aplicanções: materialidades no aplicativo n, de jorge drexler

Post on 25-Jul-2015

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Belisa Giorgis ~ Unisinos

Aplicanções: materialidades no aplicativo n,

de Jorge Drexler

• O cantor e compositor uruguaio Jorge Drexler lançou em novembro de 2012 o aplicativo “n”, para Android e iOS.

• Nele, foram sendo lançadas, a um certo intervalo de tempo, três canções, as quais o artista conceitou como combinatórias.

• Cada uma, de diferentes maneiras, pode ser alterada de “n” modos pelo usuário do aplicativo, que depois tem a possibilidade de compartilhar em suas redes ou salvar esse arquivo de áudio.

• O artista também as chamou de “aplicanciones”, que, em português, poderiam ser chamadas de “aplicanções”.

• O aplicativo foi desenvolvido com a tecnologia reactable, permitindo ao usuário, intervir diretamente sobre as canções, incidindo sobre a letra, arranjos e instrumentos.

• O usuário atua modificando conforme seu gosto as três canções especificamente escritas e produzidas para este fim: n1, “Habitación 316” - , n2, “Madera de deriva”, e n3, “Décima a la décima”.

Como o aplicativo “n” se coloca como uma manifestação da cibercultura dentro das transformações do mercado fonográfico,

e como ocorre nele a produção de presença?

• A ação surgiu em um período de consolidação da reconfiguração do mercado fonográfico, assim como da popularização dos smartphones.

• Os aparelhos passaram a ter, além de suas funções relacionadas ao meio telefone celular e o acesso à Internet, a de um dispositivo móvel para se escutar música – cultura da portabilidade.

• Com isso, houve modificação das práticas comunicacionais e sociais, implicando em uma determinada experiência estética.

• Mudanças na cadeia produtiva da indústria fonográfica a partir do final dos anos 90, segundo Kischinhevsky e Herschmann (2011), como a redução do elenco de artistas e do número de funcionários das grandes gravadoras e a crise da noção de álbum.

• Figura como um tipo de "laboratório" para acontecimentos que já afetam outras áreas das indústrias culturais.

• Busca por novos modelos de negócio na forma de diferentes tipos de plataformas digitais e nos serviços da telefonia móvel

• Estabelecimento de relações com operadoras de telefonia móvel e fabricantes de telefones celulares.

• Cibercultura - relações entre as tecnologias da comunicação e informação e a cultura (LEMOS, 2005)

• Princípio da “re-mixagem”

• Liberação do polo da emissão, o princípio de conexão em rede e a reconfiguração de formatos midiáticos e práticas sociais

• Arte eletrônica, que consiste em “processos interativos, abertos, coletivos”

• Remediação – noção de um meio sobre o outro e reconfiguração

• O funcionamento da proposta do aplicativo é somente possível em razão do desenvolvimento da tecnologia e como esta alterou a cultura contemporânea,

• A forma como se desenvolve atualmente a relação dos usuários com essas manifestações, a popularização da Internet e dos smartphones.

• As formas possíveis de comercialização e consumo do produto música e a aceitação disso pelas pessoas.

• Retorno financeiro irrisório para os artistas, mas ocasionalmente é positivo como ação de divulgação.

• Manutenção da visibilidade de Drexler entre seus fãs, relacionada ao caráter de inovação que procura imprimir nos trabalhos que realiza.

• As materialidades podem ser conceituadas como “todos os fenômenos e condições que contribuem para a produção de sentido sem serem, eles mesmos, sentido” (GUMBRECHT, 2010)

• A existência de um suporte material é fundamental para todo ato de comunicação, e a materialidade do meio de transmissão tem influência sobre uma mensagem, inclusive, até certo ponto, determinando sua estruturação (FELINTO, 2001)

• Noção da acoplagem, que sugere que “os meios de comunicação são elementos constitutivos das estruturas, da articulação da circulação de sentido, deixando marcas que se imprimem nas relações que as pessoas mantêm com seus corpos, com sua consciência e com suas ações” (SÁ, 2011)

• Segundo Gumbrecht (1998 apud SÁ, 2011), é importante compreender como se formam novas cadeias de significantes a partir da relação do corpo com o computador, o que consiste em uma forma de acoplagem estrutural entre diferentes sistemas.

• Noção da acoplagem, que sugere que “os meios de comunicação são elementos constitutivos das estruturas, da articulação da circulação de sentido, deixando marcas que se imprimem nas relações que as pessoas mantêm com seus corpos, com sua consciência e com suas ações” (SÁ, 2011)

• Segundo Gumbrecht (1998 apud SÁ, 2011), é importante compreender como se formam novas cadeias de significantes a partir da relação do corpo com o computador, o que consiste em uma forma de acoplagem estrutural entre diferentes sistemas.

• Os diferentes elementos que constituem as materialidades desse aplicativo são determinantes da experiência estética.

• A produção de presença consiste em “todos os tipos de eventos e processos nos quais se inicia ou se intensifica o impacto dos objetos ‘presentes’ sobre corpos humanos” (GUMBRECHT, 2010, p.13).

• É possível dizer que a produção de presença no aplicativo “n” ocorre em uma consonância de diferentes aspectos como a tecnologia com a qual ele foi desenvolvido, o formato de seus elementos, as possibilidades de interação e a forma como elas ocorrem.

• A produção de presença constitui-se, portanto, como em continuidade e de forma complementar ao interpretativo, trazido, por exemplo, pelas letras das canções, gerando a produção de sentido a partir da vivência do usuário com o aplicativo.

Considerações finais

• O aplicativo “n”, em razão das diferentes características presentes em cada uma de suas três canções, tem uma grande riqueza de possibilidades do desenvolvimento de um olhar sobre seus diferentes detalhes.

• Foi possível verificar que as questões relacionadas à tecnologia, enquanto meio e suporte, assim como as relacionadas à presença, foram fundamentais para o desenvolvimento do produto, como arte eletrônica e produto fonográfico.

• Da mesma forma, estes aspectos resultam na experiência estética que se completou a partir da produção de sentido.

• Existe uma série de possíveis desdobramentos de análise para este aplicativo, assim, o objeto não se esgota, ainda mais quando se considera a possibilidade de abranger também os demais elementos comunicacionais aliados ao seu lançamento.

Obrigada!

belisa@gmail.com

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