, tica avanada, etc., tambm demandam
salas limpas.
1.2. O que so partculas?
Para podermos entender o que so salas limpas e,
mais adiante, utilizarmos esta compreenso no desen-
volvimento de nossos projetos, necessrio primeiro
entendermos o que so partculas.
Segundo o dicionrio Aurlio, o termo partcula sig-
nifica: parte muito pequena, corpo diminuto, corpsculo.
Na fsica de partculas, uma partcula elementar
uma partcula da qual outras partculas maiores so
compostas. Porm, com o nosso nvel de conhecimento
atual, verificamos atravs de experimentos fsicos, que o
que considervamos partculas elementares a menos de
um sculo (tomos), se constituem de partculas menores
(prtons, neutrons e eltrons) e estes, por sua vez, so
constitudos por partculas ainda menores (os quarks).
Pode chegar um momento em que tenhamos de
mudar nossa atual forma de compreenso do universo,
para conseguirmos realmente definir o indivisvel, ou
simplesmente compreendamos que no h limites para
a diviso.
No caso das salas limpas, a definio dada para par-
tcula pela norma NBR/ISO 14644: 2005 Parte 4 :
3.7 partcula: Diminuta poro de matria com
limites fsicos definidos.
Como veremos mais adiante, no basta apenas de-
finir uma quantidade mensurvel de partculas, cabe ao
usurio determinar que dimenses de partculas pode-
riam afetar seu processo, alm de qualific-las por tipo.
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1.3. O que contaminao por partculas e como
ela afeta o processo?
Segundo a definio dada no item 3.4 da NBR/ISO
14644: 2005 Parte 4:
3.4 contaminante: Qualquer elemento,
particulado ou no, molecular e biolgico, que
possa afetar adversamente o produto ou processo.
Existem inmeras formas pelas quais a contamina-
o por partculas podem afetar um processo, tais como:
Reao qumica (oxidao, PH, reatividade)
Modificaodepropriedadesfsicas:
Eletromagnticas(condutividade,capacitncia,
etc.)
pticas(refrao,difrao,distorocromtica,
etc.)
Mecnicas(dureza,ductilidade,elasticidade,etc.)
Fluidodinmicas(densidade,viscosidade,etc.)
Modificaodepropriedadesfarmacopicas:
Toxidade
Interaomedicamentosa
Degradaobiolgica
Seria economicamente invivel operar em ambientes
completamente isentos de partculas. O mais prximo
disso, seria operar no vcuo do espao.
Para obtermos um ambiente totalmente isento de
contaminantes (partculas), teramos de operar em uma
cmara completamente selada, com vcuo absoluto e
sem entradas ou sadas, de forma a preservar o vcuo
(figura 1).
1.4. Quais partculas nos interessam?
AantiganormaFederalStandard209E(descontinu-
ada e substituda pela ISO 14644-1) adotava o tamanho
das partculas de interesse em 0,5 m e definia as clas-
ses em funo da concentrao de partculas por unida-
dedevolume(FT),variandode1,10,100,1000,10000
e100000partculas/p.
Analisando sua sucessora da ISO ou sua equivalente
brasileira, a norma NBR / ISO 14644, parte 1, veremos
que existe uma tabela que classifica os ambientes se-
gundo a quantidade e tamanho das partculas em sus-
penso no ar (tabela 1).
Tabela1-ClassificaodasSalasLimpasconformeNBR/ISO14644-1
CLASSETamanho das Partculas
0,1 m 0,2 m 0,3 m 0,5 m 1,0 m 5,0 m
CL. 1 10 2
CL. 2 100 24 10 4
CL. 3 1.000 237 102 35 8
CL. 4 10.000 2.370 1.020 352 83
CL. 5 100.000 23.700 10.200 3.520 832 29
CL. 6 1.000.000 237.000 102.000 35.200 8.320 293
CL. 7 352.000 83.200 2.930
CL. 8 3.520.000 832.000 29.300
CL. 9 35.200.000 8.320.000 293.000
Figura 1 Ambiente completamente selado
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artigo tcnico
O que permitiu ao usurio a liberdade de especifi-
car em sua RU (User Requiriments Specification) qual
o tamanho das partculas de interesse (que afetam seu
processo produtivo) e definir a classe (concentrao m-
xima) desejada segundo este novo critrio.
Porm, como verificaremos mais adiante, diversos
componentes das salas limpas, incluindo as prprias
salas, so fontes geradoras de partculas. Ento, veri-
ficou-se que seria necessrio se especificar tambm o
estado ocupacional da sala em que se deseja observar
a concentrao especificada.
Na indstria farmacutica, as regulamentaes atu-
aiseosguiasBPFjprevemestanecessidadeeclas-
sificam as reas considerando simultaneamente dois
tamanhos de partculas e em dois diferentes estados
ocupacionais (tabela 2).
Tabela 2 -Nmeromximodepermitidodepartculas/m
Grau
EM rEPOuSO EM OPErAO
0,5-5,0 mAcima de 5,0 m
0,5-5,0 mAcima de 5,0 m
A 3 520 29 3 520 20
B 3 520 29 352 000 2900
C 352 000 2900 3 520 000 29000
D 3 520 000 29000 No definido No definido
Concentrao mxima de partculas segundo ANVISA rDC 17 de 16/abr/2010
1.5. Fontes geradoras de partculas
Uma vez que no vivel construir ou operar em am-
bientes completamente isentos e partculas, s nos resta
saber como lidar com estas partculas.
Um bom ponto de partida conhecermos quais so
as principais fontes geradoras de partculas em uma sala
limpa (figuras 2, 3, 4, e 5).
As superfcies dos materiais de construo do
ambiente e das utilidades conectadas a ele, alm das
superfcies dos equipamentos de processo liberam cons-
tantemente partculas de seus materiais constituintes,
alm de partculas de incluses, incrustao, pinturas e
resduos de lubrificantes e materiais de limpeza e sane-
antes aplicados sobre as mesmas.
Os prprios materiais processados nos ambientes
podem ser atomizados no ar, ficando em suspenso
Figura 2 Materiais de Construo Figura 3 - Equipamentos / Processo
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ou se depositando nas superfcies expostas, podendo
tornarem-se novas incluses ou incrustaes ou ainda
voltar a serem liberadas no ar, aumentando sua concen-
trao de partculas em suspenso.
No primeiro caso, o tipo, tamanho e emissividade
podem ser facilmente mensurados e controlados, tor-
nando-se conhecidos, o que facilita seu controle.
Uma escolha correta dos materiais, com acaba-
mentos superficiais e resistncia mecnica e qumica
adequadas, costuma ser suficiente para controlar estas
fontes, embora no seja possvel elimin-las.
No segundo caso, embora partculas do produto pos-
sam aumentar momentaneamente (durante o proces-
samento) a concentrao de partculas em suspenso,
como estas j fazem parte do produto final, na maior
parte dos casos, no so consideradas contaminantes,
bastando uma limpeza adequada aps o processamento
para impedir a contaminao do processo subseqente.
Os ocupantes e sistema de tratamento de ar por sua
vez, carregam para o interior do ambiente e l liberam
diversos tipos de partculas, de tamanhos, origens e
natureza diferentes e praticamente impossveis de se
determinar.
Alm disso, embora no sejam as nicas fontes, a
maior parte do material particulado de origem biolgica
(viveis ou no-viveis) em suspenso no ar se origina
destas duas ltimas fontes.
Partculas viveis so aquelas capazes de se repro-
duzirem e as no-viveis so consideradas inertes,
muito embora os vrus, prons e endotoxinas se en-
contrem no grupo de no viveis.
A RDC-17 de 16/abr/2010 da ANVISA fornece uma
Tabela 3 LimitesparaContaminaoMicrobiolgica
Grau
Amostra do ar
(uFC/m3)
Placas de
sedimentao
(d= de 90mm)
(uFC/4 horas)1
Placas de contato
(d= 55mm)
(uFC/placa)
Teste de contato
das luvas
(5 dedos)
(uFC/luva)
A
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artigo tcnico
tabela de limites para contaminao microbiolgica, in-
dicada na tabela 3.
Nota
Veja mais informaes relativas Classificao de
reas Limpas noartigo publicadona edio44da
Revista SBCC
1.6. A importncia do sistema de tratamento de ar
Como a classificao das salas limpas feita espe-
cificamente com base na concentrao de partculas to-
tais (viveis e no-viveis) em suspenso no ar de cada
ambiente, baseado em ensaios com medio controlada
em um nmero de pontos pr-determinado ao longo das
salas, podemos afirmar que a classe do ambiente ser
definida por seu sistema de tratamento de ar.
Veja mais informaes relativas Qualificao de
umprogramadeMonitoramentoAmbientalseleo
/ justificativa dos locais de amostragem, no artigo
publicado pela Dr. Scott Sutton, na edio 43 da Re-
vista SBCC.
2.Projeto bsico de salas limpas
2.1. O que projeto?
Existe certa confuso no mercado entre o termo
projeto e sua implementao, ou seja, a execuo do
projeto.
Em parte isto decorre de uma traduo incorreta do
termo project vindo do ingls, que se refere totalidade
do processo, incluindo sua execuo, e o termo design
que utilizado com significado efetivo da parte concei-
tual do projeto.
Segundo a definio dada pelo dicionrio Aurlio o
termo projeto significa:
Ideia que se forma de executar ou realizar algo, no
futuro
E indica como sinnimos as palavras:
plano, intento e desgnio
Do ponto de vista da arquitetura, o referido dicionrio
identifica o termo como:
Plano geral de uma edificao
AnormaABNT-NBR13531:1995Elaboraode
ProjetosdeEdificaesAtividadesTcnicasindicaas
diferentes etapas que constituem o projeto, sendo des-
tacadasnaABNTNBR/ISO14644-4SalasLimpase
Ambientes Controlados Associados Parte: 4 - Projeto,
Construo e Partida as etapas ante-projeto, projeto
bsico e projeto executivo, indicando o projeto como
uma etapa de planejamento, anterior s etapas de cons-
truo e partida da instalao.
2.1.1. Ante-Projeto
A etapa de Ante-Projeto definida na NBR 13531:
1995como:
Etapa da execuo do projeto na qual se definem os
conceitos a serem empregados no processo, represen-
tando-os graficamente, em carter preliminar, de forma
a permitir a anlise de viabilidade tcnica e financeira
do empreendimento, dentro de uma faixa de tolerncia
aceitvel.
Na prtica, isto significa que o Ante-Projeto, tambm
conhecido como Projeto Conceitual, tem por objetivo
proporcionar uma anlise preliminar da instalao, sem
a realizao de aportes financeiros significativos, limitan-
do-se elaborao de diagramas, fluxogramas, leiautes
e planilhas preliminares, para permitir uma anlise de
viabilidade fsico-financeira do empreendimento.
Nesta etapa so efetuados apenas dimensionamen-
tos parciais, com base em conhecimentos prvios ou
projetos semelhantes, sem quaisquer detalhamentos
significativos ou elaborao de memoriais de clculos.
2.1.2. Projeto Bsico
A etapa de Projeto Bsico definida na NBR 13531:
1995como:
Figura 6 Contagem de Partculas em uma sala Limpa
-
Etapa opcional destinada concepo e represen-
tao das informaes da edificao e de seus elemen-
tos, instalaes e componentes, ainda no completas ou
definitivas, mas consideradas compatveis com os pro-
jetos bsicos das atividades necessrias e suficientes
licitao (contratao) dos servios de obra correspon-
dentes.
Na prtica, esta a etapa do projeto em que se apli-
cam os conceitos previstos no Ante-Projeto para atender
aos Requisitos do Usurio.
durante o desenvolvimento desta etapa em que
realmente so elaborados os fluxogramas e memoriais
de clculos que permitiro os dimensionamentos dos
componentes e a seleo dos equipamentos que sero
efetivamente instalados.
O objetivo primordial do Projeto Bsico dimensio-
nar e especificar os equipamentos, materiais e servios
a serem empregados na instalao, alm de fornecer
subsdios para sua quantificao, aquisio, gerencia-
mento de instalao e certificao.
2.1.3. Projeto para Execuo
A etapa de Projeto para Execuo definida na NBR
13531:1995como:
Etapa destinada concepo final e representa-
o final das informaes tcnicas da edificao e de
seus elementos, instalaes e componentes, comple-
tas, definitivas, necessrias e suficientes licitao
(contratao) e execuo dos servios de obra cor-
respondentes.
Seguindo-se a definio dada pela norma, esta seria
efetivamente a etapa utilizada na licitao.
Contudo, uma vez que o objetivo final da licitao
obter uma soluo adequada (capaz de alcanar os ob-
jetivos do projeto), pela melhor oferta obtida no mercado
e, deste modo, no se tem completo domnio da soluo
que ser efetivamente fornecida, atualmente, o mercado
tende a efetuar a licitao com o contedo indicado no
projeto bsico, deixando a elaborao do Projeto para
Execuo e de sua reviso Como Construdo, a cargo
da empresa contratada para execuo das instalaes.
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
anuncio_revista_solepoxy.pdf 1 28/01/2011 15:58:08
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artigo tcnico
2.1.4. A Importncia do Projeto Bsico
com base na documentao gerada durante a
etapa de projeto bsico que sero adquiridos todos os
equipamentos e contratadas todas as instalaes, alm
de serem gerados todos os protocolos de ensaios de
aceitaoFAT(Factory Acceptance Test)/SAT(Site Ac-
ceptance Test), de comissionamento e de qualificao.
com base nele que so efetivamente indicados os
critrios de aceitao de todas as partes da instalao.
Deste modo, atualmente, o Projeto Bsico se tornou
um componente essencial tanto para a realizao da
concorrncia, quanto para o pacote de validao, no
podendo mais ser considerado como item opcional,
comopreconizadopelanormaem1995.
2.1.5. Objetivo do Projeto Bsico
O projeto bsico tem trs objetivos principais:
Definio dos sistemas
Especificao dos equipamentos e materiais
Dimensionamentos das instalaes
Porm, deve ser levado em considerao o modo
como se controlar a concentrao de partculas em
suspenso no ar para se alcanar cada um destes ob-
jetivos e atingir o objetivo final do empreendimento que
uma sala limpa plenamente funcional e com resultados
facilmente reproduzveis.
Para isso, devem ser cuidadosamente especificados
os materiais empregados nas instalaes e as metodolo-
gias de conteno adotadas para minimizar a gerao de
particulado de cada fonte, conforme indicado na tabela 4.
Cabe lembrar que, independentemente de quaisquer
contenes empregadas, devem ser elaborados Pro-
cedimentos Operacionais Padro (POPs) adequados,
os quais devem levar em considerao alm de todos
os itens acima, as condies operacionais em que so
realizados cada processo, bem como a sequncia das
operaes, o pessoal e a matria-prima envolvidos e os
processos de limpeza, saneamento e manuteno.
Por este motivo, recomendado que durante a pro-
vao final do projeto, tambm sejam consultadas as
equipes de operao, limpeza e de manuteno, sob
pena de no ser possvel a reproduo das condies
internas requeridas nos ambientes em funo da falta de
ergonomia na operao ou da impossibilidade de acesso
adequado para limpeza e manuteno.
No basta caber no ambiente, tem que ser
prevista ergonomia e acessibilidade adequadas
cada operao.
As figuras 7a e 7b apresentam alguns exemplos de
contenes por meio de enclausuramento dos equipa-
mento de processo.
Isto permite isolar as reas tcnicas dos equipa-
mentos, geralmente repletas de componentes e disposi-
tivos de difcil limpeza, geradores ou possveis depsitos
de partculas.
Adicionalmente, estas contenes permitem a uti-
lizao de acabamentos menos nobres e significati-
vamente menos dispendiosos, uma vez que estes no
se encontram nas reas limpas, o que no implica em
qualquer perda de qualidade inerente s funes para as
quais so empregados.
Tabela 4 Contenes para o controle da emisso de partculas
Fontes Contenes
MaterialdeConstruo Materiaiseacabamentosapropriados.
Leiaute Circulaoeacessosadequados.BarreirasFsicas(Contenes).Ergonomia.Manuteno.
Ocupao Treinamentocontnuoevestimentasapropriadas
Processo Enclausuramento / Conteno
Ar Condicionado Componentes e filtragem adequados. Contenes.
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Por exemplo:
Se instalssemos um cavalete de condensado da
sada da camisa de um reator diretamente na sala lim-
pa, este necessitaria possuir material e acabamento
semelhante ao escolhido para a parte externa do reator.
Supondo que o acabamento externo do reator fosse
executadoem inoxAISI316Leletropolido, teramosde
adotar o mesmo material para as vlvulas e o purgador
de condensado.
Ao enclausurarmos o cavalete de condensado, po-
deramos utilizar vlvulas em ao-carbono e purgador
em ferro fundido, pois no estariam no mesmo ambiente,
no impactando mais o processo.
2.1.6. Pr-requisitos do Projeto Bsico
So pr-requisitos para execuo do Projeto Bsico:
Qualificao e interatividade da equipe
Pesquisa e atualizao dos processos
Avaliao de alternativas
Consultas aos usurios e manuteno
3. consolidando o leiaute
O primeiro passo para permitir a execuo de todas
as demais interfaces do projeto bsico a consolidao
do leiaute.
Para que isso seja possvel o projetista deve ter em
mente as seguintes necessidades:
Conferir o documento de Especificaes de Requisi-
tos do Usurio e se certificar de que est contemplan-
do todas as solicitaes previstas neste documento.
As informaes contidas no Ante-Projeto s devem
ser utilizadas como referncia, pois so apenas es-
timativas baseadas em experincias anteriores ou
projetos similares e no necessariamente atendem
as necessidades atuais.
Devem ser verificadas as dimenses de todos os
equipamentos, salas, corredores de acesso, es-
cadas, elevadores e planejadas as rotas de fuga.
Lembrar de prever as rotas de acesso para os
equipamentos de mdio e grande porte, para
evitar ter que efetuar demolies e recomposi-
es quando estes equipamentos chegarem.
Uma boa prtica a instalao de painis de fecha-
mento removveis, para permitir tambm acessos
para futuras manutenes, reposicionamento ou re-
moes dos equipamentos.
Deve-se ter como meta principal a eliminao com-
pleta de cruzamentos dos fluxos de pessoal, mate-
rial, embalagens e descarte.
Tambmimportanteseteremmentequeno existe
um leiaute ideal. Sempre existiro pontos fortes e fracos
em cada nova soluo encontrada.
Figura 7 a Figura 7 b
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artigo tcnico
Poderamos avaliar um grande nmero de opes de
leiaute e, geralmente, acabaramos repetindo vrias par-
tes de diversas destas solues ao longo do processo.
Contudo, avaliar um grande nmero de propostas
de leiaute pode ser muito custoso, no s em termos de
recursos financeiros, como tambm em termos de recur-
sos fsicos.
Um estudo que parece nunca ter fim desgasta sua
equipe e acaba por eliminar quaisquer chances de inova-
o, uma vez que todas as possveis propostas inovado-
ras apresentadas anteriormente foram sistematicamente
rejeitadas.
No empreenda esforos, muitas vezes
infrutferos, tentando reinventar a roda (ou algo
cujasoluojexiste).Masjamaispercauma
oportunidade de deix-la mais fcil de usar
(ou mais adequada s suas necessidades).
Conte sempre com a experincia prtica dos usu-
rios e das equipes de manuteno e limpeza. Afinal,
so eles os responsveis pelo dia-a-dia dos processos
existentes e podem ter sugestes ou crticas valiosas so-
bre o processo, que permitiro ganhos de produtividade
que, muitas vezes, no conseguem ser visualizadas pela
engenharia.
De acordo com o item D.1.3 reas de apoio e salas
limpas adjacentes, do Anexo D, da NBR/ISO 14644:
2005 Parte 4, necessrio:
Devem-se levar em considerao a localizao
e integrao das reas de apoio, tais como as
instalaes de servios e utilidades, de limpeza,
de preparao, de banheiro e descanso, de
maneira a evitar comprometer as condies
crticas mantidas no interior das salas limpas.
Isto inclui tambm os escritrios de superviso, salas
de controle em processo, oficinas avanadas de manu-
teno, depsitos de materiais de limpeza e saneantes,
casas de mquinas e shafts de utilidades, salas de
CCM,tranformadoresegeradores,reasdecirculao,
ante-cmaras, vestirios, entreforros (acessveis e cami-
nhveis), escadas e passarelas, etc.
Normalmente, as reas limpas (controladas ou clas-
sificadas) ocupam apenas 30% a 50% dos edifcios em
que se encontram e, se pensarmos apenas nas reas
de processamento, isto se reduzir para apenas 10% a
15% do total.
O espao restante do edifcio destinado para a
alocao de equipamentos auxiliares do processo, alm
de outros utilizados para gerao de utilidades e fluidos
de processo e, principalmente para os equipamentos e
dutos dos sistemas de tratamento de ar.
Lembre-se: o leiaute s permanece imutvel at que
algum resolva modific-lo.
Nota: Veja mais informaes relativas ao leiaute nos
artigos Consideraes sobre leiaute e fluxos de
pessoal, matrias-primas e produtos acabados e
Consideraes sobre Anlise de Interferncias, pu-
blicados na edio 37 da Revista SBCC.
3.1. Como a cascata de presses afeta o leiaute?
A NBR/ISO 14644: 2005 Parte 4, Anexo A, item
A.5, faz uma breve introduo sobre os Conceitos para
conseguir segregao de salas e zonas limpas.
O subitem A.5.1 preconiza que:
Um conjunto de salas limpas pode consistir de
vrias salas com diferentes exigncias para o
controle da contaminao. O objetivo do
arranjo das salas pode ser o de proteger
o produto ou processo,
ou conter o produto e, em alguns casos, uma
combinao destes requisitos. Com o intuito de
proteger salas limpas contra contaminao
proveniente de ambientes adjacentes
menos limpos, a sala limpa deve ser mantida
em uma presso esttica maior do que
a dos ambientes adjacentes,ou ento,
estabelecendo um controle da velocidade do
ar atravs das aberturas de passagem entre
os ambientes, fluindo do mais limpo para o menos
limpo. O inverso pode ser aplicado para conter riscos.
Em ambos os casos, uma barreira fsica
impermevel pode ser usada como alternativa.
O subitem A.5.3 Conceito de presso diferencial
(alta presso diferencial, baixo fluxo de ar), da NBR/ISO
14644: 2005 Parte 4, recomenda:
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A presso diferencial entre salas ou zonas limpas
adjacentes, de diferentes nveis de limpeza, deve
permanecer normalmente na faixa de 5 Pa a 20 Pa,
para permitir que as portas possam ser abertas e
evitar contrafluxos indesejveis devidos turbulncia.
J a TRS 937 da OMS (Organizao Mundial da
Sade) recomenda um diferencial de presso entre am-
bientes na faixa de 5 Pa e 20 Pa, independentemente de
sua classificao.
Nocasodoanexo153daECGMP,arecomenda-
o de que se mantenha um diferencial de 10 Pa a 15
Pa quando os ambientes possuem classes diferentes,
podendo ser reduzido para 5 a 10 Pa se os ambientes
tiverem a mesma classificao.
H recomendaes semelhantes em diversas outras
normas, regulamentaes e guidelines existentes no
mercado, cabendo ao projetista avaliar quais delas so
aplicveis ao seu projeto.
Alm disso, o item D.2 Acessos, do Anexo D, a
NBR/ISO 14644: 2005 Parte 4 recomenda que o n-
mero de aberturas de comunicao entre a sala limpa
e o exterior, ou reas adjacentes, deve ser minimizado,
e indica a necessidade do uso de antecmaras (item
D.2.2), sadas de emergncia (item D.2.3) e vestirios
(item D.2.4).
Em outras palavras, o leiaute da rea produtiva deve-
r prever o mnimo possvel de comunicaes entre as
salas limpas e as reas adjacentes, instalando antec-
maras e vestirios para acesso s reas limpas e prote-
gendo as passagens por meio da cascata de presses,
alm de prever espao adicional para as reas de apoio
3.1.1. Qual o efeito dos diferenciais de presso entre
os ambientes?
Para compreendermos melhor qual o efeito dos dife-
renciais de presso entre os ambientes, vamos observar
a rea representada pela figura 8.
Neste exemplo, tpico de uma rea de produo de
slidos na qual precisamos proteger no apenas os pro-
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artigo tcnico
cessos realizados no interior de cada uma das salas de
produo, mas, como o processamento da matria-prima
tambm gera muito particulado, precisaremos proteger
as reas adjacentes contra a migrao de particulado de
cada rea de processo.
Para protegermos as salas de processo com relao
ao meio que as cerca, estabelecemos um gradiente de
presso inicial entre estes ambientes e o meio, simboli-
zado pelo sinal +, representando que a presso esttica
no interior dos ambientes maior que a do meio (refern-
cia: zero).
E para evitar que o particulado gerado no interior des-
tas salas migre para a circulao e desta para as demais
salas, estabelecemos um segundo diferencial de pres-
so, simbolizado pelo sinal ++, indicando que a presso
esttica na circulao maior que a dos ambientes, con-
formerepresentadonafigura9:
Sabemos que o conceito de presso representa a
aplicao de uma fora sobre uma determinada unidade
de rea:
Conceito de Presso: Fora N = Pa
rea m
Ento, ao estabelecermos um gradiente de presso
entre dois ambientes adjacentes, teremos dois principais
efeitos:
Nota:
Segundo as leis da esttica: 1 Pa equivale fora de
1 N aplicada sobre uma rea de 1 m
Segundo as leis da dinmica: a presso exercida por
um fluido equivale a: V . (/2)
Portanto, o efeito sobre as superfcies (imperme-
veis) resulta em uma deformao (flexo) e resulta em
esforos mecnicos que devem ser suportados pelas
separaes entre os ambientes (paredes, forros, piso,
divisrias, etc.
E o efeito (esperado) sobre as frestas, principalmente
as que ocorrem entre as portas, os batentes e o piso
resulta em um escoamento de ar, o qual ocorrer no
sentido da presso maior para a menor e, por sua vez,
ser responsvel pela conteno da migrao do par-
ticulado de um ambiente menos limpo para outro mais
limpo, conforme verificamos na figura abaixo:
O escoamento imposto sobre as frestas devido ao di-
ferencial de presso resultado da seguinte expresso:
V = K . A . (P1 P2) 0,5
Onde:
V = vazodear[m/s]
K = fator de forma equivalente a aproxima-
damente 0,827 (deve ser fornecido pelo
fabricante da porta e batente)
A = reaequivalentedafresta[m2](tambmdeveria ser fornecido pelo fabricante)
(P1 P2) = diferencial de presso entre os dois lados
dafresta[Pa]
Figura 9 Exemplo de gradiente (cascata) de presses em uma rea de produo com alta gerao de particulado
Figura 8 rea de processo com alta gerao de particulado
-
Se aplicarmos estes conceitos cascata de presses
apresentadanoexemplodafigura9,verificaremosque
estes gradientes permitiriam proteger o processo simul-
taneamente tanto com relao ao meio, quanto com rela-
o aos ambientes adjacentes.
E, como o particulado gerado no ambiente durante o
processamento no pode ser considerado contaminan-
te para o prprio processo que o gerou, os ambientes
estariam protegidos contra contaminantes externos e
tambm no contaminariam os processos ocorridos nas
salas adjacentes.
Entretanto, isso s verdade enquanto as portas
se encontrarem devidamente fechadas.
Figura 10 Escoamento pelas frestas de uma porta
devido ao gradiente de presses entre suas faces
Figura 11 Exemplo de gradiente (cascata) de
presses
P110Pa
P25Pa
V
-
58
artigo tcnico
Na prtica, verifica-se que o gradiente de presso
obtido aps o balanceamento de vazes e presses do
sistema de tratamento de ar, na verdade acarretado
pela resistncia ao escoamento devida contrao su-
cedida de expanso que ocorre nas frestas ao redor da
porta.
Porm, este gradiente deixa de existir quando a porta
aberta para retirada do produto (aps o trmino do pro-
cessamento), igualando a presso de ambas as reas
presso predominante no sistema.
Isso ocorre porque o tamanho da fresta sofre uma
enorme ampliao, devida mudana da posio da
porta, passando de uma pequena fresta em torno da
porta (quando fechada) para a totalidade da rea do vo-
-luz da porta, quando esta se encontra aberta.
Embora continue existindo um escoamento partindo
do corredor para a sala cuja porta foi aberta, este j no
suficiente para conter a migrao do particulado exis-
tente no interior da sala de processo, podendo ocorrer
migrao de particulado para a circulao.
E, como a circulao possui presso maior que a
dos ambientes adjacentes, o particulado pode migrar
da circulao para as salas adjacentes (contaminao
cruzada).
Certamente, poderamos supor que fosse efetuada
uma limpeza e sanitizao da sala aps o processa-
mento. Contudo, ainda teramos materiais de limpeza e
vestimentas contaminadas para serem removidas e,
provavelmente, este material acabaria migrando para
circulao.
3.2. uso das antecmeras no leiaute
Consideremos agora, o leiaute proposto na figura 12.
Talcomonocasoanterior,paraprotegermosassalas
de processo com relao ao meio que as cerca, esta-
belecemos um gradiente de presso inicial entre estes
ambientes e o meio (sinal +).
Para evitar que o particulado gerado no interior des-
tas salas migre para a circulao e desta para as demais
salas, estabelecemos um segundo diferencial de pres-
so, simbolizado pelo sinal 3+.
Porm, agora implantamos antecmaras com portas
em ambas os lados e estabelecemos em seu interior
uma presso intermediria entre as das salas de proces-
so e a da circulao (sinal ++).
Deste modo, para retirarmos o produto quando seu
processamento for concludo, podemos abrir apenas a
porta localizada entre a antecmara e a sala de proces-
so, preservando o sentido de escoamento entre a circu-
lao e a antecmara.
Se adicionarmos a isso um procedimento de limpeza
antes de colocarmos o material na antecmara, uma
troca de vestimentas do operador no vestirio e uma
segunda limpeza do container antes de sua retirada, a
probabilidade de contaminao cair drasticamente.
3.3. Sentido do gradiente de presses
Antes de falarmos respeito dos conceitos de pres-
so positiva ou negativa, importante indicarmos qual
a presso de referncia adotada como nvel zero.
Podemos considerar uma sala negativa em relao
ao ponto de referncia e, ainda assim, estarmos com
presso positiva em relao a outro ponto de referncia.
Deste modo, recomenda-se adotar, sempre que
possvel, a atmosfera local como ponto de referncia,
de forma a garantir que realmente se esteja protegendo
adequadamente os processos e o meio-ambiente.
Cabe observar que os gradientes de presso so
considerados apenas quando as portas se encontram fe-
chadas e, aps a abertura das portas, deve ser conside-
rado um tempo de recuperao antes que a antecmara
retome sua classe de limpeza.
3.3.1. Salas com conteno por PrESSO
POSITIVA
Adotam-sepressesditasPOSITIVAS,ouseja,pres-
Figura 12 rea de processo com alta gerao de
particulado dotada de antecmaras para pessoal
(vestirio) e material
-
59
ses estticas internas maiores que a presso esttica
de referncia, em salas limpas onde o particulado emitido
no causa risco s salas adjacentes, ao meio-ambiente
ou comunidade local.
Este o caso da maioria das salas limpas existentes
no mercado, nas quais, geralmente, se deseja proteger o
produto, o processo ou uma rea de processamento em
relao a outras reas circunvizinhas.
Em alguns casos, o ambiente pode estar positivo em
relao atmosfera, porm negativo (menos positivo)
em relao sua prpria antecmara ou rea de cir-
culao. O que o caso de nossos exemplos anteriores.
Em outros casos, a presso esttica vai aumentando
medida que chegamos mais prximos do processo,
sendo a rea de processamento aquela que se encontra
com a maior presso esttica.
O propsito do diferencial de presso positivo pro-
teger as salas limpas contra a entrada de contaminantes
vindos de reas adjacentes menos limpas ou no con-
troladas.
3.3.2. Salas com conteno por PrESSO
NEGATIVA
Adotam-se presses ditas NEGATIVAS, ou seja,
presses estticas internas menores que a presso es-
ttica de referncia, em salas limpas onde o particulado
emitido pode causar risco s reas adjacentes.
O propsito do diferencial de presso negativo
proteger as reas adjacentes e o meio-ambiente contra
vazamentos dos produtos processados no interior das
salas limpas.
Este o caso das reas limpas de biossegurana,
dentre outras.
Normalmente, utilizam-se presses negativas quan-
do h risco da existncia de contaminao do ar no
interior da sala limpa por agentes txicos, biolgicos,
radioativos, altamente ionizados ou reativos, que pos-
sam colocar em risco o meio-ambiente ou a comunidade
local.
Nesses casos tambm deve ser verificada a ne-
cessidade de uso de EPIs (equipamentos de proteo
individual) para proteo dos operadores, tais como: ma-
caces, luvas, botas, mscaras, filtros para respirao
e at escafandros com suprimento de ar autnomo ou
mandado.
Para maiores informaes respeito de biossegu-
ranaconsulteomanualBiosseguranaemLaborat-
riosBiomdicosedeMicrobiologiadaFUNASA.
3.4. Tipos de antecmaras
3.4.1. Antecmara tipo: CASCATA
considerado o tipo mais comum de antecmara
(figura 13)
Tipo de Conteno: PrESSO POSITIVA
O particulado gerado na sala de processo no causa
risco se atingir o corredor, as salas adjacentes ou o
meio-ambiente.
Ela utilizada com presso positiva partindo do in-
terior da sala de processo em direo circulao,
quando se deseja proteger o processo ou produto.
Propsito da Conteno: Prevenir a contaminao da
sala limpa por frestas de ambientes vizinhos e pelo
ar da circulao.
Recomenda-se que os ambientes vizinhos tambm
possuam suas antecmaras, de modo a proteg-los con-
tra a entrada de partculas presentes na circulao.
3.4.2. Antecmara tipo: CASCATA INVErTIDA
o tipo mais comum de antecmara aplicado em
reas com grande gerao de particulado (figura .14)
Tipo de Conteno: PrESSO POSITIVA
O particulado gerado na sala de processo possui baixo
ou nenhum risco ambiental, porm pode constituir
risco caso atinja o corredor ou os ambientes adja-
centes.
Adota-se sentido de fluxo com presso positiva par-
tindo da circulao em direo ao interior da sala de
processo.
+
2+
3+
Sala de
Processo
Ante
Cmara
Circulao
Figura 13 Antecmara tipo CASCATA
-
60
artigo tcnico
Propsito da Conteno: Prevenir a contaminao
sala limpa por frestas de ambientes vizinhos e pre-
venir a contaminao da circulao pelo ar da sala
de processo.
Para proteo do processo e do produto, recomen-
da-se utilizar o mesmo suprimento de ar (com a mesma
filtragem), tanto na antecmara quanto na sala de pro-
cesso. Deste modo, durante o processamento, o ar que
vem da antecmara estar mais limpo que o da sala de
processo.
Recomenda-se que o grau de limpeza do ar na cir-
culao seja igual ou melhor que o das antecmaras, de
modo a proteg-las contra a entrada de partculas pre-
sentes na circulao e que os ambientes vizinhos tam-
bm possuam suas antecmaras, de modo a proteg-los
contra a entrada de partculas presentes na circulao.
3.4.3. Antecmara tipo: BEXIGA (ou BOLHA)
uma variante do tipo Cascata Invertida, muito utili-
zada em reas com grande gerao de particulado com
risco ambiental associado (figura 15).
Tipo de Conteno: PrESSO MISTA
O processo precisa ser protegido com relao ao ar da
circulao e o particulado gerado na sala de proces-
so acarreta risco ambiental ou para os demais pro-
cessos e no pode migrar para circulao ou para os
ambientes adjacentes.
Adota-se sentido de fluxo com presso positiva par-
tindo da circulao em direo ao interior da sala de
processo.
Propsito da Conteno: Prevenir simultaneamente a
contaminao da sala limpa pelo ar da circulao e
prevenir vazamentos do produto por frestas para os
ambientes vizinhos.
Para proteo do processo e do produto, recomenda-
-se utilizar suprimento de ar na antecmara com a mes-
ma filtragem utilizada na sala de processo (podendo este
ser gerado ou no pela mesma fonte), garantindo que,
durante o processamento, o ar que vem da antecmara
estar mais limpo que o da sala de processo.
Ser necessrio prever um exaustor de forma a com-
pensar a entrada de ar vindo de outros ambientes para a
sala de processo.
Recomenda-se que os ambientes vizinhos tambm
possuam suas antecmaras, de modo a proteg-los
contra a entrada de partculas presentes na circulao e,
como ocorrero infiltraes por quaisquer frestas exis-
tentes na sala, pode ser necessrio envolver a sala de
processo com um envelope de ar (incluindo entrepiso e
entreforro), com filtragem igual ou melhor que a do am-
biente, para prevenir contra a entrada de contaminantes.
3.4.4. Antecmara tipo: rALO
uma variante do tipoBOLHA,muito utilizada em
reas com requisitos de bioconteno ou como preven-
o contra a migrao de umidade da circulao para a
sala de processo (figura 16)..
Tipo de Conteno: PrESSO NEGATIVA
O processo precisa ser protegido com relao ao
ar da circulao e o particulado gerado na sala
de processo acarreta risco ambiental ou para
os demais processos e no deve migrar para
circulao ou para os ambientes adjacentes.
Tambm previne contra a migrao de quaisquer
particulados residuais do processo que tenham mi-
grado para a antecmara sigam para a circulao.
+
2+
-
Sala de
Processo
Ante
Cmara
Circulao
Figura 15AntecmaratipoBOLHA
3+
2+
+
Sala de
Processo
Ante
Cmara
Circulao
Figura 14 Antecmara tipo CASCATA INVERTIDA
-
61
-
2+
-
Sala de
Processo
Ante
Cmara
Circulao
2-
Ante
Cmara
Figura 17 Antecmara tipo DUPLO COMPARTIMENTO
+
2-
-
Sala de
Processo
Ante
Cmara
Circulao
Figura 16 Antecmara tipo RALO
Pode ser utilizada tambm para impedir que uma
migrao de umidade vinda do ar do corredor alcan-
ce a sala de processo, reduzindo a necessidade de
controle de umidade na circulao.
Propsito da Conteno: Prevenir simultaneamente a
contaminao da sala limpa pelo ar da circulao e
prevenir vazamentos do produto por frestas para os
ambientes vizinhos.
Quando aplicada para garantir tambm o controle de
umidade do processo e do produto, recomenda-se utili-
zar suprimento de ar na antecmara originado na mes-
ma unidade de tratamento de ar da sala de processo,
para controlar o diferencial de presso de vapor entre
as reas.
Ser necessrio prever um exaustor de forma a com-
pensar a entrada de ar vindo de outros ambientes para a
sala de processo e para a antecmara, a qual geralmen-
te no possui recirculao de ar.
Como ocorrero infiltraes por quaisquer frestas
existentes na sala de processo e na antecmara, pode
ser necessrio envolver a sala limpa com um envelope
de ar (incluindo entrepiso e entreforro), com tratamento
de ar igual ou melhor que o da sala de processo, para
prevenir contra a entrada de contaminantes e a migrao
de umidade.
3.4.5. Antecmara tipo: DuPLO COMPArTIMENTO
Utilizada em reas com requisitos de biossegurana.
(figura 17).
Tipo de Conteno: DuPLA SELAGEM
O meio-ambiente a comunidade local e todos os demais
ambientes adjacentes precisam ser protegidos com
relao ao ar particulado gerado na sala de processo.
Isto pode ou no ser exigido por marcos regulatrios.
Devido possibilidade de ocorrerem eventuais mi-
graes de contaminaes para a circulao em funo
e falhas dos sistemas de proteo ou na execuo dos
procedimentos de descontaminao, recomendado
proteger a circulao como ambientes complementares
de biossegurana, dotados de suas prprias antecma-
ras e vestirios.
Devem ser avaliados os EPIs e procedimentos de
descontaminao adequados (e/ou exigidos) para cada
processo.
Propsito da Conteno: Prevenir a contaminao do
meio-ambiente e da comunidade, alm de proteger
os usurios e os processos ocorridos nas salas ad-
jacentes.
Como ocorrero infiltraes por quaisquer frestas
existentes na sala de processo e na antecmara, pode
ser necessrio envolver a sala limpa com um envelope
de ar (incluindo entrepiso e entreforro), com tratamento
de ar igual ou melhor que o da sala de processo, para
prevenir contra a entrada de contaminantes.
A casa de mquinas e as redes de dutos de insu-
flao e de exausto tambm devem estar contidas em
ambientes de biossegurana.
O ar de exausto deve ser tratado com filtragem de
alta eficincia, instalada em gabinetes com nveis de
bioconteno adequados (sistemas do tipo bag in / bag
out).
Esse artigo ser publicado em trs partes.
Na prxima edio: Combatendo a Contaminao por Partculas
em Suspenso no Ar e Projeto Bsico (Clculos Detalhados e
Fluxogramas de Engenharia)
-
OpiniO
62
Afinal, o que coaching?
O coaching est se tornando uma das principais es-
colhas para o desenvolvimento profissional. Comeou
como uma possibilidade de evoluo de carreira e avan-
a como uma possibilidade de desenvolvimento pessoal.
O mundo muda a uma velocidade jamais vista e mu-
dar ainda mais rpido nos anos futuros. Estima-se que,
de todo o nosso conhecimento de hoje cerca de 80%
ser renovado e no servir mais para solucionar os
desafios que esto por vir. Sendo assim, a capacidade
de aprender novos caminhos e possibilidades um valor
inestimvel, e o ser ainda mais nos prximos anos.
Tantas mudanas, ressaltam a importncia de desen-
volver a cultura da aprendizagem, analisada em A quinta
disciplina, por Peter Senge: Inovao e aprendizagem,
domnio pessoal, modelos mentais, viso compartilhada,
aprendizagem em grupo e pensamento sistmico, como
requisitos fundamentais para a dinmica das organiza-
es. O processo de aprendizagem a base para todos
os nveis organizacionais. E, sem dvida, a base para
todos os nveis na vida pessoal tambm.
Etimologicamente a palavra coach, significa carrua-
gem em ingls, segue, ento, uma metfora para com-
preendermos melhor o processo de coaching: imagine
uma carruagem, com seu cocheiro e dois cavalos. A
carruagem o processo de coaching. O cocheiro o
coachee ou cliente. Os cavalos so as possibilidades
de escolha do coachee. O coach o que segue junto,
fazendo perguntas e apoiando o coachee.
Assim o coaching. Ele tem a misso de transportar
o coachee para seus objetivos. O coaching no o co-
cheiro! Ele a carruagem. Porque o cocheiro o prprio
cliente, que deve SER o senhor do processo. Ele tam-
bm no a dupla de cavalos que puxam a carruagem.
Os cavalos so as possibilidades de escolha. E o cliente
quem deve escolher (tomar as rdeas) e se responsa-
bilizar por suas escolhas a partir do apoio do coach. E
o coach? Ele quem vai ao lado do cocheiro, como um
companheiro de viagem.
*Ana Alessandra Peron e Ana Paula Peron
Fot
o: D
ivul
ga
o
O profissional de coach o facilitador do processo de
coaching. Ele no d respostas. Ele apia, provoca, con-
fronta, questiona, aprofunda, vai junto... e sai de cena.
O coach algum que nos estimula a fazer o que
no queremos para que possamos nos tornar aquilo que
queremos ser, Michael Jordan, considerado o melhor
jogador de basquetebol de todos os tempos.
O processo de coaching busca essencialmente a
mudana focada na autonomia para escolhas, aes
e resultados. Enfatiza o empoderamento, convidando
o coachee a romper com padres de pensamento e
comportamento. Parte da premissa de que mudanas
profundas e duradouras ocorrem quando o processo de
aprendizagem caminha paralelamente ao processo de
trabalho, ou seja, atualizar o conhecimento e transform-
-lo em ao.
Segundo a sociloga e coach, Dra Rosa Krausz, o
Coaching Executivo e Empresarial consiste em um re-
lacionamento profissional entre um coach profissional
especializado e seu cliente (coachee). Aborda funda-
mentalmente questes relacionadas com a otimizao
do uso do potencial do coachee, seu desempenho e
contribuio para o desenvolvimento da organizao.
Tanto o indivduo quanto a organizao auferem bene-
fcios do coaching. uma experincia de aprendizagem
e transformao baseada no despertar de conscincia,
dos seus recursos e possibilidades de resposta. um
processo para a conquista de alta performance.
A evoluo do coaching executivo aponta para que
ele se torne cada vez mais um instrumento de desen-
volvimento profissional, do que um processo corretivo
de desempenho de um profissional. De fato, mais um
processo para construir o futuro do que consertar o pas-
sado.
Ana Alessandra peron Gerente de RH da Masstin e Ana paula
peron Coach e Diretora da presence Desenvolvimento de Talentos,
certificada pela Abracem (Associao Brasileira de Coaching
Executivo e Empresarial), www.presencetalentos.com.br
-
38
artigo tcnico
Projeto bsico de salas limpas Parte 2
J. Fernando B. Brittoautor: Eng. J. Fernando B. Britto, engenheiro
mecnico, scio da Adriferco Engenharia, secretrio
do GEC-4 e membro do conselho editorial da Revista
da SBCC
contato: adriferco@gmail.com
4. combatendo a contaminao por partculas em supenso no ar
Para combatermos a contaminao por partculas
em suspenso no ar utilizamos dispositivos de filtragem.
O que cabe abordar aqui quais e como os dispositi-
vos de filtragem so utilizados para combater a contami-
nao por partculas nas salas limpas.
Basicamente, ocorrem dois processos de filtragem
nas salas limpas:
Primariamente, ocorre um processo de diluio do
particulado gerado no interior do ambiente por meio
da insuflao de ar limpo, o qual estimado (em
funo de normas, guidelines, regulamentaes ou
experincias anteriores) ou, quando se tem domnio
sobre as fontes geradores, calculado pela mdia
ponderada da emisso interna e da penetrao atra-
vs do conjunto de filtros, conforme a equao:
CAMB
= eint
/ mINS
+ p
Onde:
CAMB
: concentrao mdia de partculas no am-
biente [kg-1]
eint
: emisso interna do ambiente [h-1]
p: concentrao residual de partculas em sus-
penso aps a filtragem [kg-1]
mINS
: vazo de insuflao [kg.h-1]
Filtragem do ar recirculado, somado ao ar externo
de reposio filtrado por diversos estgios de filtro,
geralmente para diferentes tamanhos de partculas e
com eficincias diversas, sendo tambm removidas
as partculas geradas no interior da unidade de trata-
mento de ar (por exemplo: pelo moto-ventilador).
A concentrao residual de partculas em suspenso
aps os estgios de filtragem (p), pode ser estimada
pela seguinte equao:
p = (1 - FIL
) * (CAMB
* mREC
+ eDUT_R
+ CAE
* mAE
+ eUTA
) / mINS
Onde:
FIL
: eficincia dos filtros [adimensional]
CAMB
: concentrao mdia de partculas no am-
biente [kg-1]
mREC
: vazo de recirculao [kg.h-1]
eDUT_R
: emisso interna no duto de retorno [h-1]
CAE
: concentrao mdia de partculas no ar
exterior [kg-1]
mAE
: vazo de ar exterior [kg.h-1]
eUTA
: emisso interna na unidade de tratamento
de ar [h-1]
mINS
: vazo de insuflao [kg.h-1]
Em determinados casos, onde a filtragem ocorre ex-
clusivamente no interior da unidade de tratamento,
deve ser acrescentada a emisso ocorrida no interior
dos dutos de insuflao (eDUT_I
), aps a passagem
pelos filtros:
-
39
p = eDUT_I
+ (1 - FIL
) * (CAMB
* VREC
+ eDUT_R
+ CAE
* VAE
+ eUTA
) / mINS
4.1. Estgios de filtragem
Nas salas limpas, embora seja possvel a obteno
de determinadas classes de limpeza apenas com a
aplicao de filtragem fina, utilizam-se filtros HEPA para
garantir a reprodutibilidade dos resultados dos ensaios e
tambm em funo da possibilidade efetiva de execuo
ensaios em campo para comprovao da efetividade do
conjunto de filtragem.
Atualmente, a norma NBR 16401: 2008 especifica
apenas as classificaes para filtros grossos e finos,
sendo que apenas a norma NBR 7256: 2005 especifica
as classe para os filtros de alta eficincia, denominando-
Filtragem
Grossa
Classes
G1 a G4
Conforme
NBR 16401
Filtragem
Absoluta
Classes
A1 a A3
Conforme
NBR 7256
Filtragem Fina
Classes
F5 a F9
Conforme
NBR 16401
Figura 18 Principais tipos de filtros para ar
-os como filtros absolutos, conforme indicado a seguir:
Filtragem Grossa Eficincia gravimtrica mdia: 50
a 90% (para p padro conforme ASHRAE 52.1)
Filtragem Fina Eficincia para partculas de 0,4mm:
40 a 95%
Filtragem Absoluta (termo no mais utilizado) Efici-
ncia para partculas de 0,3mm (DOP):
A1: 85 a 94,9%
A2: 95 a 99,6%
A3 (HEPA): 99,7%
A terminologia filtro absoluto tem sido questionada
e atualmente adota-se a designao filtro de ar de alta
eficincia (HEPA = High Eficiency Particulate Air Filter)
para os filtros com eficincia igual ou superior a 99,7%
conforme MIL Std. 282 (classe A3).
Os filtros das classes F5 e F6, atualmente designados
como filtros finos foram reclassificados de acordo com
a norma EN 779: 2010 como filtros mdios e passaro
a receber a classificao M5 e M6, respectivamente.
J os filtros das classes A1 e A2 atualmente so de-
signados como EPA Efficiency Particulate Air Filters
de acordo com a norma EN 1822: 2009 (ainda no h
designao no Brasil)
A futura norma da ABNT que tratar da padroniza-
o dos filtros deve adotar as designaes da norma
EN 779: 2010 para filtros grossos, mdios e finos e da
norma EN 1822: 2009 para a classificao dos filtros
EPA, HEPA e ULPA, devendo as classes atender as
seguintes eficincias:
Classificao para Filtros Grossos, Mdios e Finos conforme EN 779: 2010
Grupo ClasseArrastncia mdia (A
m) de
p sinttico [%]
Eficincia Mdia (Em) para
partculas de 0,4m [%]
Eficincia Mnima para
partculas de 0,4m [%]
Grossos
G1 50 Am < 65
G2 65 Am < 80
G3 80 Am < 90
G4 90 Am
MdiosM5 40 E
m < 60
M6 60 Em < 80
Finos
F7 80 Em < 90 35
F8 90 Em < 95 55
F9 95 Em
70
-
40
artigo tcnico
Classificao para Filtros EPA, HEPA e ULPA conforme EN 1822: 2009
Grupo Classe
Valor Integral Valor Local
Eficincia de
Captura (%)
Penetrao
(%)
Eficincia de
Captura (%)
Penetrao
(%)
EPA
E10 85 15
E11 95 5
E12 99,5 0,5
HEPAH13 99,95 0,05 99,75 0,25
H14 99,995 0,005 99,975 0,025
ULPA
U15 99,9995 0,0005 99,9975 0,0025
U16 99,99995 0,00005 99,99975 0,00025
U17 99,999995 0,000005 99,999975 0,000025
Anteriormente, a norma MIL Std 282 que adotava
uma partcula de interesse com tamanho de 0,3 m para
ensaiar os filtros de alta eficincia, pois acreditava-se
que a filtragem de ar ocorria exclusivamente sob a forma
de peneiramento.
Descobriu-se ento, que existem outros mecanismos
associados ao processo de filtragem do ar que permitem
que o filtro consiga capturar e reter tanto macro, quanto
micropartculas, havendo no entanto um tamanho de
partcula para a qual os filtros so menos eficientes.
Este tamanho de partcula designado como ta-
manho partcula de maior penetrao (MPPS Most
Particle Penetration Size) e inerente mdia oferecida
por cada fabricante.
Em funo disso, a norma EN 1822 passou a classifi-
car os filtros em funo de sua eficincia dada em razo
do tamanho de partcula de maior penetrao, ou seja,
os classifica em funo de sua condio efetivamente
mais crtica.
A seguir apresentamos um grfico tpico representan-
do o tamanho partcula de maior penetrao (MPPS)
para um determinado tipo de mdia (figura 19).
Adicionalmente, em funo dos elevados custos
para reposio e da obrigatria execuo de ensaios re-
qualificao a troca, tanto as normalizaes, quanto as
boas prticas de engenharia recomendam a instalao
Figura 19 Eficincia de um determinado filtro em funo do tamanho da partcula de maior penetrao
Tamanho das Partculas em m
100
99.98
Efi
cin
cia%
99.96
99.94
Ponto da Mil. STD 2820.3 MICRONS
Tamanho de PartculaDe Maior Penetrao MPPS
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-
de pr-filtros, para reter a parte do particulado de maior
granulometria, protegendo os filtros HEPA.
Filtragem Grossa $
Filtragem Fina $$$$$$$$$$
Filtragem HEPA $$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$
Considerando-se sua aplicao, os filtros so distri-
budos da seguinte forma:
Filtragem Grossa particulado grande / ar exterior
Filtragem Fina particulado fina (pr-tratamento)
Filtragem HEPA alta eficincia (filtragem final)
Nota
Veja mais informaes relativas aos Fundamentos
da filtragem de ar no artigo publicado pelo eng Ed-
milson Alves, na edio 42 da Revista SBCC.
4.2. Distribuo do ar
Embora a filtragem seja capaz de garantir a qualida-
de desejada ao suprimento de ar de insuflao utilizado
para combater (atravs da diluio / arraste) a emisso
de particulados ocorrida no interior dos ambientes, deve Figura 20 Insuflao e retorno no forro (Aplicvel s classes 8 e 9)
ZONA MORTA
ZONA MORTAZONA MORTA
ser dada especial ateno distribuio de ar emprega-
da na rea limpa.
Embora no exista um mtodo ideal que garanta uma
total homogeneidade no ambiente, possvel prever
aproximadamente como o ar insuflado ir escoar ao lon-
go do ambiente e, assim, empregar tcnicas adequadas
para cada necessidade ou classe de ambiente, confor-
me veremos nas figuras a seguir:
-
42
artigo tcnico
Nos exemplos das figuras 20 e 21, verificamos que
quando temos tanto a insuflao quanto o retorno no for-
ro, ocorrem reas mortas (com baixa circulao de ar)
junto ao piso e, dependendo do tipo de dispositivo, estas
tambm ocorrem nas regies situadas entre os fluxos de
insuflao e retorno.
Ao posicionarmos o(s) ponto(s) de retorno prximo(s)
ao piso (figuras 22 e 23), obtemos uma melhor varredura
na poro inferior do ambiente, alm de minimizarmos a
turbulncia formada pelos vrtices devido recirculao
do ar que retorna em direo ao forro (exemplo anterior),
permitindo uma decantao mais rpida do particulado,
j que o ar assume uma tendncia descendente.
Cabe observar que ainda ocorrero as zonas mor-
tas nos interstcios onde h pouca ou nenhuma circu-
lao de ar.
Alm disso, o escoamento afetado pela posio dos
pontos de retorno e assume uma trajetria curvilnea,
tornando-se horizontal prximo capao do retorno.
Para as classes de limpeza 1 a 5 (conforme NBR/ISO
14644-1), a tcnica empregada para combater a conta-
minao por partculas em suspenso no ar o mtodo
de varredura, onde os limites concentrao so obtidos
no somente por meio de diluio, como tambm atravs
de uma varredura contnua, com regime de escoamento
unidirecional, o qual carrea as partculas em direo ao
retorno muito mais rapidamente que as metodologias
anteriores, garantindo elevados graus de limpeza nos
ambientes.
A tcnica empregada na figura 24 muito comum na
indstria microeletrnica, ptica e micromecnica, contu-
do, no muito adotada nas reas farmacuticas, dada
a dificuldade de limpeza e sanitizao do pleno localiza-
do sobre o piso, o que pode se tornar um meio ambiente
propcio ao desenvolvimento de micro-organismos.
Adicionalmente, o escoamento perde sua unidire-
cionalidade ao encontrar quaisquer obstculos em seu
caminho, tais como os equipamentos de processo e as
bancadas de trabalho.
Principalmente no caso das farmacuticas, adota-se
a estratgia de se garantir a unidirecionalidade apenas
at o nvel de trabalho (ver figura 25), a partir do qual
no h mais exposio de produto e considera-se no
Figura 23 Insuflao por filtro terminal no forro e retorno lateral prximo ao piso (Aplicvel s classes 6 e 7)
ZONA MORTA
ZO
NA
M
OR
TA
ZO
NA
M
OR
TA
ZO
NA
M
OR
TA
Figura 22 Insuflao no forro e retorno lateral prximo ao piso (Aplicvel s classes 8 e 9)(Para classe 7 deve haver filtro terminal imediatamente antes do difusor)
ZONA MORTA
ZONA MORTA
Figura 21 Difusor de insuflao e retorno (Aplicvel s classes 8 e 9)
ZONA MORTA ZONA
MORTAZONA
MORTA
ZO
NA
M
OR
TA
ZO
NA
M
OR
TA
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
anuncio_camfil_08_07_11.pdf 1 7/8/11 3:33 PM
-
ser mais parte integrante da zona estril, eliminado-se o
pleno inferior.
Adicionalmente, existem reas onde ocorre mais de
Figura 24 Insuflao por forro filtrante e retorno por pleno de piso (Aplicvel s classes 1 a 5)
Piso perfurado
Figura 25 Insuflao por forro filtrante e retorno lateral prximo ao piso (Aplicvel s classes 4 a 6)
ZONA MORTA
ZONA TURBULENTA
ZONA TURBULENTA
uma classe e mais de um regime de escoamento (tal
como apresentado na figura 26). Isto bastante comum
em reas de envase menos crtico, onde se deseja prote-
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
anuncio_camfil_08_07_11.pdf 1 7/8/11 3:33 PM
-
44
artigo tcnico
ger apenas rea onde efetivamente ocorre o processo,
no sendo necessrio um controle to rgido na rea
ocupada pelos operadores ou por outros processos.
5. o projeto bsico
Independentemente de para quais das utilidades
estejamos tratando, o projeto bsico sempre ter com
objetivo:
A definio dos sistemas.
A especificao dos equipamentos.
O dimensionamento das instalaes.
Para que isso se torne uma realidade, o projeto bsi-
co dever seguir o procedimento:
1. Definir os objetivos a serem alcanados, sempre se
baseando nas ERUs.
2. Definir a equipe, a qual dever ser multidisciplinar e
possuir representantes das reas de operao, ma-
nuteno e limpeza, alm dos membros da engenha-
ria e gerncia.
3. Distribuir tarefas e definir os prazos de execuo
para cada uma delas.
4. Consolidar o leiaute, definindo as antecmaras, ves-
tirios, shafts de retorno, reas de circulao, rotas
de fuga, reas tcnicas e de apoio.
5. Elaborar os fluxogramas de engenharia e memoriais
de clculos detalhados para cada sistema.
6. Dimensionar as instalaes, indicando as posies
e especificaes das redes e de seus componentes
nas plantas, cortes e detalhes que iro compor o pro-
jeto, reavaliando a cada nova modificao.
7. Elaborar os descritivos tcnicos e funcionais, alm
do edital da concorrncia. importante definir clara-
mente os limites do fornecimento tais como:
- Canteiro de obras com escritrios, almoxarifado,
oficinas, sanitrios, vestirio e refeitrio.
- Fornecimento e guarda de ferramental, escadas,
andaimes, extenses eltricas.
- Polticas internas de segurana patrimonial, sade e
segurana ocupacional, meio ambiente, etc.
- Requisitos de gerenciamento das montagens,
incluindo a segurana ocupacional.
- Posicionamento e consumo/gerao das interfaces
do projeto, tais como: pontos de fora, gua,
drenagem, esgoto e outras utilidades.
- Responsabilidade pelos transportes internos.
8. Qualificar os fornecedores para cada item do escopo
ou o fornecedor global.
Deve ser verificada a experincia do fornecedor na
execuo das solues previstas no projeto, se pos-
svel avaliando instalaes anteriores e o ndice de
satisfao dos usurios com relao s mesmas.
A rea de compras dever efetuar avaliaes com
respeito sade financeira e fiscal dos proponentes.
9. Equalizar as propostas tcnicas dos diferentes forne-
cedores.
Independentemente do nvel de detalhamento e da
qualidade das informaes contidas no projeto, cabe ve-
rificar se os proponentes compreenderam corretamente
todos os itens do escopo e se isto se encontra claramen-
te evidenciado em suas propostas.
5.1. Clculos detalhados
Como descrito ao longo deste treinamento, durante
a etapa do projeto bsico em que os clculos detalhados
realmente ocorrem.
Atualmente, existem diversas metodologias que
permitem estimar, com exatido suficiente, as diversas
necessidades de um projeto.
Ento, para que se possa garantir a reprodutibilidade
dos resultados obtidos, bem como a sua conferncia,
antes de se iniciarem a execuo dos clculos, devem
ser claramente indicadas a metodologia e as bases
de clculo empregadas.
Cabe lembrar que, contrariando a crena geral, a en-
genharia no uma cincia exata e sim uma cincia
de aproximaes.
Figura 26 Regime de escoamento com fluxo mistoExiste mais de uma classe
Baseado na palestra Introduo Tecnologia de Salas Limpas apresentada por Miguel Ferreirs Alvarez - Anlise
-
Segundo o Princpio da Incerteza da mecnica
quntica, quanto mais precisamente tentarmos
medir uma grandeza fsica, mais imprecisa ser
nossa medio.
Isto implica que diversos comportamentos fsicos no
podem ser completamente previstos e podero apresen-
tar diferentes resultados a cada novo ensaio.
Por este motivo, recomenda-se ao projetista que uti-
lize valores normalizados, aplicando as correes
necessrias.
Os manuais de fsica foram elaborados com base em
experimentaes e observaes e j possuem sculos
de idade e a maior parte dos manuais de engenharia,
alm de serem baseados nos manuais de fsica, reprodu-
zem vrias dcadas de suas prprias experimentaes.
Certamente podemos nos basear em nossas
prprias experincias e experimentaes na
elaborao de nossos projetos. Foi desta forma
que os manuais e normas da engenharia surgiram.
Porm, quando os projetos so baseados nestas
normas, sua probabilidade de xito aumento, alm
de existir amparo tcnico e legal no caso de falhas.
Sempre se deve ter em mente que os clculos s
estaro concludos aps a definio e todos os com-
ponentes do sistema. Quaisquer modificaes efetua-
das no projeto podem afetar as cargas ou o escoamento,
sendo necessrio verificar novamente os clculos para
se certificar que o sistema ser capaz de absorver a mu-
dana. Um exemplo disso :
Devido ao atrito entre o fluido e a parede de seu
condutor, a perda de carga afeta as condies
do fluido e pode modificar sua temperatura,
viscosidade e/ou volume especfico, podendo
inclusive alterar o regime de escoamento.
Alm disso, como a potncia consumida ,
primariamente, resultado da multiplicao da vazo
pela perda de carga, esta ser modificada pelo
aumento da perda de carga.
-
46
artigo tcnico
No entanto, cabe ao projetista considerar em seus
clculos um determinado sobredimensionamento
do motor (coeficiente de segurana) durante a etapa
de projeto, de forma a evitar a necessidade de sua
substituio durante a execuo dos procedimentos
de Testes Ajustes e Balanceamento (TAB), o que custa-
ria muito mais caro.
Cabe lembrar que em escoamento ditos newto-
nianos a relao entre as potncias final (N1) e de
projeto (N0), varia proporcionalmente ao cubo da relao
das rotaes (n1/n
0):
N1 = n1
3
N0
n0
Muitos fabricantes adotam/recomendam um
sobredimensionamento de apenas 10% a 15%
(para potncias superiores a 3,75 kW), porm,
caso precisemos de um aumento de rotao de
apenas 3% (n1/n0 = 1,03) aps o termino do TAB,
j teremos aumentado a potncia consumida
em 9,3%.
No caso de sistemas trmicos, quaisquer sobre-
dimensionamentos devem ser evitados (ou consi-
derados com muito cuidado), uma vez que os compo-
nentes so sempre dimensionados em funo de sua
capacidade mxima estimada e, eventuais sobredimen-
siomentos podero afetar a autoridade do sistema
de automao.
Tambm cabe lembrar que nas estimativas j existem
diversos coeficientes de segurana embutidos, algumas
vezes desconhecidos, e que, na grande maioria dos ca-
sos, o fabricante (que tambm considerou seus fatores
de segurana), dificilmente ir dispor de equipamentos
com exatamente a capacidade requerida, incorrendo em
um sobredimensionamento adicional durante a aquisio
do equipamento.
Todas as informaes que afetem direta ou
indiretamente o dimensionamento devem ser ade-
quadamente documentadas. Por exemplo: potncia
verificada em campo, fatores de simultaneidade de utili-
zao, perodo de trabalho, iluminao, posio e carga
de trabalho dos operadores considerada no memorial de
clculos de carga trmica.
Tanto os desenhos como os memoriais de clculo
devem ter documentadas todas as suas revises, para
que se possa avaliar o histrico das modificaes.
Ao trmino de um dimensionamento deve ser com-
parada a necessidade do sistema com os produtos
comerciais disponveis no mercado e adequada
sempre que possvel esta disponibilidade.
No incomum o resultado dos clculos requerer um
equipamento 2% a 3% maior que o produto comercial
disponvel, porm, com pequenas revises no clculo
(por exemplo: adequando-se os diferencias de tempe-
ratura), pode-se verificar que seria possvel atender o
sistema com variaes muito pequenas nas condies
do processo. Obviamente, isto deve ser acordado entre
as partes envolvidas.
Durante o selecionamento ou a aquisio dos equi-
pamentos, deve ser efetuada uma comparao entre
os consumos dos equipamentos ofertados em cada
proposta.
Um exemplo disto, pode ser a seleo de moto-venti-
ladores, onde possvel obter vrias selees, com roto-
res de tipos e/ou dimetros diferentes, todas atendendo
as necessidades do processo, porm com consumos
radicalmente diferentes.
Nestes casos, embora o custo de aquisio do item
possa parecer menor, seu custo de propriedade se torna
significativamente maior, o que pode ocorrer j durante
a instalao (em funo do cabeamento e acionamen-
tos maiores) ou mdio prazo, em funo de seu maior
consumo.
5.2. Fluxogramas de engenharia
5.2.1. Definio
Os Fluxogramas de Engenharia so representaes
esquemticas que identificam de forma grfica (atravs
de simbologias e nomenclaturas ou tags), os componen-
tes geradores e consumidores de um sistema, processo
ou utilidade, bem como a interligao entre estes com-
ponentes.
Para tanto, os fluxogramas devem representar:
Smbolos, tags (identificaes) e a interligaes entre
os componentes
O valor e as condies requeridas de cada escoa-
mento (vazo, presso, temperatura, umidade, etc.)
Os pontos de regulagem, controle, bloqueio e moni-
toramento
-
Os consumos energticos ou de fluidos (gua, ar ex-
terior, ar comprimido, etc.) de cada componente.
Os pontos de interligao com outros sistemas.
A legenda e simbologia empregada.
Cabe lembrar que nem sempre existe um padro
normalizado para simbologia dos equipamentos
e componentes, cabendo ao projetista explicitar
em sua documentao a simbologia empregada,
de forma a garantir a correta interpretao dos
diagramas.
5.2.2. Representando os escoamentos
Um dos pontos mais importantes dos fluxogramas,
que geralmente consiste em seu objetivo final e que deu
origem ao nome deste tipo de representao a indica-
o dos escoamentos (ou fluxos):
fluxo = escoamento ou vazo
grama = vem de diagrama ou representao grfica
Ento:
fluxograma = diagrama de fluxos
Deste modo, os fluxogramas consistem na indicao
dos escoamentos atravs de cada um dos componentes
de um sistema, por meio de sua representao grfica
em um diagrama esquemtico do sistema.
Geralmente, esta representao feita indicando-se
diretamente os valores e condies de cada escoamento
sobre as linhas que interconectam os componentes do
sistema ou indicando-se numericamente cada trecho e
utilizando uma tabela para indicar as condies de cada
escoamento.
Ento, para representarmos a produo de objetos
slidos, bastaria indicarmos o nmero de unidades que
entram e saem do processo:
nentrada
= nsada
1000 + 161 = 1000 + 161
Em outras palavras, se entrarem 1000 (frascos de
100ml) mais 161 (frascos de 500ml) na linha de produ-
o, teremos uma produo de 1000 (frascos de 100ml)
mais 161 (frascos de 500 ml).
-
48
artigo tcnico
Na figura 28, o fluxo que vem da sala 02 e os fluxos
que saem da Sala 01 (retorno RET e sobrepresso)
so considerados (aproximadamente) nas mesmas
condies e possuem (praticamente) o mesmo volume
especfico.
No entanto, considerando-se que a funo do fluxo
de insuflao (INS) de resfriar e desumidificar a Sala
01 e, portanto, ir se aquecer e absorver umidade, seu
volume especfico ir aumentar, causando variao no
escoamento volumtrico do ambiente.
No caso, descontando a infiltrao de 150 m/h oriun-
da da Sala 02, verificamos que ocorreu uma variao
do volume especfico de apenas 2,66%, correspondente
variao de temperatura e umidade do fluxo de ar de
insuflao.
Se esta variao fosse desprezada, tanto o dimen-
sionamento do moto-ventilador (se houvesse), quanto o
dos dutos de retorno estaria incorreto.
Lembrando-se que a variao da potncia propor-
cional ao cubo da variao da vazo, uma acelerao de
2,66% seria responsvel por um aumento de 8,19% na
potncia requerida (consumo) pelo sistema.
5.2.3. Automao e Controle - Diagramas de P&I
Os sistemas de automao e controle so abordados
em palestra especfica apresentada neste seminrio.
As figuras 29 e 30, a seguir, foram elaboradas apenas
para ilustrar e fornecer uma breve explanao sobre a
necessidade e importncia da elaborao dos diagramas
de P&I (Process and Instrumentation), tambm conheci-
dos como P&ID (Process and Instrumentation Diagram).
Na realidade, a menos que sejam indicados os esco-
amentos, estes diagramas no poderiam ser considera-
dos fluxogramas, pois no representam nem o fluxo
(no caso, a sequncia) do processo de controle, nem
os escoamentos do processo, embora, muitas vezes,
sejam chamados de fluxogramas de P&I.
No exemplo da figura 29, foi utilizado um fluxogra-
ma de engenharia do sistema de VAC-R, no qual foram
representados os pontos de controle, indicados em um
diagrama do tipo varal, para permitir a identificao
dos sensores e atuadores, alm do tipo de varivel
controlada e de sinal operado (analgico ou digital), o
que muito til para a quantificao dos instrumentos
e definio das interfaces dos CLPs (Centrais Lgicas
Programveis).Figura 28 Fluxograma de Engenharia para Fluidos Compressveis
INS
RET
TBS = 22CUR = 50%
P = +5 PA
10116 m3/h
150 m3/h Vem da Sala 02
10000 m3/h(10999 kg/h)
(10838 kg/h)
SALA 01
(161 kg/h)
300 m3/h(322 kg/h)
vENTRADA10000 + 150 10116 + 300
vSADA
Balano Volumtrico (m3/h):
mENTRADA10999 + 161 10838 + 322
mSADA
Balano Mssico (kg/h):
A quantidade fsica no ir se modificar.
No entanto, como afirmado anteriormente, as condi-
es de escoamento dos fluidos podem afetar o prprio
escoamento, deste modo, importante salientar que:
Quando representamos o escoamento de fluidos di-
tos incompressveis (a maioria dos lquidos), no haver
diferena na representao dos escoamentos na forma
de vazo volumtrica ou vazo mssica, uma vez
que, para efeitos prticos, considera-se que no ocor-
rer variao no volume dentro das condies impostas
pelo escoamento.
Assim, os escoamentos podem ser representados
na forma volumtrica sem quaisquer prejuzos (efeitos)
sobre o processo (figura 27):
Na figura 27, adotando quaisquer lquidos miscveis e
considerados incompressveis, no haver variao do
volume especfico da mistura, ento a somatria do fluxo
que vem de ALIM ao que Vem do Eq 02, resulta nos
fluxos que saem do Eq 01 para RET e Eq 03.
No entanto, no caso dos fluidos compressveis (ga-
ses), uma vez que o volume especfico ir variar em fun-
o da temperatura, presso, concentrao de slidos,
etc., s quais o fluido est submetido, ento sua repre-
sentao apenas sob a forma de vazo volumtrica j
no suficiente, como verificamos na figura 28:
Figura 27 Fluxograma de Engenharia para Fluidos Incompressveis
ALIM
RET
EQ 01
9850 L/h
1000 L/h
300 L/h
150 L/h Vem do Eq. 02
Vai para Eq. 03
vENTRADA1000 + 150 = 9850 + 300
= vSADA
-
49
Figura 29 Fluxograma de P&I de um sistema de VAC-R
Figura 30 Fluxograma de P&I de um sistema de VAC-R (detalhe ampliado)
Na figura 30, vemos ampliado um trecho do diagra-
ma anterior, para permitir uma melhor visualizao das
simbologias, identificaes e dados de operao dos di-
versos instrumentos utilizados para controlar esta parte
do sistema.
Cabe observar que o tag de cada componente pos-
sui uma sequncia alfanumrica que permite identificar
sua aplicao e nmero seqencial.
Alm das linhas que indicam o tipo de sinal operado
e a qual CLP cada um dos instrumentos est conectado,
tambm so representadas linhas que os conectam aos
seus pontos de monitorao/atuao.
Tambm uma boa prtica, indicar o ponto de ajuste
(set-point) ou a faixa (range) na qual ir operar cada sinal
operado no sistema. Isto permitir escolher adequada-
mente cada um dos sensores e atuadores do sistema,
alm de facilitar a interpretao do diagrama e a elabo-
rao dos algoritmos de controle.
-
40
artigo tcnico
5.3. Equipamentos e pontos de consumo
Durante o dimensionamento e detalhamento dos
sistemas, o projetista sempre deve ter em mente as se-
guintes premissas:
Economia: manter os equipamentos geradores e
consumidores das utilidades o mais prximo possvel
uns dos outros.
Isto reduz os custos com a implantao das redes,
alm de reduzir os consumos originados pelo trans-
porte (escoamento / bombeamento) das utilidades ao
longo das redes.
Pontos de Medio Adequados: diversos instru-
mentos requerem trechos retilneos montante e
jusante para permitir a estabilizao do escoamento
e sua correta medio.
Exemplo: Pitot, Venturi, placas de orifcio, rotme-
tros, etc.
Acesso: Prever espao adequado para manuteno
e regulagens do sistema.
Caso no seja possvel acessar os pontos do sistema
que requerem intervenes (ajustes ou substituio
de componentes), a integridade do sistema ser
comprometida em um curto perodo de tempo, no
sendo possvel manter ou restabelecer suas condi-
es operacionais de projeto.
Muitas vezes, embora tenha sido previsto espao
para manuteno, seu acesso dificultado pela posi-
o de execuo dos trabalhos (agachado, s vezes
no meio de utilidades perigosas) ou pelos esforos
envolvidos nos trabalhos (iamento de componentes
pesados, necessidade de torques elevados), reque-
rendo a remoo (total ou parcial) do equipamento ou
Figura 31a Rotor tipo Sirocco DN 450mm
Projeto bsico de salas limpas Parte 3
J. Fernando B. Brittoautor: Eng. J. Fernando B. Britto, engenheiro
mecnico, scio da Adriferco Engenharia, secretrio
do GEC-4 e membro do conselho editorial da
Revista da SBCC
contato: adriferco@gmail.com
-
41
componente para locais que permitam sua manuten-
o adequada.
Ergonomia e segurana ocupacional: deve ser
avaliada a posio de operao, tipo de atividade,
cargas de trabalho, alm do perodo de exposio a
rudos elevados, temperatura (alta ou baixa), umida-
de (alta ou baixa), particulado (alto), riscos qumicos
e biolgicos, alm de outros fatores ambientais que
possam afetar a integridade fsica dos operadores e
mantenedores dos sistemas.
Atualmente vrios destes requisitos so regulados
por meio de normas e regulamentaes trabalhis-
tas especficas.
Identificaes, bloqueio e travamento: todos os
equipamentos, bem como as redes de utilidades a
eles conectadas, devem possuir identificaes e dis-
positivos de bloqueio e travamento, de forma a permi-
tir sua operao e manuteno adequadas e seguras.
5.3.1. Moto-Ventiladores Critrios de Seleo
Durante o selecionamento dos ventiladores, deve ser
escolhido o rotor adequado ao tipo de operao, alm de
avaliado o seu rendimento mecnico, de forma a mini-
mizar o consumo e, consequentemente, o custo total de
Figura 31b Rotor tipo Limit Load DN 450mm Figura 31c Rotor tipo Air Foil DN 450mm
propriedade do equipamento, conforme verificamos na
figura 31a, 31b e 31c.
Comparando-se as curvas, verificamos que, embora
os trs tipos de rotores possuam o mesmo dimetro e
admitam uma mesma vazo, o rotor Sirocco s permite
operar com baixas presses.
Ao compararmos os rotores Limit Load e Air Foil,
verificamos que, embora este ltimo seja na realidade
uma variante do tipo Limit Load, a verso original do
rotor admite operar com presses ligeiramente maiores
ao passo que sua variante fornece melhor desempenho
(rendimento mecnico) quando operando nas mesmas
condies.
Exemplificando, se desejssemos operar um sistema
com vazo de 12000 m/h e presso de 180 mmca, ve-
rificaramos que no seria possvel obter uma seleo
adequada com rotores do tipo Sirocco.
Se escolhssemos um rotor do tipo Limit Load, ter-
amos um rendimento de ~78% e absorveria uma potncia
de ~13,0 cv, ao passo que um rotor Air Foil teria um ren-
dimento de ~86%. e absorveria uma potncia de ~11,5 cv.
Embora o preo de aquisio do moto ventilador
com rotor Limit Load possa ser consideravelmente me-
nor, a diferena de potncia (e consumo) implicaria em
-
OpiniO
50
A tica nas empresas
Empresas so pessoas reunidas em torno de uma
proposta que as mobilizam num determinado momento
de suas vidas. O CNPJ apenas um arranjo jurdico para
lhes conferir uma certa identidade no campo fsico.
Tudo se passa numa empresa como se fosse uma
comunidade de interesses, ou seja, uma relao tempo-
ral entre seres. As pessoas so levadas a serem seus
colaboradores movidas por mltiplos motivos pessoais,
na expectativa de que assim fazendo esto a caminho
do que imaginam ser a sua realizao.
Acontece que viver entre outros, encontrar o seu es-
pao, poder fazer o que deve ser feito requer fazer parte
e aprimorar contextos onde a colaborao e a solidarie-
dade sejam um valor.
Nada numa empresa consegue acontecer de fato
que no seja atravs de um trabalho em equipe. Aes
solitrias, ao sabor de motivao individual, so sempre
pontuais, de alto custo, de efeito passageiro e de resul-
tado plido.
As companhias mais atentas sabem disso e no me-
dem esforos para que seus colaboradores se encon-
trem num ambiente que promova a concertao, ou seja,
a possibilidade de que todos atuem como numa orques-
tra movida pela tica do prazer. Desse modo, quando se
juntam pessoas que buscam a sua realizao atravs de
tarefas que se somam, se no houver um equilbrio entre
seus interesses, os resultados finais ficam tolhidos pelos
conflitos decorrentes daqueles mesmos interesses.
Equilbrio uma boa forma de se entender a questo
tica. No confundir com a moral. Essa no relativa; diz
da dimenso do ser humano em qualquer cultura. Nesse
sentido, cuidar da tica nas empresas no se trata de
ser bom ou mau, mas sim de puro business. Ser tico
assegurar resultados superiores e admirveis.
O que mais infecta a tica na empresa, tirando-lhe
a fora, a falta de consistncia da alta administrao
na sua conduta diante dos desafios cotidianos. Inconsis-
tncia entre o que dito o que feito, posies dbias
*Por Jos Carlos Teixeira Moreira
Fot
o: D
ivul
ga
o
frente s questes de direito de seus colaboradores,
clientes, fornecedores, acionistas, governo e a comuni-
dade em que atua.
Atitudes evasivas, quando de necessidades sociais
inquestionveis, do o tiro de misericrdia na percepo
de todos quanto tica da organizao.
Como a tica no algo que se obtenha a partir de
cursos, tours tecnolgicos ou benchmarking, s nos res-
ta zelar, a cada passo, pelo binmio realizao e conduta
de todas as pessoas que fazem o seu futuro, a comear
pelos seus colaboradores. At porque ningum d o que
no tem.
Assegurar que a realizao e a conduta sejam os pre-
dicados mais notveis da organizao pelo testemunho
em qualquer circunstncia do dia a dia. Zelar pela tica
significa no permitir que gestos, decises e, sobretudo,
procedimentos administrativos corrompam os princpios
humanos da segurana, da
top related